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Lição 1 – Tempos de crises e Distanciamento do Senhor

Rute 1.1-5

INTRODUÇÃO

David Atkinson tem razão em afirmar que em um mundo dominado por “crises” e
“desafios”, no qual cada pequeno acontecimento é transformado em notícia, contanto que haja
nele uma “história interessante” é um alívio abrir e estudar um livro de caráter redentor e
consolador como o de Rute1.
Nesse livro, podemos ver a mão misericordiosa e invisível de Deus. Podemos
contemplar a sua graça e bondade num período de trevas espirituais e afastamento do Deus
pactual, mesmo entre o povo de Deus.
Nesse livro, encontramos muitos aspectos sombrios, é bem verdade. E veremos esses
aspectos com largueza, porquanto são importantes para entendermos o texto. Mas, acima de
tudo encontramos o que nos referimos acima: a mão graciosa e oculta de Deus em cada
momento da história de Rute. Acima de tudo, como veremos no próprio texto, esse livro
infunde esperança no nosso coração. Enche-nos de fé e esperança no Deus bendito que pode
todas as coisas.
Talvez você esteja pensando que isso é um contraste grande para se mostrar num livro
só! E é verdade. Mas, é uma verdade que será encontrada no livro. E não é raro encontrarmos
verdades que parecem antagônicas ocupando o mesmo espaço nas Escrituras. Perceba que eu
disse que “parecem” antagônicas. Mas, de fato, não são.
Pode parecer difícil para nós, mas a simples leitura do texto nos mostrará a verdade
estampada ali.
Esse livro é escrito quando parece que Deus está silente quando as tragédias estão se
seguindo uma à outra na vida de Rute, bem como tragédias estão acontecendo ao nosso redor.
Esse texto, entretanto, nos lembra de que Deus não está longe, não está distante, não
está inerte, parado, silente, ou mesmo indiferente ao nosso sofrimento. Este texto nos ajudará
a interpretar a vida olhando firmemente para o Deus do pacto; olhando firmemente para o
autor e consumador da fé: Jesus Cristo que sofreu por nós.
Nós sofremos não é porque Deus está distante, mas porque muitas vezes não
escolhemos confiar no Senhor no nosso sofrimento.

1
ATKINSON, David. A mensagem de Rute. São Paulo: ABU, 2005, p. 31.
Nós é que por muitas vezes escolhemos tomar caminhos próprios. Nós é que muitas
vezes não refletimos nas decisões que tomamos. Nós é que por muitas vezes, nos avexamos, e
ignorantes que somos, andamos por caminhos que parecem bons aos nossos olhos, mas
podem ser, ao final, caminhos de morte.
E que pena é isso! E quanto sofremos com isso! Mas Deus é misericordioso e sempre
opera em nosso favor.
Vamos analisar o texto de Rute, passo a passo, rogando ao Senhor que nos auxilie
enquanto estamos avançando no processo.
Um aviso antes de continuarmos.
Você perceberá uma diferença entre o livro de Juízes e narrativa de Rute. Enquanto no
livro de Juízes vemos

“...cenas de desordens e lutas, às vezes de grande envergadura.


Põem-se em marcha exércitos. Israel é derrotado e oprimido, mas logo
se faz ouvir a voz da liberdade e soam trombetas da vitória em nome de
Jeová”.
“No livro de Rute, pelo contrário, deixam de se ouvir o tinido
das armas e o tumulto da soldadesca enfurecida. É a vida simples do
povo em toda a sua forma. Ergueram-se e logo tombaram grandes
nações e grandes homens; venceram-se e perderam-se batalhas; intrigas
e rivalidades nos lugares altos. A vida do povo continuava
imperturbável, na calma tradicional de séculos. O amanho das terras, os
velhos costumes do campo, a simplicidade dos noivados, a educação
das crianças, a fé em Deus, tudo seguia o seu curso normal por detrás
dum cenário de crueldade sanguinária, que nos descreve o livro dos
Juízes”2.

A diferença entre um livro e outro se dá porque, o período dos Juízes é um amplo


período de cerca de 400 anos. E nesse período havia, certamente, altos e baixos. E nós não
sabemos com precisão em qual tempo, nesses 400 anos, podemos encaixar o livro de Rute.

1. Dias de Distanciamento de Deus (vs. 1)

2
DAVIDSON, F. Novo Comentário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 2ª. Edição, 1980, p. 512.
O texto começa dizendo: “Nos dias em que julgavam os juízes, houve fome na
terra...”.
Certamente precisamos entender a razão do autor – que não sabemos que é, apesar de
tanta especulação3 – para começar o seu texto, dando-nos uma localização, digamos, histórica
de quando este livro foi escrito.
E esse é um dado importante porque ao entender o contexto em que esse livro foi
escrito estaremos mais apto a entender e julgar vários temas teológicos e detalhes também
desse texto de Rute como por exemplo: as decisões tomadas por Elimeleque e seus filhos; a
amargura do coração de Noemi; a falta clara da menção do Senhor nas tomadas de decisões
dessa família; bem como a Providência oculta de Deus por intermédio das ações humanas.
Assim, fica claro que é importante fazermos uma análise do livro de Juízes aqui tendo
em vista que precisamos de uma acurada análise para fazermos um julgamento adequado do
que estamos vendo nesse livro.
Esses eventos não podem ser vistos fora do seu contexto.

1.1. Dias de rejeição ao Pacto de Deus


Os dias em julgavam os juízes, eram dias de rejeição ao Pacto de Deus. A informação
é que os eventos que iremos ver daqui pra frente é que aconteceram numa época em que o
povo de Deus está em trevas, digo trevas, no que diz respeito ao conhecimento de Deus.
Mas, precisamos, logo de antemão, avisar que não se trata apenas de um carimbo
histórico. É importante igualmente salientarmos que temos de ver o livro de Rute também
dentro de uma importante doutrina que é a doutrina do Pacto.

“Não se trata apenas de um carimbo com a data para localizar o


momento da história em que os personagens viveram... em vez disso, é uma
descrição teológica do caráter da época em que esses acontecimentos
tiveram lugar... Durante os dias dos juízes cada um fazia o que achava
melhor, pois não havia rei na terra (Juízes 21.25”4

O contexto de idolatria, de obscurantismo religioso, de mistura das sementes, de


guerras, faz parte de um contexto ainda maior que é o contexto do pacto.

3
Quanto à questão de autoria e data do livro, Robert Hubbard oferece algumas sugestões interessantes, porém
inconclusivas. Do meu ponto de vista a questão é interessante do ponto de vista acadêmico, mas pouco interfere
na interpretação do texto. Dessa forma, para o que me proponho nesse curso, deixo o assunto relegado a segundo
plano. Ver: HUBBARB, Robert L. Comentários do Antigo Testamento – Rute. São Paulo: Vida Nova, pp. 44-66.
4
DUGUID, Iain. Estudos Bíblicos Expositivos em Ester e Rute. São Paulo: Cultura Cristã, 2016, p. 132.
Hernandes Dias Lopes afirma que nesse tempo “o povo alternou sua vida oscilando
entre sua rebeldia contra Deus e a volta para Ele. A instabilidade política, o colapso moral e
infidelidade espiritual foram as marcas distintivas desse tempo”.5
E claro, o contexto do pacto, é o contexto da redenção. Não podemos deixar passar
isso de largo.
Esse é um assunto por demais importante. E por que é importante? Porque em todo o
tempo, Deus está agindo em toda a história de Juízes e Rute mesmo quando não conseguimos
enxergar claramente a mão dele na história.
Mas, ela está ali.
O livro de Rute nos apresenta

“por meio de uma história bem pessoal... de maneira mais ampla como
Deus está guiando a história em todos os momentos. O Deus que opera em grandes
ações cósmicas é o mesmo que dirige os detalhes de nosso tempo. Ele comanda o
movimento das galáxias e sabe o que se passa na sua agenda. No meio desse
contexto de confusão, surge essa história curta de amor, de drama, de beleza e de
redenção”.6

Essa é a história do Deus de Israel que visita o seu povo.


Vamos entender um pouco do pacto.7 O que mostraremos aqui é um brevíssimo
resumo pacto.
Deus havia feito um pacto com Adão. Esse pacto em geral, é chamado de pacto das
Obras. Nesse pacto, a condição era que Adão obedece a Deus perfeitamente 8. Depois da
queda de Adão (Gênesis 3), e não sendo mais o homem capaz de obediência perfeita, Deus
fez a menção à semente da mulher, ao Senhor Jesus Cristo. Mas, o pacto de Deus continuou
sendo a forma como Deus continuou se relacionando com o homens. Dessa forma temos
ainda o pacto de Deus com Noé (Gênesis 6), depois o pacto com Abraão, com Moisés, com
Davi e finalmente com Jesus.
Mas, para fins de entendermos o nosso texto, o que nos interessa aqui é o pacto com
Abraão e Moisés. No pacto com Abraão, Deus disse que faria dele uma grande nação e
prometeu a ele que também lhe daria uma terra (Gênesis 12). Mas, Deus também o avisara de

5
LOPES, Hernandes Dias. Rute – Uma perfeita História de Amor. São Paulo: Hagnos, 2007, pg.14.
6
GAROFALO, Emílio. As Boas Novas em Rute – Redenção nos campos do Senhor. Brasílio: Monergismo,
2017. p. 18-19.
7
Sobre o assunto, há um curso do MINTS intitulado Teologia do Pacto.
8
HOEKEMA, Anthony. Criados à imagem de Deus. São Paulo: Cultura Cristã, 1999, p. 135ss.
que a sua descendência seria peregrina em uma terra alheia e seria reduzida à escravidão, mas
que Deus julgaria aquela nação (Gênesis 15.13-14).
Na continuidade da história do primeiro livro vemos os descendentes de Abraão descer
para o Egito. No início tudo estava bem, mas logo eles começaram a amargar a escravidão e a
possibilidade da morte (Êxodo 1). A essas alturas aquelas 70 pessoas que desceram ao Egito
no final do livro de Gênesis já se tornaram uma grande nação.
Assim, o povo de Israel passou 400 anos num ambiente que lhe era hostil. Além disso,
esse ambiente também era tão idólatra quanto era possível. Praticamente os egípcios tinham
um Deus para cada coisa. Um estudo das dez pragas mostrará uma faceta disso (Êxodo 7-12).
Então, conforme vemos no livro de Êxodo, Deus suscitou um libertador, e com mão
forte libertou o povo de Israel. “Por meio de um ato sem precedente na história, e que
igualmente não foi duplicado até então, aquele povo foi subitamente transformado do estado
de servidão para o estado de nação independente”9.
Então, depois de tirá-lo do Egito, Deus reiterou o pacto com o Seu povo no Sinai,
dando a ele leis e estatutos (Êxodo 20), para que Israel fosse uma nação para a Sua glória.
Deus requeria santidade do Seu povo, e Ele mesmo determinou o modo como aquele
povo deveria viver para a glória dele.
Nesse pacto, Moisés em vários outros textos, mas especialmente em Deuteronômio,
avisa ao povo que o pacto tem bênçãos e maldições.
Devo enfatizar que essa também é uma parte importante para entender o texto de Rute.
Quando Deus estabeleceu o pacto com o seu povo, ele estabeleceu as bênçãos e as
maldições do pacto.
Quais eram as maldições? As maldições podiam vir de duas formas.
1. Juízo na natureza. Nesse aspecto o mundo se tornaria um lugar para com o povo de
Deus. Eles teriam de enfrentar seca, pestilência, fome, enfermidades, animais selvagens, etc.
2. Juízo na guerra. Nesse outro o povo sofreria derrota; suas cidades seriam sitiadas; os
inimigos ocuparão a terra; haveria morte e destruição; e poderia vir até a pior das maldições
para o povo de Deus: o exílio, ser retirado da terra que havia sido dado como herança a eles
pelo Deus do pacto. (Deuteronômio 4:25-28; Deuteronômio 28:15-68; Deuteronômio 29:16-
29; Deuteronômio 32:15-43; Levítico 26:14-39).

9
SCHULTZ, Samuel J. A História de Israel no Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1995, 5ª.
Reimpressão. p. 57.
Então, entendamos. O livro de juízes nos mostra que o Deus do pacto estava sendo
desprezado (é o que veremos agora). Assim, podemos afirmar que se esse livro está dentro da
doutrina do pacto, podemos afirmar também, embora alguns queira negar, que a fome que o
texto aponta no verso 1, faz parte do desagrado de Deus sobre a forma como o Seu povo está
atuando.
Uma das maldições da quebra do pacto era precisamente a fome. Voltaremos a esse
assunto.

1.2. Dias de trevas e Sincretismo Religioso


A partir daqui passamos a mostrar como é que o povo estava distanciado do Deus do
pacto.
Essa história aconteceu no período dos juízes (Rt 1.1). Mais ou menos 1000 a 1200
anos antes de Cristo. Era uma época de tumulto e descrença. O povo de Deus já estava na
terra prometida, mas esquecia-se frequentemente de quem o havia levado até ali. Embora
amorosa e poderosamente levados até ali pelo Deus que os tirara do Egito, insistiam em trair
seu Deus com falsos deuses. Professavam ser povo de Deus, mas eram ateus na prática. A
época dos juízes é confusa, retratada sombriamente no livro bíblico de mesmo nome10.
O livro de Juízes é descrito como um período de ignorância e pecados grosseiros,
pois é relatado que o povo é instável e facilmente atraído a idolatria.
Não demora nada, depois da morte de Josué, para o problema da idolatria se
manifestar (Juízes 2.6-12). Logo que Josué morre “levantou-se uma geração, que não
conhecia ao Senhor, nem tampouco as obras que fizera a Israel... Deixaram ao Senhor Deus
de seus pais, ...foram-se após outros deuses, dentre os deuses das gentes que havia ao redor
deles, e os adoraram”.
Perceba aqui. “Um problema central manifesta-se de imediato – o esquecimento dos
israelitas em relação às grandes obras de Deus em favor deles e seu abandono de Javé pelos
deuses dos cananeus”.11
É importante lembrar, nesse ponto, que Deus havia dado uma ordem direta ao povo:

“Subiu o Anjo do SENHOR de Gilgal a Boquim e disse: Do Egito vos fiz


subir e vos trouxe à terra que, sob juramento, havia prometido a vossos pais. Eu
disse: nunca invalidarei a minha aliança convosco. Vós, porém, não fareis aliança

10
GAROFALO, Emílio. As Boas Novas em Rute – Redenção nos campos do Senhor. Brasílio: Monergismo,
2017. p. 19.
11
LASOR, William S. e outros. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1999, p. 166.
com os moradores desta terra; antes, derribareis os seus altares; contudo, não
obedecestes à minha voz. Que é isso que fizestes?” (Juízes 2.1-2).

Não é repetitivo lembrar que isso fazia parte do pacto que Deus havia feito com o
povo. Esse pacto exigia exclusividade ao Deus dos céus. Exigia que eles adorassem apenas ao
Deus Javé. Exigia que eles não fizessem aliança com os moradores da terra, como veremos no
próximo ponto. Exigia que eles derrubassem seus altares. Mas eles preferiram seguir seus
próprios caminhos. O coração humano age dessa forma. Age achando que encontra um
caminho melhor que o de Deus.
Mas além da idolatria há um aspecto ainda pior, por assim dizer: o sincretismo
religioso, a mistura da adoração ao Deus verdadeiro com deuses pagãos. Eles misturararam as
abominações dos povos ao seu redor com o que Deus havia ordenado a eles.
Ilustração
Vamos a um exemplo em Juízes 17.7-13
O que temos nesse texto é um homem que faz um ídolo com o dinheiro da mãe e “veio
a ter uma casa de deuses, fez uma estola sacerdotal e ídolos do lar e consagrou a um de seus
filhos, para lhe fosse por sacerdote” (vs. 4).
Mas, o texto posteriormente, nos avisa da chegada de um levita de Belém de Judá que
se presta por causa de dinheiro e comida, a servir como sacerdote naquela “casa de deuses” no
lar de Mica.
A situação é tão tenebrosa, idolatra e sincrética que termina a cena com Mica dizendo
“Sei agora, que o Senhor, me fará bem, porquanto tenho um levita, por sacerdote”.
Posteriormente ele vai servir a uma tribo, encantado com a possibilidade de ser
sacerdote de um povo inteiro que negou a missão que Deus lhe deu: ser uma lembrança
viva de Deus no meio do povo. E ser um sacerdote de uma religião segundo a imagem de
Mica.
Perceba a ênfase que estamos dando aqui. O povo estava em completo afastamento do
Senhor. Em apostasia e sincretismo religioso. Não é só que eles se afastavam de Deus. Eles
misturavam as coisas. Achavam que adoravam a Deus por meio de coisas que Deus nunca
ordenara. Eles se negavam a reconhecer a soberania de Deus. Esse era o tempo dos juízes
onde cada um fazia o que achava melhor. E esse era o tempo em que se encaixa o livro de
Rute.
Os capítulos finais de Juízes destacam-se me mostrar esse círculo vicioso. A nação
havia perdido o rumo em todos os aspectos, tornando-se tão ímpia quanto as nações
pagãs ao seu redor.
Devemos olhar para o livro desse prisma. Não de outro jeito.

Vamos olhar os outros detalhes, mais resumidamente:

1.3. Dias de guerras com guerras como instrumento de provação da parte de Deus
Os acontecimentos narrados em Juízes abrangem um período de cerca de 400 anos,
como já dissemos, desde a conquista de Canaã com Josué até antes de Samuel ungir o
primeiro rei de Israel, Saul.12 Se você consultar, Juízes 1.1, ficará claro que a nossa história
começa quando Josué morre.
A leitura de Juízes 2.6-12 nos dará também uma visão ainda mais clara. Durante este
período Israel foi oprimido internamente pelos cananeus, pois Israel não os havia expulsado
da terra, e externamente pelos moabitas, midianitas e vários outros povos.
Uma leitura rápida do livro de Juízes vai nos mostrar que o povo de Israel foi oprimido
por muitos povos ao seu redor.
O escritor Samuel Schultz nos mostra que nesse tempo, o povo de Israel teve de lutar
em várias frentes13.
Nos capítulos 3.7-16.31, vemos que Israel teve de lutar com algumas nações, a saber:
Mesopotâmia. Moabe. Filístia. Canaã. Midiã. Abimeleque. Amom. Eram muitas guerras e
muitos juízes que foram levantados para libertá-los dessas nações.
Mas, ao avançarmos no livro percebemos que houve também, por causa do
afastamento de Deus uma guerra civil entre o povo de Israel por causa do distanciamento de
Deus.
E por que aconteceu isso? Aconteceu por causa de um crime sexual em Gibeá (Juízes
19). Um levita teve a sua concubina estuprada e morta em Gibeá, que era uma cidade
benjaminta.
O levita esquartejou a mulher e mandou pedaços para todas as tribos de Israel. E isso
gerou uma guerra civil.

PIPER, John. Estudos no livro de Rute. E-book. Sem Editora. Pg. 4.


12

Ver SCHULTZ, Samuel J. A História de Israel no Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1995, 5ª.
13

Reimpressão. p. 102.
É bem verdade que “a história de Rute, nos provê um vislumbre numa era mais
pacifica dos dias em que governavam os juízes”14. Mas, o contexto é esse que estamos vendo
é bem outro.

1.4. Dias em que uma divisão importante e significativa entre a semente do Messias
e a semente do maligno foi desconsiderada
Esse era outro aspecto do tempo do livro de Rute: o casamento misto. A
desconsideração de uma importante e significativa divisão que percorre todo o livro de
Gênesis e toda a Bíblia: a divisão entre a semente do Messias e a semente do Maligno.
Vamos a outro texto em Juízes que comprova que o casamento misto apesar de
proibido era uma prática constante entre o povo de Israel nesse período. O texto é Juízes 3.5-
9.
Nesse texto vamos perceber três coisas.
1º. O povo de Deus mistura a linhagem santa com a semente do maligno.
2º. O povo adora, bem provavelmente por causa disso, aos deuses desses povos.
3°. O resultado disso é a ira de Deus contra aqueles que transgridem seus
mandamentos.
Os israelitas “participam de casamentos mistos com estrangeiros, e depois servem aos
deuses pagãos (vs. 5ss). Essa mistura maligna acende a ira de Javé contra o povo”. 15

4. Aqueles dias eram dias em que a misericórdia, a compaixão, a graça e a


paciência de Deus foram amplamente demonstradas.
Bem, se estamos falando de um tempo em que muitas dificuldades eram vistas; se
estamos falando em que guerras foram travadas por causa da desobediência do povo; tempos
em que a apostasia corria solta, corrompendo e derrubando marcos entre o povo de Israel;
tempos em que a importante e imprescindível linha divisória entre a semente do Messias e a
semente do maligno foi rompida e desconsiderada; também estamos falando de um tempo de
graça e de misericórdia.
“Há muita coisa em Juízes que entristece o coração do leitor;
provavelmente nenhum outro livro da Bíblia testemunha tão
claramente a nossa fragilidade. Contudo, há nele, também, sinais
inegáveis da compaixão divina, da paciência de Deus. Pode acontecer
14
SCHULTZ, Samuel J. A História de Israel no Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1995, 5ª.
Reimpressão. p. 110.
15
LASOR, William S. e outros. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1999, p. 167.
que o leitor moderno de Juízes ouça a voz de advertência do Espírito:
“não é este o caminho, não andeis nele”16.

Isso vamos ver ao longo do Livro. Mas John Piper nos avisa:

Olhe para o último versículo de Rute (4:22). A criança nascida


de Rute e Boaz durante o período dos juízes é Obede. Obede iria gerar
Jessé e Jessé iria gerar Davi, que levaria Israel a grande glória.
Uma das principais mensagens deste pequeno livro é que Deus
está trabalhando no pior dos tempos. Mesmo com os pecados de seu
povo Ele pode e tem trabalhado para sua glória. É verdade, a nível
nacional, e vamos ver que é verdade a nível pessoal, familiar, também.
Deus está trabalhando no pior dos tempos. Quando você pensa que Ele
está distante de você, ou até se voltou contra você, a verdade é que Ele
está criando alicerces para a maior felicidade em sua vida.
Não julgue o Senhor com débil entendimento mas a confie na
Sua graça. Atrás de uma providência carrancuda Ele esconde uma face
sorridente.” Acho que essa é a mensagem de Rute. Vamos ver como o
autor desconhecido, sob a inspiração do Espírito Santo, ensina-nos17.

Aplicações

Aplicação #01 – Todo esse contexto mostra a fragilidade humana


Precisamos está conscientes da fragilidade da fé humana e do próprio ser humano.
Precisamos nos conscientizar, meus queridos irmãos do quanto precisamos do Senhor.
Nossa fé é frágil. Débil.
O Hino 109, nos diz assim na segunda estrofe:
Quero o Salvador comigo,
Porque fraca é minha fé
Sua voz me dá conforto
Quando me vacila o pé.

16
CUNDALL, Arthur E. Juízes e Rute – Introdução e Comentário. São Paulo: Vida Nova, 1986, p. 13.
17
PIPER, John. Estudos no livro de Rute. E-book. Sem Editora. Pg. 5.
Precisamos considerar a voz do Espírito nesse período em Rute.
Somos frágeis.
As circunstâncias podem agir contra nós e facilmente nos fazer esquecer de Deus.
Facilmente agir contra nós.
Mas, ela também pode agir em nosso favor, se nos lembrarmos de que somos pessoas
chamadas por Deus a agir em fé e não olhando as circunstâncias apenas.
Isso aqui, atente, por favor, não é um chamado à irresponsabilidade, não é um
chamado a gracejos, como diz Calvino explicando, no salmo 46 como o cristão, lida com as
dificuldades e provações. É antes um chamado a vivermos uma vida de fé e confiança no
Senhor.
Quando o texto fala que “cada um fazia achava mais reto”, está falando de cada um de
nós. Aquele povo tinha muito o que aprender. Nós também temos muito o que aprender.
“...essas pessoas estavam fazendo o que consideravam correto. Mas obviamente tinham
muito que aprender; por meio dos profetas e dos apóstolos, Deus demonstra
abertamente sua disposição de continuar ensinando seu povo”.18
É por isso que Deus levantou profetas para o povo. É por isso que Deus levantou
os apóstolos. É por isso que Deus deixou as Escrituras. É por isso que Deus nos deu o
Seu Espírito. É por isso que Deus deixou oficiais. Para que nós pudéssemos aprender
cada vez mais.
Não despreze nada disso meu irmão.

Aplicação #02 – Todo esse contexto mostra que precisamos de um Salvador


No livro de Rute encontramos vários homens que se levantam como Salvador do seu
povo. Um após o outro.
Lembrem: o povo peca, o povo clama, Deus vem em seu auxílio e o povo volta a
pecar.
“...Ao considerar-se as vidas desses libertadores “menos-que-salvadores”, poderá
perceber-se a necessidade, em nossa época, de um grande Salvador, de vida irrepreensível,
capaz de efetuar um livramento perfeito, não temporal apenas, mas eterno”19.
É desse tipo de Salvador que precisamos. Um salvador perfeito. Alguém que viva uma
vida que não conseguimos viver.

18
LASOR, William S. e outros. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1999, p. 174.
19
CUNDALL, Arthur E. Juízes e Rute – Introdução e Comentário. São Paulo: Vida Nova, 1986, p. 13.
Você conhece algum ser humano que não seja falho?
Você conhece algum ser humano ao seu redor que consiga viver uma vida perfeita, em
que você não se decepcione em nada com ele? Conhece?
Apenas um foi, é e sempre será perfeito.
Ele não é um libertador que peca.
Ele é um libertador perfeito. Alguém que não cometeu pecado. Mas, Deus o fez
pecado por nós. Alguém que foi levado à cruz do Calvário por causa dos nossos pecados,
depois de ter vivido uma vida que não era possível a nós.

Aplicação #04 – O Senhor é soberano


Ele emprega nações não-israelitas para provar o seu povo bem como para puni-lo
por causa da desobediência, seja ela por idolatria, casamento misto, guerra, ou o que
quer que seja.
Ao mesmo tempo quando seu povo clama, Ele levanta juízes para libertar o seu povo e
trazer a eles paz.
O Senhor livra o seu povo da opressão e lhe dá a paz.
(Talvez seja melhor colocar essa frase na doutrina da depravação total) Steven
Lawson diz que o livre de Juízes mostra Deus como o doador de uma graça imerecida. Ele
diz: “O livro de Juízes revela quão trágica é a vida quando as pessoas se recusam a reconhecer
a soberania de Deus e recusam reconhecer o seu direito de governar suas vidas”20

Lawson diz que “apesar da anarquia espiritual do homem durante esse tempo, o
homem rebelde não pode frustrar as operações soberanas de Deus na terra.
Independentemente do invasivo pecado de Israel, Deus estava livre e desimpedido para agir
como desejasse. Em conformidade com seus propósitos, Deus muitas vezes decidiu abandonar
os pecadores e fazê-los seguir em os seus interesses pecaminosos. No período dos juízes,
Deus fez justamente isso. No meio da extrema iniquidade de Israel, o Senhor, em sua
soberania, reagiu com juízo”21.
Ele continua dizendo que há alguns aspectos em que podemos ver a soberania de Deus
aqui no tempo dos juízes:
1. Disciplinando crentes

20
Lawson. Steven. Fundamentos da Graça – Volume 1. São José dos Campos: Fiel, 2012, pg. 150.
21
Lawson. Steven. Fundamentos da Graça – Volume 1. São José dos Campos: Fiel, 2012, pg. 150.
Deus entregou seu povo à nações pagãs. Com isso ele estava causando a derrota do seu
povo mostrando sua santa e justa ira (Juízes 2.14-15).
Deus queria trazê-los ao arrependimento. “A chocante realidade era que o real inimigo
deles era Deus”. Eles eram confrontados por Deus quando se entregavam aos seus pecados.
2. Dirigindo descrentes
Se você olhar o texto de Juízes 3.12-13 verá que Deus no exercício da sua soberania
exerce controle sobre os poderosos homens e “sobre os interesses e as atividades humanas”. E
isso até sobre reis maus.
Então vemos que todas essas coisas eram controlas pela soberania de Deus.22
3. Dirigindo o Mal
Juízes 9.22-23. Deus dirige o mal para punir os homens.

Você crer nesses três pilares mostrados hoje?


Crer que você é falho como todos os outros homens?
Crer que não existe outro Redentor para você?
Crer na soberania de um Deus amoroso que ama o Seu povo?

22
Sobre o assunto ver: Lawson. Steven. Fundamentos da Graça – Volume 1. São José dos Campos: Fiel, 2012,
pg. 150-152.
Texto: Rute 1.1-5

INTRODUÇÃO
De fato, é preciso reafirmar que ao lermos o texto estamos presenciando, no próprio
texto, uma crise. Crise de fome; de escassez de alimento. Necessidade de migração para outro
país. Mortes. Retorno.
A vida em Israel nesse período, conforme podemos ver no verso 1, se passa nos
tempos dos juízes. Temos de rejeição ao Deus do pacto, tempos de apostasia e sincretismo
religioso, tempos de casamento misto, tempos de guerra.
Depois de termos falado de todos os assuntos que envolve a nação de Israel e sua
interação em crises políticas e guerras com várias nações, vemos agora a história de Israel
de uma forma menor em uma família.
“...O livro de Rute, embora não fique totalmente esquecido do significado nacional, e
até mesmo global, dos seus personagens, trata de um homem, sua família e seu destino.
Lembra-nos de que o Deus das nações também está interessado nas coisas comuns
relacionadas a “um homem”23.
É sumamente importante pensarmos sobre o assunto porque Deus, o que precisamos
ver e pregar, e ouvir e aplicar é que Deus não apenas se importa com acontecimentos
mundiais, mas ele se importa com pessoas, com nomes. E esses foram registrados para a
nossa instrução.

ELUCIDAÇÃO
De fato o autor não nos dá mais detalhes sobre a fome, em que tempo, se todos
estavam com fome, se apenas os mais pobres, se alguém morreu de fome nesse período.
Apenas temos a menção da fome.

É preciso mencionar de novo que a fome era um aspecto da maldição do pacto. E


como o próprio texto nos diz, como se trata “dos dias em que julgavam o juízes, não há
dúvidas de que, essa fome veio pelo fato de que o povo de Deus havia apostatado da fé” 24. “A
fome não era apenas uma casualidade, nem mesmo uma tragédia natural. A seca que devastou
os campos, que fez mirrar a semente no ventre da terra, que cortou das despensas a provisão
23
ATKINSON, David. A mensagem de Rute. São Paulo: ABU, 2005, p. 31.
24
Estou consciente de que alguns autores não veem a fome como um aspecto da maldição do pacto. Esse autor,
porém encara isso como um sério equivoco em encarar o texto dentro do contexto geral das Escrituras e do
importante contexto da reformada doutrina do Pacto
de Deus e levou para as mesas o espectro da fome, era um juízo de Deus à desobediência
(Lv 26.19-20; Dt 28.23-24; 2Sm 24.13-14; Ez 5.16; Am 4.6-7)25
Ela veio como provação como podemos ver em Juízes 2 e 3. E isso por vários
motivos: por abandono do Deus do pacto, por idolatria, por casamentos mistos, por guerra
civil, etc.
A partir desse ponto vamos analisar o texto propriamente dito.

TEMA: As consequências das decisões sem Deus


Decisões, seus determinantes e suas consequências.

Frase de transição: A crise é um momento de Decisão e é importante termos


bastante discernimento ao tomá-la

1. A falta de fé que não nos deixa ver claramente a soberania do Senhor como
causa determinante sobre os eventos da história
A falta de fé foi determinante para a decisão equivocada de Elimeleque
É importante pontuarmos, de novo, que a fome era resultado da infidelidade do povo
de Israel ao pacto que Deus havia feito com Ele.
Repito aqui que é verdade que o texto não diz isso. Mas, o contexto inteiro indica isso,
mesmo que o queiramos negar. A indicação do período de intensas e terríveis trevas
espirituais nos dias dos juízes junto com a indicação da fome, nos dá ampla tranquilidade e
lastro teológico para tal afirmação.26
Mas, é preciso perguntar: o que estamos afirmando é que Elimeleque e sua família
estão passando fome por causa do seu pecado pessoal ou familiar? Não necessariamente!
Mas, o fato é que Deus enviou a fome a Belém – percebam a ironia – à Casa do Pão –
para disciplinar o seu povo e fazer eles se voltarem para Ele.
Então, como podemos ver, quando falamos do pacto, Deus está em cada detalhe do
livro. A fome não está aí como uma obra do acaso. A fome é uma das maldições do pacto. O
texto não aponta isso claramente, porque o próprio contexto – o de Juízes – já o faz.
Hubbarb nos dá duas importantes diretrizes para interpretarmos adequadamente o livro
de Rute teologicamente.27

25
Hernandes Dias Lopes. Pg. 17.
26
Duguid faz uma rápida referência a isso numa nota de rodapé do seu livro. DUGUID, Iain. Estudos Bíblicos
Expositivos em Ester e Rute. São Paulo: Cultura Cristã, 2016, p. 133.
27
HUBBARB, Robert L. Comentários do Antigo Testamento – Rute. São Paulo: Vida Nova, pp. 103ss
Diretriz #01 – Deus é a causa oculta dos eventos da história
O Senhor está presente, embora invisível ao olho humano.
Concordo com Lasor quando diz que “De modo marcante, porém em Rute, a direção
de Deus assume uma forma singular. Em boa parte da Bíblia, Deus intervém de maneira direta
e sobrenatural nos assuntos dos homens para concretizar os propósitos da redenção. Mas em
Rute não há nenhuma orientação por meio de sonhos, visões, mensageiros angelicais ou vozes
do céu. Nenhum profeta se levanta para anunciar: ‘assim diz o Senhor’ Antes, Deus está em
toda parte – mas totalmente escondido em coincidências e em planos puramente humanos. A
providência firme e bondosa de Deus oculta-se por trás do ‘acaso’ que faz Rute encontrar-se
com Boaz (2.3-4), e do plano arriscado de Nomei (3.1-5). Resumindo, o livro demonstra que
Deus age nos bastidores por meio dos atos de pessoas fiéis como Rute, Noemi e Boaz”28.
O Senhor é que vai moldando toda a história de Rute. Enviando a fome. Retirando a
fome. Dando a Rute um filho que será um herdeiro para Noemi (4.13).
“...sua [do Senhor] atividade é oculta atrás das ações de agente humanos, contudo
infere-se que ele é a causa implícita, imanente dos eventos... Portanto, ele é a causa de até
mesmo os menores detalhes “acidentais” da vida”29.

Diretriz #02 – Deus age por meio das atividades humanas


Isso vai ficar claro à medida que formos estudando o livro, mas é aqui que o texto se
torna claro para nós. É aqui que a falta de fé de Elimeleque se torna um fator determinante na
sua tomada de decisão.
É aqui que Elimeleque mostra que o que determina a sua decisão é a falta de fé
O texto não vai nos traçar um perfil psicológico ou de qualquer outra natureza sobre
Elimeleque, mas vai mostrar o coração desse homem.
O texto toma a figura desse homem, e por intermédio dele irá exemplificar como
nossas atitudes manifestam o nosso coração.
Um homem - um Israelita - encontra-se diante de uma decisão a ser tomada... ficar em
Israel onde começou uma grave fome... ou ir a algum outro lugar.
Ele poderia ter aprendido de Deuteronômio 8:7-20 que Deus estava dizendo a Seu
povo que havia desobediência. Se tivesse permanecido, e obedecido a Deus, isso seria uma
prova de confiança nEle. Ele desobedece e vai para Moabe. Um lugar ímpio, certamente. Ele

28
LASOR, William S. e outros. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1999, p. 573.
29
HUBBARB, Robert L. Comentários do Antigo Testamento – Rute. São Paulo: Vida Nova, pp. 104.
escolheu o pior. Ele provavelmente pensou... “Devo cuidar de minha vida, minha esposa,
meus dois filhos”.
O que havia de errado em proteger sua família? Nada.
O que estava errado era tomar decisões que eram proibidas por Deus. E
Elimeleque tomou decisão proibida por Deus.

Deixar a terra Prometida e ir para Moabe


Iain Duguid nos diz que: “Naquela situação Elimeleque tinha de tomar uma decisão.
Escolher um caminho. Ele podia permanecer em Belém, o celeiro vazio, a casa do pão sem
pão, lamentando o pecado que o cercava e confiando que Deus supriria suas necessidades.
Alternativamente, ele poderia deixar a Terra Prometida em busca de campos mais verdes,
nesse caso os campos de Moabe, onde o alimento era mais abundante”30.
Uma pessoa antes dele já havia feito esse trajeto, não para Moabe, mas para o
Egito. Abraão (Gênesis 12). Robert Hubbarb nos alerta para o fato de que isso liga a história
de Elimeleque e Noemi à história dos patriarcas31. Isso significa que há uma continuidade do
pacto, Abraão errou confiando no seu tino naquela ocasião. Da mesma forma Elimeleque.
O escrito Emílio Garófalo Neto aponta as crises de fome de Jacó e seus filhos para nos
lembrar de que a fome no mundo não era algo novo no mundo bíblico32. E embora recomende
cautela esse autor entende que a “a fome era uma forma de Deus pesar a mão sobre o povo
dele a fim de que se voltem para ele”33
Parece não ter ocorrido a Elimeleque que Deus não só é superior à fome, mas
também é Aquele que a dá, como um teste de fé.
Parece que Moabe era menos suscetível a fome. Lá era muito menos provável que
as pessoas passassem fome.
Em lugar algum Elimeleque é condenado diretamente por sua decisão de ir para
o Egito, mas o desenrolar posterior da história deixa claro que suas ações não
decorreram de fé.
A Bíblia não condena suas ações, mas as consequências condenam; por isso, devemos
aprender pela relação de causa e efeito.
Ele não consultou a Deus, mas agiu de forma independente. O que determinou a
ida dele para Moabe foi a falta de fé.

30
DUGUID, Iain. Estudos Bíblicos Expositivos em Ester e Rute. São Paulo: Cultura Cristã, 2016, p. 134.
31
HUBBARB, Robert L. Comentários do Antigo Testamento – Rute. São Paulo: Vida Nova, pp. 125.
32
GAROFALO, Emílio Neto. AS Boas Novas em Rute. Brasilia: Monergismo, pg. 24.
33
GAROFALO, Emílio Neto. AS Boas Novas em Rute. Brasilia: Monergismo, pg. 25.
Talvez Elimeleque tenha levantado situações hipotéticas na sua mente, do que seria
dele e da família dele, se acontecesse isso ou aquilo.
Elimeleque não errou em querer proteger sua família. Ele errou quando
possivelmente presumiu que sua esposa e filhos morreriam de fome e que a única forma
de evitá-lo era indo para outra terra.
Em lugar algum, a promessa e a proteção de Deus são levadas em consideração. E
é aí que seu coração é desvendado.
NÓS SOMOS COMO ELIMELEQUE
Os PROBLEMAS vêm, e nós entramos automaticamente no modo de
sobrevivência. Nós planejamos, prognosticamos, andamos pelo meio dos “e se...” e
reforçamos nossa posição, empilhamos comida e fazemos tudo quanto preciso para tomar o
controle em nossas mãos. E Deus? Aí sim. Pedimos-lhe que abençoe nossos caminhos. Mas,
só depois de tomarmos as decisões. NÓS SEQUER O CONSULTAMOS.

1.2. Perceba que a falta de fé, determinante para a decisão de Elimeleque, leva-o
ao esquecimento das promessas de Deus
Acompanhe o raciocínio comigo.
Aquela era a terra prometida
No pacto de Deus um aspecto sempre presente era a possessão de uma terra. Isso
começou com o chamado de Abraão e foi sempre reiterado ao longo dos tempos com os
profetas que vieram depois de Moisés.
“A terra garantida a pai Abrãao e seus muitos filhos, dos quais Elimeleque é um deles,
Noemi também, e os dois filhos que eles têm. A terra pela qual ansiaram por quatrocentos
anos enquanto viviam no Egito, e pela qual peregrinaram por quarenta anos no deserto. A
terra que custou o sangue de muitos deles em batalhas contra filisteus, amorreus, amalequitas
e tantos outros. O lugar onde sonhavam viver e finalmente sair da desolação do deserto.
Assim, não era razoável que Elimeleque deixasse a terra da provisão de Deus para ir para
outra terra. Mas, apesar disso, ele saiu da terra da promessa e foi para outro lugar”34.
E que lugar era esse? Moabe.
Quem era Moabe?
“Em Israel Moabe era conhecida por muitas coisas, nenhuma delas positiva.
1. Moabe era o povo resultante da relação incestuosa entre Ló e a filha mais velha.
(Gênesis 19.30-38);
34
GAROFALO, Emílio Neto. AS Boas Novas em Rute. Brasilia: Monergismo, pg. 25.
2. O rei deles, Balaque, tinha contratado Balaão para amaldiçoar Israel quando o povo
saiu do Egito (Números 22-24);
3. As mulheres moabitas tinham sido uma pedra de tropeço para Israel no deserto,
seduzindo os homens a adorar falsos deuses (Números 25);
4. Pouco tempo antes disso, eles tinham oprimido os israelitas nos dias de Eglom
(Juízes 3).
Será que esse lugar parece ser uma boa escolha para se criar uma família piedosa?” 35
(Colocar tudo em um parágrafo e retirar os números).
O significado do nome de Elimeleque
O próprio significado do nome “meu Deus é rei”, deveria ter feito ele refletir antes de
sair da terra prometida, da terra que mana leite e mel.
Elimeleque era seu próprio rei. Ao procurar o caminho de maior possibilidade deixou
para trás o caminho da fé e obediência a Deus e expôs o seu coração incrédulo.
...a reação apropriada do povo judeu diante de Deus pesando a mão sobre eles em
Belém deveria ser a de se voltarem, como povo, para Deus em arrependimento. Mas eles são
tentados a seguir o caminho aparentemente mais fácil, ir para Moabe. Na cabeça deles, talvez
seja melhor estar nos campos verdejantes e sem o bom pastor, do que no vale da sombra da
morte com o bom pastor”.36

“Raramente pensamos seriamente no impacto que nossas escolhas terão na nossa


capacidade de criar uma família cristã num mundo que muitas vezes não é o ideal.
Como Elimeleque agimos como soberanos na nossa própria vida, tomando a
decisão que parece ser a melhor aos nossos próprios olhos, sem referencia a Deus e sem
pensar seriamente a respeito das conseqüências a longo prazo...
... o cristianismo não tem nenhum impacto sobre nossas decisões. ...“Meu rei é Deus”,
é facilmente transformado em “Meu rei sou eu mesmo”37. (Tornar tudo um só parágrafo).

Elimeleque tomou uma decisão com base na falta de fé e não em confiança em Deus.

2. A falta de fé sempre nos leva mais longe do que queremos ir, e nos cobra mais
caro do que queremos pagar (vs. 3-5)
35
DUGUID, Iain. Estudos Bíblicos Expositivos em Ester e Rute. São Paulo: Cultura Cristã, 2016, p. 134.
36
GAROFALO, Emílio Neto. AS Boas Novas em Rute. Brasilia: Monergismo, pg. 29.
37
DUGUID, Iain. Estudos Bíblicos Expositivos em Ester e Rute. São Paulo: Cultura Cristã, 2016, p. 135.
Ah sim. Eu sei. Você já ouviu essa frase muitas vezes. Mas essa é uma verdade bem
clara nesse texto.
E tenho absoluta certeza de que se Elimeleque tivesse visto o que aconteceria; se ele
tivesse visto um filme do que aconteceria na sua frente, ele não teria ido “passar um tempo”
em Moabe.

4.1. Aparentemente está tudo bem


Quando você continua a leitura, depois de ouvir tudo que eu disse, parece que está
tudo tranquilo.
Estamos acostumados com essas histórias de alguém que saiu da sua terra e se tornou
rico, famoso e etc, em outro país.
Daí...
No verso 2 encontramos a informação de que Elimeleque, a esposa e os filhos fixaram
residência em Moabe.
Nos versos 3-4 encontramos a informação de que Elimeleque morreu, mas que os dois
filhos casaram, e que eles ficaram ali quase fez anos.
Mas, no verso 5 encontramos a informação de que morreram também os filhos e a
história passa a focar Noemi, e diz que “ficou, assim, a mulher desamparada de seus dois
filhos e de seu marido”.
4.2. Aparentemente não foram para ficar (vs. 2)
A impressão que você tem é que eles não queriam permanecer ali por muito tempo.
Mas depois de um tempo, a prosperidade os fez ficarem por ali.
A NVI diz: “Chegaram a Moabe, e lá ficaram”.
Isso indica que talvez eles não tenham ido para ficar definitivamente por lá.
4.3. Uma permanência mais concreta (vs. 3)
Percebam como o texto de Rute vai nos mostrando como essa família vai sendo
enredada pelo pecado.
a) Elimeleque toma uma decisão de não clamar a Deus;
b) Elimeleque toma uma decisão de sair da terra prometida
c) Depois da morte de Elimeleque, sua esposa, Noemi, resolveu ficar por ali;
d) Seus filhos casaram com mulheres moabitas, o que era proibido por lei.
Isso é o que podemos chamar de “um abismo chamando outro abismo”.
A morte de Elimeleque entretanto, não parece ter feito com que os planos mudassem.
Além disso, seus dois filhos se casaram.
4.4. O pecado do casamento Misto
Mais uma vez Iain Duguid nos diz que nesse ponto “eles poderiam se arrepender e
voltar para casa, sua própria terra e seu próprio Deus, ou poderiam permanecer onde estavam
– no exílio. É notável que a escolha deles tenha sido ficar”38.
E pior ainda, a escolha deles tenha sido, casar com moabitas.

Mas isso era terminantemente proibido pela Lei de Deus (Deuteronômio 7.1-3).
Afinal, a quem eles poderiam escolher?
Progressão do pecado: Primeiro é a ida para Moabe, depois o casamento proibido,
depois a esterilidade das mulheres. Mas mesmo assim não percebemos, ou fechamos os
olhos.

4.4. Uma situação cômoda para Noemi


“Ficaram ali quase 10 anos depois da morte de Elimeleque”. (vs. 4).
“Por dez anos parece que tudo está muito bem e de acordo com o plano, embora a
esterilidade das suas noras certamente devesse ter sido reconhecida como um sinal de
que Deus não estava abençoando sua família”. Duguid, 135.
Nem Elimeleque, nem Malom (Doença), nem Quiliom (Aniquilamento), nem Noemi,
resolveram voltar para casa.
E isso nos leva ao terceiro ponto.

3. A falta de fé algumas vezes é curada com duras providências da parte de Deus


Sei o quanto é difícil ouvir e falar sobre isso.
Estamos acostumados, repito a falar de superação, de entrar num túnel e sair do outro
lado. Mas, aqui estamos falando de duras providências.
A providência oculta de Deus, às vezes é dura.
Deus em geral recompensa seus filhos pela obediência. Isso é bíblico.
E também em geral Deus, lida com seus filhos por meio das recompensas negativas
para que eles se voltem ao arrependimento.
Então perceba:
3.1. O pior ainda estava por vir – a morte dos dois filhos (vs. 5)
No espaço de um verso para o outro, o mundo de Noemi desmorona e ela ficou
sozinha. A única remanescente está sob o juízo de Deus.
38
DUGUID, Iain. Estudos Bíblicos Expositivos em Ester e Rute. São Paulo: Cultura Cristã, 2016, p. 135.
Como iria se sustentar? Ser viúva e sem filhos significava não ter o básico da vida,
nem mesmo a comida.
Ela estava viúva em uma terra estranha. Uma viúva idosa, sem ninguém para se
importar com ela.
“Para Malom e Quiliom certamente, e podemos imaginar que também para
Elimeleque, a morte chegou cedo na vida, eles foram “roubados” do resto dos seus anos. E
Noemi ficou desamparada de seus dois filhos e de seu marido muito cedo na vida”.39
A condição da viuvez, era uma condição de extrema perturbação na vida de qualquer
mulher naquela ocasião.
“Ao morrer os homens, Noemi fica desamparada de seu esposo e seus filhos. Algo
bastante complicado para uma mulher judia. Portanto temos de supor os múltiplos
interrogantes que passam por sua mente. Consideramos o que significava para uma mulher
judia e para qualquer outra mulher enfrentar a viuvez e o desamparo”.
“Ficar viúva era uma severa disciplina para uma mulher, principalmente se ficava sem
filhos, como é o caso de Noemi. Não obstante, a legislação dos hebreus se caracterizava pela
solidariedade para com as viúvas e também para os órfãos e estrangeiros, havia provisões
especiais para elas (Ex. 22: 21; Dt. 14: 29; 16:11; 14; 24: 17; Jr. 7: 6). Ainda antes da época
de Moisés se reconhecia a situação da viúva sem filhos e se estabelecia disposição para ela
(Gn. 38), as que foram totalmente impostas sob Moisés (Dt. 25: 5) (Compubíblia)”.
“Não obstante, enfrentar a viuvez e a solidão é uma nação estrangeira que não era nada
favorável para uma mulher. Talvez esta é uma das razões que motivam a Noemi a voltar a sua
terra, com a segurança que estas disposições legais, para a sua condição lhe beneficiaram. A
viuvez e a solidão eram motivo de vergonha e opróbrio por estarem desprotegidas de uma
figura paternal e varonil que as amparavam e davam segurança”. (Ismael Quintero Rojas,
Rute, pp. 24-25, e-book. Curso do MInts.)
Depois de habitar por uma década nestas terras é vítima das mais nefastas
consequências, as quais são dirigidas para a glória de Deus e para a bênção do povo.
“Então se levantou com suas noras e voltou dos campos de Moabe; porque ouviu que Deus
havia visitado seu povo para dar-lhes pão”. (v. 6).

3.2. O Messias – Ele sofreu a dura providência.


“A tragédia no lar de Elimeleque garantiu que o Messias nasceria da linhagem de Rute
e que o próprio Deus seria submerso um dia no mais escuro poço de perda, tristeza e dor e
39
ATKINSON, David. A mensagem de Rute. São Paulo: ABU, 2005, p. 38.
clamou: “Meu Deus, meu Deus, por que você me abandonou? " na pessoa do Senhor Jesus
Cristo. Embora o pecado muitas vezes nos prenda por passos sutis, louve a Deus que Ele
também trabalhe com providências duras e a grande prova e demonstração é a cruz de Seu
Filho, a providência mais difícil de todas, pela qual nossa salvação foi garantida”. Cuidado
aqui. David Strain.

Aplicação #03 -
“O juízo de Deus sobre os nossos pecados não são tão graves como foi nessa época do
pacto mosaico sobre o qual eles viviam. Afinal, vivemos no pacto da graça onde Cristo
cumpriu perfeitamente a Lei de Deus por nós.
No entanto, as realidades espirituais para as quais esses sinais apontam permanecem as
mesmas. A ESTRADA DA INFIDELIDADE A DEUS CONTINUA A SER A ESTRADA
DA MORTE”.40
Se não fosse a misericórdia do Senhor todos acabaríamos como Elimeleque e seus
filhos; mortos e enterrados, sem vestígio e sem memória, VÍTIMAS DAS NOSSAS
PRÓPRIAS DECISÕES ERRADAS E ESCOLHAS INSENSATAS.
Há esperança para nós.
“Mesmo quando escolhemos o caminho da rebelião e persistimos por um longo
caminho nesse tempo, ainda há um caminho de volta para casa. Na graça de Deus, o caminho
para lugar nenhum ainda pode ser tornar o primeiro passo da longa jornada de volta para
casa.”

CONCLUSÃO
Nós tomos somos como Noemi e sua família.
Achamos que os campos de Moabe são mais verdes que o nosso.
A tentação de abandonar a provisão do céu pelas provisões desse mundo é muito forte.
Muitas vezes demonstramos uma falta de confiança fundamental na bondade de Deus,
E nessa desconfiança reclamamos do emprego que Deus nos deu, da pessoa com quem nos
casamos, ou da família (ou falta dela) que temos, que Deus em sua providência nos concedeu.
Ficamos fantasiando em como seriam os campos vizinhos.

40
DUGUID, Iain. Estudos Bíblicos Expositivos em Ester e Rute. São Paulo: Cultura Cristã, 2016, p. 138.
E talvez precisamos confessar que voltamos as coisas ao Senhor à procura de um
suposto pão melhor. Mas, o Senhor sempre nos faz ver que estamos errados e nos
reconcilia com ele.
O amor de Deus nos atrai, nos conduz a ele e não nos abandona. Louvado seja
Deus.
Transição Cristocêntrica
Noemi e Elimeleque deixaram a terra prometida em rebeldia e em busca da falsa
bênção do pão de Moabe. Jesus deixou as glórias do céu para nos trazer as verdadeiras
bênçãos na terra.
Noemi voluntariamente saíra da terra da promessa para o exílio, tentando construir seu
próprio reino em vez de esperar pelo reino de Deus. Jesus, no entanto, saiu da presença do Pai
para o exílio a fim de nos resgatar da construção do nosso próprio reino e nos assegurar um
futuro vivo e verdadeiro no reino dele.
O Deus que nos esvazia e despoja, ainda que dolorosamente, daquelas coisas preciosas
nas quais confiamos, sabe o que é ser despojado das suas possessões e glórias, ser deixado
sozinho, abandonado pelos seus amigos e pendurado numa cruz. Cada lágrima resultante das
perdas que Deus infringe a nós é uma lágrima cujo custo ele mesmo compreende.
Portanto, o sofrimento da obra purificadora de Deus nunca é severo; nunca é mais do
que o absolutamente necessário para nos fazer voltar para ele.
É a medida destinada a nos mostrar o vazio dos nossos caminhos e nos fazer voltar
para Ele.
Ele é um Deus maravilhoso. Sua graça e misericórdia são grandes e tremendas.

Aplicação

(1) Quando Deus promete os “fins”, Ele também providencia os meios. Abrão


acreditava que Deus lhe daria terra, descendência e bênção. Mas quando sua fé faltou, ele
supôs que Deus não fosse providenciar os meios. Deus sempre providencia o necessário para
aquilo que Ele promete. Há uma canção secular intitulada “Trabalhando como o diabo,
servindo ao Senhor”. Muitos cristãos parecem acreditar nisso. Mas esse não é o jeito de Deus.
(2) A fé nos falta porque nosso Deus é pequeno demais. Sabemos que faltou fé a
Abrão. Também vimos que isso não frustrou os planos de Deus para sua vida. No entanto,
seria de grande ajuda entendermos a razão pela qual Abrão não teve fé. Acho que a resposta é
óbvia: ele não teve fé porque seu “deus” era pequeno demais.
Abrão ainda não conhecia muito bem o seu Deus. E isso era normal e natural. Ele não
parecia pensar que seu Deus fosse maior que a fome, maior que Faraó. Ele não precisava de
lições para aumentar sua fé, ele precisava crescer na fé aprendendo sobre a
grandiosidade do seu Deus. Creio que muitos dos nossos problemas de falta de fé seriam
resolvidos conhecendo mais intimamente o Deus a quem servimos. Abrão não tinha uma
Bíblia para ajudá-lo, mas nós temos.
(3) As circunstâncias não pode está acima da crença da soberania de Deus. A ética
circunstancial sempre pressupõe algum tipo de situação hipotética para a qual não há solução
que seja moralmente correta. No entanto, a Palavra de Deus nos diz claramente que Ele nunca
nos coloca numa situação onde seja necessário pecar:
Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá
que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos
proverá livramento, de sorte que a possais suportar. (1 Coríntios 10:13)
O principal erro do circunstancialismo é que ele se recusa a aceitar um Deus
soberano que é capaz de livrar Seu povo, apesar das circunstâncias. A libertação da
escravidão do Egito de sob a mão cruel de Faraó era impossível, humanamente falando.
Quando Israel ficou num beco sem saída entre o exército egípcio e o Mar Vermelho,
aparentemente não havia esperança. Contudo, o Deus a Quem servimos é um Deus soberano.
Ele é capaz de livrar Seu povo de situações que parecem exigir uma reação pecaminosa.
4) A adversidade é um dos instrumentos de Deus para nossa santificação. Abrão
foi pego de surpresa pela fome, supondo que o caminho de Deus não incluísse a adversidade.
Por isso, ele teve de aprender que Deus designa os testes da vida para desenvolver a nossa fé,
não para destruí-la.
Deixar Canaã e ir para o Egito, em minha opinião, foi uma tentativa de encurtar o teste
da fome. Como já dissemos, em lugar da fome, Deus forçou Abrão a enfrentar Faraó. No
entanto, além disso, precisamos entender que, no fim, Abrão teve de voltar ao lugar de onde
ele se afastou da palavra revelada de Deus. Seu último ato de fé e obediência tinha sido no
altar que ele construiu entre Betel e Ai. O final da sua permanência no “Prado do Caminho
Errado” foi nesse mesmo altar entre Betel e Ai.
O melhor a fazer é seguir um caminho de arrependimento e fé. Ao invés de querermos
um Deus feito à nossa imagem e semelhança como queria Elimeleque, o melhor que fazemos
é seguir o caminho do arrependimento e fé, confiando que o Senhor pode suprir as nossas
necessidades, lelé se mudou para buscar o que lhe pareciam melhores perspectivas de sustento
para sua família – humanamente falando. Mas tomou uma decisão ruim. Porque não era para
sair da terra prometida. Isso é diferente para nós.

(5) Quando a nossa fé falta... Deus não falta. Nossa fé, como a de Abrão, vai faltar.
Mas a verdade abençoada da Palavra de Deus é que quando ela falta, Deus não falta
Em face da fome, Abrão preferiu duvidar da presença e do poder de Deus. Suas
atitudes demonstraram que ele estava disposto a sacrificar seus princípios pela
autopreservação. Apesar da sua falta de fé, Deus o preservou e até o fez prosperar.
Finalmente, Deus o levou ao lugar onde ele deveria ter ficado.
Não recorra aos seus próprios recursos. Deus não precisa dele para cumprir as suas
promessas. Apenas creia.

Lembrem: Somente Cristo é o homem de fé perfeito.

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