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DIDÁTICA DO ENSINO
SUPERIOR
PÓS-GRADUAÇÃO – INSTITUTO BRASILEIRO DE ENSINO
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SUMÁRIO

UNIDADE I – INTRODUÇÃO.............................................................................04

UNIDADE II - BREVE HISTÓRIA DO ENSINO SUPERIOR........................... 05

UNIDADE III – DIDÁTICA..................................................................................13

UNIDADE IV – PLANEJANDO O ENSINO-FORMULANDO OBJETIVOS-

REDEFININDO CONTEÚDOS..........................................................................23

REFERÊNCIAS CONSULTADAS.....................................................................37

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UNIDADE I - INTRODUÇÃO

Vamos começar nossa disciplina contestando uma afirmativa que até


pouco tempo atrás era uma verdade incontestável:

Para ser um bom professor no Ensino Superior, o profissional só


precisa de conhecimentos relacionados à disciplina que pretende lecionar
e uma comunicação fluente.

O pensamento era o seguinte: o aluno do Ensino Superior é adulto e não


precisa do auxílio de um pedagogo1. Pois bem, acreditava-se que o estudante
universitário tinha uma personalidade formada, sabia o que queria e exigia do
professor nada mais que competência para transmitir os conhecimentos e
sanar suas dúvidas.

Hoje esse professor precisa de muito mais! Não lhe bastam sólidos
conhecimentos na área que vai lecionar. Ele precisa ter uma visão de mundo,
de ser humano, de ciência e de educação compatível com as características de
sua função (GIL, 2009).

Nosso caminho nesse módulo de Didática do Ensino Superior passa por


uma breve história do Ensino Superior e as funções da universidade; definição
de didática e seu papel na formação de professores do ensino superior; as
variáveis para uma aprendizagem eficaz ou seja, conhecer o professor, o aluno
do ensino superior e o curso; o planejamento do ensino, a formulação de
objetivos e a definição de conteúdos bem como estratégias para uma
aprendizagem eficaz: as aulas expositivas, as discussões em classe, a
utilizando problemas, as atividades fora de sala de aula, os recursos
tecnológicos e avaliação da aprendizagem.

Temos como objetivo levá-los a refletir sobre a prática do professor do


Ensino Superior, que requer um profissional que combine habilidades pessoais
com as expectativas dos estudantes e as exigências do ambiente. Entender

1
Pedagogo tem origem relacionada à palavra criança (em grego: paidos = criança e gogein = conduzir).

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que deve saber definir objetivos de ensino, selecionar conteúdos, escolher as


estratégias de ensino mais adequadas e promover uma avaliação
comprometida com a aprendizagem. Enfim, perceber que é um desafio formar
novos educadores à altura das exigências do mundo contemporâneo.

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UNIDADE II - BREVE HISTÓRIA DO ENSINO SUPERIOR

Todos sabem que as sociedades tribais da antiguidade (egípcios,


babilônios, hindus, chineses e outros) possuíam sua cultura e educação, mas é
na Grécia que a educação surge como ideal de formação integral do corpo e do
espírito, educação do corpo por meio da educação física e atlética e educação
da mente ou do espírito por meio da música e poesia. Aquele foi o tempo dos
filósofos, dos conhecidos sofistas, professores itinerantes e remunerados que
educavam os gregos na arte, na dialética e nas questões políticas.

Em Roma a educação passou a ser realizada nas casas, pelos pais ou


tutor que ensinavam a escrever e calcular.

As disciplinas inicialmente ensinadas eram: as artes liberais (as artes


das palavras e dos signos - trivium: gramática, retórica e dialética; e as artes
das coisas e dos números - quadrivium: aritmética, música, astronomia e
geometria), a ciência sagrada (mais tarde denominada teologia) e algumas
disciplinas mais práticas, como direito e medicina.

Com a urbanização e o desenvolvimento do comércio, a partir do século


XII e XIII, as escolas medievais antigas, monásticas, foram substituídas pelas
escolas urbanas, as quais deram origem às primeiras universidades (Bolonha,
Paris e Oxford) como associações ou corporações entre mestres e estudantes,
às quais se seguirão Cambridge, Pádua, Nápoles, Roma, Salamanca e
Toulouse, entre outras. Também no século XII, surgem as teses e
dissertações, nas universidades medievais, conferindo graus acadêmicos.

O método de ensino das universidades, durante a Idade Média,


baseava-se na autoridade de textos consagrados por meio de leituras e das
disputatio (discussões entre os estudantes, coordenadas pelos mestres).
Nesse sentido, o ensino medieval pode ser caracterizado como basicamente
oral.

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No decorrer do século XV, desenvolvem-se as bibliotecas universitárias,


que serão importantíssimas, entre outras razões, pelo armazenamento e pela
preservação do saber, função que continuam a desempenhar até hoje e que só
agora passa a ser colocada em xeque pelo desenvolvimento dos métodos de
armazenamento eletrônicos e virtuais.

Na Idade Moderna, com o estabelecimento dos Estados Nacionais,


multiplicam-se as universidades, inclusive fora da Europa, e a população de
estudantes universitários cresce também vertiginosamente. Os modelos de
universidade diversificam-se e o poder político passa a exercer cada vez maior
influência sobre as universidades, que vão perdendo aos poucos sua
autonomia. Surgem também outras instituições de saber, que passam a
rivalizar com as universidades como as academias e as escolas
profissionalizantes.

Entre os séculos XVI e XVIII, observamos diversos movimentos de


reforma universitária. Disciplinas modernas são introduzidas no ensino
universitário, como história, física e administração, entre outras. Na América
Latina, as primeiras universidades são as de São Domingos (1538), Lima e
México (1551), que caracterizam como fundações coloniais e missionárias. O
Brasil, é importante que se diga, não teve nenhuma universidade durante esse
período, o que marcará o atraso de seu sistema de ensino superior. As
primeiras universidades norte americanas constituíram-se como colleges:
Harvard (1636), Williamsburg (1693) e Yale (1701).

A Revolução Francesa, que afetou a Europa em diversos aspectos, teve


também repercussões decisivas na história da universidade. Na França, as
universidades são abolidas em 1793, iniciando-se desde então um processo de
reconstrução do seu ensino superior, o que ocorrerá de forma análoga na
Bélgica e nos Países Baixos. A Espanha e a Itália também assistem a um
recrudescimento do ensino superior, como reflexo da Revolução.

Na Alemanha, sob a influência de Humboldt, Fichte e Schleiermacher,


estabelece-se um modelo de ensino que preza a liberdade do aprendizado e
que servirá por muito tempo como referência ao ensino universitário. Em 1810,
é fundada a Universidade de Berlim, modelo de universidade como centro de

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pesquisa. As universidades britânicas, por sua vez, conservam suas tradições,


e o ensino universitário inglês passará por um momento de expansão
ultramarina, estabelecendo-se na Índia, no Canadá, na Austrália e na Nova
Zelândia. As universidades escandinavas também se mantêm tradicionais.

A independência norte-americana (1776) gera um aumento considerável


nas instituições de ensino superior nos Estados Unidos, que inicialmente
mantêm-se fiéis ao modelo inglês. A partir do século XIX, a Rússia passa
também a construir sua infraestrutura universitária.

O período que vai de 1860 ao início da Segunda Guerra Mundial


apresenta a diversificação, o crescimento e a profissionalização do ensino
universitário. Nos Estados Unidos, o modelo britânico do college é aos poucos
substituído por novas instituições como Stanford, John Hopkins, Comell e
Chicago, que passam a rivalizar com as grandes instituições europeias. Cursos
de business, por exemplo, que não são considerados dignos pelo sistema
universitário europeu, são introduzidos (a Harvard Business School, por
exemplo, é criada em 1908). O ambiente universitário norte-americano,
diferentemente do europeu, tem características próprias, como ensino de
massa, fraca intervenção do Estado, importância do ambiente executivo e do
mecenato (inclusive da ajuda dos ex-alunos) e valorização da pesquisa. A partir
de 1914, é introduzido na estrutura universitária norte-americana o sistema de
tenure (titularização e emprego vitalício depois de um período probatório como
assistant professor), que existe até hoje.

O ensino francês passa por uma reforma, entre 1868 e 1904, baseando-
se no modelo alemão, com a reconstrução de inúmeras universidades e a
reorganização administrativa. O ensino superior britânico também passará por
reformas, sendo introduzidas, assim como nas universidades francesas, novas
disciplinas nos estudos universitários, como ciências, ciências humanas,
línguas estrangeiras etc. Os professores universitários ingleses tornam-se, a
partir desse momento, mais valorizados, assim como os da França.
Multiplicam-se as universidades, e o Estado inglês passa a investir
consideravelmente no ensino superior.

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Paradoxalmente, o sistema universitário alemão, que naquele momento


serve como modelo para vários países, sofre uma crise por causa do excessivo
crescimento do contingente de estudantes, que se afastam cada vez mais do
ideal humboldtiano e pela ameaça cada vez maior à autonomia universitária, a
partir da crescente intervenção do Estado. As duas Guerras Mundiais acabam
por acentuar ainda mais a crise nas universidades alemãs.

As universidades suíças, italianas e espanholas apresentarão sensível


crescimento e desenvolvimento no século XX. O Japão adotará, também, o
sistema universitário ocidental. Em resumo, o século XX assistirá a uma
diversificação intensa do ensino universitário, assim como ao aumento
considerável por sua procura.

Mattar (2008) ressalta que on-line, encontrará links para páginas de


universidades e escolas de todo o mundo, por exemplo, em universities.com.
Dados sobre universidades e pesquisa no Brasil podem ser encontrados no site
www.prossiga.br, programa criado em 1995 pelo Ministério de Ciência e
Tecnologia.

Portugal nunca teve planos educacionais reservados para o Brasil,


desde os tempos da colonização. Durante os três primeiros séculos ficamos a
cargo dos jesuítas. Quando foram expulsos na metade do século XVIII, por
uma década ficamos sem qualquer outro tipo de ensino. Somente em 1772 o
Marques de Pombal implanta o ensino público oficial, mas sem atingir os
objetivos desejados. Até o início do século XIX, os estudos superiores eram
feitos na Europa.

A chegada da família real marca um dos poucos momentos de fomento


à educação, inclusive para o ensino superior.

Com a independência, em 1822, o país inicia efetivamente a busca por


um projeto educacional. No início do Império, já podemos identificar alguns
estabelecimentos de ensino superior: Escola da Marinha e Academia Militar,
Escolas de Medicina (Rio de Janeiro e Bahia), Cursos de Ciências Jurídicas e
Sociais (São Paulo e Olinda) e Academia Imperial de Belas-Artes, além dos
seminários e colégios religiosos. Começam, então, a surgir instituições de

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ensino profissionalizante e faculdades, mas as primeiras universidades


estabelecer-se-ão apenas a partir de 1910 (Manaus, São Paulo, Rio de Janeiro
e Curitiba), tendo vida curta, já que uma lei de 1915 força a extinção das
universidades existentes. No ensino secundário e elementar, o país alcança
resultados ainda menos significativos durante o Império.

Com a Proclamação da República, em 1889, o país reestrutura-se do


ponto de vista administrativo, e inicia-se paralelamente um período de reforma
do ensino. Em 1920, é criada nossa primeira instituição universitária “oficial”, a
Universidade do Rio de Janeiro, hoje UFRJ. Em 1927, surgirá a Universidade
de Minas Gerais. A década de 1920 é ainda marcada por importantes reformas,
em nível estadual, baseadas na filosofia escolanovista, quando surgem, então,
no cenário nacional grandes pensadores da educação como Lourenço Filho,
Anísio Teixeira, Francisco Campos e Fernando de Azevedo, entre outros.

Em 1961 passa a funcionar a UnB – Universidade de Brasília, a partir de


um modelo elaborado por Darcy Ribeiro. Em 1968, o governo brasileiro, em
conjunto com estudantes universitários, institui o projeto Rondon, que buscava
contribuir para o desenvolvimento e a integração nacional operando nas
regiões do país mais carentes de recursos e educação. Também em 1968, é
instituída a Operação Mauá (Opema), que objetiva a integração universidade-
empresa no âmbito da tecnologia industrial por meio da visita de estudantes
universitários e de escolas técnicas a estabelecimentos industriais, além de
outras atividades como cursos, simpósios e conferências.

Em 1996, é instituída a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação


Nacional (LDB), onde as universidades estão definidas da seguinte forma:

Art. 52. As universidades são instituições pluridisciplinares


de formação dos quadros profissionais de nível superior,
de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber
humano, que se caracterizam por:

I - produção intelectual institucionalizada mediante o


estudo sistemático dos temas e problemas mais

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relevantes, tanto do ponto de vista científico e cultural,


quanto regional e nacional;

II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação


acadêmica de mestrado ou doutorado;

III - um terço do corpo docente em regime de tempo


integral.

Parágrafo único. É facultada a criação de universidades


especializadas por campo do saber.

A partir de 1996, o governo passa a estabelecer os procedimentos para


o processo de avaliação dos cursos e instituições de ensino superior (Decreto
2.026). Passam a serem realizados os Exames Nacionais de Cursos
(conhecidos como Provão), que procuram avaliar a qualidade dos cursos de
nível superior. Os critérios de avaliação foram modificados, a partir de 2003,
com a criação do ENADE, que realiza provas por amostragem, no meio e no
final dos cursos.

Em 1997, são regulamentadas as instituições de ensino superior


(Decreto 2.306) surgindo a figura dos centros universitários, instituições de
ensino superior que se localizariam entre as faculdades e as universidades,
inclusive em relação a seu grau de autonomia.

A educação a distância ganha também destaque nas estratégias do


governo brasileiro, no final do século XX e início do século XXI, visando elevar
o baixo percentual de jovens brasileiros que frequentam cursos superiores
(MATTAR, 2008).

Após essa breve retrospectiva sobre a educação não só podemos como


devemos mostrar o quanto a experiência da universidade é uma das mais
marcantes na vida de um ser humano. O estudante passa, durante o período
em que está cursando a universidade, por diversas mudanças, como
mudanças de aprendizado e cognitivas, de atitudes e valores, psicológicos e
sociais, além do desenvolvimento moral.

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O conceito de universidade está centrado sobre a tríade ensino,


pesquisa e extensão. Se a pesquisa deve ser entendida como a produção de
conhecimento por uma comunidade de investigação e a extensão como uma
forma de a universidade prestar serviços à comunidade, oferecendo cursos e
atividades diversos e variados, o ensino é em geral compreendido como o
momento da transmissão do conhecimento.

Entretanto, a forma de “transmissão” do conhecimento mudou, é claro,


durante a história das universidades. Hoje não se pensa mais numa atitude
passiva do estudante, que deve simplesmente absorver as informações
transmitidas pelo professor. Também em função da introdução da tecnologia da
informação no ensino universitário, o professor é visto hoje muito mais como
um orientador de estudos, e do aluno universitário se espera uma postura ativa
e reflexiva (MATTAR, 2008).

Lipman (1995) oferece, nesse sentido, uma comparação entre o que


denomina paradigma-padrão da prática normal educativa versus paradigma
reflexivo da prática crítica, que serve muito bem para ilustrar o que se espera
tanto do estudante quanto do professor universitário de hoje:

Paradigma Padrão Paradigma Reflexivo

A educação consiste na transmissão A educação é o resultado da


de conhecimentos daqueles que participação em uma comunidade de
sabem para aqueles que não sabem. investigação orientada pelo professor.

O professor desempenha um papel de O professor está pronto a admitir


autoridade no processo educacional. erros, numa postura de falibilidade.

Nosso conhecimento do mundo é Os alunos são estimulados a pensar


inequívoco, explicável e não ambíguo. sobre o mundo quando o nosso
conhecimento a seu respeito revela-se
Os alunos adquirem conhecimentos
ambíguo, equívoco e inexplicável.
por intermédio da absorção de
informações e dados sobre assuntos Os alunos pensam e refletem,
específicos; uma mente bem educada desenvolvendo cada vez mais o uso

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é uma mente bem-estruturada. da razão, assim como a capacidade


de serem criteriosos.
Os conhecimentos são distribuídos
entre disciplinas não coincidentes e As disciplinas em que ocorrem
que juntas completam o universo a ser questionamentos não são
conhecido. coincidentes nem completas, e suas
relações com os temas são bastante
problemáticas.

Fonte: Mattar (2008)

Assim podemos dizer que o enfoque do processo educativo da nova era


não é a aquisição de informações, mas sim a percepção das relações contidas
nos temas investigados. A capacidade de armazenamento de dados tornou-se
praticamente infinita com o desenvolvimento da informática e de poderosos
bancos de dados.

O importante Parecer n. 977/65, da autoria do professor Newton


Sucupira, formulou a distinção entre os cursos de pós-graduação Lato sensu e
Stricto sensu no Brasil. Os cursos Lato sensu incluem os cursos de
aperfeiçoamento e especialização; já os cursos Stricto sensu incluem os cursos
de mestrado e doutorado. Os cursos de pós-graduação Lato sensu são
discutidos pela Resolução 12/83 e pelo Parecer 69/88. Uma de suas
modalidades bastante difundida no Brasil são cursos de MBA (Master in
Business Administration), muitos desenvolvidos cooperação com instituições
estrangeiras.

Segundo Oliveira (1995) as fronteiras entre a pós-graduação Stricto


sensu e o mestrado são tênues. Para ela, apesar de a pós-graduação Lato
sensu ter como objetivo principal o domínio técnico de uma determinada e
limitada área do conhecimento e apresentar, em geral, natureza aplicada, há
cursos que cobrem uma vasta área do saber; é perfeitamente possível
existirem cursos de pós-graduação Lato sensu de natureza acadêmica, assim
como a ideia do mestrado profissional não é nova, uma vez que foi mencionada
há mais de quatro décadas no Parecer 977/65.

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A Capes oferece on-line estatísticas e informações sobre a pós-


graduação no Brasil, assim como uma lista de cursos de mestrado e doutorado
reconhecidos. Um dos principais problemas enfrentados pela pós-graduação
no Brasil é o fato de parte dos cursos de mestrado e doutorado com nível de
excelência estar localizada na região Sudeste, o que acaba deslocando
talentos de outras regiões, principalmente Norte e Nordeste, que muitas vezes
não retomam a seus Estados de origem em função das oportunidades de
emprego que encontram, reforçando assim ainda mais esse círculo vicioso
(MATTAR, 2008).

A pesquisa nas universidades

A pesquisa é o conjunto de investigações, operações e trabalhos


intelectuais ou práticos que tenham como objetivo a descoberta de novos
conhecimentos, a invenção de novas técnicas e a exploração ou a criação de
novas realidades.

A pesquisa moderna está muito pouco associada à invenção, apesar de


a idealização do trabalho de pesquisa indicar o contrário.

Em geral, a rotina predomina nas pesquisas teóricas ou experimentais, e


o papel mais comum do pesquisador é o de um executor que não tem muita
oportunidade de criar.

A ciência de hoje recorre às empresas de projetos para delinear seus


planos e novos aparelhos, caracterizando o que podemos denominar de
industrialização da ciência.

A pesquisa nas universidades realiza-se principalmente em consonância


com os cursos de pós-graduação, especialmente a pós-graduação Stricto
sensu, embora encontremos na graduação os projetos de iniciação científica.

Um grande problema é que ensino e pesquisa exigem dons diferentes,


que nem sempre podem ser encontrados em uma mesma pessoa. Espera-se
que o docente seja também um pesquisador, e vice-versa, como se essa
transmutação fosse algo natural e obrigatório (MATTAR, 2008).

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Segundo a LDB de 1996, os cursos de extensão são programas de


ensino superior abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos
em cada caso pelas instituições de ensino.

A oferta de cursos de extensão é uma responsabilidade social da


universidade para com a comunidade em que está inserida, prestando assim
serviços voltados para o benefício da população e ultrapassando seus próprios
limites.

A liberdade para os cursos de extensão é praticamente total - eles não


precisam ser autorizados pelo Ministério da Educação e podem se organizar
em qualquer campo do saber (ou mesmo como cursos interdisciplinares), com
a carga horária e para o público-alvo que a instituição de ensino determinar.
São muito comuns os cursos de extensão para os alunos de graduação ou pós-
graduação na própria instituição de ensino, como complemento a seus estudos.
São também comuns as atividades de extensão que envolvem atendimento e
lazer para a comunidade, assim como as ofertas de cursos de extensão para
alunos que ainda não tenham concluído o ensino médio.

Conhecemos alguns dos objetivos da universidade e de imediato


percebe-se o quanto é importante o papel do professor nesse mundo de
oportunidades que surge à frente dos estudantes que saem entusiasmados do
Ensino Médio. Para que o entusiasmo não se transforme em frustração,
acredita-se que a didática desempenha um importante papel. É o que veremos
a partir de então.

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UNIDADE III - DIDÁTICA

No dicionário Aurélio, encontramos a mais simples definição para


didática: “A técnica de dirigir e orientar a aprendizagem; técnica de ensino. O
estudo dessa técnica” (FERREIRA, 2004).

Nerice (1993) considera didática como o estudo dos recursos técnicos


que têm em mira dirigir a aprendizagem do educando, tendo em vista levá-lo a
atingir um estado de maturidade que lhe permita encontrar-se com a realidade
e na mesma poder atuar de maneira consciente, eficiente e responsável.

Para Libâneo (1994) a didática é uma disciplina que estuda o processo


de ensino no qual os objetivos, os conteúdos, os métodos e as formas de
organização da aula se combinam entre si, de modo a criar as condições e os
modos de garantir aos alunos uma aprendizagem significativa. Ela ajuda o
professor na direção e orientação das tarefas do ensino e da aprendizagem,
fornecendo-lhe mais segurança profissional e tornando-o um mediador.

Em que consiste o processo de ensino e aprendizagem? O principio


básico que define esse processo é o seguinte: o núcleo da atividade docente é
a relação ativa do aluno com a matéria de estudo, sob a direção do professor.
O processo de ensino consiste de uma combinação adequada entre o papel de
direção do professor e a atividade independente, autônoma e criativa do aluno.
O papel do professor, portanto é o de planejar, selecionar e organizar os
conteúdos, programar tarefas, criar condições de estudo dentro da classe,
incentivar os alunos para o estudo, ou seja, o professor dirige as atividades de
aprendizagem dos alunos a fim de que estes se tornem sujeitos ativos da
própria aprendizagem. Não há ensino verdadeiro se os alunos não
desenvolvem suas capacidades e habilidades mentais, se não assimilam
pessoal e ativamente os conhecimentos ou se não dão conta de aplicá-los, seja
nos exercícios e verificações feitos em classe, seja na prática da vida
(LIBÂNEO, 1994).

A partir do momento que só há ensino se há aprendizagem, a didática


passou a ter como objeto de estudo o processo ensino-aprendizagem. Se

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educar é guiar, conduzir o sujeito a aprendizagem, esse movimento acontece


de dentro para fora, pois bem, para que o movimento aconteça, motivação é
fundamental!

Agora, se pensarmos que ninguém motiva ninguém, o papel do


professor é criar mecanismos para que o sujeito se sinta motivado a
movimentar, portanto, voltamos ao ponto de partida: didática nada mais é do
que orientar o sujeito no seu processo de aprendizagem.

Um pouco da história da didática...

A inauguração de um campo de estudos com esse nome tem uma


característica que vai ser reencontrada na vida histórica da Didática: surge de
uma crise e constitui um marco revolucionário e doutrinário no campo da
Educação. Da nova disciplina esperam-se reformas da Humanidade, já que
deveria orientar educadores e destes, por sua vez, dependeria a formação das
novas gerações. Justificam-se, assim, as muitas esperanças nela depositadas,
acompanhadas, infelizmente, de outras tantas frustrações.

Constata-se que a delimitação da Didática constituiu a primeira tentativa


que se conhece de agrupar os conhecimentos pedagógicos, atribuindo-lhes
uma situação superior à da mera prática costumeira, do uso ou não do mito. A
Didática surge graças à ação de Comênio (1582-1670) que escreveu, entre
outras obras, a Didática Magna (1633), instituindo a nova disciplina como “arte
de ensinar tudo a todos”.

A partir do final do século XIX, a Didática passou a buscar fundamentos


também nas ciências, especialmente na Biologia e na Psicologia, graças às
pesquisas de cunho experimental. No início do século XX, por sua vez,
surgiram numerosos movimentos de reforma escolar tanto na Europa quanto
na América. Embora diversos entre si, esses movimentos reconheciam a
insuficiência da didática tradicional e aspiravam a uma educação que levasse
mais em conta os aspectos psicológicos envolvidos no processo de ensino.

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O movimento escolanovista surgiu como uma nova forma de tratar os


problemas da educação, procurando fornecer um conjunto de princípios
tendentes a rever as formas tradicionais de ensino. A Escola Nova pretendia
ser um movimento de renovação pedagógica de cunho fundamentalmente
técnico, que buscava aplicar na prática educativa os conhecimentos derivados
das ciências do comportamento. Com efeito, a partir da segunda década do
século XX, a Didática passou a seguir os postulados da Escola Nova. Como
essa perspectiva afirmava a necessidade de partir dos interesses espontâneos
e naturais da criança, passou-se a valorizar os princípios de atividade,
liberdade e individualização.

A ideia básica da Escola Nova é a de que o aluno aprende melhor por si


próprio. Assim, o centro da atividade escolar não seria, portanto, nem o
professor nem a matéria, mas o aluno ativo e investigador. Ao professor
caberia principalmente incentivar, orientar e organizar as situações de
aprendizagem, adequando-as às capacidades e às características individuais
dos alunos.

No Brasil, as ideias da Escola Nova tornaram-se conhecidas na década


de 1920 e foram muito prestigiadas após a Revolução de 1930, graças ao
trabalho de educadores como Fernando de Azevedo, Anísio Teixeira e
Lourenço Filho. Estas ideias, no entanto, receberam muitas críticas,
principalmente dos educadores mais conservadores. Um professor que aspira
ter uma boa didática necessita aprender a cada dia como lidar com a
subjetividade dos alunos, sua linguagem, suas percepções, sua prática de vida.
Sem essa disposição, será incapaz de colocar problemas, desafios, perguntas,
relacionados com os conteúdos, condição para se conseguir uma
aprendizagem significativa.

[...] A didática hoje precisa comprometer-se com a qualidade cognitiva


das aprendizagens e esta, por sua vez, está associada à aprendizagem do
pensar.

Cabe-lhe investigar como se pode ajudar os alunos a se constituírem


como sujeitos pensantes, capazes de pensar e lidar com conceitos,
argumentar, resolver problemas, para se defrontarem com dilemas e problemas

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da vida prática. [...] Para adequar-se às necessidades contemporâneas


relacionadas com as formas de aprendizagem, a didática precisa fortalecer a
investigação sobre o papel mediador do professor na preparação dos alunos
para o pensar. [...] Nesse caso, a questão está em como o ensino pode
impulsionar o desenvolvimento das competências cognitivas mediante a
formação de conceitos teóricos. Ou, em outras palavras, o que fazer para
estimular as capacidades investigadoras dos alunos ajudando-os a desenvolver
competências e habilidades mentais (LIBÂNEO, 2001, p. 3).

A polêmica em relação à Didática é bastante acentuada. Na verdade,


esta disciplina nunca foi monolítica. É o que prova a própria necessidade de
adjetivação adotada tantas vezes: Didática renovada, Didática ativa, Didática
nova, Didática tradicional, Didática experimental, Didática psicológica, Didática
sociológica, Didática filosófica, Didática moderna, Didática geral, Didática
especial etc. (CASTRO, 1991, p. 21 apud LIBÂNEO, 1994). Essa polêmica, no
entanto, não aparece com tanta ênfase em relação ao ensino universitário.
Embora os estudiosos da educação insistam na importância da aquisição de
conhecimentos e habilidades pedagógicas pelos professores também nesse
nível de ensino, muitos professores universitários não reconhecem a
importância da Didática para a sua formação.

Cabe considerar também que a maioria dos professores universitários


não dispõe de preparação pedagógica. E também que, ao contrário dos que
lecionam em outros níveis, muitos professores universitários exercem duas
atividades: a de profissional de determinada área e a de docente, com a
predominância da primeira.

Por essa razão, tendem a conferir menos atenção às questões de


natureza didática que os professores dos demais níveis, que são os que
receberam sistematicamente formação pedagógica.

Aliás, no Ensino Superior é onde menos se verifica menor diversidade e


relação às práticas didáticas.

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O papel da didática da formação de professores do ensino superior

O fenômeno educativo não é uma realidade acabada capaz de ser


identificada clara e precisamente em seus múltiplos aspectos. Por ser um
fenômeno humano e histórico, tende a ser abordado sob diferentes óticas.
Mizukami (1986) define cinco abordagens: tradicional, comportamentalista,
humanista, cognitivista e sociocultural, que são apresentadas a seguir.

A Abordagem tradicional privilegia o professor como especialista, como


elemento fundamental na transmissão dos conteúdos. O aluno é considerado
um receptor passivo, até que, de posse dos conhecimentos necessários torna-
se capaz de ensiná-los a outros e a exercer eficientemente uma profissão.

Essa abordagem denota uma visão individualista do processo educativo


e do caráter cumulativo do conhecimento. O ensino é caracterizado pelo
verbalismo do professor e pela memorização do aluno. Sua didática pode ser
resumida em “dar a lição” e “tomar a lição”, e a avaliação consiste
fundamentalmente em verificar a exatidão da reprodução do conteúdo
comunicado em aula.

Na abordagem comportamentalista ou behaviorista, o conhecimento é


resultado direto da experiência. A escola é reconhecida como a agência que
educa formalmente e os modelos educativos são desenvolvidos com base na
análise dos processos por meio dos quais o comportamento é modelado e
reforçado. O professor é visto como um planejador educacional que transmite
conteúdos que têm como objetivo o desenvolvimento de competências.

A abordagem humanista foca predominantemente o desenvolvimento da


personalidade dos indivíduos e tem Carl Rogers como um de seus teóricos. O
professor não transmite conteúdos, mas dá assistência aos estudantes,
atuando como facilitador da aprendizagem. O conteúdo emerge das próprias
experiências dos estudantes, que são considerados num processo contínuo de
descoberta de si mesmos. A ênfase é no sujeito, mas uma das condições
necessárias para o desenvolvimento individual é o ambiente. Assim, a escola é

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a instituição que deve oferecer condições que possibilitem a autonomia dos


alunos.

Na abordagem cognitivista, o conhecimento é entendido como produto


das interações entre sujeito e objeto, não enfatizando nenhum polo desta
relação, como acontece na abordagem comportamentalista, que enfatiza o
objeto, e na humanista, que enfatiza o sujeito.

A abordagem sociocultural enfatiza os aspectos socioculturais que


envolvem o processo de aprendizagem. Assim como o construtivismo, esta
abordagem pode ser considerada interacionista. No entanto, confere ênfase
especial ao sujeito como elaborador e criador do conhecimento. O ser humano
torna-se efetivamente um “ser sujeito” à medida que, integrado ao seu
contexto, reflete sobre ele e toma consciência de sua historicidade. Os
educandos tornam-se sujeitos de um processo em que crescem juntos. Nessa
abordagem, o conhecimento deve ser entendido como uma transformação
contínua e não transmissão de conteúdos programados.

As variáveis - relacionadas ao professor - para uma aprendizagem eficaz

Habilidades, motivação e hábitos de estudo dos alunos, a despeito de


sua importância, não são variáveis suficientes para explicar o sucesso em
relação à aprendizagem.

Cabe, portanto, considerar o papel do professor nesse processo.

Costuma-se considerar muito importantes os conhecimentos de que o


professor dispõe em relação à matéria que se dispõe a ensinar. Com efeito, o
professor que conhece bem os conteúdos da disciplina que ministra demonstra
muito mais segurança ao ensinar, expõe com maior propriedade e é capaz de
responder sem maiores dificuldades às perguntas formuladas pelos alunos.
Mas há outros fatores a serem considerados, já que alguns professores
mostram-se mais competentes que outros para manter os alunos atentos, para
explanar conceitos complexos e para criar uma atmosfera agradável em sala

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de aula. Assim, pode-se considerar que a efetiva prática do professor


universitário repousa sobre um tripé que envolve os conhecimentos específicos
relacionados à matéria, a suas habilidades pedagógicas e à sua motivação.

As habilidades pedagógicas do professor universitário não têm sido


devidamente consideradas ao longo da história desse nível de ensino. Tanto
dos professores do ensino fundamental quanto do ensino médio há muito
tempo se exige formação específica, quer por meio do curso normal, hoje em
nível superior, quer de licenciaturas específicas. Nesses cursos, mediante
disciplinas como Didática, Metodologia do Ensino, Psicologia da Aprendizagem
e Prática de Ensino, os professores podem desenvolver as habilidades
necessárias para o desempenho de suas atribuições de professor. Dos
professores universitários exige-se hoje, de acordo com a Lei de Diretrizes e
Bases, formação em nível de pós-graduação, prioritariamente em programas
de mestrado e doutorado. Ocorre, porém, que a maioria desses programas não
contempla seus concluintes com disciplinas de caráter didático-pedagógico.
Dessa forma, o desenvolvimento de habilidades pedagógicas dos professores
universitários costuma dar-se por meio de cursos específicos ou de leituras
desenvolvidas individualmente. Muitos professores também conseguem, por
meio da intuição e da experiência, obter altos níveis de capacitação
pedagógica. Outros, no entanto, tendem a permanecer carentes de habilidades
pedagógicas ao longo de toda a sua vida acadêmica.

O aprendizado dos alunos também tem a ver com a motivação do


professor.

Quando o professor está motivado para ensinar e demonstra o seu


entusiasmo com a matéria, cria-se um clima muito mais favorável para a
aprendizagem. E convém considerar que essa motivação depende muito
menos do salário e das condições de ensino do que do quão responsável o
professor se sente pelo aprendizado dos alunos e quão realizadora e
desafiadora é a sua missão.

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Conhecendo o professor e o aluno do ensino superior

Libâneo (1994) fala que entre os vários tipos de professores, três estilos
se destacam:

 Estilo professor-transmissor de conteúdo. São professores que se


contentam com a transmissão verbal dos conteúdos, por meio de aula
expositiva. As aulas são sempre iguais, o método de ensino é quase
sempre o mesmo. Há professores deste estilo que acreditam,
sinceramente, que esta é a melhor forma de ensinar o conhecimento
científico, pois sendo a matéria transmitida numa sequência lógica, o
aluno recebe um conhecimento organizado e, sendo o conhecimento
científico algo comprovado e objetivo, não há necessidade de outro
método senão o da exposição. No fundo trata-se de uma aprendizagem
insuficiente porque o aluno acaba por não dar conta de explicar uma
ideia com suas próprias palavras, não sabe aplicar o conhecimento em
situações novas ou diferentes, nem na sala de aula nem fora dela.
 Estilo professor-facilitador aplica-se a professores que se julgam mais
atualizados nas metodologias de ensino e tentam variar mais os
métodos e procedimentos. Acreditam que o aluno deve descobrir por si
mesmo os princípios da ciência ensinada, conforme a crença ilusória de
que “o professor não ensina, ajuda o aluno a aprender”, resultando
numa prática tendente ao espontaneísmo.
 Estilo professor-técnico tende a assumir uma forma mais sofisticada
do estilo tradicional, pois prima por conteúdos bem estruturados,
objetivos pré-estabelecidos e avaliação por meio de testes diretamente
relacionados a esses objetivos. Dentro de uma concepção empirista de
conhecimento, os professores desse estilo acreditam que é esse tipo de
ensino que melhor garante a assimilação dos conhecimentos científicos.

São muitos os trabalhos que se propõem a apresentar os atributos do


bom professor. Mas quando se considera que são tantos os papéis que lhe

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cabe desempenhar, percebe-se que sua identificação não constitui tarefa das
mais fáceis.

Além disso, como a definição de papéis refere-se ao comportamento


esperado de atores sociais, muito do que vem sendo escrito a esse respeito
caracteriza-se por notável conteúdo valorativo. Tanto é que há autores que se
sentem à vontade para escrever sobre o assunto com fundamento apenas em
suas crenças religiosas ou filosóficas. Por exemplo, São João Batista de La
Salle (1651-1719), fundador da Congregação das Escolas Cristãs, reconhecido
pela Igreja Católica como o Padroeiro Universal dos Educadores, elaborou um
pequeno livro com o título As doze virtudes do bom professor (GRANDE, 1962
apud GIL, 2009). Trata-se, naturalmente, de um manual fundamentado numa
visão católica de ensino, que marcou a vida do autor, mas que ainda influencia
os educadores dessa congregação.

Nos dias atuais, poucos são os autores que se propõem a definir as


condutas desejadas dos professores com base em argumentos religiosos, a
não ser quando se dirigem especificamente às comunidades religiosas de que
fazem parte. Mas a análise de obras publicadas recentemente que têm como
propósito definir o perfil desejado do professor mostra como ainda existe a
preocupação com a apresentação das principais virtudes do professor. Basta
considerar alguns títulos, tais como: O que faz um bom professor (HASSET,
2000 apud GIL, 2009), Quais são os dez traços do professo altamente eficaz?
(McEWAN, 2002 apud GIL, 2009), Os sete papéis do professor (POTENZA,
2000 apud GIL, 2009) e Os doze papéis do professor (HARDEN, CROSBY,
2000 apud GIL, 2009).

Cada uma dessas obras apresenta um certo número de características


desejadas do bom professor. Todas naturalmente refletem o ponto de vista de
seus autores. O trabalho de Elaine McEwan (2002 apud GIL, 2009), por
exemplo, apresenta dez traços que no seu entender caracterizam o professor
altamente eficaz.

Os três primeiros traços são os pessoais:

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1. É apaixonado e dirigido para a missão. Ele sente tanto uma vocação


para ensinar quanto uma paixão para ajudar os alunos a aprender e a
crescer.
2. É positivo e real. Ele demonstra qualidades de humanidade, empatia,
respeito e justiça no relacionamento com estudantes, pais e colegas.
3. É um professor-líder. Ele afeta positivamente as vidas dos estudantes,
dos pais e dos colegas.

Os quatro traços seguintes referem-se aos resultados pretendidos:

4. Está constantemente alerta ao que ocorre na classe. Ele está


permanentemente sintonizado com a classe, está ciente do que nela
ocorre e detém completo controle de três aspectos críticos em sala de
aula: administração e organização da classe, engajamento dos
estudantes e administração do tempo.
5. Tem estilo. Ele manifesta um estilo pessoal e único, que é capaz de
produzir drama, entusiasmo, vivacidade, humor, carisma, criatividade e
romantismo no ensino.
6. É motivador. Ele confia em sua própria habilidade para fazer a diferença
na vida dos estudantes e implacavelmente pressiona e persuade os
estudantes a manter o comportamento e as expectativas no nível mais
alto possível.
7. Apresenta eficácia instrucional. Ele é um comunicador competente, com
um amplo repertório de habilidades essenciais, comportamentos,
modelos e princípios que conduzem ao aprendizado mesmo os
estudantes mais relutantes. Ele é competente para planejar as aulas,
apresentar seu conteúdo, administrar o clima da classe e avaliar os
estudantes.

Os três últimos traços referem-se à sua vida intelectual:

8. Detém conhecimento teórico. Ele apresenta não apenas amplo domínio


do conteúdo da disciplina, mas também dos resultados pretendidos pela
escola e pela sociedade.

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9. Possui a sabedoria das ruas. Ele possui aqueles conhecimentos sociais


derivados da experiência do dia-a-dia. Conhece os estudantes, a escola
e a comunidade em que leciona e utiliza esses conhecimentos para
solucionar problemas no cenário educativo.
10. Tem muita capacidade intelectual. Ele é metacognitivo, estratégico,
reflexivo, comunicativo e responsivo.

As mudanças verificadas no Ensino Superior requerem hoje um


professor com características muito diferentes daquelas que foram
reconhecidas como importantes no passado.

Requer-se hoje um professor universitário competente para solucionar


com pertinência e eficácia uma série de situações ligadas a contextos culturais,
profissionais e condições sociais (PERRENOUD, 2000). Essas competências
são entendidas menos como potencialidades dos seres humanos e mais como
aquisições ou aprendizados construídos. Elas só se efetivam por meio de
aprendizados que não ocorrem espontaneamente nem se realizam da mesma
forma em cada indivíduo. Logo, os professores precisam aprender estas
competências para desenvolvê-Ias.

Requer-se um professor que disponha de conhecimentos técnicos em


determinada área do conhecimento, adquiridos não apenas em cursos de
graduação e de pós-graduação, mas também mediante participação em cursos
de aperfeiçoamento e de atualização, eventos científicos e intercâmbio com
outros especialistas.

É necessário também que disponha de conhecimentos decorrentes de


trabalhos de pesquisa de campo, de laboratório ou de biblioteca.

Requer-se um professor com visão de futuro, atento à velocidade das


transformações tecnológicas, às mudanças sociais, aos novos perfis
profissionais que estão se desenhando, às novas exigências do mercado de
trabalho e aos desafios éticos. Que seja capaz de definir o que será melhor
para a formação de um profissional que vai atuar daqui a alguns anos (GIL,
2009).

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Requer-se um professor que aceite deixar de ocupar o centro do cenário


do ensino e reconheça os estudantes como parceiros do processo de ensino.
Que não se veja como especialista, mas como mediador do processo de
aprendizagem. Que tenha a disposição de ser uma ponte entre o aprendiz e a
aprendizagem - não uma ponte estática, mas uma ponte rolante, que
ativamente colabora para que o aprendiz chegue a seus objetivos (MASETTO,
2003 apud GIL, 2009).

Requer-se um professor capaz de organizar e dirigir situações de


aprendizagem (PERRENOUD, 2000). Que domine os conteúdos a serem
ensinados e os traduza em objetivos de aprendizagem. Que seja capaz de
explorar os acontecimentos favorecendo a apropriação ativa e a transferência
dos saberes, sem passar necessariamente por sua exposição metódica, na
ordem prescrita por um sumário.

Requer-se um profissional capaz de gerar sua própria formação contínua


(PERRENOUD, 2000). Que ultrapasse a visão de formação direcionada
apenas para o sistema, fundamentando suas convicções em três dimensões
básicas: a pessoal, a profissional e a organizacional, que constituem a trilogia
da formação contínua: produzir a vida, a profissão e a escola (NÓVOA, 1991).

Requer-se um professor transformador (GIROUX, 1997 apud GIL, 2009),


que mude o foco do ensinar e passe a se preocupar com o aprender,
principalmente com o “aprender a aprender”. Que abra caminhos coletivos de
busca que subsidiem a produção do conhecimento de seus estudantes,
auxiliando-os a ultrapassar o papel passivo de repetidores de ensinamentos e a
se tornarem críticos e criativos.

Requer-se um professor multicultural (STOER e CORTESÃO, 1999 apud


GIL, 2009), sensível à heterogeneidade, ao arco-íris de culturas que tem nas
mãos quando trabalha com seus alunos. Que não sofra de daltonismo cultural,
que leva a admitir que todos os estudantes são idênticos, com saberes e
necessidades semelhantes e a subaproveitar a riqueza na diversidade de
símbolos, significados, padrões e manifestações que se acham presentes na
sociedade e nas escolas.

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Requer-se um professor intercultural (OUELLET,1991 apud GIL, 2009),


capaz de compreender a dinâmica da exclusão social e da marginalização, de
desvendar obstáculos à igualdade de oportunidades, capaz de se comunicar
com pessoas de culturas diferentes e de participar na interação social criadora
de identidades e de pertença comum à Humanidade.

Requer-se um professor reflexivo (SCHON, 1992 apud GIL, 2009), que


pensa no que faz, que se compromete com a profissão e se sente autônomo;
que é capaz de tomar decisões e ter opiniões; que atende aos contextos em
que trabalha, interpreta-os e adapta a própria atuação a eles; que seja capaz
de levantar dúvidas sobre o funcionamento da escola, a adequação dos
currículos e o seu próprio trabalho; que procure saber por que os estudantes
têm dificuldade para aprender (ALARCÃO, 2003). Que participe ativamente de
sua formação continuada, sem ser instruído e treinado diretamente por outros
acima dele na hierarquia administrativa (NÓVOA, 1995). Que olhe para a sua
própria prática e para as condições sociais em que está situada; e que sua
prática reflexiva leve em consideração as situações de desigualdades e
injustiças no interior da sala de aula e seja compromissada co a prática social
(ZEICHNER, 1993).

Requer-se um professor capaz de enfrentar os deveres e os dilemas


éticos da profissão (PERRENOUD, 2000). Que possa contribuir na prevenção
da violência na escola e fora dela, lutar contra os preconceitos e as
discriminações sexuais, étnicas e sociais, e participar da criação de regras de
vida comum referentes à disciplina na escola, às sanções e à apreciação da
conduta. Que seja capaz de desenvolver o senso de responsabilidade,
solidariedade e o sentimento de justiça.

Requer-se um professor capaz de utilizar novas tecnologias


(PERRENOUD 2000). Que saiba utilizar editores de textos, explorar as
potencialidades didáticas dos programas em relação aos objetivos do ensino e
seja capaz de comunicar-se a distância por meio da Internet e de outras
tecnologias.

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UNIDADE IV - PLANEJANDO O ENSINO – FORMULANDO OBJETIVOS

DEFININDO CONTEÚDOS

A maioria de nossas atividades é realizada de forma rotineira, não


requerendo, portanto, o delineamento prévio de etapas de ação. Contudo, o
planejamento faz parte do cotidiano do ser humano, pois estamos
constantemente enfrentando situações que não pertencem ao contexto de
nossa rotina. Essas situações precisam ser enfrentadas mediante a utilização
de procedimentos racionais para que suas consequências não sejam
insatisfatórias. E o planejamento constitui pressuposto básico para o
desenvolvimento de ações racionais.

Existem muitas definições de planejamento. Quase todas se referem à


busca de equilíbrio entre meios e fins, entre recursos e objetivos, mas diferem
entre si em decorrência do quadro de referência teórico adotado por seus
autores. Até mesmo porque os estudos sobre planejamento já possibilitam a
identificação de diferentes teorias de planejamento. Uma delas é a que se
vincula à Teoria Geral dos Sistemas, segundo a qual “o planejamento envolve
quatro elementos necessários para a sua compreensão: processo, eficiência,
prazos e metas” (CARVALHO,1976, p. 14).

Com base nesses quatro elementos, pode-se aplicar o conceito de


planejamento às mais diversas atividades humanas. Assim, planejamento
educacional pode ser definido como o processo sistematizado mediante o qual
se pode conferir maior eficiência às atividades educacionais para, em
determinado prazo, alcançar as metas estabelecidas.

Ainda de acordo com o enfoque sistêmico, o planejamento precisa ser


entendido como parte de um sistema mais amplo (supersistema) que abrange
outros sistemas (subsistemas). Dessa forma, o planejamento pode ser visto no
contexto de um processo que envolve: diagnóstico, planejamento, execução e
avaliação.

O planejamento educacional requer o conhecimento da realidade. É


necessário sondar o que os estudantes conhecem a respeito do que vai ser
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ministrado, qual o seu interesse nesse aprendizado e qual a real necessidade


desse conhecimento. Para isso, procede-se ao diagnóstico; da mesma forma
que o médico, que após rigoroso exame de seu paciente, chega a uma
conclusão acerca de seu estado e de suas necessidades.

Com esse diagnóstico, o professor encontra-se em condições de


elaborar um plano de ensino apoiado na realidade. Inicia-se, então, o processo
de planejamento que envolve a formulação dos objetivos, a determinação dos
conteúdos a serem ministrados e as estratégias que serão adotadas para
facilitar a aprendizagem.

De posse do plano, que constitui o documento que consolida as ações


planejadas, o professor executa as atividades necessárias para o alcance dos
objetivos pretendidos. Nessa etapa do processo é que se desenvolvem as
ações didáticas, tais como a exposição, a orientação de leituras e a condução
dos grupos de estudo.

Entretanto, o processo de ensino não se encerra com essas atividades.


É indispensável verificar em que medida as ações didáticas foram suficientes
para o alcance dos objetivos definidos no planejamento. Procede-se, assim, à
avaliação educacional, que consiste na coleta, análise e interpretação dos
dados relativos ao progresso dos alunos. Essa avaliação não ocorre apenas ao
final das ações educativas, mas ao longo de todo o processo. Tanto é que se
pode falar em avaliação diagnóstica, formativa e somativa.

A avaliação diagnóstica ocorre no início do processo de aprendizagem


com vistas a identificar os conhecimentos e as habilidades dos estudantes. A
avaliação formativa realiza-se ao longo do processo e fornece os dados
necessários para aperfeiçoar o processo ensino-aprendizagem. A avaliação
somativa, por fim, classifica os resultados de aprendizagem de acordo com os
níveis de aproveitamento estabelecidos, proporcionando ao final da unidade ou
do curso a verificação do alcance dos objetivos preestabelecidos.

A avaliação, num contexto sistêmico, não pode ser vista apenas como
elemento para definir se um aluno deve ser aprovado ou reprovado, mas como
um conjunto de ações intimamente associadas ao processo de aprendizagem

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dos alunos e ao replanejamento das ações educativas. A avaliação constitui,


portanto, importante elemento propiciador de feedback, entendido aqui como
um processo pelo qual se fazem retroagir os efeitos de um sistema sobre as
causas, com o propósito de alcançar os resultados pretendidos, o que significa
íntimo relacionamento da avaliação com o planejamento.

Como diz Gil (2009) todos nós temos objetivos os mais variados e o
tempo todo como comer, fazer compras ou viajar, até os mais criativos, como
representar ou escrever. Algumas vezes nos interessamos apenas em ir a
determinado lugar; outras vezes, temos objetivos bem mais específicos em
mente. Mas, de qualquer forma, eles podem ser compreendidos como pontos
que marcam a concretização de algum esforço, ambição ou realização. A
análise da origem do termo é esclarecedora: nos tempos do Império Romano,
objetivo referia-se a uma coluna que marcava o ponto decisivo numa corrida de
bigas. Assim, objetivo, em sua acepção mais comum, não precisa ser visto
como o término de uma atividade, mas como marcos ao longo de um caminho.

A formulação de objetivos é fundamental em qualquer atividade


educacional, constituindo, na maioria das vezes, atividade prévia. O educador
precisa conhecer a meta que dará sentido aos seus esforços, já que não é
possível selecionar o caminho mais adequado quando não se sabe onde se
quer chegar. Definir os objetivos significa, portanto, definir o que se espera dos
estudantes. Muitos professores indagam-se acerca do que farão em aula, mas
deveriam preferencialmente perguntar acerca dos resultados que seus alunos
devem atingir ao longo do curso.

A educação, a rigor, não tem propósitos ou objetivos. Pessoas, como


professores e especialistas em educação, é que os têm, ou deveriam ter.

Os objetivos estão no centro de processo de planejamento, quer se


esteja planejando uma política, um curso ou uma aula. O planejamento é que
permite controlar o futuro em vez de ser controlado por ele. Com o
planejamento podem-se prever e, consequentemente, evitar dificuldades
inesperadas em sala de aula e, assim, assegurar-se de que o potencial da
situação seja mais eficazmente realizado.

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O planejamento envolve decisões sobre o que e como fazer. Decisões


acerca da natureza da relação entre os objetivos que se quer atingir e os meios
disponíveis para tal. Quando os objetivos e os meios são conhecidos e aceitos,
não existe nenhum problema ou dificuldade real para a concretização dos
planos. Daí, então, a importância atribuída à formulação de objetivos.

Os objetivos de ensino são geralmente expressos em termos de


comportamento esperado dos estudantes. Dessa forma, o estabelecimento de
objetivos serve para orientar o professor quanto à seleção do conteúdo, a
escolha de estratégias de ensino e a elaboração de instrumentos para
avaliação de desempenho do estudante e de seu próprio. E também serve para
orientar o estudante acerca do que dele se espera no curso, de sua utilidade e,
ainda, do que será objeto de avaliação. Assim, pode-se dizer que em torno dos
objetivos gravita todo o trabalho do professor. Definir objetivos significa,
portanto, definir a aprendizagem do aluno, bem como tudo o que poderá ser
feito para torná-la mais fácil, agradável e significativa.

Características dos objetivos adequados

Formular objetivos adequados aos propósitos do Ensino Superior nem


sempre constitui tarefa fácil. Muitos professores, pressionados pelos
coordenadores de curso, elaboram seus planos com objetivos que, apesar de
planejados de acordo com procedimentos técnicos, não se aplicam
efetivamente ao ensino que irão ministrar. Requer-se, portanto, a observação
de alguns critérios.

1. Os objetivos devem se orientar para o que o estudante será capaz de


fazer e não para o que o professor ensina. Um objetivo efetivo refere-se
a expectativas acerca do comportamento, desempenho ou entendimento
do estudante. Para assegurar que o objetivo esteja centrado no
estudante, sugere-se que sejam iniciados com a fórmula: "O estudante
será capaz de ..."

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2. Os objetivos devem fornecer uma descrição dos resultados de


aprendizagem desejados, ou seja, devem refletir o que o estudante
estará apto a fazer não apenas durante o curso, mas, sobretudo, ao seu
final. Formular objetivos intermediários também é necessário, mas os
professores precisam definir objetivos que correspondem efetivamente
ao que se deseja deles após concluir o curso. Estes objetivos devem
referir-se mais à descrição do resultado pretendido da instrução do que
ao processo em si. Por exemplo, após cursar a disciplina Estatística, um
objetivo será ser o de “calcular o coeficiente de correlação de Pierson”.
3. Os objetivos precisam ser claros e precisos, ou seja, explícito. Assim os
objetivos devem ser elaborados de forma tal que permitam a descrição
do que o estudante estará apto a fazer em consequência da instrução
recebida. Para tanto, convém que sejam expressos mediante a
utilização de verbos de ação, isto é, que expressem comportamentos
observáveis. Verbos como saber, entender e compreender não
esclarece o que se pretende do estudante. Já os verbos definir,
identificar, desenhar e escrever, por suscitarem poucas interpretações,
tornam os objetivos claros e precisos.
4. Os objetivos devem ser facilmente compreendidos. Tanto alunos quanto
outras pessoas que não disponham de maiores conhecimentos acerca
do conteúdo das disciplinas devem ser capazes de entender o
significado dos objetivos.
5. Os objetivos devem ser relevantes para os propósitos da aprendizagem.
Sua seleção requer a consideração da importância do comportamento
correspondente para os propósitos da disciplina.
6. Os objetivos devem ser realizáveis, alcançáveis.

O professor universitário de algumas décadas atrás não tinha muitas


dificuldades para definir e organizar o conteúdo das disciplinas que se
encontravam a seu encargo. Os programas oficiais serviam como fonte do
conhecimento. A maioria das disciplinas fazia parte do chamado “currículo
mínimo”, cujas ementas definiam a organização dos livros-texto que, ao serem
adotados pelo professor, constituíam a base para todas as atividades de

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ensino. Assim, o que o professor tinha a fazer era esgotar o assunto no tempo
disponível, independentemente da qualidade do rendimento do estudante.
Bastava-lhe simplesmente tomar os programas elaborados pelas autoridades
educacionais, pelos grandes mestres ou pela instituição de ensino e passar o
seu conteúdo aos estudantes.

Esta forma de encarar os conteúdos está mudando. Como as


autoridades educacionais não definem mais currículos mínimos, mas apenas
diretrizes curriculares, os professores são solicitados a fazer mais do que
distribuir no tempo disponível todo o conteúdo a ser desenvolvido. Com efeito,
numa visão mais moderna de ensino, o conteúdo deixa de ser visto como
orientador do planejamento e passa a ser encarado como meio para a
concretização dos objetivos. Dessa forma, o professor dispõe de muito mais
liberdade para montar o seu programa, já que pode selecionar os conteúdos
mais apropriados para os objetivos que foram definidos como também para
organizá-los.

Cabe considerar também que na visão clássica os conteúdos referiam-


se apenas a conhecimentos que deveriam ser transmitidos aos estudantes.
Hoje, no entanto, os conteúdos são vistos de uma perspectiva mais ampla e
dinâmica. Como a escola está interessada no desenvolvimento integral e
harmônico dos estudantes, os conteúdos precisam referir-se também aos
domínios afetivo e psicomotor. E no domínio cognitivo não se envolvem apenas
tópicos referentes à categoria aquisição de conhecimentos, mas também ao
aprimoramento de suas capacidades intelectivas. Ou, em outras palavras: os
conteúdos devem referir-se também “como estudar”, “como pensar” e “como
enfocar”, etc.

Não resta dúvida de que esta mudança na maneira de encarar os


conteúdos exige muito mais do professor. Mas, para que sua autonomia possa
constituir um benefício, é necessário que a utilize com competência e
responsabilidade. Não é demais lembrar que o planejamento dos conteúdos
deverá servir antes à aprendizagem do estudante que ao interesse do
professor. E, à medida que o professor conferir maior ênfase à aprendizagem
que ao ensino, a fixação dos conteúdos passará a envolver tanto o tratamento

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da informação que é transmitida ao estudante quanto as suas capacidades


intelectuais, necessidades e interesses.

Também é preciso considerar que os conteúdos não podem ser sempre


os mesmos. Não apenas porque as coisas mudam constantemente, mas
também porque a própria escola ao longo do tempo passa a assumir funções
sociais diferentes. A escolha e a organização do conteúdo, por sua vez, não
podem ser vistas como ações neutras, pois implicam a decisão de regular e
distribuir o que se ensina. Assim, o professor, ao selecionar e organizar
conteúdos, está também desenvolvendo uma ação política. Segundo Sacristan
(2000), esse processo envolve um comprometimento político que contribui para
garantir a hegemonia de certos saberes e perpetuar uma visão de mundo.

Sob esta perspectiva, a seleção e a ordenação dos conteúdos não


constituem atividades simples e burocráticas. Envolvem certos conflitos e
algumas negociações, pois o professor tem que considerar as peculiaridades
dos grupos para os quais os conteúdos são oferecidos, as possibilidades e os
limites para o seu alcance e também a disposição para alterá-los em função do
modo como os estudantes respondem a eles.

Algumas das principais questões propostas aos professores na seleção


e na organização dos conteúdos são:

 Que conhecimentos, habilidades e atitudes devem ser ensinados?


 Quem deve participar dessas decisões? A coordenação do curso? Os
outros professores? A direção da escola? Os estudantes?
 Como decidir acerca do que deve ser ensinado e do que deve ser
colocado de fora?
 Quão fáceis, agradáveis, coerentes e significativos serão esses
conteúdos para os estudantes?
 Os conteúdos deverão ser alcançados por todos os estudantes ou por
parte deles?
 A quem interessa esses conteúdos?
 Em que medida os conteúdos contribuem para o avanço pessoal e
social dos estudantes?

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A seleção e a organização dos conteúdos constituem, portanto,


atividades que exigem muito conhecimento do assunto e do grupo de
estudantes para os quais será ministrado e sobretudo, muita segurança em
relação ao que será ministrado no contexto da disciplina. Por isso, considera-se
que o “tratamento dispensado pelo mestre ao conteúdo é um dos mais
evidentes indicadores do seu grau de atualização, criatividade, iniciativa e
sistematização” (SANT`ANNA et al, 1995).

Dentre os critérios para a seleção de conteúdos, Gil (2009) elenca:

1. Vinculação aos objetivos;


2. Validade;
3. Significância;
4. Utilidade;
5. Flexibilidade;
6. Adequação à diversidade dos estudantes;
7. Adequação ao tempo.

Muitas vezes, ao procurar estabelecer a sequência lógica dos


conteúdos, o professor inclui, logo nas primeiras unidades do programa,
tópicos que, apesar de introdutórios, envolvem certa dificuldade para o seu
aprendizado. Naturalmente, há situações em que um assunto requer que uma
unidade seja aprendida antes de outra, pois este constitui pré-requisito. Mas as
razões para utilizar este tipo de sequência nem sempre são tão imperativas.

Também, ao estabelecer a sequência dos conteúdos, o professor


precisa levar em conta a motivação dos estudantes. Assim, é conveniente
identificar unidades que despertam maior interesse dos alunos e depois
intercalá-las, à medida do possível, com as demais unidades do curso.

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Estratégias para uma aprendizagem eficaz: aulas expositivas, discussões


em classe, utilizando problemas, atividades fora de sala de aula, os
recursos tecnológicos.

As aulas expositivas ou numa maneira bem mais generalizada de dizer,


“a preleção verbal”, constitui-se no mais antigo e mais utilizado método de
ensino, quer seja nas universidades ou no ensino fundamental. Nas empresas,
a exposição é utilizada sob a forma de palestra, nas campanhas políticas, sob
a forma de discurso e nas igrejas, sob a forma do sermão. Ela sobreviveu até
mesmo à difusão das tecnologias.

Chega a ser surpreendente que as aulas expositivas, a despeito das


novas tecnologias de comunicação aplicadas à educação, sejam tão populares.
Pode-se alegar, a seu favor, que uma boa exposição combina o talento de
pesquisador; escritor, produtor, animador, repórter, conferencista, comediante e
professor. Mas é pouco provável que a maioria dos professores que atuam no
Ensino Superior seja capaz de combinar esses talentos, garantindo uma
exposição da mais alta qualidade. O que explica o prestígio das aulas
expositivas não são apenas fator, de natureza didático-pedagógica, mas
também fatores econômicos e administrativos, que não podem ser
desconsiderados ao se tratar do processo de ensino.

Dentre os fatores que explicam a ampla utilização da exposição no


Ensino Superior e também nos outros níveis de ensino, estão:

a) Economia: As classes na maioria dos cursos superiores são numerosas. Os


professores encontram muita dificuldade para aplicação de outras técnicas,
como a discussão em grupo. Dessa forma, os professores tendem a se
preparar para as aulas expositivas como se se preparassem para uma
conferência, até mesmo porque muitas aulas são ministradas em grandes
auditórios, com o auxílio de microfone.

b) Flexibilidade: O professor pode adaptar as aulas expositivas aos mais


diversos públicos. Pode também ministrá-las com o auxílio de múltiplos
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recursos, como material impresso e projeções, ou usando apenas o quadro-de-


giz.

c) Versatilidade: As aulas expositivas podem ser utilizadas para transmissão


de conhecimentos referentes aos mais diferentes cursos superiores.

d) Rapidez: O conteúdo a ser aprendido é apresentado em sua forma final.


Dos estudantes são requeridos apenas o entendimento da mensagem e a
incorporação em sua estrutura cognitiva.

e) Ênfase no conteúdo: Como as aulas expositivas enfatizam o conteúdo,


muitas vezes são atribuídas a especialista no respectivo campo de
conhecimento que não dispõem de maiores habilidades pedagógicas. Este
fator é muito crítico porque simplesmente “dar aulas” não garante o efetivo
aprendizado. A aula expositiva só é eficiente quando é bem planejada e
executada mediante a observância de princípios e técnicas de ensino, o que
significa que a aula expositiva pode ser considerada estratégia tão ou mais
difícil de ser implementada quanto as discussões, demonstrações e
dramatizações.

Dentre as vantagens da exposição temos:

 Pode ser adaptada aos mais diversos públicos;


 É útil para a introdução de qualquer assunto;
 O produto é apresentado em sua forma final;
 Possibilita apresentar o assunto de forma organizada;
 Permite a comunicação de experiências e observações pessoais que
não são possíveis por outros meios;
 É útil para a apresentação de conteúdos que ainda não estão
disponíveis nos livros;
 Favorece o controle do professor em relação ao conteúdo, sequência e
duração da apresentação;
 Não é ameaçadora para o estudante, já que não exige sua manifestação
(GIL, 2009).

Por outro lado, também tem suas limitações:

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 Não favorece a recepção do feedback;


 Estimula a passividade dos estudantes;
 Seu sucesso depende das habilidades do expositor;
 Não possibilita levar em consideração as diferenças individuais;
 É pouco útil para o alcance de objetivos cognitivos em níveis mais
elevados;
 É pouco eficaz no ensino de habilidades motoras (GIL, 2009).

A experiência acumulada de educadores, apoiada em resultados obtidos


mediante pesquisas no campo da Psicologia Educacional, aponta para muitos
benefícios da discussão enquanto estratégia para facilitar a aprendizagem. A
maioria dos manuais de Didática escritos nas últimas décadas apresenta a
discussão como uma das mais recomendadas estratégias, sobretudo no
Ensino Superior. Muitos desses manuais até mesmo procuram estabelecer um
contraste entre a discussão e outras estratégias de ensino, notadamente a
exposição, para apresentar as suas vantagens. Brookfield e Preskill (1999 apud
GIL, 2009), num dos mais celebrados trabalhos referentes à discussão, listam
15 benefícios proporcionados por esse método. Segundo esses autores, a
discussão:

1. Contribui para estudar um assunto sob diferentes perspectivas;


2. Amplia a consciência dos estudantes acerca da tolerância à
ambiguidade e à complexidade;
3. Incentiva os estudantes a reconhecer e investigar suas suposições;
4. Encoraja a ouvir de forma atenta e respeitosa;
5. Desenvolve nova apreciação for continuing differences;
6. Incrementa a agilidade intelectual;
7. Ajuda os estudantes a se manterem conectados com um tópico;
8. Estimula o respeito a opiniões e experiências dos estudantes;
9. Ajuda os estudantes a aprender os processos e os hábitos do discurso
democrático
10. Afirma os estudantes como coprodutores do conhecimento;

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11. Desenvolve a capacidade para a comunicação clara das ideias e dos


significados;
12. Desenvolve hábitos de aprendizagem cooperativa;
13. Incrementa a capacidade de respeitar outras opiniões e torna os
estudantes mais empáticos;
14. Ajuda os estudantes a desenvolver habilidades de síntese e de
integração;
15. Conduz à transformação.

São inegáveis os benefícios proporcionados pela exposição. Pode-se


até mesmo afirmar que as razões para sua não utilização têm mais a ver com a
visão educação do professor ou com a pouca experiência na adoção dessa
estratégia do que com qualquer limitação inerente à discussão. Mas isso não
significa que a discussão possa ser utilizada indiscriminadamente. Ela não
pode ser entendida como um “método para ensinar tudo a todos”. Uma
discussão mal conduzida costuma ser dolorosa e frustrante tanto para os
professores quanto para os estudantes. Longos silêncios, estudantes que se
recusam ou teme participar, agressões entre colegas, domínio por parte de um
pequeno número de estudantes São tão comuns nas discussões que muitos
professores bem intencionados, após uma ou duas tentativas fracassadas,
desistem definitivamente da utilização da técnica.

Segundo Bloom et al (1972 apud GIL, 2009) a discussão é mais útil para
o alcance dos objetivos afetivos e cognitivos, mas nos níveis mais elevados
pois favorece a reflexão acerca do que foi aprendido; oferece oportunidade
para que os estudantes formulem princípios com suas próprias palavras; ajuda
os estudantes a se tornarem conscientes de problemas apresentados em
leituras e preleções. Facilita a aceitação de informações ou de teorias
contrárias às crenças tradicionais ou ideias prévias; ensina a pensar; promove
o envolvimento dos alunos; favorece o relacionamento professor-aluno.

A atuação dos professores universitários em sala de aula tem sido muito


questionada em decorrência da utilização de métodos e técnicas tradicionais
de ensino. Mesmos professores dedicados, que gostam de ensinar, que têm

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apreço pelos estudantes, que pesquisam e ministram conteúdos atualizados


sofrem críticas relacionadas aos meios utilizados para facilitar a aprendizagem
dos estudantes. Embora a maioria dos professores venha incluindo também a
estratégia de ensino, pode-se dizer que as estratégias e os recursos didáticos
de que dispõem os professores ainda são pouco aproveitadas no Ensino
Superior. Assim a aprendizagem baseada em problemas, apesar de constituir
uma das maiores promessas para a revitalização dos métodos pedagógicos no
Ensino Superior, ainda é pouco difundida.

A aprendizagem baseada em problemas (ABP) é uma estratégia em que


os estudantes trabalham com o objetivo de solucionar um problema. Trata-se,
portanto, de uma estratégia de ensino centrada no estudante, que deixa o
papel de receptor passivo e assume o de agente e principal responsável pelo
seu aprendizado. Na ABP os professores não atuam da maneira tradicional,
mas como facilitadores do trabalho dos estudantes, auxiliando-os, por exemplo,
com a indicação de recursos didáticos úteis para cada situação.

Embora identificada com o que há de mais moderno no Ensino Superior,


a aprendizagem baseada em problemas já tem uma longa história. Suas
origens podem ser encontradas nas primeiras aplicações do método de caso,
em fins do século XIX na Universidade de Harvard. Mas a aprendizagem
baseada em problemas, tal como é entendida hoje, tem como importante
marco as mudanças ocorridas na Faculdade de Medicina da Universidade de
McMaster, no Canadá, em 1969 (ALBANESE,1993 apud GIL, 2009). O
currículo dessa escola passou a conferir já no seu primeiro ano uma ênfase
bem maior no estudo de problemas apresentados nos casos de pacientes do
que na leitura de textos teóricos. A experiência dessa escola propagou-se por
todo o mundo e são muitas as escolas que mantêm atualmente cursos
orientados por essa metodologia.

A aprendizagem baseada em problemas apresenta semelhança com a


metodologia da problematização, difundida por educadores progressistas na
América Latina. Mas há diferenças significativas entre os dois métodos. Na
metodologia da problematização, primeiramente, os estudantes são orientados
pelo professor a analisar a realidade que envolve o tema que está sendo

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estudado, com vistas a identificar as contradições de várias ordens, que serão


problematizadas, ou transformadas em problemas. A seguir, são estimulados a
refletir sobre as possíveis causas da existência do problema em estudo. Numa
etapa seguinte, os estudantes se organizam tecnicamente para buscar as
informações de que necessitam: vão à biblioteca, consultam especialistas,
observam o fenômeno que está ocorrendo, aplicam questionários, assistem a
palestras etc. As informações obtidas são tratadas, analisadas e avaliadas
quanto à sua contribuição para resolver o problema. Chega-se, então, à
formulação de hipóteses de solução. Todo o estudo realizado deve fornecer
elementos para que os estudantes, crítica e criativamente, elaborem as
possíveis soluções. A última etapa do processo é a da aplicação à realidade,
que implica o compromisso dos alunos com o seu meio, visando transformá-lo
de alguma forma (BERBEL, 2001, p. 8-9).

A aprendizagem baseada em problemas apoia-se no grupo tutorial, que


é composto de 8 a 12 estudantes sob a coordenação de um professor que age
como facilitador. A esses alunos é apresentado um problema pré-elaborado. O
problema é lido pelos alunos, que procuram esclarecer os termos
desconhecidos e identificar o problema proposto. A seguir, formulam hipóteses
acerca do problema enunciado. Ainda em conjunto, procedem à formulação
dos objetivos de estudo que consiste na identificação do que se toma
necessário estudar para o aprofundamento das hipóteses. Os estudantes
passam, então, ao estudo individual dos assuntos levantados na etapa anterior
e retomam ao grupo para discussão do problema em face dos novos
conhecimentos obtidos.

O propósito fundamental do método da problematização é o de preparar


o estudante para tomar consciência da realidade em que vive e atuar
intencionalmente para transformá-lo. Já a aprendizagem baseada em
problemas tem a finalidade de fazer com que o estudante aprenda
determinados conteúdos.

Dentre as vantagens da aprendizagem baseada em problemas temos a


compreensão dos assuntos, a retenção dos conhecimentos, a transferência do
conhecimento, a responsabilidade pela própria aprendizagem, o

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desenvolvimento de habilidades interpessoais e espírito de equipe,


automotivação, relacionamento entre os estudantes, interdisciplinaridade,
estabelecimento de novas formas de relacionamento entre professores e
estudantes. Entretanto, também existem limitações da aprendizagem baseada
em problemas: redução do tempo destinado ao ensino dos fundamentos das
disciplinas, desempenho de novos papéis pelos estudantes, desempenho de
novos papéis pelos professores, formulação de problemas apropriados,
exigência de muito mais tempo que os procedimentos tradicionais, necessidade
de mais recursos humanos e materiais, necessidade de intenso
monitoramento, envolvimento do conjunto de professores do curso e
complexidade de avaliação do aproveitamento dos estudantes.

Em relação as atividades realizadas fora da sala de aula, um dos


aspectos mais críticos em relação às tarefas externas propostas aos
estudantes é o da disciplina interna. Diferentemente das aulas em classe, que
geralmente são muito estruturadas, com horário para início e término, o
planejamento e a execução das tarefas externas ficam por conta dos
estudantes, que têm que decidir entre atividades concorrentes, que podem ser
muito mais agradáveis que as tarefas propostas pelo professor.

A maioria das tarefas desenvolvidas fora da sala de aula é atividade


solitária que pode requerer notável esforço dos estudantes para manter a
concentração.

Não basta, pois, que o professor simplesmente determine aos


estudantes a execução das tarefas. É necessário que estes estejam motivados
para que seus esforços possam resultar em aprendizagem. Motivar, por sua
vez, não constitui tarefa das mais simples. O que o professor pode fazer com
mais propriedade para que os estudantes se sintam motivados para a
realização dessas tarefas é exercitar sua capacidade de liderança em relação a
eles.

Entende-se por liderança a influência interpessoal exercida numa


situação, por intermédio do processo de comunicação, para que seja atingida
uma meta especificada (TANNENBAUM; WESCHLER; MASSARlK, 1970).

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Existem diferentes estilos de liderança, que, ao serem adotados, fazem


diferença no comportamento dos liderados.

Uma classificação já bastante antiga dos tipos de liderança sugere que


os líderes podem influenciar seus subordinados de duas maneiras: podem
dizer-lhes o que devem fazer ou como fazê-lo, ou então, compartilhar com eles
suas responsabilidades de liderança, envolvendo-os no planejamento e na
execução das tarefas.

Enfim, sobre o uso dos recursos tecnológicos no Ensino Superior, um


problema facilmente observado na comunicação docente no Ensino Superior é
o verbalismo, ou seja, a transmissão de informações mediante o emprego
exagerado de palavras. Muitos professores acreditam que a utilização de
discursos longos e bem elaborados é suficiente para levar os alunos aprender
o conteúdo das disciplinas que lecionam. Mas, na maioria das vezes, o que
esses professores conseguem é que os alunos decorem parte do que foi
apresentado, sem que se tornem capazes de compreender o seu significado ou
de aplicá-lo a situações concretas.

Utilização de PowerPoint, construção de páginas na web, aplicabilidade


de programas específicos de computador são alguns dos recursos, porém, eles
não se restringem a tecnologia do computador. Quadro-negro, blocos de papel,
projetores de slides, gravadores de som, projetores de cinema, retroprojetores,
todos são recursos válidos, entretanto, é preciso ser usado com finalidade e
que leve a alcançar os objetivos daquela aula.

Eles precisam despertar a atenção, proporcionar experiências concretas,


favorecer a retenção à medida que possibilitam a frequente repetição sem
monotonia.

Avaliando a aprendizagem

Poucas coisas são tão desagradáveis para os professores universitários


quanto a necessidade de avaliar o aprendizado de seus estudantes. Não

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apenas pelos esforços requeridos, mas também pelo constrangimento que


representa avaliá-los e algumas vezes reprová-los. Ela é vista também como
um procedimento autoritário, ideológico, injusto e excludente, o que os tem
levado a duvidar de sua eficácia e a aplicá-la apenas por exigência da escola e
das autoridades educacionais.

O maior problema das avaliações no Ensino Superior está no fato de


que normalmente ela envolve sérias consequências para quem está sendo
avaliado. As notas que o estudante recebe não apenas determinarão se ele
será aprovado ou reprovado. Elas poderão afetar sua autoestima, influenciar
sua motivação pelos estudos, reforçar o interesse pelo abandono do curso,
guiá-lo na escolha do campo de sua especialização, afetar seus planos de
estudo de pós-graduação e até mesmo influenciar o desenvolvimento de sua
carreira.

Dentre os pontos que podemos criticar a avaliação estão:

 É fonte de ansiedade e stress;


 Conduz a injustiças;
 Privilegia o controle da retenção de conhecimento, deixando de lado
aspectos importantes da aprendizagem;
 Tem pouco a ver com o que foi ensinado do curso;
 Favorece o imobilismo social;
 São influenciadas por estereótipos dos professores;
 Consomem demasiado tempo e energia dos professores e dos alunos;
 Enfatizam mais a forma do que o conteúdo;
 Desestimulam a expressão dos juízos pessoais dos alunos;
 Recompensam aprendizagens efêmeras;
 Dificultam a prática de uma pedagogia da descoberta.

Por outro lado, ela é importante: é um elemento necessário para que o


direito de aprender efetive-se da melhor maneira possível. Ela faz parte da vida
e da lógica humana.

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Ela favorece a integração dos conhecimentos; constitui traço


fundamental de nossa civilização, inclui muito mais procedimentos além do
rotineiro exame escrito. Fornece feedback para o professor e serve para avaliar
a ação do professor e da própria instituição.

Acreditamos que a docência no ensino Superior requer um profissional


que, mediante, habilidosa combinação de suas habilidades com as
expectativas dos estudantes e as exigências do ambiente, seja capaz de
garantir um aprendizado agradável e eficiente.

Tentamos colocar à disposição, informações úteis para o aprimoramento


da atividade docente no Ensino Superior. Esperamos que pelo menos sirva de
reflexão e possíveis lacunas que tenham ficado pelo caminho, pedimos que
pesquisem, aprofundem e satisfação às suas dúvidas e questionamentos.

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2009. 127 p.

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