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ROBERTO RODRIGUES
NÚCLEO: MATA ESCURA – SALVADOR – BAHIA
EDUCAÇÃO CRISTÃ
CONCEITOS DE EDUCAÇÃO
a) Um estudo cuidadoso das necessidades da igreja local, quais os pontos fortes e fracos, qual
área necessita de um investimento mais emergente;
b) O conteúdo bíblico a ser estudado é adequado às atuais necessidades. Pois não é suficiente
estudar a Bíblia, mas que o tema adotado seja relevante para a vida da igreja;
c) Tem objetivos claramente fixados, ou seja, sabe-se onde pretende chegar;
d) Tem um programa de recrutamento, treinamento e capacitação de líderes e professores;
O Testemunho
A Educação Cristã ressalta que no culto estamos como uma coletividade de pecadores salvos
que confessam seu pecado e o perdão trazido por Cristo. Ensina que culto é ação.
A experiência de estar com a congregação em culto é pedagógica porque temos uma
experiência viva do povo de Deus na história; crianças, jovens e adultos se vêm como membros
da mesma comunidade que cultua. É preciso crer na família que adora a Deus unida quando
cada culto se torna uma experiência de adoração e educação.
A Comunhão
No Novo Testamento, o sentido de comunhão não era café-com-bolinhos, e sim o de Atos
4.32,34,35. O senso de pertencer, de ser-um-com-os-outros, de amar e ser amado é uma das
mais extraordinárias experiências da vida cristã (cf. 1Jo 4.19-21). Assim, a educação Cristã nos
dá o reconhecimento do nivelamento que o evangelho dá a pessoas de classes sociais, raças ou
idades diferentes. Através da comunhão, relacionamentos quebrados são curados e fortalecidos.
E isso não é sociabilidade, mas o reconhecimento que pela graça somos salvos, alimentados pela
educação na fé porque Cristo estabeleceu para a igreja o "ensinando a guardar".
A Capacitação
O próximo passo é o do ensino, a capacitação e treinamento do povo de Deus para a missão
divina. São os novos crentes, a liderança da igreja, os grupos especiais. Afinal, a igreja não lida
com coisas, mas com pessoas, o que significa que sua tarefa é produzir gente de boa qualidade.
Nosso trabalho é produzir crentes que saibam o que creem, e que possam declarar sua fé no
espírito de 1Pedro 3.15. Para que isso aconteça, haveremos de enfatizar o estudo sistemático,
dialógico da Palavra Santa, ou seja, não dizer o que se deve crer, mas ajudá-los a descobrir por
eles mesmos; que sejam crentes de princípios justos e valores perfeitos; leais à Igreja de Jesus
Cristo, à sua denominação, e à sua igreja local; crentes profundamente conscientes do seu
papel no mundo, mostrando-lhe o que faz diferença na vida para eles expressa na simples
expressão, "em Cristo".
O Serviço
Cada crente em Jesus Cristo tem recursos para cuidar, zelar, fazer crescer como participante
do Corpo de Cristo com os dons que o Espírito Santo distribuiu soberanamente (cf. 1Co12.6-11).
A Educação Cristã, a educação, há de tornar compreendidos esses dons, ao tempo, que, abrindo
os olhos espirituais, capacita com o treinamento o crente.
Deuteronômio 6:4-9 :
[4] Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR.
[5] Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda atua
força.
[6] Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração;
[7] tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo
caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te.
[8] Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos.
[9] E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.
Podemos observar que em primeiro lugar a Bíblia nos diz para reconhecermos Deus como o
único Senhor, e adorá-lo com todas as forças do espírito, alma (mente) e corpo. Como uma
atitude seguinte segue-se a obediência a este Senhor, guardando a Sua Palavra em nosso
coração (v.6). Estas "palavras que hoje te ordeno" que nos versículos anteriores incluíam os dez
mandamentos, e a aliança de Deus com o homem, deveram primeiramente estar dentro dos
corações dos pais, para que então pudessem ser ministradas aos filhos. Não se pode dar algo
que não se tenha recebido primeiro, e tudo que é bom vem do Pai da luzes. Estas palavras
deveriam ser inculcadas aos filhos, assentado em casa, andando, deitando, levantando. Inculcar
nos dicionários da língua portuguesa significa repetir muitas vezes para imprimir no espírito
(Aurélio, Michaelis). A palavra hebraica traduzida aqui por inculcar (ou ensinar, intimar) é LAMAD,
e é uma palavra de grande abrangência, e representa muito bem o processo de ensino e
aprendizagem que Deus estabeleceu para os país e filhos.
Lamad, traduzida por inculcar, pode ser definida como:
1. "Cortar" a mente; é a ideia de uma navalha afiada formando um canal (sulco) na mente e
produzindo por meio desta incisão um padrão de pensamento.
2. Formar um estilo de vida, ou uma maneira de viver.
Temos aqui, portanto dois aspectos: o aspecto interno, relacionado com o ensinar, que é o
"cortar", marcar, criar um caminho que produz padrões e estruturas de pensamento, e o aspecto
externo, a consequência disto, que nos fala da aprendizagem, que é um estilo de vida, ou uma
maneira de viver.
PORTA
FUNDAMENTO
INICIAÇÃO
NASCIMENTO
ALVO
CONSUMAÇÃO
PLENITUDE
MATURIDADE
CAMINHO
EDIFICAÇÃO
DESENVOLVIMENTO
CRESCIMENTO
- Amar a Deus
- A oração, fé e dependência de Deus - Trabalhando para o Senhor
- O louvor e a adoração - Mordomia cristã
- A leitura das Sagradas Escrituras
- O jejum – a confiança na provisão de Deus
- O conhecer a Deus
- O culto a Deus
c. Alvo – O propósito de Deus é ter uma família de muitos filhos semelhantes a Jesus. Alvo do
ensino da Palavra de Deus: - CARÁTER; - BOA CONDUTA; - TESTEMUNHO; - CRESCIMENTO
ESPIRITUAL; - SER EXEMPLO DOS FIÉIS.
2. A PEDAGOGIA DE JESUS
A excelência de Jesus como mestre chama a nossa atenção não apenas para o conteúdo de
seu ensino mas também para os próprios métodos, motivações e objetivos revelados em sua
pedagogia.
O modelo de educador que Jesus nos apresenta é inspirador e ao mesmo tempo desafiador,
pois nos chama ao compromisso e à dedicação à árdua e sublime tarefa de educar. Vejamos
alguns princípios que se inferem da vida e ensino de Jesus e as implicações que os mesmos
trazem para a nossa educação cristã.
1 - Envolvimento Pessoal.
No texto de Marcos 3.14, vemos o relato que quando Jesus chamou os seus discípulos,
eles os chamou para “estarem com ele” primeiramente e depois para os enviar a pregar.
O modelo de ensino de Jesus não era um ensinamento distanciado, apartado, onde os
alunos apenas se relacionam com o mestre na perspectiva de emissor e receptor de
ensinamentos.
A tarefa de educar, de gerar discípulos, do ponto de vista de Jesus, começa com o
envolvimento entre mestre e discípulo, educador e educando. Jesus não apenas ensinava com
palavras, mas com a própria vida e a proximidade com os discípulos fazia toda uma diferença que
era crucial para transformá-los.
2 – Variedade de meios de comunicação.
Em Mateus 5.2, vemos o relato de que Jesus se assentou no monte e começou a ensinar,
em Marcos 4.2, é narrado que Jesus ensinava por parábolas e em Lucas 4.16 a 30 Jesus estava
numa sinagoga pregando para os judeus. No evangelho de João, capítulo 4, vemos Jesus
abordando uma mulher samaritana e, após iniciar um contato pessoal com a mesma, inicia uma
conversa onde Ele comunica verdades preciosas para a vida daquela mulher.
Os textos citados acima nos demonstram a variedade dos métodos que Jesus usava para
comunicar a sua mensagem. Com respeito ao uso das parábolas, Russel Shedd[1] salienta o
seguinte: “As parábolas ofereciam vantagens ao Mestre incomparável: 1) Prendiam o interesse;
2) Eram um veículo pedagógico muito comum entre os judeus (cf. 2Sm 12:1-7 e Talmude); 3)
Tornavam concretas idéias abstratas...”. Tal fato nos revela que Jesus se aplicava na missão de
se fazer bem entendido aos seus ouvintes.
3 – Encarnação do ensino ministrado.
Em João 13. 1 a 14, Jesus nos ensina uma preciosa lição. O texto nos diz que Ele se
dispôs a lavar os pés dos discípulos. Esta atitude chocou o discípulo Pedro que não admitia que o
seu Senhor se colocasse no papel de um servo (lavar os pés era função dos escravos).
Ao se colocar na posição de servo, Jesus não estava apenas ensinando a humildade
teoricamente, mas a estava demonstrando na prática. Ele já havia dito que o Filho do Homem
não veio para ser servido, mas para servir e naquela noite ele deu um exemplo prático disto. No
v. 14 Jesus disse aos discípulos “também vós deveis lavar os pés uns dos outros”. Ele não estava
apenas dizendo que eles deveriam lavar os pés uns dos outros, mas Ele estava dizendo e
demonstrara com a própria vida o seu ensinamento.
4 – Fidelidade ao conteúdo.
O evangelho de João, no capítulo 12 versículo 50, registra as seguintes palavras de
Jesus: “como o Pai me tem dito, assim falo”. Estas palavras, além de demonstrar a fonte do
ensino de Jesus, revelam a fidelidade dele no tocante ao conteúdo do ensino. Todo o conteúdo
recebido do Pai era transmitido da mesma forma, sem alteração, sem adulteração.
A implicação deste princípio para a educação cristã pode ser sentida em duas dimensões:
a) busca incansável do conhecimento da verdade ensinada nas Escrituras, que é o conteúdo da
educação cristã; b) coragem e fidelidade no ensino do conteúdo.
5 – Amor aos educandos.
Em João 13.34 Jesus disse que estava dando um novo mandamento aos discípulos e
este mandamento era: “que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também
ameis uns aos outros.” Jesus estava dizendo aos discípulos que eles deveriam amar uns aos
outros e ao mesmo tempo Ele se colocava como exemplo deste amor: “como eu vos amei”.
6 – Confronto pessoal.
Jesus não evitou confrontar seus discípulos com a verdade. No evangelho de João,
capítulo 6, dos versículos 60 a 71, Jesus confronta seus discípulos de maneira dura. Ele falara
que aqueles que quisessem segui-lo deveriam comer da sua carne e beber do seu sangue,
deveriam estar profundamente comprometidos com Ele. Após este discurso alguns seguidores
disseram que tal discurso era duro demais e se retiraram. Jesus, assistindo a uma grande
debandada, diz aos seus discípulos: “quereis vós também retirar-vos?” Jesus não estava
preocupado em agradar aos discípulos, mas sim em mantê-los íntegros e fiéis à verdade.
7 – Capacitação do educando a se tornar educador.
Marcos 3:14, nos informa que Jesus escolheu doze para estarem com Ele e também para
“os enviar a pregar”. Em Mateus 28.19, Jesus comissiona os seus discípulos à grande tarefa de
se reproduzirem por todo o mundo, de irem e fazerem discípulos de todas as nações.
Jesus jamais pensou em ensinar àqueles homens apenas para que eles aprendessem,
mas Ele tinha em mente que aqueles homens eram apenas parte do processo, e que o ensino
deveria ser prolongado numa longa cadeia de mestres e discípulos que se tornam futuros mestres
para gerarem novos discípulos.
8 – Dependência de Deus.
Jesus ensinou que tudo o que fazia era na dependência do Pai. No evangelho de João
17.7, Ele disse: “... todas as coisas que me tens dado provém de ti” e ainda no evangelho de João
15.5 ele diz: “sem mim, nada podeis fazer”.
Tais textos revelam que Jesus reconhecia que todo o seu trabalho de discipulado não
poderia ser possível se não fosse na dependência de Deus e que também nós, sem ele, sem
dependermos dele, nada poderemos fazer.
9 – Ensino com autoridade.
Jesus tinha autoridade. O seu ensino era totalmente diferente do ensino dos escribas.
Mateus 7.28 e 29 nos mostra que as pessoas se admiravam justamente porque Jesus tinha
autoridade.
Autoridade tem a ver com a vida da pessoa que ensina, com a presença do poder e da
unção de Deus sobre aquele que ministra. Autoridade também indica autenticidade da vida de
quem ensina. Só tem autoridade quem vive o que prega e quem prega o que vive.
10 – Confiança no evangelho como poder de Deus para transformar vidas.
Em João 6.63 Jesus disse: “As palavras que eu vos tenho dito, são espírito e vida”. Jesus
cria que no que ele pregava o evangelho, era poder de Deus para trazer vida aos seus discípulos.
Temos que crer no evangelho como o poder de Deus para transformar vidas se quisermos
nos dedicar à educação cristã. O evangelho pode mudar a sorte de um homem, do inferno para o
céu. Nações inteiras podem ser transformadas por uma geração que recebeu valores evangélicos
em sua educação e que passaram a viver por estes mesmos princípios.
CONCLUSÃO. O que quer que aconteça na igreja é pedagógico, e essa ação pedagógica há de
ajudar o crente a pensar, e guiá-lo a uma perspectiva diferente de si, dos outros, dos horizontes.
Embora a fé se tenha tornado difícil neste mundo de pensamento lógico e materializado, nosso
povo anseia pela vida de fé com Deus, e aí reside o propósito central da educação religiosa: ser
um fator de participação e de liderança de mudanças nos envolvimentos do ser humano em suas
interrelações. A igreja, por isso, deve se tornar um centro de convivência, ou no dizer de Miller, "a
igreja local é onde nos tornamos conscientes do começo de nosso sustento na vida cristã" (p.
194).
REFERÊNCIAS
Apostilas elaboradas pelo professor Nocivaldo Costa em 02 de Maio de 2011, para uso do
SETADI.
ANOTAÇÕES
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