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Soldado espartano
Em seu próprio significado, a palavra que os espartanos aplicavam para a educação já dizia
tudo: agogê ( agoge) , isto é, “adestramento”, “treinamento”. Viam-na como um recurso para a
domesticação dos seus jovens. O objetivo maior dela era formar soldados educados no rigor
para defender a coletividade. Assim sendo , temos que entendê-la como um serviço militar
estendido à infância e à adolescência. Sabe-se que a criança até os sete anos de idade era
mantida com a mãe, mas a partir dos 8 anos enviavam-na para participar de uma espécie de
bando que era criado ao ar livre, um tanto que ao deus-dará, onde terminavam padecendo sob
um regime de permanente escassez alimentar para que desenvolvessem a astúcia e o engenho
para conseguir uma ração suplementar. Adestramento muito similar ao que hoje é feito entre
os regimentos especiais de combate contra-insurgente ou dos batalhões da floresta.
Castigos físicos
O cultivo da coragem
O guerreiro ferido
Qualquer fraqueza demonstrada era vista como pusilanimidade, algo veemente repelido do seio
daquela sociedade. Para corrigir eventuais defeitos de comportamento e possíveis hesitações,
os instrutores recorriam à sinistra presença do mastigáphoroi (mastigaphoroi), o “portador do
látego”, encarregado em aplicar chibatadas e suplícios outros que eram estendidos inclusive às
mulheres, paradoxalmente consideradas as mais livres e as mais endurecidas da Grécia Antiga.
A fim de dotar de coragem os seus infantes, os legisladores espartanos criaram a críptia
( kryptia), um “esquadrão de extermínio”, que estimulava os jovens selecionados a caçarem,
sozinhos ou em grupos, os hilotas , os escravos que por acaso andassem desgarrados ou que,
de alguma forma, representassem pelo seu vigor físico uma ameaça à segurança deles.
Localizados, eram vitimados pela espada ou pela lança, armas que o bando de jovens sempre
traziam consigo. Na verdade, as operações da críptia não passavam de assassinatos
legitimados. Foi essa liberalidade homicida, este direito dos mais forte matarem a quem bem
entendessem, que fez com que dissessem que os “espartanos livres eram completamente
livres, e os escravos, escravos até os limites.”
Influências
Coerente com este objetivo, a educação espartana, limitada aos jovens da classe
dominadora, foi considerada serviço público, visto coincidirem a organização política
com a ordem educativa, e desenvolvia-se com dois objetivos capitais: a educação
física, preparatória da educação militar, e a educação moral, preparatória das virtudes
militares e cívicas. A marcha educativa pode esquematizar-se em três ciclos
educativos: dos 7 aos 12 anos, dos 12 aos 15 e dos 15 aos 20.
Os que nasciam fisicamente viáveis recebiam uma educação dura e severa, sem mimos
nem comodidades, para o que as mães eram preparadas por uma educação viril.
Depois dos sete anos, as crianças eram subtraídas à família, pois nos termos da
constituição de Licurgo pertenciam ao Estado. Consequentemente, a educação fazia-se
em estabelecimentos públicos, sob a direção de monitores e funcionários, levando em
comum uma vida de caserna. Presidia à organização, o paidónomo, designado pelos
éforos, tendo sob a sua dependência, dentre outros funcionários, os «flageladores»
encarregados de aplicar os castigos. A educação desenvolvia-se:
Sob o ponto de vista físico, em ordem à resistência e vigor do corpo e da vontade, com
exercícios ginásticos e danças guerreiras. A corrida, a natação, os jogos do pentatlo,
etc., eram ensinados metodicamente. Nas classes superiores, dos doze anos em
diante, aos exercícios ginásticos vinham juntar-se os exercícios propriamente militares,
de manejo das armas, treinos de marcha e de combate, etc.
Sob o ponto de vista moral, tendia inteiramente para a formação das virtudes
militares: resistência de ânimo, sentido da comunidade, obediência, disciplina,
respeito aos velhos, etc.
O ensino moral não tinha o sentido atual, mas sim o da resistência ao sofrimento e
domínio da vontade.
Sob o ponto de vista intelectual, a educação era escassa. A leitura e a escrita não eram
consideradas essenciais, mas a música tinha grande importância.
Aos trinta anos de idade, os espartanos tinham acesso á vida pública, como membros
das assembleias, podendo constituir família, continuando, no entanto, a prestar
serviço militar, que durava até aos sessenta anos. Com esta idade, o cidadão espartano
tornava-se membro do conselho dos anciãos.
A educação das raparigas também era considerada serviço público, e visava a torná-las
fortes, física e moralmente, em ordem a poderem vir a ser boas mães.
Os espartanos ficaram na história pelas suas virtudes guerreiras, e não pelas criações
intelectuais — o que bem se compreende por esta rápida exposição do plano
educativo. A educação realizava-se plenamente na e pela comunidade, mediante um
guia, ou monitor, sem intervenção da família. Daqui, o valor educativo atribuído à
camaradagem íntima, em condições antinaturais e ofensivas da sensibilidade moral.