Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
TecnoMagia
“Os limites de minha linguagem significam os limites de meu mundo.” – Ludwig Wittgenstein
Imagine uma floresta: plantas, paus, pedras, e animais. Um magista neste cenário usaria estes itens
para montar seu arsenal, afinal, que escolha ele teria? Nasce o xamanismo. Avance um pouco na
história para a revolução agrícola, onde você tem o controle do que nasce da terra, não precisa mais
buscar pelas florestas. Ao seu redor haverá ervas, chás, instrumentos de colheita, vassouras e
caldeirões. É isso que o magista dessa época tinha em mãos. Nasce a feitiçaria. Mais alguns séculos
e o mundo estarão rodeados de capas, espadas, taças e itens religiosos. É natural que ele use estes
itens para explorar sua via oculta, nasce a Alta Magia. Corra para a renascença com seus
laboratórios, ateliers e o início das experimentações empíricas. Nasce a Alquimia. Conforme os
tempos mudam a magia muda também.
Agora olhe para você, o que você tem na sua frente? O Que está em sua mão? O que você tem no
bolso? Um Computador? Um Tablet? Um Smartphone? Porque continuar usando só paus e pedras
quando você tem acesso a um universo virtual praticamente infinito e inexplorado? Os tempos
mudaram, e a magia mudou também. A exploração do uso de máquinas, em especial do
computador, como ferramentas mágicas é muito profunda e as possibilidades de comunicação
mente/máquina através das tecnologias baseadas na internet podem abrir portas para o mago nunca
antes sonhadas e de um poder que hoje não temos sequer como começar a avaliar.
Veja. Uma varinha é uma variação do cajado, que é como os antigos realmente impunham sua
Vontade sobre o rebanho. Mas qual foi a última vez que você usou uma varinha para controlar algo?
Bizarro? Então me deixe substituir a palavra “varinha” por outra um pouco mais contemporânea.
Refaça o exercício mental só que agora tente se lembrar qual a última vez em que você usou um
controle remoto ou joystick para controlar algo?
Não quero dizer com isso que os antigos artefatos e símbolos não tenham mais valor. Muito pelo
contrário. Talvez devido à atual indústria do entretenimento os dragões, pentáculos e espadas
estejam muito mais presentes em nosso imaginário e dia a dia do que nas gerações imediatamente
anteriores à nossa. Entretanto conforme o tempo passa o imaginário também evolui. Antigamente
espelhos eram usados, em alguns rituais, como janelas que ligavam lugares distantes, não seriam
hoje os webcams substitutos muito melhores? Videntes eram famosos por usarem superfícies
reflexivas, como bacias com água, para procurar objetos perdidos. Pense em aparelhos com um gps
dentro.
Apenas usar o ambiente virtual como complemento de magia, como os magos modernos vem
fazendo desde o advento da internet é o mesmo que chupar o papel e jogar a bala fora. Até hoje,
tudo o que encontrei sobre magia tecnológica são variações dos rituais desenvolvidos pela Ordo
Saturnis, que se utilizava de máquinas elétricas no inicio do século passado e pagãos usando
webcams para fazer magia “sexual” virtual. Tirando alguns praticantes de magia caótica que se
utiliza de oráculos virtuais para tomada de decisões. Mas tudo isso é muito pouco, próximo de zero
se paramos para analisar os potenciais da magia tecnológica.
É por isso que apresento aqui um manual para um novo formato da prática mágica que foge apenas
de rituais de magias do Caos e apresenta um novo sistema inteiro baseado na tecnologia. Vejamos o
que o futuro reserva para aqueles que começarem hoje a se entregar à Tecnomagia.
Em especial, hoje as redes e computadores com os quais vivemos, podem ser usadas como
poderosas ferramentas mágicas, uma vez que são artefatos de múltiplos propósitos e praticamente
parte do cenário ambiental urbanóide de hoje. O que faz o computador algo tão especial é que ele é
a mais versátil máquina já construída. Mesmo se você ainda quiser continuar a usar as tradicionais
ferramentas/imagens da magia cerimonial, lembre-se que todas elas podem ser simuladas em um
ambiente virtual.
Existem dois pontos, nesta idéia que estou começando a expor, que talvez
incomode os ditos magos, ou estudantes de magia, modernos:
1- Computadores não são ferramentas mágicas reais, por mais que você os
use para realizar tarefas ele não passa de uma máquina de calcular
anabolizada.
Ainda existirão aqueles dizendo que para uma celebridade isto é fácil. Então
darei um exemplo mais mundano. Dia 14 de Março de 2011 uma desconhecida
publicou no YouTube um vídeo onde cantava uma música intitulada Friday. Seu
nome Rebecca Black. Seu vídeo foi eleito na época como o pior vídeo jamais
feito. Em um mês mais de 167 milhões de views, desses 3.1 milhões haviam
clicado no “dislike” – 87% dos cliques de votação. Em janeiro de 2013, o vídeo
já havia arrecadado U$1.400.000 de dólares. Rebecca não era conhecida.
Rebecca nunca ganhou um Oscar. Rebecca não tem amigos famosos. Rebecca
em 10 meses fez mais dinheiro do que você levaria a vida para fazer (isso se
você tem um salário de R$6.000 reais por mês).
Pessoas vendem a alma ao diabo todos os dias tentando ganhar dinheiro e atrair riquezas, com um
clique no celular, com um clique no mouse, alguém fez muito mais do que isso e continuam com a
própria alma.
Estou convencida que, assim como na antiguidade todo magista dominava a matemática, a
astronomia, a química, hoje todo adepto deve aprender alguma linguagem de programação. Em
primeiro lugar porque é uma maneira de afiar o raciocínio e a concentração, mas, além disso, é uma
inigualável forma de aprender a cristalizar a própria Vontade em algo concreto. Outra razão é que o
domínio de uma linguagem de programação ensina as pessoas a darem ordens exatas sobre aquilo
que querem que seja feito. O computador, assim como o universo vai te dar o que você pedir e não
necessariamente aquilo que você precisa.
Sem contar que através de uma linguagem o mago se familiariza com o universo da máquina. Por
que se contentar com o taro e o I-Ching – ou um programa que tire cartas de taro ou jogue o I-Ching
para você? Você pode criar novos oráculos muito mais precisos para vasculhar as probabilidades
futuras da bolsa de valores, por exemplo.
Além disso, assim como no passado o Mago se iniciava em diferentes Mistérios Arcanos, acredito
que o mago moderno deve se iniciar nas diferentes tecnologias. Um smartphone é apenas um celular
que deixa você postar no facebook enquanto você o trata como tal, mas ele pode ser reprogramado e
se torna uma ferramenta poderosa que pode interagir, por exemplo, com máquinas que lêem cartões
de banco. Com carros. Com portões eletrônicos, com outros computadores. Um pendrive é apenas
um pequeno HD enquanto você o trata como tal, ele pode se transformar em uma ferramenta capaz
de derrubar todo o sistema de telefonia do seu bairro, ou da sua cidade.
Também acredito que da mesma forma os antigos alquimistas lidavam com seus ácidos e bases,
com seus fornos e seus reagentes, o mago moderno deve saber como usar uma chave de fendas e
um ferro de soldas, e ter familiaridade com placas de circuitos e chips. Com poucos reais e algumas
horas de trabalho você pode criar um aparelho que cria uma bolha de silêncio eletrônico,
bloqueando câmeras, celulares, computadores. Você pode transformar alguns arames e uma bateria
em algo que apaga totalmente a memória de qualquer aparelho eletrônico. Você pode transformar
um laser pointer em uma arma laser capaz de furar o pneu de um carro a metros e metros de
distância.
O que separa o Mago da pessoa normal não é a magia que percorre suas veias, é o seu cérebro e a
maneira que ele usa a energia que o cerca para realizar aquilo que deseja. É utilizar objetos banais
do cotidiano para conseguir produzir objetivos que aos olhos de quem o cerca são fantásticos,
sobrenaturais e miraculosos.
Capítulo 3 – Autoexec.Bat
Desta forma estou lançando o primeiro programa de treinamento mágico cibernético disponível para
os estudantes e praticantes de magia contemporânea. Ele é o substituto definitivo para as formas
ultrapassadas de magia, que se tornaram obsoletas por causa de seu aspecto místico e religioso.
O objetivo do Liber Turing, não é meramente substituir ferramentas do passado por equivalentes
eletrônicos e virtuais, nem explicar como usar a webcam para sessões de masturbação coletiva, mas
apresentar uma série de técnicas que permitem que o mago altere a realidade em que vive usando o
poder de novas ferramentas que tem à mão. O Liber Turing pode ser usado por qualquer pessoa
que se disponha não apenas estudá-lo, mas a se desenvolver na senda mágica. O título
“Technomago” se aplica igualmente a qualquer um dos sexos.
Para deixar claro que não pretendo apenas passar uma nova camada de tinta em um objeto antigo e
vendê-lo como novo, vou listar 3 exemplos do que um Technomago pode – e deve – ser capaz de
realizar que transcendem a realidade em que vivemos, se utilizando simplesmente de uma
linguagem mágica e de utensílios mágicos disponíveis a qualquer um:
1- Descobrir segredos:
Um mago medieval ou ilumista, caso desejasse descobrir segredos, poderia evocar vários demônios
presentes no livro Ars Goetia que lidam com coisas secretas: Barbas, Paimon, Sitri, Purson, Gäap,
Furfur, Ose ou Cimeies. Ele teria todo o aparato mágico ao seu redor, desenharia círculos, faria
evocações em latim, etc. e o demônio lhe revelaria o que ele gostaria de saber, em pessoa, sonho ou
inspiração.
Se você trabalha em um escritório, muito provavelmente tem na sua mesa ao alcance de sua mão
seu smartphone. Todos os smartphones possuem acelerômetros embutidos. Os acelerômetros é que
fazem sua tela inclinar quando você vira o seu celular. O algoritmo criado faz com que o
acelerômetro do seu celular consiga captar o impacto que percorre sua mesa cada vez que bate com
o dedo em uma tecla do computador e, se baseando na distância em que o aparelho se encontra do
teclado, deduz matematicamente que teclas você está pressionando.
Com um servo/logaritmo desses, você pode ter acesso a praticamente qualquer informação que
deseje, basta colocá-lo no celular de quem você quer ter acesso, ou ainda, coloque ele dentro de
algum joguinho, faça as pessoas baixarem o jogo e faça o programa enviar os dados para um
servidor que você tenha acesso.
2- Enriquecer:
Alquimistas são famosos por suas tentativas de, entre outras coisas, transformar metais em ouro. Se
algum de fato descobriu este segredo soube guardá-lo muito bem. Imagine o que aconteceria com o
mundo se, de repente, qualquer metal pudesse ser transformado em ouro? O capitalismo ruiria, o
ouro perderia o valor, pois se tornaria tão comum quando a areia de uma praia! Mesmo assim, até
hoje pessoas imaginam como realizar tal ato.
Para isso eles nem precisaram entrar em nenhuma sistema, ou de um computador plugado no caixa,
simplesmente usaram o teclado embutido para reprogramá-lo. Mesmo se houvesse um segurança
observando as câmeras de segurança do banco, só iam ver alguém na frente do caixa digitando
coisas.
Outro caso semelhante ocorreu em Virginia, onde Tecnomagos se utilizaram de um manual de
programação – que vinha inclusive com as senhas de segurança – que pegaram da internet, do site
do fabricante de caixas eletrônicos.
Procure ainda por Barnaby Jack e annual hacker convention Black Hat de 2010, para ver como é
simples com a ajuda de um simples pendrive, comprometer um caixa eletrônico para que ele
comece a vomitar todas as notas que se encontram em seu interior.
3- Enfeitiçar:
No passado a arte do feitiço se resumia a fazer outras pessoas enxergarem o que você gostaria que
elas enxergassem. Feiticeiras tornavam, a si mesmas ou a terceiros, em pessoas mais atraentes ou
assustadoras – dependendo do objetivo. Criavam ilusões, miragens, passageiras ou permanentes na
mente de indivíduos ou multidões.
Com a tecnologia de Pixels plásticos, desenvolvida por Steven Livingston em 1999, é possível que
você possa fazer o mesmo, mas em escala muito maior. Imagine um discurso que será transmitido
ao vivo, tanto para televisões quando para a internet, de um candidato à presidência, dias antes da
eleição. Com esta tecnologia, você se torna capaz de, em tempo real, mostrar ao mundo a figura do
candidato dizendo como ele é a favor do estupro e da prostituição infantil. Imagine o que tal feitiço
faria com a corrida para a presidência? E não falo apenas de uma redublagem, é possível que você
altere transmissões ao vivo em tempo real da maneira que desejar, basta para isso uma câmera, um
computador e um pouco de tecnologia para sequestrar o sinal das transmissões das emissoras
presentes no evento. Algo que também já foi realizado há décadas.
Antes de prosseguir vou propor apenas algo para que o cérebro do leitor mastigar por algum tempo.
Quando automóveis se tornaram populares alguns lojistas tiveram uma ideia brilhante: ao invés de
fazer o cliente sair do carro para comprar, imagine se o cliente fizesse a compra de dentro do carro?
Cortaram janelas nas laterais de suas lojas e criaram o conceito de Drive-Thru nos centros
comerciais. A ideia foi um sucesso tão grande que logo quase todas as lojas, especialmente
lanchonetes, abriram suas janelas. Isso é o que uma pessoa inteligente faz quando surgem novas
tecnologias.
Agora. Alguém viu algo diferente. Se uma pessoa tem um carro, isso significa que ela não apenas
pode viajar distâncias mais longas, como também pode carregar mais peso. Essa pessoa então
percebeu que terrenos fora das áreas residenciais eram extremamente mais baratos do que dentro
destes centros. Essa pessoa então sugeriu que ao invés de se criar lojas com janelas na parede, se
construíssem centros de compras em lugares afastados e baratos, onde se poderiam reunir muito
mais lojas do que um simples rua permitiria, e como haveriam mais lojas e mais variedades de
produtos e o aluguel do espaço seria mais barato, estes produtos poderiam custar mais barato.
As pessoas criativas, criaram uma experiência nova com a tecnologia que havia se tornado popular.
Os magos criaram uma nova realidade com ela, a ponto de hoje você pensar em uma loja com uma
janelinha na rua como algo estúpido, mas dificilmente passar 10 dias sem ir a um shopping center.
Capítulo 4 – Readme.txt
O Liber Turing é uma série de vinte e cinco programações – ou “conjurações” – mágicas.
As cinco conjurações clássicas de Evocação, Divinação, Encantamento, Invocação e
Iluminação são realizadas nas cinco categorias mágicas, adaptadas para a nova realidade:
Feitiçaria, Magia Xamânica, Magia Ritual, Magia Astral e Alta Magia. Assim, todo o trabalho
resume sistematicamente toda a tradição de técnica mágica, guiando o mago de práticas
simples e da manufatura de instrumentos até o domínio de experimentos mais complexos
a nível cyberpsíquico.
É altamente desejável que o mago possua alguma forma de templo privativo para suas
conjurações. Este Templo é conhecido como Axis Mundi, ou o centro do universo, de
onde tudo emana. Obviamente seu Axis Mundi não precisa ser um templo físico, muito
pelo contrário. Ele deve ser a conexão entre o mundo físico e a realidade onde a magia
existe em sua forma mais pura. Um Templo virtual, então, se mostra ideal. Construa-o na
forma de um site, de um blog, de um arquivo virtual e o torne invisível para qualquer um
que tente encontrá-lo. Tenha em mente que cada vez que acessá-lo estará realizando
uma jornada entre o reino mundano e o virtual, onde você deverá se tornar supremo. Use
seu Axis Mundi não apenas como um diário mágico, mas como um reino que cresce
conforme você se desenvolve. A realidade onde seus servos, demônios e tesouros serão
guardados. Molde-o à sua imagem e lembre-se, na realidade virtual os únicos limites são
seus medos, sua humildade e sua incapacidade. Faça-o tão grande, intricado e fantástico
quanto desejar.
Não há limite máximo quanto ao tempo que será reservado para completar o trabalho,
mas ele não pode ser concluído em menos de um ano. Qualquer pessoa com tempo livre
para completar a operação em menos de um ano deve pensar em adotar mais
compromissos terrenos para servirem como metas arbitrárias, que serão sustentadas por
várias partes do trabalho. Resultados objetivos são a prova da magia; todo o resto é
misticismo.
Amostras da Pedra Filosofal que não transmutem chumbo em ouro também falharão
como elixir de iluminação em um estilo de vida dominado pelo risco e pela incerteza.
E aqui cabe um aviso sério. Todos os exercícios propostos neste trabalho tem resultados
reais, que afetarão de forma real o seu cérebro, sua maneira de ver e interagir com o
mundo – como toda forma de magia. Arrisque-se, tente, tenha sucesso, fracasse… mas
faça isso consciente que magia não é algo para se divertir ou entreter os outros em festas.
Histórias sobre loucura, fobias, traumas, etc, existem em número suficiente para servirem
de aviso ao incauto.
O mago deve analisar se de fato precisa adotar projetos envolvendo tais elementos antes
de iniciar o trabalho. Para o propósito desta operação, os cinco atos mágicos clássicos de
Evocação, Divinação, Encantamento, Invocação e Iluminação são definidos da seguinte
forma:
EVOCAÇÃO
É o trabalho com formas artificiais de inteligência que podem ser criadas ou – como você
descobrirá – já existem ao seu redor. Você pode considerar essas formas de inteligência
como espíritos presos no mundo virtual, como formas inteligentes que usam a máquina
para se comunicar, sincronicidades virtuais, etc…
Para construir um site com uma egrégora. Crie algo que seja alimentado dia e noite por
famintos visitantes e realize seus desejos em troca de atenção e energia. Não precisa ser
algo parasita, dê algo que as pessoas querem em troca, ou elas não voltarão.
DIVINAÇÃO
Inclui todas aquelas práticas nas quais o mago tenta expandir sua percepção por meios
mágicos.
Criar logaritmos ou “bots” para serem usados como oráculos – podem ser utilizados para
prever quedas e altas em ações na bolsa. Melhores rotas de trânsito em sistemas de
mapas em tempo real. Analisar apps sociais para analisar com quais pessoas terá mais
chance de se relacionar, conseguir sexo, emprego, etc. Prever empresas que estejam para
quebrar ou crescer, etc.
Criar um coletor de dados de mecanismos de busca para descobrir o que as pessoas estão
buscando neste instante como indicador de modas atuais. Que doenças estão se
espalhando. Medos e fobias sociais, etc.
ENCANTAMENTO
Inclui todas aquelas práticas nas quais o mago tenta impor sua vontade sobre a realidade.
O uso de redes sociais para mudar a percepção das pessoas sobe qualquer assunto.
Criação de programas que não apenas construam sigilos mas também os carreguem de
modo artificial, algo semelhante às rodas de orações tibetanas. Use a capacidade de
processamento da máquina como uma forma de sacrifício.
INVOCAÇÃO
Neste momento o Tecnomago busca que as inúmeras personas virtuais que existem no
cyberespaço invadam sua mente para lhe trazer novas formas de conhecimento. A
Invocação cria estados de inspiração ou possessão durante os quais o Encantamento, a
Divinação e ocasionalmente a Evocação podem ser realizados.
A criação de programas que combinem projeção de formas e cores com sons para induzir
a auto-hipnose e preparar a mente para fazer o download das personas e avatares
digitais.
O uso de estímulos eletrônicos controlados para simular dentro de sua mente os padrões
mentais de outras mentes, e assim comungar com elas.
ILUMINAÇÃO
Programas que aumentem sua capacidade de aprendizado, agilidade mental, que inundem
seu cérebro com novos conhecimentos de forma direta ou subliminar.
TECNOFEITIÇARIA
É a magia simples, que depende das conexões ocultas que existem entre os fenômenos
físicos. A Feitiçaria é uma arte mecânica que não requer a teoria de que existe a conexão
entre a mente do operador e o alvo. Quaisquer efeitos que venham a surgir de tal
conexão podem, entretanto, ser encarados como um bônus adicional. Trabalhando no
nível da feitiçaria, o mago cria artefatos, instrumentos e ferramentas que interagem
magicamente com o mundo físico, podendo ser usadas de forma mais sutil nos outros
níveis. O trabalho do nível da feitiçaria deve ser realizado em seus mínimos detalhes; por
mais simples que pareçam suas práticas, elas são a fundação sobre a qual reside o
trabalho mais elevado.
MAGIA CYBERXAMÂNICA
Trabalha nos níveis de transe, visão, imaginação e sonho. Abre o subconsciente do mago
negando o censor psíquico, através de várias técnicas. O mago enfrenta um perigo
considerável neste nível e pode ter que recorrer frequentemente às técnicas da feitiçaria
ou a rituais de banimento, se houver risco de obsessão ou de ser dominado.
TECHNOMAGIA RITUAL
MAGIA CYBERASTRAL
ALTA TECNOMAGIA
É aquela que ocorre quando não há impedimento ao efeito mágico direto da vontade,
nenhuma barreira à clarividência e presciência, e nenhuma separação entre o mago e
qualquer forma de consciência que ele decida assumir. Para a maioria das pessoas, os
portais da Alta Magia são abertos em alguns poucos pontos culminantes da vida. À medida
que o Mago progride em seu treinamento, o momentum que adquire forçará os portões
do miraculoso a abrirem-se mais seguidamente. Não se oferece aqui os procedimentos
para as cinco conjurações da Alta Magia. Ela representa o ponto onde a técnica dá lugar à
mais alta capacidade intuitiva, e cada um deve intuir a chave para libertar tais poderes
para si mesmo.
Arthur C. Clarke formulou três leis que tratam da relação entre o homem e a tecnologia, a
mais conhecida afirma que “Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível
de magia”. Partindo do princípio de Bohr de que “existem grandes verdades e verdades
triviais, o oposto de uma verdade trivial é mentira, mas o oposto de uma grande é
também uma grande verdade” proponho que:
Algo que todo aquele que pretenda se aventurar nesta área virtual da Magia tem que ter
em mente é: Toda technologia nasce pronta para ser explorada, são os pioneiros que a
tornam hermética. O que quero dizer com isto é que toda nova tecnologia é um oásis
esperando pra ser explorado por quem chegar primeiro. O que um ser humano normal
poderia chamar de “cheia de bugs”. Com o tempo esses bugs são corrigidos e a tecnologia
se fecha isolando todas as pessoas não autorizadas para fora.
Um exemplo disso é John Draper, que entrou para a história com o nome de Captain
Crunch. Por um tempo Draper usou um apito de plástico, que vinha de brinde em uma
caixa de cereais, para acessar diretamente o satélite nas chamadas de longa distância,
para fazê-las sem pagar. Draper descobriu que o apito reproduzia fielmente a frequência
de 2600 Hz que o sistema usava para liberar as chamadas. Eventualmento Draper foi
apanhado e preso, sentenciado a uma pena de cinco anos – cumpridas em liberdade, sob
supervisão de um agente de condicional.
“Eu não faço isso. Eu não faço mais isso de forma alguma. E se eu fizer isso, eu faço por
uma razão e uma única razão. Estou aprendendo sobre um sistema. A empresa de
telefonia é um sistema. Um computador é um sistema, você entende? Se eu faço o que
faço, é só para explorar um sistema. Computadores, sistemas, esse é o meu negócio. A
companhia telefônica não passa de um computador.”
Um apito… e todo o sistema de telefonia de um pais teve que ser alterado. Hoje você não
consegue repetir o mesmo feito com um apito, mas o ponto é justamente este. Quantas
novas tecnologias surgem todos os dias? Pagamento de contas via telefones celulares.
Hoje impressoras 3D são usadas para se criar próteses, calçados, brinquedos – agora
imagine um futuro onde elas imprimam comida! Usando um celular você pode não apenas
fazer uma série de carrões modernos simplesmente se desligarem enquanto dirigem pela
via expressa, como pode fazer com que os semáforos obedeçam a sua vontade.
Transforme seu Googleglass em um detector de mentiras e nunca mais seja enganado, ou
saiba como manipular qualquer pessoa para conseguir sexo, segredos ou um drinque
grátis. Faça todas as pessoas do restaurante pagarem sua conta. Crie armas ou
brinquedos sexuais à distância. Crie sociedades ou destrua a em que você vive. Se você
for bom o suficiente, andar pelas ruas se tornará um exercício equivalente ao de um
técnico de tecnologia espacial caminhar por uma viela durante a idade média.
Capítulo 7 – Reload
As primeiras vinte conjurações ensinam toda a gama de truques e técnicas artificiais para
lançar e capturar o raio mágico. Na Alta Magia, o Caos primordial no centro de nosso ser
agarra ou arremessa o raio por si só.
As cinco conjurações em cada nível podem ser praticadas em qualquer ordem, mas todas
devem ser completadas antes de se começar o nível seguinte. O Tecnomago deve
preparar-se para iniciar a operação como um todo em uma data auspiciosa ou com
significado pessoal; talvez um aniversário ou data de mudança sazonal. Um site ou blog –
como foi mencionado – é preparado, onde serão registrados os resultados com cada uma
das vinte e cinco conjurações. Apenas os resultados satisfatórios devem ser anotados, e o
Tecnomago deve modificar sua abordagem a cada conjuração até que resultados dignos
de nota sejam atingidos.
Um único sucesso com cada uma deve ser considerado como um mínimo absoluto,
enquanto cinco sucessos em cada uma das vinte e cinco pode ser visto como um trabalho
perfeitamente consumado.
Com a possível exceção dos atos de Alta Magia, todas as conjurações devem ser
planejadas detalhadamente de forma antecipada. Antes de entrar no cybertemplo para
iniciar o trabalho, o Technomago deve saber precisamente o que ele pretende fazer, que
aspecto da tecnologia pretende dominar e para que objetivo. O aspirante terá muitas
vezes que fazer muito mais do que foi planejado, movido pela inspiração e pela
necessidade. Ainda assim, nunca deverá esquecer-se de realizar o que planejara ou
começar a trabalhar com apenas uma vaga idéia do que irá fazer.
Para realizar o Fnord você construirá uma Máquina dos Sonhos como descrito abaixo. Na
sua forma original, a Máquina dos Sonhos é feita a partir de um cilindro com ranhuras
cortadas nos lados. O cilindro é colocado sobre a plataforma de uma vitrola que roda a
uma velocidade de 78 ou 45 rotações por minuto. Uma lâmpada é suspensa no centro do
cilindro e a velocidade de rotação permite que a luz saia pelos orifícios a uma freqüência
constante de entre 8 e 13 pulsos por segundo. Esta faixa de freqüência corresponde a
ondas alfa, oscilações elétricas normalmente presente no cérebro humano, enquanto
relaxa.
A Máquina dos Sonhos deve ser usada com os olhos fechados. Sente-se diante dela de
forma confortável, acenda a luz e acione a vitrola. A luz pulsante estimula o nervo óptico e
altera as oscilações elétricas do seu cérebro. Você experienciará padrões de cores cada
vez mais brilhantes, coloridas e intensas por trás das pálpebras. Os padrões se tornam
formas e símbolos, girando ao redor, até que o usuário se sente cercado por cores. Esta
experiência pode, por vezes, ser bastante intensa; caso ache que não conseguirá suportar,
basta apenas abrir os olhos. Caso você tenha propensão para ataques epiléticos mas
ainda não saiba, este será com certeza o momento em que descobrirá.
Cada uma das conjurações requer o uso de instrumentos físicos que poderão ser usados
novamente em outros níveis. É altamente desejável que o Tecnomago projete e construa
estes instrumentos com suas próprias mãos, o primeiro exemplo sendo a Máquina dos
Sonhos, utilizada para o Fnord. Entretanto, ele pode adaptar objetos existentes para seu
uso se estes têm um significado pessoal, são raros, têm o design criado pelo Tecnomago,
ou se tais objetos tornam-se disponíveis de forma incomum ou significativa. Lembre-se,
coincidência é a superstição desta era, por que quando você pensa em uma pessoa e ela
te liga em seguida você chama de coincidência, mas dá outro nome para a luz que acende
logo depois que você aperta o interruptor?
O Tecnomago cria um sistema simples que represente um modelo do universo para ser
usado como instrumento divinatório. Um simples gerador de dados randômicos – como
um lançador de medas virtual – ou uma versão digital de algum sistema divinatório como
o tarô ou I-ching também servem. Lembre-se que além de desenvolver o sistema você
deve ser capaz de interpretá-lo. Esqueça-se de borras de café, comece a trabalhar ou
construir geradores de imagens fractais aleatórias. O seu sistema deve ser capaz de
oferecer a você respostas sobre assuntos gerais ou a perguntas diretas. Tenha em mente
que no início quanto mais simples for o sistema, mais facilidade terá para interpretá-lo.
Mas o Tecnomago não deve se prender ao esoterismo existente. Crie um sistema que
sorteie de maneira randômica 8 palavras de bancos de dados diferentes, e os alimente
com palavras como Bom, Mau, Loira, Moreno, Errado, Má Ideia, etc… e analise as frases
que ele te gerar.
Lembre-se que sua divinação deve ser usada para responder a perguntas cujo resultado
poderão ser comprovados como positivo ou negativo – se realizou ou não – dentro de um
período de tempo relativamente curto.
O Xamã se utiliza dessas técnicas para buscar uma conexão com o espírito vivo do mundo.
O Tecnomago vai se utilizar desses estados alterados para buscar uma conexão com a
consciência viva daquele que chamamos hoje de cyberespaço, o fluxo vivo que contém
hoje quase toda informação da raça humana.
Familiares virtuais agem como encantos semi-inteligentes como um nível limitado de ação
independente. O tecnomago intenta construir uma comunicações crescente com as
entidades que fabricou no mundo do cyberespaço até que elas comecem a ter verdadeiro
efeito sobre o mundo.
Para realizar a Invocação Xamânica, o Tecnomago se esforça para obter algum tipo de
possessão por um atavismo de programação. Sua mente deve se comportar como se
fosse o resultado da programação de tal linguagem. Pode ser que o Tecnomago tenha
certa afinidade com uma linguagem desde a adolescência, ou tenha alguma característica
física ou mental que sugira uma determinada linguagem, ou pode ser que surja uma
intuição ou que ocorra uma revelação visionária repentina.
A assim chamada jornada medicinal da Iluminação CyberXamânica é uma busca por auto-
conhecimento, auto-renovação ou auto-desenvolvimento. Ela pode tomar muitas formas.
Tradicionalmente ela costuma tomar a forma de uma experiência de destruição e
recriação, na qual o tecnomago visualiza sua própria morte e o desmembramento de cada
bit de informação genética, mental, psíquica e social de seu ser, seguidos por uma
reconstrução de seu corpo e “espírito”, e um renascimento. Este processo é algumas
vezes acompanhado de privações físicas, como insônia, jejum e dor, para aprofundar os
transes.
O Tecnomago deve ampliar seu uso de transe tecnológico, utilizando variadas técnicas de
gnosis aprendidas e desenvolvidas. Isto tem o efeito de trazer mais completamente à tona
as informações inconscientes que existem na mente, as quais realmente fazem a magia.
Na tecnomagia ritual é feito um uso considerável de vários sistemas de correspondência
simbólica, programação analógica e hipersigilos. Eles são usados para se comunicar com o
inconsciente e para preocupar a mente consciente enquanto a tecnomagia está sendo
realizada.
Alternativamente, eles podem tentar construir suas próprias formas de entidade. Reza a
tradição que um tecnomago não deve manter mais que quatro entidades ao mesmo
tempo, e na prática isso parece uma boa regra.
Na evocação ritual sempre se utiliza uma base material, mesmo que seja apenas um
cybersigilo animado em uma página de internet. Nas evocações iniciais, o tecnomago
constrói uma forte imagem visualizada da entidade, usando gnosis completa. Nas
evocações seguintes, ele programa o sistema que será o corpo “físico” da entidade, com
as várias ordens e orientações para a base material da entidade, ou busca receber
informações dela. O sistema deve ser desenvolvido e programado ritualisticamente
durante os estados de gnosis, sempre que possível. Quando não estiver em uso, ele
deveria estar escondido. Uma boa área para o desenvolvimento e armazenamento dessas
é a Deepweb.
Na divinação tecnoritual, algum tipo de instrumento físico é manipulado para dar uma
resposta simbólica ou analógica durante o estado de gnosis. Estados profundos de gnosis
tecnológica tendem a impedir o uso de instrumentos divinatórios complexos, como
simuladores de interpretação de Sephiroths ou do I Ching, para muitas pessoas. Outros
podem achar que sistemas aleatórios muito simples muito simples, tais como simuladores
de lançamentos de moedas, tendem a conceder muito pouca informação para este tipo de
trabalho, enquanto sistemas de complexidade intermediária, como geradores de imagens
fractais aleatórias são frequentemente mais proveitosos. Antes da divinação o Tecnomago
deveria carregar ritualisticamente o programa divinatório com um sigilo ou representação
analógica da questão. A seleção divinatória é então realizada sob gnosis. A interpretação
pode ser feita sob gnosis, ou depois do retorno à consciência comum.
O Tecnomago deve, neste ponto, ter consciência plena de que os construtos virtuais são
entidades tão reais quanto ele, e que a qualidade dos resultados que lhes trazem são
resultados diretos da personalidade de cada um.
Você não deve restringir-se a invocar apenas aquelas qualidades pelas quais tem uma
simpatia pessoal, busque começar a utilizar sistemas e linguagens a que não está
habituado. Qualquer invocação particularmente bem-sucedida deveria ser seguida, algum
tempo depois, por uma invocação de qualidades completamente diferentes. Um programa
meticuloso de invocação ritual deveria abranger o sucesso com pelo menos cinco
invocações completamente diferentes.
Como com todos os atos de iluminação, as mudanças pretendidas devem ser específicas,
ao invés de vagas e gerais. Para esta conjuração, você pode achar útil preparar uma
“blueprint” mais elaborada, talvez comece a projetar chips como se fossem mandalas que
representem seu eu ou sua alma.
A tecnologia de hoje nos faz pensar, hoje, que a humanidade do passado era ignorante,
uma espécie que precisava de deuses e magia para preencher lacunas que sua
inteligência não preenchia. O problema é que quase ninguém hoje compreende essa
tecnologia. O seu smartphone, por exemplo, tem mais tecnologia do que a nave que levou
os primeiros homens à lua.
O universo é basicamente uma estrutura mágica, e todos nós somos capazes de magia. As
teorias mágicas realmente úteis são aquelas que se adaptam à informação disponível ao
seu redor, à realidade que você está habitando no momento e às ferramentas que estão à
sua mão. Vivemos em um mundo que confunde quantidade de informação com sabedoria
e luzes que brilham com avanços tecnológicos. A magia está muito além desse orgulho
simiesco que o seu humano típico apresenta. É como se a tecnologia criada por nós fosse
um encanto para convencer-nos que nós não somos magos ou de que magia não existe
fora dos efeitos especiais que vemos no cinema. Contudo, este encanto é mais uma
divertida brincadeira cósmica. A tecnologia nos desafia a despedaçar a ilusão deixando
algumas poucas rachaduras.