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Universidade Estadual de Montes Claros

Pró-Reitoria de Pós-Graduação
Centro de Ciências Humanas
Programa de Pós-Graduação em Educação
Disciplina – Epistemologia e Pesquisa em Educação
Professora – Dra. Francely Aparecida dos Santos
Aluna: Elisângela M. P. e Souza

RESUMO

A autora Maria Cecília de Souza Minayo se propõe a aprofundar reflexões sobre a


hermenêutica-dialética como análise qualitativa das ciências humanas e sociais. No
texto ela aprofunda os conceitos a respeito da subjetivação do objeto e objetivação do
sujeito. Faz referência ao contexto dos estudos da saúde e da doença, campo em que ela
deseja contribuir com os saberes epistemológicos. Ela discorre sobre esse raciocínio em
três partes, a primeira: “A hermenêutica como arte da compreensão dos textos”, a autora
propõe as ideias de Gadamer como subsídio para a linha de raciocínio tecida. São
apontados caminhos para interpretação, uma vez que a linguagem dos escritos, nem
sempre serão consideradas transparentes em si mesmas. O autor nomeia as pesquisas em
ciências humanas como “ciências do espírito”. A hermenêutica toma formas mais
amplas na sua atuação, pois vai além das ciências humanas, da natureza ou sociais,
extrapola para além da experiência científica, sendo sua fonte a intersubjetividade que
está compreendida como a troca de saberes entre o leitor pesquisador e o escritor objeto
de pesquisa, propondo um ao outro uma troca simbiótica de saberes. Neste
relacionamento haverá oposições entre as partes, neste ponto a hermenêutica se fara
necessária para que o conhecimento venha aflorar. Segundo, o autor, a hermenêutica
será possível perante alguns pressupostos, destaca-se o da negação, em que não se busca
a intenção do autor, mas sim aquilo que inconsciente está descrito no texto, ele defende
que as palavras e os discursos dizem muito mais do que aparentam. Segue-se uma
descrição daquilo que não é o compreender: não é comtemplar; não é captar a vontade e
planos do objeto analisado. Para corroborar com as proposições anteriores são citados
Schleimarcher e Dilthey, sendo que o primeiro aponta para a compreensão como um
processo circular, de retro-alimentação constante as partes e o todo. Afirma que o autor
deve ser compreendido para além das intencionalidades conscientes, ou seja, a leitura
daquilo que o autor não teve a consciência de ter escrito. Para justificar a afirmação, ele
posiciona o texto para além de si, como parte de um todo, que é a cultura em que ele
está inserido, o contexto. No Marxismo, seria o equivalente aos determinantes, em
Sartre, o possível social.

Dilthey, aborda o mesmo ponto, porém chama esse contexto cultural, como liberdade e
força, sendo a segunda resultante da interioridade e exterioridade, tendo uma posição
contrária a liberdade, porém proveniente dela. Formando, assim, um duplo que se repete
e interage. Finaliza, por explicar a finitude do próprio compreender, sendo deste modo
e neste lugar – finitude – onde a realidade se apresenta. A matéria prima deste
movimento pela compreensão é a realidade que o outro coloca como verdade.
Seguem-se explicações dos termos que compõem a realidade hermenêutica, como senso
comum, vivência e símbolo. O primeiro, vem definido por Vico como “ um juízo
despido de qualquer reflexão”, neste mesmo movimento ele articula este termo ao bom
senso, ambos geradores de uma das maiores questões controversas sobre a
cientificidade das ciências humanas e sociais. Apoiados pelo cientificismo e lógica,
determinam a ideia de ser possível existir uma neutralidade racional, consequentemente,
concluindo que a ciência estaria imune aos “pré-conceitos e pré-juízos”. Sobre tal
problemática, Boaventura Santos, é citado no texto, por conta de seus estudos a respeito
do tema, ele afirma que a ciência usou o termo de forma positiva e negativa, isso
dependia do grau de racionalismo de cada pesquisa. Sobre o segundo termo, vivência,
traduzido por Dilthey como configurações de sentidos, unidade de sentidos ou em
outras palavras reinterpretações ou realidades pensadas. É visto como algo da
experiência imediata, que abrange o real. O terceiro termo, símbolo, também objeto da
hermenêutica, são as realidades reveladas pelo símbolo.
Mais termos, são analisados em Husserl, como intencionalidade e significado. O
primeiro, está relacionado aquilo que intenciona, que se visa de algo. Já o segundo, trata
da concepção, de os objetos foram compreendidos, daí usar o termo significado. Ora, se
há compreensão do objeto, a fenomenologia não subjetividade e objetividade. Ambos
estão interligados e intercambiam significados e essências. Finaliza, esta parte,
afirmando que a compreensão é a apreensão do todo cultural, todavia a compreensão
não maculada, só é possível se não houver arbitrariedade das/nas opiniões prévias.
A segunda parte do texto trata da dialética como a arte do estranhamento e da crítica. O
texto inicia-se com uma explicação dobre a histórica da dialética, tendo em Sócrates,
um dos seus precursores, com a Maiêutica. Chegando até Kant, na Critica da Razão
Pura (1980) e Schileirmaker (2000), que recupera a dialética como método de
conhecimento. Segue-se para Hegel, esse abordou a dialética em três dimensões:
ontológica, lógica e metodológica. Buscava evidenciar como a realidade se desenvolve
e seus desdobramentos. Retoma Marx, o apresenta no diálogo da dialética, como
método de transformação do real. Em Hegels, como a articulação das partes com o todo,
desembocando no conhecimento como formas de pensar da história da natureza. Em
Lênin, a dialética é o estudo da oposição das coisas entre si.
Em suma, depois da corroboração de todos os pensadores citados, a autora sintetiza as
contribuições do Marxismo e da visão Hegeliana centralizadas na ideia do não fixo e
absoluto do todo que nos envolve, sendo assim: cada coisa é um processo, há um
encadeamento nos processos, cada coisa traz em si uma contradição e a quantidade se
transforma em qualidade. Concluindo o raciocínio da dialética, em que a realidade não
se esgota, em sua expressão matemática, e sim extrapola em seus resultados
qualitativos.
A terceira parte do texto, trata das possiblidades da articulação entre hermenêutica de
dialética. Enfatiza a função balizadora da hermenêutica para se compreender a
comunicação entre os seres humanos, ou seja, a intersubjetividade. Aponta criticas
quanto aos pré-juízos e defende a totalidade da cultura que marca a história. Ressalta
que o compreender é marcado pelo movimento da realidade que se expressa no texto
para além dele, como também no outro.

Alista, as balizas da postura Hermenêutica com base em Gadamer (1999), Habermas


(1987), Stein (1987) e Minayo (1993). Começando pela postura do entrevistador, que
deve pautar as vivências históricas do outro, operar a empatia pelo contexto do outro.
Entender que o discurso é marcado pela tradição, cultura e conjecturas. Na sequência,
menciona o cuidado com os documentos históricos, apontando para o fazer do
pesquisador que deve ser de respeito, entendo que em cada relato ou fato, sempre há
algum teor de racionalidade e sentido. Enfatiza que diante do texto, o pesquisador não
deve buscar “a verdade”, mas sim o que o sentido se propunha a expressar. Finaliza, na
defesa da interpretação movida pelos pressupostos de Gadamer, que afirma que a
interpretação, além de, mostrar o que o autor intencionava, deve evidenciar aquilo que o
autor não tinha consciência quando escreveu o texto.

Para o fazer da atividade da interpretação, também, são alistados alguns pontos, que a
autora chama de Práxis Interpretativa. Ela recomenda: buscar diferenças e semelhanças
entre o contexto do autor e do investigador, investigar as definições de situações
propostas pelo autor do texto; buscar entender as coisas do texto, sem descontextualizá-
las, valorizando a construção linguística inerente ao processo histórico situado; a relação
sujeito e texto, deve ser verificada como expressão do seu tempo, buscando o contexto
histórico e a relação do exterior com o interior.

Em suma, afirma que o exercício dialético considera as relações historicamente


dinâmicas, onde a linguagem se configura em papel duplo, tanto de facilitador de
comunicação, quanto de dificultador, dada a gama conteúdo pessoal, histórico e cultural
que ela carrega.

No campo da saúde e doença, onde a autora se propõe a contribuir, ela acredita que
essas abordagens apresentadas, podem contribuir no sentido de ser analisada a
racionalidade em relação aos processos sociais, desencadeando em uma análise híbrida
dos processos.

Em sua conclusão afirma que o método dialético dialoga com o hermenêutico, no


sentido de que ambos pontuam como central as condições históricas, defendem um
observador imparcial, considera o investigador como parte da realidade que investiga,
questiona o tecnicismo, apontam para a práxis e denunciam pontos que revelam a
produção intelectual com vestígios de tradicionalismos e pré-juízos.

Palavras-chave: Hermenêutica, Dialética, Compreensão, Interpretação, Contextos


Históricos.

Referência: MINAYO, Maria Cecília de Souza. Hermenêutica-Dialética como


caminho do pensamento social. In: MINAYO, Maria Cecília de Souza;
DESLANDES, Suely Ferreira (Orgs.). Caminhos do
Pensamento: Epistemologia e Método. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz,
2002. p. 83-107.

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