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XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO

Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção


Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.

A HIERAQUIZAÇÃO DAS
MODALIDADES DE USO DOS
RESERVATÓRIOS ARTIFICIAIS: UMA
ABORDAGEM MULTICRITÉRIO NA
UHE CORUMBÁ IV
JOSE ROBERTO RIBAS (UFRJ)
jroberto_ribas@hotmail.com
Leticia Correa Goncalves (UFRJ)
leticiac.goncalves26@gmail.com

Esta pesquisa foi conduzida na área de influência do reservatório da


Usina Hidrelétrica de Corumbá IV, com o objetivo de estimar as
preferências dos empreendedores com relação às possibilidades dos
usos múltiplos da água, adicionais à geraçção de energia elétrica. Foi
especificado um modelo de hierarquização por meio de uma
abordagem multicritério AHP associada à lógica fuzzy, a qual se
baseou nos benefícios coletivos associados às possibilidades de uso. As
preferências foram mensuradas por meio de um questionário
estruturado de comparação pareada. Ao final foi obtida uma
classificação das prioridades para os cinco usos mais relevantes para
o reservatório.

Palavras-chaves: Usos múltiplos, reservatórios artificiais, análise


multicritério, lógica fuzzy, FAHP
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1. Introdução
Os usos múltiplos de reservatórios podem ser definidos, segundo Cruz & Fabrizy (1995),
como “planos de aproveitamento de recursos hídricos projetados e operados para atender dois
ou mais propósitos”. Este autor ainda afirma que “um plano projetado para uma finalidade
única, mas que produza benefícios casuais relativos a outras finalidades não é considerado de
uso múltiplo”.
A adoção dos usos múltiplos como princípio pela Lei Federal 9.433/97 pode ser considerada
um grande avanço, uma vez que passou a privilegiar não apenas as categorias do setor
elétrico, mas também os diversos usuários existentes (BRASIL, 1997). A Superintendência de
Usos Múltiplos (SUM), pertencente à Agência Nacional de Águas (ANA) possui uma
atribuição especificamente relacionada a usos múltiplos de reservatórios: “propor a definição
das condições de operação de reservatórios por agentes públicos e privados, visando a garantir
o uso múltiplo dos recursos hídricos, a controlar as enchentes e a mitigar as secas, em
consonância com os planos das respectivas bacias hidrográficas e de acordo com a articulação
efetuada entre a ANA e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), relativamente aos
reservatórios de aproveitamentos hidrelétricos” (ANA, 2010).
Segundo Fernandes & Bursztyn (2008), como perspectiva para o desenvolvimento regional
em bases sustentáveis, os estudos para construção de reservatórios devem priorizar as
alternativas de usos múltiplos dos reservatórios, permitindo a previsão e a avaliação de futuras
demandas de água para determinada região, tanto do ponto de vista socioeconômico como
ambiental.
Os usos múltiplos aplicáveis a bacias hidrográficas brasileiras e viáveis na realidade
econômica nacional foram enumerados por Cruz & Fabrizy (1995): geração hidrelétrica,
abastecimento urbano, atenuação de cheias, recreação, aquicultura, produção de fertilizantes a
partir do aguapé. Outros possíveis usos das águas, de acordo com Fernandes & Bursztyn
(2008), são a navegação, irrigação, psicultura intensiva e atividades científicas.

2. Modelos de Decisão Multicritério


O campo do MCDM (Multi Criteria Decision Models) apresenta diferentes métodos para
problemas de tomada de decisão e por este motivo os pesquisadores desta área definiram
categorizações para tais metodologias. Roy (1991) introduziu três abordagens que consideram
as diferentes características dos modelos: de critério único de síntese; de síntese por
sobreclassificação; de julgamento interativo local.
Doumpos & Zopounidis (2004), Lagrèze & Siskos (2001) consideram tanto os modelos
desenvolvidos quanto as suas características: programação matemática de multiobjetivo;
teoria da utilidade de multiatributo; relações de sobreclassificação; análise de desagregação de
preferências. As quatro categorias contribuem para a análise dos problemas de tomada de
decisão, que pode ser contínuos ou discretos. Figueira, Greco & Ehrgott (2005), Doumpos &
Zopounidis (2004) definiram a seguinte classificação das metodologias MCDM: (i)
hierarquização, quando as alternativas são dispostas em ordem decrescente, da mais à menos

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preferida; (ii) classificação, quando as alternativas são agrupadas em grupos


aproximadamente homogêneos; (iii) escolha, quando é identificada ou selecionada a melhor
alternativa dentre um conjunto limitado das melhores; (iii) descrição, quando se pretende
identificar e descrever os aspectos mais marcantes e específicos das alternativas.
De acordo com Moeffaert (2002), além da estruturação do problema, um conjunto finito de
diferentes alternativas (A) assim como de critérios devem ser conduzidas. A relação entre as
alternativas e os critérios é descrita utilizando atributos (F), os quais descrevem as
caraterísticas das alternativas, para cada critério. Uma matriz de desempenho multicritério (E)
é criada com base no desempenho das alternativas perante os atributos.

3. Processo Hierarquico Analítico Fuzzy


O primeiro trabalho conhecido envolvendo Fuzzy Analytic Hierarchy Process (FAHP) foi
desenvolvido por Laarhoven & Pedrycz (1983), os quais utilizaram a técnica para escolher
alternativas em um problema de decisão multicriterial. Neste caso, os valores representando a
significância relativa para cada par de fatores foram dispostos em uma matriz, a partir da qual
foram extraídos os pesos. Tais pesos expressavam as opiniões dos especialistas sobre a
importância de um par de fatores, por meio de números fuzzy referidos a uma função
triangular de pertinência. O método foi aplicado em dois níveis distintos, um para determinar
os pesos fuzzy para os critérios de decisão, outro para estimar os pesos das alternativas
referidas a cada um dos critérios. A partir de uma combinação de resultados, foram calculados
os escores fuzzy para as alternativas, assim como suas sensibilidades, por meio de mínimos
quadrados logarítmicos. Utilizando o escore de maior valor, o decisor foi capaz de fazer sua
escolha para uma das alternativas.
O elemento motivador da introdução da lógica fuzzy nos modelos de tomada de decisão
decorre do entendimento de que existe grande imprecisão no julgamento dos especialistas.
Este problema é ocasionado por vários fatores, dentre os quais estão o conhecimento ( ou
desconhecimento) apenas parcial, por parte do especialista, sobre a natureza ou característica
do fenômeno objeto da pesquisa, problemas de comunicação entre pesquisador e especialista
e dificuldades para representar o objeto em análise com clareza, provocando falhas de
especificação. O método incorpora uma medida de imprecisão (δ), denominada por “grau de
fuzzificação”, na tentativa de quantificar o desvio decorrente nas estimativas fornecidas pelo
especialista.
Um avanço importante na técnica ocorreu a partir do trabalho desenvolvido por Chang
(1996). Neste caso, uma vez que a motivação residia na parcimônia da aplicação do método,
foi proposto que os números fuzzy fossem representados a partir de uma função triangular de
pertinência, possibilitando ainda a comparação com o método inicialmente proposto por
Laarhoven & Pedrycz (1983).
Seja M  F(R) um número fuzzy onde existe um valor xo  R tal que M(xo) = 1, para
cada   [0,1]: A = [ x, A(x) = a ] é um intervalo fechado, onde F(R) são conjuntos
fuzzy e R são conjuntos de números reais.
Um número M pertencente aos números reais será um número fuzzy triangular se sua função
de pertinência M(x) : R → [0,1] for igual a:
, x  [ l,m ]

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, x  [ m,u ]
Sendo igual a zero para qualquer outra possibilidade para x. Neste caso, l ≤ m ≤ u, sendo que
para o número fuzzy M, “l” representa o valor mínimo, “u”o valor máximo e “m” o valor
modal. Sendo assim, o número fuzzy triangular pode ser representado na forma (l,m,u). O
suporte para M é o conjunto de elementos { xo  R | l < x < u }. Quando l = m = u, teremos
um número crisp, por convenção. Considerando dois números fuzzy triangulares M1 e M2, tais
que:
M1 = ( l1 , m1 , u1 )
M2 = ( l2 , m2 , u2 )
As regras de operação serão as seguintes:

1. ( l1 , m1 , u1 ) ( l2 , m2 , u2 ) = ( l1 + l2 , m1 + m2 , u1 + u2 )

2. ( l1 , m1 , u1 ) ( l2 , m2 , u2 ) = ( l1 l2 , m1 m2 , u1 u2)

3. (λ,λ,λ) ( l1 , m1 , u1 ) = ( λ l1 , λ m1 , λ u1 ) , λ > 0 , λ  R,
4. ( l1 , m1 , u1 )-1 = ( 1 / u1 , 1 / m1 , 1 / l1 )
Sejam:
X = ( x1 , x2 , x3 , ... , xn ) um conjunto objeto
U = ( u1 , u2 , u3 , ... , um ) um conjunto objetivo
O método da análise estendida desenvolvido por Chang (1996) estabelece que cada objeto é
operado para cada objetivo, até que sejam obtidos m resultados por objeto do seguinte modo:
, i = 1, 2, 3, ... , m;
Onde são números fuzzy triangulares.
Sejam , i = 1, 2, 3, ... , m
Os valores obtidos por análise estendida do i-ésimo objeto para m objetivos. Neste caso, o
valor fuzzy da extensão sintética para este i-ésimo objeto é:

Utilizando números fuzzy triangulares, é construída uma matriz que contém a importância
relativa de cada par de alternativas, relativas a uma mesma hierarquia:
A = ( aij )nxm
Seja um elemento i julgado como possuindo uma importância G sobre outro elemento j, de
tal modo que:
aij = ( l , G , u )
Os valores l e u representam graus fuzzy de julgamento, sendo um valor crisp quando l – u =
0. Sendo o valor G uma avaliação relativa do valor i com relação ao valor j, quanto maior for

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este valor maior será a importância do primeiro sobre o segundo, e quanto maior for a
diferença l – u, maior será u grau fuzzy deste julgamento. Sendo assim, são válidas também as
regras de operação, de tal modo que:

Seja A = ( aij )nxm uma matriz de comparação pareada onde:


aij = ( lij , mij , uij )
Que satisfazem os valores de comparação pareada onde:

Para que sejam obtidas as estimativas dos pesos para cada critério, por comparação, dois
pontos devem ser resolvidos. O primeiro está em determinar o valor fuzzy para o valor
mínimo (ou máximo) de uma família de números fuzzy, situação esta resolvida por meio do
uso de operadores max e min. O segundo está em determinar qual é o maior (ou o menor)
valor dentre vários números fuzzy, situação esta resolvida a partir da avaliação do grau de
possibilidade para um fuzzy x  R condicionado que x pertença a M, como sendo maior que y
 R condicionado que y também pertença a M. O grau de possibilidade de que M1 ≥ M2 é:
V( M1 ≥ M2 ) = supx≥y[ min ( M1(x) , M2(y) ) ]
Quando em uma comparação pareada envolvendo ( x,y ) ocorre que x ≥ y, e sendo:
M1(x) = M2(y) = 1
V( M1 ≥ M2 ) = 1 se e somente se m1 ≥ m2.
V( M1 ≥ M2 ) = max ( M1 M2 ) = M1(d)
Onde d representa a ordenada da intersecção mais elevada D entre M1 e M2 conforme a
figura 1.

Figura 1: Intersecção entre dois valores fuzzy M1 ≥ M2

Quando M1 = ( l1 , m1 , u1 ) e M2 = ( l2 , m2 , u2 ), a ordenada para D é dada pela equação:

Para comparar M1 com M2 precisamos de dois resultados, V( M1 ≥ M2 ) e V( M2 ≥ M1 ).

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O grau de possibilidade para que um número fuzzy convexo seja maior que k números fuzzy
convexos Mi ( i = 1, 2, 3, ... , k ):
V( M ≥ M1 , M2 , M3 , ... , Mk ) = V[ ( M1 ≥ M1 ) e ( M ≥ M2 ) e ( M ≥ M3 ) e ,...,( M ≥ Mk ) ]
V( M ≥ M1 , M2 , M3 , ... , Mk ) = min V[ ( M ≥ Mi ) , ( i = 1 , 2 , 3 , ... , k )
Assumindo para n alternativas que:
d’ ( Ai ) = min V( Si ≥ Sk ) , ( k = 1 , 2 , 3 , ... , n ) e k ≠ i
Então, o vetor de pesos será dado por:
W’ = [ d’ ( A1 ) , d’ ( A2 ) , d’ ( A3 ) , ... , d’ ( An ) ] T
Para Ai ( i = 1 , 2 , 3 , ... , n ) alternativas.

4. Metodologia
O estudo foi estruturado em duas etapas: (i) o diagnóstico feito nos munícipios lindeiros para
o levantamento das possíveis alternativas de usos múltiplos do reservatório da área de estudo;
(ii) a aplicação do modelo de decisão FAHP com os empreendedores da Concessão e da
Usina.
Este trabalho faz parte de um projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), no âmbito da
ANEEL, que visa desenvolver, implementar e validar na UHE Corumbá IV, um modelo
matemático, dentre os modelos de hierarquia das preferências que associe as opiniões dos
empreendedores à população lindeira de reservatórios.
A seleção dos especialistas obedeceu às premissas de que estes deveriam: (a) pertencer ao
quadro de empregados do empreendedor; (b) ter desenvolvido atividades nos municípios do
entorno do reservatório; (c) ser desenvolvedor de informações relativas ao reservatório ou
gestor com papel decisório. Cinco especialistas participaram da pesquisa: o diretor presidente,
a gestora de P&D, o gerente da usina, o chefe da fiscalização do reservatório e a bióloga
responsável pelos programas ambientais. Os dados foram coletados por intermédio de uma
entrevista estruturada conduzida pelos autores desta pesquisa. A coleta de dados ocorreu na
segunda quinzena de janeiro de 2012.

5. Objeto de Estudo
O Rio Corumbá integra a bacia hidrográfica do rio Paraná, sendo um dos principais tributários
do rio Paranaíba. Suas nascentes estão localizadas na serra dos Pirineus, que constitui o
divisor de águas entre as bacias dos rios Paraná e Araguaia, e seu desenvolvimento se faz
através do Estado de Goiás. A bacia hidrográfica de contribuição do reservatório da UHE
Corumbá IV é composta, além do Distrito Federal, por parte dos territórios dos seguintes
municípios goianos: Abadiânia, Alexânia, Cocalzinho de Goiás, Corumbá de Goiás, Santo
Antônio do Descoberto, Luziânia, Anápolis e Silvânia, conforme pode ser observado na figura
2. Os principais cursos d’água da bacia, além do rio Corumbá, são: rio Capivari e rio das
Antas, seus mais importantes afluentes pela margem direita, e os tributários da margem
esquerda, rios do Ouro, Sapezal, Areias, Descoberto, Alagado e Palmital.

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O reservatório de Corumbá IV possui 173 km de área inundada e volume total de cerca de 3,7
x 109 m3 (3,7 trilhões de litros). O enchimento do reservatório iniciou-se no início de 2005 e
cerca de 11 meses depois, a primeira unidade entrava em operação. Sua forma predominante é
alongada, sem braços excessivos com profundidade relativamente grande. Sua profundidade
média é de cerca de 21 m.

Figura 2: Mapa do reservatório da UHE Corumbá IV com os munícipios do entorno


Fonte: Corumbá Concessões (2011)

6. Análise dos Resultados


Os critérios foram estabelecidos como: econômico (C1) contendo os benefícios monetários,
tais como a geração de renda e a expansão do comércio local; social (C2) com os benefícios
sociais decorrentes da sua exploração, tais como a geração de emprego, segurança pública,
acessibilidade à saúde e educação; ambiental (C3) representando a conservação do meio
ambiente relativo ao reservatório; infraestrutura (C4) com os avanços na infraestrutura local,
tais como a acessibilidade de estradas e melhorias no transporte público e o político C5) com
as decisões por parte do poder público ou do empreendedor no aspecto do reservatório.
As alternativas são o turismo (A1), tais como os restaurantes flutuantes, as praias artificiais, a
visitação contemplativa, o ecoturismo; a agroindústria (A2) com a produção de frutos do
cerrado, a produção de fertilizantes com o uso das macrófitas (aguapés); a recreação (A3) com
os esportes aquáticos, principalmente; a piscicultura (A4) com a criação de alevinos e
tanques-rede e a navegação (A5) com o transporte por meio de balsas ou catamarãs visando a
via lacustre para a interligação municipal. Uma vez que a irrigação requer outorga e o
abastecimento de água foi previsto no EIA/RIMA, os mesmos excluídos deste estudo.
Em seguida foi realizado o levantamento das opiniões dos decisores, por meio de das
comparações pareadas entre critérios e alternativas com um grau de fuzzificação (δ) igual a
0,5, valor este mais utilizado nestes casos (TANG & BEYNON; 2005). Para as opiniões
agregadas dos especialistas, os valores fuzzificados para os critérios e para as alternativas
relativas ao critério C1, por exemplo, estão detalhados nas tabelas 1a e 1b.

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C1 C2 C3 C4 C5
C1 (1,1,1) (0.21, 0.25, 0.30) (0.63, 0.68, 0.73) (0.75, 0.86, 0.99) (0.29, 0.31, 0.34)
C2 (3.34, 3.94, 4.55) (1,1,1) (0.92, 1.12, 1.30) (1.36, 1.48, 1.60) (1.04, 1.16, 1.29)
C3 (1.38, 1.48, 1.58) (0.73, 0.89, 1.02) (1,1,1) (1.45, 1.55, 1.64) (0.78, 0.86, 0.95)
C4 (1.01, 1.16, 1.33) (0.62, 0.68, 0.74) (0.60, 0.64, 0.88) (1,1,1) (0.55, 0.61, 0.68)
C5 (2.95, 3.21, 3.49) (0.77, 0.86, 0.96) (1.05, 1.16, 1.28) (1.47, 1.63, 1.82) (1,1,1)
Tabela 1a: Opiniões agregadas fuzzificadas para os critérios

C1 A1 A2 A3 A4 A5
A1 (1,1,1) (2.74, 3.00, 3.28) (4.12, 4.66, 5.20) (0.94, 1.07, 1.21) (2.48, 2.81, 3.17)
A2 (0.31, 0.33, 0.36) (1,1,1) (1.80, 1.97, 2.16) (0.66, 0.71, 0.76) (1.58, 1.75, 1.94)
A3 (0.19, 0.21, 0.24) (0.46, 0.51, 0.56) (1,1,1) (0.43, 0.53, 0.61) (0.81, 0.97, 1.14)
A4 (0.82, 0.93, 1.06) (1.29, 1.40, 1.52) (1.54, 1.90, 2.21) (1,1,1) (3.83, 4.36, 4.88)
A5 (0.32, 0.36, 0.40) (0.52, 0.57, 0.63) (0.83, 1.04, 1.23) (0.20, 0.23, 0.26) (1,1,1)
Tabela 1b: Opiniões agregadas fuzzificadas para as alternativas relativas ao critério C1

Para o cálculo dos pesos dos critérios, inicialmente devem ser obtidas as somas associadas :
S1 = (0.089193, 0.10496, 0.123814); S2 = (0.237796, 0.29448, 0.359689)
S3 = (0.166196, 0.195452, 0.228888); S4 = (0.116961, 0.138703, 0.171122)
S5 = (0.223444, 0.266405, 0.316116)
Pode-se calcular, assim, as probabilidades de superioridade de um número fuzzy:
V (S1 > S2) = 0; V (S1 > S3) = 1; V (S1 > S4) = 1; V (S1 > S5) = 1; V (S2 > S1) = 1
V (S2 > S3) = 0; V (S2 > S4) = 1; V (S2 > S5) = 0; V (S3 > S1) = 0; V (S3 > S2) = 0.736126
V (S3 > S4) = 0.16879; V (S3 > S5) = 1; V (S4 > S1) = 1; V (S4 > S2) = 0.07986
V (S4 > S3) = 1; V (S4 > S5) = 0; V (S5 > S1) = 1; V (S5 > S2) = 0.071258; V (S5 > S3) = 0
V (S5 > S4) = 1
Chega-se, assim ao mínimo das probabilidades V de cada critério e ao vetor normalizado W.
Ambos estão abaixo representados:
W’C = (0, 1, 0, 0, 0.736126)
WC = (0, 0.575995, 0, 0, 0.424005)
O processo é repetido para cada uma das alternativas. A hierarquia das preferências para os
usos múltiplos do reservatório, na opinião dos representantes dos empreendedores, está
sintetizada na figura 3.

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Figura 3: Árvore de hierarquização de preferências dos especialistas

A partir das informações da árvore de hierarquização, podem-se calcular as prioridades das


alternativas de uso do reservatório, finalizando desta maneira a análise feita por meio do
método FAHP para UHE Corumbá IV: Turismo: 77,4%, Agroindústria: 0%, Recreação: 0%,
Piscicultura: 63,5% e Navegação: 0%.
A hierarquização final dos usos múltiplos dos reservatórios fica definida como: 1º Turismo; 2º
Piscicultura; 3º Agroindústria, Recreação e Navegação.
O uso múltiplo de um reservatório, por principio, visa o aproveitamento do mesmo para
diversas finalidades, algumas delas conflitantes. O turismo é a modalidade preferida,
entretanto, caso esta atividade for desenvolvida sem conter qualquer tipo de poluição (por
esgoto in natura e lixo sólido), ela pode comprometer o setor de piscicultura (segunda
prioridade).
No último nível de prioridade, a navegação é beneficiaria o turismo e a infraestrutura de
transportes na região; a agroindústria requer restrições no uso de produtos químicos para
maior controle da vegetação no entorno e a recreação requer pequena variação do nível do
reservatório, portanto conflitante com a geração de energia.

7. Considerações Finais
O presente trabalho objetivou a proposição de uma metodologia que permitisse avaliar as
alternativas de uso de um reservatório, considerando os mais variados critérios, utilizando a

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Análise de Decisão Multicritério (MCDA). A técnica do Fuzzy AHP para o tratamento dos
dados foi escolhida pelo fato de permitir uma medida de imprecisão (grau de fuzzificação).
O grande potencial hidrelétrico do país e a baixa aplicação do FAHP no Brasil, no processo
decisório de usos múltiplos de reservatórios, motivaram a pesquisa realizada. Além disso, a
Região Hidrográfica do Paraná possui grande potencial de crescimento, sendo apenas
salientada a importância de estudos que acompanhem e subsidiem os licenciamentos
ambientais brasileiros, tais como as possibilidades de uso múltiplo de reservatórios.
Apesar dos conflitos gerados pela inundação de reservatórios artificiais, o aproveitamento
múltiplo dos mesmos é uma eficaz opção para o desenvolvimento sustentável e crescimento
socioeconômico na região afetada. Observou-se que o desenvolvimento de usos alternativos à
geração hidrelétrica podem mitigar os efeitos causados pelos impactos (ambientais, sociais e
econômicos) e promover a inserção da comunidade local na economia formal. Verificou-se
também que existe a necessidade de incentivo governamental para se desenvolver programas
de aproveitamento de águas, levando em consideração as alternativas conflitantes e as
necessidades da população ribeirinha.
A diversidade de vegetação, fauna, leitos de rios e fatores relacionados à economia e ao
desenvolvimento local permitiram identificar a existência de uma diferenciação entre as
regiões e, assim, a possibilidade da buscar alternativas que apesar de serem integradas,
necessitarão de alguma adaptação às especificidades regionais, para promover benefícios
ampliados aos municípios lindeiros.
As entrevistas com os empreendedores forneceram os dados de entrada que possibilitaram
hierarquizar as preferências, sendo que estes foram escolhidos de acordo com seu
envolvimento com as questões ambientais e socioeconômicas da região. A elicitação requer
clareza e compromisso com a realidade local. Além disso, por se tratar de um processo
repetitivo, é necessário tempo e prudência na coleta das opiniões quanto ao peso dos
benefícios e o desempenho das modalidades de uso.
As modalidades de uso apontadas com as maiores prioridades foram o turismo e a
piscicultura. Observa-se a escolha por atividades que proporcionem maior geração de renda
em função das necessidades prioritárias da região. A compatibilidade desses usos com a
geração de energia deve ser avaliada para convivência harmônica dos diversos usuários.
Os pesos resultantes dos benefícios caracterizam um enfoque voltado para as questões sociais
e políticas. Desta maneira, o melhor uso dos recursos públicos, a preocupação constante com
a educação ambiental e os investimentos na coleta seletiva de lixo e no tratamento de esgotos
são essenciais para que as modalidades de uso para o reservatório de Corumbá IV sejam
viáveis.
Com relação à técnica FAHP de análise multicritério, observa-se uma limitação matemática
com relação aos pesos dos benefícios, cujo algoritmo resulta em um excessivo número de
valores nulos, ensejando uma verificação nesta limitação da técnica.
É importante ressaltar, quanto aos modelos MCDA, que a a baixa incidência de aplicações em
usos múltiplos de reservatórios e a característica fundamentalmente quantitativa da técnica,
demonstram ser de extrema importância a realização de um diagnóstico detalhado da região,
bem como uma correta seleção dos entrevistados, para assim melhorar a precisão e a análise
dos resultados obtidos.

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Referências
ANA. Resolução Conjunta ANEEL/ANA nº 03, Brasilia: Agência Nacional de Águas, 2010.
BRASIL. Lei 9.433: de 08 de janeiro de 1997. Brasilia: Política Nacional de Recursos Hídricos, 1997.
CHANG, D.Y. Applications of the Extent Analysis Method on Fuzzy AHP. European Journal of Operational
Research, v.95, n.3, p.649-655, 1996.
CORUMBÁ CONCESSÕES. Plano Ambiental de Conservação e Uso de Reservatório Artificial. Pesquisado
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