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GÊNERO TEXTUAL CANÇÃO, EM SALA DE AULA, PROVOCANDO O

DESPERTAR DO LEITOR CRÍTICO.

GENDER TEXTUAL SONG, IN THE CLASSROOM, CAUSING THE KIND OF


CRITIC READER.

Eloíza Perpétua de Oliveira Cobalchini1


eloizacobalchini@gmail.com
Dra. Luciana C.F. Dias (Docente / Unicentro)
UNICENTRO – Guarapuava / Pr

Resumo: Este artigo exibe uma proposta de trabalho com o gênero textual
“canção” para o desenvolvimento das capacidades de leitura, na medida em
que esta tem papel social importantíssimo na formação do ser humano. É uma
atividade essencial e atua em qualquer área do conhecimento. A leitura é algo
imprescindível na vida do homem. Ler é entender o que nos transmitem as
palavras, é reconhecer o sujeito e a ação deste. Pela leitura o ser humano
interage com o outro, em um processo em que o outro é sujeito – ativo, em
uma atitude responsiva. Assim sendo, ancorado nos estudos de Bakhtin (1992
– 2004), direcionando categorias que orientam a caracterização e na
perspectiva dos gêneros, aliado à abordagem do interacionismo sócio-
discursivo proposto por Bronckart (1999) e demais pesquisadores do grupo de
Genebra - Dolz, Noverraz e Schneuwly – (2004), este artigo propõe apresentar
uma seqüência didática dentro do gênero textual canção, considerando os
diálogos que se estabelecem entre a linguagem verbal e linguagem musical,
bem como entre o texto (canção) e as vozes sociais que constituem uma dada
época. Logo, na necessidade urgente de que todos os alunos se tornem
leitores competentes e capazes é que se lançou mão deste desafio: “o ato de
ler”, a partir da construção de um modelo didático no gênero canção.

Palavras-chave: leitura, seqüência didática, gênero canção, amor.

1
Professora QPM (Quadro Próprio do Magistério) da Rede Pública Estadual do Estado do Paraná. O
texto a seguir é resultado de trabalho de conclusão do PDE 2007 – Programa de Desenvolvimento
Educacional – SEED, realizado na UNICENTRO, Guarapuava – PR, sob a orientação da Prof. Dra.
Luciana Ferreira Dias.
Abstract: This article shows a proposal to work with the textual types "song" for
the development of reading, because this has important social role. It is an
essential activity and acts in any area of knowledge. Reading is something
indispensable in the life of man. Reading is understanding what we transmit the
words, we recognize the subject and this action. By reading the human being
interacts with the other, in a process in which the subject is another - active, in a
responsive attitude. Therefore, anchored in studies of Bakhtin (1992 - 2004),
directing categories that guide the characterization and the outlook of genres,
combined with the approach of socio-discursive interaction proposed by
Bronckart (1999) and other researchers of the Geneva group - DOLZ, Noverraz
and Schneuwly - (2004) and teaching sequences, this article proposes to
present a didactic sequence in the song genre, considering the dialogues that
are established between the language and verbal language musical as well as
between the text (song) and the voices that constitute a particular social
season. Therefore, the need for urgent that all students become readers is safe
and capable hands who launched this challenge: "the act of reading" from the
song as a genre.
Key words: reading, didactic sequence, gender song, love.

Introdução:
O objetivo em discutir e trabalhar com o gênero canção em sala de aula
é o de oferecer possibilidades variadas de leituras aos alunos. Para tanto, este
estudo, apoiado em Bakhtin e na teoria dos gêneros, busca no gênero canção
textos bastante variados a partir dos quais foram promovidas discussões
propiciadas pelo trabalho de leitura que levaram os alunos ao enriquecimento
social e cultural, tendo-se em vista a interação como atividade determinante.
Nas palavras de Cristóvão (2002, p.28) “dentro dessa perspectiva, a leitura é
vista, prioritariamente, como uma atividade social em que há construção de
sentidos em um contexto determinado”.
Dessa forma, foi elaborada uma seqüência didática com o gênero
discursivo canção em associação com o gênero discursivo poesia para o
ensino de leitura, em nível de ensino médio, cuja proposta foi apresentada aos
colegas PDE-2007 e a orientadora doutoranda Luciana Ferreira Dias.

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Considerando, conforme Cristóvão (op.cit) que a palavra deve ser,
então, vista como polissêmica e plurivalente, pois os significados são
dependentes dos contextos em que elas ocorrem e dos valores ideológicos que
as permeiam, entendemos que, nas atividades didáticas, a partir dos gêneros
discursivos canção e poético seria válido trazer para o debate canções e
poesias que dialogassem entre si, considerando o dialogismo de Bakhtin. Com
efeito, acreditamos que o papel do outro e o caráter social da leitura são
fundamentais para o trabalho com a linguagem.
O trabalho, empregando o gênero textual canção e o gênero textual
poético, na disciplina de Língua Portuguesa se justifica por se tratar de uma
forma de despertar nos alunos o interesse pela leitura crítica, capaz de torná-
los leitores socialmente ativos. O trabalho com o gênero canção pode ser
também, uma forma de colaboração e auxílio à escola e aos colegas de
disciplina ao lidarem com o tema “leitura”.
Formar um leitor competente é formar alguém capaz de compreender o
que lê, de admitir que a um mesmo texto podem ser atribuídos vários sentidos,
de significar mesmo o que não está escrito, como também estabelecer relações
com leituras anteriores. Outro fato relevante na formação do leitor é a influência
das comunidades interpretativas. Em variadas situações, percebe-se e
apreende-se o mundo sob a influência delas. Concluímos que a escola,
enquanto comunidade interpretativa específica, constitui um eixo no
desenvolvimento e formação dos bons leitores.
Apoiando-se na noção do gênero discursivo, que encontra sustentação
nas concepções de língua e linguagem que vêm sendo trabalhadas a partir do
círculo de Bakhhtin (1992 – 2004) e de releituras e de desdobramentos dessas
concepções, como o interacionismo sócio-discursivo proposto por Bronckart
(1999), que propiciam novas abordagens e modos de se pensar o ensino de
leitura e produção textual a partir dos mais variados gêneros textuais, o estudo
parte de um gênero, a canção, bastante sedutor e instigante, afim de se pensar
sua relação com o gênero poético em atividades de leitura.
Assim sendo, o objetivo é mostrar as possibilidades de uma ação
pedagógica que aguce o desenvolvimento das capacidades de leitura crítica e
interpretativa em prol da formação de leitores competentes, pois para o grupo
de pesquisadores de Genebra (2004)

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Uma seqüência didática tem, precisamente, a finalidade de ajudar o
aluno a dominar melhor um texto, permitindo-lhe assim, escrever ou
falar de uma maneira mais adequada numa dada situação de
comunicação. O trabalho escolar será realizado, evidentemente,
sobre gêneros que o aluno não domina ou o faz de maneira
insuficiente [...]. As seqüências didáticas servem, portanto, para dar
acesso aos alunos a práticas de linguagem novas ou dificilmente
domináveis (p.97-98)

Na construção de conhecimentos, experiências e subjetividades, devido


às crescentes mudanças tecnológicas e das transformações nos padrões de
interação social, a escola tem a função de habilitar ou preparar,
instrumentalizar o aluno-aprendiz a interagir com essas novas demandas de
uso da linguagem que as práticas sociais e tecnológicas emergentes exigem.
Ao levar o aluno a entender e vivenciar o uso sócio-comunitário dos
textos e seus propósitos possibilita-se a ele, gradativamente, espaços
discursivos para interação nessa nova sociedade tecnológica.
Tanto as mudanças sociais apontadas como os documentos oficiais tais
como: As Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006) e as Diretrizes
Curriculares do Estado do Paraná (2006), ressaltam a importância de se
trabalhar as questões de linguagem e leitura como prática conscientizadora e
como forma de inserção social, por meio dos gêneros de texto.
Optou-se por trabalhar com o gênero discursivo canção – ao lado do
gênero discursivo poético, primeiramente por se reconhecer que a música é
muito aceita pelo aluno de ensino médio, segundo pelo fato de as letras
musicais serem carregadas de idealismo, denúncias, críticas sociais,
sentimentos, ofertando oportunidade ao aluno de formar opinião, refletir sobre
os conflitos sociais de uma época e por fim, porque por meio da letra das
canções o aluno despertará a curiosidade pelo gênero textual canção
entendido aqui, como parte de um acervo cultural artístico da sociedade.
Diante disso, quando concebemos a linguagem como sócio-histórica e
implicada em um contexto ideológico que se materializa entre indivíduos
socialmente organizados, através de enunciações que são sempre o produto
da interação, é preciso compreender a canção ou a poesia atreladas a um
dado contexto sócio-histórico em que foram produzidos, além de ter em mente
que o leitor também está inserido num contexto no momento de sua leitura.

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Assim, na seqüência didática, explorando, especialmente, o tema Amor,
serão abordados vários trechos de diversas canções e fragmentos de textos
poéticos. Por meio deles, serão trabalhados conteúdos de análise lingüística e
análise de questões relacionadas à competência lingüístico-discursiva dos
alunos.
Em termos de trabalho de interdisciplinaridade, foram estabelecidos
diálogos com Artes e História, na medida em que o gênero canção pode ser
entendido como manifestação artístico-cultural inscrito num dado contexto
histórico-social.
Quanto à estrutura, na primeira parte que é a fundamentação teórica, foi
comentado a respeito da teoria de gêneros. Além disso, apresentamos textos,
enfocando os gêneros canção e poético, bem como, na segunda parte,
discorremos sobre as partes constitutivas da seqüência didática, desenvolvida
com alunos de terceira série do ensino médio de uma escola pública de Pato
Branco - PR.
Na terceira parte, o artigo é finalizado, apresentando as reflexões
realizadas com os alunos durante as aulas em que se desenvolveu e trabalhou
a seqüência didática.

2. Questões teóricas basilares:

O tema é a leitura de textos, tendo-se em vista a perspectiva dos


gêneros discursivos, a partir do gênero canção.
É necessário despertar nos alunos o interesse pela leitura. Cativá-los.
Fazê-los perceber a importância da leitura na vida do ser humano – pois é por
meio dela que se torna cidadão consciente e atuante na sociedade. Neste
caso, o gênero canção pode mobilizar a subjetividade dos alunos em práticas
de leitura, pois envolve uma relação entre os sentidos e os leitores.
Para conquistar o interesse dos alunos, lançou-se mão do gênero
discursivo de canção da MPB. Foram propostas atividades diversas, utilizando
canções produzidas em diferentes épocas, além de poemas relacionados às
canções.

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Gilberto Flach (2006,p. 21) afirma que muitos já utilizam textos da MPB
em sala de aula, pois a canção é um gênero híbrido, de caráter intersemiótico,
pois é resultado da conjugação de dois tipos de linguagens: a verbal e a
musical (ritmo e melodia).
Utilizando-se de canções, proporciona-se ao aluno uma educação dos
sentidos e da percepção crítica, que pode oferecer, ao lado do prazer sensorial
e estético, um exercício de leitura multissemiótica, voltada não apenas para a
discriminação de cada materialidade semiótica do gênero, mas também para a
interação pluridirecional que relaciona todos os elementos que uma canção
pressupõe (autor – cantor – personagens – melodia – ouvinte genérico –
ouvinte individual – etc.).
Assim, a partir da perspectiva à qual nos filiamos, é válido considerar
que aprender a ler textos demanda a aprendizagem de capacidades de
linguagem. Segundo Dolz & Schneuwly (1998), seriam três tipos: capacidades
de ação, capacidades discursivas e capacidades lingüístico- discursivas.
Neste sentido, nosso objetivo é o de formar sujeitos críticos de
canções, “capazes de perceber os efeitos de sentido do texto, da melodia e da
conjunção verbo-melódica; conhecedores do cancioneiro e dos cancionistas de
seu país, seus posicionamentos, estilos e discursos”. (PAIVA, Angela et al,
2003, p. 119)
De fato, os alunos devem compreender que ler é compreender a língua
fazendo sentido, que o discurso é a palavra em movimento - que as palavras
falam umas com as outras, que é trabalhando a análise do discurso que se
percebem os efeitos da língua na ideologia e materialização desta na língua.
A comunicação humana é permeada pela linguagem. Por meio desta, o
individuo se constitui um ser social, recria práticas discursivas e inscreve nelas
visões de mundo e intenções, tanto individuais quanto coletivas. A linguagem é
vista, então, como processo de interação entre os indivíduos socialmente
organizados, uma vez que a palavra comporta duas faces, pois ela procede de
alguém e se dirige para alguém, tornando-se pois, o território comum “entre o
mim e o outro”. Neste sentido, vale citar Bakhtin para quem:

A verdadeira substância da língua não é construída por um sistema


abstrato de formas lingüísticas nem pela enunciação monológica
isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo

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fenômeno social da interação verbal, realizada através da enunciação
ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade
fundamental da língua (Bakhtin/Volochinov, 2004. p. 123)

Espera-se que, por meio do gênero discursivo canção, os alunos se


tornem sólidos leitores, aptos a compreenderem os sentidos do texto, se
mostrem críticos, criativos, que se transformem em cidadãos comunicativos,
sociais e políticos. Os alunos precisam estar atentos às condições de produção
da canção ou do poema, ou melhor, às representações do ambiente físico, do
estatuto social do sujeito que canta em relação ao seu público-alvo e do lugar
social onde se dá a interação.
Também, é preciso pensar num ensino de leitura no qual os textos a
serem utilizados, sejam textos sociais em circulação, isto é, oriundos de
contextos sociais reais, preparando o aluno para agir com a linguagem em
diferentes contextos (Pasquier & Dolz, 1996).
Dessa maneira, é válido frisar que ler não é apenas um ato mecânico.
“Aprender a ler não é só adquirir um novo código, é também ter acesso a um
mundo diferente daquele em que a oralidade se instala e se organiza. O mundo
da escrita institui, para os falantes de uma mesma comunidade, territórios
privilegiados” diz Haquira Osakabe (1985). Paulo Freire (1981, p. 21) diz que
“ler é um ato libertador. Quanto maior vontade consciente de liberdade, mais
índices de leitura. Um dos efeitos da leitura é o aprimoramento da linguagem,
da expressão, nos níveis individual e coletivo. Uma sociedade que sabe dizer o
que quer, é menos manobrável.”
Para Ezequiel T. da Silva, (1986, p. 16), “saber ler e executar esse ato,
crítica e freqüentemente é, em última instância, possuir mais elementos para
pensar sobre a realidade e sobre as nossas condições de vida”.
Assim sendo, a leitura é uma habilidade humana que permite o acesso
do povo aos bens culturais já produzidos e registrados pela escrita. A ciência e
a literatura, como práticas desmascaradoras da ideologia, ainda, caminham por
meio do modo escrito, em que pesem a presença e a variedade de outras
linguagens e veículos para a circulação da cultura.
“Não somos um país de leitores”, “somos um povo sem tradição
escrita”, diz Marisa Lajolo (2005, p. 92). Segundo esta direção, pode-se afirmar
que, o consumo é pouco, dois livros por pessoa/ano. A frase de Monteiro

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Lobato “um país se forja com homens e livros” fica somente no plano ideal. O
trabalhador brasileiro esperando por justiça social tem a escolher: o comer para
sobreviver e o ler para atualizar-se.
A muitos interessa esta situação, pois o analfabeto é sinônimo de mão-
de-obra explorada, o inocente útil em períodos de eleições. As pessoas
permanecem na condição de “jecas-tatus” da leitura não por optarem
livremente por essa condição, mas porque os condicionamentos históricos e
sociais não permitiram que elas saíssem desta posição.
Enquanto esperamos por um projeto sócio-político-democrático que
favoreça a todos, o saber ler ganha mais importância ainda.
Segundo Eliana Yunes (2003, p. 61), “ler significa uma descoberta,
mudar de horizontes, interagir com o real, interpretá-lo, compreendê-lo e decidir
sobre ele.” Ler é, pois, interrogar as palavras, duvidar delas, ampliá-las. O ato
de ler é um ato de sensibilidade e da inteligência, da compreensão e da
comunhão com o mundo: expandimos o estar no mundo, alcançamos esferas
de conhecimento antes não experimentadas e, no dizer de Aristóteles, “nos
comovemos e ampliamos a condição humana.”
A leitura tem um papel de grande interferência na sociedade. Ela é um
precioso instrumento de reaproximação da vida, pelo qual o deslocamento de
horizonte provocado pelo texto, ressitua o leitor e faz com que ele possa
atualizar o texto no ângulo da sua historicidade, da sua experiência, dando-lhe
também vida nova.
É a leitura que pode dimensionar o lugar do homem na construção de
uma sociedade mais justa, equilibrada, que todos nós buscamos. A leitura
permite o desenvolvimento do pensamento crítico, a construção do próprio
juízo e da própria opinião, o surgir do desejo através da movimentação das
emoções e da sensibilização da inteligência. Segundo o texto das Diretrizes, é
válido frisar que:
A leitura compreende o contato do aluno com uma ampla variedade
de textos, discursos produzidos numa igualmente ampla variedade de
práticas sociais; o desenvolvimento de uma atitude crítica da leitura,
que leve o aluno a perceber o sujeito presente nos textos; o
desenvolvimento de uma atitude responsável diante dos textos.
Assim, compreendemos o ato de ler como o de familiarizar-se com
diferentes textos produzidos em diferentes práticas sociais – notícias,
crônicas, piadas, poemas, artigos científicos, ensaios, reportagens,
propagandas, informações, charges, romances, contos, etc.,

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percebendo em cada texto a presença de um sujeito histórico de uma
intenção. (Diretrizes curriculares estaduais Orientações – Fev /2006).

O ato de ler abre o caminho da consciência, onde se criam


instrumentos de combate à alienação, porque ler é uma atividade de
assimilação do conhecimento e isto é reservado a todo cidadão e tem papel
importante na formação de sua personalidade. A leitura leva à reflexão e esta à
transformação, criando instrumento de luta contra a ideologia e dominação.
Neste sentido, “Compreender o texto é refletir a função do efeito do eu-
aqui-agora, com a constituição dos sentidos do texto” (Orlandi, 1983.) Assim, é
pela e na literatura que o sujeito e o sentido acontecem no texto.
A tarefa de disseminar a leitura critica da comunicação principia na
escola, onde novas gerações surgem e há a possibilidade de melhor
compreensão e domínio do mercado da indústria cultural. Neste caso é
pertinente não só decodificar e compreender a escrita – é necessário trabalhar
os códigos usados pela imprensa, cinema, televisão, as artes no geral.
A UNESCO tem se preocupado em difundir esta espécie de leitura, no
Brasil a UCBC (União Cristã Brasileira de Comunicação Social) estimula a
leitura para dar oportunidade aos excluídos da escola, busca formar leitores
críticos.
O prazer de ler deve começar em casa com o exemplo e incentivo dos
familiares, com escolha livre dos livros, com conversas animadoras sobre seus
conteúdos. Vale citar Orlandi (1983, p.42), para quem:
A escola, quando ensina a ler, propicia ao aluno condições para que
se produza a compreensão e para que se atinja o funcionamento
ideológico da linguagem, pois o sujeito ao produzir uma leitura a
partir de sua posição, interpreta.

A escola tem valor fundamental no estímulo à leitura. Cabem ao


professor a seleção do material e a forma que será explorado. Neste caso,
Lajolo (2005, p. 89) destaca que:
Se a escola buscar, nas suas leituras literárias interpretativas, uma
nova maneira crítica de instaurar os significados, transformar o
estudo numa investigação e vivência crítica do percurso social feito
por seus textos, suas teorias e leituras, esta escola ganhará, sem
dúvida, uma densidade nova. A escola que dá especial atenção a
este tema, além de fornecer espaços específicos para a leitura,
proporciona a seus alunos o acesso a bons livros, jornais, revistas,
vídeos, para que eles possam usufruir deste acervo.

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Quando o hábito da leitura é incentivado ao longo da vida de uma
pessoa, com certeza ela se tornará um cidadão mais crítico e consciente de
seus direitos e deveres.
É necessário que o professor perceba a sala de aula como um espaço
discursivo e interativo, enfatizando a leitura como oportunidade dos alunos
exercerem sua identidade de leitor.
A interação professor-aluno é um momento privilegiado para a
construção de sentidos e o aluno, assim, tornar-se-á ciente da necessidade de
fazer da leitura uma atividade caracterizada pelo engajamento e não ter apenas
uma mera recepção passiva. É sumamente importante que o professor
promova esta percepção, para que o aluno sinta que a leitura está intimamente
ligada à formação do cidadão e então o aluno, enquanto sujeito ativo leia a
realidade em que se acha inserido.
É preciso compreender a sala de aula como espaço discursivo, onde
se travam conflitos entre vozes marcadas sócio-historicamente em que
circulam diversos sentidos. Nela os alunos têm oportunidade de exercer sua
verdadeira identidade de leitor, mostrando, ali, suas experiências de vida.
É na interação onde os sujeitos se constituem como tais, conforme nos
diz Orlandi(1996, p. 63) “a leitura é o momento crítico da constituição do texto,
pois é o momento privilegiado do processo de interação verbal: aquele em que
os interlocutores ao se identificarem como interlocutores desencadeiam o
processo de significação.”
“Quando lemos, produzimos ou reproduzimos sentidos, ou os
transformamos. Estamos participando assim, do processo (sócio-histórico) de
produção de sentidos e o fazemos de um lugar e com direção histórica
determinada” Orlandi, (1988, p. 56)
Por tudo o que vimos sobre a importância da leitura na vida do ser
humano fica bem claro que é imprescindível que se trabalhe a leitura com
entusiasmo, firmeza na certeza de que “cidadão-leitor” transforma o mundo a
seu redor.

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3. O VALOR DA MÚSICA;

Segundo Dolz & Schneuwly (1998), a análise e a classificação dos


textos e a identificação dos gêneros é necessária para a construção de um
modelo didático, que apontará o que pode ser objeto de ensino-aprendizagem
dentro de uma situação de comunicação específica. Entendemos que no caso
da canção e dos poemas, esses vão ao encontro das motivações e interesses
dos alunos, além de que assume dimensão sócio-cultural significativa.
Para os jovens a música é um elemento indispensável, tornando-se
meio de comunicação fundamental. Ela acompanha várias situações como: as
festas e comemorações ou encontros com os amigos.
Em casa, preferencialmente no quarto, a música desempenha um
papel importante e os aparelhos de transmissão tornam-se utensílios vitais.
Graças a aparelhos modernos como cd-player, walkman, diskman, mp3, entre
outros, a música os acompanha no ônibus, nas ruas, nos pátios das escolas ou
durante as caminhadas.
Fora da escola, a oferta musical é assimilada desde o nascimento até a
idade escolar, incluindo aqui a participação em concertos, shows, festas e
igrejas. Embora não se tenha o hábito de refletir sobre essa vivência, é
extraordinário o potencial de uma aprendizagem musical efetiva que aí, reside,
seja no desenvolvimento das preferências musicais ou na formação de
determinados hábitos e comportamentos auditivos.
De acordo com Baudrillard (1997, p. 35), existe uma “afinidade
espontânea de uma geração jovem com as novas tecnologias do virtual” e uma
familiaridade com a música e a eletrônica que o deixa em uma posição
“adiantada em relação ao adulto”. Numa perspectiva pedagógica, Giroux (1995)
recomenda que a cultura midiática deve ser “seriamente tomada como local de
aprendizagem e contestação, especialmente para as crianças: isso significa
que aqueles textos culturais que dominam a cultura infantil e juvenil, incluindo
CDs, videogames, jogos eletrônicos ou filmes animados da Disney devem ser
incorporados às escolas como objetos sérios de conhecimento social e de
análise crítica” o que implica reconsiderar as noções de saber e conhecimento
realmente útil nas escolas.

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Seguindo esta direção, a escola deve considerar de forma séria as
necessidades, as linguagens e as experiências que os alunos trazem para a
sala de aula. Em vez de serem simplesmente descartados, os produtos da
mídia devem ser questionados como um importante local de produção da
cultura infantil e juvenil. (Beto Herrmann, p. 21, 2001)
No mundo, onde se encontram pessoas extremamente céticas, mal
amadas, traumatizadas, solitárias e arruinadas pelo estresse provocado pela
correria do dia-a-dia, é bom contar com compositores que fazem chamamento
à juventude, à vida, falando do amor numa expectativa norteadora de sonhos
que trazem consigo a tentativa de fazer renascer, assim a sensibilidade e a
confiança da pessoa em seu semelhante.
Muito mais do que difundir ritmos, a música é uma instituição social.
Ela está presente na vida de todos nós.
Para não perder sua integralidade e essência, enfraquecendo seu
sentido mais pleno, ela deve dialogar com a poesia, a literatura, as emoções
humanas, os fatos da vida, a crítica social, as múltiplas sonoridades, o corpo, a
dança, a cultura local, a natureza, as tradições, a religiosidade, as festas, as
angústias da vida, o silêncio (elemento em extinção no mundo moderno!). “Os
sons existem, porque existe silêncio, a música é feita de alternâncias de
silêncio e som.” (Francisco de Assis Souza, 2004, p. 4)
Deve-se garimpar, neste contexto, em busca do melhor uso da
música, não só como meio de informação, como ocorre no início dos trabalhos
isolados, caracterizados principalmente pela audição e apreciação musical ou
do som ambiente, mas, sobretudo como meio de comunicação, produção e
interação, o que se faz ao produzir música. Há que se estabelecer um caminho
desde a apreciação e, sobretudo, à produção musical.
A música é a forma de expressão mais antiga da humanidade. Antes
que a fala ou outra linguagem fosse desenvolvida, antes também que as
pinturas e esculturas fossem feitas pelos primeiros homens e mulheres, o ser
humano já produzia sons com aquilo que se encontrava na natureza: ossos,
cascos das árvores, vísceras de animais, entre outros.
De lá para cá, houve uma evolução gigantesca. Os sons brutos e sem
significados passaram a ser conduzidos por algumas convenções que buscam

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dar ordem aos pensamentos e, dessa maneira, estabelecer a comunicação de
idéias e sentimentos.
Foram a impulsividade e espontaneidade que levaram os jovens a
tomarem as rédeas da produção musical no século XX. Eles vêm resgatando
as raízes ancestrais, a música foi o meio ideal para gritar por um mundo melhor
e, se necessário, deixá-lo à desordem para depois reconstituí-lo de modo
adequado.
Música precisa fazer sentido sempre, ser comprometida a uma
mensagem de denúncia ou de reformulação da sociedade? Não. Música é
diversão, é vibração que passa por todo o nosso corpo e nos anima. Mas
quando só há diversão sem comprometimento, quando mensagens negativas
são cantadas e dançadas com o mesmo vigor que as positivas, ou quando a
música serve apenas para fugir e abafar o silêncio que nos perturba, é preciso
preocupar-se.
Segundo André Daniel Lichtler (2002, p.23), a música tem sido
classificada, de um modo geral, em três grandes grupos:
• Folclórica
• Popular
• Erudita

A música folclórica é de transmissão oral. Não há autor responsável


por ela, não recebe forma escrita.
Seus exemplos: Alecrim; Ciranda, cirandinha; Sambalelê.
A música popular é de compositor conhecido, conhecedor ou não de
música, cuja divulgação se dá pela mídia e faz grande sucesso nas
comunidades urbanas. Há mais compositores populares como Caetano Veloso,
Chico Buarque, Tom Jobim e outros.
A música erudita é criada por compositores de instrução vasta e
variada, com experiência e conhecimento profundo da música e exibe nomes
como Bach, Schubert, Chopim, Villa-Lobos, Camargo Guarnieri.
Na atualidade, há a música da periferia a partir do Funk que choca a
muitos da sociedade pela linguagem agressiva, direta, que alude à fantasia
sexual, exibindo sessões românticas ou engraçadas. E no caso do Hip-Hop,

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esse nos traz o Rap (que canta os sonhos de mudança faz crítica ao sistema e
busca paz.).
Não importa a classificação, se é música é atual ou ultrapassada, se é
urbana ou sertaneja. A música, toda ela, nos toca profundamente, nos seduz e
emociona.
Vale ainda discorrer a respeito da relação intersemiótica em diversos
planos na prática discursiva da canção, considerando-se suas especificidades
como gênero discursivo. Segundo Costa (2001, p. 127) a canção possui como
elementos fundamentais:
• em sua própria materialidade lítero-musical a articulação entre
linguagem verbal mais linguagem musical, a partir da
multidimensionalidade dos sinais percebidos (densidade, amplitude,
intensidade, plurivocidade, movimentos de descendência e ascendência,
timbres, etc. do lado da melodia e do acompanhamento musical, além
dos sentidos verbais veiculados pela letra
• na evocação de movimentos somáticos por parte da melodia, que
podem também ser aludidos na letra (linguagem musical + linguagem
coreográfica (+linguagem verbal);
• na figuração, no interior da letra, de um percurso descritivo à maneira de
uma pintura (linguagem verbal + linguagem pictórica);
• quando de seu registro escrito para distribuição comercial (“encarte” ou
“capa” do disco), ela pode aparecer acompanhada de ilustrações, fotos
ou pinturas, e/ou ter sua configuração escrita estilizada (linguagem
verbal escrita + linguagem pictórica);
• predomínio de palavras mais usadas cotidianamente, além da expressão
de maior liberdade quanto às regras normativas da sintaxe, permitindo
repetições e quebras de frases, palavras, sílabas, e sons, sem
intencionalidade outra que não a obediência às exigências do curso
melódico e rítmico
• veiculação de diferentes dialetos (periferia, caipira, etc) e gírias.

Para se alcançar objetivos relacionados a uma prática de leitura mais


significativa em Língua Portuguesa, buscamos o enlace com a música, foi uma
feliz escolha.

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Por tudo o que foi apresentado sobre a importância da leitura na
formação do ser, e por tudo que prova a grandeza da música auxiliando na
formação total desse ser, julgo que não poderia haver união melhor. Neste
sentido, entendemos que as letras musicais, quando bem escolhidas e
apresentadas em sala de aula, podem despertar nos alunos o prazer e a
curiosidade pelo domínio e interpretação dos textos.

4. SEQUÊNCIA DIDÁTICA

O trabalho foi proposto a partir da montagem e aplicação de uma


seqüência didática com o gênero canção, desenvolvida com o objetivo de
tornar os alunos, leitores competentes. Para tanto, foram elaborados quatro
momentos de atividades, utilizando-se o gênero textual canção e o gênero
textual poético, paralelamente.
Em todas as letras dessas canções detectamos os itens citados com
facilidade.
A prática com gêneros de texto associada às ações de linguagem é
explicada pelo Interacionismo-Sócio -Discursivo (ISD), teoria essa desenvolvida
pelos pesquisadores da Universidade de Genebra. Bronckart (1999 – 2006) e
Schneuwly e Dolz (1999 – 2004). Segundo Bronckart (1999 – 2006), o
construto- teórico-metodológico do ISD tem a ação humana como papel central
e assim sendo, é parte integrante do campo das humanidades, pois se alicerça
em diferentes campos das ciências como: Filosofia, Psicologia e Lingüística,
que nos mostra as concepções que substanciam esse caráter transdiciplinar do
ISD.
Para o ISD que se apóia na concepção Marxista de instrumento, a
linguagem é entendida como um instrumento semiótico que se origina a partir
da diversidade das práticas sociais. A cada novo ou diferente contexto que
surge das interações, as ações de linguagem passam por adaptações, dão
origem a diferentes espécies de textos.
Enquanto, no campo da psicologia, O ISD fundamenta-se na concepção
vygotskyana de que a ação da linguagem é uma atividade cognitiva, embora
própria de cada indivíduo, não se dissocia da coletividade, já que é fruto da

15
interação social e que é por meio desta interação que acontecem os
conhecimentos humanos e conseqüentemente o desenvolvimento humano.
Assim, nas proposições do ISD, há uma fusão entre a construção sócio-cultural
e processo de construção do indivíduo.
Temos os empréstimos dos conceitos bakhtinianos (em relação aos
estudos lingüísticos) sobretudo no ISD. Eles difundem o estudo textual,
baseando-se na enunciação-discursiva para entender como os textos são
construídos. Uma análise textual precisa (re)-construir os sentidos ou tema do
texto, destacando os elementos: diálogo entre as estruturas sintáticas e lexicais
do texto e seu contexto de produção; o diálogo entre o gênero a que o texto
pertence e a sua esfera de circulação, incluindo nessa análise os aspectos
enunciativos (como: momento histórico, lugar social) como também, os
discursivos (relação entre interlocutores, o lugar social de cada um deles e
suas intenções).
O ISD, em função de sua ênfase nos estudos sobre os instrumentos
maiores do desenvolvimento humano (que destaca não só os saberes
humanos como as capacidades do agir e da identidade das pessoas), pode
funcionar como instrumento de intervenção de ensino, assim sendo, tem
condições de realizar pragmaticamente por meio da construção de modelos e
seqüências didáticas para as práticas educativas.

4.1 Um modelo didático de gênero: A canção e a poesia em destaque

Inicialmente, é necessário saber qual é o conhecimento dominado pelos


alunos e quais conhecimentos precisam ser ensinados para que ganhem
domínio sobre uma situação sócio-comunicativa singular. Em segundo lugar,
precisa-se recorrer aos conhecimentos dos bons profissionais do gênero em
questão a fim de que se analise e se estude seus elementos recorrentes como
também a vários textos que apontem os principais elementos desse gênero.
Como foi trabalhado o gênero canção, foram utilizadas variadas composições,
adaptando-as de acordo com as situações e necessidades lingüístico-
discursivas de cada turma de alunos.

Primeiro momento: O gênero canção no universo social.

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Conforme os teóricos da Escola de Genebra Dolz; Noverraz e
Schneuwly (2004) este primeiro momento é a Apresentação da Situação, que
tem como finalidade apresentar aos alunos um problema de comunicação que
deverá ser resolvido através da produção de um texto oral ou escrito:

A apresentação da situação visa expor aos alunos um projeto de


comunicação que será verdadeiramente na produção final. Ao mesmo
tempo, ela os prepara para a produção inicial, que pode ser
considerada uma primeira tentativa de realização do gênero que será,
em seguida, trabalhado nos módulos. A apresentação da situação é,
portanto, o momento em que a turma constrói uma representação da
situação de comunicação e da atividade de linguagem a ser
executada. Trata-se de um momento crucial e difícil (2004, p.99)

Esse primeiro momento teve como objetivo proporcionar o contato com o


gênero canção, além do gênero poético. Foram utilizadas as composições de
Nando Reis – “Do seu lado” e o texto Camões – Lírico – “Soneto sobre o amor”.
“O amor é o calor
Que aquece a alma
O amor tem sabor
Prá quem bebe a sua água”(...)
Do seu lado – Compositor: Nando Reis – Intérprete – Jota Quest in MTV ao vivo, 2003.

“O amor é fogo que arde sem se ver


É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.”(...)
Camões, Lírico.

Por meio de uma conversa com os alunos foi levantado com eles um
conjunto de representações sobre as condições de produção dos textos,
discutindo a partir da interação os elementos, a saber: a quem é/foi destinado
tal gênero, como se dá sua forma de produção, se há refrão na canção, qual
seu papel em termos de diálogo com ouvinte/leitor, que melodia a canção/ou
poema exibe, podendo-se pensar em várias interpretações aos textos, tendo-se
em vista as diferentes épocas em que esses foram produzidos.
Destacando tais elementos relacionados às condições de produção do
gênero, foi preciso pensar na questão do texto (conteúdo/organização, estilo).
Primeiramente, a partir do conceito do gênero, é válido frisar que o texto pode
ser propagador de ideologias, na medida em que, mesmo sem perder a
dimensão do divertimento e prazer, os textos propiciam uma visão crítica da
sociedade e das pessoas que a compõem. A fim de criar discussões acerca de
como a canção e a poesia funcionam na sociedade e, como se constituem,

17
analisando a veiculação e a circulação de tais, livros didáticos e nos meios de
comunicação, trabalhou-se com os alunos, em especial, com a figura de
linguagem (metáfora) como produtora de sentidos.
Também se firmou o que os alunos entendem pelas canções e poesias,
procurou-se animá-los a participar das atividades, para confirmar ou rebater as
questões construídas por eles acerca do gênero. Em seguida, a fim de
apresentar suportes textuais e reconhecer as esferas de produção e circulação
do gênero foram colocadas à disposição dos alunos diferentes canções, ou
seja, produzidas em diferentes épocas e dentro de diversos estilos, falando a
respeito do gênero amor.
Logo após, foi solicitado aos alunos que construíssem estrofes contendo
metáforas sobre o amor.

Segundo Momento: Leitura e produção textual.


Ainda, pautando-se nas condições de produção dos textos, foi relevante
mais uma vez estudar tais aspectos relacionados: à pessoa física que produz o
texto, as pessoas físicas que recebem o texto, o lugar de produção, o momento
concreto da produção, a partir de um texto mais atual (de uma canção) e outro
texto de uma poesia com a qual a canção dialoga. Para tanto, foram
distribuídas as letras da canção Monte Castelo de Renato Russo e do soneto
Amor de Luis Vaz de Camões.

“Ainda que eu falasse


A língua dos homens
E falasse a língua do anjos
Sem amor, eu nada seria...
É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade
O amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja
Ou se envaidece...
O amor é o fogo
Que arde sem se ver
É ferida que dói
E não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer...” (...)
Letra: Renato Russo – Adapt. “I Coríntios 13” e “Soneto 11” de Luís Vaz de Camões. Música: Renato
Russo.

Foi feito, também, uso da Bíblia, a partir da passagem extraída de “1


Coríntios, 13”. Dessa maneira, os alunos leram os textos e travou-se o debate

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a respeito do título do texto Monte Castelo dado à composição por Renato
Russo.
Foi ressaltado o diálogo intertextual entre a canção, o soneto e o texto
bíblico. Foi percebido que Renato Russo, em sua grandeza, bem soube sentir,
no presente, o passado resignificando-o, mostrando que o sentimento amoroso
é atemporal e universal.
Fez-se a leitura detalhada dos textos e os alunos receberam perguntas
orais para que percebessem o que é interessante na leitura, em termos de
efeitos de sentidos sobre o amor.
Também leram os três textos com o objetivo de verificar as formas
variadas de cada compositor ao trabalhar a mesma temática – o amor,
chamando a atenção dos alunos para a resignificação dada pelo compositor
aos textos passados, tendo-se em vista também diferentes leitores.

Capacidade de ação das canções:

Considerando-se o papel da estrutura de produção de um gênero,


solicitou-se aos alunos que observassem o quadro a eles passado e
buscassem encontrar as respostas às perguntas em relação ao compositor
brasileiro Renato Russo.

Contexto de produção textual – Quando?


O lugar de produção do texto Onde Renato Russo produziu seu
texto?
O momento de produção do texto. Em que momento houve esta
produção?
O conteúdo. Qual é a temática do texto?
Do que se trata este texto?
O enunciador. Qual papel social apresenta o texto
Monte Castelo?
Por que Renato Russo o escreveu?
Qual a posição de Renato Russo em
relação ao texto discutido?
O destinatário. Qual é o papel social de quem lê, ou
ouve o texto Monte Castelo. O leitor
faz interação do ontem x hoje?
O lugar social do texto. Onde o texto é veiculado?
Onde o texto é desenvolvido? Busca
mostrar o quê socialmente falando?
O objetivo social do texto. Por que o texto foi produzido? Qual é

19
o efeito que Monte castelo exerce
sobre o leitor?

Neste momento, foi interessante pensar a função social do compositor e


sua imagem social naquela situação específica, ao cantar o amor. Os alunos
perceberam como Renato Russo foi sábio ao usar os textos (origem) como
matéria prima para sua criação. Com efeito, ele os valorizou, dando-lhes vida
nova e com seu talento e enorme capacidade, atingiu sucesso, dialogando com
Camões e o texto bíblico. Os alunos notaram, a partir da discussão e do debate
em sala de aula, que o compositor era um sujeito engajado no seu tempo,
participante social e político de sua época, ou seja, alguém preocupado com as
dores e dificuldades do homem no mundo atual tão desumanizado.
Através de pesquisa conseguiram maiores informações sobre o autor,
assim podendo refletir sobre a função social do compositor para com toda a
sociedade, em termos de diálogo com um dado público. Para nortear a busca
dos alunos foram sugeridas estas questões:
Onde e quando nasceu Renato Russo?
Quando e onde iniciou sua carreira?
Que canções ele produziu? Quais as mais famosas?
Em que locais ele as produzia?
De que falava suas canções?
Por que Renato Russo escrevia?
Qual o público alvo de Renato Russo?
De que classe social suas canções mais falavam?
Quem ouve Renato Russo?

Os alunos exibiram em sala de aula o que encontraram sobre o


compositor e músico Renato Russo. Leram e colocaram no mural da sala,
trocando, assim, conhecimentos com os colegas.
Logo após foi proposta a produção de texto (uma canção) para que o
aluno explorasse criticamente o tema “Sem amor eu nada seria” – Renato
Russo. Terminada essa atividade, solicitou-se aos alunos que mostrassem e
lessem seus textos. Todos quiseram apresentar e foi ótima ocasião para a

20
interação em sala de aula na medida em que os alunos manifestaram
crescimento humano nestes dias em que se falou do amor.
Para o grupo de Genebra (Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004)) a
Produção Inicial é um estágio onde os alunos são convidados a produzir um
primeiro texto do gênero em foco. Esta produção serviu como base para que,
através de uma avaliação fossem observadas as capacidades e dificuldades
dos alunos, e, assim, propor novas atividades. Esse momento foi decisivo para
que o aluno descobrisse o que já sabe fazer e se conscientizasse de seus
déficits em relação à produção do gênero. Neste sentido, a produção inicial
“tem um papel central como reguladora da seqüência didática, tanto para os
alunos quanto para o professor”. (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004, p.
103).

Terceiro momento: Exploração dos aspectos de conteúdo e textuais.


Nesta etapa foram distribuídas aos alunos as letras das canções:
“Eduardo e Mônica” – Legião Urbana, “Filha” de Rick e Renner e o texto da
poesia “Quadrilha” – Carlos Drummond de Andrade.
“E quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?”(...)
Eduardo abriu os olhos e não quis se levantar
Ficou deitado e viu que horas eram
Enquanto Mônica tomava um conhaque no outro canto da cidade como eles disseram (...)
Eduardo achou estranho e melhor não comentar, mas a menina tinha tinta no cabelo.
Já são quase duas, eu vo me ferrar....

Renato Russo. In Legião Urbana, Dois. EMI-ODEON, 1986.

“15 anos faz agora


É de alegria que meus olhos choram
Meu pequeno anjo que agora fascina
Para mim vai ser sempre minha menina
Filha onde você vai
Pode não sobrar um lugar pro seu pai
Mas tenha certeza que eu vou sempre estar
Perto de você onde quer que vá”
Filha – Rick e Renner, Composição: Geraldo Antonio de Carvalho (Rick), 2003.

“João amava Teresa que amava Raimundo


que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém” (...)
Carlos Drummond de Andrade, 1954.

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Foi sugerida a leitura detalhada de cada um dos textos, observando a
elaboração e organização dos textos. Os alunos buscaram perceber os tipos de
amor abordados nas canções, tendo em vista a posição enunciativa do sujeito.
Na discussão, enfatizou-se, na interação, que a primeira canção é uma história
de amor com o final feliz, que a segunda canção fala do amor paterno e a
poesia de Drummond nos mostra os desencontros amorosos.
A fim de discutir com os alunos a especificidade do gênero canção ou
poema, trabalhou-se com alguns elementos que caracterizam os gêneros: o
ritmo, a melodia, a repetição (paralelismo, refrão, retomada) na canção ou
poema, tipo de linguagem mais concisa, mais informal, estilo musical ou
poético.

ELEMENTOS DA CAPACIDADE DISCURSIVA

Papel do A relação Melodia ou Frases curtas,


refrão nas temática (amor) e tendência musical linguagem mais
canções ou das o ritmo das (rock, bossa- simples, coloquial,
repetições no canções ou nova, samba, presença ou não
poema poemas sertanejo, forró, de uma seqüência
etc) narrativa

Na seqüência, os alunos se manifestaram, a partir do debate de idéias,


refletindo sobre a estrutura narrativa dos textos de modo que relataram sobre
as personagens envolvidas, suas particularidades, sobre os eventos que
compõem a estrutura narrativa do texto, as especificidades de cada texto
(caracterização). Vale destacar que exploraram, ainda, o papel elementos
lingüísticos-discursivos tais como: sentenças informais, vocabulário
empregado, uso dos verbos.

Capacidade lingüístico-discursiva a partir das canções:

ELEMENTOS DA CAPACIDADE LINGÜÍSTICO-DISCURSIVA

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Conjunções no Coesão verbal (os Linguagem Estrutura
texto (o papel das verbos no coloquial ou mais narrativa das
conjunções passado próxima do canções ou
aditivas e, mas) e exprimindo ação cotidiano (as poemas
das conjunções acabada em formas ferrar e
subordinativas Eduardo e vô, presentes na
(enquanto) Mônica), verbos canção de
na forma do Eduardo e
futuro (perífrase) Mônica)
na canção Filha e
as formas do
imperfeito no
poema de
Drummond

Dentro do modelo didático de gênero, os mecanismos de textualização


referem-se ao segundo nível de análise do texto proposto pelo modelo de
Bronckart (1999) e são eles que permitem o desenvolvimento do conteúdo
temático e o estabelecimento da coerência. Em se tratando desses
mecanismos, o autor divide-os em três grupos que são a conexão, a coesão
nominal e a coesão verbal. Trabalhou-se aqui, neste estudo, com a conexão, a
partir do uso das conjunções nos textos e com a coesão verbal no tocante aos
tempos verbais, a partir das relações de simultaneidade, anterioridade ou
posterioridade, a partir das ações descritas na canção ou poema.
Dessa maneira, foi trabalhado o sentido que os conetivos dão às
sentenças nas canções ou poemas, a que eles remetem e que efeitos de
sentidos os conetivos nas sentenças das canções e poema estudados
produzem. Foram propiciadas aos alunos atividades diversas para que
absorvessem com segurança o emprego dos conetivos.
Também, foi proposto aos alunos que observassem o emprego dos
tempos verbais nos textos, produzindo-se, assim, o estudo da língua vinculado
às situações em que esta é utilizada, verificando como a coesão verbal nos
textos permite a produção do efeito narrativo ao texto. Tendo em vista as

23
situações de comunicação expressas nas canções, discutiu-se sobre o papel
da linguagem formal e da informal nos textos.

Quarto momento: Produção de novos conceitos.


A interdisciplinaridade Português x Artes x História.

Para Dolz; Noverraz e Schneuwly (2004), a Produção Final, possibilita


ao aluno colocar em prática as noções e os instrumentos elaborados nos
outros momentos. E seguindo com a exploração das mesmas canções no
quarto momento, procurou-se registrar a linguagem verbal, através do código
oral, ampliando o conhecimento e compreendendo melhor o papel do sujeito
histórico. “O acesso aos mais variados textos informativos [...] proporciona,
assim, a tessitura de um universo de informações sobre a humanidade e o
mundo.” (BORDINI & AGUIAR, 1993, p.10). Significa dizer que o final desta
etapa é o início de uma nova ampliação dos movimentos, permitindo que os
alunos, perante o gênero textual trabalhado, criem uma postura consciente dos
temas elencados na canção e conseqüentemente da sociedade, já que os
momentos evoluem em espiral.
Os alunos receberam uma cantiga de amor - trovadorismo, o texto da
canção Carinhoso – Pixinguinha (1927) e outro texto da canção
contemporânea Glamurosa – Mc Marcinho (2000). Observando que cada uma
delas foi escrita em um dado contexto histórico, por isso, cheias de ideologias,
produzindo leituras diferentes entre os interlocutores, trabalhou-se com a
imbricação: linguagem verbal e musical nos textos.
Para isso foram observados os efeitos de sentido produzidos pela
cantiga e pelas canções, a partir da conjunção verbo-melódica, em termos de
papel social dos textos. Os alunos ficaram atentos à presença de refrão nos
três textos, bem como ao papel da repetição, da retomada de um sentido, no
processo de interação com o leitor/ouvinte, debateram sobre as melodias e
ritmos das canções e o que esses evocam em termos de tendência musical,
época, público-ouvinte. Também, foram observados a temática, o estilo, as
expressões verbais, a representação social, o espaço e tempo a que se refere
cada autor.

24
Como cada autor aborda o sentimento “amor”?
Qual o papel social que cada canção apresenta?
Quem as escreveu? E como a canção/poesia se materializam em termos de
texto?

Baseando-se nos conhecimentos adquiridos pelos alunos, foi solicitado a


eles que produzissem um texto poético com o seguinte tema: “Mudando a
sociedade, muda o amor?”
Também, pensando no posicionamento crítico do aluno/leitor frente às
canções estudadas, foi solicitada outra proposta de produção, a partir da
oralidade. Pediu-se que o aluno expressasse oralmente através da arte do
teatro o valor do amor para cada grupo social. Neste caso, cada grupo
representou o sentimento amoroso pertinente a uma dada época que seu
grupo teria sorteado.
Os alunos foram divididos em três equipes e foram sorteadas: Idade
média, Anos 30 e Idade contemporânea. A partir daí, os alunos criaram uma
peça teatral, representando o amor em cada uma dessas épocas.
Depois das apresentações das equipes de alunos, foi feito um círculo em
sala de aula onde se discutiu o desenrolar de todas as atividades propostas
neste projeto.
Foram levantadas vantagens e desvantagens, atuação do professor e
dos alunos em cada atividade.
Todos reconheceram que os resultados foram excelentes. Os alunos se
mostraram felizes e desejam futuramente participarem de outros momentos
semelhantes ao que demos término agora.
Ficou claro que a produção de novos sentidos para o gênero textual
canção e gênero textual poético permitiu aos alunos um posicionamento crítico,
responsivo diante das temáticas desenvolvidas em sala de aula.

5. Considerações Finais
O objetivo em elaborar e discutir esta seqüência didática, baseada no
gênero textual canção e no gênero literário poético, foi o de fazer com que os
alunos desenvolvam capacidades de ação na linguagem, além de capacidades
lingüísticas e discursivas para a sua formação enquanto leitores, o que se

25
relaciona às necessidades atuais da escola de formar indivíduos que possam,
seguramente, conquistar e participar de ambientes discursivos e de leitura,
ampliando, com isso, seus espaços de circulação social e conquistando,
portanto, sua cidadania.
Ao se trabalhar esta seqüência didática em sala de aula com exercícios
interessantes, propostos oralmente ou em atividades escritas, com o gênero
canção e o gênero poético foram lançadas aos alunos possibilidades variadas
e múltiplas de assimilação dos conteúdos, a partir da interação como mola
propulsora das atividades arroladas em sala de aula.
Em todos os momentos trabalhados, os objetivos propostos foram
alcançados. No primeiro momento, conseguiu-se trabalhar com os textos, suas
condições de produção, produzindo-se reflexões e o conhecimento do emprego
da linguagem conotativa, bem como o sentimento que ela nos evoca.
No segundo momento, foi possível perceber o papel social dos
compositores das canções, das poesias, além do momento histórico que elas
refletem, a ideologia que inspiram e o papel social que nós, leitores,
assumimos.
No terceiro momento, os alunos tiveram contato com os tempos verbais
e com os conetivos, em termos de desenvolvimento da capacidade lingüístico-
discursiva, de modo que esses terão condições de usar a linguagem e os
elementos da língua com maior segurança e serem melhor compreendidos na
produção escrita.
No quarto momento, as equipes puderam buscar maiores
conhecimentos históricos sobre os diversos períodos da sociedade, a ideologia
e o perfil de cada época, tornando-se conhecedores e podendo participar de
debates em sala de aula, buscando, assim, histórica e artisticamente darem
contornos diversos às imagens do amor na sociedade em várias épocas,
através dos tempos. Com grande entusiasmo, criatividade e postura crítica, os
alunos brilharam em palco.
Conclui-se este artigo declarando que a proposta de trabalhar com
gêneros textuais, “canção e poético”, por meio de seqüências didáticas, pode
vir a ser uma possibilidade de atividade pedagógica textual. Todavia, levando-
se em conta as respostas dos alunos, há uma necessidade evidente do
professor possuir grande conhecimento teórico e prático, para que, desta

26
forma, o trabalho possa colher frutos positivos. Reconhece-se também, que
trabalhar com seqüência didática como prática de aquisição de novos
conhecimentos está em construção, discussão e reflexão, não se configurando
como receita ou como algo imposto em termos de uma nova didática para
todos a seguirem.

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