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ÉTICA E EDUCAÇÃO
Publicado em 25 de May de 2009 por VAMILSON SOUZA D`ESPÍNDOLA

O objetivo deste trabalho é refletir sobre a exigência ética da educação, pensando sobre a
questão de como a escola pode contribuir para a formação ética de seus membros em
nossa sociedade contemporânea. Inicia-se com a análise sobre a relação de pertença
entre ética e educação, abordando a relação conceitual dos termos e reconstruindo os
principais paradigmas ético-educacionais. Posteriormente, propõe-se um esboço
normativo para fundamentar eticamente a educação formal atual, pautando-se nos
princípios de cidadania, democracia, justiça, solidariedade e autonomia, visando contribuir
para a efetivação de uma escola republicana e democrática.
Palavras-chave: Ética; Educação; Filosofia; Cidadania; Democracia; Justiça; Solidariedade;
Autonomia.
INTRODUÇÃO
Muito se tem falado e escrito sobre a responsabilidade ética do processo de ensino-
aprendizagem, de como a escola deve ter por objetivo a construção de cidadãos
participativos e conscientes, isto é, indivíduos responsáveis e solidários com a
comunidade e autônomos intelectualmente, de como a escola está empenhada em
desenvolver atividades que tematizam os direitos humanos e o Estatuto da Criança e do
Adolescente e despertar o respeito ao meio ambiente (natureza). Salvo melhor juízo, não é
possível observar o grande sucesso apregoado pelas escolas e educadores nesta questão
tão premente. Mais e mais jovens estão saindo das escolas sem um sentimento de
pertença à comunidade e à natureza e, também, sem possuir autonomia intelectual para a
resolução de problemas cognitivos e práticos, além de não possuírem autonomia moral
para fundamentar racionalmente sua ação moral (deliberação).
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____________________
1 - Trabalho apresentado ao Curso de Pedagogia da UNIASSELVI, na disciplina de Temas
Transversais e Ética no ano de 2008.
2- Graduado em Educação Física pela Universidade do Sul de Santa Catarina no ano de
2009.
Por que isso ocorre, é o que se pretende abordar inicialmente, através de uma pequena
análise sobre a relação de pertença entre ética e educação. Posteriormente, o objetivo é
propor um esboço normativo a respeito do que se pode fazer para contribuir com uma
concepção educativa que esteja alicerçada em uma concepção ética de responsabilidade
solidária.
RELAÇÃO ENTRE ÉTICA E EDUCAÇÃO
Visando explicar os motivos do fracasso moral educacional, inicia-se com uma primeira
questão relevante, que é a de responder qual é a relação existente entre ética e educação
contemporaneamente? A colocação da pergunta já evidencia um problema. É possível
pensar que o processo de ensino-aprendizagem ocorra sem uma referência ética? Ou
então, é possível que se pense na ética apenas como uma teorização do agir moral, sem
uma vinculação com a prática humana no horizonte ético? Ainda sobre o mesmo
problema: tem ainda significado continuar falando da ética como uma forma de
fundamentar o processo educativo atualmente, no sentido de uma "catequização" de
valores morais para o educando? A questão em pauta nos aponta para algumas evidências
essenciais, quais sejam: vivemos em uma época em que há um grande distanciamento
entre a ética e a educação, compreendendo a ética como a forma de validar os princípios
normativos da sociedade em um contexto educacional científico-tecnológico. Em
conseqüência desta ruptura, a ética é interpretada como um conjunto de regras
comportamentais, que teriam a função de orientar o educando, no sentido de uma ética
profissional (como a trabalhada na universidade) ou de uma ética moralizadora (como a
que possibilitaria o controle da indisciplina escolar). Essas evidências apontadas já
indicam que os termos 'ética' e 'educação' são compreendidos e vivenciados de múltiplas
formas em nosso contexto. Em razão disto, é necessário um esclarecimento conceitual
introdutório.
Ética é a reflexão sobre o ato moral, é a forma de fundamentar, legitimar as ações morais
intersubjetivas. Reflete a cerca do que se deve fazer em uma perspectiva coletiva e não
puramente individual. Em síntese, a ética tem sua preocupação na forma como
legitimamos nossas relações societárias (VÁZQUEZ, 1996, p. 12).
O problema que temos atualmente é que a ética é considerada de um ponto de vista
puramente individual (como somente no âmbito da moralidade particular), estando restrita
a esfera privada e que não se relaciona com a esfera pública. Por isso, entre outros
motivos, observa-se uma ruptura entre o ético e o político-econômico, entre o ético e o
educativo, entre o ético e o entretenimento (divertimento), através da predominância das
regras privadas para pautar a vida pública, como a supremacia das regras de mercado e
poder para a fundamentação da vida humana, o que oportuniza um desenvolvimento
científico (tecnológico) e uma atrofia moral. Nesta fragmentação moral-tecnológica, é
possível identificar que a ciência e a tecnologia ocasionam um desenraizamento cultural e
uma colonização das finalidades centrais da vivência social, em que se verifica uma
indiferenciação generalizada aos problemas humanos, como por exemplo: fome de um
bilhão de pessoas; exclusão-pobreza de dois bilhões de pessoas, em um universo de seis
bilhões; saúde e educação deficitárias; guerras imperialistas e problemas ambientais. A
educação, da mesma forma, pode ser interpretada de duas maneiras distintas. Em um
primeiro sentido, educação (educare) representa apenas instrução, acúmulo de
informação, e não possui uma fundamentação ética. Essa é a educação técnica que visa
somente a transmissão quantitativa de informações, concepção esta que continua com
muito prestígio atualmente, vide, por exemplo, a cultura da demanda mercadológica na
oferta de cursos superiores nas universidades brasileiras, sobretudo, nas instituições
privadas. Em uma segunda forma, educação (educere) significa a formação integral do ser
humano, isto é, o desenvolvimento de suas potencialidades com uma fundamentação
ética para sua formação integral, ou seja, significa possuir e perseguir o ideal de ser
humano, sociedade e mundo, através da busca de um ordenamento coerente do todo que
está fragmentado. Com essa segunda maneira de compreender a educação, revela-se uma
exigência ética , que é fazer com que o indivíduo que se forma, compreenda-se enquanto
membro de uma comunidade, que assuma uma responsabilidade solidária com a
comunidade (com o outro homem) e com a natureza. Como já estamos inseridos em um
momento de ruptura entre a ética e o processo educativo, é importante fazermos uma
reconstrução desta relação para, posteriormente, situarmos nossa proposta normativa.
Como segunda questão, abordo teoricamente o problema através de um pequeno
panorama dos paradigmas ético-educacionais. O objetivo desse panorama quer evidenciar
como e quando surgiu o problema contemporâneo da educação: o abandono de um
referencial ético no processo ensino-aprendizagem, e como podemos sugerir uma
alternativa para a questão. Proponhe-se, como hipótese para análise, quatro paradigmas
éticos, situando-os em cinco horizontes da reflexão filosófica e suas respectivas
concepções de educação. No âmbito da filosofia grega e medieval, deparamo-nos com o
horizonte filosófico cosmocêntrico-objetal que buscava a fundamentação racional em uma
ordem imutável, como, por exemplo, na natureza, na idéia de bem ou de Deus. Este é o
paradigma ético do ser que está situado em uma ética das virtudes. O ideal educativo é
compreendido como paidéia, isto é, uma formação integral do ser humano, através do ideal
de homem belo e bom (ideal de kalokagathía), o homem como perfeito, imitando a
perfeição divina. O exemplo mais representativo deste paradigma do ser é a alegoria da
caverna de Platão, apresentada no Livro VII da República, que opera com a possibilidade de
saída do mundo das sombras (crenças, opiniões e imagens) para a entrada no mundo
conceitual (raciocínio dedutivo e raciocínio puro). Essa construção do melhor homem é
evidenciada em sua concepção de uma ética das virtudes para a compreensão do bem
como critério universal. Para Platão, o fundamento do agir moral está na ordem
incondicionada da idéia de bem. O Bem está no conhecimento, na racionalidade, que
permite o controle dos desejos e da vontade. Este controle é compreendido como virtude e
que é possibilitado pela sabedoria. Na modernidade, a concepção educativa permanece
muito semelhante, sendo entendida como aufklärung, isto é, como uma formação que visa
o esclarecimento humano, a saída da menoridade do homem, segundo Kant, através da
criação do indivíduo autônomo. O horizonte filosófico é o antropocêntrico-subjetal, pois a
fundamentação localiza-se na razão subjetiva humana. Como exemplos deste paradigma
da consciência encontramos Locke, Rousseau e Kant. No contexto do século XIX,
identifica-se uma crítica ao solipsismo moderno (razão monológica) com o horizonte
historiocêntrico-relacional, através de uma defesa de fundamentação na efetividade
histórica e nas relações interpessoais. Hegel e Marx são exemplos de pensadores que
faziam uso de um paradigma ético da consciência (porém, com sua relação com o
mundo), através de uma ética da responsabilidade intersubjetiva. Dessa maneira, é
possível verificar a continuação do ideal educativo do esclarecimento, como pode ser
percebido pela reflexão contra a ideologia e a alienação, tendo a educação a tarefa de
humanizar o homem, isto é, impedir que ele se aliene e perca características próprias. No
final do século XIX e início do XX, está segurança na fundamentação racional é colocada
sob suspeita. O ideal educativo do esclarecimento é colocado em xeque pelo horizonte
filosófico desconstrutivo, que tematizou a crítica da metafísica e a impossibilidade de
fundamentação da ação moral. O paradigma ético é o da desconstrução, tematizando a
insuficiência da razão para a fundamentação ética. A suspeita é estabelecida por
Nietzsche, Freud, Wittgenstein, Heidegger, Foucault, entre outros. Nietzsche irá
desestruturar a investigação ética, tematizando o fim dos conceitos metafísicos de bem e
mal, em uma interpretação genealógica da moral, evidenciando a historicidade dos
conceitos de bom e mau (moral de senhores e moral de escravos) e propondo a
transvaloração de todos os valores pelo além-do-homem (übermensch) através do
exercício da vontade de potência. A concepção de educação perde sua referência ética,
abrindo espaço para a compreensão da educação como técnica e como lúdica (estética).
O que isso representa? Como a ética está impossibilitada de dar validade objetiva aos
juízos normativos, a educação se reduz à transmissão de informação e, também, como
associada ao prazer puramente subjetivo. A partir da segunda metade do século XX
acontece uma retomada do projeto de uma fundamentação ética da educação com uma
racionalidade comunicativa. Este é o paradigma da linguagem no qual nos encontramos
hodiernamente, em que se evidenciam várias propostas éticas, como a ética da alteridade,
ética do discurso, ética das virtudes, ética da responsabilidade solidária etc. O horizonte
da reflexão filosófica contemporânea é o lingüístico-plural, com uma fundamentação na
racionalidade comunicativa intersubjetiva. Como exemplos de pensadores circunscritos a
este paradigma podemos citar Apel, Habermas, Levinas, MacIntyre, Rawls, entre outros.
Como exemplo deste novo paradigma ético podemos fazer referência a ética do discurso,
formulada por Apel e Habermas. A intenção primordial da ética discursiva é estabelecer
uma ética solidária universal em um contexto globalizado. Entende a linguagem e o
discurso como médium de toda fundamentação (validação) dos princípios normativos,
quer dizer, busca uma validade intersubjetiva (razão comunicativa) para os princípios que
servirão de referência pública, isto é, que possibilitarão o consenso em uma sociedade
pluralista. É de fundamental importância destacar que a reflexão ética contemporânea vê
como possível e imprescindível resgatar a validade intersubjetiva dos juízos normativos
(de dever ser), visando ao estabelecimento de um mínimo comum para orientar a
convivência nas sociedades plurais. Isto ressalta o papel primordial da educação no
processo de formação dos indivíduos, pois pode oportunizar um local dialógico para
possibilitar o estabelecimento da validade dos princípios que vão orientar esta mesma
convivência em sociedade. É aqui que obtém destaque a relação de pertença entre ética e
educação, em que só faz sentido pensar na educação como um processo que possibilite
aos indivíduos a validação dos princípios morais que servem de pressupostos para a
convivência em sociedade.
ESBOÇO NORMATIVO
CIDADANIA
A escola deve possibilitar que o educando se entenda enquanto cidadão, isto é, como um
indivíduo que deve participar da esfera pública de forma ativa e responsável. política, o que
conduz necessariamente a uma definição de cidadão como um indivíduo que participa da
esfera pública de forma ativa. Na interpretação aristotélica, a cidadania não é oportunizada
nem pelo local de nascimento, nem pelos direitos jurídicos (direito de acusar e de se
defender no tribunal), nem tampouco pelo nascimento. É importante destacar o argumento
utilizado que evidencia que esses indivíduos só seriam cidadãos de uma maneira
imperfeita, bem como os jovens e os anciãos que já foram dispensados de suas atividades
públicas, pois não possuem a capacidade de atividade na esfera pública no que diz
respeito às questões de justiça e de governo. Esta é a definição de cidadão para
Aristóteles: um indivíduo que possui a potência de participação nas coisas públicas, o que
revela que a definição de cidadão estará inscrita na categoria de cidadania. A idéia
defendida é que a cidadania não é uma pura formalidade, um estado garantido pelo
nascimento e por direitos civis abstratos, o que lhe confere uma pertença natural e legal à
comunidade, mas, sim, que a cidadania é uma atividade (ação humana), em que o cidadão
conquista sua cidadania em função de sua participação na esfera pública a partir dos
poderes deliberativo e judiciário. Destarte, cidadão é entendido como aquele que pode
participar nos cargos deliberativos e judiciais da pólis e alcançar a cidadania, o que
garantirá a autonomia (autárkeia). A partir desta interpretação que utilizamos, cidadania é
uma conquista do indivíduo através de sua participação responsável nos assuntos
públicos de sua comunidade.
Mas como a escola pode formar um cidadão em uma sociedade que parece estar apenas
preocupada com questões utilitárias particulares? Penso, sobretudo, em quatro eixos
fundamentais que se interligam. A escola deve possibilitar o acesso e o domínio dos
atuais meios de informação e comunicação disponíveis, como computador, televisão,
vídeo, DVD, jornais, revistas, livros, internet. A única possibilidade de formar um indivíduo
autônomo é capacitá-lo na utilização e na busca da informação, pois ele deve ter acesso e
saber utilizar estas ferramentas cotidianas. Isto nos conduz ao segundo eixo, que é
possibilitar aos educandos o domínio dos múltiplos códigos culturais da civilização. Pode-
se partir do domínio dos diversos gêneros textuais em uso, para se chegar ao domínio
(parcial) da cultura da sociedade: literatura, cinema, pintura, escultura, filosofia, ciência,
religião etc. Como é possível adquirir um sentimento de pertença à nossa comunidade se
desconhecemos o que ela produziu e produz culturalmente? Como terceiro eixo, é
necessário que a escola desenvolva nos educandos a capacidade de estabelecer relações
com as informações obtidas, pois, sem isso, não se alcança o conhecimento, sendo este o
que dá sustentação para a cidadania. Creio que aqui se apresenta o nó górdio da
educação básica brasileira, pois, em geral, a escola trabalha apenas com informações
desconectadas, o que não propicia a aquisição do conhecimento por parte do educando.
Os três aspectos anteriores devem conduzir-nos para um compromisso em estimular a
participação responsável dos alunos nas decisões e compromissos grupais, o que nos
encaminha ao princípio ético de democracia.
É uma unanimidade no contexto educacional, a afirmação de que a escola deve pautar a
sua ação pedagógica na formação de cidadãos, isto é, deve desenvolver as
potencialidades dos indivíduos para sua conquista de cidadania. Partindo desse contexto,
temos, assim, duas questões essenciais a serem respondidas. A primeira é: o que é ser
cidadão? A segunda, não apresenta a mesma simplicidade e consiste na pergunta: como
se forma um cidadão?
Para responder a primeira questão, busca-se o auxílio na Política de Aristóteles, por
encontrar neste pensador uma reflexão cuidadosa e atual de cidadania. Aristóteles elabora
uma concepção política de indivíduo, em que o ser humano é compreendido enquanto um
ser político que deve construir-se através de uma prâxis ético-política no interior da
comunidade.
DEMOCRACIA
A escola deve implementar a democracia em sua prática pedagógica através da criação de
um espaço público para a validação intersubjetiva das normas.
A escola e a universidade devem estar engajadas no processo de efetivação da
democracia como um princípio ético-político republicano para poder auxiliar a comunidade
escolar na conquista de sua cidadania. Mas como realizar (desencadear) este processo? É
importante que ela (a escola) transforme-se em um espaço público, isto é, que pertença a
toda a comunidade escolar presente, passada e futura, deixando de ser tratada como uma
instituição da esfera privada. Parto do princípio básico da democracia que é: quem deve
decidir sobre as normas grupais são todos os membros pertencentes a este grupo, o que
no caso da escola significa incluir todos os professores, alunos, funcionários, responsáveis
pelos alunos e comunidade em geral nas decisões.
A escola como espaço público deve ser um local para todos poderem expor as suas
razões, isto é, suas demandas e concepções, de forma consciente e responsável,
aceitando, por seu turno, as razões dos outros membros. Destas razões expostas, devem
ser escolhidas as melhores razões pelo grupo, o que possibilita que se chegue a um
consenso ético-político, o que não representa alcançar a unanimidade, mas, sim, alcançar
um entendimento dialógico sobre os princípios fundamentais que devem reger a
convivência grupal.
... Aceitar ouvir e entender as razões dos outros é um importante exercício para a saída de
um atomismo monológico, o que possibilita acolher a alteridade do outro, reconhecendo a
validade simbólica do outro, alcançando o reconhecimento "num mundo social
intersubjetivamente partilhado" (HABERMAS, 2004, p. 109).
Isso nos conduz a uma visão de sociedade que não é apenas a soma de todas as
vontades individuais, mas, sim, que está ancorada na vontade coletiva para a realização do
bem comum.
Além da organização de fóruns, assembléias, avaliações, realizações de atividades
educativas por toda comunidade escolar para efetivar a democracia, gostaria de comentar
um novo exemplo, criado pelo MEC em 2004, que é o Programa Ética e Cidadania que
incentiva a criação do Fórum Escolar de Ética e Cidadania. Toda escola pode vir a participar
deste programa e isto pode representar uma grande contribuição na construção de uma
educação democrática. A criação do Fórum é de responsabilidade de cada escola, onde
deve acontecer a formação de um grupo composto de professores, alunos, funcionários,
direção, famílias da comunidade etc., escolhendo um coordenador. Após isso, o
coordenador faz a inscrição eletrônica e a escola passa a receber o material elaborado
pelo MEC que tem a tarefa de subsidiar o grupo. São quatro eixos básicos sugeridos para
serem trabalhados: Ética (cidadania); Convivência Democrática; Direitos Humanos;
Inclusão Social. O material contém roteiros, textos e indicação de filmes para orientar os
encontros do Fórum e sugere algumas atividades para serem desenvolvidas com todos os
membros da comunidade.
Uma atividade com este perfil é o que possibilita que a escola transforme-se em um local
em que todos os envolvidos se sentirão responsáveis e aprenderão a convivência social
democrática, em um processo de democratização da democracia. Não podemos esquecer
que são as práticas democráticas bem sucedidas que nos ensinam o valor fundamental da
democracia. Se a escola não tiver êxito em transformar a democracia em um valor
positivo, todo o seu trabalho terá sido em vão, pois apenas irá reproduzir a visão
preconceituosa da média da sociedade brasileira, que interpreta democracia com
confusão e perda de tempo. Pautar a prática pedagógica no princípio da democracia é
assumir o compromisso com a criação das condições de possibilidade para a realização
da justiça.
JUSTIÇA
A escola deve estabelecer como imperioso a defesa dos Direitos Humanos e do Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA), defendendo os princípios da vida, liberdade, igualdade
de oportunidades e diferença.
Falar da justiça como um princípio ético que deve pautar a ação pedagógica é firmar um
compromisso com a defesa incondicional dos direitos humanos fundamentais como vida,
liberdade, igualdade de oportunidades e o respeito pela diferença. Como isso pode ser
realizado? Em primeiro lugar, a comunidade escolar deve ter conhecimento da Declaração
Universal dos Direitos Humanos e do Estatuto da Criança e do Adolescente, refletindo a
respeito da história de sua criação e qual o significado político desses direitos. Não se
trata de apenas ter a informação, mas, sobretudo, de entender os valores ético-políticos
democráticos que estão sendo assegurados e defendidos como princípios substanciais de
convivência em sociedade. Em segundo lugar, deve se pensar em determinadas
estratégias e atividades que propiciem a valorização desses princípios através da
participação coletiva, destacando a característica construtivista desses princípios, isto é,
que todo indivíduo deve ser responsável pela sua criação (ou recriação) e não recebê-los
de forma heterônoma (passiva).
Ao estudar a história dos direitos humanos, nos deparamos com a Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão, promulgada em 1789, no processo revolucionário francês, que
defendia, sobretudo, a afirmação de direitos inalienáveis dos indivíduos, como vida,
liberdade de consciência, igualdade jurídica e alguns mecanismos eqüitativos. Esses
direitos civis e políticos foram considerados como princípios essenciais para a posterior
constituição. O que isso representa? Que falar em direitos humanos, é defender a
existência de princípios ético-políticos, criados pelos indivíduos para servir de
fundamentação e referência para a convenção constitucional e para a posterior ordenação
legal e jurídica.
A partir da adoção da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, congregam-se
esses direitos civis e políticos com os direitos sociais, econômicos e culturais de forma
universal, interdependente e indivisível, que ressalta a necessidade de incorporação do
princípio da igualdade de oportunidades e do princípio da diferença, indo em direção a
construção de uma cultura de direitos humanos que deve impactar sobre as relações
interpessoais e a conformação das subjetividades (CARBONARI, 2004, p. 24).
De que vale para a comunidade escolar este conhecimento? O que fazer com ele? A sua
importância está em possibilitar à comunidade o entendimento que esses princípios não
são meras regras positivas para serem obedecidas. Pelo contrário, são princípios
construídos historicamente pela coletividade, visando a criação de uma sociedade política-
social-econômica-culturalmente mais justa. Sociedade democrática como um sistema
eqüitativo de cooperação social entre cidadãos livres e iguais (RAWLS, 2003, p. 55).
Atividades educativas que tematizam e valorizam essa história, demonstram o
comprometimento da educação com a construção da justiça na esfera pública. Importante
lembrar que o Estatuto da Criança e do Adolescente encontra-se no mesmo paradigma dos
direitos humanos e pode oportunizar seu entendimento através de seu estudo e
valorização. Afirmar positivamente os direitos humanos é tarefa educativa primeira que
deve servir de referencial para a construção do conhecimento.
Assim, justiça passa a ser compreendida enquanto eqüidade, isto é, como a afirmação dos
princípios da igual liberdade, da igualdade de oportunidades e da diferença em sociedades
plurais e democráticas. Muitos poderiam argumentar que a escola não tem qualquer
obrigação com a justiça, que essa questão deve ser tratada na esfera legislativa, executiva
e judiciária. Aqui está o engano, pois defender a justiça significa utilizar os princípios
básicos acordados como referencial para todos os posteriores acordos. Em várias
situações, a escola reproduz a ineficiente lógica da "democracia", que é realizar votações
para a escolha de algo. O erro não se encontra nas votações, em que todos podem e
devem participar, mas na ilusão de que o resultado será positivo, pois se pressupõe que o
resultado é a média das vontades dos indivíduos, sendo apenas a vontade particular
majoritária. Ao contrário do que é realizado, se pode exercer a autoridade formativa para
esclarecer o mecanismo de uma escolha, afirmando a necessidade de estabelecimento de
critérios para as escolhas, o que nos conduz à utilização dos princípios ético-políticos para
a orientação de uma eleição. Dessa forma, justiça passa a ser entendida como aquilo que
todos concordamos e defendemos, servindo de base consensual para as possíveis
disputas entre o grupo.
SOLIDARIEDADE
A escola deve contribuir para que seus membros assumam a responsabilidade solidária
com a Comunidade (outro homem) e com a Natureza.
Se o processo educativo formal conseguisse auxiliar os indivíduos no reconhecimento do
outro, isto é, no reconhecimento da diferença, ao reconhecer a validade simbólica do outro,
ele já teria cumprido seu papel essencial, pois sem o respeito e o comprometimento com a
alteridade (LÉVINAS, 1954, p. 370).
Esse processo de reconhecimento da alteridade pode ser compreendido enquanto
solidariedade. Importante frisar que solidariedade não pode ser entendida enquanto
caridade, assistencialismo ou qualquer tipo de ação em que o outro é apenas tolerado. O
que é solidariedade então? Em primeiro lugar, ser solidário é colocar-se no lugar do outro,
não porque é igual a mim, mas, sobretudo, porque é diferente, podendo-se entender tanto a
natureza, animais (pessoas não-humanas) e comunidade como outro. Em segundo lugar, é
necessário assumir um compromisso com a defesa do outro, em razão tanto de minha
própria defesa, mas, principalmente, em função do significado da outridade. Em terceiro,
faz-se urgente realizar-se ações para auxiliar na inclusão do outro dentro do sistema
social. Mas quem é o outro realmente? É todo àquele que não pode ser lido e analisado
segundo as minhas próprias características e categorias, pois ele foge da padronização
encontrada em minha subjetividade.
Sendo eu ser humano, homem, branco, adulto, heterossexual, empregado, urbano,
escolarizado, o outro pode ser entendido como a natureza (e animais), a mulher, o negro e
indígena, o jovem e idoso, o homossexual, o desempregado (sem-terra), o agricultor e o
analfabeto, por exemplo. Nossa grande dificuldade de relacionamento com a alteridade
reside no constante mecanismo de interpretar a outra identidade a partir da nossa, como
pode-se constatar na problemática relação dos grupos (tribos). Mas de que maneira pode
a escola fazer a diferença nesse contexto? Acredito que uma possibilidade concreta é a de
problematizar e refletir sobre o tema. Dificilmente alguém irá tomar conhecimento do
outro, se não houver situações limites em que surja o choque, o estranhamento entre as
diversas realidades. De início, o outro tem que falar sobre suas razões, a fim de possibilitar
que o mesmo reconheça esta diferença. Podem ser utilizados filmes, debates temáticos,
notícias para esse fim. Iniciar refletindo sobre a problemática do racismo e da homofobia
pode ser interessante para quebrar o silêncio que habita nesta identidade negada.
Descoberta a diferença, o próximo passo é compreender que o diferente não é meu
inimigo, que ele não me ameaça e, dessa forma, estaremos criando as condições de
possibilidade para uma convivência pública solidária. Este é o entendimento de uma
educação ética da responsabilidade solidária, que tem o objetivo de auxiliar que os seus
membros adquiram uma capacidade de estabelecer relações solidárias com a
comunidade e com a natureza.
AUTONOMIA
A escola deve contribuir para que os indivíduos tornem-se autônomos, intelectualmente e
moralmente, isto é, que saibam resolver problemas através do pensamento racional e
assumam seu dever para com os outros homens em sociedade.
Esse parece ser o princípio ético educativo por excelência, que sintetiza todos os
anteriores. Falar de autonomia é falar, com Kant, da conquista da maioridade intelectual e
moral por parte dos indivíduos, quer dizer, é possibilitar que as pessoas saibam solucionar
problemas através da reflexão própria, fazendo relações entre as informações disponíveis
e, principalmente, que saibam deliberar moralmente através de princípios e não apenas
através de uma vivência acrítica dos valores morais sociais.
Evidentemente, todos os atores (sujeitos) do processo educativo concordam com esse
objetivo. A pergunta que urge é: como alcançar a autonomia em um sistema político-
econômico-social-cultural que privilegia a heteronomia, isto é, que está pautado somente
no elogio ao cumprimento de regras. Uma primeira questão é esclarecer este processo
autônomo. Intelectualmente, a comunidade escolar deve ser orientada e desafiada a
solucionar problemas a partir do seu conhecimento pessoal, para fazer as relações
adequadas e encontrar as soluções de problemas. Teríamos, assim, uma educação que
estaria voltada não mais para o domínio de informações somente, mas, sobretudo, para a
valorização das relações entre as informações e o reconhecimento das respostas
encontradas. Evidentemente, não se trata de desvalorizar todo o conhecimento produzido
pela humanidade ao longo de nossa história. Entretanto, isso deve apenas servir como
uma fundamentação para a conquista do pensamento autônomo e, não, como o fim último
da educação.
Mas moralmente, como desenvolver a autonomia do indivíduo? Sirvo-me do pensamento
do psicólogo Lawrence Kohlbert, que trata do desenvolvimento da consciência moral em
uma perspectiva cognitivo-desenvolvimentista. Para Kohlbert, para se alcançar a
autonomia, que se situa no terceiro nível que é chamado de pós-convencional, em que os
indivíduos utilizam-se de princípios morais universais para fundamentar a sua ação, o
educando deve passar por dois níveis anteriores. O primeiro nível é o pré-convencional, em
que os indivíduos devem obedecer às regras que fazem parte do éthos grupal. Nesse nível,
não é possível refletir sobre a validade da regra, sendo necessário o reconhecimento da
validade da regra, obedecendo ao que é imposto (moralidade da obediência e da punição e
moralidade do hedonismo instrumental). A vivência da regra deve servir de sustentáculo
para o segundo nível, que é o convencional, em que se possibilita a vivência intersubjetiva
através da obtenção da aprovação e da moralidade da lei e da ordem, em que deve surgir a
obediência à autoridade e cumprimento do dever. Após, chega-se ao nível pós-
convencional, no qual o educando tem condições de estabelecer as regras que pautarão a
convivência social. Apenas dessa maneira é possível que o jovem que entende a
importância da regra e faz uso de regras intersubjetivamente acordadas, possa pautar a
sua ação através de princípios éticos universais. Creio que falta essa clareza a respeito da
autonomia, pois, para alcançá-la, é necessária a experiência de situações heterônomas, em
que a autoridade formativa deve orientar a conduta do jovem que se forma. Liberdade não
é um estado natural, mas, sim, uma conquista individual que é intersubjetivamente
mediada.
CONCLUSÃO
O objetivo central da ética aristotélica é a formação dos indivíduos autônomos, isto é, que
são auto-suficientes, tanto do ponto de vista privado como do ponto de vista público. O fim
da ética é a conquista da virtude, da felicidade e da cidadania, em que, através da
atividade, tem-se a formação do indivíduo completo (privado + público), o que garantirá a
autonomia da comunidade política. O que possibilita a cidadania é a educação pública,
compreendida enquanto condição de possibilidade pública para a igualdade, liberdade e
racionalidade de todos os indivíduos.
Em uma época de crise e suspeita, que procura entender a relação existente entre
educação e ética em um contexto de pluralidade, pode ser prospectivo retomar um
clássico como Aristóteles em razão de sua compreensão de uma relação de pertença
inalienável entre o processo educativo e o referencial ético.
REFERÊNCIAS
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Amaral e Carlos C. Gomes. Lisboa: Vega, 1998.
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CARBONARI, Paulo. Direitos Humanos de Todos e Todas. São Paulo: PAD, ABONG, 2004.
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Sobre este autor(a)

VAMILSON SOUZA D`ESPÍNDOLA


Graduado em Educação Física e Mestrando em Educação pela Universidade do Sul
de Santa Catarina (UNISUL);

(24) artigos publicados

Membro desde 19 de maio de 2009

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