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UNIVERSIDADE VILA VELHA

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

DIANA PEREIRA SANTOS

CIDADANIA DA PROXIMIDADE: UMA LEITURA COMUNITÁRIA PARA O


DESENVOLVIMENTO URBANO DE ILHA DAS FLORES, VILA VELHA / ES.

VILA VELHA

2014
DIANA PEREIRA SANTOS

CIDADANIA DA PROXIMIDADE: UMA LEITURA COMUNITÁRIA PARA O


DESENVOLVIMENTO URBANO DE ILHA DAS FLORES, VILA VELHA / ES.

Trabalho de conclusão de curso I apresentado ao curso


de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha,
como requisito parcial para a obtenção de graduação em
Arquitetura e Urbanismo.

Professor orientador: Arquiteto Doutor Giovanilton Andre


Carretta Ferreira.

VILA VELHA

2014
DIANA PEREIRA SANTOS

CIDADANIA DA PROXIMIDADE: UMA LEITURA COMUNITÁRIA PARA O


DESENVOLVIMENTO URBANO DE ILHA DAS FLORES, VILA VELHA / ES.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Arquitetura e


Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito parcial para a obtenção do
grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Aprovada em_____ de ____________________de 2014.

COMISSÃO EXAMINADORA

Prof. Dr. Giovanilton André Carretta Ferreira


Universidade Vila Velha
Orientador

Prof. Dr. Marcos Antônio Spinassé


Universidade Vila Velha
Coorientador

Profª Me Ivana Souza Marques


Terceiro membro
A Deus, meu refúgio e fortaleza nas horas de angústias.

Aos meus Pais, que me deram sabedoria, conhecimento e


experiências adquiridas ao longo da vida.
Agradeço a Deus acima de todas as coisas, pois sei que
até aqui Ele tem me ajudado.

Aos meus pais José e Luciléia, meus exemplos de vida,


juntamente comigo conquistaram essa etapa.

Ao meu irmão Maikione, pela preocupação e apoio no


transcorrer do curso.

Aos meus amigos Jaqueline e Eduardo que sempre


estiveram por perto, mesmo estando longe.

A todos os meus familiares e amigos que direta e


indiretamente me apoiaram com palavras e gestos de
carinho.

A todos os professores que contribuíram para minha


formação acadêmica, através de conhecimentos e
experiências compartilhadas.

Ao meu caro orientador Giovanilton Ferreira, pelo


empenho e dedicação no desdobramento deste trabalho,
seus conselhos e ensinamentos serão sempre lembrados.

A Marcos Spinassé, meu coorientador, por depositar


entusiasmo nesta pesquisa.

A Ivana Marques, por aceitar analisar este trabalho.

A todos os colegas de turma, alguns se tornaram amigos


para toda vida.
“O coração do homem planeja o seu caminho; mas o
Senhor lhe dirigi os passos”.
Provérbios de Salomão 16:9
RESUMO

O presente trabalho elabora um Plano de Ação Participativo de Desenvolvimento


Urbano para o bairro Ilha das Flores, Vila Velha / ES, com um grupo de moradores
de perfil social afim aos assuntos da comunidade. Seu desenvolvimento parte da
percepção de que uma sociedade participativa gera na população uma apropriação
do espaço de uso coletivo, tornando-a fiscalizadora e conservadora das ações em
seu bairro. Assim, procura elencar todo o processo utilizado na leitura comunitária
desenvolvida em Ilha das Flores, com seus desafios, obstáculos e resultados. Ao
retratar os limites e as possibilidades no envolvimento de indivíduos nas ações de
gestão pública, a partir de experiências com participação popular em projetos de
desenvolvimento urbano no cenário brasileiro, descrevemos alguns métodos de
participação popular na elaboração de ações que podem ser utilizados quando a
intenção é o envolvimento de indivíduos na coleta de informações sobre um local
estabelecido, bem como a elaboração de diretrizes de desenvolvimento urbano em
conjunto com a população de uma determinada localidade. Visando demonstrar as
oportunidades e qualidades que os processos participativos podem trazer para o
planejamento urbano, contribuindo com a qualificação das nossas cidades.

Palavras-chave: Participação popular. Planejamento urbano. Métodos.


ABSTRACT

This study shall draw up a Participatory Action Plan for Urban Development for Ilha
das Flores neighborhood in Vila Velha / ES with a group of residents with a social
profile related to the affairs of the community participation. Its development comes
from the knowledge that a participative society generates the space’s appropriation
for collective use by transforming this community into the inspectors and
conservatives of actions in their neighborhood. Therefore it seeks to list all the
process used in communal reading developed in Ilha das Flores, with its challenges,
obstacles and results, by portraying the limits and possibilities in engaging individuals
in the actions of public management, from experiences with public participation in
urban development projects in the Brazilian scenario, we describe some methods of
popular participation in the development of actions that can be used when the intent
is the involvement of individuals in gathering information about an established site, as
well as the development of guidelines for urban development together with the
population of a particular locality. The objective is to demonstrate the opportunities
and qualities that the participatory process can have on urban planning, contributing
to the qualification of our cities.

Keywords: Popular participation. Urban planning. Methods.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Oasis Training Brasilândia ....................................................................... 54


Figura 2 – Formato de Tarjetas ................................................................................. 58
Figura 3 - Ocupações as margens do rio Aribiri ........................................................ 66
Figura 4 - Método de aterro feito pelos moradores ................................................... 66
Figura 5 - Mapa de Localização ................................................................................ 66
Figura 6 - Padrão construtivo parte norte do bairro ................................................... 68
Figura 7 - Edificações parte norte do bairro .............................................................. 68
Figura 8 - Padrão construtivo parte sul do bairro ...................................................... 68
Figura 9 - Edificações parte sul do bairro .................................................................. 68
Figura 10 - Aglomerados Subnormais ....................................................................... 69
Figura 11 - Escolas de ensino público ....................................................................... 70
Figura 12 - Escolas de ensino particular ................................................................... 70
Figura 13 - Capela Mortuária..................................................................................... 70
Figura 14 - Prestador de serviços portuário .............................................................. 71
Figura 15 - Serviços mecânicos ................................................................................ 71
Figura 16 - Rua Otávio Carneiro ............................................................................... 71
Figura 17 - Pequenos comércios local ...................................................................... 71
Figura 18 - Mapa de uso e ocupação do solo ........................................................... 72
Figura 19 - Estrada de Capuaba ............................................................................... 73
Figura 20 - Mapa de percurso do transporte coletivo. ............................................... 74
Figura 21 - Rua Antônio Roberto............................................................................... 75
Figura 22 - Rua Otávio Carneiro ............................................................................... 75
Figura 23 - Rua Basílio Costalonga ........................................................................... 75
Figura 24 - Escadaria Morro do Querosene .............................................................. 75
Figura 25 - Sede movimento comunitário local ......................................................... 76
Figura 26 - Situação atual do centro comunitário ...................................................... 76
Figura 27 - Vista do campo de futebol ....................................................................... 76
Figura 28 - Aglomerado de carros aos domingos ..................................................... 76
Figura 29 - Placa de sinalização do governo ............................................................ 77
Figura 30 - Andamento das obras março/2014 ......................................................... 77
Figura 31 - Bloco do Boi de Ilha das Flores .............................................................. 77
Figura 32 - LOPA personagem lendário .................................................................... 77
Figura 33 - Participantes da primeira reunião............................................................ 82
Figura 34 - Explanação do trabalho que seria desenvolvido ..................................... 82
Figura 35 - Participação de morador ......................................................................... 83
Figura 36 – Participação dos presentes .................................................................... 83
Figura 37 - Mapa utilizado para diagnosticar ações .................................................. 84
Figura 38 - Grupo Identidade, Cultura e Lazer. ......................................................... 85
Figura 39 - Grupo Mobilidade e Acessibilidade. ........................................................ 85
Figura 40 - Grupo Socioeconomia............................................................................. 85
Figura 41 - Acompanhamento dos grupos ................................................................ 85
Figura 42 - Atividade participativa. ............................................................................ 86
Figura 43 - Construção do mapa desenvolvimento urbano. ...................................... 86
Figura 44 - Diagnóstico interativo. ............................................................................. 86
Figura 45 - Apresentação grupo temática mobilidade e acessibilidade. .................... 86
Figura 46 - Apresentação grupo temática identidade, cultura e lazer. ...................... 86
Figura 47 - Apresentação grupo temática socioeconomia. ....................................... 87
Figura 48 - Complementação dos mapas apresentados. .......................................... 87
Figura 49 - Questionamento de informações. ........................................................... 87
Figura 50 - Complementação de informações........................................................... 87
Figura 51 - Página do Blog da comunidade .............................................................. 88
Figura 52 - Identidade Visual..................................................................................... 89
Figura 53 - Conceito gráfico da logomarca do bairro ................................................ 89
Figura 54 - Comentário sobre a reunião .................................................................... 90
Figura 55 - Sugestão sobre a reunião ....................................................................... 90
Figura 56 - Crítica sobre a reunião ............................................................................ 90
Figura 57 - Mapa gerado pelo grupo Mobilidade e Acessibilidade ............................ 91
Figura 58 - Mapa gerado pelo grupo Socioeconomia. ............................................... 93
Figura 59 - Mapa gerado pelo grupo Identidade, Cultura e Lazer. ............................ 94
Figura 60 - Mapa gerado em conjunto na temática Desenvolvimento Urbano. ......... 95
Figura 61 – Nova organização da sala ...................................................................... 97
Figura 62 - Apresentação inicial ................................................................................ 97
Figura 63 - Participantes ........................................................................................... 97
Figura 64 - Participantes ........................................................................................... 97
Figura 65 - Mapa de informações coletadas ............................................................. 98
Figura 66 - Exibição de vídeo .................................................................................... 99
Figura 67 - Comentário do participante ..................................................................... 99
Figura 68 – Palavras sugeridas para o desenvolvimento do Plano de Ações ......... 100
Figura 69 – Dialogo entre os participantes .............................................................. 101
Figura 70 - Participação dos integrantes ................................................................. 101
Figura 71 – Explicação das atividades da noite ...................................................... 101
Figura 72 - Explicação das atividades ..................................................................... 101
Figura 73 - Solucionando dúvidas iniciais ............................................................... 101
Figura 74 – Tirando dúvidas dos presentes ............................................................ 101
Figura 75 - Grupo Mobilidade e Acessibilidade e Socioeconomia........................... 102
Figura 76 - Grupo Identidade, Cultura e Lazer e Desenvolvimento Urbano. ........... 102
Figura 77 - Debatendo ideias .................................................................................. 103
Figura 78 – Orientações das ideias ......................................................................... 103
Figura 79 - Discutindo possíveis ações ................................................................... 103
Figura 80 - Debatendo as propostas ....................................................................... 103
Figura 81 – Esclarecendo ideias ............................................................................ 103
Figura 82 - Estimulando possíveis propostas .......................................................... 103
Figura 83 - Ordenação dos presentes ..................................................................... 104
Figura 84 – Apresentação de possíveis ações ........................................................ 104
Figura 85 - Debates entre grupos............................................................................ 105
Figura 86 – Intervenção nos comentários. .............................................................. 105
Figura 87 - Questionamento de ações .................................................................... 105
Figura 88 – Ação do facilitador nas divergências. ................................................... 105
Figura 89 - Comentário do presente ....................................................................... 106
Figura 90 - Sugestão do integrante ......................................................................... 107
Figura 91 - Entrada do bairro rua Paulo Natali ........................................................ 108
Figura 92 - Entrada do bairro rua das Pedras ......................................................... 108
Figura 93 - Entrada do bairro estrada de Capuaba ................................................. 108
Figura 94 - Conflito de veículos e pedestres ........................................................... 109
Figura 95 - Estacionamento de carretas ................................................................. 109
Figura 96 – Subida da rua João Nunes Caramuru .................................................. 109
Figura 97 - Rua Otávio Carneiro ............................................................................ 109
Figura 98 - Rua Basílio Costalonga ......................................................................... 109
Figura 99 - Rua Floriano Pereira dos Passos.......................................................... 109
Figura 100 - Escadaria Morro do Querosene. ......................................................... 110
Figura 101 - Escadaria José Eurides das Chagas. ................................................. 110
Figura 102 - Escadaria Zequinha de Abreu. ............................................................ 110
Figura 103 - Rua Zequinha de Abreu ...................................................................... 110
Figura 104 - Ponte de Capuaba ............................................................................. 110
Figura 105 - Estrada de Capuaba ........................................................................... 110
Figura 106 - Mapa 1: Mobilidade e Acessibilidade .................................................. 111
Figura 107 - Unidade de saúde de Paul .................................................................. 112
Figura 108 - Vista do Morro do Penedo .................................................................. 112
Figura 109 - Vista panorâmica Morro do Penedo .................................................... 112
Figura 110 - Terreno para instalação de restaurante .............................................. 112
Figura 111 - Conflito rua Floriano Pereira dos Passos ............................................ 113
Figura 112 - Conflitos de veículos dentro do bairro ................................................. 113
Figura 113 - Estacionamento de carretas no bairro ................................................ 113
Figura 114 - Vista Frontal do manguezal ................................................................ 113
Figura 115 - Vista do Manguezal lateral .................................................................. 113
Figura 116 - Mapa 2: Socieconomia ........................................................................ 114
Figura 117 - Ruínas clube Ilha das Flores ............................................................... 115
Figura 118 - Ruínas clube Ilha das Flores ............................................................... 115
Figura 119 - Sede do movimento comunitário ......................................................... 115
Figura 120 - Sede do movimento comunitário ......................................................... 115
Figura 121 - Sede do movimento comunitário ......................................................... 115
Figura 122 - Campo de bocha ................................................................................. 115
Figura 123 - Mesas de jogos ................................................................................... 115
Figura 124 - Mesas de jogos ................................................................................... 115
Figura 125 - Mapa 3: Identidade, Cultura e Lazer ................................................... 117
Figura 126 – Habitações da beira da maré ............................................................. 118
Figura 127 - Local com potencial para habitações populares ................................. 118
Figura 128 - Possibilidade para instalação de habitações populares ...................... 118
Figura 129 - Escadaria Morro do Querosene. ......................................................... 118
Figura 130 - Escadaria Morro do Querosene. ......................................................... 118
Figura 131 - Escadaria Morro do Querosene. ......................................................... 118
Figura 132 - Rua Orlando Carlos dos Santos.......................................................... 119
Figura 133 - Rua Paschoa D. Costalonga ............................................................... 119
Figura 134 - Rua Manoel Soares ............................................................................ 119
Figura 135 - Rua Antônio Abraão ............................................................................ 119
Figura 136 - Rua Antônio Abraão ............................................................................ 119
Figura 137 - Espaço arborizado do campo ............................................................. 119
Figura 138 - Vista rua Pascoal Ponzo ..................................................................... 119
Figura 139 - Vista Manguezal.................................................................................. 119
Figura 140 - Canal que circunda o bairro ................................................................ 120
Figura 141 - Canal que circunda o bairro ................................................................ 120
Figura 142 - Canal que circunda o bairro ................................................................ 120
Figura 143 - Mapa 4: Desenvolvimento Urbano ...................................................... 121
LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Densidade Populacional .................................................................................................. 67


Tabela 2 - Característica Imobiliária dos Domicílios ..................................................................... 67
Tabela 3- Rendimento per capita mensal por domicílio ............................................................... 73
Tabela 4 - Resultado das Avaliações .............................................................................................. 89
Tabela 5 - Resultados das Avaliações .......................................................................................... 106
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 17

2 BREVE HISTÓRICO DA PARTICIPAÇÃO POPULAR NO PLANEJAMENTO


URBANO BRASILEIRO .......................................................................................................... 20

2.1 EXPERIÊNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR NAS GESTÕES PÚBLICAS


BRASILEIRAS .......................................................................................................................... 27

2.1.1 A experiência de Lages/SC ............................................................................................ 27

2.1.2 A experiência de Porto Alegre/RS.............................................................................. 30

2.1.3 As experiências capixabas de participação popular: Boa Esperança e Vila


Velha. ..................................................................................................................................... 32

3 AVANÇOS E LIMITES DA PARTICIPAÇÃO POPULAR ............................................. 37

4 METODOLOGIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR ...................................................... 48

4.1 JOGOS DE PARTICIPAÇÃO .............................................................................................. 52

4.2 DIAGNÓSTICO RÁPIDO PARTICIPATIVO .................................................................... 55

4.3 ENFOQUE PARTICIPATIVO NO TRABALHO COM GRUPOS ............................... 56

4.4 MODELO COLABORATIVO ................................................................................................ 59

5 CARACTERIZAÇÃO DO BAIRRO ILHA DAS FLORES .............................................. 65

6 ESCOLHA DO(S) MÉTODO(S) PARTICIPATIVO(S) PARA LEITURA


COMUNITÁRIA NO BAIRRO ILHA DAS FLORES ........................................................ 78

6.1 REUNIÃO DE LEITURA COMUNITÁRIA ........................................................................ 82

6.2 REUNIÃO DE LEITURA COMUNITÁRIA ........................................................................ 97

7 PLANO DE AÇÃO PARTICIPATIVO ................................................................................. 108

7.1 POSSÍVEIS AÇÕES EM MOBILIDADE E ACESSIBILIDADE: ................................ 108

7.2 POSSÍVEIS AÇÕES EM SOCIOECONOMIA: ............................................................. 112

7.3 POSSÍVEIS AÇÕES EM IDENTIDADE, CULTURA E LAZER: .............................. 115

7.4 POSSÍVEIS AÇÕES EM DESENVOLVIMENTO URBANO: ................................... 118


8 CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 122

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 125

ANEXO A - Dinâmica de grupo: Promover integração entre os


colaboradores. .................................................................................................... 131

ANEXO B - Dinâmica de grupo: construindo visão local. ......................................... 132

ANEXO C - Dinâmica de grupo: conquistar confiança ............................................... 133

APÊNDICES ................................................................................................................................... 134

APÊNDICE A – Questionário Aplicado ............................................................................. 135

APÊNDICE B – Resultados obtidos dos questionários aplicados ......................... 141

APÊNDICE C – Carta convite da reunião .......................................................................... 151

APÊNDICE D – Power point utilizado na primeira reunião ........................................ 152

APÊNDICE E – Power point utilizado na segunda reunião ....................................... 155

APÊNDICE F – Tarjetas utilizadas para levantamento de informações ............... 157

APÊNDICE G – Mapa utilizado para as atividades da primeira reunião .............. 158

APÊNDICE H – Mapas síntese utilizados nas atividades da segunda reunião. 159

APÊNDICE I – Questões temáticas ...................................................................................... 163

APÊNDICE J – Mapas produzidos na primeira reunião .............................................. 165

APÊNDICE L – Mapas produzidos na segunda reunião ............................................. 169

APÊNDICE M – Avaliação aplicada na primeira reunião ............................................ 173

APÊNDICE N – Mapa síntese da primeira reunião ........................................................ 174

APÊNDICE O – Avaliação da segunda reunião .............................................................. 175


17

1 INTRODUÇÃO

A pesquisa elaborada nesse trabalho visa discutir a questão da participação popular


no planejamento urbano, seus limites, desafios e possibilidades. Neste sentido,
apresenta alguns métodos de elaboração de ações de planejamento urbano, tendo
como elemento norteador a participação popular nesses processos. Busca-se,
assim, difundir as metodologias participativas existentes com aplicabilidade em
leituras comunitárias, levando a comunidade local a refletir, discutir e decidir em
ações conjuntas de acordo com suas problemáticas e potencialidades.

O trabalho foi desenvolvimento no bairro Ilha das Flores, Vila Velha / ES, com um
grupo de moradores com perfil participativo nos assuntos da comunidade. A leitura
comunitária se deu em dois encontros com uma duração média de duas horas e
quarenta e cinco minutos, gerando no final um Plano de Ação Participativo.

O desdobramento desse trabalho para a realização do produto final está estruturado


na seguinte maneira:

Capítulo 2 – Trás uma contextualização onde o Brasil nas últimas décadas consolida
um histórico participativo no planejamento urbano. Mobilizados em mutirões,
indivíduos se reuniam para resolução de problemas locais, na construção de
estradas, escolas, postos de saúde, igrejas, dentre outros. Dessas experiências
destacamos os municípios de Lages/SC, Porto Alegre/RS, Boa Esperança e Vila
Velha no Espírito Santo. Traçamos um percurso de 1945 até a aprovação do
Estatuto das Cidades e criação do Ministério das Cidades, considerados um marco
na luta pela reforma urbana, organizado por movimentos populares.

Capítulo 3 – Aborda, dentre outros temas, como o processo de gestão mais


democrática criada no Estatuto das Cidades tráz desafios e obstáculos para serem
vencidos, visto que sua aplicabilidade ainda não é uma prática espontânea e sim
uma obrigatoriedade da Lei. Outro aspecto relevante é que, em geral, o que se tem
atualmente é os cidadãos encarando a participação como um peso, levando grande
parte dos indivíduos a delegarem a outrem o poder de decisão sobre os assuntos
coletivos, por questões de comodidade, conforme aponta Souza (2010). A
18

população não tem noção que esse comportamento acaba privilegiando grupos
dominantes da sociedade. Deve-se atentar para a importância de dar atenção aos
anseios da população e envolvê-los nas tomadas de decisões, pois o sistema
vigente é estruturalmente viciado. Simples correções e adequações não são
suficientes para mudanças de estruturas representativas, pois medidas mais radicais
no sentido de uma maior democratização das decisões devem ser realizadas de
maneira mais determinada e consistente. A participação popular deve ocorrer de
maneira espontânea por parte da população, precisa ter caráter político-pedagógico,
afim de promover uma prática política e inteirar de uma consciência de direitos,
acima das eventuais melhorias materiais infra-urbanas.

Capítulo 4 – Apresenta diversas técnicas quando se planeja trabalhar com foco na


participação popular. Esses instrumentos possuem características específicas, mas
todos com função principal de distribuição mais equitativa de poder. A aplicação de
métodos de participação popular, que envolvam a população no processo de
planejamento, construção e discussão de ações, pode ser uma alternativa de
conscientização e envolvimento por parte da comunidade em assuntos relacionados
ao convívio coletivo, algo que geraria um comprometimento e apropriação local.

Capítulo 5 – Traça um diagnóstico local do bairro Ilha das Flores desde a sua
formação histórica, uso e ocupação do solo, caracterização sócioeconômica, perfil
sociodemográfico dos moradores, equipamentos sociais e culturais do bairro.

Esses parâmetros foram os norteadores para as tomadas de decisões nessa


pesquisa de graduação. O objetivo geral no transcorrer desse trabalho foi fazer um
levantamento dos processos participativos que pudessem ser aplicados no
planejamento urbano, além de promover o envolvimento dos moradores do bairro
Ilha das Flores, Vila Velha/ES na elaboração de um Plano de Ação Participativo para
o desenvolvimento urbano do bairro.

Capítulo 6 – Descreve as metodologias adotadas para a elaboração das reuniões


comunitárias, os procedimentos tomados, as ferramentas utilizadas e detalha as
duas reuniões participativas. Devido ao tempo disponível para realização da leitura
comunitária dentro deste trabalho de graduação, optou-se por trabalhar com
ferramentas do Modelo Colaborativo e as Técnica de Brainstorming verbal e escrita.
19

O capítulo também descreve a promoção da integração e mobilização para os


processos participativos de interesse coletivo, visando um pertencimento maior dos
moradores com o seu bairro e também promovendo uma “[...] interpretação simples
de democracia, no sentido de possibilitar a participação dos dominados, para criar
um espaço de autodeterminação [...]” (BONSIEPE, 2011, p. 20). No primeiro
encontro os participantes estiveram totalmente envolvidos com as atividades
realizadas, inicialmente de forma inibida, mas no decorrer da reunião promoveram
um ambiente de interesse coletivo, concentrando os esforços no levantamento das
temáticas e informações solicitadas sem conflitos diretos, demonstrando
responsabilidade social e espírito de coletividade e conhecimento sobre a realidade
do bairro, bem como interesse em aprender mais sobre a comunidade e as questões
relacionadas ao planejamento da cidade. Já na segunda reunião comunitária os
participantes deliberaram ações para possíveis resoluções dos pontos
diagnosticados. Os grupos recebiam acompanhamentos para verificação das
propostas que estavam sendo feitas, assim como orientações em cima de suas
ideias. Era demonstrando soluções para os tópicos dos quais eles achavam sem
resolução que, a todo tempo, os presentes eram instigados a refletirem no impacto
que determinada ideia poderia causar, fazendo com que eles debatessem entre si
determinados assuntos.

O objetivo do trabalho foi alcançado como produto final do exercício de aplicação da


metodologia adotada neste trabalho de graduação, levando em consideração que a
aplicação prática do Plano de Ação Participativo desenvolvido nas leitura
comunitária demandaria novas rodadas de discursões, debates e integração com
outros grupos e instituições que exercem atividades comunitárias dentro do bairro,
assim como um estudo aprofundado de viabilidade técnica para algumas ações,
descritos no capítulo 7.
20

2 BREVE HISTÓRICO DA PARTICIPAÇÃO POPULAR NO PLANEJAMENTO


URBANO BRASILEIRO

A trajetória da participação popular nas decisões relacionadas ao planejamento


urbano se dá a partir da formação da Pólis Grega no século VII a.C., que debatia
políticas e elaboravam leis para a Cidade.

De acordo com Schulz (2008, p. 26):

Os conceitos morais elaborados entre os séculos VII e V a.C. incluíam o


ideal político de isonomia como estratégia para solucionar os problemas da
cidade mediante a utilização de regras que garantiriam o funcionamento de
suas instituições. Essas regras propostas pelos legisladores visavam à
harmonia social, à igualdade entre cidadãos, necessariamente desiguais.
Embora diferentes na classe ou função, os cidadãos eram definidos como
iguais e estabeleciam uma unidade, pois somente semelhantes, unidos pela
philía, pela amizade, poderiam estar associados em uma sociedade.

Uma Pólis era composta por cidadãos nascidos dentro do território de cada
aglomeração urbana. Apenas estes tinham direito a voto e participação nas reuniões
comunitárias, cabendo ressaltar que naquele tempo as mulheres, os estrangeiros e
os escravos não tinham direito a esta participação.

Na Pólis Grega os espaços públicos – ágoras, templos, teatros, assembleias e


ginásios – ganhavam destaque na sua dimensão para poder abrigar todos os
atenienses. Era no território denominado Ágora que ocorriam as reuniões, um misto
de mercado e praça cívica, onde os moradores se reuniam para fazer trocas de
mercadorias, discussões políticas e reuniões militares.

As assembleias populares, denominadas “ekklesia”, eram tidas como as mais


importantes reuniões da época. Podiam opinar nessas reuniões apenas os homens
com idade acima de 18 anos e que já estivessem honrados com dois anos de
atividades militares, constituindo uma democracia direta na qual eram designados
conselheiros, por meio de sorteio, com mandados de um ano. Os conselheiros
deliberavam sobre os assuntos relacionados à coletividade em uma instância
denominada de “Boulé”, formada por quinhentos cidadãos. Os indivíduos atenienses
não cediam seu poder decisório em prol de uma instância superior (SCHULZ, 2008).

Com o surgimento do Estado-nação, passa a existir a democracia representativa, na


qual deixa de existir uma delegação e passa valer o princípio da representação.
21

Onde os governantes passaram a serem eleitos pela população, a partir do


pensamento da delegação em prol de outrem.

Já no século XVIII estabeleceu-se na América uma democracia onde uma minoria


da população opinava. Era a democracia americana, onde o poder de decisão
estava fundamentado nas decisões de homens brancos e em um regime centrado
no Estado. Nesse mesmo período, na França, o teórico político Jean-Jacques
Rousseau publicou em 1762 uma obra denominada “Do Contrato Social”. A série,
composta por quatro livros, é onde o autor apresenta diversas questões sobre a
igualdade e comprometimento entre todos, defendendo que a vontade do cidadão
deveria ser coletiva, buscando despertar um interesse no bem comum da sociedade
(SCHULZ, 2008).

Em 1850 o economista e filosofo inglês John Stuart Mill, começa a escrever sobre o
que deveria ser uma democracia participativa, a teoria da política liberal, defendendo
um grau de igualdade de poder e autoridade entre indivíduos e classes desiguais.

Para Luchmann (2002, p.19),

A democracia deliberativa constitui-se como um modelo ou processo de


deliberação política caracterizado por um conjunto de pressupostos teórico-
normativos que incorporam a participação da sociedade civil na regulação
da vida coletiva. Trata-se de um conceito que está fundamentalmente
ancorado na ideia de que a legitimidade das ações políticas deriva de
deliberação pública de coletividades de cidadãos livres e iguais.

Adentrando no contexto brasileiro, a democratização da sociedade no planejamento


urbano do Brasil tem início no Sul do País, com os imigrantes alemães que ali
chegaram para formar uma sociedade onde o espírito de cooperativismo era
demarcado pela ausência dos serviços públicos, então realizados através de
mutirões. Segundo Weyh (2011, p.26), “[...] eram encontros envolventes desde o
planejamento, passando pela execução, até a avaliação. Tratava-se de um processo
participativo substantivo que proporcionou aprendizagens e foi fator decisivo de
surgimento de novas lideranças. Todos cresciam na ação comunitária”.

Ainda segundo Weyh (2011, p.26 – 27):

A prática do mutirão era uma das estratégias mais implementadas pelos


moradores da redondeza, especialmente na abertura e conservação de
estradas, suprindo a ausência do Estado em lugares distantes de centros
22

urbanos. [...] Da construção da escola, da igreja, do salão comunitário e


também das colheitas- muita coisa passava pelo mutirão. As dificuldades
eram superadas uma a uma pela colaboração participativa.

No final do século XIX, os imigrantes alemães já compunham uma grande rede de


associações comunitárias, formada por agricultores rurais do Rio Grande do Sul.
Porém com o Decreto Federal 581/1938 do então presidente Getúlio Vargas, essas
associações passaram a ser obrigatoriamente registradas através de listas com
nomes dos fundadores da associação e quantidades de membros, assim como
tiveram que emitir relatórios de atividades semestrais. Esse vínculo de controle dos
órgãos públicos promoveu uma perda no processo organizacional dessas
associações.

Em 1945, o parlamento nacional composto por elites da sociedade começa a perder


poder na política com a entrada de líderes mais populista, aumentando a opinião
pública e formando grupos de forças populares liderados por estudantes de
esquerda, líderes trabalhistas e intelectuais. No Governo de João Goulart esses
grupos reivindicavam reforma agrária, urbana, bancária e universitária, consideradas
por eles uma reestruturação estratégica para a mudança das cidades. Tomados pela
bandeira das "Reformas de Base", buscavam democratizar as condições de
igualdade sócioespacial.

De acordo com Silva (2003 p.87):

Foi nessa conjuntura que nasceu uma articulação de abrangência nacional


que pretendia implantar novos referenciais para a política urbana tendo em
vista as desigualdades sociais e territoriais presentes nas cidades.
Originariamente, [...] as classes e camadas populares reivindicavam
moradia e melhores condições de vida.

Em 1963, na intenção de traçar diretrizes mais claras acerca da Reforma Urbana1, o


Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) organiza um seminário que viria a ser o
pontapé inicial para essa reforma: o Seminário de Habitação e Reforma Urbana

1
[...] ética social que assume, como valor básico, a politização da questão urbana, através da critica e
denúncia do quadro de desigualdade social que marca o espaço urbano das cidades [...] (SILVA,
1991, p. 7). As ações de pressão do movimento da Reforma Urbana dentre outras resultaram na
instituição do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social e do Conselho Gestor do Fundo
Nacional de Habitação de Interesse Social; na formulação das macro-políticas urbanas de Habitação,
Saneamento, Transporte, Mobilidade e Acessibilidade Urbana; na aprovação do projeto de Lei da
Política Nacional de Saneamento Básico; no processo de implantação e revisão participativa dos
Planos Diretores Municipais; dentre outras (Observatório das Metrópoles, 2012).
23

ocorrido em Petrópolis/RJ. Nesse encontro que reuniu arquitetos, sociólogos,


deputados, assistentes sociais, economistas, juristas e engenheiros, foram divididos
grupos de trabalhos que deliberam sobre temáticas como: Situação habitacional no
país; a habitação e o aglomerado urbano; reforma urbana - Medidas para o
estabelecimento de uma política de planejamento urbano e habitação; execução dos
programas de planejamento urbano e de habitação. As propostas esboçadas nesse
seminário antecederam o golpe militar de 1964, que coibiu qualquer tentativa de
alteração na estrutura das relações sociais no país.

Conforme Maricato (1988, p.3):

[...] a proposta de reforma agrária resistiu e, a duras penas, foi ampliada


durante o regime militar. Já a reforma urbana, cuja formulação ficou
praticamente restrita a um conjunto de pessoas e entidades de
profissionais, sem contar com o respaldo popular, desapareceu.

Em 1985 é retomado o Movimento Nacional pela Reforma Urbana. Se antes do


regime militar a luta por uma reforma urbana estava vinculada a uma ideia mais
local, preocupada mais com as questões de moradia, ao fim desse regime militar
muda-se o cenário e passa a ser incorporada uma visão mais ampla da cidade.
Amplia-se a crítica ao quadro de desigualdade social. É formulada uma plataforma
política com a participação dos movimentos sociais urbanos, onde o acesso a cidade
deve ser um direito de todos os seus moradores, condenando a segregação
espacial, a mercantilização do solo urbano, a especulação imobiliária, bem como a
inserção do setor privado nos investimentos públicos em moradia, e em transportes
públicos coletivos (MARICATO, 1988).

Para Maricato (1988, p.4):

A nova proposta de reforma urbana surgiu nesse contexto. Surgiu também


da possibilidade de apresentação de emendas de iniciativa popular à
Assembleia Nacional Constituinte, ou seja, emenda com 30 mil assinaturas
de eleitores de todo o país. A emenda popular de reforma urbana é uma
plataforma resultante das forças sociais que participaram de sua elaboração
mais que uma emenda à Constituinte. Daí sua importância. Sua formulação
seria inviável se não fosse precedida de certo acúmulo de proposições e
reflexões, realizadas por entidades vinculadas às lutas urbanas: mutuários,
inquilinos, posseiros, favelados, arquitetos, geógrafos, engenheiros,
advogados, etc... Profissionais de classe média, vinculados de forma mais
ou menos efetiva às lutas populares e entidades representativas de
movimentos de massa reuniram-se para, em curto espaço de tempo, redigir
uma proposta.
24

A emenda redigida em 1987, mesmo que em curto espaço de tempo, foi assinada no
final por seis entidades representativas: Articulação Nacional do Solo Urbano
(ANSUR), Federação Nacional dos Arquitetos (FNA), Federação Nacional dos
Engenheiros, Coordenação Nacional das Associações de Mutuários do BNH,
Movimento em Defesa do Favelado, Instituto dos Arquitetos do Brasil, e ainda o
apoio de 48 entidades estaduais e locais.

Os resultados alcançados durante essa emenda estavam relacionados ao Direito de


propriedade e uso do solo, à Política Habitacional e aos Serviços Públicos e Gestão
das Cidades, promovendo uma participação democrática consultiva no
desenvolvimento de projetos urbanos. Essa luta resultou em dois artigos dentro da
Constituinte de 1988, os artigos 182 e 183 da Constituição Federal de 1988,
voltados para atender as questões urbanas. Nesse Capítulo que passou a compor a
Constituinte, a União transfere ao Município, o “[...] pleno desenvolvimento das
funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes" (BRASIL,
2001).

Após essa conquista o Movimento Nacional da Reforma Urbana passa a denominar-


se Fórum Nacional da Reforma Urbana, com objetivo imediato de pressionar o
Congresso na regulamentação do Capítulo da política em questão. No ano de 2001,
após treze anos de reivindicações, o Fórum Nacional da Reforma Urbana consegue
a promulgação dos artigos 182 e 183 na Lei Federal 10.257/2001 denominada
Estatuto das Cidades.

Para Saules (2001, p.11):

Resultado significativo deste processo é o fato das diretrizes e os


instrumentos de política urbana terem sido regulamentados com base nas
experiências de política urbana, habitacional e de regularização fundiária e
de participação popular vivenciadas em diversas cidades brasileiras na
década de 90. O Estatuto da Cidade é uma lei inovadora que abre
possibilidades para o desenvolvimento de uma política urbana com a
aplicação de instrumentos de reforma urbana voltados a promover a
inclusão social e territorial nas cidades brasileiras, considerando os
aspectos urbanos e sociais e políticos de nossas cidades. O fato de ter
levado mais de uma década para ser instituída não significa que seja uma
lei antiga ou desatualizada, pelo contrário, é uma lei madura, que contempla
um conjunto de medidas legais e urbanísticas essenciais para a
implementação da reforma urbana em nossas cidades.
25

Desde então os municípios figuram como unidades da Federação Brasileira com


maior competência política e financeira no exercício das políticas públicas.

Segundo Silva (1991, p.17):

São dois os instrumentos básicos assinalados para a política urbana a


serem desenvolvidos pelos municípios. Um deles ressuscita novamente a
figura do Plano Diretor (tão em voga nos anos 70), tornando-o, agora
obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes. O outro
instrumento refere-se à garantia do direito de propriedade [...] que atenderá
a função social, quando atender as exigências de ordenação da Cidade
expressas no Plano Diretor.

Com a retirada do poder de discussão sobre a política urbana e o destino das


cidades das mãos do governo federal, percebeu-se a necessidade de criação de
uma instituição governamental que comandasse o apoderamento dos municípios em
âmbito federal. Sob esse cenário entidades ligadas ao Fórum Nacional pela Reforma
Urbana passaram a reivindicar uma instância federal que apontasse para as
políticas urbanas voltadas às necessidades sociais das cidades, como saneamento,
moradia e mobilidade. Em 2003 surge o Ministério das Cidades, baseado na luta por
soluções referentes aos problemas urbanos gerados ao longo dos anos, tanto pela
falta de planejamento quanto pela falta de controle sobre o uso e ocupação do solo,
assim como pela reforma fundiária e levando em consideração que 75% da
população brasileira já vivia nas grandes cidades nesse período (SAULE; UZZO,
2009). Com a criação do Ministério das Cidades o Fórum Nacional pela Reforma
Urbana ajuda a instituir o Conselho das Cidades, dando início a um processo maior
de democratização da gestão das políticas nacionais urbanas através da
Conferência Nacional das Cidades, cujo objetivo é aproximar as ações do governo à
realidade da população por meio da participação popular. Os membros do Conselho
das Cidades foram eleitos em 2003, durante a 1ª Conferência Nacional das Cidades,
mobilizando municípios, governos, organizações não governamentais, movimentos
populares e associações profissionais na escolha de conselheiros que
representasse cada segmento da sociedade civil.

A 1ª Conferência buscou traçar parâmetros para uma Política de Desenvolvimento


Urbano, entre os quais figuravam uma proposta de integração entre as políticas
setoriais e o combate à segregação sócio espacial, assim como diretrizes de acesso
26

à informação, participação social, formulação, decisão, implementação e avaliação


da política.

Desde então as Conferências das Cidades, a cada encontro – que acontecem em


âmbito Municipal, Estadual e Federal – mobiliza um número maior de participantes,
em torno da democratização nas gestões públicas. Na conferência municipal são
eleitos delegados representativos da sociedade civil, ligados a alguma entidade de
desenvolvimento urbano. No geral, esses representantes eleitos seguem um
percentual estipulado pelo regimento da Conferência das Cidades, sendo
distribuídos nos seguintes segmentos: movimentos populares – composto por
associações comunitárias ou de moradores e movimento por moradia; trabalhadores
– representados pelas entidades sindicais; empresários – do setor de produção e
financiamento; entidades profissionais, acadêmicas e de pesquisa, assim como,
organizações não governamentais, todos ligados ao desenvolvimento urbano
(SAULE; UZZO, 2009).

A luta pela politização das questões públicas iniciada em âmbito nacional no


movimento pela reforma urbana alcançou grande conquista com a aprovação do
Estatuto das Cidades e a criação do Ministério das Cidades.

Nesses doze anos de atuação, até a presente data, verificou-se que a


obrigatoriedade e responsabilidade dada ao Município na aplicação dos
instrumentos contidos no Estatuto das Cidades tornaram-se grande parte uma
formalidade da Lei, visto que são poucas as prefeituras que buscam transparecer e
tornar acessíveis as ferramentas de participação coletiva. No entanto, como
veremos a seguir, muitos ainda são os desafios e obstáculos para que as intenções
materializadas nestes instrumentos e espaços institucionais se concretizem na
prática da gestão democrática e de uma maior justiça social nas nossas cidades.

Experiências em administrações públicas brasileiras, antes mesmo da Lei do


Estatuto das Cidades, demonstraram que a valorização do pensamento conjunto
entre comunidade e governo acrescenta sensação de pertencimento ao espaço
urbano por parte dos cidadãos. As ligações partidárias não clientelistas tiveram sua
gestão bem recebida nas comunidades e através da educação muitos indivíduos
27

entendiam que as soluções de seus problemas coletivos poderiam ser amenizadas


em trabalho conjunto entre comunidade e prefeitura.

2.1 EXPERIÊNCIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR NAS GESTÕES PÚBLICAS


BRASILEIRAS

Os movimentos populares em torno das questões democráticas e os meios de


participação popular nas gestões públicas no Brasil tem um longo percurso, anterior
à aprovação do Estatuto das Cidades – a partir da Lei Federal 10.257/2001, os
Municípios são os principais gestores responsáveis a introduzir a participação
popular nas decisões públicas de uso coletivo, cabendo ao Plano Diretor Municipal o
uso de ferramentas que propiciam uma democratização nas questões de interesse
comum da sociedade local. Uma ferramenta que pode ser aplicada é o orçamento
participativo, importante instrumento de descentralização político-administrativo que
fortalece a democracia participativa por meio do poder de decisão das comunidades
locais nas políticas públicas e que tem suas raízes nos movimentos sociais da
década de 1970.

Alguns municípios brasileiros tiveram, antes mesmo da criação do estatuto das


cidades, sua gestão pública marcada pela participação popular nas decisões
municipais. Essas iniciativas deliberativas datam do final da década de 1970 e,
mesmo não sendo sob a bandeira do Orçamento Participativo - OP, suas
características operacionais foram as mesmas.

2.1.1 A experiência de Lages/SC

A experiência vivenciada pelo Município de Lages, no estado de Santa Catarina,


colocou em prática questões político-administrativas que anteciparam muitas das
28

experiências políticas ainda em discussão sobre a participação popular nas


questões de desenvolvimento urbano.

De acordo Ferreira (1991), o município de Lages tinha como principal atividade


econômica, até a década de 1970, a extração de madeira pinus, contando com duas
grandes fábricas de papel e celulose, além da atividade agropecuária. Já no início
dos anos 70 o pinheiro nativo da região começou a ficar escasso, gerando o
fechamento de madeireira, causa de desemprego na zona rural, levando esses
trabalhadores a migrarem para a zona urbana em busca de melhores condições de
vida. Sem oportunidades de serem absorvidos pela cidade, esses trabalhadores,
juntamente com outros operários desempregados que surgiram com o término da
construção da rodovia federal, passaram a compor o cenário urbano local,
aumentando as favelas e engrossando o rol de demandas em termos de
equipamentos e serviços básicos como habitação, educação, saúde e infraestrutura
urbana.

Essa crise abriu caminhos para uma mudança na política municipal e em 1972 a
família Ramos, após 42 anos no poder municipal, perde as eleições para Juares
Furtado do partido Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Sua gestão baseou-se
nos pilares do "Milagre Econômico" e no ideal "Brasil Potência", muito apregoado
naquele período, direcionando sua administração na execução de grande obras que
beneficiaram o centro da cidade, como praças, calçadões e iluminação do estádio
(FERREIRA, 1991).

Ocorre então que o vice-prefeito de Juares Furtado, Dirceu Carneiro, ganha as


eleições de 1976 para prefeito municipal, tendo como bandeira uma gestão
diferenciada e eficaz voltada para a população mais carente.

Dirceu Carneiro, Arquiteto, formado em Porto Alegre/RS, em uma reunião de


secretariados, começou a cogitar a ideia de fazer operações em bairros – que
segundo ele estava concentrado a maioria dos eleitores – em oposição à gestão
anterior, que realizou atividades apenas no centro da Cidade.

Dirceu decidiu então, promover reuniões em bairros para agilizar a solução dos
problemas mais comuns da população. Essa ação recebeu o nome de "Viva seu
Bairro", conforme aponta Ferreira (1991, p.7), designação que evoca o duplo sentido
29

da palavra "Viva", utilizada enquanto um estímulo à participação e também com


referência à ideia de uma festa no bairro.

Dessa forma, a prefeitura mobilizou todos os órgãos e secretarias municipais, em


busca de um contato direto com as necessidades da população mais carente.

Ainda de acordo com Ferreira (1991, p.7), a população não era tão exigente,
solicitava apenas máquinas passando na rua para tapar os buracos, bueiros que
corriam esgoto a céu aberto sendo desobstruídos, pequenas pontes para dar acesso
as suas casas, lâmpadas em postes, nada mais que isso.

Essa nova gestão da cidade trouxe uma intensa participação dos moradores,
configurando um grande sucesso. Em uma espécie de mutirão a prefeitura mostrava
competência, cumprindo com seu papel de modo ágil e eficaz. Enquanto os
moradores se dedicavam a ajudar os funcionários da prefeitura na execução dos
serviços, professoras se ocupavam em distrair as crianças com atividades infantis,
tornando essa ação um momento de festa e confraternização.

Com o slogan "Lages, a força do povo", a meta da gestão de Dirceu Carneiro era de
uma administração com participação popular (FERREIRA,1991). A prefeitura
percebeu que isso só seria possível de fato se a população se formasse em grupos
de associações para cada segmento local. Assim a prefeitura passou a incentivar a
formação desses grupos para representar a sociedade perante o órgão municipal,
tais como associações de moradores, núcleos agrícolas, associações de pais de
escolas municipais, associação de pequenos comerciantes, dentre outros.

[...] foram instigadas, chamadas pelo poder público a se envolver


diretamente nos assuntos relativos a vida do município, e responderam a
esse apelo engajando-se numa prática que, pelo seu caráter inédito se
configurou como um aprendizado. Sem uma vivência anterior de
participação, tanto a prefeitura quanto a população foram aprendendo e
amadurecendo no decorrer do próprio processo ( FERREIRA, 1991, p.13).

Apesar da gestão de Dirceu ter buscado avançar no processo de participação


popular, ela não alcançou grande êxito pois o grau de desenvolvimento político das
organizações não foi suficiente ao ponto de atuarem nas questões mais
administrativas como o orçamento público.
30

No decorrer de quase todo governo de Dirceu Carneio à frente da prefeitura de


Lages a elaboração do orçamento municipal se dava de forma convencional, onde
cada secretaria apresentava suas propostas de atividades e, numa reunião coletiva
entre as secretarias, elas chegavam a um consenso de aplicação das verbas
públicas.

No final da administração, insatisfeito com esse modelo de administração, Dirceu


propõe levar o orçamento ao debate público. Para isso convoca uma reunião com
todos os segmentos representativos locais como associação de moradores,
sindicatos, associação comercial, núcleo agrícola e associação de profissionais da
área de desenvolvimento urbano. Essa experiência acabou sendo uma mera
exposição do orçamento público, não chegando a um grau de participação efetiva,
nem ao entendimento do significado político dessa prática. Ficou-se apenas na
aprovação das propostas apresentadas pela prefeitura, ocorrendo uma ou outra
sugestão de investimento da qual o cidadão fazia parte (FERREIRA, 1991).

A gestão de Dirceu conviveu com o desafio de promover a participação popular


alcançando níveis significativos, embora a ideia inicial fosse estimular as
associações populares a assumirem um caráter deliberativo. Na prática isso acabou
se configurando num órgão consultivo e cooperativo com o pode público.

2.1.2 A experiência de Porto Alegre/RS

A cidade de Porto Alegre, na década de 1960, sofria com a expansão das áreas
faveladas – geralmente ocupações em terrenos irregulares e clandestinos,
pertencentes tanto ao setor público quanto ao privado. Em 1964, com o início do
regime militar, os novos prefeitos adotavam um modelo de gestão autoritário,
expulsando todos os moradores de assentamentos precários para áreas longe da
cidade e não reconhecendo as necessidades da população carente, de modo a
prevalecer o interesse clientelista do governo (FEDOZZI, 2001).

No final da década de 1970 e início da década de 1980, movimentos populares de


Porto Alegre começaram a desenvolver formas de resistência às práticas de
31

autocracia do poder público, tornando-se atores comunitários de enfrentamento às


decisões do governo municipal.

Segundo Fedozzi (2001, p.96):

[...] Esses movimentos por reivindicações urbanas apresentavam um


discurso que, por um lado, exigia o reconhecimento dos direitos universais à
cidadania e, por outro, se insurgia contra o estigma que comumente
associava os moradores "marginalizados" das favelas à condição de
marginais (ou bandidos).

Com a chegada ao poder de um partido que teve suas origens nos movimentos
sociais, no governo de Olívio Dutra em 1989, a gestão administrativa municipal
passa a trabalhar em um contexto de organização comunitária, tendo como eixo
central a participação popular nas administrações públicas e a busca de uma
interação da sociedade civil com os órgãos públicos.

De acordo com Luchmann (2002 p. 107):

No primeiro ano de gestão, a administração enfrentou diversos obstáculos


na implementação do OP. Iniciando o processo de consultas gerais a
população através da divisão da cidade em quatro regiões, a experiência
inicial do OP apresentou um conjunto de dificuldades e problemas. [...] a
não realização de muitas obras elencadas na discussão do orçamento de
1989 foi um fator extremamente frustrante para a população, fazendo
aumentar sua desconfiança com relação ao processo.

O não cumprimento das obras listadas nas reuniões participativas gerou


descontentamento por parte da população com relação a esse processo
participativo. No entanto esses conflitos acabaram por servir como ponto positivo,
pois com isso o governo adota novas medidas de participação que vão impulsionar o
reconhecimento e o aperfeiçoamento do orçamento participativo de Porto Alegre.

A continuidade partidária à frente das gestões municipais, após o término do


governo de Olívio Dutra, fez com que o aperfeiçoamento do orçamento participativo
se tornasse uma referência em gestão participativa e, principalmente,
reconquistasse a credibilidade por parte da população. Em 2010 o índice de
aplicação de valores para orçamento participativo chegou a 18% das receitas
orçamentárias total, de modo que esse valor foi posto em reuniões comunitárias
32

para que toda a população definisse onde seriam aplicados os recursos municipais
de forma deliberativa.

2.1.3 As experiências capixabas de participação popular: Boa Esperança e Vila


Velha.

O município de Boa Esperança, no norte do estado, em meados de 1964 a 1970, por


conta da erradicação dos cafezais, passou a sofrer uma decadência econômica
progressiva. Os agricultores das pequenas e médias propriedades, rejeitando o
cultivo de outras plantações, vendiam suas terras e migravam para outras
localidades, levando o Tribunal de Contas do Espírito Santo a cogitar a extinção do
município (VILLASCHT, 1985).

Em 1977, Boa Esperança ocupava a última posição de arrecadação do estado. É


nesse cenário que o Sr. Amaro Covre assume a prefeitura propondo uma radical
mudança na história do município.

Por conta da falta de recursos e indiferença das instâncias superiores de governo,


Amaro Covre percebeu que só o trabalho comunitário poderia reerguer Boa
Esperança. Preocupando-se inicialmente com o meio rural, buscando conter o êxodo
rural, promoveu uma conexão entre comunidades locais e prefeitura.

De acordo com Villacht ( 1985, p. 137):

Essa conscientização e o incentivo a permanecerem nos diferentes distritos


e não migrarem para a sede ou outras localidades foi promovida através de
um levantamento da realidade econômica, social e cultural levada a efeito
com os próprios interessados. Consistia na iniciativa da comunidade de
estudar e conhecer sua própria cultura, seu clima, solo, frequência de
chuvas, riquezas, viabilidade econômica, etc... e na elaboração de um plano
de trabalho que favorecesse uma melhor aplicação dos poucos recursos
existentes.

Conforme aponta Villacht (1985), no município de Boa Esperança a participação


popular na gestão governamental se deu em três instâncias distintas: Trabalho
Comunitário, Centros de Irradiação ou Agrovilas e Conselho Municipal de
Desenvolvimento.
33

No plano de trabalho comunitário, o objetivo foi formar e capacitar os cidadãos,


levando-os a se conscientizar, analisar e avaliar seus próprios problemas, através
das denominadas “Comunidades de Base”.

Essas comunidades de base, de acordo com Villacht (1985), consistiam em escolas


construídas a cada raio de três quilômetros. Nelas eram realizadas reuniões de
líderes, formados por um representante de cada 10 a 12 famílias da região, reunidas
por rua ou córrego. A cada três semanas eram realizadas reuniões convocadas e
secretariadas por professores e conduzidas pelos líderes locais.

Para Villacht (1985, p. 138), nas reuniões de trabalho comunitário, eram debatidos
problemas que poderiam ser solucionados pela comunidade sozinha, problemas que
deveriam ser resolvidos entre a comunidade e a prefeitura juntas e os que eram de
competência específica da prefeitura, ou demais órgãos e entidades competentes.

Os Centros de Irradiação ou Agrovilas eram reuniões que aconteciam nas escolas a


cada bimestre, composta por Líderes e Vereadores de cada comunidade, Prefeito e
seus assessores, Delegado de Polícia e o Diretor da escola, no intuito de, em
conjunto, deliberarem sobre os assuntos advindos das Comunidades de Base, e,
prepararem um plano de ação que viesse beneficiar toda comunidade (VILLACHT,
1985).

A última instância chamada de Conselho Municipal de Desenvolvimento, era uma


organização composta por "[...] Líderes Comunitários, Prefeito, Vice-Prefeito,
Vereadores, Padres, Pastores, Presidentes dos Sindicatos de Classe,
Representantes dos Órgãos Técnicos e de Créditos, Delegado de Polícia, Juiz de
Paz e os Diretores de Escolas [...]" (VILLACHT, 1985, p. 140).

O Conselho buscava concentrar esforços no intuito de promover o desenvolvimento


sócio-econômico e cultural de Boa Esperança. Nele se estudava a realidade vigente
e selecionava os problemas mais urgentes. Esse órgão assessorava o Prefeito bem
como os órgãos técnicos.

Essa instância atuava como entidade máxima sobre as decisões do Município e


competia a ela, segundo Villacht (1985), elaborar planos de ação que beneficiassem
todo o Município, servindo de subsídio para elaboração de orçamentos e dos
34

programas de aplicação dos fundos Federais. A legalidade desse órgão


potencializava o poder comunitário e o realizava como poder político, formando um
poder empreendido nas Comunidades de Bases, nos Centros de Irradiação e no
Conselho de Desenvolvimento, "[...] desempenhando simultaneamente dentro de
certos limites, as funções Legislativas, Executivas e Fiscalizadoras" (VILLACHT,
1985, p.141), não existindo uma divisão partidária.

Uma iniciativa criada nesse período foi a do meeiro se transformar em pequeno


proprietário, iniciativa esta denominada de Trabalhador Modelo. Dessa maneira,
competiu a prefeitura uma postura de pressão, ao parcelamento de algumas
fazendas para receber esses novos agricultores, ato que também beneficiou os
grandes fazendeiros.

Villacht (1985, p. 142) relata que:

Dentro desse contexto e nos limites destas relações, verifica-se uma forma
avançada e pioneira de democracia direta, a partir de uma transformação
significativa da base econômica do Município. Da produção, da
democratização, do acesso e o do uso do poder político e da promoção do
desenvolvimento econômico, social e cultural da comunidade.

A experiência democrática do município de Vila Velha tem suas bases fundadas nos
movimentos comunitários, podendo ser analisada como uma ação progressiva de
democratização do sistema de decisões do poder local.

No final da década de 1970 e início da década de 1980 Vila Velha já configurava um


cenário de precariedade urbana; os assentamentos ilegais ou ocupações
"espontâneas" viviam em acirradas brigas por posse de terras, somando-se a graves
problemas com infraestrutura urbana. Com isso nasce uma frente de movimentos
sociais representando um novo associativismo urbano, composto basicamente pelas
associações tais como Movimento pelo Direito à Moradia e de apoio às ocupações
"espontâneas", Movimento contra o Monopólio dos Transportes Coletivos e o
Conselho Municipal dos Movimentos Comunitários de Vila Velha, despertando para
novas forças de composição política de Vila Velha (PIGNATON, 2005).

A participação do Advogado Vasco Alves na defesa dos direitos humanos das


populações periféricas, com o apoio da igreja Católica, ocorre durante os anos que
35

antecederam as eleições de 1982, momento em que Vasco Alves torna-se prefeito


de Vila Velha pelo Partido Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).

Conforme aponta Pignaton (2005), a política democrática de participação popular


nas questões orçamentárias e administrativas de Vila Velha foi marcada por cinco
períodos. A expectativa de mudança sob o slogan da "Proposta Alternativa de
Governo de Participação Popular de Vila Velha" nas eleições, tornou-se uma
esperança para a população carente, uma vez que estes lutavam pela perda de
poder das famílias latifundiárias do município.

O primeiro período de participação popular na gestão política ocorre nos primeiros


meses de 1983 do mandado de Vasco Alves. Este período foi marcado pela
organização de movimentos associativos comunitários e culturais, representando
um fortalecimento político dos bairros, que buscavam descobrir e fiscalizar todo
investimento de recurso público a ele destinado.

O poder executivo naquele período passou por mudanças em sua estrutura, no


intuito de atender as expectativas do eleitorado. Fez parte dessa reforma política a
ativação da Assessoria de Planejamento, agora com o nome de Secretaria
Municipal; a criação da Assessoria de Ação Social; a criação do conselho de
Planejamento Administrativo; a reestruturação do Cadastro Imobiliário e da
Arrecadação Municipal e a modernização da prefeitura para realização de obras por
meio da participação popular.

Depois que essas estruturas administrativas ficaram,

Reorganizadas e revigoradas, a Prefeitura toma a iniciativa do diálogo com


os movimentos sociais, inaugurando um novo relacionamento com a
população, sendo realizadas assembleias em todos os bairros, convocadas
em conjunto com os movimentos comunitários (onde existiam) para
apreciação e priorização das demandas presentes (PIGNATON, 2005,
p.44).

O segundo período da gestão municipal foi marcado pela primeira Assembleia


Municipal do Orçamento, ocorrida nos últimos meses de 1983, com a participação
de todos os movimentos sociais, para a discussão democrática dos investimentos
para o segundo semestre de 1984. Essas ações acabaram gerando oposição ao
poder executivo, sobretudo por parte do legislativo municipal, que passa a perceber
36

essas iniciativas inovadoras e o rompimento do ciclo vicioso de manipulação


clientelista dos recursos públicos.

O terceiro período, que se estendeu até o final de 1985, teve como marco a
aprovação da lei municipal que institucionalizou a discussão democrática e
participativa do orçamento municipal.

Na segunda Assembleia Municipal do Orçamento são aprovadas as importantes


decisões de alterar de 1% para 5% a alíquota dos impostos sobre o terreno baldio, a
revogação da lei que isentava as imobiliárias com grandes loteamentos de impostos
e a criação e eleição da Comissão de Acompanhamento e Controle da Execução do
Orçamento Municipal. Nesse período, o então prefeito Vasco Alves se desliga do
poder da prefeitura para se candidatar a deputado federal, assumindo no seu lugar o
vice Aucélio Sampaio, que veio a falecer antes mesmo do término do ciclo de
atividades da II Assembleia Municipal do Orçamento. Assume a prefeitura naquela
época o presidente da Câmara Municipal Carlos Malta, que defendia um retrocesso
em relação às formas de gestão mais democráticas implementadas na gestão de
Vasco Alves (PIGNATON, 2005).

No quarto período a relação das associações com o novo prefeito ficou inexistentes,
pois Carlos Malta defendia uma política clientelista, ligada as oligarquias do
município. Com isso as discussões orçamentárias foram deixadas de lado.

Segundo Pignaton (2005, p.60):

No entanto, a sociedade civil resiste à intervenção do Estado, aglutinando


entidades, personalidades, movimentos, sindicatos, vereadores e partidos
políticos em um fórum democrático e desencadeando a campanha por
eleições diretas em Vila Velha, denunciando a ilegalidade da permanência
do prefeito no município. O processo jurídico, porém, é demorado,
arrastando-se por meses.

O último período das experiências em Vila Velha equivale à decisão judicial no


Supremo Tribunal Eleitoral, determinando que ocorresse a eleição de um novo
prefeito, fato que marcou a força representativa democrática na dimensão
participativa.
37

3 AVANÇOS E LIMITES DA PARTICIPAÇÃO POPULAR

A participação popular nas questões urbanas tem como responsabilidade criar


condições melhores de vida em comunidade, bem como maior igualdade e justiça
social, ocasionando dessa maneira a "democracia" e/ou a “cidadania”.

O que ocorre de acordo com Souza (2010, p.322) é que "hoje em dia, democracia
tornou-se, para muitos, simplesmente sinônimo de 'democracia' existente em todos
os países auto rotulados como 'democráticos'. No entanto, esse é apenas um tipo de
sistema ou regime democrático - o representativo [...]". Esse sistema assenta-se
sobre o princípio de poder decisório em prol de outrem. Souza (2010, p.325) define
de forma mais radical esse sistema quando diz que na democracia representativa,
"[...] parte-se do pressuposto de que não é viável que todos tenham direito de
participar diretamente da tomada de decisões [...]", segundo ele uma vez eleito pelas
massas, o representante teria o direito de decidir pelo coletivo livremente.

Ainda segundo a visão de Souza (2010, p.235),

[...] os defensores do sistema representativo costumam ir mais longe,


argumentando que essa participação não seria desejável, sob os ângulos
da eficácia e da eficiência, uma vez que, no Executivo, os técnicos seriam
os únicos capazes de deliberarem racionalmente e com isenção a respeito
da administração, o mesmo valendo, no Legislativo, para os políticos
profissionais encarregados de discutir e votar as leis.

Na democracia representativa, o mandado dos representantes da sociedade civil,


possui instâncias de poder e de tomadas de decisões em prol dos eleitores sem
consulta popular. Esse sistema "democrático" propõe uma estrutura de desigualdade
de renda, patrimônio e poder. Para Souza (2006), o sistema representativo é falho,
pois os governantes eleitos pela população em ordem democrática, designados de
"representantes do povo", na visão do autor, são candidatos que via de regra estão
"pré-selecionados" por elites dominantes de grupos econômicos e oligarquias. De
acordo com o autor, possuem acesso privilegiado aos meios de comunicação em
massa e empregam grandes quantias de dinheiro na produção de seus candidatos.
Com isso essas decisões menosprezam os valores dos grupos oprimidos devido à
sua etnia ou ao seu gênero, apesar de muitos acreditarem ser um governo eclético.
38

Souza (2006) também destaca que em âmbito geral, mesmo nos países
desenvolvidos, tanto a administração quanto o Legislativo não é transparente, uma
vez que as decisões são tomadas de portas fechadas sem o conhecimento público.
Os atos de corrupção por parte dos administradores e legisladores, quando
descobertos, dificilmente se desenrolam em perda de mandado, exceto nos casos
em que há um forte apelo sobre a opinião pública e que passam a ser explorados
maciçamente pela imprensa.

A isso tudo se pode acrescentar que a democracia representativa é um


sistema 'esquizofrênico': ao mesmo tempo em que exclui as pessoas das
decisões fundamentais e as socializa de tal modo que elas se tornam
alienadas e apáticas (pois, aliás, se fossem muito ativas e quisessem
participar 'demais', isso redundaria, como se alega, em problemas de
'governança'), obriga-as a legitimar o sistema 'ativamente', por meio do voto
e, de tempos em tempos, também mediante 'alguma participação' - e,
quando as pessoas se mostram politicamente indiferentes e pouco
dispostas até mesmo a essa pequena participação, ou até mesmo a votar,
ou votam de modo 'surpreendentemente ruim', não faltam aqueles que
dizem a população é 'estúpida' e 'não sabe votar'. Com isso, reforça-se o
preconceito de que não é prudente que a massa tenha muito poder e
participe muito, realimentando-se todo círculo vicioso. Ou seja: participação,
sim..'mas não muita'( SOUZA, 2006, p.51).

Visto que a democracia passou a ser entendida como um regime de governo, a


caracterização de cidadania na concepção de Medina (2002) implicaria na prática
dos direitos políticos, que se assenta na garantia de direitos básicos como
educação, moradia, renda mínima, saúde, emprego, dentre outros.

Assim, trabalhar a participação no espaço urbano como variável que


potencializa a cidadania, implica, em primeiro lugar, um largo passo para
ampliar a cidadania propriamente dita, ou ainda alargar os níveis de
cidadania existentes pela educação e a intensificação das organizações
sociais, para garantir formas mais cientes e comprometidas de participação
na gestão das cidades (MEDINA, 2002, p. 78-79).

Na Pólis, as decisões de administrações coletivas eram realizadas de forma


voluntária, pois todos entendiam que as tomadas de decisões em torno da vida
coletiva era uma ocupação e um direito de todos.

Para a maioria das atividades referentes à administração coletiva, todos os


cidadãos eram estimulados a participar, sendo que a escolha se dava por
meio de sorteio entre os candidatos; somente para aquelas atividades e
funções que, nitidamente, exigiam conhecimento e experiência específicos (
comando militar e administração financeira, dentre outras), dava-se a
escolha por eleição e não por sorteio [...] (SOUZA, 2010, p. 323).
39

Ainda de acordo com Souza (2010, p.324),

É essencial notar que os cidadãos, mesmo quando atribuíam a outros -


2
fosse um general, fosse um embaixador, fossem os membros da boulê -
certas tarefas específicas, não alienavam seu poder decisório a respeito de
coisas importantes em favor de outrem [...].

A participação direta, se vista como recurso, é certificada por razões de eficiência


econômica e gerencial, no tocante às satisfações dos cidadãos, pois evitam chances
de desperdício e corrupção. A possibilidade de ver a qualidade de vida melhorada
através de suas próprias decisões - geralmente de interesse material - em processos
participativos concede um reforço na justificativa de ampliação das políticas públicas
no desenvolvimento urbano (SOUZA, 2006).

O que tem ocorrido segundo Medina (2002, p.71) é que:

A participação na gestão da cidade tem caráter e alcance diferenciados,


dependendo dos setores de classe participante, das formas organizativas, o
tipo de mobilização e conjunturas sociais e econômicas. Assim,
historicamente, os setores do capital e mais especificamente os
empreendedores imobiliários têm sabido inserir-se e explicitar seus
interesses no processo de desenvolvimento e expansão das cidades,
enquanto a inserção dos interesses dos setores populares tem sido mais
uma expressão de reivindicações conjunturais e pontuais na história das
cidades.

Souza (2006) descreve que o povo, ao deduzir que a participação popular em


decisões os torna mais responsáveis pelos seus resultados, não experimenta
somente um amadurecimento político, mas também a possibilidade de se sentirem
autores dos projetos, promovendo um zelo e a fiscalização do que está sendo
construído ou promovido. Para o autor isso se refere não apenas a obras públicas,
mas também ao patrimônio coletivo, assim como o espaço público em geral, fazendo
com que esse patrimônio público não seja depredado ou tratado com descaso.

Para Medina (2002, p.72) o processo de participação “[...] é um processo social e,


como tal, traz transformações nos âmbitos da sociedade, na qualidade de vida e do
espaço, obviamente, nos níveis de controle da sociedade e, até, nas estratégias de
sobrevivência [...]”. Dentre os pensamentos da autora, Medina (2002, p.72) afirma
que, “[...] a participação em relação aos assuntos urbanos pode ser entendida em

2
Conselho dos Quinhentos, constituído por quinhentos cidadãos escolhidos por sorteio, com mandato de um
ano, e subdividido em algo semelhante a comissões (SOUZA, 2010,p.323).
40

sua essência como ‘tomar parte de’, pode também significar uma forma de
intervenção, ingerência ou até a responsabilização dos habitantes na solução de
suas necessidades [...]”.

Conforme aponta Souza (2010), dentre as possibilidades de participação direta da


população em decisões coletivas, figura a questão da descentralização territorial,
que seria a subdivisão de territórios em subunidades. Uma vez que o modelo de
gestão de Atenas não se aplica ao mundo contemporâneo, dessa maneira seriam
exequíveis as atuações da população de forma direta nas gestões urbanas. Outra
possibilidade, ainda na visão do autor, seria o da delegação, permitindo que, mesmo
não presentes, um grande número de cidadãos estivesse representado por um
delegado, o qual consultaria e prestaria conta das deliberações coletivas ao seu
grupo representante. O autor ainda cita outra possibilidade, que seria o emprego de
outros recursos disponíveis como as novas tecnologias de comunicação e
informação, permitindo uma quantidade de indivíduos, sem que eles estejam
fisicamente presentes, nos processos decisórios. Isso poderia diminuir ou mesmo
acabar com as barreiras que existem aos processos de tomada de decisão coletiva.

No que respeita [sic] ao uso da tecnologia, particularmente, a desvantagem


da não participação 'presencial' no mesmo local de reunião é um pouco
compensada pela vantagem de permitir uma manifestação de um enorme
número de pessoas sem qualquer intermediário [...] (SOUZA, 2010, p.332).

Do ponto de vista de Medina (2002.p.71)


[...] o processo de urbanização, ao ‘agilizar e intensificar as relações sociais,
traz transformações no ritmo cotidiano da vida coletiva, requisitando
modificações no suporte material que demandam a ‘inovação’ dos
mecanismos de controle, administração, manejo ou gestão do espaço
urbano. Assim, a implementação ou fortalecimento de determinados
instrumentos de gestão das cidades está relacionada com as
transformações sociais.

De certo modo, no geral, o que se tem, é que os cidadãos encaram a participação


como um peso, levando a grande parte dos indivíduos a delegarem a outrem o
poder de decisão sobre os assuntos coletivos.

Ou seja, abrir mão do direito de decidir em favor de políticos profissionais


seria uma questão de comodidade. (Esse argumento é complementado por
outro, que, como se disse acima, apresenta a relativa apatia política do
cidadão ordinário como uma virtude cívica: se todos ou muitos desejassem
participar diretamente da vida política o Estado ficaria 'sobrecarregado' e o
risco de decisões de má qualidade aumentaria) [...] (SOUZA, 2010, p.328).
41

Ainda segundo Souza (2006, p. 186):

Essas pessoas não fazem ideia de que esse pode ser um comportamento
assaz funcional para um sistema de dominação que, de um modo ou de
outro, as prejudica, ao tolher sua liberdade; e essa cegueira e esse
comodismo são inoculados pela ideologia dominante, a qual encontra
guarita nos grandes meios de comunicação de massa e em grande parte da
intelligentsia.

A implementação das tecnologias de comunicação e informação, ou seja, a internet,


tem buscado desenvolver prestação de serviços por parte dos governos municipais,
propondo participação popular na vida política.

Iniciativas de comunicação interativa entre governos e cidadãos que


permitam a estes intervir, de alguma forma, na gestão dos serviços e das
políticas públicas, em tese podem materializar-se e fortalecer o direito à
participação política no âmbito do governo. Incluem-se aqui as
possibilidades de participar de processos de discussão coletivos por meio
de recursos de interatividade presentes nos portais, as possibilidades de
opinar sobre projetos do governo e até mesmo as experiências de votação
por meio da Internet, ainda não disseminadas (VAZ, 2005, p.3).

Outras ações municipais podem ser divulgadas e estimuladas em atuações de


processos interativos, como os orçamentos participativos, consultas e audiências
públicas, lembrando que o espaço virtual não substitui outras formas de interação de
cidadão e governo, sendo os meios eletrônicos um canal a mais nesse
relacionamento (VAZ, 2005).

Na visão de Souza (2006), a implementação do espaço virtual de participação


cidadã, como qualquer novo sistema, gera indivíduos excluídos desses meios. "[...]
Não possuir acesso à Internet poderia significar, bem diversamente, a
impossibilidade de se exercer um direito político básico" (SOUZA, 2006, p. 451).
Outro aspecto abordado por Souza (2006), é que o comodismo, falta de tempo e
insegurança pública, leva os indivíduos a aderir ao ciberespaço3, mas esse meio
seria um aditivo para o esvaziamento dos espaços públicos, tão importante na vida
coletiva.

Souza (2006) aponta que a aplicação de meios eletrônicos como ferramenta de


participação popular serve de aperfeiçoamento participativo das gestões

3
[...] espaço de comunicação aberto pela interconexão global de computadores [...] (LÉVY, 200,p.64)
42

representativas, abrindo espaço para, no máximo, aspectos consultivos. O uso da


Internet tem sido aplicado em várias prefeituras brasileiras como Belo Horizonte/MG,
Ipatinga/MG e Porto Alegre/RS. Em Porto Alegre a participação popular pela internet
serve como um apoio, no qual indivíduos sugerem demandas para uma região,
temáticas ou ambas as coisas. Essas sugestões são levadas às reuniões e
examinadas pelos delegados, não substituindo as decisões presenciais (SOUZA,
2006).

O Brasil possui em seu histórico experiências mistas de gestão entre governo e


população, conforme abordado anteriormente. Atualmente a junção de democracia
representativa e direta tem ocupado o cenário dos governos brasileiros; "[...] tentam-
se corrigir distorções e problemas do sistema representativo mediante a injeção de
uma dose de democracia direta [...]" (SOUZA, 2010, p. 325), tais como os
orçamentos participativos, os novos planos diretores, os planos de habitação de
interesse social, dentre outros.

Na elaboração dos Planos Diretores na década de 1980, os movimentos populares


receberam grande incentivo de participação com a abertura pública. Isso resultou
num processo em que os planejadores urbanos buscavam incluir a participação
popular na formação de planos diretores, com essa participação assumindo caráter
complementar aos diagnósticos levantados pelos técnicos. "[...] Logo ficou claro que
essa consulta era mera formalidade que em nada democratizava nem politizava o
planejamento [...]" (VILLAÇA, 2012, p.174).

Para Villaça (2012, p.176),


A entrada em cena dos Planos Diretores, no espaço que deveria ser da
Reforma Urbana, acabou tendo grande influência na definição, tanto da
pauta dos debates em torno da questão como dos interlocutores desse
mesmo debate. Assim, por exemplo, ao segmento técnico, particularmente
aos "urbanistas", foi aberto um amplo espaço, já que teoricamente eles
deteriam o "saber-fazer" do planejamento urbano. Seriam os entendidos no
assunto, os que saberiam como deveria ser feito um Plano Urbanístico, os
que dominariam o jargão e possuiriam a receita das "exigências
fundamentais de ordenação da cidade" requeridas pelo Plano.

Vale abordar que para os movimentos populares, as principais reivindicações


giravam em torno de moradias, assim como para entidades de representação e
assessorias ligadas as questões urbanas. Entretanto as discussões em torno da
43

elaboração de planos diretores ficaram distante dos anseios do Movimento pela


Reforma Urbana, uma vez que a, ferramenta, Função Social da Propriedade que é
o interesse público na utilização e aproveitamento de terrenos ociosos aos anseios
sociais, encontra barreiras para ser aplicado. A emenda da Constituinte que trata
dos terrenos vazios inserida nos Planos Diretores impossibilitou que os governos
municipais atuassem diretamente, já que a implementação dessa ferramenta de
atuação que trabalha em cima das áreas guardadas especulativamente por seus
proprietários, precisam antes estar inseridos no Plano Diretor (VILLAÇA, 2012).

A incorporação do Plano Diretor como obrigatoriedade para cidades com mais de 20


mil habitantes, na Constituição Federal de 1988, distanciou os movimentos
populares dos debates relacionados à gestão pública, já que essa ferramenta de
gestão nunca esteve no roteiros dos movimentos pela reforma urbana. Os planos
gerados nas décadas de 1970 e 1980, na maior parte, "[...] consistiam em um
documento de princípios, objetivos e diretrizes gerais que, necessariamente,
dependeriam de leis complementares para serem aplicados, nem mesmo com o
Plano Diretor estava completada a via crucis burocrática [...]" (VILLAÇA, 2012,
p.177).

Em 2005, ações de pressão do movimento pela Reforma Urbana fizeram com que o
Ministério das Cidades promovesse Planos Diretores Municipais participativos,
abrindo espaço para a democratização das políticas de desenvolvimento urbano e
promovendo uma discussão pública das questões urbanas.

Burnett (2009, apud MARICATTO, 2011, p.159), analisando o conteúdo dos novos
Planos Diretores Participativos, aponta:

[...] uma pesquisa mais recente qualitativa sobre o teor de tais legislações,
apoiada pelo Ministério das Cidades e sob coordenação do Fórum Nacional
de Reforma Urbana [...] parece demonstrar que a maioria, senão a
totalidade dos planos diretores aprovados é peça discursiva, de conteúdo
genérico e sem aplicabilidade no que se refere aos instrumentos de
interesse popular.

Nos Planos Diretores tanto os problemas quanto as prioridades devem ser tratados
como questões políticas e não técnicas, devendo fazer parte das plataformas dos
movimentos populares e dos partidos políticos. "[...] O diagnóstico técnico servirá,
44

isto sim, e sempre a posteriori (ao contrário do tradicional), para dimensionar,


escalonar, fundamentar ou viabilizar as propostas que são políticas, e nunca para
revelar os problemas" (VILLAÇA, 2012, p.195).

A formulação e articulação da participação popular no desenvolvimento urbano vem


sendo cobrada dos governos de diferentes formas, no sentido de que os
representantes da população tenham condições de abarcar o conjunto de
necessidades de interesse coletivo.

Deve-se atentar para a importância ao ato de dar atenção aos anseios da população
e envolvê-los nas tomadas de decisões, pois o sistema vigente é estruturalmente
viciado. Simples correções e adequações não são suficientes para mudanças das
estruturas representativas, pois medidas mais radicais no sentido de uma maior
democratização das decisões devem ser realizadas de maneira mais determinada e
consistente. A participação popular deve ocorrer de maneira espontânea por parte
da população e precisa ter caráter político-pedagógico para, acima das eventuais
melhorias materiais infra-urbanas, promover uma prática política e inteirar de uma
consciência de direitos. Com isso, "[...] mesmo um eventual término ou declínio da
experiência participativa não impedirá que se herdem úteis ensinamentos e que a
lembrança da trajetória e dos acertos permaneça como referência positiva na
memória das lutas populares" (SOUZA, 2006, p.186).

Para Souza (2006, p. 194),

[...] o que resta como limite para a participação é a introdução de elementos


de democracia direta que, se feita com arrojo e em circunstâncias muito
favoráveis, pode concretizar-se como uma consistente 'cogestão' do Estado
e da sociedade civil, e até mesmo, aqui e ali, uma delegação de poder do
primeiro para a segunda. Uma autêntica autogestão não será sequer
cogitada, e 'participar' significará, para os cidadãos, tomar parte,
diretamente, de processos decisórios, mais ou menos claramente sob a
supervisão (e, em última instância, sob a tutela) do aparelho de Estado [...].

Esse posicionamento radical de Souza (2006) vai de encontro aos novos


mecanismos de participação popular promovidos pelo governo federal – como os
orçamentos participativos, planos locais de habitação de interesse social, planos
setoriais e planos diretores participativos - que estão introduzidos atualmente nas
gestões municipais. Já é certo que, visto as exigências dos movimentos populares
45

em cima de ações governamentais, os governos tem se mobilizado a incluir o


pensamento coletivo em suas intervenções urbanas, mesmo que de forma mais
consultiva do que deliberativa, não devendo ser analisado apenas como uma
articulação administrativa.

Conforme aponta Maricato (2006, p. 215),

As inúmeras propostas de política urbana que não saíram do papel após


1985 e a pouca eficácia que teve a política autoritária do regime militar
reforçam a convicção de que apenas uma formulação que resulte de um
pacto social e um pacto federativo teria a durabilidade, a legitimidade e a
eficácia para as transformações pretendidas [...].

Para Caccia (2001, p. 21-22),

Muitos avaliam estas experiências de cogestão como um fracasso. Segundo


essa visão o povo não sabe atuar nesses espaços, não está preparado, os
conselhos viram espaços de cooptação, em todos os casos os governos
não lhes reconhecem ou atribuem poderes de decisão. Esse é um
pensamento ingênuo. Espera-se, como num passe de mágica, que aqueles
que nunca decidiram passem de imediato a disputar com sucesso, em pé
de igualdade, com os representantes governamentais.

Os novos planos de governos municipais, a correlação entre governo e sociedade


civil nos conselhos municipais, elege centenas de conselheiros e conselheiros, que
atuam nesses espaços em conjunto, representando as massas das quais são
oriundos. O fato de reunir dezenas de milhares de pessoas que se sentem
comprometidos com o interesse público, discutindo e exercitando o aprendizado
democrático, pode ser entendido como a afirmação de um reconhecimento legal,
uma nova forma de participação; "[...] trata-se de reconhecer que a pressão da
sociedade vem promovendo uma reforma de Estado de baixo para cima e tem
criado novas institucionalidades [...]" (CACCIA, 2001, p.27).

Observa-se que,

[...] não obstante o papel fundamental que os movimentos sociais populares


vêm desempenhando na abertura e consolidação de espaços de
participação e representação dos interesses populares junto ao Estado,
ressurgem práticas políticas específicas, iniciadas muitas vezes por grupos
políticos conservadores que estão na direção de governos municipais,
baseados na cooptação, no personalismo e na tentativa de manipulação
daqueles próprios movimentos. Certamente os interesses estratégicos
desses grupos referem-se à reprodução do seu domínio e à obstaculização
da construção da autonomia política das classes populares (LENARDÃO,
1997, p. 45).
46

Lenardão (1997) chega a uma conclusão de que esses espaços de cooptação na


realidade não são um fenômeno que esteja de volta, tendo sempre estado presente
no cotidiano de gestores municipais. Em sua modalidade de atuação está o fato de o
clientelismo se manifestar como um sistema de lealdade estruturado em torno da
troca de favores, distribuição e recompensas materiais. Ainda segundo Lenardão
(1997, p. 47) “[...] cooptando, lideranças para participarem da rede de influência e de
clientela instalada na Cidade, implica por sua vez a ‘eliminação’ de lideranças
alternativas [...]”.

Outros obstáculos na efetivação de uma real democracia participativa, conforme


Abers (1997, apud SOUZA, 2010), estariam na problemática da implementação,
uma situação decorrente dos boicotes patronais; na falta de recursos devido à má
aplicação e gerenciamento das verbas públicas; na corrupção de gestões anteriores,
assim como na objeção das equipes técnicas em colaborar com os processos de
participação popular. Nesse caso, a resolução desse problema está ligado mais a
questões políticas do que à mobilização de conhecimentos técnicos.

Abers (1997, apud SOUZA, 2010), além disso, cita mais um obstáculo no campo da
participação popular, o qual seria a problemática da desigualdade, ligada à
dificuldade de participação voluntária da população em ações participativas, devido
principalmente às condições de vida da classe mais pobre. Esta, em geral, dispõe de
pouco tempo, de escassos recursos para se locomover e de uma pequena
capacidade na articulação de suas necessidades, se comparados com a classe
média. Cabe ao Estado articular situações que onerem em parte ou totalidade os
custos dos cidadãos mais carentes, buscando inseri-los no contexto das atividades
participativas das gestões municipais. Mecanismos também podem ser criados a fim
de minimizar o desinteresse da população em mobilizações participativas, buscando
levantar a autoestima dos cidadãos, bem como ajudá-los na articulação de suas
problemáticas de forma descontraída, utilizando metodologias abordadas no próximo
capítulo.
47

Na visão de Caccia (2001, p. 39), uma real democracia será decorrente,

[...] de tempo e de financiamento, será necessário prever recursos e


oferecê-los aos cidadãos investidos de representação nos espaços públicos
onde se decide a gestão municipal e as políticas públicas. Trata-se de criar
uma indenização cívica ou uma remuneração de cidadania para a
democracia participativa, da mesma forma como se criou a indenização
parlamentar para viabilizar a democracia representativa. Com isso se
garante que a democracia não seja apenas reservada àqueles que
possuem tempo, dinheiro, conhecimento e relações que o habilitem para
tanto.

Ações de insatisfações populares têm gerado nos últimos tempos manifestações


públicas, onde a exigência por uma democratização da gestão busca defender as
organizações ainda chamadas de democráticas, consideradas por muitos como uma
grande conquista. Caccia (2013) aborda que se essas instituições tidas como
democráticas não renovarem suas representações e suas agendas, determinando
novas regras de funcionamento, tornar-se-ão um limite no diálogo e negociação com
a sociedade.

Na visão de Caccia (2013) para as questões urbanas, não se tem uma solução
pontual, sabe-se apenas que as transformações das cidades sempre partem de
territórios, de ações que surgem localmente.
48

4 METODOLOGIAS DE PARTICIPAÇÃO POPULAR

A participação da sociedade em assuntos coletivos atualmente se baseia não mais


em aceitação passiva das condições impostas por grupos, mas na manifestação
ativa em sua construção, realizadas através de tomadas de decisões, bem como nas
atividades sociais (BORDENAVE,1987).

Para Bordenave (1987), a participação não deve ser vista como instrumento de
resolução de problemas, mas como uma necessidade fundamental do ser humano,
visto que, "[...] se procurarmos a motivação dos participantes de uma atividade
comunitária qualquer, notaremos neles uma satisfação pessoal e íntima que com
frequência vai muito além dos resultados úteis de sua participação" (BORDENAVE,
1987, p. 15-16).

Cordioli (2001, apud RIGITANO, 2008, p.45) cita que

[...] participar vai muito além de estar presente. Participar significa tomar
parte no processo, emitir opinião, concordar/discordar. Em um processo
participativo, deve ocorrer o respeito as ideias de todos, sendo que todas as
contribuições devem ser valorizadas e voluntárias. Deverá haver um
envolvimento individual e permanente, considerando que a participação é
indivisível, devendo ocorrer em todo processo. A participação é um
processo, requer treino e, fundamentalmente, mudança de comportamento
e de atitude. Deverá haver atitudes e posturas adequadas, com muita
transparência e total acesso a todas as informações".

De acordo no Sanoff (1999), a participação popular em questões coletivas impõe


responsabilidades e exigências aos participantes. Por mais que o envolvimento
voluntário na promoção de projetos comunitários seja organizado, as complexidades
técnicas indicarão a necessidade de se fazer uso do auxílio profissional para
resolver os problemas de ordem urbana.

Com a instituição da Lei Federal 10.257/2001, que regulamentou os artigos 182 e


183 da Constituição Federal, novos desafios passaram a compor as administrações
municipais, como a obrigatoriedade de participação popular na elaboração de planos
diretores e na gestão urbana.

As mobilizações participativas presentes no cenário urbano, desde o período da


ditadura, trouxeram resultados satisfatórios nas gestões públicas. Experiências
49

brasileiras de cogestão demonstraram que o envolvimento da população em ações


participativas gera um comprometimento e pertencimento local.

Entendendo que uma participação ativa da população em decisões coletivas deve


ser considerada como uma possibilidade do cidadão de tomar parte, discutir,
concorda/discordar, a fim de traçar soluções que farão parte do seu convívio em
comunidade, vários métodos e processos podem ser utilizados na elaboração de
resultados participativos (RIGITANO, 2008).

A participação funciona se os envolvidos no processo tiverem a sensação de


realização. Cabe ao profissional habilitado promover medidas que capacitem à
população na tomada de decisões, de modo que esse profissional se tornara o
facilitador das situações a serem promovidas num evento participativo. O facilitador
também será o responsável por fazer com que todos estejam incluídos nos
acontecimentos, e que as opiniões de todos sejam consideradas.

Ainda segundo Sanoff (1999), bons resultados serão colhidos se a tomada de


decisões dos grupos influenciarem nos resultados das decisões.

Visto que "[...] a participação da comunidade é um conceito complexo, que exige


muita reflexão para preparar um programa de participação efetiva" (SANOFF, 1999,
p.47, tradução nossa), existem vários métodos e técnicas disponíveis com
abordagem e envolvimento diferentes, que podem ser utilizadas de acordo com o
grau de participação que pretende obter, bem como o número de pessoas a serem
envolvidas, dentre outros.

Para Brose (2010, p.10), quando se trabalha com foco na participação popular, os
métodos e técnicas são apenas instrumentos. "[...] Os instrumentos participativos
tem como função principal ajudar a estruturar as disputas sobre poder entre atores
sociais, torná-las mais transparentes e, dessa forma, contribuir para uma distribuição
mais equitativa de poder".

De acordo com Bordenave (1987), é necessário ter muita atenção na escolha de


qual ou quais instrumentos utilizar nas operações participativas, pois, quem define o
instrumento a ser aplicado, é quem exerce o controle sobre o processo,
50

independentemente de que seja outra pessoa quem controla as decisões


estratégicas ou políticas do mesmo.

Segundo Sanoff (1999, p. 67, tradução nossa),

Algumas destas técnicas tem se tornado métodos padronizados utilizados


do grupo de técnicas de tomada de decisão em oficinas interativas. Ao
mesmo tempo, as técnicas de campo, tais como questionários, entrevistas,
grupos focais, e mapeamento de grupo, tem sido utilizados eficazmente por
designer e planejadores para informações [...].

Sanoff (1999, p. 68, tradução nossa) aponta que, para que um trabalho comunitário
seja eficaz, é necessário a utilização de um conjunto de técnicas que visam integrar
profissionais e leigos , fazendo com que todos contribuam de forma criativa. "[...] Os
métodos são classificadas em cinco categorias principais: métodos de
conscientização, métodos indiretos, métodos de interação de grupo, métodos
abertos, e os métodos de debate".

O método de conscientização consiste em expor assuntos relacionados aos


problemas da comunidade, para que as pessoas sejam capazes de decidir ou não
em participarem do trabalho. Um meio de estimular essa participação em atividades
comunitárias seria a criação de exposições em shoppings ou feiras livres. Boletins
informativos também são eficazes em despertar o interesse para tomadas de
decisões. Outro mecanismo que faz parte do método de conscientização são os
passeios a pé, onde os participantes tomam ciência das condições e impressões
locais, sendo uma introdução as técnicas participativas (SANOFF, 1999).

Método indireto constitui na elaboração de questionários, de onde se tenta recolher


informações, opiniões, comportamentos, atitudes, de um percentual da população
local, essa abordagem quantifica resultados rápidos, que não podem ser colhidos de
outra forma (SANOFF, 1999).

No método de interação de grupo, se caracteriza pela interação face a face dos


participantes, é a mobilização de grupos de pessoas em torno de um mesmo
assunto em oficinas específicas, podem ser realizadas com grupos focais4 e

4
Consistem geralmente de seis a dez pessoas cuidadosamente selecionadas com um facilitador, que
orienta a discussão de questões relevantes (SANOFF, 1999, tradução nossa).
51

workshops com duração de vários dias. É uma abordagem prática em que


profissionais e cidadãos trabalham em conjunto (SANOFF, 1999).

O método aberto refere-se às reuniões de comunidade na forma de audiências


públicas e fóruns públicos. Nessas reuniões não há espaço para discussão, onde as
reações dos participantes são definidas por votação, onde as pessoas apenas
levantam os braços (SANOFF, 1999).

Já o método de debate, baseia-se na geração de ideias criativas para resolução de


problemas como o brainstorming5, além do brainwriting para grupos maiores de 12
pessoas (SANOFF, 1999).

Das técnicas de aplicabilidade em ações participativas na área de planejamento


urbano, inúmeras são as opções que servem de suporte para a definição das ações
que se pretende atingir. Sanoff (1999); Brose (2010); Rigitano (2008) e Cordioli
(2001) elencam uma vasta gama de instrumentos, podendo ser escolhida de acordo
com o público que se pretende atingir, grau de cogestão e autogestão, número de
atores a ser envolvidos e os propósitos a ser atingidos. Dentre eles estão:

 Moderação;
 Enfoque Participativo no Trabalho com Grupos;
 Diagnóstico Rápido Participativo
 Oficina do Futuro com Metodologia de Planejamento e Avaliação de Projetos
de Desenvolvimento Local;
 Método dos 10 Passos;
 O Planejamento Estratégico Situacional e Participativo;
 Onze Passos do Planejamento Estratégico-Participativo;
 O Método ZOPP para Planejamento e Gestão de Projetos;
 Diagnóstico Participativo de Vantagens Competitivas;
 Método de Autodiagnóstico das Potencialidades Municipais e Planejamento
de Ação (MAMPLA);
 Método Bauru;

5
Um método de resolução de problemas verbal usado com pequenos grupos de 3 a 9 pessoas, com
as seguintes regras: gerar muitas soluções possíveis, incentivar ideias malucas e nenhuma crítica é
permitida (SANOFF, 1999, tradução nossa).
52

 Biomapas Comunitários;
 Plano de Ação;
 Busca Futura;
 Visualização Guiada;
 Imagine;
 Modelo de Sustentabilidade Local;
 Planejamento para a Realidade;
 Mesa Redonda;
 Cenários;
 Modelo Colaborativo;
 Charrette;
 Células de Planejamento;
 Visionamento;
 Técnicas de Brainstorming verbal e escrita;
 Jogos de Participação;
 Dentre outros.

Das metodologias elencadas acima, foram selecionadas quatro delas: Jogos de


Participação; Diagnóstico Rápido Participativo; Modelo Colaborativo e Enfoque
Participativo no Trabalho com Grupos. Esses métodos possuem ferramentas de
aplicabilidade para a área de pesquisa, o bairro Ilha das Flores, Município de Vila
Velha/ES, com características de abordagem diferentes. Todos eles tem como foco
o levantamento de informações relacionadas ao desenvolvimento urbano, além de
possíveis ações para resolução desse diagnóstico, promovendo com isso uma
leitura comunitária.

4.1 JOGOS DE PARTICIPAÇÃO

Conforme Sanoff (1999), essa técnica se traduz em um processo de aprendizagem


onde o participante usa jogos que tentam incorporar as situações reais da região.
Essa simulação de uma situação real induz ao participante agir em situações
53

problemáticas e interagir em atividade comunitária. Os jogos participativos apontam


para resolução de problemas relacionados a situações do cotidiano dos moradores,
de modo que as características essenciais do problema ficam abertas a análises.

Jogos usados para o ensino nas comunidades produzem resultados tais


como a aprendizagem de princípios, processos, estruturas e inter-relações,
empatia e compreensão para situações difíceis, pressões e problemas do
mundo real apresentados pelos atores, e um forte senso de eficácia
(SANOFF, 1999, p.76, tradução nossa).

Esse processo também possibilita o envolvimento direto de moradores de uma


comunidade em um processo de decisão organizado, na criação de um plano de
ação e em um aprendizado sobre as diferenças de valores uns dos outros. Questões
específicas devem ser os norteadores dessa técnica.

A figura de um facilitador se faz necessária para assegurar que todos os


colaboradores contribuem ao máximo com suas habilidades. O profissional não é
apenas um facilitador nesse processo, mas também um especialista técnico, que faz
recomendações e desenvolve as documentações necessárias. O processo do jogo é
aberto a leigos, fazendo com que haja um sistema de comunicação limpa e
entendível. Para elaboração de um jogo, deve se levar em conta as seguintes
considerações (SANOFF, 1999, p.79, tradução nossa):

 Definir a área do problema a ser simulado;


 Definir o objetivo e o escopo da simulação;
 Identificar as pessoas e organizações envolvidas;
 Definir os motivos e propósitos dos participantes;
 Identificar os recursos disponíveis para os participantes;
 Determinar as transações a serem simuladas e as regras de decisão a ser
seguidas;
 Formular o método de avaliação.

Elaborado pelo Instituto Elos (acesso 30 out. 2013), o Jogo Oasis consiste numa
ferramenta de mobilização participativa para construção e realização de sonhos
coletivos.

Composto por tabuleiros, cartas, personagens, cartazes e dinâmicas, esse jogo tem
o propósito de promover a vivência e construção de um objetivo. Sua metodologia
está baseada em sete disciplinas, distribuída num tabuleiro em forma de jogo:
54

1. O Olhar: o percurso se inicia com atividade e abordagem de uma visão crítica


sobre o local e seu ambiente, valoriza a presença e o potencial de contribuição das
pessoas presentes;

2. O Afeto: nesse passo, se incentiva o estabelecimento de relações afetivas entre o


grupo, com experiências que fortalecem o trabalho em conjunto.

3. O Sonho: Criar um ambiente de relação para que as pessoas construam uma


imagem do que elas gostariam de realizar.

4. O Cuidado: Trata-se de planejar cuidadosamente as estratégias de alcance aos


anseios dos colaboradores, respondendo a pergunta de como caminhar juntos
cuidando de si, do outro e de um sonho coletivo ao mesmo tempo.

5. O Milagre: momento de ação do grupo, fortalecidos pelas habilidades e


qualidades de todos, abastecido de recursos existentes na comunidade, confiantes
pela afinidade que os unem, motivados pelos sonhos que os juntam.

6. A Celebração: etapa onde se comemora e reconhece as contribuições de cada


um nas conquistas coletivas.

7. A Re-Evolução: Momento de pensar no futuro, colher aprendizados e planejar


ações. A partir da determinação conjunta e autonomia de cada comunidade, se
direciona todos os esforços, com as parcerias conquistadas para materialização dos
sonhos (Figura 1).

Figura 1 – Oasis Training Brasilândia


Fonte: Instituto Elos
55

4.2 DIAGNÓSTICO RÁPIDO PARTICIPATIVO

Essa técnica descrita em Brose (2010) desempenha ação de levantamento de


informações e análise da situação existente, com a finalidade de identificar os
principais problemas e potencialidades locais, bem como características físicas de
uma comunidade, com perspectivas de cogestão entre comunidade e poder público.

Dentre os pontos de sustentação desse instrumento estão (BROSE, 2010):

 Envolver os moradores locais, melhorando sua participação e capacidade de


atuar em comunidade;
 Incorporar o saber popular para compreender seus problemas e soluções;
 Apurar os problemas, potencialidades e soluções, a partir de vários pontos de
vista;
 Formar grupos de pessoas com experiência profissional e de vida diferente;
 Executar atividades junto da comunidade envolvida.

As ferramentas utilizadas nessa metodologia são:

 Histórias, retratos, citações – trata-se de registrar as histórias ocorridas no


local, podendo incluir citações populares para ilustrar situações;
 Verificação de dados secundários – levantamento de dados demográficos,
censo, fotografias, dentre outros;
 Observação direta – registro dos eventos que ocorre no local, mapeamento
dos usos e ocupação do solo, tais dados devem ser elaborados em forma de
mapas;
 Entrevistas semiestruturadas – formular questões predeterminadas,
entrevistar moradores ou “informantes-chave” como professores, lideranças
comunitárias, e outros;
 Mapas e perfis transversais - registros esquemáticos do local, relação de
equipamentos e serviços existentes;
 Caminhada com registro fotográfico – fazer registros fotográficos, para
obtenção de informações como ótica alternativa;
 Perfis Históricos – traçar os condicionantes de evolução local, identificar as
limitações e potencialidades do local;
56

 Confecção de Maquete – buscar fazer uma maquete da área inteira ou de


alguns setores, facilitando percepção espacial do local;
 Oficinas e reuniões de trabalho – reuniões de trabalho, onde os atores
discutem os problemas e potencialidades local.

O objetivo das reuniões, dentre outros, é sistematizar informações coletadas, discutir


e hierarquizar os problemas diagnosticados, bem como a identificar as
potencialidades e soluções para os problemas coletados.

Através do uso de tarjetas de papel, busca deixar sempre a mostra a


problematização desenvolvida pelo grupo. Da mesma forma, propõe a elaboração
de um relatório final sistematizando informações, discussões e conclusões, para
visualização dos registros e revisão dos resultados (BROSE, 2010).

4.3 ENFOQUE PARTICIPATIVO NO TRABALHO COM GRUPOS

De acordo com Cordioli (2001), essa ferramenta pode ser vista como um meio
organizado para processos de grupos mobilizando seus potenciais, além de fornecer
instrumentos para melhorar suas ações coletivas. Os princípios básicos do Enfoque
Participativo constituem-se no diálogo ativo, na problematização e na condução
compartilhada do processo.

Dentre os instrumentos que auxiliam a participação popular, conforme Cordioli


(2001), destacam-se os seguintes:

O Moderador – indivíduo que catalisa as ideias, não interferindo diretamente nas


discussões, sendo apenas o responsável por facilitar o processo metodológico de
elaboração coletiva.

O moderador atua como uma espécie de “terapeuta” que auxilia


metodologicamente o grupo orienta e sintetiza objetivos, debates, propostas
e decisões. A sua principal tarefa recai em orientar o processo a ser
desenvolvido pelo grupo; evitar a interferência no conteúdo das discussões.
Cabe a ele criar um ambiente propício que estimule o debate e intercâmbio
de experiências entre os diversos membros do grupo, evitando a dominação
de alguns sobre os demais.
Ele também deve observar identificar e acompanhar as reações e
interesses dos participantes, disponibilizando técnicas e instrumentos que
57

estimulem e facilitem o debate horizontal, assegurando que todos possam


se manifestar e que as ideias sejam registradas (CORDIOLI, 2001, p.61-62).

O moderador deve impulsionar o trabalho, montar os pequenos grupos de atividades


e as sessões plenárias, dividir as tarefas e papéis entre os participantes, pensa no
arranjo que melhor se adapta no desenvolvimento grupal, provocando com
perguntas que oriente o debate e reflexão das questões a ser abordadas.

A Visualização Móvel – meio de registrar visualmente as ideais sem discriminar


nenhuma, estando acessíveis a todos,

[...] consiste em tornar visível um debate, a apresentação de um tema, etc.,


e é móvel por permitir o ordenamento das ideias, com extrema flexibilidade,
possibilitando várias opções de disposição.
A visualização móvel é um sistema de comunicação baseado no uso de
tarjetas, nome dado aos pequenos pedaços de cartolina (tarjetas / cartões),
onde são registradas as informações [...] (CORDIOLI, 2001,p.83).

Segundo o autor o mecanismo de tarjeta facilita a comunicação, aumenta a


absorção das ideias, estimula a objetividade, reduz a repetição dos debates, dá
credibilidade ao processo, permite a expressão anônima das pessoas mais tímidas.
“Elas foram desenvolvidas visando garantir a sua leitura até uma distância de
aproximadamente 8 a 10 metros, especialmente para grupos de 20 a 30 pessoas”
(CORDIOLI, 2000, p.90).

No geral trabalha-se com quatro cores (branco, amarelo, laranja e verde), sempre
em cores claras que valorize a escrita. A tarjeta de cor azul ou verde pode indicar
um aspecto positivo, as potencialidades, os recursos; a cor amarela pode indicar
área que necessite de atenção; a cor laranja, rosa ou vermelho poderá indicar um
problema ou situação a melhorar. O essencial é que se tenha uma lógica no seu uso
e que seja entendida por todos os participantes.

Os formatos das tarjetas também são diferenciados para poder indicar uma
coerência na apresentação e registro das informações. As tarjetas possuem a forma
de nuvem, oval, retangular, circular, sextavada e tiras. Os usos são definidos da
seguinte maneira: retangulares (10,5 x 21,5 cm) para registrar contribuição/
informação precisa; tiras (10,5 x 55 cm) apropriadas para os títulos, frases,
comentários, resumos ou propostas; ovais (10,5 x 14 cm) são utilizadas para coleta
de ideias; circulares (diâmetro de 10, 14 ou 21 cm) são adequadas para títulos ou
58

destacar algum aspecto relevante, também para números, nomes ou uso com
desenhos; núvens podem ser de tamanhos variados e também são apropriadas para
títulos e as sextavadas podem dar destaque a algum tema (Figura 2).

Figura 2 – Formato de Tarjetas


Fonte: CORDIOLI (2001,p. 91)

A Problematização – mecanismo adotado para evitar a dominação e despertar o


intercâmbio de ideias entre os participantes. Aplicado em forma de perguntas, onde
o moderador deve procurar buscar reflexões sobre o tema que se está sendo
abordado; formular perguntas que sejam compreendidas com facilidade; despertar a
curiosidade do grupo; nunca se dirigir exclusivamente a uma determinada pessoa ou
grupo de pessoas.

O Trabalho em Grupo – adotado para melhorar a comunicação, bem como


assegurar um momento de criação na geração de ideias, que podem se tornar um
ponto de partida para a problematização. A ferramenta mais usual para essa etapa é
o Brainstoming ou chuva de ideias, o qual serve para coletar e ordenar as ideias,
opiniões, propostas, com relação a determinado tema, essa coleta de ideias pode
ocorrer com procedimento indutivo; procedimento dedutivo; com categoria
preestabelecida; procedimento associativo; procedimento sequencial; procedimento
de visualização simultânea e procedimento utilizando-se quadro negro ou branco,
flipchart, retroprojetor ou cartolina.
59

As Sessões plenárias – utilizadas para aperfeiçoar e aprimorar as ideias geradas


nos grupos. São os momentos de humanização dos resultados, das tomadas de
decisões e de se estabelecer uma responsabilidade pelos resultados concebidos.

O Debate Ativo – visa ocasionar continuamente o debate entre os participantes,


exatamente por ser ele a base do método participativo, bem como assegurar a todos
os mesmos direitos e tratamento.

A Condução Compartilhada – é o recurso que permite que os atores determinem o


processo a ser desenvolvido, bem como torná-los cúmplices dos resultados obtidos.

4.4 MODELO COLABORATIVO

Desenvolvido em Curitiba /PR, trata-se de uma técnica que busca envolver os


órgãos públicos, iniciativa privada e sociedade civil na elaboração de soluções dos
problemas sociais das comunidades.

Inicialmente é necessário delegar duas funções distintas para deflagrar e coordenar


o trabalho colaborativo, a fim de preservar os princípios e valores das ações
implementadas (CURITIBA, 2002).

Os cargos que necessários em cada etapa do trabalho colaborativo são:

• Articuladores: são aqueles que decidem, em conjunto, mobilizar a


comunidade para se envolver no processo do Modelo Colaborativo; são
pessoas que, por suas qualidades pessoais e também pela importância das
entidades que representam, têm capacidade de convidar as demais
entidades locais e pessoas que sejam importantes nesse processo.
• Facilitadores: são aqueles que coordenam as reuniões, que sabem como
dinamizar o grupo e valorizar e envolver as pessoas numa discussão que
vise o trabalho conjunto (CURITIBA, 2002, p.21).

Curitiba (2002) lista os passos a serem tomados na aplicação do Modelo


Colaborativo, não sendo necessária a aplicabilidade sequencialmente.

Uma boa imagem para entender o que propomos é tomar esses passos
como se fossem de uma dança. Numa dança, há uma sequência quase
natural dos passos que é definida pelo ritmo da música. Neste caso, a
música que o Modelo Colaborativo propõe a todas as comunidades é o
desenvolvimento social, mas o ritmo dessa maneira de se organizar é
60

própria e específica de cada comunidade. Basta que estejamos atentos


para compreender esse ritmo e se deliciar com a dança, trabalhando com o
passo certo no momento certo (CURITIBA, 2002, p.23).

Os passos para construção do modelo colaborativo segundo Curitiba (2002) são


descritos da seguinte forma:

1º Passo - Reunir pessoas

 Inicialmente precisamos identificar as pessoas-chave do local, aquelas cuja


presença é muito importante. São aquelas pessoas que podem de alguma
maneira agregar recursos ao trabalho, identificadas como lideranças
comunitárias e como pessoas que tem poder de influência sobre a
comunidade local;
 Efetuar contatos pessoais expondo as reais razões do trabalho;
 Elaborar convites contendo o horário, dia, local, duração e os motivos da
reunião;
 Preparar a infraestrutura da reunião: local, alimentação, transporte para quem
precisa, atendimento às crianças;
 Realizar as reuniões dentro da comunidade, facilitando o acesso das
pessoas, aumentando as possibilidades de participação;
 Conhecer e aproveitar a rede de relacionamentos sociais existente na
comunidade;
 Pensar em horário mais conveniente para a maioria das pessoas;
 Pensar numa recepção acolhedora com uso de dinâmicas de grupo que
promova uma integração do grupo envolvido, conforme sugestão (ANEXO A);
 Realizar encontros dinâmicos, para que as pessoas tenham vontade de
voltar;
 Definir um grupo de coordenação, composto por alguns participantes do
grupo, que coordenem os trabalhos e que seja a ligação entre as pessoas e
as diversas instituições que compõem o grupo de colaboração, tendo que
estar atenta as novas oportunidades de colaboração, bem como resgatar e
identificar os pontos falhos, promover intercâmbios e envolver as pessoas
para manter espírito de união e participação entre os colaboradores;
61

 Escolher um facilitador para coordenar cada grupo, tendo que ser uma
pessoa que saiba mobilizar e estimular as pessoas para discutirem os
problemas, encontrarem as soluções e participarem das ações definidas pelo
grupo. O entusiasmo, a dedicação e a organização do facilitador serão muito
importantes para manter o grupo unido;
 Antes do término da reunião, fazer revisões nas decisões, definir as tarefas e
marcar a próxima reunião;

2º Passo - Confirmar a visão

Buscar transcrever como as pessoas sonham com uma situação melhor para si e
para sua comunidade local. Esse sonho é a visão que elas têm do futuro, é a partir
do sonho de cada um que poderemos definir um sonho comum a todos.

Para isso pode ser utilizada a Dinâmica do Sonho (ANEXO B). Segundo Curitiba
(2002, p.31), esta dinâmica ajuda as pessoas a criarem um projeto comum para a
comunidade, "[...] tendo em conta que o sonho de cada um e o sonho de todos é
importante na construção da 'comunidade que queremos'".

3º Passo - Conquistar a confiança

Os colaboradores das reuniões necessitam sentir que suas ideias são importantes,
que podem dar opiniões sem medo de represálias e que o grupo é um lugar seguro
para discussão de propostas.

Deve-se pensar em ações que mantenham as pessoas num ambiente de confiança,


desenvolvendo nelas um comprometimento com propósitos, objetivos e abordagem
que visem a realização da meta em comum.

Para isso pode ser utilizada a dinâmica "Pêndulo" (ANEXO C).

4º Passo - Apoiar os integrantes

Isso se reflete não apenas num apoio individual e momentâneo, esse apoio deve
ser traduzido num comportamento do grupo. Para manter as pessoas envolvidas e
interessadas no trabalho elas precisam ser apoiadas com recursos, que venham
suprir sua permanência no processo, como alimentação e transporte. Também
devem ser valorizadas as conquistas, celebrar os sucessos obtidos nas atividades.
62

5º Passo - Solucionar conflitos

Buscar identificar de imediato e solucionar qualquer conflito que ocorra numa


reunião, pois essa situação causa desconfiança e desconforto a todos os
colaboradores envolvidos no processo, podendo provocar uma desintegração do
grupo.

Algumas situações são identificadas como fontes de conflito na


colaboração: pessoas que tenham outros interesses, baixa confiança, visão
e princípios não muito claros, falta de uma liderança definida pelo grupo e
disputa pelo poder. A questão do poder é muito importante e precisamos
prestar atenção para a necessidade de democratizá-lo sempre, para que
não seja a raiz de tanto conflito (CURITIBA, 2002, p.39).

Uma ferramenta que pode ser utilizada como resolução de conflitos, dentro do
Modelo Colaborativo, se chama "Modelo de Resolução de Problemas", ela consiste
numa sequência de quatro perguntas (CURITIBA, 2002, p.40):

1. O que se passa por aqui?

2. Por quê?

3. O que podemos fazer?

4. E se não funcionar?

6º Passo - Organizar a colaboração

Busca identificar o papel de cada um no grupo e os recursos disponíveis para a


elaboração das reuniões. Isso pode ser executado e elaborado pelo articulador ou
de um pequeno grupo de coordenação que se ocupe das seguintes tarefas:

 Observar novas oportunidades de participação;


 Resgatar sempre a visão, analisando pontos falhos da missão;
 Manter organizados os materiais de referência, avaliação e documentos;
 Propor reflexões e práticas sobre temas relacionados ao desenvolvimento
comunitário;
 Procurar sempre manter o espírito de união e partilha das propostas;
 Ser o elemento de ligação entre as pessoas e as instituições participantes;
63

 Quais os recursos existentes para realizar o trabalho;


 Qual forma de tomada de decisão será usada nas diversas situações: por
votação, por consenso, por consulta ou por delegação.

7º Passo - Criar um Plano de Ação

Delimitar o caminho que devemos percorrer a partir do objetivo de chegar a uma


situação desejada a partir da situação atual existente. Trata-se de um momento
essencialmente prático, que considera as seguintes questões:

 Definição de prioridades: mapear as potencialidades, recursos, listagem de


habilidades pessoais, buscando priorizar as ações e projetos a serem
desenvolvidos;
 Divisão de responsabilidades: envolver mais pessoas no processo, facilitando
o desenvolvimento do trabalho, aproveitando as habilidades existentes,
propondo um trabalho mais dinâmico e não sobrecarregando as lideranças;
 Prazos para cada ação: definir prazos para uma atividade, isso evita que ele
se torne algo interminável. Mantendo todos com foco nos objetivos;
 Flexibilidade: é necessário que o plano permita mudanças em suas
estratégias ao longo de sua realização, sem perder o foco da visão definida
pelos colaboradores;
 Resultados esperados: Definir indicadores que analisem os resultados
alcançados, sendo importantes no processo de avaliação e fundamentais
para a motivação dos participantes.

8º Passo - Avaliação Participativa

Procedimento de fazer perguntas, observar, receber as contribuições de outras


pessoas, examinar as respostar e decidir o que fazer.

Segundo Curitiba ( 2002, p. 51 - 52),

a) Definir o trabalho a ser realizado: os objetivos devem ser claros e


mensuráveis, possibilitando a identificação do que está indo bem e do que é
preciso mudar.

b) Construir os indicadores: definir um processo para identificar os


indicadores de sucesso. As ideias para esses indicadores devem ser
estabelecidas já na realização do plano de ação.
64

c) Coletar a informação: existem várias maneiras de coletar as informações


num processo de avaliação: questionário por escrito, entrevista pessoal ou
por telefone, grupo focalizado, folha onde cada um coloca sua reação,
observação do participante, diário do projeto, arquivos do programa,
questionário de antes e depois, entre outros. Devemos identificar, de acordo
com o grupo, a melhor e mais participativa maneira para obtermos as
informações necessárias.

d) Analisar e interpretar: analisar as informações coletadas, procurando


identificar o que foi aprendido, as recomendações e ações que precisam ser
corrigidas ou implementadas.

e) Utilizar os resultados: compartilhar os resultados continuamente, usar o


que foi aprendido para orientar as ações, segundo o que foi planejado.

Essa seleção de metodologias serviu de subsídio para a atuação no bairro Ilha das
Flores. Esses métodos demostram flexibilidade de execução, podendo ser
implementados entre si de acordo com o comportamento e envolvimento da
comunidade.
65

5 CARACTERIZAÇÃO DO BAIRRO ILHA DAS FLORES

Situado no município de Vila Velha/ES, o bairro Ilha das Flores recebeu esse
nome por conta da vasta flora que existia no local. Seu contexto de urbanização se
deu na década de 30, quando Julio Teixeira da Cruz, conhecido como Majestic por
conta do hotel que possuía na cidade de Vitória, parcelou a parte sul da ilha,
registrando o loteamento com o seu próprio nome na prefeitura municipal. Ainda na
década de 30 a família Majestic, assim conhecida, vendeu as terras da parte norte
do bairro para Basílio Costalonga, imigrante italiano que viera do sul do estado com
sua família para trabalhar com criação de gado leiteiro. Naquele período as casas
eram de estuque e cobertas de sapê e algumas de tijolinho. O comércio local era
composto por quitandas que atendiam às necessidades básicas da comunidade
(PAYSAN, 2007). Costalonga6 conta que na década de 70 seu pai resolve parcelar
em lotes parte da fazenda, de modo que eles mesmo vendiam os terreno. Após o
falecimento de seu pai, a família Costalonga resolve, na década de 90, lotear o
restante da fazenda, área conhecida atualmente como loteamento primavera, em
função da imobiliária que comercializava esses terrenos (informação verbal). Na
década de 80, atraídos por melhores condições de vida, imigrantes dos estados de
Minas Gerais e Bahia chegavam ao local em busca de trabalho na cata do “ferrinho”.
De acordo com Santos7 o subproduto de ferro gusa que era descartado pelo porto
de tubarão e despejado na parte sul do bairro serviu por muito tempo de sustento
para muitas famílias. A sobra desse material era utilizado para fazer os aterros do
manguezal (Figuras 3 e 4), surgindo dessa maneira as ocupações irregulares do
bairro. Mobilizados em caráter de mutirão, essas pessoas se organizavam para fazer
os aterramentos, aberturas de ruas, canalização dos dejetos até o rio e o
parcelamento desse aterramento (informação verbal). Lima8 relata que existia dois
pontos de cata do subproduto do ferro gusa, localizados a beira da maré,
desativados no ano de 2009 ( informação verbal).

6
Homero Costalonga, filho de Basílio Costalonga, nascido em 1935, ainda residente no bairro.
7
Waldecir Rocha dos Santos, líder comunitário de Ilha das Flores 2013 à 2017, morador do bairro
desde 1983.
8
Walterly Buarque de Lima, morador do bairro a mais de 40 anos.
66

Figura 3 - Ocupações as margens do rio Aribiri Figura 4 - Método de aterro feito pelos moradores
Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

Localizado no extremo norte do município, Ilha das Flores se confronta com os


bairros Paul, Vila Batista e Dom João Batista, além da baía de Vitória, como mostra
a figura 5.

BAÍA DE VITÓRIA

PAUL

Figura 5 - Mapa de Localização


Fonte: Geobases
67

O bairro abriga uma população de 5.889 habitantes de acordo com o censo do IBGE
de 2010. Essa população está distribuída da seguinte forma (Tabela 1):

Tabela 1- Densidade Populacional


60 anos
0–9 10 –17 18 –24 25-34 35 – 44 45 – 59
População ou mais
anos anos anos anos anos anos
Total de idade

5.889 717 1.197 625 1.022 795 980 553

Percentual 12,2% 20,4% 10,5% 17,4% 13,5% 16,7% 9,3%

Fonte: IBGE Censo 2010

O bairro possui um total de 1.856 domicílios conforme o censo do IBGE de 2010. Ao


fazermos um comparativo das situações de ocupações dessas residências em
relação ao município chegamos a seguinte dados (Tabela 2):

Tabela 2 - Característica Imobiliária dos Domicílios

Tipo de Ocupação Outras formas de


Próprio % Aluguel % Cedido %
/ Local Ocupação %

Bairro Ilha das 76,5 % 21 % 2,5 % 0


Flores

Município de Vila 70,3% 23,6% 5,9 % 0,2%


Velha

Fonte: IBGE Censo 2010

Percebe-se que, apesar da maioria dos domicílios serem de aquisição própria, o


bairro possui um déficit habitacional de 2,5%.

As tipologias construtivas das moradias são caracterizadas na sua maioria por


habitações em alvenaria, havendo padrões construtivos diferentes. As residências
da parte norte do bairro (Figuras 6 e 7) possui padrão construtivo melhor que as
moradias da parte sul do bairro, as quais são provenientes de parcelamentos
68

espontâneos em áreas de fragilidade ambiental, onde se concentra os


assentamentos subnormais, com tipologias de autoconstrução e ocorrência de
alagamentos e habitações precárias (Figuras 8 e 9).

Figura 6 - Padrão construtivo parte norte do bairro Figura 7 - Edificações parte norte do bairro
Fonte: Google Earth, 2012 Fonte: Google Earth, 2012

Figura 8 - Padrão construtivo parte sul do bairro Figura 9 - Edificações parte sul do bairro
Fonte: Google Earth, 2012 Fonte: Google Earth, 2012
69

Esse assentamento foi demarcado em 2010 pelo IBGE como aglomerado


subnormal. São habitações construídas às margens da foz do rio Aribiri, conforme
ilustrado na Figura 10. Os vazios urbanos existentes aos poucos estão sendo
preenchidos por autoconstruções localizadas no loteamento Primavera.

A área de lazer publica do bairro ocupa uma gleba central, onde estão localizados o
campo de futebol, a quadra e mesinhas de jogos. Essa área atualmente tem
recebido investimentos do poder público federal na construção de uma praça, dentro
do programa de incentivo aos esportes e cultura denominadas de Praças dos
Esportes e Cultura – PEC.

Figura 10 - Aglomerados Subnormais


Fonte: IBGE Censo 2010

Há predominância do uso residencial em Ilha das Flores, com edificações que


chegam a atingir no máximo quatro pavimentos, a ocupação sócio espacial do
70

território do bairro é composta por três escolas públicas e duas particulares


conforme mostra as Figuras 11 e 12. As instituições religiosas somam um total de
dezessete unidades, divididas entre várias denominações religiosas, além de uma
capela mortuária como mostra a Figura 13.

Figura 11 - Escolas de ensino público


Fonte: Acervo do autor

Figura 12 - Escolas de ensino particular


Fonte: Acervo do autor

Figura 13 - Capela Mortuária


Fonte: Acervo do autor
71

As atividades econômicas de Ilha das Flores se baseiam em prestadores de serviços


localizados principalmente na estrada do Porto de Capuaba e que atendem
diretamente às atividades geradas pelo porto, como transportadoras, borracharias e
mecânicas (Figura14 e 15). Pequenos comércios se concentram no centro do bairro
e atende pequenas necessidades da população, como padarias, açougues,
armarinhos, quitandas, dentre outros. Essas atividades comerciais possuem maior
concentração nas Ruas Otávio Carneiro e Basílio Costalonga, consideradas as
principais do bairro (Figuras 16 e 17). Já a extremidade noroeste é ocupada por um
supermercado, um posto de combustível, uma autoescola e uma farmácia que
atendem também aos bairros circunvizinhos.

Figura 14 - Prestador de serviços portuário Figura 15 - Serviços mecânicos


Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

Figura 16 - Rua Otávio Carneiro Figura 17 - Pequenos comércios local


Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor
72

A caracterização de uso e ocupação de Ilha das Flores pode ser visualizada


conforme mostra a Figura 18.

Figura 18 - Mapa de uso e ocupação do solo


Fonte: Acervo do autor

O bairro é caracterizado por movimentos pendulares da classe economicamente


ativa no mercado de trabalho para outros bairros. A população inativa do bairro é
caracterizada segundo dados da Secretaria Municipal de Planejamento Orçamento e
Gestão – SEMPLA (2013, p.42) por jovens na faixa etária de 0 à 14 anos e idosos a
partir de 65 anos um percentual de 40,6%, logo existe uma população considerada
ativa de 59,4% na faixa etária de 15 à 64 anos.

O Rendimento médio mensal dos moradores do bairro em 2010, conforme IBGE,


era de R$ 1.075,00, sendo que a média do Município de Vila Velha é de R$
1.721,51. Foi feito um comparativo entre a relação de domicílios existentes em Ilha
das Flores e o rendimento per capita mensal de cada residência, chegando as
seguintes informações (Tabela 2):
73

Tabela 3 - Rendimento per capita mensal por domicílio

1/8 a 1/2 1/2 a 1 1a2 2a5 Mais de 5


Rendimento Salário Salário Salários Salários Salários Sem
de Mínimo Mínimo Mínimos Mínimos Mínimos rendimento

Domicílios 283 613 584 246 28 104

Fonte: IBGE Censo 2010

O índice de alfabetização conforme o censo do IBGE em 2010 no bairro é de 97%,


acima da média municipal de 96,6%. De acordo com Nascimento 9, 95% dos alunos
da escola Antônia Malbar são moradores do bairro (informação verbal).

Os acessos principais ao bairro são feitos pela rua Paulo Natali pela extremidade
oeste do bairro e pela estrada do Porto de Capuaba extremidade sul. A entrada pela
estrada de Capuaba é marcada por uma divisão central de concreto, diferenciando a
entrada do bairro do acesso ao porto de Capuaba (Figura 19). O sistema de
transporte coletivo atende apenas uma parte do bairro, caracterizando um déficit na
cobertura do transporte coletivo, gerando movimento pendulares aos bairros
circunvizinhos como alternativa de locomoção e maiores alternativas no sistema de
transporte público (Figura 20).

Figura 19 - Estrada de Capuaba


Fonte: Acervo do autor

9
Valdete Rondelli de Nascimento, diretora da Unidade Municipal de Ensino Fundamental Antônia Malbar em
2014.
74

Figura 20 - Mapa de percurso do transporte coletivo.


Fonte: Acervo do autor

As ruas do bairro são quase todas pavimentadas em revestimento asfáltico ou piso


intertravado, existindo onze ruas sem pavimentação distribuídas ao longo do
território de Ilha das Flores, de acordo com Santos10 (informação verbal). O bairro
possui terreno acidentado, o que dificulta a mobilidade de ciclista e pedestres pelo
local (Figuras 21, 22 e 23), as calçadas não possui padrão acessível, em muitos
locais as calçadas são inexistentes (Figura 22) e em outros pontos do bairro a
ligação entre os espaços públicos se dá através de escadarias (Figura 24).

10
Waldecir Rocha, líder comunitário de Ilha das Flores até 2017, morador do bairro desde 1983.
75

Figura 21 - Rua Antônio Roberto Figura 22 - Rua Otávio Carneiro


Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

Figura 23 - Rua Basílio Costalonga Figura 24 - Escadaria Morro do Querosene


Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do Autor

A sede comunitária de Ilha das Flores se encontra desativada, o local está


depredado e sem função social para a comunidade, se tornando um espaço indutivo
à marginalidade (Figuras 25 e 26). O campo de futebol é o local de lazer da
população, principalmente nos finais de semana, servindo inclusive de ponto de
encontro para discussões informais de assuntos relacionados a comunidade, de
acordo com o líder comunitário local (Figuras 27 e 28).
76

Figura 25 - Sede movimento comunitário local Figura 26 - Situação atual do centro comunitário
Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

Figura 27 - Vista do campo de futebol Figura 28 - Aglomerado de carros aos domingos


Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

O campo de futebol está inserido numa área de aproximadamente 10.000m². Nessa


área, além do campo, também se encontra a capela mortuária do bairro. Em 2013 a
prefeitura municipal iniciou as obras da praça dos esportes e da cultura, com verba
do governo federal, dentro do programa de aceleração do crescimento conforme
mostra a Figura (29 e 30).
77

Figura 29 - Placa de sinalização do governo Figura 30 - Andamento das obras março/2014


Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

Das atividades culturais do bairro destaca-se o Bloco do Boi, evento existente há


mais de 50 anos e que mobiliza grande parte da comunidade na confecção dos bois,
os quais são comandados por jovens e direcionados pelos adultos percorrendo as
ruas do bairro, no período do carnaval (COSTA, 2008). De acordo com Gomes 11 o
bloco foi criado por Antônio Abraão, morador antigo do bairro, que em umas de suas
viagens pelo norte do Brasil, sem encantou pelas festas do boi Parintins, trazendo a
ideia para Ilha das Flores. Posteriormente o bloco ganhou um novo personagem: a
Lopa, uma espécie de queixada de cavalo, com capa de tecidos coloridos
(Informação verbal), conforme mostra a Figura 31.

Figura 31 - Bloco do Boi de Ilha das Flores Figura 32 - LOPA personagem lendário
Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

11
Epaminondas Simões Gomes, morador do bairro há mais de 40 anos, compositor do enredo musical do bloco
do boi que narra a história do bloco.
78

6 ESCOLHA DO(S) MÉTODO(S) PARTICIPATIVO(S) PARA LEITURA


COMUNITÁRIA NO BAIRRO ILHA DAS FLORES

Com base no referencial teórico adotado e sob uma ótica preliminar de análise da
área de estudo, havia-se optado por quatro metodologias que poderiam ser
aplicadas ao bairro Ilha das Flores em reuniões com a comunidade, são elas: jogos
de participação; diagnóstico rápido participativo; modelo colaborativo e enfoque
participativo em trabalho com grupos. A escolha se deu por conta da qualidade e
aplicabilidade dos métodos para a realidade a ser estudada, bem como pela
quantidade de ferramentas disponíveis nessas metodologias.

Depois de um diagnóstico mais aprofundado sobre o bairro Ilha das Flores, o contato
direto com os moradores na aplicação de questionário (APÊNDICE A), análise das
entrevistas realizadas com os possíveis participantes (APÊNDICE B) e o tempo
disponível para realização de uma leitura comunitária dentro deste trabalho de
graduação, optou-se por trabalhar com algumas ferramentas do Modelo
Colaborativo e as Técnicas de Brainstorming verbal e escrita. Esse último método
não havia sido anteriormente descrito dentro os selecionados para aplicação na área
de estudo. A junção dessas duas metodologias participativas promove uma
integração e mobilização para os processos participativos de interesse coletivo,
visando um pertencimento maior dos moradores com o seu bairro e também
promovendo uma “[...] interpretação simples de democracia, no sentido de
possibilitar a participação dos dominados, para criar um espaço de
autodeterminação [...]” (BONSIEPE, 2011, p. 20).

Técnica de Brainstorming verbal e escrita, segundo Sanoff (1999), é uma técnica


que começa com a escrita de informações pelos participantes e continua até que um
consenso seja alcançado sobre as melhores ideias, podendo haver a partilha oral
dessas percepções. Essas informações coletadas são listadas e essa lista é
distribuída para avaliação e classificação pelos participantes. Trabalha-se com
grupos de 3 a 9 participantes.

Para o bairro Ilha das Flores, nossa área de pesquisa, o objetivo foi fazer uma
atividade de levantamento de informações locais baseada em quatro temáticas:
mobilidade e acessibilidade; identidade, cultura e lazer; socioeconomia e, por último,
79

desenvolvimento urbano, juntamente com um levantamento de possíveis ações que


viessem destacar, criar, ampliar, melhorar, cuidar, conservar, resolver e resgatar os
pontos diagnosticados. Para execução dessas atividades foram realizados dois
encontros com os prováveis participantes, descritos nos tópicos 6.1 e 6.2 no
decorrer desse capítulo.

O método do Modelo Colaborativo, descrito no capítulo três, foi orientador de alguns


passos do seguidos na pesquisa:

Reunir pessoas: atuação de identificação, sensibilização e mobilização de “pessoas-


chave”, definição de local para a leitura comunitária, verificação do melhor dia e
horário para promover os encontros comunitários, assim como a preparação de
local, infraestrutura e suporte para acomodação dos participantes. Diante disso
foram realizadas as seguintes ações:

 Ação 1 – Após identificação da liderança comunitária de Ilha das Flores,


procuramos identificar junto ao líder e vice-líder comunitário quem seriam os
prováveis participantes da leitura comunitária. A busca foi por pessoas
envolvidas, atuantes e influentes nos assuntos do bairro e que fossem
representativos territorialmente, com presença de diferentes pontos da Ilha
das Flores, no intuito de ter uma visão global do bairro;
 Ação 2 – Identificado o provável participante para a leitura comunitária, foi
realizada uma entrevista qualitativa para identificação das melhores formas
de sensibilização e mobilização para a reunião comunitária, bem como
identificar o grau de participação social do provável integrante, que indicava
outro provável participante que pudesse ajudar na pesquisa, chegando a um
número de vinte prováveis participantes;
 Ação 3 – Verificação de dia, horário e local para realização das reuniões, em
cima da análise dos questionários aplicados.
 Ação 4 – Confecção de carta convite (APÊNDICE C) com entrega pessoal
para cada provável participante.

Conquistar a confiança: criar um ambiente de credibilidade, segurança, que vise a


realização de uma meta em comum. Foram traçados as seguintes ações:
80

 Ação 5 - Exposição dos objetivos e resultados esperados do encontro com os


prováveis atores do evento dentre eles: que a reunião fazia parte de uma das
atividades de trabalho de graduação em Arquitetura e Urbanismo; levantar
informações locais através do olhar de moradores e criar possíveis ações de
visão futura para o bairro de forma participativa;
 Ação 6 – Montagem de apresentações em programa power point
demonstrando conhecimento espacial do bairro e organização da reunião
(APÊNDICE D e E);
 Ação 7 – Utilização de ferramentas que propiciem uma efetiva participação de
todos, sem retaliação. Fazendo uso de tarjetas de papel (APÊNDICE F),
mapas (APÊNDICE G e H) e explanação verbal na coleta de informações e
possíveis ações.

Apoiar os integrantes: proporcionar condições de permanência no local, valorização


das atividades desenvolvidas.

 Ação 8 – Alguns dos prováveis participantes se deslocariam para a reunião


direto do seu ambiente de trabalho, por isso foi disponibilizado dentro da sala
de reunião garrafa de café para que os mesmos se servissem durante o
período das atividades;
 Ação 9 – Na medida em que cada tarefa fosse sendo executada, fazia-se um
acompanhamento individual ou grupal, buscando elogiar cada ponto que era
diagnosticado;
 Ação 10 – Ao final da reunião foi oferecido um lanche, promovendo uma
integração entre os participantes, além de gerar uma aproximação entre o
facilitador e os integrantes.

Criar um plano de ação: definição de prioridades; prazos para cada atividade;


divisão de responsabilidades e flexibilidade. A aplicação desta orientação ocorreu
das seguintes maneiras:

 Ação 11 – Divididos em grupos, os participantes recebiam um quadro de


questões relacionadas a uma temática diferente (APÊNDICE I);
 Ação 12 – Apresentação do material levantado na leitura comunitária para
facilitar o debate sobre o plano de ação.
81

Avaliação participativa: ação de definir o trabalho a ser realizado; coletar


informações; compartilhar os resultados continuamente, bem como analisar as
questões levantadas. Buscou-se do seguinte modo:

 Ação 13 – Para o levantamento de informações e possíveis ações foi


estipulado um prazo;
 Ação 14 – Com auxilio de mapas foram socializadas todas as ações
realizadas por cada grupo (APÊNDICE J e L);
 Ação 15 – Todas as atividades eram monitoradas grupo por grupo e
individualmente entre os participantes, acompanhando o pensamento e
atitude de cada grupo ou participante;
 Ação 16 – Ao término do tempo determinado para as atividades em grupo
era feito uma exposição oral das informações e possíveis ações geradas
 Ação 17 – Criação de um blog para compartilhamento de assuntos de
interesse do bairro.

Para complementação e suporte de mecanismos para o procedimento de


levantamento da problematização local e objetivando estimular a reflexão dos
prováveis colaboradores, o Brainstorming verbal e escrito entra como ferramenta em
busca de uma participação coletiva mais interativa e dinâmica, passando pelas
seguintes ações:

 Ação 18 – Divisão de grupos com 3 ou 4 participantes, através de sorteios,


podendo os prováveis participantes trocar de grupo, conforme sua afinidade
grupal, com o propósito de promover uma participação qualitativa e reflexiva;
 Ação 19 – No levantamento de informações para o diagnóstico foram
utilizadas tarjetas de papel (APÊNDICE F) para escrita das questões
debatidas por temas;
 Ação 20 – Cada grupo recebeu nos encontros mapas (APÊNDICE G e H)
com imagem aérea retiradas do Google Earth, juntamente com canetas
hidrocores para marcação dos pontos diagnosticados e as possíveis ações;
 Ação 21 – Ao término das reuniões cada participante preenchia uma
avaliação escrita, avaliando o conteúdo de cada atividade executada
(APÊNDICE M e O).
82

6.1 REUNIÃO DE LEITURA COMUNITÁRIA

Ocorrido na escola municipal Antônia Malbar, o primeiro encontro contou com a


participação de onze presentes. Nove dos frequentes haviam preenchidos os
questionários de prováveis participantes, um participante havia sido convidado por
outro participante e um dos presentes era morador de um bairro circunvizinho
(Figura 33).

Figura 33 - Participantes da primeira reunião


Fonte: Acervo do Autor

Inicialmente a reunião começou com uma explanação do trabalho que estava sendo
realizado, os objetivos e as razões para a execução do encontro como parte das
atividades para um trabalho de graduação em Arquitetura e Urbanismo (Figura 34),
utilizando uma apresentação em power point (APÊNDICE D).

Figura 34 - Explanação do trabalho que seria desenvolvido


Fonte: Acervo do autor
83

Após a explanação do trabalho os participantes se apresentaram dizendo o nome,


profissão e há quanto tempo residiam em Ilha das Flores, visto que alguns não se
conheciam na sala. Na continuação foi apresentado o histórico de formação e
evolução do bairro com mapas, principais datas e fotos da época. Ao término da
apresentação do bairro, os moradores tiveram a palavra para discursar sobre a
exibição exposta. Esse momento serviu para aproximar e relembrar fatos que
ocorreram naquele período, visto que grande parte dos participantes mora no bairro
há mais de 15 anos (Figuras 35 e 36). Os moradores não conheciam os limites do
bairro, eles acreditavam que o traçado do bairro era por uma ilha.

Figura 35 - Participação de morador Figura 36 – Participação dos presentes


Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

Tendo estimulado um ambiente de participação na reunião, iniciamos a explicação


da atividade da noite, no qual consistia no levantamento de informações para o
diagnóstico do bairro a partir de quatro temáticas: mobilidade e acessibilidade;
identidade, cultura e lazer; socioeconomia e desenvolvimento urbano.

Na ocasião foram organizados três grupos com os participantes presentes. Durante


a divisão dos participantes os mesmos tinham direito de trocar de grupo, podiam
migrar para o grupo que tivesse mais afinidade ou com o tema ou até mesmo com
os participantes.

Por conta da quantidade de integrantes da reunião foram feitos três grupos, ficando
acordado entre os participantes que a temática de desenvolvimento urbano seria
resolvido com a participação de todos. Para o levantamento das questões propostas
os grupos recebiam um mapa do bairro em formato A1 em imagem aérea do Google
Earth conforme mostra a Figura 37, com os nomes das ruas em destaques, bem
84

como alguns pontos de referência para os mesmos se localizarem espacialmente


mais rápido no bairro. Cada mapa vinha identificado por temática, e os grupos eram
orientados a pontuar com canetas hidrocores os pontos que iam sendo identificados
nos mapas, além de escreverem em tarjetas as questões levantadas.

Figura 37 - Mapa utilizado para diagnosticar ações


Fonte: Google Earth (2014)
Nota: Imagem adaptada pela autora

Distribuídos em grupos de três e quatro pessoas, foi estipulado um tempo de 40


minutos para que os participantes conseguissem levantar informações e debater
sobre as questões apresentadas como mostra as Figuras 38, 39 e 40. O prazo
acabou sendo estendido por mais vinte minutos, pois alguns grupos não conseguiam
identificar parte dos objetivos da noite. A prática de se pensar no bairro de maneira
globalizada, fez com que os integrantes debatessem entre si as informações que
estavam sendo levantadas, com o tempo disponibilizados para essa etapa, esses
assuntos sofreram limitações. Os integrantes não estavam acostumados com alguns
85

conceitos inseridos nos temas como identidade cultural, acessibilidade, conflitos de


usos, cidade para as pessoas, dentre outros, e isso demandou um monitoramento a
todo tempo para esclarecimento de dúvidas (Figura 41).

Figura 38 - Grupo Identidade, Cultura e Lazer. Figura 39 - Grupo Mobilidade e Acessibilidade.


Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

Figura 40 - Grupo Socioeconomia Figura 41 - Acompanhamento dos grupos


Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

Terminado o prazo para execução das atividades, os presentes foram convidados


em conjunto a debaterem sobre a temática desenvolvimento urbano, para isso o
mapa de desenvolvimento urbano foi fixado no quadro e a medida que as questões
eram apresentadas eles ajudavam a identificar onde estariam esses pontos dentro
do bairro, como mostra as Figuras 42, 43 e 44.
86

Figura 42 - Atividade Figura 43 - Construção do Figura 44 - Diagnóstico


participativa. mapa desenvolvimento urbano. interativo.
Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

Após resolução em conjunto da temática de desenvolvimento urbano, cada grupo se


dirigiu à frente da sala e apresentou os resultados alcançados dentro da temática
que trabalhou. Cada grupo tinha um representante que dissertava as informações
que estavam escritas em tarjetas, enquanto que o restante do grupo pontuava no
mapa onde estariam essas questões (Figuras 45, 46 e 47). Durante a explanação do
diagnóstico os pontos que não haviam sido mapeados pelos grupos eram
acrescentados nos mapas (Figura 48) conforme cada grupo fosse relatando seu
ponto de vista.

Figura 45 - Apresentação grupo temática mobilidade Figura 46 - Apresentação grupo temática


e acessibilidade. identidade, cultura e lazer.
Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor
87

Figura 47 - Apresentação grupo temática Figura 48 - Complementação dos mapas


socioeconomia. apresentados.
Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

Durante a ilustração das questões, a medida que a informação não ficava


convincente, o facilitador confrontava os grupos no intuito de elucidar melhor a
informação levantada (Figura 49). Ao termino das exposições de cada grupo, os
demais complementavam as informações e faziam comentários dos pontos
diagnosticados (Figura 50), as considerações dos integrantes que não agregavam
informação relevante eram interrompidas pelo facilitador, como forma de manter a
ordem das apresentações. Durante a apresentação sobre os equipamentos de lazer
do bairro, os integrantes do grupo foram questionados pela forma como
classificaram o campo de futebol como única prioridade de lazer para o bairro, sendo
que existiam necessidades esportivas para mulheres e idosos. Os grupos levaram
cerca de 35 minutos para as apresentações das informações levantadas, tempo
razoável, visto que essa etapa se baseou na sistematização de dados.

Figura 49 - Questionamento de informações. Figura 50 - Complementação de informações.


Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor
88

Em contrapartida ao trabalho desenvolvido em conjunto com a comunidade de Ilha


das Flores, foi apresentado o blog desenvolvido para o bairro:
http://www.ilhadasflores-es.blogspot.com.br/ (Figura 51), no final das apresentações
dos grupos. A finalidade desse meio eletrônico é promover um canal de
comunicação entre os moradores do bairro, promover uma participação não
presencial, manter viva a história local, bem como demonstrar as atividades que
acontecem no bairro. O título do blog: Folha da Ilha resgata o informativo que era
distribuído na comunidade nos anos 90 e retratava os acontecimentos no bairro, as
ações, as manifestações, dentre outros. A página do blog contém uma barra de
menu lateral direita, que possui tópicos os seguintes tópicos: o bairro – que retrata
as histórias, as manifestações culturais, a caracterização local; em comunidade – um
espaço para as atividades coletivas entre os moradores de Ilha das Flores; em ação
– divulgação de ações da associação de moradores local; encontre – espaço para
publicação das atividades socioeconômicas existentes no bairro.

Figura 51 - Página do Blog da comunidade


Fonte: Acervo do autor

O blog conta com uma identidade visual criada a partir de elementos de referência
do bairro como o campo, a praça dos esportes e da cultura, o traçado urbano, o mar
e a própria ilha (Figuras 52 e 53).
89

Figura 52 - Identidade Visual. Figura 53 - Conceito gráfico da logomarca do bairro


Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

Encerrada a reunião os presentes foram convidados a preencher à avaliação


(APÊNDICE M) sobre o evento ocorrido naquela noite. Nessa avaliação foram
utilizadas questões qualitativas fechadas (marcar X) com espaço para, ao final do
questionário, realizar comentários (Figura 54), sugestões (Figura 55) e críticas
(Figura 56). Essa avaliação gerou os seguintes resultados.

Tabela 4 - Resultado das Avaliações


Questão Ótimo Bom Regular Ruim Péssimo
Como você avalia a reunião de hoje. 7 4 --- --- ---
O que achou da forma de abordagem
2 9 --- --- ---
para participar da reunião.
Qual a sua avaliação quanto ao tempo
3 4 4 --- ---
das atividades realizadas.
Como você analisa a distribuição das
5 6 --- --- ---
atividades por temáticas.
O que achou dos debates. 5 5 1 --- ---

Qual a sua avaliação quanto aos


produtos que foram elaborados na 4 7 --- --- ---
reunião.
Fonte: Dados do autor
90

Figura 54 - Comentário sobre a reunião


Fonte: Acervo do autor

Figura 55 - Sugestão sobre a reunião


Fonte: Acervo do autor

Figura 56 - Crítica sobre a reunião


Fonte: Acervo do autor

Todos os grupos geraram mapas com a espacialização dos dados referentes as


temáticas abordadas (APÊNDICE J). O grupo da temática “Mobilidade e
Acessibilidade” diagnosticou os seguintes pontos (Figura 57):
91

 As principais vias de acesso a Ilha das Flores são as Rua Paulo Natali, Rua
das Pedras e a Estrada de Capuaba;
 A estrada de Capuaba e a rua Otávio Carneiro, ocorrem conflitos de veículos;
 O trajeto do transporte coletivo percorre as ruas Paulo Natali, Basílio
Costalonga e Otávio Carneiro, não atendendo todo o bairro;
 As vias Basílio Costalonga, Floriano Pereira dos Passos e Otávio Carneiro,
por serem as mais utilizadas por pedestres, sofrem com a falta de calçadas
em alguns pontos, o que se soma à ausência de adequação das calçadas às
normas de acessibilidade no bairro;
 O bairro possui três escadarias que servem de locomoção entre suas partes,
sendo que as escadarias Morro do Querosene e José Orides Chagas se
encontram em péssimas condições de uso;
 Por ser o ponto mais plano do bairro, a área do campo deveria abrigar
ciclovias e calçadas com padrões acessíveis;

Figura 57 - Mapa gerado pelo grupo Mobilidade e Acessibilidade


Fonte: Acervo do autor

O grupo com a temática “socioeconomia” levantou as seguintes informações:

 Os equipamentos comunitários de educação atendem a demanda local;


92

 O bairro não possui unidade de saúde, o pronto atendimento médico mais


próximo localizado no bairro Paul não possui capacidade para atender a
região;
 Não há uma política preventiva relacionada a segurança pública;
 O Centro de Referência de Assistência Social - CRAS da região está
localizado no bairro Vila Garrido, não possuindo transporte coletivo até o
local;
 Ausência de ações e incentivo à sustentabilidade como reciclagens e
artesanato;
 Conflito na rua Zequinha de Abreu em função do estacionamento de carretas
dentro do bairro;
 A atividade portuária gera conflito no trânsito em função do grande número de
carretas que geram, até mesmo, o bloqueio da via na Estrada de Capuaba;
 O Porto de Capuaba gera um forte impacto ambiental ao Manguezal do
bairro;
 Ilha das Flores deveria ser beneficiada pelas condicionantes de licenças
ambientais relacionadas a instalação/ampliação das atividades do Porto de
Capuaba;
 A estrada de Capuaba deveria sofrer melhorias como duplicação, iluminação
e sinalização;
 Legalização do loteamento Primavera;
 Necessidade de dragagem e reabertura dos canais que circundam a Ilha das
Flores;
 Os espaços de participação comunitária mais fortes no bairro são as
escolinhas de futebol, as igrejas, a associação dos idosos e escolas;
Conforme demostra a figura 58.
93

Figura 58 - Mapa gerado pelo grupo Socioeconomia.


Fonte: Acervo do autor

O tema “Identidade, Cultura e Lazer” tiveram como resultado o levantamento dos


seguintes pontos (Figura 59):

 O clube esportivo Ilha das Flores e a sede do movimento comunitário


remetem à memória do bairro, apesar de estarem abandonados;
 O campo de futebol é o único equipamento de lazer do bairro;
 Importantes manifestações culturais no bairro são o bloco do boi, criado na
década de 1950 e aulas de capoeira na escola Antônia Malbar;
 Sugestão de implantação de equipamento cultural, na antiga sede do
movimento comunitário, juntamente com uma biblioteca e um espaço para
atividades que viessem a atender as mulheres do bairro;
 Necessidade de implantação de equipamentos de lazer no bairro como
quadra poliesportiva, academia popular e campo society.
94

Figura 59 - Mapa gerado pelo grupo Identidade, Cultura e Lazer.


Fonte: Acervo do autor

A temática “desenvolvimento urbano” foi debatida com a participação de todos os


presentes na reunião e levantou as seguintes informações (Figura 60):

 Os problemas habitacionais estão localizados na parte baixa do bairro


conhecida como beira da maré;
 A infraestrutura urbana atende bem ao bairro, sendo destacado que a
escadaria Morro do Querosene apresenta acúmulo de resíduos;
 A rua São Paulo da Cruz sofre constantemente com problemas de
alagamentos;
 A estrada de Capuaba apresenta conflito de usos entre pedestres e
caminhões;
 A área do campo de futebol é considerado um espaço arborizado;
 Necessidade de um tratamento paisagístico na entrada do bairro próximo à
bomba da Cesan;
 Sugestão de tratamento paisagístico na escadaria Morro do Querosene, a fim
de inibir que os usuários joguem lixo no local;
95

Figura 60 - Mapa gerado em conjunto na temática Desenvolvimento Urbano.


Fonte: Acervo do autor

No intuito de complementar o diagnóstico participativo e subsidiar os próximos


passos do trabalho (Plano de Ação Participativo) foram listados alguns pontos não
identificados pelos participantes, base nas observações própria do bairro e pelos
levantamentos realizados em campo:

 Conflitos no trânsito nas ruas Floriano Pereira dos Passos e João Nunes
Caramuru;
 A escadaria Zequinha de Abreu possui condições inadequadas de uso;
 A estrada do Porto de Capuabas, a rua Basílio Costalonga e a rua Floriano
Pereira dos Passos, em função do fluxo e importância viária, deveriam ser
priorizadas para o tratamento de calçadas e implantação de ciclovias;
 A interseção da rua Zequinha de Abreu com a rua Orlando Carlos dos Santos
tem forte potencial econômico por conta da vista para a baía de Vitória e o
Morro do Penedo;
 Presença de Assentamentos subnormais na beira da maré;
 A sede abandonada do movimento comunitário é um elemento importante da
memória do bairro;
 Possui equipamentos de lazer como mesinhas de jogos para dominó, campo
de bocha e quadra, com necessidade de manutenção;
96

 A beira da maré tem potencial para espaço de vivência;


 Necessidade de tratamento paisagístico na beira da maré.

Esses pontos que foram complementados, devido o adiantar do horário, ficaram


para serem debatidos e questionados no segundo encontro.

Pode ser concluído ao fim desta primeira reunião participativa que os participantes
estiveram totalmente envolvidos com as atividades realizadas, inicialmente de forma
inibida, mas no decorrer da reunião promoveram um ambiente de interesse coletivo
e concentraram os esforços no levantamento das temáticas e informações
solicitadas. Sem conflitos diretos, demonstraram responsabilidade social e espírito
de coletividade, conhecimento sobre a realidade do bairro, bem como interesse em
aprender mais sobre o bairro e as questões relacionadas ao planejamento da
cidade.

O tempo que tínhamos disponível para a realização dessa atividade nos trouxe
limitações, em alguns momentos tivemos que acelerar tanto o levantamento de
informação bem como as apresentações, observação esta em consonância com a
avaliação aplicada, que avaliou a questão tempo para as atividades como regular e
bom.

As informações coletadas e debatidas nesta primeira reunião participativa foram


sistematizadas em um mapa síntese que serviu de referência para a elaboração do
Plano de Ação Participativo, objeto de trabalho do segundo encontro realizado com
a comunidade que será descrito no item 6.2.
97

6.2 REUNIÃO DE LEITURA COMUNITÁRIA

O segundo encontro, ocorrido uma semana após o primeiro, contou com a


participação de um grupo de oito pessoas, sendo que duas delas não haviam estado
na primeira reunião. Nesse evento houve uma mudança na organização da sala,
possibilitando que os presentes pudessem interagir melhor entre si durante
apresentação inicial das atividades da noite (Figuras 61,62, 63 e 64).

Figura 61 – Nova organização da sala Figura 62 - Apresentação inicial


Fonte: Acervo pessoal Fonte: Acervo pessoal

Figura 63 - Participantes Figura 64 - Participantes


Fonte: Acervo pessoal Fonte: Acervo pessoal

Foi utilizado na primeira parte da reunião uma apresentação em power point


(APÊNDICE E), contendo um resumo das atividades realizadas do primeiro
encontro. Desta forma os participantes puderam relembrar os assuntos abordados
anteriormente, bem como nivelar as informações com os que não estavam
presentes na primeira reunião. Os resultados primeira reunião, também foram
apresentados em mapa síntese, onde foram indicadas as principais informações
levantadas pelos grupos, conforme mostra a figura 65.
98

Figura 65 - Mapa de informações coletadas


Fonte: Google Earth ( 2014)
Nota: Imagem adaptada pela autora
99

Em seguida foi exibido um vídeo que mostrava a requalificação urbana de um


córrego na cidade de Seul12, Coréia do Sul. O objetivo desta apresentação foi
ampliar a visão do grupo quanto às possibilidades de transformação dos lugares
através de ações integradas, mesmo em situações aparentemente irreversíveis ou
de grande crise urbana. Uma forma de motivar os presentes a pensarem sobre o
futuro do bairro desejado, para além da realidade atual (Figura 66 e 67).

Figura 66 - Exibição de vídeo Figura 67 - Comentário do participante


Fonte: Acervo pessoal Fonte: Acervo pessoal

Foi explanado para os participantes que a principal atividade da reunião naquele dia
seria a elaboração de um plano de ações com base nas informações levantadas por
eles anteriormente. Para auxiliar na elaboração das ações foram sugeridas palavras
que viessem despertar os integrantes a trabalharem de maneira que as informações
diagnósticas anteriormente fossem: melhoradas, destacadas, conservadas,
resgatadas, ampliadas, criadas, resolvidas e cuidaaos. Conforme demostra o slide
da apresentação em power point (APÊNCIDE E) utilizada durante o evento ( Figura
68).

12
Reportagem exibida pelo jornal nacional (emissora Globo), em 2009, que mostra a intervenção
urbana ocorrida em 2002 na recuperação ambiental do córrego Cheonggyecheon, que possui pouco
mais de 5,8 km de extensão e que havia sido coberto a partir da década de 60, por conta da poluição
das águas, grande criminalidade e pressão por novas vias de trânsito que viessem suprir o
crescimento da cidade. O projeto de recuperação surgiu de dois professores universitários, mudando
a direção do desenvolvimento da cidade ao demolir as vias que passavam por cima do córrego,
melhorando todo ecossistema local.
100

Figura 68 – Palavras sugeridas para o desenvolvimento do Plano de Ações


Fonte: Google Earth (2014)
Nota: Imagem adaptada pela autora

Partindo da visão que “[...] uma sociedade sustentável supõe que todos os cidadãos
tenham o mínimo necessário para uma vida digna [...]” (NASCIMENTO 2012, p.1),
os presentes foram direcionados a pensarem em ações que beneficiassem as
gerações futura. Nesse sentido foi exposta a frase de Gadotti (2004, p. 1) que
disserta que “[...] a sustentabilidade não ter a ver apenas com a biologia, a economia
e ecologia, tem a ver com a relação que mantemos entre nós mesmos, com os
outros e com a natureza”, abrindo espaço para dialogo entre os participantes
(Figuras 69 e 70), que explanaram ações que poderiam ser consideradas como
sustentáveis, entre artesanato local, projetos sociais com jovens e adolescentes,
melhorias em infraestrutura local, dentre outros.
101

Figura 69 – Dialogo entre os participantes Figura 70 - Participação dos integrantes


Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

Os participantes foram divididos em dois grupos de trabalho. Cada grupo foi


orientado a debater possíveis soluções para duas temáticas, diagnosticadas na
reunião anterior. Com todos reunidos ao redor de uma mesa, o facilitador da
atividade apresentou os mapas elaborados para serem usados naquele dia (Figuras
71, 72, 73 e 74).

Figura 71 – Explicação das atividades da noite Figura 72 - Explicação das atividades


Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

Figura 73 - Solucionando dúvidas iniciais Figura 74 – Tirando dúvidas dos presentes


Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor
102

Um grupo trabalhou possíveis ações para os temas Mobilidade e Acessibilidade e


Socioeconomia (Figura 75).

Figura 75 - Grupo Mobilidade e Acessibilidade e Socioeconomia.


Fonte: Acervo do autor

Já o segundo grupo trabalhou ações para a temática Identidade, Cultura e Lazer e a


temática Desenvolvimento Urbano (Figura 76).

Figura 76 - Grupo Identidade, Cultura e Lazer e Desenvolvimento Urbano.


Fonte: Acervo do autor

Os grupos levaram aproximadamente uma hora e trinta minutos debatendo sobre as


ações possíveis para o bairro. Isso se explica em parte pelo grande número de
informações levantadas na primeira reunião de diagnóstico no bairro. Nesse período
os grupos recebiam acompanhamento do facilitador da atividade para verificação
103

das propostas que estavam sendo feitas, orientações a partir das ideias que
estavam sendo discutidas e eram estimulados a pensar sobre soluções para os
tópicos dos quais apresentavam dificuldade e limitações para o desenvolvimento da
atividade. Concomitantemente os presentes eram instigados a refletirem no impacto
que as propostas sugeridas poderia causar (Figuras 77, 78, 79, 80, 81 e 82).

Figura 77 - Debatendo ideias Figura 78 – Orientações das ideias


Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

Figura 79 - Discutindo possíveis ações Figura 80 - Debatendo as propostas


Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

Figura 81 – Esclarecendo ideias Figura 82 - Estimulando possíveis propostas


Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor
104

Ao final do debate nos grupos temáticos as propostas foram apresentadas em


conjunto. Os participantes foram convidados a se colocarem em torno dos mapas,
isso possibilitou uma visualização e participação melhor dos integrantes no
questionamento das propostas que estavam sendo apresentadas e indicadas em
mapa, ampliando a discussão das propostas para todo o público presente.

Diferente da primeira reunião, em que não houve grande divergência no


posicionamento dos participantes, esse segundo encontro gerou divergências entre
os presentes, principalmente quando determinada ação tocava em questões como:
desapropriações, mudança no trânsito, definição de intervenções urbanas, dentre
outros. Em alguns momentos era necessário a intervenção do facilitador para
interromper ou redirecionar as discursões dos assuntos abordados, principalmente
quando o debate não acrescentava nada construtivo aos temas.

Integrantes que direcionavam o debate para fora dos assuntos que estavam sendo
abordados naquele instante eram orientados a aguardar o momento que aquele
determinado assunto estivesse sendo explanado. Essa medida possibilitou dar
objetividade ao debate e otimizar o tempo disponível para as explanações, visto que
muitos participantes se excediam nas suas falas (Figuras 83, 84, 85, 86 87 e 88).

Figura 83 - Ordenação dos presentes Figura 84 – Apresentação de possíveis ações


Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor
105

Figura 85 - Debates entre grupos Figura 86 – Intervenção nos comentários.


Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

Figura 87 - Questionamento de ações Figura 88 – Ação do facilitador nas divergências.


Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

Terminada as apresentações, os participantes explanaram suas opiniões acerca das


atividades e resultados alcançados durante os trabalhos desenvolvidos nos dois
encontros. Foi solicitado pelos presentes um próximo encontro para apresentação
dos resultados do Plano de Ação debatido de forma melhor sistematizada.

Em função do cronograma das atividades do trabalho de graduação, não foi possível


a realização desta terceira reunião para apresentação e complementações de
debates dos resultados do Plano de Ação para o bairro. No final da reunião os
participantes preencheram um questionário de avaliação (APÊNDICE O) sobre as
atividades realizadas naquele dia.

As avaliações aplicadas junto aos participantes da reunião gerou os seguintes


resultados (Tabela 5):
106

Tabela 5 - Resultados das Avaliações


Questão Ótimo Bom Regular Ruim Péssimo
Como você avalia a reunião de hoje. 6 --- 1 --- ---
A forma de apresentação dos assuntos
4 2 1 --- ---
de hoje, foi de fácil entendimento.
Qual a sua avaliação quanto ao tempo
2 3 2 --- ---
das atividades realizadas.
A facilidade de uso do material utilizado
6 1 --- --- ---
nas atividades da reunião.
O que achou do vídeo mostrado. 4 3 --- --- ---
Qual a sua avaliação quanto às ações
4 2 1 --- ---
que foram geradas na reunião.
Fonte: Dados do autor

Percebe-se com esses dados que, apesar da maioria classificarem a reunião como
ótima, o tempo para a realização das atividades obteve classificação de bom a
regular, ficando dessa maneira entendido que para um melhor resultados das
atividades se faria necessário de outros encontros com tempo para a realização das
atividades maior.

Além das questões de múltipla escolha os participantes também deixaram


comentários, sugestões e críticas sobre o evento (Figuras 89 e 90).

Figura 89 - Comentário do presente


Fonte: Acervo do autor
107

Figura 90 - Sugestão do integrante


Fonte: Acervo do autor

Com base nos fatos ocorridos nesta segunda reunião e avaliação dos presentes
pode ser concluído que essa reunião foi mais cansativa, pois exigiu um
concentração de esforços maior pelos presentes, dada a exiguidade do tempo
disponível para a realização das atividades. No geral a reunião foi produtiva, a
disposição dos participantes na sala contribuiu para uma participação maior dos
presentes. O uso de outros recursos como o vídeo teve boa aceitação pelos
integrantes, sendo percebida uma atenção por parte de todos na hora da exibição, o
que também serviu para iniciar a conversa de forma coletiva. Os debates
despertaram os participantes para as situações vivenciadas no bairro, os resultados
das propostas geradas para o Plano de Ação foram bem elaboradas pelos
participantes, com muitas das ações visarando um bairro para o futuro e outras
buscando resolver problemas de imediato. As atividades necessitariam de mais
tempo para serem realizadas, apesar da maioria ter classificado como bom o tempo
disponível para as atividades, principalmente na hora das apresentações, momento
em que o debate é ampliado. Apesar do número de presentes ter sido menor em
relação ao primeiro encontro, os participantes que se ausentaram nesse encontro e
que estavam presentes na primeira reunião buscaram comunicar os motivos pela
ausência, fato que serviu para o nosso entendimento que, apesar de ter sido um
trabalho como atividade de graduação, os participantes deram crédito à prática
desenvolvida nesses dois encontros.
108

7 PLANO DE AÇÃO PARTICIPATIVO

As ações contidas nesta etapa final da pesquisa são o trabalho sistematizado do


produto Plano de Ação concebido nas reuniões comunitárias, elaborado e debatido
de forma participativa com os integrantes. Esse item, além de conter ações a serem
executadas no bairro de imediato, visa demonstrar as possibilidades e qualidades
que os processos participativos podem trazer para o planejamento urbano,
contribuindo com a qualificação das nossas cidades. Essas ações apontadas foram
estruturadas e indicadas em mapas temáticos.

7.1 POSSÍVEIS AÇÕES EM MOBILIDADE E ACESSIBILIDADE:

1. Implantar sinalização nas principais vias de acesso ao bairro Ilha das Flores
como a Estrada de Capuaba, Paulo Natali e Rua das Pedras (Figuras 91, 92 e
93);

Figura 91 - Entrada do bairro Figura 92 - Entrada do bairro Figura 93 - Entrada do bairro


rua Paulo Natali rua das Pedras estrada de Capuaba
Fonte: Google Earth Fonte: Google Earth Fonte: Acervo do autor

2. Reestruturar o viário da estrada de Capuaba adequando-o as necessidades de


fluxo da área; (Figura 94);
3. Intensificar fiscalização de trânsito para proibição de estacionamento de carretas
na rua Floriano Pereira dos Passos (Figura 95);
4. Implantar binário no trecho da João Nunes Caramuru à rua Orlando Carlos dos
Santos e o trecho da rua Otavio Carneiro entre a rua Felix Gonçalves e estrada
de Capuaba (Figuras 96);
109

Figura 94 - Conflito de veículos Figura 95 - Estacionamento de Figura 96 – Subida da rua João


e pedestres carretas Nunes Caramuru
Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

5. Alterar o trajeto do transporte coletivo, a fim de abranger mais áreas do bairro,


passando a circular pelas ruas Orlando Carlos dos Santos e a rua Zequinha de
Abreu;
6. Implantar nova linha de ônibus que saia do terminal rodoviário do Ibes, passe
pela estrada de Capuaba, suba a rua João Nunes Caramuru, desce a rua
Zequinha de Abreu, sobe à rua Basílio Costalonga, desce para à rua Floriano
Pereira dos Passos e retorne à estrada de Capuaba;
7. Eliminar um faixa de estacionamento ao longo das vias Otávio Carneiro, Basílio
Costalonga e Floriano Pereira dos Passos, para implantar calçadas com padrões
de acessibilidade e ciclovias (Figuras 100, 101 e 102);

Figura 97 - Rua Otávio Carneiro Figura 98 - Rua Basílio Figura 99 - Rua Floriano
Fonte: Acervo do autor Costalonga Pereira dos Passos
Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

8. Realizar tratamento paisagístico e adequações de acessibilidade nas escadarias:


Morro do Querosene, José Eurides das Chagas e Zequinha de Abreu (Figuras
103, 104 e 105);
110

Figura 100 - Escadaria Figura 101 - Escadaria Figura 102 - Escadaria Zequinha de
Morro do Querosene. José Eurides das Chagas. Abreu.
Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

9. Introduzir ciclovias e calçadas arborizadas na rua Zequinha de Abreu, que


contorne a área do campo (Figura 103);
10. Implantar malha cicloviaria que interligue a rua Zequinha de Abreu a avenida
Jerônimo Monteiro;
11. Priorizar os modais não motorizados (pedestres e ciclistas) na estrada de
Capuaba (Figuras 104 e 105).

Figura 103 - Rua Zequinha de Figura 104 - Ponte de Capuaba Figura 105 - Estrada de
Abreu Fonte: Acervo do autor Capuaba
Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

As ações elaboradas e indicadas de forma participativa estão sistematizadas no


Mapa 1 – Mobilidade e Acessibilidade (Figura 106).
111

Figura 106 - Mapa 1: Mobilidade e Acessibilidade


Fonte: Google Earth (2014)
Nota: Imagem adaptada pela autora
112

7.2 POSSÍVEIS AÇÕES EM SOCIOECONOMIA:

1. Ampliar a unidade de saúde de Paul responsável pelo atendimento médico do


bairro (Figura 107);

Figura 107 - Unidade de saúde de Paul


Fonte: Google Earth (2014)

2. Trabalhar uma política preventiva de inserir jovens e adolescentes em práticas


esportivas e culturais através de ações com as famílias.

3. Instalar no bairro uma unidade do Serviço de Atendimento ao Cidadão - SAC da


polícia militar;

4. Dispor de um espaço na área do campo para o comércio de artesanato local,


comidas típicas;

5. Explorar o potencial de visual da paisagem urbana na interseção da rua Zequinha


de Abreu com a rua Orlando Carlos dos Santos, com instalação de restaurante
panorâmico (Figuras 108, 109 e 110);

Figura 108 - Vista do Morro do Figura 109 - Vista panorâmica Figura 110 - Terreno para
Penedo Morro do Penedo instalação de restaurante
Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

6. Intensificar a fiscalização para a proibição de trânsito pesado de carretas dentro


do bairro (Figuras 111, 112 e 113);
113

Figura 111 - Conflito rua Figura 112 - Conflitos de Figura 113 - Estacionamento de
Floriano Pereira dos Passos veículos dentro do bairro carretas no bairro
Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

7. Implantar trilha ecológica para visitação na área do manguezal em contrapartida


as licenças ambientais do Porto (Figuras 114, 115).

Figura 114 - Vista Frontal do Figura 115 - Vista do


manguezal Manguezal lateral
Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

Essas ações elaboradas de forma coletiva estão socializadas no Mapa 2 –


Socioeconomia (Figura 116)
114

Figura 116 - Mapa 2: Socieconomia


Fonte: Google Earth (2014)
Nota: Imagem adaptada pela autora
115

7.3 POSSÍVEIS AÇÕES EM IDENTIDADE, CULTURA E LAZER:

1. Transformar a sede social do Clube da Ilha das Flores em um memorial cultural


do bairro. (Figura 117 e 118);

Figura 117 - Ruínas clube Ilha Figura 118 - Ruínas clube Ilha
das Flores das Flores
Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

2. Reformar sede do movimento comunitário para realização de atividades de


qualificação profissional para as mulheres, reestabelecimento da sede do
movimento, dentre outros (Figuras 119, 120 e 121);

Figura 119 - Sede do Figura 120 - Sede do Figura 121 - Sede do


movimento comunitário movimento comunitário movimento comunitário
Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

3. Reestruturar o campo de bocha e as mesinhas de jogos de dominó (Figuras122,


123 e 124);

Figura 122 - Campo de bocha Figura 123 - Mesas de jogos Figura 124 - Mesas de jogos
Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor
116

4 - Construir uma academia popular, para contribui com a saúde dos idosos.

As sistematizações dessas diretrizes criadas de forma participativa estão inseridas


no Mapa 3 – Identidade, Cultura e Lazer (Figura 125)
117

Figura 125 - Mapa 3: Identidade, Cultura e Lazer


Fonte: Google Earth (2014)
Nota: Imagem adaptada pela autora
118

7.4 POSSÍVEIS AÇÕES EM DESENVOLVIMENTO URBANO:

1. Construir habitações de interesse social nos espaços existentes no loteamento


Primavera para os moradores da beira da maré (Figuras 126, 127 e 128);

Figura 126 – Habitações da Figura 127 - Local com Figura 128 - Possibilidade para
beira da maré potencial para habitações instalação de habitações
Fonte: Acervo do autor populares populares
Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

2. Criar uma área de vivência na subida da escadaria Morro do Querosene (Figuras


129, 130 e 131);

Figura 129 - Escadaria Morro do Figura 130 - Escadaria Figura 131 - Escadaria
Querosene. Morro do Querosene. Morro do Querosene.
Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

3. Implementar a Regularização Fundiária no loteamento Primavera (Figura 132,


133 e 134);
119

Figura 132 - Rua Orlando Figura 133 - Rua Paschoa D. Figura 134 - Rua Manoel
Carlos dos Santos Costalonga Soares
Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

4. Construir uma ponte entre a rua Antônio Abraão à avenida Jerônimo Monteiro,
como rota alternativa de entrada e saída do bairro (Figuras 135 e 136);

Figura 135 - Rua Antônio Figura 136 - Rua Antônio


Abraão Abraão
Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

5. Criar espaços de vivência na área arborizada do campo (Figura 137);

6. Construir ponto de contemplação para o manguezal do rio Aribiri na rua Pascoal


Ponzo (Figuras 138 e 139);

Figura 137 - Espaço arborizado Figura 138 - Vista rua Pascoal Figura 139 - Vista Manguezal
do campo Ponzo Fonte: Acervo do autor
Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

6. Dragar os canais que circundam o bairro com criação de um parque linear com
ciclovia (Figuras 140, 141 e 142);
120

Figura 140 - Canal que Figura 141 - Canal que Figura 142 - Canal que
circunda o bairro circunda o bairro circunda o bairro
Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor Fonte: Acervo do autor

7. Interligar as ciclovias propostas no parque linear a malha cicloviaria projetada da


avenida Jerônimo Monteiro;

O desenvolvimento dessas ações coletadas de forma participativa foram


socializadas no Mapa 4 – Desenvolvimento Urbano (Figura 143).
121

Figura 143 - Mapa 4: Desenvolvimento Urbano


Fonte: Google Earth (2014)
Nota: Imagem adaptada pela autora
122

8 CONCLUSÃO

A elaboração desse trabalho buscou desenvolver ações de planejamento urbano de


forma participativa envolvendo moradores de uma comunidade no levantamento de
informações e possíveis diretrizes a serem seguidas no atendimento das
informações coletadas.

A breve contextualização do histórico da participação popular no cenário brasileiro


explorou um pouco dos avanços e desafios presentes nessas possibilidades. As
experiências capixabas, apresentadas em algumas literaturas, demostraram como
as atuações da década de 80 foram inovadoras e colheram bons resultados desde o
instante que órgãos públicos mantêm interação com a comunidade, buscando
atender as necessidades da população, bem como envolver a comunidade na
gestão municipal, sem distinção de classe social.

A pesquisa abordou os limites, possibilidades e obstáculos para uma efetiva


participação popular. Dentre elas podem ser destacadas como questões cruciais:

 Apesar dos governos estarem incorporando a participação popular em suas


gestões, isso tem ocorrido de forma mais consultiva do que deliberativa;
 A observação do fato de que, quando se tem participação popular na
elaboração de projetos e ações, a própria população se encarrega de
fiscalizar e conservar o projeto;
 Que grande parte da população encara a participação como um fardo;
 Muitos são os indivíduos que se deixam levar pela cooptação, uma vez que
os governos busca carregar para o seu lado aqueles que se envolvem em
ações reivindicatórias;
 Que os espaços abertos para discussões são em geral ambientes frios,
deixando os participantes intimidados e sem voz ativa;
 A objeção das equipes técnicas em colaborar com os processos de
participação popular;
 A participação popular deve ocorrer de maneira espontânea com caráter
político-pedagógico, afim de promover uma prática política e inteirar de uma
123

consciência de direitos, acima das eventuais melhorias materiais infra-


urbanas.

A pesquisa fundamenta-se no pensamento de Bordenave (1987), que diz que a


participação de indivíduos em assuntos coletivos atualmente se baseia não mais em
aceitação passiva das condições impostas por grupos e sim na manifestação ativa
em sua construção. Isto é alcançado através da tomadas de decisões, bem como
nas atividades sociais. A definição de Abers (1997, apud SOUZA, 2010) da
problemática da desigualdade como um obstáculo para uma efetiva participação
popular foi outro elemento norteador desse trabalho de graduação.

Inúmeros são os instrumentos que podem servir de metodologias de aplicabilidade


em processos participativos e na busca por envolver a população em ações
coletivas. Neste trabalho foram utilizadas ferramentas do Modelo Colaborativo e
Técnica de Brastorming na elaboração do Plano de Ação Participativo, objeto
específico dessa pesquisa, tendo em vista que o nosso objetivo geral foi a
participação popular em ações de desenvolvimento urbano, que buscou envolver um
grupo de moradores que atuavam como formadores de opinião e que apresentavam
perfil social influente.

As metodologias abordadas foram desde a identificação de moradores com perfil


participativo até as entrevistas aplicadas em forma de questionários e a utilização de
mapas e tarjetas para escritas de informações nas duas reuniões comunitárias.
Durante a pesquisa, mesmo trabalhando de maneira interpessoal dentro de um
grupo de pessoas interagidas com os acontecimentos local, o percentual de
presentes nas reuniões não ultrapassou a cinquenta por cento do número de
moradores abordados. O tempo disponível para a aplicação desse trabalho foi curto,
o produto final gerado nessa pesquisa demandaria de novos encontros com a
comunidade para serem discutidos de maneira mais aprofundada, bem como serem
debatidas com outros grupos de participação como igrejas e associações, apesar
dos resultados terem sido satisfatórios.

A primeira leitura comunitária contou com atividades que mantiveram os integrantes


em zona de conforto, quando o assunto foi o levantamento de informações locais a
partir das temáticas abordadas de forma cooperativa. Após o período estipulado
124

para a coleta de informações, os grupos apresentaram seus diagnósticos, e foi


nesse instante que surgiram algumas confrontações, mas sem divergências que
necessitassem o intervir do facilitador, em espírito de coletividade e
responsabilidade social.

No segundo encontro, os integrantes receberam orientações para elaborar possíveis


ações para as informações levantadas na reunião anterior, de maneiras
sustentáveis, fazendo com esses pontos fossem destacados, resgatados, criados,
cuidados, resolvidos e ampliados. Essa etapa demandou de um tempo maior para
ser realizada. Muitos tinham dificuldade em pensar ações que viessem solucionar
determinado ponto, necessitando de acompanhamento pessoal e grupal para
demonstração de possíveis soluções que não trouxessem grande impacto
territorialmente. Na apresentação das possíveis ações os integrantes demonstraram
mais atitudes para intervir na informação do outro, dada a disposição dos presentes
em torno dos mapas, ocorrendo divergências com necessidade de intervenção do
facilitador, quando se tratava de desapropriação, mobilidade, responsabilidade
social, dentre outros.

O presente trabalho poderia ser aprimorado com o envolvimento de outras entidades


participativas do bairro, bem com outros grupos de moradores. Um tempo maior para
realização das atividades participativas agregaria mais informações ao Plano de
Ação Participativo.

Uma atitude que poderia complementar esse trabalho seria desenvolver um plano
de ação que levasse mais pessoas à leituras comunitárias, com ações de
conscientização popular, uso de novas ferramentas e ambientes não presencial.
125

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130

ANEXOS
131

ANEXO A - Dinâmica de grupo: promover integração entre os colaboradores.

Título: A Tempestade

O facilitador organiza um círculo de aproximadamente 25 pessoas. Todos devem


estar sentados, não podendo sobrar cadeira vazia. O facilitador se coloca no
centro do círculo e diz: "Estamos todos num barco, que se encontra em alto mar,
rumo ao desconhecido". Quando disser: "Olá, à direita", todos deverão mudar de
lugar, e sentando-se na cadeira de seu vizinho da direita. Quando disser: "Olá, à
esquerda", todos devem se sentar na cadeira do vizinho da esquerda.
O facilitador dará várias ordens, ora para a direita, ora para a esquerda. A certa
altura exclamará: "TEMPESTADE!". Neste momento, todos deverão mudar de
lugar, indistintamente, procurando ocupar uma cadeira qualquer. O facilitador
aproveitará a confusão e ocupará uma das cadeiras. Quem ficar sem assento
pagará um "pedágio” escolhido pelo grupo (cantando uma música, contando uma
piada, etc). A brincadeira continua por uns 15 minutos, enquanto houver interesse.
132

ANEXO B - Dinâmica de grupo: construindo visão local.

Título: Dinâmica do sonho

Para dar início à dinâmica, é importante criar um clima propício, com música
suave. O facilitador convida a todos para uma breve reflexão sobre o sonho, as
aspirações que temos de realizações futuras ou de algo que já conseguimos em
função do esforço, da persistência. O facilitador fala da idealização da
comunidade, o que as pessoas querem para si e para todos, projetando a
concretização do sonho num determinado tempo.

Os participantes são divididos em grupos e convidados a construir maquetes,


desenhos e colagens na criação de seu projeto. Para isso, utiliza material
reciclável, como lápis colorido, papel, cola, tesoura, fita adesiva etc., além de usar
a criatividade e outros recursos disponíveis. O facilitador determina um tempo para
a execução da tarefa.

Concluídos os trabalhos, um representante do grupo apresenta o resultado,


descrevendo o sonho do grupo.

Em conjunto, todos os participantes são convidados a identificar pontos em


comum em suas idealizações e confirmam a visão de futuro para a sua
comunidade. Na sequência, eles são convidados a construir indicadores de
sucesso que nortearão as ações para os resultados desejados.
133

ANEXO C - Dinâmica de grupo: conquistar confiança

Título: Pêndulo

Os participantes são divididos em trios, formados por pessoas mais ou menos do


mesmo tamanho. O facilitador explica que todos participarão de uma brincadeira,
mas que a mesma deve ser feita com responsabilidade, e então convida os
participantes a brincarem de "Pêndulo". Essa brincadeira consiste em uma pessoa
ficar em pé entre outras duas e soltar o corpo, se deixando cair para frente e para
trás como um pêndulo, sendo seguro pelos companheiros.

Todos devem passar pela posição de pêndulo e pela posição de apoiador. É


muito importante que os apoiadores segurem realmente o pêndulo, dando a ele
tranquilidade para se soltar.

Ao final da atividade, o facilitador reúne o grupo e pergunta sobre os sentimentos


de cada um, como foi estar na posição de pêndulo e se soltar nas mãos dos
companheiros, como foi estar na posição de apoiador, com a responsabilidade de
não deixar o outro cair e passar confiança a ele. Também é interessante verificar
se alguém não conseguiu se soltar como pêndulo e por quê.

A conclusão é que desenvolver a confiança é um processo em que as pessoas


levam um tempo até a sua conquista. Por isso, é muito importante que todos se
conheçam bem para que a confiança aumente. Também é fundamental lembrar
que as atitudes de todos os participantes do grupo entre si e com a comunidade
podem fortalecer essa confiança ou enfraquecê-la.
134

APÊNDICES
135

APÊNDICE A – Questionário Aplicado

BLOCO 1 – PERFIL DO ENTREVISTADO

1. Nome. ___________________________________________________________

2. Faixa etária.

( )16 à 25 anos ( ) 26 à 35 anos ( ) 36 à 50 anos


( ) 51 à 70 anos ( ) acima de 71

3. Há quanto tempo reside no bairro.


( ) 1 à 5 anos ( ) 6 à 10 anos ( ) 11 à 15 anos ( ) + de 15 anos

4. Pretende se mudar do bairro. ( ) Sim ( ) Não

Se Sim, por quê? _____________________________________________________


5. Rua onde mora. ____________________________________________________

6. Sua ocupação:

( ) desempregado ( ) empregado assalariado ( ) profissional liberal


( ) empresário ( ) estudante ( ) aposentado ( ) dona de casa

7. Seu rendimento mensal:

( ) até 1 SM* ( ) mais de 1 até 2 SM* ( ) mais de 2 até 3 SM*


( ) mais de 3 até 5 SM* ( ) mais de 5 até 7 SM*
( ) mais de 7 até 10 SM* ( ) mais de 10 SM*
*Salário Mínimo em 2014 – R$ 724,00

8. Grau de escolaridade:

( ) 1º Grau / Ensino fundamental incompleto


( ) 1º Grau / Ensino fundamental
( ) 2º Grau / Ensino médio incompleto
( ) 2º Grau / Ensino médio
( ) Nível técnico
136

( ) Superior incompleto
( ) Superior completo

BLOCO 2 – NÍVEL DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL DO ENTREVISTADO

9. Participa de alguma atividade na comunidade.

( ) Sim – Qual?_____________________________________________________
( ) Não

10. Busca saber dos assuntos relativos ao bairro.

( ) Sim – de que forma? ______________________________________________


( ) Não – por quê? __________________________________________________

11. Participa de reuniões comunitárias.

( ) Sim. Como fica sabendo das reuniões? ( ) Convite ( ) Igreja


( ) No campo de futebol ( ) Escola ( ) Outro _____________________
( ) Não. Por quê? ___________________________________________________

12. Qual seria o melhor dia e horário para serem realizadas reuniões comunitárias
no bairro? ___________________________________________________________

13.Possui acesso a internet


( ) Sim ( ) Não. Se Sim, você acessa através de:
( ) Computador ( ) Celular ( ) Tablet ( ) Lan house

14.Com que frequência acessa a internet.


( ) Diariamente ( ) 4 vezes na semana ( ) 2 vezes na semana
( ) Finais de semana ( ) Eventualmente

15. Em que horário você costuma acessar internet?

( ) O dia todo ( ) Pela manhã ( ) A tarde ( ) A noite

Para que acessa a internet? ( ) Trabalho ( ) Estudos ( ) Entretenimento


137

( ) Comunicação ( ) Outros motivos _________________________________


Utiliza a internet para discutir assuntos de interesse do bairro?
( ) Sim. Se “sim”, como? _____________________________________________ e
para quais assuntos? _______________________________________________

( ) Não. Se não, teria interesse de fazer isso? ( ) Via e-mail ( ) Facebook


( ) Website da associação ( ) Mensagem de celular ( ) Twiter ( ) Whatsapp

16. Possui Facebook? ( ) Sim ( ) Não

Acessa com frequência. ( ) Sim ( ) Não

17. Possui e-mail. ( ) Sim ( ) Não.

Qual seu e-mail?_____________________________________________________

18. Se o bairro tivesse um site, quais tópicos você acha que deveria ser abordados?

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

BLOCO 3 – CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DO BAIRRO

19. De maneira geral, como você avalia o bairro.

( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo


O que destaca como pontos positivos?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

O que destaca como pontos negativos?


___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
138

20. Com avalia a infraestrutura básica do bairro ( água / energia elétrica /


esgotamento sanitário / pavimentação).

( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo

21. Qual meio de transporte você utiliza para se deslocar do bairro.

( ) Ônibus ( ) Van ( ) Moto ( ) Bicicleta ( ) A pé ( ) Carro

22. Como avalia o transporte público do bairro.

( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo

23. Qual a sua via principal de acesso ou saída do bairro?

( ) Estrada Porto Capuaba ( ) Rua das Pedras ( sup.Epa)


( ) Rua Paulo Natali ( da escola Marcionília )

24. Como avalia as condições de mobilidade e acessibilidade quanto há:

Calçadas. ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo


Condições para ciclistas. ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo
Sistema viário ( trânsito / sinalização / gargalos / acidentes).
( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo

25. Existem espaços de lazer no bairro. ( ) Não ( ) Sim. Quais?

___________________________________________________________________

26. Como avalia esses espaços.

( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo

27. Existem áreas de risco no bairro (pontos de alagamento, desmoronamento).


Quais?______________________________________________________________
___________________________________________________________________

28. Existem habitações precárias? Onde?

___________________________________________________________________
139

29. Quanto aos serviços públicos:

Educação. ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo


De regular a péssimo, por quê? _________________________________________
Saúde. ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo
De regular a péssimo, por quê? _________________________________________
Cultura e Lazer. ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo
De regular a péssimo, por quê? _________________________________________
Iluminação Pública. ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo
De regular a péssimo, por quê? _________________________________________
Coleta de lixo e varrição. ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo
De regular a péssimo, por quê? _________________________________________
Segurança Pública. ( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo
De regular a péssimo, por quê? _________________________________________

30. Quais locais no bairro mais lhe agradam? Por quê?

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

31. Quais locais no bairro menos lhe agrada? Por quê?

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

32. Que melhorias deseja para o bairro?

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________

33. Existe algum lugar importante para preservação ( identidade, simbolismo,


referência) ou valorização no bairro?

Qual?_______________________________________________________________
140

34. Quais pontos de referência local, você utiliza para dizer como chegar em sua
casa.
___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

35. Cite três palavras que define o bairro no seu ponto de vista:
___________________________________________________________________

___________________________________________________________________
141

APÊNDICE B – Resultados obtidos dos questionários aplicados

Para traçar o perfil dos prováveis participantes, vinte questionários (anexo A) foram
aplicados, em forma de entrevista, para a realização da leitura comunitária. O
questionário estava dividido em três segmentos: perfil do entrevistado, nível de
participação social do entrevistado e caracterização e avaliação do bairro. De
maneira geral o perfil socioeconômico-demográfico dos prováveis participantes
quantificou que a maioria estava inserida na faixa etária entre 36 a 50 anos, como
mostra a tabela 4. De acordo com o levantamento, 65% dos prováveis participantes
residem no bairro há mais de 15 anos (Tabela 5), sendo que 95% não tem pretensão
de se mudar de Ilha das Flores.

Tabela 6 - Faixa etária


Faixa etária 26 a 35 anos 36 a 50 anos 51 a 70 anos + de 71 anos
Prováveis participantes 3 9 6 1
Fonte: Dados do autor

Tabela 7 - Tempo de residência no bairro


Tempo de residência 1 à 5 anos 6 à 10 anos 11 à 15 anos + de 15 anos
Prováveis participantes 2 3 2 13
Fonte: Dados do autor

A atividade de ocupação dos prováveis participantes é, na maioria, de profissional


liberal, seguido de empregados assalariados e aposentados (Gráfico 1).

Gráfico 1 - Tipo de ocupação

Dona de casa
Aposentado
Estudante
Empresário
Profissional liberal
Empregado assalariado
Desempregado
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Fonte: Dados do autor
142

Já o rendimento mensal dos possíveis participantes está na faixa de um salário


mínimo e entre dois e três salários mínimos (Gráfico 2). No que se refere ao grau de
escolaridade dos entrevistados grande parte deles possui segundo grau completo,
seguido de nível superior completo (Gráfico 3).

Gráfico 2 - Rendimento mensal

Mais de 10 SM
Mais de 7 até 10 SM
Mais de 5 até 7 SM
Mais de 3 até 5 SM
Mais de 2 até 3 SM
Mais de 1 até 2 SM
Até 1 SM
0 1 2 3 4 5 6
Fonte: Dados do autor

Gráfico 3 - Grau de escolaridade

Superior completo
Superior incompleto
Nivel Tecnico
2º Grau completo
2º Grau incompleto
1º Grau completo
1ºGrau incompleto
0 1 2 3 4 5 6 7
Fonte: Dados do autor

Em relação ao nível de participação social do entrevistado, 60% dos moradores do


bairro participam de atividades comunitárias em locais como igrejas, associações e
escolas (Grafico 4), sendo que 90% dos prováveis participantes buscam se inteirar
dos assuntos relacionados ao bairro através de bate papo com moradores,
movimento comunitário, igrejas, plano plurianual13 e geo-obras14.

13
Plano Plurianual é o instrumento de planejamento governamental que define diretrizes, objetivos e
metas com o propósito de viabilizar a implementação e gestão das políticas públicas [...] (BRASIL,
2012).
14
Geo-obras é um software desenvolvido para gerenciar as informações das obras executadas em
todos os órgãos das esferas estadual e municipais (TRIBUNAL DE CONTAS).
143

Gráfico 4 - Atividades comunitárias Gráfico 5 - Assuntos relativos ao bairro

Não
10%
Não
40%

Sim
60% Sim
90%

Fonte: Dados do autor Fonte: Dados do autor

Apesar da grande maioria dos prováveis participantes buscarem informações dos


assuntos relacionados ao bairro, 65% dos interrogados não participam de reuniões
comunitárias. A resposta para isso, segundo eles, está relacionada ao fato de não
ficarem sabendo das reuniões, porque nunca entram em acordo ou até mesmo por
falta de oportunidade (Gráfico 6).

Gráfico 6 - Participação em reuniões comunitárias

Sim
35%

Não
65%

Fonte: Dados do autor

Ainda dentro do bloco de nível de participação social do entrevistado, foi realizada


uma avaliação quanto ao uso da internet, no intuito de verificar um provável
potencial de e-participação dos participantes. Foi constatado que 90% dos prováveis
participantes possuíam acesso à internet, sendo que a frequência desses acessos
se dava diariamente pelos entrevistados (Gráfico 7) e os acessos ocorrem mais no
período noturno (Gráfico 8), sendo que o principal motivo de acesso se dá para
entretenimento (Gráfico 9) e apenas 35% deles utiliza a internet para discutir
assuntos do bairro como atividades e eventos (Gráfico 10).
144

Gráfico 7 - Frequência de acesso à internet

Não tem acesso


Eventualmente
Finais de semana
2 vezes na semana
4 vezes na semana
Diariamente
0 2 4 6 8 10 12
Fonte: Dados do autor

Gráfico 8 - Horário de acesso à internet

Não tem acesso


A noite
A tarde
Pela manhã
O dia todo

0 2 4 6 8 10 12
Fonte: Dados do autor

Gráfico 9 - Motivos de acessos à internet

Não tem acesso


Diversos motivos
Comunicação
Entretenimento
Estudos
Trabalho

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Fonte: Dados do autor


145

Gráfico 10 - Utilização da internet para assuntos do bairro


Não tem acesso
10%

Sim
35%

Não
55%

Fonte: Dados do autor

Quanto à caracterização e avaliação do bairro, 50% dos prováveis participantes


classificam o bairro como bom em relação aos bairros circunvizinhos (Gráfico 11).
Em relação à infraestrutura básica como água, energia elétrica, esgotamento
sanitário e pavimento, os entrevistados declararam o serviço bom e regular, sendo
que a avaliação regular aproxima-se mais para o bom do que para o ruim (Gráfico
12). Para se locomover para fora do bairro os prováveis participantes fazem uso do
carro e do transporte coletivo na sua maioria, como mostra o gráfico 13.

Gráfico 11 - Avaliação geral do bairro Gráfico 12 - Infraestrutura básica do bairro


Péssimo
5% 0%
0%
Ruim Ótimo
10% Ótimo
15% 15%
35% Bom
Regular
Ruim Regular Bom
50% 35% 35%
Péssimo

Fonte: Dados do autor Fonte: Dados do autor


146

Gráfico 13 - Meio de locomoção para fora do bairro

Carro e ônibus
Carro
A pé
Bicicleta
Moto
Van
Ônibus

0 1 2 3 4 5 6 7
Fonte: Dados do autor

A avaliação dentre os que utilizam o transporte coletivo do bairro foi: 35%


classificaram como bom e 30% como regular, como demonstra o gráfico 14, mesmo
o transporte coletivo não atender todos os locais do bairro.

Gráfico 14 - Avaliação do transporte coletivo


Não utiliza Ótimo
10% 0%
Péssimo
10%
Bom
35%
Ruim
15%

Regular
30%

Fonte: Dados do autor

Os prováveis participantes destacaram como ponto positivo de Ilha das Flores a sua
localização geográfica entre os municípios da Grande Vitória, um bairro constituído
por famílias tradicionais, o campo de futebol que é mantido pela comunidade,
pessoas batalhadoras, tranquilidade residencial, bem como o baixo indice de
criminalidade. Dentre os pontos negativos estão o uso de entorpecentes na parte
baixa do bairro, o acesso ao bairro pela estrada do porto de Capuaba, falta de
assistência pela prefeitura municipal, falta de comunicação por parte do movimento
comunitário local, estacionamento de carretas dentro do bairro, falta de
147

pavimentação em alguns pontos do bairro, além da falta de crescimento


socioeconômico do bairro.

Com relação às condições de mobilidade e acessibilidade, as calçadas foram


classificadas na sua maioria de regular a ruim (Gráfico 15), visto que no bairro não
existe uma padronização e em alguns pontos há inexistência da mesma. As
condições para ciclistas foram classificadas de ruim a péssimo, dada as condições
geográficas do bairro e alargamento das vias (Gráfico 16).

Gráfico 15 - Condições das calçadas Gráfico 16 - Mobilidade para ciclistas

Péssimo Ótimo Não Ótimo


20% 0% utiliza 9%
Bom
Bom 10%
9%
20%
Péssimo Regular
Ruim Regular 29% 14%
30% 30% Ruim
29%

Fonte: Dados do autor Fonte: Dados do autor

O sistema viário, na qualificação dos entrevistados, está de regular a ruim, visto que
as ruas não possuem faixa de pedestres, placas de sinalização vertical como
indicação das ruas e pontos de ônibus. Além disos, 16% classificaram o bairro como
péssimo, devido a problemas em relação a trânsito e nós viários na estrada de
Capuaba e por conta das carretas que ali estacionam (Gráfico 17).

Segundo a visão dos prováveis participantes, com relação a espaços de lazer no


bairro, 26% disseram não haver áreas de lazer, sendo que o restante considerou
apenas o campo de futebol como espaço de entretenimento do bairro. As condições
físicas do local foram classificadas como bom (Gráfico 18).
148

Gráfico 17 - Condições do sistema viário Gráfico 18 - Espaços de lazer


Ótimo Ótimo
0% 0%

Péssimo Bom
16% 21% Não tem
26% Bom
47%
Ruim
26% Péssimo
Regular 5%
37%
Ruim
11% Regular
11%
Fonte: Dados do autor Fonte: Dados do autor

Para os entrevistados as áreas de riscos como pontos de alagamentos e


desmoronamento, bem como as habitações precárias, estão concentradas na beira
da maré, um local também classificado pelo censo do IBGE de 2010 como
assentamento subnormal.

Quanto aos serviços públicos de educação, a colocação dos entrevistados é de


regular a bom (Gráfico 19), haja vista que o bairro possui três escolas públicas,
sendo que a única necessidade segundo os entrevistados seria de uma creche
infantil.

Já o serviço público de saúde está no patamar de regular para péssimo. Eles


declararam que o bairro já possuiu uma unidade de saúde e que a mesma foi
desativada por falta de profissionais por parte da gestão municipal. Relataram
também que a unidade mais próxima não tem estrutura suficiente para atender a
região na qual Ilha das Flores está inserida (Gráfico 20).

Gráfico 19 - Serviço público de educação Gráfico 20 - Serviço público de saúde


Péssimo Ótimo Não Ótimo
10% 10% utiliza 0%
Ruim
5% Bom
5%
15%
Péssimo
25%

Regular Bom Regular


35% 40% Ruim
40%
15%

Fonte: Dados do autor Fonte: Dados do autor


149

Ainda de acordo com a análise dos prováveis participantes, o bairro não é


contemplado por serviços de cultura e lazer, nem os bairros circunvizinho. Um total
de 20% classificou como bom e 5% como ótimo por conta da manifestação cultural
que acontece uma vez por ano no bairro, o “bloco do boi” (Gráfico 21). Os
entrevistados classificam, na maioria, o campo de futebol como o local que mais lhe
agradam bem como um local importante para preservação, além do manguezal e a
bacia do rio Aribiri. Também identificaram como simbolismo a antiga sede do
movimento comunitário e o antigo clube.

Já sobre o serviço de iluminação pública, a maioria dos prováveis participantes


avalia como bom, conforme demostra o gráfico 22, sendo que os percentuais de
regular a péssimo são por conta do tipo de lâmpada utilizado não iluminar o
suficiente, na opinião deles.

Gráfico 21 - Serviço público de cultura e lazer Gráfico 22 - Serviço público de iluminação


Não tem Ótimo Péssimo Ótimo
10% 5% 10% 0%
Ruim
5%
Bom
Péssimo 20%
15% Regular
15%
Regular Bom
Ruim 20% 70%
30%

Fonte: Dados do autor Fonte: Dados do autor

Quanto à avaliação dos serviços públicos de coleta de lixo e varrição, os


entrevistados consideraram bom na sua maioria (Gráfico 23). Os resultados
classificados como regular são por conta da varrição, pois os prováveis participantes
relataram que esse serviço ocorre trimestral.

Os prováveis participantes descrevem que o serviço público de segurança é de


regular a péssimo por não haver política preventiva nessa área, apesar do bairro
possui baixa ocorrência de criminalidade em relação aos bairros circunvizinhos, o
que fez com que um percentual de 25% classificasse como bom.
150

Gráfico 23 - Serviço público de coleta de lixo Gráfico 24 - Serviço público de segurança


Ruim Péssimo Ótimo
0% 0% 0%

Regular Ótimo Bom


20% 20% Péssimo 25%
25%

Ruim
10%
Regular
Bom 40%
60%

Fonte: Dados do autor Fonte: Dados do autor

A aplicação dos questionários a grupo de prováveis participantes nos ajudou a


identificar a postura por parte de alguns moradores com relação às questões
urbanas como infraestrutura publicas, serviços públicos, dentre outros. Esse registro
em forma de entrevistas pontuadas serviu para traçar o comportamento desses
possíveis participantes quando questionados sobre o modo como avaliam o bairro e
o envolvimento com atividades de interesse coletivo, servindo de base para a leitura
comunitária a ser realizada.
151

APÊNDICE C – Carta convite da reunião

Leitura Comunitária

Prezado Sr. _______________________________

Conforme já me apresentei em outra oportunidade, eu sou Diana Santos aluna do


Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha – UVV, e venho
respeitosamente firmar o convite para o encontro comunitário que ocorrerá nos dias
8 e 15 de maio de 2014, das 19 às 21:30hs, na escola Antônia Malbar. Essa reunião
faz parte das atividades do trabalho de graduação intitulado de “Cidadania da
proximidade: uma leitura comunitária para o desenvolvimento urbano de Ilha das
Flores.”

Programação: 08/05/2014

19h00min – Inscrição de identificação em crachá;

19h20min – Abertura com exposição do trabalho;

19h30min - Apresentação dos participantes;

19h40min – Apresentação da história e evolução urbana do bairro;

19h50min – Apresentação da metodologia a ser utilizada;

20h10min – Desenvolvimento em grupos das atividades de


problematização de Ilha das Flores;

21h00min – Apresentação do blog de Ilha das Flores;

21h15min – Encerramento com coffee break.

Certo de sua presença, desde já agradeço por sua contribuição.

Cordialmente,

Diana Santos
152

APÊNDICE D – Power point utilizado na primeira reunião

Slide 1 - Abertura Slide 2 – Apresentação da pesquisa

Slide 3 – Metodologia do trabalho Slide 4 – Histórico de formação do bairro

Slide 4 – Atividades propostas para a reunião Slide 5 – Atividades propostas para a reunião
153

Slide 6: Questões da temática Mobilidade e Slide 7: Questões da temática Socioeconomia


Acessibilidade

Slide 8 – Questões da temática Identidade, Slide 9 – Questões da temática Desenvolvimento


Cultura e Lazer Urbano

Slide 10 – Logomarca criada Slide 11 – Conceito gráfico da logomarca


154

Slide 12 – Link para apresentação do blog do Slide 13 - Encerramento


bairro
155

APÊNDICE E – Power point utilizado na segunda reunião

Slide 1 - Abertura Slide 2 – Resumo da reunião anterior

Slide 3 – Resultado sistematizado da primeira Slide 4 – Vídeo sobre intervenções urbanas


reunião

Slide 5 – Sugestões de palavras visionárias para Slide 6 – Estimulando ações sustentaveis.


as ações a serem tomadas.
156

Slide 7 - Motivacional Slide 8 - Agradecimentos


157

APÊNDICE F – Tarjetas utilizadas para levantamento de informações


158

APÊNDICE G – Mapa utilizado para as atividades da primeira reunião

Fonte: Google (2014)


Nota: Imagem adaptada pela autora
159

APÊNDICE H – Mapas síntese utilizados nas atividades da segunda reunião

Fonte: Google (2014)


Nota: Imagem adaptada pela autora
160

Fonte: Google (2014)


Nota: Imagem adaptada pela autora
161

Fonte: Google (2014)


Nota: Imagem adaptada pela autora
162

Fonte: Google (2014)


Nota: Imagem adaptada pela autora
163

APÊNDICE I – Questões temáticas

GRUPO 1

Mobilidade e Acessibilidade

1- O que podemos destacar de ponto positivo em Ilha das Flores?


2- Quais as principais vias de acesso ao bairro? O que elas tem de bom e de
ruim?
3- Existem ruas com conflitos de veículos?
4- Qual o trajeto do transporte coletivo? Ele atende a que partes do bairro?
5- Quais os locais mais críticos, com relação as calçadas?
6- Descreva as condições de acessibilidade das escadarias?
Cidade para as pessoas
7- Para que locais as pessoas mais se deslocam a pé e/ou bicicleta?
8- Existem locais que poderia privilegiar calçadas e ciclovias dentro de Ilha das
Flores?

GRUPO 2

Socioeconomia

1- O que podemos destacar de ponto positivo em Ilha das Flores?


2- Os equipamentos sociais como escolas, pronto atendimento médico,
segurança, CRAS, atendem as necessidades do bairro? Existe alguma
carência com relação a esses equipamentos? Se sim, quais e onde?
3- Que tipo de atividade econômica poderia ser estimulada no bairro?
4- Qual a relação do bairro com o Porto? Positivo e negativo.
5- Em que o bairro poderia tirar proveito do Porto?
6- Que melhorias poderiam ser executadas no bairro e onde?
7- Existem práticas de participação comunitária? Cite-as:
164

GRUPO 3

Identidade, Cultura e Lazer

1- O que podemos destacar de ponto positivo em Ilha das Flores?


2- Há alguma edificação, monumento, local, que remete a memória do bairro?
Quais?
3- Quais equipamentos de lazer existentes no bairro? Onde estão localizados e
se atendem a população
4- Existem hábitos, manifestações culturais, locais de vivência a serem
preservados?
5- Que tipo de equipamento de lazer, cultura e esporte, poderia ter no bairro?
6- Em que locais do bairro poderia haver espaços de vivências e de que tipo?
Por quê?

GRUPO 4

Desenvolvimento Urbano

1- O que podemos destacar de ponto positivo em Ilha das Flores?


2- Há problemas habitacionais no bairro?
3- Quanto a infraestrutura urbana (agua, esgoto, drenagem e resíduos), quais os
pontos críticos?
4- Quais os locais considerados áreas de risco quanto há: pontos de alagamento
e desmoronamento?
5- Existem conflitos de uso? Quais e onde?
6- Existem espaços arborizados ou com possibilidades de arborização que
poderiam ser privilegiados?
165

APÊNDICE J – Mapas produzidos na primeira reunião

Fonte: Acervo do autor


166

Fonte: Acervo do autor


167

Fonte: Acervo do autor


168

Fonte: Acervo do autor


169

APÊNDICE L – Mapas produzidos na segunda reunião

Fonte: Acervo do autor


170

Fonte: Acervo do autor


171

Fonte: Acervo do autor


172

Fonte: Acervo do autor


173

APÊNDICE M – Avaliação aplicada na primeira reunião

Avaliação da Leitura Comunitária do dia 08/05/2014.

1- Como você avalia a reunião de hoje:

( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) ruim ( ) péssimo

2- O que achou da forma de abordagem para participar da reunião:

( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) ruim ( ) péssimo

3- Qual a sua avaliação quanto ao tempo das atividades realizadas:

( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) ruim ( ) péssimo

4- Como você analisa a distribuição das atividades por temáticas:

( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) ruim ( ) péssimo

5- O que achou dos debates:

( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) ruim ( ) péssimo

6- Qual a sua avaliação quanto aos produtos que foram elaborados na reunião:

( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) ruim ( ) péssimo

7- Deixe sugestões, críticas e/ou comentários sobre a reunião realizada:

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________

Obrigada pela contribuição e cooperação


174

APÊNDICE N – Mapa síntese da primeira reunião

Fonte: Google (2014)


Nota: Imagem adaptada pela autora
175

APÊNDICE O – Avaliação da segunda reunião

Avaliação da Leitura Comunitária do dia 15/05/2014.

8- Como você avalia a reunião de hoje:

( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) ruim ( ) péssimo

9- A forma de apresentação dos assuntos de hoje, foi de fácil entendimento:

( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) ruim ( ) péssimo

10- Qual a sua avaliação quanto ao tempo das atividades realizadas:

( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) ruim ( ) péssimo

11- A facilidade de uso do material utilizado nas atividades da reunião:

( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) ruim ( ) péssimo

12- O que achou do vídeo mostrado:

( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) ruim ( ) péssimo

13- Qual a sua avaliação quanto as ações que foram geradas na reunião:

( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) ruim ( ) péssimo

14- Deixe sugestões, críticas e/ou comentários sobre a reunião realizada:

___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
__________________________________________________________________

Obrigada pela contribuição e cooperação


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