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Oscar Sillmann1
PIBIC/CNPq
Resumo:
Abstract:
1
Graduando em Filosofia pela Universidade Estadal Paulista – UNESP – Campus de Marília. Orientador:
Profª Drª Maria Eunice Quilici Gonzalez. Email: oscar@marilia.unesp.br.
Vol. 3, nº 1, 2010.
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I - Introdução
Nosso enfoque neste trabalho será analisar a hipótese que trata de explicar como
os animais em geral, em suas vidas cotidianas, são bem sucedidos em suas ações, isto é,
como satisfazem suas necessidades de modo efetivo de tal forma que conseguem se
manter vivos, se desenvolver e evoluir em seus ambientes.
Como uma das metas das espécies de seres vivos, consideramos que para
sobreviver um animal deve evitar ao máximo situações em que sua vida pode estar sob
ameaça e, de modo complementar, aproveitar os aspectos favoráveis à sobrevivência.
Entre as situações de risco destacamos a presença de um predador, ou situações
climáticas extremas. Os aspectos favoráveis seriam, por exemplo, a disponibilidade de
uma fonte de água ou alimentação.
Estes fatores se relacionam de forma extremamente complexa, formando a esfera
de aspectos necessários à manutenção da vida. Portanto, é preciso que os organismos
conheçam o ambiente em que vivem, e que saibam não só diferenciar os aspectos
favoráveis dos desfavoráveis, mas também desenvolver disposições e habilidades para
perceberem e agirem de acordo com as múltiplas situações e eventos ambientais.
Gibson (1986, p. 19) nos oferece alguns exemplos que ilustram esse ponto:
2
Annually, in some latitudes of the earth, the air becomes cold and the water turns to ice. Occasionally the
air currents flow strongly, as in storms and hurricanes. Rain, wind, snow, and cold, the latter increasing
toward the poles of the earth, prevent the air from being perfectly homogeneous, uniform, and
unchanging. The changes are rarely so extreme as to kill off the animals, but they do necessitate various
kinds of adaptation and all sorts of behavioral adjustments, such as hibernation, migration, shelter-
building, and clothes-wearing.
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necessidades de desenvolvimento das habilidades dos organismos, nos perguntamos
acerca do que é indispensável para a efetivação deste movimento. A ação envolve a
busca, por parte do organismo, de fatores para a concretização de seus objetivos, sejam
eles alimentares, reprodutivos, sociais, intelectuais, de proteção, entre outros tantos.
Para a realização de tais metas é preciso uma adequação do organismo em relação
aquilo sobre o qual a sua ação se efetivará, no caso, seu ambiente.
O arcabouço teórico de nossa análise será o conceito de affordances, termo
cunhado por Gibson (1986, cap. 8) para designar as estruturas ambientais disponíveis a
um animal, permitindo sua ação. Uma vez apresentado este conceito, nos ocuparemos
com o desdobramento da seguinte questão: como se conhece as affordances para poder
agir? As possíveis respostas que analisaremos vem através de duas vertentes
antagônicas: (1) o conhecimento indireto, que consiste na reconstrução do ambiente
internamente ao organismo e (2) o conhecimento direto, que consiste na captação da
estrutura do ambiente externa ao organismo.
De acordo com a proposta (1) temos a vertente representacionista/internalista,
que se opõe a corrente externalista expressa em (2). Trataremos primeiramente do
conhecimento indireto seguindo a análise e crítica desta vertente feita por Chemero e
Turvey (2007), que destacam como principal característica do paradigma
representacionista a internalização da estrutura do ambiente. Nesse caso, o ambiente e a
ação seriam primeiro pensados e analisados internamente, para posteriormente a ação
ser efetivada e externalizada. O próximo passo será apresentar a abordagem externalista
de Gibson (1986) acerca da percepção e da ação. Um dos principais aspectos do
externalismo gibsoniano é que a percepção-ação é um movimento unificado, não
necessitando de representações internas ao animal executor.
Por fim, concluímos que, segundo esta última abordagem, podemos encarar as
questões filosóficas concernentes à percepção e a ação através de uma perspectiva
unificadora entre os elementos que participam do processo de aquisição do
conhecimento. Embora a proposta de Gibson transporte algumas dificuldades, ela
oferece parâmetros novos em relação à tradição clássica no estudo do conhecimento.
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II - Affordances
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The affordances of the environment are what it offers the animal, what it provides or furnishes, either for
good or ill.
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A situation or event X affords action Y for animal Z on occasion O if certain relevant mutual
compatibility relations between X and Z obtain.
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Como o conceito de affordance diz respeito tanto ao ambiente quanto ao animal,
sua caracterização depende da relação entre ambos, a ponto de Gibson afirmar que “elas
são únicas para aquele animal” (1986, p. 127) que as utilizam. Há diferentes affordances
de acordo com as diferentes espécies ou indivíduos:
6
An important fact about the affordances of the environment is that they are in a sense objective, real, and
physical, unlike values and meanings, which are often supposed to be subjective, phenomenal, and
mental. But, actually, an affordance is neither an objective property nor a subjective property; or it is both
if you like. An affordance cuts across the dichotomy of subjective-objective and helps us to understand its
inadequacy. It is equally a fact of the environment and a fact of behavior. It is both physical and
psychical, yet neither. An affordance points both ways, to the environment and to the observer.
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2007, p. 477, itálico nosso).7
No caso acima, haveria um conjunto de modelos de ação (A = {a1, a2, ..., an})
relacionados logicamente com um conjunto de modelos das ocasiões do ambiente (O =
{o1, o2, ..., on}). O conjunto O é constituído pelos aspectos perceptíveis do ambiente,
reconstruídos internamente na forma de estruturas simbólicas, e A consiste nas ações
representadas também da mesma natureza de O. Para o bem estar do transito rodoviário,
por exemplo, os motoristas devem possuir o conjunto de ações S = {'parar', 'prosseguir',
'prosseguir com atenção'} co-relacionado com o conjunto de ocasiões P = {'vermelho',
7
[…] on the representationalist view, animal must gather data about and entity (out there), combine that
mentally represented data (in here) with mentally represented actions (in here), and with the mentally
represented effects of those actions (in here), in order to mentally select (in here) an action (out there).
Representationalists […] take animals and environment to be separate, and represented affordances to be
necessary mediators, storing data in the animal about what action can be taken in specific environmental
circumstances.
8
A functional description of the world (i.e., a description in terms of something like affordances) is one
that allows simple mappings between our functional models of what is out there (e.g., road curves to the
left) and our functional actions (e.g., turn to left).
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'verde', 'amarelo'} que designa os estados possíveis de um semáforo. Assim, para evitar
colisões com outros carros que poderia colocar muitas vidas em risco, a proposição P →
S deve ser sempre verdadeira para todos os motoristas.
Partindo da descrição internalista, a percepção é tomada como um processo de
reunião e reorganização interna dos dados obtidos externamente, e esta reorganização
expressa em representações mentais torna o conhecimento acerca do mundo mediado e
indireto. Em outras palavras, como criticam Chemero e Turvey “[...] a idéia é que
percepção é uma função de estados sensoriais para representações perceptuais [...]”
(2007, p. 476).
Considerando essa mediação interna entre o animal e seu ambiente e a ação
externa como algo distinto destas operações internas, há uma descontinuidade entre o
que é percebido e a ação efetivada externamente. Por mais rápido que seja o processo
de percepção, análise da representação, escolha da ação e efetivação da mesma como
produto de todo este processo, há supostamente divisões bem definidas entre o processo
de representação mental das affordances e a ação externa. Além disso, o que é percebido
via representações pertence a uma categoria distinta da ação “física”. Nesse sentido,
perceber e agir são distintos, separados tanto temporalmente quanto logicamente.
Se há tal intermédio representacional necessário entre o ser agente e o mundo,
isto é, se o agir é condicionado ao representar, então temos um dualismo entre o físico e
o psíquico, e o problema de como essas instâncias se relacionam. Com efeito, se não
representamos não podemos agir. Essa consequência não é de modo algum aceita pelo
externalismo gibsoniano.
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mútuo dessa relação.
Um dos princípios mais importantes para a abordagem ecológica é o princípio da
reciprocidade entre animal e ambiente (GIBSON, 1986, p. 8), no qual ambos os termos
são definidos um em relação ao outro. Ambiente é tudo aquilo que circunda um animal,
tudo que faz parte de seu habitat, ou seja, árvores, plantas, outros seres vivos, artefatos,
objetos, com suas cores, formas, cheiros, sabores e texturas, isto é, toda a variedade de
coisas que podem ser percebidas diretamente pelo animal. Este por sua vez é um
sistema que percebe o ambiente no qual está inserido e age de acordo com o que ele
proporciona, transformando-o à medida em que age.
A expressão “percebido diretamente” designa uma apreensão não mediada por
artefatos como telescópios ou microscópios: “Eventos ecológicos, distintos dos eventos
microfísicos e astronômicos, ocorrem no nível das substâncias e das superfícies que as
separam do medium” (GIBSON, 1986, p. 93)9. A percepção direta é possível pela
disponibilidade de informação significativa que, segundo Gibson (1986), consiste em
padrões invariantes que especificam a estrutura do ambiente para um animal capaz de
captá-la, sem que essa estrutura necessite ser reconstruída internamente partindo de
fragmentos (dados) do mundo obtidos pelos órgãos dos sentidos. Tais padrões podem
ser olfativos, visuais, tatéis, palatáveis ou sonoros, que expressam propriedades dos
objetos ou eventos correspondentes a eles, fornecendo parâmetros para a ação dos
animais, “porque todos nós agimos de acordo com as coisas que podemos olhar e sentir,
ou cheirar e provar, e eventos que podemos ouvir” (GIBSON, 1986, p. 9)10. Um
pressuposto fundamental dessa abordagem é que o mundo é estruturalmente rico, e essa
estrutura está disponível para a percepção na forma de informação.
Gibson diferencia dois tipos de estruturas do ambiente, a estrutura invariante e a
estrutura de perspectiva:
9
Ecological events, as distinguished from microphysical and astronomical events, occur at the level of
substances and the surfaces that separate them from the medium.
10
[…] because we all behave with respect to things we can look at and feel, or smell and taste, and events
we can listen to.
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a cada deslocamento do ponto de observação [...]. Assumindo que o
ambiente nunca é reduplicado de um lugar a outro, a perspectiva
apreendida é única em cada ponto de observação estacionário, isto é,
para cada ponto de observação há uma e apenas uma perspectiva
apreendida. Por outro lado, invariâncias de estrutura são comuns a todos
pontos de observação – algumas para todos os pontos do ambiente
terrestre inteiro, algumas apenas para pontos dentro de limitações de
certos locais, e algumas apenas para pontos de observação dentro
(digamos) de uma única sala (GIBSON, 1986, p. 73-74).11
11
There are many invariants of structure, and some of them persist for long paths of locomotion while
some persist only for short paths. But what I am calling the perspective structure changes with every
displacement of the point of observation […] Assuming that the environment is never reduplicated from
place to place, the arrested perspective is unique at each stationary point of observation.
12
[…] an arrested perspective structure in the ambient array specifies to an observer such a fixed position,
that is, rest; and a flowing perspective structure specifies an unfixed position, that is, locomotion. The
optical information for distinguishing locomotion from nonlocomotion is available, and this is extremely
valuable for all observers, human or animal.
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e presenciados. Isso não significa que os objetos que vão ficando fora do alcance da
percepção deixam de existir, ou mesmo a informação sobre eles. Por outro lado, se as
propriedades de um objeto mudam a informação disponível sobre elas também muda,
assim como a informação se perde se um objeto que é sua fonte deixar de existir. Na
verdade, a informação que se perde é aquela disponível no ambiente para ser apreendida
diretamente, embora a informação indireta sobre os objetos que deixam de existir
permanecem, tal como a informação presente em fotos, quadros, livros, descrições
verbais, etc. Esse tipo de informação, segundo Gibson, é o que dá origem a um
conhecimento indireto (GIBSON, 1986, pp. 258-263, cap. 15).
Dito isso nos perguntamos: “Mas e o significado da informação?”. Para Gibson
(1986) a informação é significativa justamente por expressar propriedades dos
elementos do ambiente (dureza, forma, altura, cheiro, textura, etc), as quais delimitam o
escopo de ação de um organismo, ou seja, elas designam o que as coisas permitem
(afford) a um sistema de percepção-ação.
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I have [...] described what the environment affords animals, mentioning the terrain, shelters, water, fire,
objects, tools, other animals, and human displays. How do we go from surfaces to affordances? And if
there is information in light for the perception of surfaces, is there information for the perception of what
they afford? Perhaps, the composition and layout of surfaces constitute what they afford. If so, to perceive
them is to perceive what they afford.
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descobrimento das possibilidades de ação em relação ao mundo, ou seja, perceber o que
se pode fazer com uma tesoura, por exemplo, é utilizá-la para cortar algo.
As propriedades ecológicas (as affordances) que possibilitam a ação dos animais
são aquelas estruturas invariantes (já mencionadas). A estrutura da água faz com que
animais terrestres não consigam respirar quando imersos nela; a estrutura do solo
permite que os animais se locomovam, mas pode causar a morte de peixes e outros
animais aquáticos. A relativa estabilidade e a mutualidade dessas propriedades em
relação aos organismos situados e incorporados as torna confiáveis para que eles
possam agir, dando margem para o estabelecimento de seus nichos, que “refere-se mais
a como um animal vive do que onde ele vive” (GIBSON, 1986, p. 128). Dessa forma,
um nicho consiste no conjunto de padrões de ação para certos animais ou, em outras
palavras, “um nicho é um conjunto de affordances” (ibidem). Assim, a estabilidade das
propriedades do ambiente consideradas mutuamente aos organismos as torna
significativas para a percepção-ação (PETRUSZ & TURVEY, 2010).
Como a informação disponível à apreensão depende do ponto de observação do
animal, a percepção é determinada pelo lugar no qual o animal está situado. Assim, a
percepção do ambiente envolve a percepção do ponto onde o organismo se encontra, e o
lugar onde ele se encontra depende do conjunto de ações que o levaram até ali.
Conseqüentemente, a percepção envolve ação e ação envolve percepção. Ambas
consistem em um movimento único. Retomando nosso exemplo dado na seção II,
quando um homem pretende utilizar a escada de sua casa é preciso que ele perceba onde
colocar o pé para subir o próximo degrau, e essa percepção depende da ação de olhar
para baixo, ver onde se encontra seu corpo em relação a escada e movimentar-se. Neste
processo há sempre informação disponível sobre as propriedades do meio e do homem.
Neste ponto há uma divergência enorme entre a concepção internalista e
externalista. Se na primeira o que é percebido são representações mentais baseadas em
dados dos sentidos, na segunda a percepção é baseada em informação na forma de
padrões externos. A disponibilidade de informação para a percepção é constante:
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vida sem atingir um limite. Não há um limiar para a informação
comparável com um limiar para o estímulo. A informação não é perdida
pelo ambiente quando é obtida pelo indivíduo; ela não é conservada
como energia (GIBSON, 1986, p. 243).14
14
The information in ambient light, along with sound, odor, touches, and natural chemicals, is
inexhaustible. A perceiver can keep on noticing facts about the world she lives in to the end of her life
without ever reaching a limit. There is no threshold for information comparable to a stimulus threshold.
Information is not lost to the environment when gained by the individual; it is not conserved like energy.
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dificuldades que ela traz.
V - Conclusão
Nosso objetivo inicial era o de apresentar duas teorias sobre que tipo de
conhecimento é necessário para uma ação bem sucedida, isto é, que satisfaz a realização
das condições necessárias à sobrevivência dos animais. De acordo com a hipótese
internalista/representacionista, o conhecimento do mundo é mediado por representações
mentais. Neste caso, a percepção consiste na apreensão do mundo baseada no estímulo
sensório, que dá origem a estruturas simbólicas internas à partir das quais ações
possíveis são representadas. O comportamento do animal no mundo, guiado por
modelos simbólicos, seria uma função dos estados internos. Como consequência da
postulação de tais entidades representacionais, há uma distinção categórica e uma
separação temporal entre o processo perceptual e a ação física no ambiente; bem como
uma separação entre organismo e seu ambiente, tornando sua interação mediada. Assim,
tomando a percepção como processamento de símbolos é problemático compreender
como as atividades mentais se relacionam com o corpo físico/biológico de um
organismo de modo a conduzir sua ação.
Na visão externalista de Gibson o conhecimento é direto, baseado na apreensão
direta de informação. Segundo esta vertente não são necessários conceitos, inferências
ou representações mentais aos animais para se reproduzirem, se alimentarem e
efetivarem toda sorte de comportamentos durante suas vidas. A percepção, tomada
como um ato de apreensão da informação ambiente, está vinculada e ocorrendo
conjuntamente às ações e movimentações do organismo em seu meio. Ausentes de
mediações em suas interações, organismo e ambiente são compreendidos como
integrantes de um único sistema coevolutivamente constituído.
No caso de Gibson, seu externalismo no estudo da percepção-ação consiste em
considerá-la como um fenômeno pertencente ao sistema organismo-ambiente, evoluindo
e se desenvolvendo. Sem dar atenção à mutualidade entre o observador/agente e o
mundo, é possível que se encontre no caminho o problema com o qual se depara a
corrente representacionista. Assim, se a teoria de Gibson acerca da percepção-ação
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estiver correta, é provável que haja uma transformação na Filosofia, Psicologia,
Ciências Cognitivas, Epistemologia e outras áreas, em relação ao modo como é possível
compreender a forma como conhecemos e interagimos com o mundo.
Vimos ao longo do nosso trajeto, enfim, que a dicotomia entre o subjetivo e o
objetivo parece deixar de existir na concepção externalista de Gibson em relação às
interações mais básicas entre animais e o mundo. Entretanto essa abordagem não
oferece um arcabouço teórico de como se pode entender a origem dos conhecimentos
abstratos, tais como os das ciências exatas como a matemática, isto é, se eles possuem
alguma relação com o nosso conhecimento perceptual. Essa relação ainda permanece
problemática, e talvez uma possível solução seria uma grande empreitada no sentido de
tentar unificar certos aspectos do representacionismo com alguns outros do
externalismo. Até o momento não conhecemos ninguém que tenha se proposto a tal, e
nem se essa é a melhor maneira de tentar resolver as questões filosóficas concernentes
ao conhecimento. De qualquer forma, acreditamos que a proposta fica ainda em aberto.
Referências:
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