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SINCRETISMO E HIBRIDISMO NA CULTURA POPULAR

a.
o
cn
-· )

Serg io F. Ferretti

RESUMO ABSTRACT
Embora rrjeitado por muitos, o conceito de Although rejected by many, the concept of
sincretismo continua sendo utilizado por syncretism is still in use by many research-
pesquisadores e se mostra útil no estudo da ers and it's proven to be useful for the study
religião e de outros aspectos da realidade so- of religion and other aspect of social reali-
cial. O conceito de hibridismo é considerado ty. The concept of hybridity is considered to
mais moderno e mais amplo, por abordar . be more modem and capable of covering a
elementos da cultura não especificamente wider aspect of reality, for approaching
religiosos. As religiões afro-brasileiras e as nonspecif1cally religious related elements
culturas populares constituem oportunidade of culture. African-Brazilian religions and
fértil para rever reflexões sobre o tema. Que- popular culture offers rich opportunities to
remos discutir ideias em torno destes concei- review thoughts on the issue. We want to
tos e outros correlatos a partir de análises discuss ideas around these and other relat-
antigas e recentes de alguns pesquisadores, ed concepts from the analysis of recent and
tendo em vista sua centralidade na estrutu- old researchers' works considering its cen-
ra das religiões e de outros aspectos da cul- tral role in our societies' religious and oth-
tura em nossa sociedade. er cultural structure.

PALAVRAS-CHAVE KEYWORDS
Sincretismo. Hibridismo. Crioulização. Reli- Syncretism. Hybridity. Creolization. Afri-
giões afro-brasileiras. Cultura popular. can-brazilian religions. Popular culture.
. de brancos, mu lato s e indiv íct
numero u0 ~
. cretisrno de to da S as cores que, em cas o de _ncc C's,
.
1 Debates
sobre s1n sida de, vão con sult ar os ,neg. ros h:"'.itic -.
. a breve revi.s ão ros, rne
srno qua ndo , em publico, zo rn b e 1,
aqui um · o , . ·1· arn
Apresentamos obre sincret1srn e ·z
deles. Dl que as pra tica s . cato 1cas ' co
. de textos s . ais ou- rno
bibliografrca
odena
, mos indicar rn as esp1'ri·tas e a car tom anc . ia. rece bera m
, nél
hi·bridismo e P SeJec10n. mos autores para .
Ba h 1a, 1•nfluência do feti chism o neg ro (Ro
a ti .
tros trabalhos. 'nc1.a dO debate, sua con - oRJGUES, 1935). D~v1do .ªº p~estígio d!-
mostrar a re 1eva _>
. de urn século ate• os alho s a idei a de smc ret1 smo
nuidade durante mais , . do tema entre seus trab ' com 11

. irnportanc1a ilusão da cate que se ou com _o máscara 10


dias atuais e a Uél
. dores discutem o dominação, per man ece u mui to te mpo
. t s pesq uisa no~
nós. D1feren e .
osição d1vers1'fIcada ' a favor estudos afro -bra sile iros .
assunto com P
d outro conce1•to . Sincretismo Her sko vits (19 69) foi dos prim eiro s a.
de um :~e r ;dentif1cado com a domina~ão ana lisa r O sin cre tism o nos estu d os afro
passou
. I e por isso cons1'dera do por muitos -am eric ano s, que def ine com o for ma
co 1orna de
como ultrapassado. Hibn'd'ismo e· proposto rein terp reta ção , ass ina lan do asp e cto
como termo mais amplo. Ambos possuem s da
mu dan ça cul tura l, com tran sfo rm aç
defensores e opositores, daí o interesse. ~e ões
de val ore s ent re as ger açõ es e apr esen
uma reVI. sao - da 11·teratura sobre a matena ta.
exe mp los rela cio nad os com as reli giõ
que apresentamos a seguir. es
Na época das pesquisas pioneiras sobre afro -br asil eira s. He rsk ovi ts ( 196 9) utili
-
religiões afro-brasileiras de Nina Rodri- za O con cei to de acu ltu raç ão e info
rma
gues, o conceito de sincretismo era utili- que a pal avr a tra nsc ult ura ção 2, pro p
osta
zado, mas não chegamos a localizar o uso em 194 0 pel o cie ntis ta cub ano Fer nan
do
desse termo em seus escritos, embora mui- Ortiz, pod eria ser em pre gad a par a exp
ri-
tas vezes ele discorra sobre o fenômeno uti- mir a ide ia de acu ltur açã o, se esta
não
lizando expressões como fusão, dualidade esti ves se tão fix ada na lite rat ura ant
ro-
de crenças, justaposição de ideias religio- pol ógi ca. Até fins dos ano s de 19 50,
sas, associação, adaptação, equivalência de os
estu dos sob re sin cre tism o reli gio so
divindades, ilusão da catequese e outras 1• no
Brasil for am rea liza dos qua se sem pre
Rodrigues (1935) afirma ser considerável o na
per spe ctiv a da teo ria da acu ltu raç ão 3
, da

1. Em 1901, no Année Sociologique, Mar


gues l193 S) recém-publicado em francêscel Mau ss (190
elementos d 5· .
1ogia a elegante l, p. 224) em resenha ao trabalho de Nina Rod
° incret1smo religioso afro-brasileiro
. ' e monograf d ri-
2
, . "
Ia o medico baia no" que disn
: Segundo Fernando 0rtiz (1983 90 " .
ne
diferentes fases d p. ) Entendemos que o vo .b l
uma cul tura ct · . . o processo trans'itivo de uma cultura
. . 1 stint a , que é qu . ca u o transculturaçã o ex pressa melh or ,1s
so implica necessa. O . • a outr a, porque - .
e ª ngor indica a palavra nao consiste so mente em adqui rir
di1 0 . nam ente a perd a I
como send o uma pa ·. 1 ang o-america
4ue poderi reia desc ul
ou o desenraizamento
tura çã
d na acu lturaçao -
, mas que o proces-
3 A . a ser denominada d , , . e uma cultura . .
·. teona da o, e, alem diss o sig ·r . p1 ecedente, o que poden.a ser
v1ts nos a acul tur·açao ,, .. e neoc ultur ação."
1'01 dcse nvol . .
' nt tca criação de nov . .
nos de 1930/ vic 1a prin ci •] os fenome nos cu ltur ais,
d~ culturas dife rent 50. Para ele a acultura
varias estud os rei ~s provocando mudanç ção resu pr.1 meme pelo antro )Ó
ac1onados à lta de con tato , 1 l~go americano Melvill e
.as nos padrõ . s cont os Hersko-
acu1turr.1ção de neg es de um dos gru 1nu . e duradouros entr e grupos
ros no No pos ou de b
16 vo Mundo (HERSK am os. O autor rea li zou
ovns, 1969).
qual Herskovits era um dos principais seguição. Representa a religião dos senho-

teóricos. Para ele, a aculturação nunca res, transformada e apropriada pelos escra-

teve qualidade etnocêntrica, e o termo vos, aproveitando seus poderes no universo

não implica na afirmação de que cultu- do discurso.[ ... ] Quero ressaltar que o sincre-
ras em contato se distingam uma da ou- tismo envolve necessariamente tanto a des-
tra em "superioridade". truição quanto a reconstrução e, portanto,
Analisando a evolução do conceito de é intrinsicamente político (APTER, 2005, p.
sincretismo, Stewart (2005, p. 264) infor- 178-179).

ma que "ele adquiriu conotações positivas


ou negativas que permaneceram por muito Entre as décadas de 1950 e 1970, Ro-
tempo." Lembra que, nos anos de 1950, na ger Bastide foi o autor mais conhecido e
antropologia norte-americana, aculturação que mais publicou no campo dos estudos
e sincretismo avaliavam positivamente os afro-brasileiros, interessando-se mais pela
graus de integração entre culturas diferen- preservação da pureza que julgava existir
tes. Comenta as contribuições e a visão po- no candomblé baiano, em oposição à de-
sitiva de M. Herskovits e apresenta criticas sintegração e à mistura que considerava
que começaram a surgir, na década de 1960, encontrar na macumba e na umbanda. Em
sobre tais conceitos e sobre a ideia de mel- diversos trabalhos Bastide (1971), refere-se
ting pot ou cadinho de integração cultural, ao sincretismo, que substitui pelo conceito
que se afirmava existir nos Estados Unidos. de interpenetração de civilizações. Por influ-
Stewart comenta também o discurso da Igre- ência de seus trabalhos, e por outros fato-
ja Católica que, na época do Concílio Vati- res, estudiosos das religiões afro-brasileiras
cano II, passou a ser mais critica em relação abandonaram o interesse pelo sincretismo,
ao sincretismo. Na década de 1960, o con- passando a valorizar a denominada pureza
ceito de aculturação foi muito criticado nas africana, ou a tendência a valorizar grupos
Ciências Sociais, acusado de desconhecer e religiosos considerados mais tradicionais,
não combater a dominação e o colonialismo. puros e não sincréticos ou continuadores de
A partir daí, a ideia de sincretismo foi con- tradições africanas. Paralelamente ao rela-
siderada ultrapassada e foi suplantada por tivo abandono do termo pelos pesquisado-
outros conceitos e novas teorias. res, o conceito de sincretismo foi criticado e
Comentando a herança de Herskovits, rejeitado por líderes religiosos afro-baianos
Apter (2005} apresenta diversas críticas a em meados da década de 1980.
suas análises sobre o sincretismo nas religi- Em relação aos debates sobre sincretis-
ões afro-americanas. Repensa, entretanto, o mo, Fry (1984, p. 44) afirma:
sincretismo na diáspora africana como uma Penso então que o debate sobre o sincretismo
prática crítica e revisionista, que reconfi- religioso remete a toda uma discussão mais
gura os discursos dominantes com conse- ampla sobre o pensamento brasileiro a res-
quências significativas. Mostra que o Haiti peito do negro e de sua cultura em relação
representa a mais clara ilustração desta re- à cultura brasileira como um todo. Há urna
sistência. Considera que: forte tensão entre uma ênfase numa cultu-
O catolicismo do vodun, do candomblé e da ra nacional homogênea (sincretismo, mesti-
santeria não é uma máscara para esconder çagem) e uma outra nas especificidades cul-
a adoração de divindades africanas da per- turais com vistas a um pluralismo cultural.
Consorte {1999, p. 78 - 79) constata que
95 ) discute lon-
o antropo.1og·o Serr, a. (19do sincretismo, 0
debate sobre o sincretismo se popularizou
robi
gamente a P emat1ca ·tuação da Bahia. . entre nós nas décadas de 193 0 e 40 do sécu
-
bret udo , a s1
analisan do, so . lo XX, quando interessava apenas aos mei
da que sep ap enas uma mistura os
Não concor as heterogêneas relaciona- acadêmicos e à Igreja. A novidade foi
que,
confusa de crenç o uso de símbolos na década de 1980, começou a envolve
das, principalmente, com . . - ra
e rituais católicos pelas rehg10es afro-bra - comunidade do candomblé na Bahia e
a ser
divulgado nos meios de comunicação
sileiras. Propõe: de
. ,,
[...] que se chame de "sincretismo ' em s_ent1._ massa. Para a autora, que discute a rejeição
do estrito, a todo processo de estruturaçao de do conceito por líderes religiosos do
can-
um campo simbólico-religioso "intercultu- domblé da Bahia, 0 sincretismo está liga
do
ralmente" constituído, correlacionando mo- ao processo de inserção do negro na socieda
-
delos míticos e litúrgicos ou gerando novos de brasileira e, consequentemente ao da (re)
paradigmas dessa ordem que assinalem ex- construção da sua identidade.
pressamente outros [...] de maneira ª 0rde-
nar novo espaço intercultural (SERRA, 1995, Em outro trab alh o Consorte (201 O), co-
p. 197-198). menta a presença e per ma nên cia do sin_
cre-
tismo no candomblé, ape sar do Ma
mfe s-
Para Serra (199 5, p. 216), to de 198 3 de ialo rixá s bai ana s con
tra o
os seguidores do candomblé que defendem o mesmo. Consta que o sin cre tism o con
tinu a
sincretismo são acusados de incoerência de- presente em muitos terr eiro s trad icio nai
vido à incompreensão e ao desencontro polí- s da
Bahia, tendo em vis ta que o cat olic ism
tico-religioso. o foi
incorporado como estr até gia de ins erç
ão do
negro em nossa soc ied ade e, por isso,
O aut or con stat a que a ma ior par não é
te apenas um disfarce des car táv el. Con
dos adeptos das religiões afro -br asil eira sid era ,
s entretanto, que o ant issi ncr etis mo é
defende a ligação de seu rito com o cul par te
- da tom ada de con sciê nci a da opr ess
to católico, numa atit ude rep elid a tan ão e
to da exc lus ão do neg ro e gan hou esp aço
pela Igreja Católica como por cer tos em
lí- terreiros de Sal vad or e de out ros Est
deres do candomblé. Serra (1995, p. 286 ado s.
) Tor nou -se con hec ido com o rea fric
considera, ent reta nto , "qu e a reli giã ani za-
o ção, com o sig no da luta do neg ro
dos orixás não é mais sin cré tica do que con tra
o catolicismo." a exc lus ão, em bor a per ma neç a o esti
gm a
Em 1997, foi realizado na Bahia o con tra as reli giõ es afr o-b ras ilei ras ,
V ace ntu -
Congresso Afro-Brasileiro em que fora ado hoje, sob retu do, pel a into lerâ nci
m a das
debatidos muitos temas e questões rela religiões neo pen tec ost ais .
-
cionadas ao sincretismo, antissincretismo Pra ndi ( 1999) div ide a his tór ia das
re-
reafricanização, renovação do candombl~ ligi ões afr o-b ras ilei ras em três fas es:
e outros Um do . o pe-
. s 1ivros resu ríod o inic ial de sin cre tiza ção ; o de
evento (CAROSO. BACELAR ltantes deste bra n-
que am ent o, com a for ma ção da um
trabalhos de Josi;deth C ' 1999),. reúne
ban da,
Prandi s • ons orte , Reginaldo ent re 192 0-3 0; e o de afr ica niz açã o,
' ergio Ferretti y a par -
Pierre San h' ' tir de 1960, com a tra nsf orm açã o
c is e de outros. agner da Silva, do can -
dom blé em reli giã o uni ver sal . Co
nsi der a
que até 1930
8
as religiões negras poderiam ser incluídas haver escrito demais sobre este conceito.
na categoria de religiões étnic as ou de pre- Diz que, nos últimos anos, o tema sofreu
servação de patrimônios culturais dos anti- uma série de objeções. Discute o problema
gos escravos negros e de seus descendentes teórico do sincretismo em posições anta gô-
(PRANDI, 1999, p. 93). nicas - a de não have r sincretismo, a do
sincretismo como categoria ideológica, a
Só recentemente, segundo o autor, elas do carácter vazio deste conceito e a aceit a-
começaram a se desligar do catolicismo. ção descritiva do conj unto desses fenôme-
Afmna que o movimento de africanização nos. Procura anal isar modalidades do sin-
do candomblé cretismo católico em Portugal e no Brasil e
procu ra desfazer o sincretismo com o catol i- do ecletismo religioso brasileiro.
cismo e recup erar elem entos rituai s perdidos Em outro artigo sobre Sincretismo e
na diáspora, além de reapr ende r a língu a io- Pastoral, Sanchis (1999) discute a atua -
ruba (PRANDI, 1999, p. 97). ção de agentes de pasto ral negr o na Igreja
Católica, cons tatan do que milit ante s deste
Silva (1999) com enta a dessincretização movimento, por um lado, rejeitam o sin-
ou reafricanização de algu ns segmentos do cretismo tradi cion al e, por outr o lado, para
candomblé, lemb rand o a utilização religio- resgatar a identidade negra, prob lema tizam
sa da etno grafi a e do sabe r acadêmico na o encontro entre catolicismo e religiões de
cons truçã o da iden tidad e dos grupos afro origens africanas, cons idera do com o ecu-
-religiosos entre nós. Afirma que menismo popular.
as etnog rafia s realiz adas nos terrei ros mais
Sanchis (2001) tem publ icad o muit os
afam ados contr ibuem para a gene raliza ção
traba lhos sobre sincretismo, entre os quai s
e valor izaçã o da tradi ção religi osa neles en-
"Fiéis e Cidadãos", cole tâne a com dois tra-
contr ada (SILVA, 1999, p. 151).
balh os seus sobr e o cam po religioso bra-
sileiro e sobre "missa afro" e com texto s
Vag ner com enta tamb ém a realização de outro s auto res que relac iona m o sinc re-
de cursos de ioru ba e a ida de pais e mãe s-
tismo com pent ecos talis mos , evan gélic os,
de-s anto à África. Considera que, se no
toré, mov imen to caris máti co cató lico, ju-
passado a reafr ican izaçã o conv iveu com o
vent ude e mod alida des sinc rétic as. As re-
sincretismo, hoje lider ança s impo rtant es do
flexões de Pierr e Sanc his sobr e sinc retis mo
candomblé afas tam influ ênci as cató licas e
em relaç ão à Igre ja Cató lica e a outr os as-
ameríndias e outr as mist uras . Afir ma que
pect os das religiões no Brasil têm sido mui-
a reafricanização cons titui uma tend ênci a
to estim ulan tes e cont ribu ído para amp liar
crescente em vária s regiões do país, sobr e-
as anál ises dest e tema .
tudo em São Paulo e se cara cteri za pela re-
tirada de práti cas cató licas do cand omb lé.
2 Outros debates
Em traba lho pioneiro, Sanc his (199 5)
propôs sair da defin ição do sens o com um
O tema do sinc retis mo cont inuo u sen-
de sincr etism o com o mist ura no cam po do
do deba tido por estu dios os bras ileir os e
outro de duas ou mais religiões e oper ar
estra ngei ros. Diversos pesq uisa dore s de
uma trans posi ção de nível anál oga a que
outr os paíse s têm publ icad o obra s sobr e
Lévi-Strauss fez com o totem ismo por já se
sinc retis mo. Stew art e Shaw (2005), após
'bridas. Afirma que, num a
formas h1 , b.
novas . cretismo e a com ma-
a história do . ~ geral, sm
. No so bre . defin1çao d duas ou mais tradições
urna visa peiorauvo, 1 mentas e
ntareni n peso J ção de e e . t s dentro de uma estrutu-
aprese rnulou u1 , termo
eito que acu . o não e urn . . s d1feren e
cone o sincreusrn tidos fo- re1tg1osa_ ca (STEWART, 2005).
af1rrnan1 que ois seus sen
significado fixo, p t'tuídos e recons- ra espectfi d Veer (2005) considera
corn te cons 1 Peter Van er
historicarnen identificar urn . retismo faz parte do de-
ram 'd ram que . ue o termo smc ,.
. 'dos· Cons1 e
t1tu1 . O corno smcre . 'ticos é dizer q . . . ~ 0 refere-se a uma poht1ca
N
1
bate sobre re 1g1a , ~
·tua! ou trad1ça 1· . es têm origens
N
. .1<lentidade e que a noçao de
n . das as re igto . de diferença e .
pouco, pois to t·nuarnente reconstitu- , . 1 no seu entendimento, se-
e são con 1 . oder e crucia
compostas . . portante focahzar P ,f as verdadeiras das falsas.
e-lhes mais im parando as pra lC , . . .
idas. Parec . religiosa. Lembram . cretismo e visto posit1va-
acesso da smtese . Af1rma que o sm
o pr ,. nfrontar o sincretismo uns como por promover a
ue é necessano co . mente, por alg '
q . . etismo que se relac10na gativamente, por outros, por
com O anussmcr , tolerancia e ne
A •

strução da autenticidade e com clínio da fé pura. Segundo


com a con d' N
promover o de
a noçao de pureza e que tanto as tra içoes
N

Van der Veer (2005, p. 209),


puras quanto as sincréticas podem ser_au-
o multiculturalismo parece ter substituído o
tênticas. Lembram também que o multicul-
termo sincretismo no discurso sobre a socie-
turalismo não é necessariamente antissin-
crético, como os fundamentalismos e que dade moderna e secular.
0 sincretismo participa de negociações de
identidades e hegemonias em situações de Considera, entretanto, que ambos os ter-
conquista, comércio, migrações, casamen- mos pertencem a um discurso de tolerância
tos mistos e resistência cultural. e harmonia.
Stewart (2005) afirma que, com Plutar- Rudolph (2005) afirma que o conceito
co, no séc. I a.C, o termo sincretismo ti- ambíguo de sincretismo pertence ao in-
nha conotações positivas de união ou fusão ventário da terminologia conceptual da
contra o inimigo comum; no século XVII, história da religião e requer exame urgen-
adquiriu conotação negativa, sendo visto te. Apresenta uma análise do significado e
como reunião ou unificação ecumênica en- das origens· do termo desde a Grécia aos
tre várias doutrinas cristãs. Diz, ainda, que tempos modernos e sua avaliação em es-
essa visão negativa permaneceu por muito
tudos recentes. Como resuitado desta aná-
tempo. Para Stewart (2005), na teoria social
lise, qmsidera que: 1) o conceito de sin-
contemporânea, processos como globaliza-
ção, migração e formação de diásporas são cr~tismo desempenha papel de desig"rlaçào
temas de grande interesse. Neste campo, a universal e relativamente neutra para con-
palavra sincretismo reaparece vinculada a tatos culturais e religiosos que podem ser
~onceitos como hibridação cultural e criou- considerados como mistura; 2) seu uso re-
lrza N

quer uma terminologia uniforme que não


çao, como meios de capturar a dinâmi-
ca do processo global atual L b foi ainda estab e1ec1'd . ações
a ideia d · em ra que a entre as design
como:, simbiose ~
, acultu raçao, ~
e p~reza cultural se tomou total- · i'dentif1caçao,
.
mente suspeita na antro olo . amalgama fusa~ o
~ ' . ·1 ~
premissa d N P gia e acarreta a
,
, ass1m1 açao, transforma-
e que nao ha trad' ~ . . ç~o, metamorfose, substituição, ecletismo,
puras. Todas . . N içoes religiosas
as rehgioes inovam e ~ . smt~se, relativismo e outras; 3) a nahireza
10rJam
do smcretism 0 · .
e caracterizada por palavras

R. Pós Ci . Soe. v11 . .


· , íl .2 1 1:> n /
como: transposição, alienação, ambiguida- inversão iniciática e o esquema sacrif1cial.
de, com acordo, que expressa a dinâmica Afirma que esquema é um conceito da geo-
da religião. Entre os vários tipos de sincre- metria, derivado de tradições funcionalistas
tismos apresentados Rudolph (2005), consi- e neo-kantianas que pode ser sinônimo de
dera que os mais relevantes são: simbiose, categorias de pensamento. Considera que o
amálgama ou fusão, identificação, meta- trabalho com esquemas leva o antropólogo
morfose ou transformação e isolamento. a dizer que, quanto mais a coisa é a mesma,
Berner (2005) afirma que, nos últimos mais ela muda. Diz que esta afirmação tal-
anos, tem havido um crescente interesse vez seja a conclusão de sua reflexão sobre
pelo fenômeno do sincretismo religioso. O a bricolagem africana.
conceito é encontrado com frequência na No segundo trabalho Mary (2000) afmna
discussão das religiões contemporâneas. que, no estudo das religiões, o termo sincre-
Houve a publicação de muitos trabalhos tismo possui, geralmente, conotação negati-
dedicados ao estudo do fenômeno. O termo va, sendo visto como a religião dos outros.
sincretismo, entretanto, costuma ser usado Considera que, nas últimas décadas, a atua-
sem uma definição clara. Constata assim lidade do termo tem se manifestado, vincu-
que é praticamente impossível estabelecer lado à temática da pós-modernidade e que o
uma teoria do sincretismo. Considera ne- sincretismo tem revelado não confusão, mas
cessário definir conceitos próximos de sin- diálogo ecumênico entre culturas. O autor
cretismo, afirmando que diversos têm sido visita longamente obras de Lévi-Strauss e
usados como sinônimos, tais como: asso- Roger Bastide, examinando, entre outras, as
ciação, fusão, identificação, síntese, etc. noções de sincretismo e de bricolagem. Lem-
O francês André Mary publicou, em 1999 bra que o sincretismo afro-americano tem
e em 2000, dois livros refletindo sobre sin- sido atacado pelos missionários neopente-
cretismo a partir de pesquisas que realizou costais como pacto com o demônio e com o
durante dez anos sobre a religião de Eboga paganismo e, pelos intelectuais da tradição
no Gabão. No primeiro livro, (MARY, 1999), negra yoruba ou bantu, como herança da es-
discute a pertinência do termo sincretismo cravidão e uma traição das raízes africanas.
enquanto categoria analítica. Apresenta Hibridismo cultural é um conceito an-
a hipótese de um sincretismo originário, tigo desenvolvido e utilizado, sobretudo
como dado primeiro de que se deve partir, por teóricos da pós-modernidade. O tema
dispensa refletir sobre sua lógica e conside- do hibridismo interessava a Charles Darwin
ra que o sincretismo está em toda parte. O (KERN, 2004), ao estudar o cruzamento de
autor informa que, na África negra, os cul- espécies diferentes e incompatíveis que
tos contra a feitiçaria, no período de início gera seres estéreis. Da biologia, o termo
da colonização, são precursores dos mo- passou a ser aplicado ao estudo das raças
vimentos proféticos que procuram raízes humanas. Atualmente, o conceito continua
nas tradições, provocando uma bricolagem sendo discutido tanto na Biologia quanto
interétnica da qual emerge um sincretismo em outras áreas. Hoje se discute, sobretu-
intercultural. Para apreender o trabalho do, o hibridismo cultural. Os debates sobre
sincrético na análise de mitos, de rituais e hibridismo ressurgem nos estudos pós-co-
de figuras divinas, Mary (1999) adota certo loniais, principalmente no campo da crítica
número de esquemas - o genealógico, o de literária, das artes e na antropologia.
. . 997), em fi
Nestor canc\11~1 (
a de 198O, foi dos p
1 rimeiros a di
ns da dé_-
sc ut ir
fm s d o sé cu lo X
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SU

ca d de vi st a po 1t1c l' . g tn ~ntci
. do po nt o o. gl ob al . N o lu g
ar d as ex pr es sõ es
e ao ( .
hibridismo . t
o termo h ib n d aç ao N

m o d em id ad e, q ~P 1ta\
Canclini (199 7) prefere o , u e tê m si do cr it ta ch ç-
pois cons1
.dera que sin . cr et is m o se re fe re p ro p õ e q u e se u ti
li ze pr ef er en te rn
k ad ªª ~
. . almente a fusões religiosas ou m o - m o h ib ri d is m o . e as , ti a\\
pnnc1p nte O t
. b
imentos s1m o,licos tradicionais, e mest1.- P ar a H al l l2 00
er,
v • n a com mesclas . . 0) , o hi br id is m
·em se re1ac10 rac1a1s. . fu o .
çag cr et 1s m o e a N
O
. sa o en tr e s1 n,
Para Canc11m· ll997) a ex pa ns ão u rb an tr ad iç ões '

, a ra is d if er en te s CU\tu
::;0
, a das causas que
cultural. Segundo
hibridez tem um
intensificam a h1
Canclini l199~),_
. .
bn -
a
cu lt u ra ap ro p n
m as p o ss u i cu st
.
p ro d u ze m no va
.
ad as a m od er ni
o s e im p li ca n o
s fonn
da de tard i
as dt
-

trajeto lo ng o n a rela ti vi srn: ,


Latina, desde as A m en ca n a p er d a d e tr ad
formas sincrética iç õ es lo ca is e n o
s cr ia do s au rn en t~
µelas metrópoles da s fu n d am en ta li sm o s. S eg
ibéricas. ln cl ui un do o au tor
en tr e elas te rm o hi br id is m ,o
os escritores arge o ca ra ct er iz a cu
ntinos do grupo lt ur as ca da
Fierro , o "Manifes M ar ti n v ez m ai s m is ta
to Antropofágico s. H al l (2 00 0, p
" do M o- . 93) afir ma
vi.menta Moderni qu e o hi br id is m
sta no Brasil e nu o cu lt u ra l n ão se refe
m er os os n as à co m po si çã re ap e-
artistas atuais do o ra ci al m is ta de
continente. ln d u um a po-
e os quadrinhos i o grafite pu la çã o e es tá re
como gêneros co la ci on ad o co m
nalmente híbridos nstitucio- a combinação de
. P ar a o autor, elementos cultura
zação -permite a a hi br idi- gê is hete ro-
sobrevivência da neos em uma nova
s culturas sí ntese - por exem pl
tradicionais e da a 'crioulização ' e o,
cultura de elite. a 'transculturação
tacar a interação P or des- .
crescente entre o
-popular e o mas culto, o O in gl ês B ur ke
sivo, su a ob ra fo (2 00 3) af u m a qu
cebida pelos -pes i b em re - as fo e tod as
quisadores de arte rm as cu lt ur ai s sã o
s visuais, m ai s ou meno s hí
de cultura popula br id as e que a fu -
r e de cultura de sã o de cu lt ur as
visão de C an di ni m assas. A é u m a co ns eq uê diferentes
é basicamente ot nc ia da gl ob alização , mas
relação ao concei imista em acredita n a re co
to de hibridismo, nf ig ur aç ão de cu lt ur as
sidera criativo, li que con- no surgimento de e
bertário e fertiliz no va s fo rm as
O ja m ai ca no ingl ad or. zação do m un do de criouli-
ês Hall l2003), u . P ar a Burke (200
que tê m escrito m m dos "n ão existem fr 3 , p. 14)
ais sobre diversid onteiras culturai
tu ra l e multicu ade cul- entre grupos e si s nítidas
lturalismo, cons m u m contínuum
existem muitas so idera que Lembra que surg cultural."
ciedades multicu iram muitos teór
diversos multicu lturais e hibridismos. Con icos dos
lturalismos. O m si de ra que práticas híb
ra\ismo não é algo ulticultu- das podem ser id r1-
novo, e, como o entificadas na re
tismo já estava pr sincre- música, na lingua ligi ão, na
esente no mundo ge m , no es porte, na s fe s-
co , em termos de helêni- tividades e em ou
interação , entre tr as at iv idades .
e a periferia. Os o centro
impérios e os sist Diz que:
\oniais são multi emas co -
culturais, mas o Devemos ve r as
fenômeno fo rm as híbrid as
tem se intensific com o o re-
ado após a Segun sultado de en co nt
da Guer- ro s m úl tip los e nã o com o o
ra Mundial e nas result ad o de um
últimas décadas. ún ic o en
Hall (2003), a gl Segundo contro, qu er enco
n-
obalização també tros sucessivos ad
m nã o é ic io ne m no vo s elem entos à
algo novo, mas mis tu ra , qu er re
assumiu novas fo forcem os antigos
rmas em el ementos
lBURKE, 2003 , p.
3 \ ).

1
Para o autor, o hibridismo se relaciona mito da democracia racial, que consideram
com a ideia de circularidade cultural e com relacionado com a supremacia do branco e
termos ou ideias como empréstimo cultural, do racismo científico. Lembra que sacerdo-
crioulização, imitação, mistura, tradução tes das religiões afro-brasileiras recomen-
cultural, e outros. Apesar de existirem de- dam um processo de dessincretização.
masiados termos e conceitos, parece-lhe que Assunção (2005) considera que, embora
precisamos de um rico vocabulário neste do- o hibridismo pareça ser um conceito mais
mínio pela variedade de situações e contex- atual e adequado, tem o inconveniente,
tos em que ocorrem os encontros culturais. como metáfora biológica, de sugerir um
O antropólogo sueco Hannerz (1997) processo natural de mistura. Lembra ou-
considera que, apesar do tom biológico, tros conceitos como o de transculturação
o termo híbrido é forte principalmente no proposto por Fernando Ortiz e o de diglos-
campo dos estudos literários, relacionan- sia proposto por M. Lienhard. Afirma que
do-se a existência de duas línguas dentro considera o conceito de crioulização (R.
de uma única fala, como comenta Bakhtin Price) como mais adequado, por assumir os
na obra de Rabelais. Afirma que, para Homi processos contraditórios da interação cul-
Bhabba, hibridez sublinha a subversão da tural, por ter a vantagem de se referir ao
autoridade da cultura colonial, mas o uso processo de hibridismo cultural no contex-
em diferentes sentidos analíticos tomou o to do Atlântico Negro e por não sugerir a
termo repleto de ambiguidades. Hannerz mera fusão, mas a possibilidade dinâmica
(1987) diz que culturas ou línguas crioulas de convergência, associação e paralelismo
são aquelas que, surgidas de alguma forma sem mistura.
de duas ou mais fontes históricas extrema- O conceito de hibridismo tem sido dis-
mente diferentes, tiveram algum tempo para cutido por diversos autores inclusive da
se impregnar e desenvolver. Considera Han- área de letras e de comunicações. Outro
nerz {1987) que a macro antropologia que conceito, neste campo, é o de criouliza-
leva em conta o sistema mundial de relações ção. Em trabalho clássico, Mintz e Price
entre centro e periferia, se beneficia com o (2003) desenvolveram a ideia do surgi-
conceito de crioulização que se baseia no es- mento de formas culturais afro-america-
tudo comparativo entre culturas. Parece-lhe nas originais no processo depois designa-
que todo o mundo está sendo crioulizado. do de crioulização. Price (2001) comenta
Continuando o debate sobre o tema, As- críticas a seus trabalhos e sobre a adapta-
sunção (2005) discute conceitos relaciona- ção cultural dos escravos africanos e seus
dos com o hibridismo cultural na cultura descendentes nas Américas. Considera
popular brasileira. Constata que o sincretis- que a crioulização resultaria uma rápida
mo é visto como mistura confusa de cren- assimilação dos escravos africanos numa
ças heterogêneas, sendo considerado como nova cultura híbrida.
o processo pelo qual a religião do coloni- Em artigo sobre crioulização na Bahia,
zador foi imposta e aceita pelo colonizado. Parés (2005) afirma que o conceito tem sido
Relata que o sincretismo atualmente é re- mais utilizado em relação a sociedades do
jeitado por negros, líderes religiosos, inte- Caribe e do sul dos Estados Unidos e consi-
lectuais e militantes anti racistas, que não dera-o criticável pela ambiguidade semân-
aceitam a apologia da mistura e rejeitam o tica. Afirma que

resença de raízes puras anteriore .
com a P , . . sa
'deia de hibridação e . e que é difícil especificar o que n-
a crioulização conota a 1 ~ de assimilação mistura ao
uando nao é híbrido. Considera que: apesar das Críti,
síntese cultura'I q . ·, estabele-
às práticas e valores
dommantes Ja casque lh e possam ser feitas, o con ceito de
cidos (PARÉS, 2005, p. 93). hibridismo constitui um a~orte importan te
para a compreensão das misturas.
. . ão implica novas Inspirado em outros estudos, Engler
Diz que a cnouh!alç novas institui-
d
formas e pe .
nsar e 1 ª ar, ~
fu ão de oscilaçoes
(2009 ) propõe que se fale :m hibridism o de
ções e identidades em nç origem _ que chama atençao para a história
interna das instituições (como a mi stura de
demográficas. · .ski (2001 ),
. f ncês Gruzm raízes religiosas); hibridismo de encontro _
O histonador ra d Ocidente
analisando o enfrentamento o ue marca O contexto da interação social e
com as sociedades indígenas, ~arcado
relações de tipo colonial e por diversas .
:a;~ ~ultural e as estratégias de influências en tre
os participantes (como por exemplo, a di ás-
mas de misturas, emprega a palavra_ mesti- pora); e hibridismo de refração, que se refere
çagem para designar misturas ocorndas no
à extensão que as variações entre fen ôm e-
continente americano entre seres e form~s
nos religiosos ou culturais refletem tensões
de vida vindas de quatro continentes. Apli-
sociais numa cultura ou nação específica. o
ca o termo hibridação a misturas dentro de
uma mesma civilização ou conjunto histó- autor afirma que a cultura brasileira repre-
rico como a Europa Cristã ou a Mesoaméri- senta um importante caso para se repensar
ca. Afirma também Gruzinski (2001) que o as relações religiosas entre raça, classe, sin-
sincretismo religioso é outra forma de mis- cretismo e hibridismo, representando uma
tura ou mestiçagem de crenças e ritos. Con- rica paisagem religiosa e uma complexa his-
sidera Gruzinski (2001) que os termos mis- tória de combinação racial e cultural.
tura, mestiçagem e sincretismo provocam Como vimos nesta revisão, os con ceitos
sensação de confusão, suscitam dúvida ou de sincretismo, hibridismo, crioulização e
rejeição. Considera que as dificuldades para outros continuam sendo muito discutid os.
pensar a mistura não são exclusivas das ci- Seu debate demonstra o crescente interesse
ências sociais e que o fenômeno físico da pelo tema, tanto entre estudiosos do Bras il
mistura dos fluidos é um processo imper- quanto de outros países, tendo em vista a
feitamente compreendido pelos cientistas. importância do problema no mundo atu al,
Para Engler (2009), o termo hibridismo
onde o multiculturalismo está muito pre-
atualmente desempenha papel proeminente
sente. Em nossa sociedade, país que dizem
no estudo da religião, especialmente das re-
ser mãe do sincretismo, a mistura culrnral é
ligiões da diáspora e na teoria pós-colonial,
um fenômeno central na religião, na culh1-
por dar maior ênfase à mistura cultural. Diz
.que sincretismo é a mistura de ele t ra popular, como nas relações sociais, polí-
l' . menos ticas e ec onom1cas,
" ·
re ig1osos, enquanto hib ·ct· embora não possam os
, . n ISIDO representa dis cu t'Ir aqui· todos estes aspectos. Vim os
uma mistura mais ampla de outros elemen-
tg~~ culturais, incluindo relações entre reli- que os vários autores dão preferência a um
1ao e o contexto históri . ,. 0
~ ª outro de st es conceitos para estudar a
e cultural le b co, pohtico, social
. m ra que h'b ·ct· m1stura cultu ra l, h
ciona com o ct· I n ismo se rela- · avendo em geral pou ca
1scurso racial do , l concordância entre os mesmos.
secu o XlX
'

24

R. Pós Ci. Sor 11 ,, _~ ..


3 Sincretismo nas religiões e nas culturas licos e as religiões afro-brasileiras. É uma
populares brasileiras igreja religiofágica ou comedora de reli-
gião, que constitui seu repertório simbólico
Constatamos que o encontro e a mistura ressemantizando pedaços de crenças de ou-
de elementos de diversas religiões e outros tras religiões. Considera que ela não nega
elementos da cultura estão muito presente as entidades religiosas afro-brasileiras, mas
na sociedade brasileira e pode ser eviden- muda-lhes o significado, daí o seu sucesso
ciado no estudo de diferentes manifesta- nas regiões onde as religiões afro-brasilei-
ções religiosas. O sincretismo e o hibridis- ras estão implantadas (ORO, 2007).
mo ocupam posição central na estrutura Abordando outro tipo de experiência re-
religiosa e em diversos aspectos das cul- ligiosa, Moreira (2013) analisa a atuação de
turas populares no Brasil. A problemática Mestre Irineu na consolidação da religião
do encontro e da mistura entre religiões e do Santo Daime. Considera que esta religião
culturas está relacionada com as religiões propagou instigante mescla de elementos
de origens africanas, com o catolicismo culturais heteróclitos e salienta o carácter
popular, com o espiritismo, com as religi- híbrido da rotinização do carisma do Mes-
ões da Nova Era, com os Pentecostalismos tre maranhense. Menciona o hibridismo e o
e com outras religiões, como também com ecletismo nesta religião com a mistura de
as festas populares, como é muito evidente elementos de origens ameríndias, afro-bra-
entre nós. Vimos como os autores citados sileiras, do catolicismo popular, de traços
discutem a dificuldade de se refletir sobre culturais espíritas, esotéricos e outros.
misturas e que nosso país representa uma Podemos apresentar também alguns
oportunidade importante para se discutir exemplos de misturas, hibridismos e sin-
sobre pluralismo, mestiçagem, sincretismo cretismos em diversos aspectos da cultu-
e diálogo entre culturas. ra popular. No Maranhão, a realização de
Silva (2013) tem discutido o fenômeno festas tradicionais costuma ser incluída no
do encontro entre religiões afro-brasileiras calendário religioso das casas de culto afro.
e pentecostais. Em trabalho recente Silva O tambor de mina pode ser considerado um
(2013), faz comentários sobre globaliza- dos elementos importantes de preservação
ção, mestiçagens e hibridismos, discutindo das festas e tradições populares. Muitas
os trânsitos de Exu, seus muitos nomes e festas da cultura local são realizadas nos
mitos e a triangulação mítica entre Europa, terreiros por exigência ou para agradar en-
África e as Américas, num diálogo de longa tidades espirituais. Assim, além dos rituais
duração entre suas cosmologias. Refere-se específicos do culto, os terreiros do Mara-
à aproximação e absorção do sistema afro nhão costumam organizar festas da cultura
-brasileiro pelo neopentecostalismo, sobre- local como o bumba-meu-boi, o tambor de
tudo praticado pela Igreja Universal do Rei- crioula, a festa do Divino Espírito Santo e
no de Deus (IURD). outras que são oferecidas a determinadas
Refletindo sobre a intolerância religiosa entidades cultuadas em cada casa.
IURD em relação às religiões afro-brasilei- O bumba-meu-boi é considerada a prin-
ras, Oro (2007) diz que ela é antropofágica, cipal festa do folclore maranhense, sendo
é a mais católica das igrejas evangélicas e realizada em homenagem aos santos cultua-
se situa a meio caminho entre os evangé- dos no mês de junho. Recentemente foi reco-
Brasil. A ores Em São
Luís e em . . lugares
o· outros
. . cultura 1 Llo · hN
ç Maran ao, a festa do 1vino e rea liza -
. ' amo patrimo~10 entos brancos,
do . . ente nos grupos de cul to afro
nhec1d.1 e .
'· ma lesta que
inclui elem
tando com a
parti- d Pnnc1pa 1m
Eu . negros, con estimentas a t ma ser realizada em homenagem a
indígenas e ·tas pessoas, co~ v d Nos de importante da casa .. que é de-
· de mw • 1flca os. . ma uenti'd a
Cos
cip:1çao . ais d1vers
· os music realizada um a festa uota do D1vm .. 0 . Ocorre durante
. . vanos dias'
caras e ntm
stuma ser encantado, marcada. v olve mm·tas pessoas, mclu1 o levan ta -
ten-eiros, co boi de
conhecida como . d e da morte do bot.
envento de um mastro votivo, mulheres que
• do batiza O • m . . em homen a-.
cantando versos
pelos rituais b las dos terreiros sa 0 tocam caixas
Diversas entidades ca oc
. gem ao D1vm . . 0 e crianças ncamente ,.-
. vest1
m esta festa.
homenageadas co . e também fot das represen tando personagens do 1mpeno. . .
O tambor de cnoula, q.u . ltu-
. o atrimomo da cu No dia. Principal da festa, os . part1c1pan
. .. -
reconhecido com p de negros, típi- .
tes assistem a missa numa 1greJa cato11ca
. 1 , uma dança
ra imatena , e cantam
h. que homens quando o im . pério é coroado. Atualmente,
ca do Maran ao, em . d PVC
e tocam tambores de madeira ou e . tem s1'd o ap oi'ada por órgãos govemamen
, . -
e mulheres cantam, dança m , e dão entre de si . como +-onte
tais 11 de atração tunst1ca, com o
uma umbigada ou punga. E uma dan~a ca ocorre co m Outras manifestações da cultura
divertimento que ocorre em qualquer epo popular. Pesquisas recentes Santos (20 14)
do ano, inclusive no carnaval e nas festas constatam que, desde fins do século XIX,
juninas. É também oferecida em pagamen- eram realizadas festas do Divino em casa
to de promessa a santos católicos, co~o de culto afro-maranhenses. O mesmo autor,
São Benedito. Afirma-se que São Benedito, citando outra pesquisa, constata que, atual -
por ser negro, gosta de tambor de crioula
mente, das 79 festas registradas atualmente
e é considerado como seu padroeiro. Nos
em São Luís, 61 ou 2/3 são promovidas por
terreiros São Benedito, é sincretizado com
casas de culto afro-religiosas.
o vodum daomeano Averequete, cultuado
no tambor de mina. O tambor de crioula é As festas religiosas constituem compo-
dançado nos terreiros de tambor de mina, nente importante das religiões populares, em
em homenagem a entidades que o apreciam que o sincretismo se encontra intimamente
como os Pretos-velho e entidades caboclas relacionado e pode ser visto como um para-
de origens diversas. Nestas circunstâncias, lelismo entre rituais de origens africanas, do
pode ocorrer o transe religioso durante seus catolicismo popular e de outras procedên-
toques. Trata-se de uma dança profana de cias. Paralelismo entre ideias e valores que
divertimento que, ao mesmo tempo, faz estão próximos, mas não se confundem. Este
parte da religiosidade popular e é conside- sincretismo religioso e cultural, às vezes, é
rada como fator de definição e preservação denominado de hibridismo pelos que prefe-
da identidade étnica de negros maranhen- t
ses das classes populares. rem eS e conceito. As grandes festas popu-
lares brasileiras com o carnaval, o bumba-
Outra festa popular comum nos terreiros
do Maranhão é a festa do o·1 . E , . meu-boi, ª festa do Divino, as congadas e
s . vino sp1nto outras se caracterizam pela junção de ele-
anta, nUJ_aJ do catolicismo popular, lar-
gamente difundido no B ·1 . mentos de procedências diversas. São festas
. p
como trazido ras1 , considerado barrocas, como acontece com o desftle das
or Portugueses das Ilhas dos Escolas de s, rnb d .
VALCAN11 1994) ª ª 0
Rio de Janeiro (CA-
26 ' e outras festas brasileiras.

R. PósCiSoc. v 11, n 21 i:,nl: .


Concordamos com autores que consideram terreiros, e as festas em geral não se iniciam
as festas populares brasileiras como uma numa sexta-feira. Assim, o calendário dos
continuidade da civilização barroca que dei- santos e do tempo eclesiástico católico cos-
xou marcas profundas entre nós. tuma ser preservado nos terreiros de tambor
Nos terreiros de tambor de mina do Ma- de mina. Nos dias de festas, antes do início
ranhão, são preservadas muitas práticas do dos toques do culto, costuma ser cantada
catolicismo oficial e popular e a participa- uma ladainha em latim, seguida de hinos
ção em rituais da Igreja católica é frequen- aos santos, muitas vezes acompanhadas por
te. Quadros e imagens de santos são expos- banda de música.
tos no altar católico e nas paredes do salão Constatamos que o tambor de mina e,
de danças. Nos dias das principais festas, é sobretudo, os grupos mais tradicionais es-
costume a casa mandar celebrar uma missa tão intimamente relacionados com as prá-
na igreja da qual participam e comungam ticas do catolicismo. Mesmo casas mais
diversas filhas de santo, principalmente as recentes seguem muitas destas práticas.
mais relacionadas com a entidade come- Os poucos terreiros de candomblé de rito
morada na data. Quando morre uma filha nagô, implantados no Maranhão a partir
de santo, realiza-se missa de sétimo dia e, da década de 1980, seguindo práticas do
ao mesmo tempo, os rituais fúnebres na candomblé da Bahia e prestigiados pelos
casa. Os membros do terreiro e seus fami- movimentos negros, negam o sincretismo,
liares são batizados ao nascer, e o batismo afastam-se do catolicismo e estão envolvi-
católico é praticamente um requisito para o dos com o processo de reafricanização.
ingresso no terreiro. Vemos que os terreiros de mina seguem
Os terreiros seguem o calendário da igre- tradições de origens africanas com elemen-
ja, e as festas de cada casa são comemoradas tos de procedência europeia e ameríndia.
nas principais datas dos santos. Quase todos As entidades cultuadas são voduns, orixás
os terreiros realizam festas no dia de Santa e caboclos que costumam ser agrupados em
Bárbara, de Nossa Senhora da Conceição, de familias. No tambor de mina, estão presentes
Santa Luzia, no dia de Reis, no dia de São muitas formas de encontros entre religiões e
Sebastião, de São João, de São Pedro, de culturas diferentes, como pode ser contata-
Cosme e Damião e outros. Costumam tam- do na categoria encantado4. No Maranhão,
bém realizar rituais na quarta-feira de cin- são cultuadas diversas familias de entidades
zas, no sábado de Aleluia, na época da festa constituídas por encantados, muitos são reis
de Pentecostes e em outras datas. No período ou príncipes e chamados de gentis (fidalgos).
da Quaresma, não costuma haver festas nos Outros são caboclos, alguns possuem nomes

4. Segundo Mundicarmo Ferretti (2000b, p. 15): "O termo encantado é encontrado nos terreiros
de Mina,
tanto nos fundados por africanos, quanto nos mais novos e sincréticos e nos salões de curadores e pajés.
Refere-se a uma categoria de seres espirituais recebidos em transe mediúnico, que não podem ser obser-
vados diretamente ou que se acredita poderem ser vistos, ouvidos ou sentidos em sonho, ou por pessoas
dotadas de vidência, mediunidade ou percepção extra-sensorial. [... ] Apresentam-se à comunidade religi-
osa como alguém que teve vida terrena há muitos anos e que desapareceu misteriosamente ou tornou-se
invisível, que se encantou. A categoria encantado do tambor de mina lembra também as histórias de
princesas encantadas divulgadas no folclore dos contos infantis."
1
d'fi
1 rentes e
d outros, embora quase sernpre
dos em ani-
-o encanta os e.ntua1s . tenham relações com outros de
diversos sa . mesmo vo duns .
·ndígenas e
i . No tambor .
de mma, ntados. origens diversas. Podem . . os exempl
d ificar
omo enca
mais. - conhecidos e dos nos ter- com o sac rifício de .animaifs .e a ança ritual
. nos sao enagea .. -es de ongen s a ncanas, que são
afrJCa cantados 110m destacar: a nas rehg10
Entre os en hão podemos /.'. mí- , . destas religiões. Embora, em outras
reiros dO Maran , 'Rei de F·I an ça·' a 1a t1p1cas
. ·- s, possa haver. sacn
'f' . d .
familia de .Dom Lu1s .- considerado encanta- .
rehg1oe _ 1c10s
_ e anim ai -s
. d Dom Sebast1ao, R . da Turqma, e danças, estes ritua1s . nao sao comun s na
lia e familia do e1
do num touro, a F braz de Alexan- ma10na . . eorno são import antes e frequ entes
do de erra
também chama tras famílias de en- nas re l1·g1·ões afro-brasileiras. Assim, Pa-
. diversas ou
dria. Existem demos eOnsiderar como momen tos de não
. cluem entre outros ' nobres,
cantados que m . mo pode ser visto .
smcre t'smo
1 , rituais como a dança e o sacri-
ca boclos, marinheiros, co fício de animais.
(FERRETII 2000).
em Verif1cam~s que, nas religiões afro-m;- o processo de mistura, fusão ou hib ri-
dismo parece ser o mais frequente. Ex. ri tu-
ranhenses, há confluência ou mistura e
elementos culturais e re r1g10so:
· de. proce-
. , ais católicos adotados pelo povo de santo ,
dências diversas. Nesta confluencia, e fa- como participação da missa, batizad o, la-
cil constatar a presença de elementos ~a dainhas, procissões, aprese ntaçõe s de festa s
literatura e da história de origem europeia, de bumba-meu-boi ou de tambo r de cri ou-
com elementos de origens ameríndias e la para entidades espirit uais dos terreiros,
brasileiras e, evidentemente, outros de ori- promessas dos brinca ntes de participar de
gens africanas, representados pelos voduns
determinadas festas, o uso de símbolos das
e orixás, que também estão organizados
religiões africanas nas missas afros. Nestes
em famílias. Constatamos que mais do que
processos, ocorre a utiliza ção ou mistur a
grupos religiosos de origens africanas, os
terreiros de tambor de minas constituem dos mesmos rituais em religiões diferen tes.
grupos religiosos afro-brasileiros. As tradi- O processo de paralel ismo ou justap osição
ções de origens africanas foram desenvol- pode ser exemplificado nas relações entre
vidas aqui junto com tradições brasileiras orixás e santos católic os ou com outras en -
nas quais o catolicismo popular está inti- tidades. Parece ser dos proces sos mais co-
mamente relacionado. muns e que têm sido mais observ ados.
Conforme Ferretti (2013), podemos con- O processo de conver gência ou adaptação
siderar o sincretismo como englobando pode ser encont rado nos valore s ou idei as
quatro categorias ou processos diferentes básicas de manife staçõe s diferen tes como
que podem ocorrer num mesmo amb. t '
em mo ien e mitos similares, concei tos como obrig•açào
b.
mentas ou em rituais específicos a ,
b
sa er· separação ( - nncadeira e outros usados na reli o•ião e
'
. nao sincretismo) . m. b
tura, fusão ou hibridismo· p I 1· ' Is- na cultura popular. No tambo r de mina do
justaposição . . ' ara e Ismo ou Maranhão as t'd 1 d
, convergencia d . ' en a es cultua das pedem a
É oportu . ou a aptação. reahzação de feS t as popula res nos terrei ros.
no comentar um
estes processo ·r
s. anto na l' .pouco rnais os ~o.duns dizem que são devoto s dos santos
cultura popular h. re ig1ão corno na catohcos co
d ~ , a momento h' mo,
e nao sincretismo s 1Potéticos que adora São B pord' exemp ~
lo, Av erequete
, quando ocorrem ·t . s~ao 8enedito ene ito. lambé m se diz que
n ua1s de .
cnouta quepor é ser negro, gosta de ta mbor
8
uma dança de negros.

R. Pós e·1. Soc. v. 11


n . .
, .21, Jan/Jun . 2014
4 Conclusões:
relação às religiões de origens afric anas no
sinc retis mo e hibr idism os
Brasil, em afric aniz ação e reafricanização.
A traje tória desses conc eito s permite visu-
Bou rdie u (2008) afirm a que não se pod e
aliza r disp utas acad êmi cas e políticas, que
busc ar o pod er das pala vras nas pala vras ,
acom pan ham anál ises da realidade social.
ond e ele não se enco ntra . A auto rida de
Sincretismo, cult ura, iden tida de, etni cida -
que se reve ste a ling uag em vem de fora.
de, hibridismo, mul ticu ltura lism o e outr as
A efic ácia sim bóli ca das pala vras não está
cate gori as soci ais com plex as, necessitam
nas form as de argu men taçã o, de retó rica e
con tinu ar a ser pens adas e repe nsad as, com
de estil ístic a (BOURDIEU, 2008). A pala vra
a cola bora ção de dife rent es ciên cias e cor-
prec isa ser apre sent ada e reco nhe cida com o
rent es de pen sam ento . É imp orta nte lem -
legí tima , o que dep end e de cond içõe s inst i-
brar que a próp ria defm ição dessas diversas
tuci ona is para que o disc urso seja reco nhe -
cate gori as con tinu a cons titui ndo um desa -
cido. A esco lha das pala vras poss ui tam bém
fio para os especialistas.
imp ortâ ncia deci siva . As pala vras poss uem
Constatamos, com vári os autores, que o
um sign ifica do simb ólic o, incl uem carg a conceito de sincretismo, junt ame nte com o
ideo lógi ca, incl uem rela ções soci ais de co- de hibridismo e outros, emb ora nega dos por
mun icaç ão e dom inaç ão e estã o asso ciad as alguns, são imp orta ntes para a com pree nsão
a prec onc eito s. Para Bou rdie u (2008), não de mui tos aspectos das cult uras e das religi-
exis tem pala vras neu tras . Assim, a pre- ões e que o tem a remete a cult ura bras ileir a
ferê ncia por um ou outr o con ceit o não é como um todo. Diferentes auto res dão prio -
ape nas um jogo de pala vras ou que stão de ridade à utili zaçã o de um ou outr o destes
term inol ogia . Seg und o Bou rdie u (2008), conceitos, de acor do com pref erên cias teó-
a prod uçã o e circ ulaç ão de ben s cult urai s ricas, por razões empíricas, ou pela ênfa se
aco mpa nha a unif icaç ão do mer cado de a aspectos específicos da realidade. Muitos
ben s sim bóli cos. com enta m o cres cent e inte ress e que tem ha-
Pod emo s ilus trar a respeito, a pref erên cia vido nos últim os anos sobr e este debate.
pelo uso de cert os con ceit os com o religiões Hib ridis mo rem ete a uma met áfor a bio-
afro -bra silei ras - de uso trad icio nal, ou reli- lógi ca ado tada no sécu lo XIX, mui tas veze s
giõe s de mat rize s afri cana s - pref erid o pelo s na pers pect iva de imp rimi r cará cter cien ti-
mem bros de mov ime ntos negr os. Tam bém fico ao com port ame nto hum ano . Ape sar de
a pref erên cia pelo con ceit o de hibr idis mo, disc ordâ ncia s, o sinc retis mo tem a van ta-
cons ider ado mai s mod erno , ao con ceit o de gem de ser um con ceit o que tam bém é usa-
sinc retis mo, con side rado com o ultr apas sa- do nos terre iros de cult o afro, cert ame nte
do, por se acre dita r que este ja rela cion ado por infl uên cia dos antr opó logo s.
com a idei a de dom inaç ão colo nial . Alg uns com o Can clin i ( 1997) preferem
Dur ante mai s de um sécu lo, atra vés de o term o hibr idis mo por cons ider arem que
corr ente s teór icas dife rent es, mui ta coi- sinc retis mo está mai s rela cion ado com re-
sa foi escr ita sobr e o sinc retis mo. Alg uns ligiõ es e hibr idis mo com outr os aspe ctos
ach am que se dev e evit ar fala r em sinc re- da cult ura. Orig inal men te, hibr idis mo é um
tism o que dize m prov oca r mal esta r em cruz ame nto fecu ndo entr e vari edad es ou
vári os amb ient es. Out ros fala m em anti s- espé cies dife rent es que pod e prov ocar ano -
sinc retis mo, dess incr etiz ação , ou aind a, em mal ias. Sinc retis mo é uma uniã o ou mis-
. heterogêneas, tos similares.
d o u tn Devido ao m
id eias ou nas ito d
wra de ~ de e\e1 \turais d1•fere ntes original, a ide
ia de mistura ,
fu nentos cu ger a ~ ;urtz.a
ou a sao \999 . \mente , o conceito considerada co
mo u m ag\ome
). A tua . rad . e%.~ ~
lF ERRfJRA. , .do ev1tado e critica- to, sobretudo
em relação às O 1ncli
de s1ncretts~10 tem si re H giõe gts,
'der f -bra- muitos outros
or muttos \1 es religiosos a ro aspectos da c
ul tu ra s. trn
do P negros. Outros na alimentaçã
si\eiros e pe\os .movimentos o, a mistura o
·t ropostos como c . r adequada de 1. . u co ' .col'rlci
rn 0in
os nou 1- ngred1entes é es
conce1 têm sido p
preparaça~ o de b se ncial a\d,(J
zação e mesti·çaóóem ons prato s. En
. outros correlato dades e cultura . tre as Par a. a
Alguns destes ~en s s, o isolam ento so
nos e ificas em
deter- cedor e a mis . f é ern c: 1\.'-
possuem cano taçoes espec . .
tura, ert1 11z an Po hr ~-
' . linas como na biologia, na te.
minadas d,sc 1.p .
Podemos conc
luir dizend o qu
fisica, na qmm1c matemática ou nhecemos a ex . . . . e nã.o r
a, n a na istenc1a de gra ecri -
. . . Nas ci e c ial- n d es d'
1mgu1stica. ências humanas, as
Ç entre sincretism i f
. ,
esp o e hibrid ismo eren
mente na ant ropo\oóia e na h1ston. ·
ó .. a, mm _ possam ser dif
erenciados. A1 '
emh
ora
tas vezes tal·s termos são utilizados utilizar sincreti gu ns pr efererr
. . . ·mos No ca como smo p a ra even
sm om • mpo das c1. .en . .
cias huma- mente religioso to s esp ec:i ficd-
nas, apesar todo . s e hibridism o
s os avanços, e de outra nature para even to,
dos conceitos uti ~o ngor za. A nosso v
lizados, a separ to de sincretism er, o c:on c, ,-
os mesmos é difer açao entre o se encontra
ente do campo na literatura e estab e\ eciri
cias exatas e mu das ciên- divulgado há
itas palavras são mu ito te mp
como sinônimo de utilizadas Inspirado em
outras. A delimit Mauss (1974) ,
ação de siderar que, em pod em os rn i-
fronteiras, que é sociedades com
importante para o a no ssa.
so , nem sempre o estudio- sincretismo po
está presente na de ser consid e
social. Cada auto realidade social total, re rad o com o fa
r convenciona, lacionado co m
neira, o uso das à sua ma- religiosas, polí institu icó"
palavras e, com ticas, familiare
algumas conotaçõ o tempo, estéticas, cultu s, econ ôm ica,
es passam a ser rais, que, ao m
por outros e se to adotadas imposto e volu es mo te mpr
rnam consensuai ntário. A socie
Segundo Bourdie s na área. é complexa e se dad e bra sile ·
u l2008), as pal caracteriza p el
são neutras, con avras não a mistura entre o enc orn
stituem bens sim povos e cult u ra
é preciso uma bólicos, e s di vers ~). i.
unificação no m este encontro
ercado de é enriqueced o
bens simbólicos. tu ra e o sincre r. Assim a ff. ~-
Daí a preferênci tismo constitu
dos conceitos de a ou o uso e m e\e m,Y.
hibridismo ou d central em noss
mo pelos diferen e sincretis- a sociedad e, co
tes pesquisadore evidenciado, e mo po de ) t
Sabemos que, n s. ntre outro s asp
a religião e na giões e n a cult ectos . na'.s re
ra popu~ar, ocorr cultu- ura popular.
em sempre ada
nov a_s ctrc.unstân ptações a
cias e contextos,
manifestações de fusão de
dan ças qu ~ d ifer entes origens
e na o sa~ o devas ta mu-
rentes como pod e doras ou . '
cartesian a e se r i . inco e-
ên .· . . remo rn ag m ado pe\a lógic a
em mutua en tres se r fertilizante a influ-
import · . tradi ·õ . .
anc.1a e o in . ç es d1
repensando o . teresse d st. 1nta s, .dai a
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Recebido em: 08/09/2013


Aprovado em: 14/01/2014

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