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Certificação Básica Manual de Português

Frase

A frase é a unidade mínima do discurso; unidade porque, em si mesma, contém um sentido


completo. esta unidade do discurso é, igualmente, uma unidade de entoação. (Nascimento, 2006)

Extensão da frase

A frase pode apresentar uma extensão variável:

- palavra-frase – uma palavra só; suficiente, portanto, para transmitir um sentido completo.

Exemplos: Acidente, Olá! Anoitece. Socorro!


- frase simples ou mono-oracional – a que tem uma só oração, um só predicado verbal.

Exemplos: “Vírus do amor” gera pânico mundial!

Estuário do sado é o mais rico de Portugal. (Títulos do Diário de Notícias, 2000-05-05)

- frase complexa ou plurioracional – a que contém mais do que um predicado verbal; e, por isso, apresenta
duas ou mais orações.

Exemplo: Merece o interesse e a atenção os cidadãos que, querendo resistir à viagem do efémero, a voragem do
superficial, à amnésia sobre a história e às suas reescritas de convivência, queiram compreender melhor de quantos
fios se faz o fio da nossa história recente. (Vitor Dias, in “Prefácio” de 1969)

Frase padrão (ou básica) do Português

A frase padrão do Português é a simples declarativa formada por dois constituintes nucleares expressos:
sujeito – aquilo de que se fala (Sublinhado nos exemplos) – e predicado – tudo aquilo que se diz sobre o
sujeito, ou seja, o predicado inclui o verbo e os complementos que o verbo selecciona (o que se apresenta a
itàlico nos exemplos).

Exemplos:

O Rui ofereceu um relógio à namorada.

A Madeira e os Açores têm condições excelentes para o turismo.

A casa dos meus pais apresenta características da habitação tradicional portuguesa.

Alguns refugiados ficaran instalados na “Colónia Balnear de O Século.

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A ordem sintáctica bàsia ou padrão

As frases produzidas na língua portuguesa obedecem a ordem: 1o Sujeito; 2o Verbo; 3o Complementos

Exemplo: O Rui ofereceu um relógio à namorada no dia de S. Valentim

Sujeito (O Rui) + Verbo (oferecer) + Complemento directo (um relógio) + Complemento indirecto (à
namorada) + Complemento circunstancial de tempo (no dia de S. Valentim).

Reflexão sobre a frase padrão

A obediência à ordem lógica ou directa da frase, permite ao falante saber que:

- O significado de uma frase não decorre só das palavras nela utilizadas;

- O sentido de uma frase deriva também da ordem porque as palavras são nela apresentadas.

 O recurso à ordem directa na frase padrão da língua

- é um dos processos que garante uma fácil compreensão da frase

- é uma estratégia a ter em conta, quando temos de escrever de modo inequívoco, nomeadamente em textos
informativos ou científicos;

- é, em qualquer circunstância, um dos meios para testarmos e repensarmos a frase que sentimos ter escrito
de modo embrulhado, confuso, e que achamos ter de melhorar.

Ordem sintáctica psicológica ou expressiva

Na frase construída na ordem sintáctica psicológica ou expressiva, o falante (ainda que disso possa não ter
uma clara consciência) encadeia os elementos da frase pela ordem do interesse ou relevo que têm para si, e
não pela ordem lógica ou padrão da língua.

Considera, com razão, mais característica do texto literário, a ordem psicológica ou expressiva é também
habitual noutros tipos de texto, nos provérbios e na conservação de todos as camadas sociais.

Qualidade da frase

 Unidade – uma frase tem unidade quando apresenta uma só ideia principal como força

organizadora.

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Exemplo:

O livro “Cultura Científica e Participação Pública” reúne vários estudantes que analisam as relações e
tensões entre ciência, o público e o poder.
N.B: A ideia organizadora da frase é: O que é o livro?

Defeios contra a unidade

A frase perde a sua unidade quando apresenta injustificadamente vários sujeitos agramaticais (como
demostra no exemplo seguinte, em que os sujeitos estão destacados a negro).

Exemplo: Este final de século apresenta vários problemas e contradições na cena da ordem política e a própria ONU
tem mostrado incapacidade para resolver os conflitos que nós vamos, por exemplo, no continente africano onde os
portugueses são particularmente sensíveis ao que acontece em Angola, um país cheio de riquezas, como o petróleo e
os diamantes, recursos a servirem principalmente a compra de armas que enriquecem os seus fabricantes e matam ou
deformam as pessoas que aspiram à saúde e à cultura que são bases do desenvolvimento.

(Texto de um aluno de uma escola secundária)

N.B: A frase sobrecarregada de sujeitos gramaticais desencadeia mecanismos de rejeição – o cérebro do


destinatário, quando for bombardeado com sujeitos, tende para uma reacção de autodefesa: desligar-se.

As maneiras de melhorar a frase longa e confusa são:

- desdobrar a frase em frases mais curtas, cada uma delas com a sua ideia central – tudo resultara mais claro;

- eliminar as palavras ou expressões que nada dizem.

 Clareza – A frase é clara quando veicula de forma transparente para o leitor o que o autor

pretende comunicar.

A clareza é produto da reflexão e do trabalho. Os maiores escritores também confessam que a sua escrita é
mais fruto da “transpiração” do que da chamada “inspiração”. Assim, uma frase clara é o espelho de um
pensamento igualmente claro (Nascimento, 2006)

Defeitos contra a clareza

A frase perde a clareza, quando surgem a obscuridade e a ambiguidade, por exemplo:

- Pela falta de pontuação adequada;

- Pela ordem incorrecta das palavras na frase;

- Pelo uso incorrecto do possessivo seu, sua, seus, suas;

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 Concisão – a frase é concisa quando, de uma maneira clara e eficaz, consegue dizer o máximo no

menor número possivel de palavras.

A concisão elimina as palavras desnecessárias, supérfluas – as que apenas atrofiam ou matam a força, a
vivacidade comunicativa.

São defeitos contra a concisão:


- a repetição descolorida e descuidada de ideias (o que se não deve confundir com uma repetição intencional,
bem construida, estratégica, com garra, para invocar algo)
- alguns pleonasmos ou redundâncias do tipo impprensa escrita.

Período
O período é a frase organizada em oração ou orações. Pode ser:

- simples – quando apresenta uma só oração.

- composto – quando formado por duas ou mais orações.

O período encerra sempre com uma pausa forte, que, na escrita, é assinalada por ponto, ponto de
exclamação, ponto de interrogação, reticências e, por vezes, por dois pontos.

Parágrafo
Para a significação lógica do texto escrito concorrem vários segmentos gráficos que se sucedem uns aos
outros em progressiva escala de grandeza e função significativas: fonema, palavra, frase e parágrafo.

O parágrafo é uma ampla parcela lógica do texto, e uma unidade visual. Estas duas características do
parágrafo são processos de organização lógica do texto e, simultaneamente, processos que facilitam a sua
leitura.

Exemplos:
- o parágrafo de abertura – apresenta o tema ou problema nos seus aspectos essenciais;
- o parágrafo de desenvolvimento – abordará um aspecto em que o tema ou problema se pode subdividir,

- parágrafo de conclusão – retoma o essencial da mensagem, de modo a que perdure na memória do leitor.

Qualidades do parágrafo:
- coerência (ligação lógica entre todo o material do parágrafo);
- unidade (uma só ideia principal; tudo o que se apresenta no parágrafo deve estar relacionado com essa
ideia);

- clareza

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A pontuação

A pontuação é muito importante num texto. Às vezes, a simples falta de uma vírgula, por
exemplo, pode tornar a frase confusa e difícil de perceber.

Ponto final

O ponto final indica uma pausa grande. Emprega-se no final da frase e também nas abreviaturas. Ex.: Sr.
(abreviatura de senhor), Dr. (abreviatura de doutor), D. (abreviatura de Dom e Dona), Exmo. (abreviatura de
Excelentíssimo).

Vírgula

A vírgula indica a pausa mais pequena da pontuação. Encontra-se no interior da frase, para separar orações
ou elementos que as constituem.

As 10 regras para a sua utilização são as seguintes:

1. Emprega-se para separar o vocativo

Exemplos:
- Ó avô, como é o mar?
- Nossa filha está grávida, Manuel!

2. Emprega-se para isolar o aposto

Exemplos:
Maputo, Capital da República de Moçambique, é o principal centro financeiro, corporativo e mercantil do
país.

3. Emprega-se na enumeração de palavras que desempenham a mesma função na frase, quando não estão
ligadas pelas conjunções e, nem ou:

Exemplos:

A beleza, o espírito, a graça, os dotes da alma e do corpo geram a admiração.

Almeida Garrett, Viagens na minha terra.

A mãe foi inaugurar a loja com o primeiro carregamento da quinta: couves, alface, tomate, galinhas, ovos e
fruta. (Pepetela, O cão e os caluandas)

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N.B. A conjunção e não pode levar vírgula antes, a não ser quando se quer dar destaque ou fazer separação
em relação ao que vem a seguir:

Exemplos:

De desabafo em desabafo, o banheiro descai naturalmente na autobiografia, e eu oiço.

Vitorino Nemésio, Corsário das ilhas

Por outro lado, quando se repete a conjunção – por exemplo: e, nem, ou -, deve usar-se a vírgula:

Exemplos:

Não enxerga a paisagem coruscante, nem as rosas e as margaridas, nem o céu, nem o rio, nem as árvores…
(Érico Veríssimo, Clarissa)

4. Costuma empregar-se a separar as conjunções adversativas porém, todavia, contudo e antes da


adversativa mas:

Exemplos:

A verdade, porém, é que eu já me sentia um estrangeiro em minha casa, além disso desabituara-me de viver
numa ilha tão pequena. (João Aguiar, A hora de Sertório)

O decurião não pareceu particularmente entusiasmado, mas agradeceu e sentou-se a comer.

João Aguiar, A hora de Sertório

N.B: Note-se, no entanto, que a estruturação da frase foge por vezes a esse esquema das vírgulas:

Exemplos:

Este empenho tardio salvou Roma, porém não lhe poupou angústias, pois a cidade esteve em perigo de ver
as suas muralhas escaladas pelo inimigo. (João Aguiar, A hora de Sertório)

5. Emprega-se para separar determinadas palavras ou expressões explicativas ou conclusivas (isto é, ou seja,
na verdade, com efeito, sem dúvida, …) e certos advérbios:

Exemplos:

Sentia-me vingado. E ganhava dezasseis dólares, ou seja, quatrocentos por cento.

J. Rodrigues Migueis, Gente da terceira classe

Sobre o rio, com efeito, reluzia um pedaço de azul lavado e lustroso; (…)

Eça de Queirós, A cidade e as serras

Educadamente, pediram-lhe que fizesse o favor de repetir. (João de Melo, Gente feliz com lágrimas)
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N.B: No entanto, há palavras que, encontrando-se completamente integradas na sequência da frase,


dispensam em muitos casos a vírgula. É o que pode acontecer com os advérbios de modo terminado em –
mente e outras palavras, como: então, assim, até, mesmo, talvez, também.

Exemplos:

Não vais então comigo, vais com o Alfredo, com a Ana, com o Chico. (Vergílio Ferreira, Aparição)

Nuno Miguel recorda perfeitamente as letras incrustadas nos cascos negríssimos e também pintados no
dorso das grandes chaminés. (João de Melo, Gente feliz com lágrimas)

6. Deve empregar-se, na maioria dos casos, para separar a oração subordinada que está antes da
subordinante, porque a frase fica mais clara:

Exemplos:

Quando isso acontecia, dentro do bar havia quem visse e batesse as palmas de felicidade.

Lídia Jorge, Notícia da cidade silvestre

Se os cálculos não me falharem, arranjamos a vida mais depressa do que tu possa imaginar.

José Cardoso Pires, O hóspede de Job

N.B: Do mesmo modo, também é aconselhável separar por vírgulas os complementos circunstanciais,
quando aparecem antes do sujeito e do predicado:

Exemplos:

Muito longe, os bois puxam outras redes. (Raul Brandão, Os pescadores)

Semanas depois, os amigos foram visitá-lo. (Mia Couto, Vozes anoitecidas.)

Nos complementos circunstanciais e nas orações coordenadas ou subordinadas, mesmo quando vêm depois,
recorre-se muitas vezes ao emprego de vírgulas para se conseguir maior clareza ou expressividade.

Exemplos:

Semelhante divagação era às vezes tão viva, que Januário se surpreendia com a cara molhada de lágrimas, de
bruços na escrivaninha ou no travesseiro encovado, como um actor da companhia do grande Pedro Cabral.
(Vitorino Nemésio, Mau tempo no canal)

7. As orações gerundivais e participiais, ou as expressões equivalentes, quando iniciam a frase também são
separadas por vírgulas.

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Exemplos:

Derivando todas as liberdades da pessoa do rei, ele recalcou sempre pelo terror todas as reivindicações de
independência colectiva ou pessoal. (Ramalho Ortigão, As farpas, VI)

Distraído com a tarefa, não reparei que me distanciava dos outros, embrenhando-me cada vez mais no
meio do mato. (Fernando Sabino, o menino no espelho)

Desconfiada, a mulher apreciou uma vez mais o aspecto suspeito do Barbaças e não viu neleum comprador.
(Fernando Namora, o trigo e o joio)

8. As orações relativas explicativas, porque não são necessárias para a compreensão da frase, separam-se por
vírgulas:

Exemplos:

O novo abade, que havia pouco tempo se estreara no pastoreio da freguesia, veio à casa da Vessada fazer
uma visita de identificação. (Agustina Bessa-Luís, A Sibila)

O homem, que usava um chapéu coçado e um sobretudo castanho bastante lustroso nas bandas, não se
sentou propriamente. (Mário Dionísio, O dia cinzento e outros contos)

Era aí que tinham lugar as leituras quotidianas, que já tão necessárias lhe eram.

Júlio Dinis, Os fidalgos da casa mourisca

9. As orações ou partes de orações, quando estão intercaladas, também costumam ficar entre vírgulas:

Exemplos:

O notário, quando lavrou a escritura, explicou à senhora o perigo em que caía.

J. Araújo Correia, Contos bárbaros

Nacib, após um momento de indecisão, apressou o passo para alcançá-los.

Jorge Amado, Gabriela, cravo e canela

10. Os advérbios sim e não, quando estão independentes da frase, ficam separados por vírgula:

Exemplos:

Há muito tempo, sim, que não te escrevo. (Carlos Drummond de Andrade, A lição de coisas)

Não, mal não lhe havemos de fazer: mandamo-lo governador para Bissau.

Almeida Garrett, D. Filipa de Vilhena

ISUTC 8
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11. O verbo do predicado, quando está subentendido, costuma ser assinalado por vírgula.

Exemplos:

Os anos são degraus; a vida, a escada. (Fernanda de Castro, Asa no espaço)

Mas tratando-se de frases muito simples é preferível não usar a vírgula, para não as tornar confusas.

Exemplos:

- Schiu, as paredes têm ouvidos, os montes olhos.

Aquilino Ribeiro, Terras do Demo

Muitos homens choravam também, as mulheres todas.

Machado de Assis, As memória póstumas de Brás Cubas

Observação final: salvo casos muito especiais, não se deve colocar vírgula entre o sujeito e o predicado, ou
entre o predicado e o complemento directo, para não dificultar a compreensão da frase ou quebrar a sua
sequência. Não se

escreve com vírgula, por exemplo: “As mulheres e as crianças acorreram ao espectáculo.

O ponto e vírgula

O ponto e vírgula indica uma pausa maior que a da vírgula, mas menos que a do ponto final.

Emprega-se para separar orações da mesma natureza, que sejam longas e já contenham vírgulas dentro de si
mesmas.

Exemplo:
Médicos eram ajudados por freiras; homens chegavam com colchões, cobertores, lençóis, toalhas; mulheres
acendiam fogueiras nas praças ao ar livre, e faziam comida em grandes panelas para acudir a toda a gente.

Fernando Campos, A casa do pó


No entanto, pode também usar-se expressivamente em frases curtas.

Exemplo:

Ser-me-ás fiel na vida e na morte. Não sofras com paciência; luta com heroísmo.

Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição

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Os dois pontos <:>

Empregam-se para introduzir as falas do discurso directo.

Exemplo:

O conselheiro, mortificado como estava, disse sorrindo:

- Não posso convencer-me de que o meu amigo seja capaz de fazer isso por qualquer causa que possa dar-se.

Júlio Dinis, A morgadinha dos Canaviais

Empregam-se também para indicar citações de outros textos ou palavras que foram ditas.

Exemplo:

Levou a mão à testa. Lembrou-se de uma frase de Olívia: «A bondade é uma virtude passiva.»

Érico Veríssimo, Olhai os lírios no campo


Os dois pontos podem ainda apresentar uma enumeração.

Exemplo:

As manifestações culminantes da mentalidade colectiva de um povo são: a Religião, a Política, a Moral, a


Arte. (Ramalho Ortigão, As farpas, VI)

Finalmente, podem introduzir ou sugerir a explicação, a causa, a consequência, etc.

Exemplos:
- Não esqueças, patrão. A riqueza é como o sal: só serve para temperar. (Mia Couto, Terra sonâmbula)

- Gostei daquele homem: ele sabia uma porção de coisas que eu também sabia.

Fernando Sabino, O menino no espelho

- Tem todas as condições para ser ministro: tem voz sonora, leu Maurício Block, está encalacrado, e é um
asno!... (Eça de Queiroz, Os Maias)

Mas não havia saída para uma viagem tão aziaga como aquela: para trás ou para frente, topariam a Guarda.
(Fernando Namora, A noite e a madrugada)

Valeu a pena: a festa foi uma beleza, o povo dizia que só mesmo no Rio era possível ver-se baile daqueles.
(Jorge Amado, Gabriela, Cravo e Canela)

- Estou a falar a sério. Tens de escolher: ou ele ou eu. (Pepetela, O Cão e os Caluandas)

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O ponto de interrogação

Emprega-se nas perguntas

Exemplos:

- Ora aí está, mestre António. A sua filha é alguma coisa. Ou não será? Tenho os braços, tenho-a a ela e
tenho um filho. Que me importam a mim os lavradores?

- E a mim Jacinto?

- Nem a ela, entendeu? E deixe lá que são de boa raça os lavradores. Como os cardos que nem os burros
querem. (Carlos de Oliveira, Uma abelha na chuva)

O ponto de exclamação

Emprega-se nas frases ou palavras exclamativas. Pode exprimir sentimentos variados, como admiração,
entusiasmo, incitamento, ironia, dúvida, dor:

Exemplos:

Queria tanto saber porque sou Eu!


Quem me enjeitou neste caminho escuro?
Queria tanto saber porque seguro
Nas minhas mãos o bem que não é meu!
Florbela Espanca, Charneca em flor

- Vá, tio Malhadinhas, beba e beba-lhe bem! Beba-lhe o que lhe preste!

Aquilino Ribeiro, O Malhadinhas

- Que trevas, meu Deus! – exclamava ele, e arrancava a mãos cheias os cabelos. – dai-me lágrimas, Senhor!
Deixai-me chorar, ou matai-me, que este sofrimento é insuportável!

Camilo Castelo Branco, Amor de perdição

O travessão

Emprega-se no discurso directo, para introduzir as falas e para separá-las das palavras do discurso indirecto
que se intercalam:

Exemplos:

Ao voltar ao corredor, as veias do pescoço tinham-se-lhe esticado como cordas molhadas, e a indignação
quase o sufocava.

ISUTC 11
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- Se foi para assistir a isto que eles me chamaram a ministro, estão muito bem enganados! – reagiu, colérico.
– Comigo, vão é todos de carrinho! (João de Melo, Entre pássaro e anjo)

Emprega-se também para separar determinada oração, expressão ou palavra que se quer colocar em destaque
ou à parte:

Exemplos:

E teve uma surpresa vendo no papel – que cheirava a verbena como a condessa de Gouvarinho – um convite
do conde para jantar no sábado seguinte, feito em termos de simpatia tão escolhidos que eram quase poéticos
(…) (Eça de Queirós, Os Maias)

A inquisição – me lembro de gravuras


Com fogaréus sinistros alumiando
Uma praça de olhares –
Baixou talvez em Minas, sou a vítima. (Carlos Drummond de Andrade, Boitempo III)

O que eu soube – ou melhor, o que alguns souberam, e entre eles eu – foi que Perpena não veio oferecer-se
por vontade sua. (João Aguiar, A hora de Sertório)

Em certos casos, o destaque obtém-se empregando um único travessão:

Exemplos:

Sentia-se triste, quase tão triste como no dia em que partira para o Brasil – há tantos anos já.

Ferreira de Castro, Emigrantes

As reticências <…>

Indicam que algo mais ficou por dizer. Podem expressar sentimentos variados, como hesitação, dúvida,
ironia, dúvida, dor, malícia, etc.:

Exemplos:

E Luísa, compadecida, considerou com as lágrimas a rebentarem-lhe:


- Então é que não foi feliz por lá… Nem todos o podem ser…
- Nem todos… Nem todos… – disse o estrangeiro, aparecendo-lhe no resto um fulgor de alegria velada por
amargura. (Teixeira de Queirós, A nossa gente)

- Então será melhor soltar também o Vieirinha e o Barbaças?


- A gente de perdoar umas malandrices ao Barbaças… Nunca teve quem o guiasse. Mas lá o outro finório…
(Fernando Namora, O trigo e o joio)

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Os parênteses <()>

Servem para isolar um elemento da frase ou até a própria frase. Geralmente, aquilo que está isolado
apresenta um carácter de certo modo explicativo ou à parte, mas também pode haver a intenção de o colocar
em destaque:

Exemplos:

Vim a casa, meti o «Melro» no comboio (era um cavalo preto , uma estampa!...) e levei-o para Coimbra.

Branquinho da Fonseca, O barão

Não encontrei o Chico e foi bom não o encontrar, contar o que se passara seria expor-me à devassado meu
pecado possível (o que é sempre uma forma de o tornar real), seria abrir ao sol o meu escândalo.

Virgílio Ferreira, Aparição


As aspas «»
Colocam-se no princípio e no final das frases ou palavras que são citações de outros contextos:

Exemplo:

Inácio Lucas dizia: «Ela é luz feita de gelo – ilumina sem aquecer.» E era verdade.

Agustina Bessa Luís, A Sibila


O itálico
O itálico é um tipo de letra inclinada e aparece de certo modo associado aos sinais de pontuação.

Costuma usar-se para assinalar as palavras estrangeiras:

Exemplo: O nome, envolto no trajo que descrevera o tailleur de linho, branco! – sugeria uma
límpida imagem. (David Mourão-Ferreira, Gaivotas em terra)

Também se usa em títulos de obras (romances, poesia, óperas, pinturas, etc.):

Exemplo: O romance A Sibila é uma das obras mais conhecidas de Agustina Bessa-Luís.

O negrito
Também chamado bold.

Usa-se, às vezes, para colocar em destaque palavras ou frases, nomeadamente em livros científicos e de
ensino.
Exemplo:
O cérebro constitui a maior parte do encéfalo humano e apresenta dois hemisférios (direito e esquerdo) com
as suas circunvoluções e fissuras. (Raul Mesquita e Fernanda Duarte, PSICOLOGIA Geral e Aplicada,
12º ano)
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