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EPOPEIA DE GILGAMESH

A criação de Enkidu e seu encontro com Gilgamesh

Proclamarei ao mundo os feitos de Gilgamesh. Foi ele o homem de quem todas as coisas foram conhecidas. Ele era
sábio, viu os mistérios e conheceu coisas secretas.

Quando os deuses criaram Gilgamesh deram-lhe um corpo perfeito. Shamash, o glorioso Sol, dotou-o de beleza. Adad,
o deus da tempestade, dotou-o de coragem. Os grandes deuses fizeram perfeita a sua beleza que ultrapassava todas
as outras. Dois terços o fizeram deus e um terço, humano.

Em Uruk ele construiu muralhas, uma grande fortaleza e o bendito templo Eanna, para Anu, o deus do firmamento, e
para Ishtar, a deusa do amor e da guerra.

Gilgamesh andou por terras estrangeiras, através do mundo, mas até regressar a Uruk não encontrou ninguém que
pudesse resistir aos seus braços. Porém, os homens de Uruk murmuravam em suas casas:

── A arrogância de Gilgamesh não tem limites, nem de dia nem de noite. Nenhum filho é deixado com seu pai, porque
Gilgamesh os tira a todos, mesmo às crianças. E, contudo, o rei deveria ser um pastor para o seu povo. O seu desejo
não deixa uma só virgem para aquele que a ama – nem a filha do guerreiro, nem a mulher do nobre.

Os deuses ouviram os seus lamentos. Os deuses do céu gritaram a Anu, o senhor de Uruk:

── Uma deusa o fez, forte como um touro selvagem; ninguém pode resistir aos seus braços. Nenhum filho é deixado
com seu pai, porque Gilgamesh os tira a todos. Será isso o rei, o pastor do seu povo? O seu desejo não deixa uma só
virgem para aquele que a ama – nem a filha do guerreiro, nem a mulher do nobre.

Gritaram a Aruru, a deusa da criação:

── Tu o fizeste, ó Aruru: cria agora o seu igual. Que este seja semelhante a ele como o seu próprio reflexo, coração de
tempestade para coração de tempestade. Eles que briguem um com o outro e deixem Uruk em paz.

A deusa então concebeu em sua mente uma imagem cuja essência era a mesma de Anu, o deus do firmamento. Ela
mergulhou as mãos na água e tomou um pedaço de barro; ela o deixou cair na selva, e assim foi criado o nobre
Enkidu. Havia nele virtudes do deus da guerra, do próprio Ninurta. Seu corpo era rústico, seus cabelos como os de
uma mulher; eles ondulavam como os cabelos de Nisaba, a deusa dos grãos. Ele tinha o corpo coberto por pelos
emaranhados como os de Samuqan, o deus do gado. Ele era inocente a respeito da humanidade e nada conhecia do
cultivo da terra.

Enkiducomia grama nas colinas junto com as gazelas e rondava os poços de água como os animais da floresta. Até que
um dia foi visto por um caçador que ficou aterrorizado com a visão daquele homem selvagem. O caçador partiu para
Uruk para contar pessoalmente a Gilgamesh o que havia visto.

── Um homem que não tem outro semelhante vagueia pelas pastagens. É forte como uma estrela descida dos céus, e
tenho medo de me aproximar dele. Ajuda os animais selvagens a fugir e destrói as minhas armadilhas.

Disse Gilgamesh:

── Regressa e leva consigo a sacerdotisa sagrada deIshtar e o seu poder de mulher dominará esse homem. Quando ele
descer para beber na fonte, ela lá estará nua; e quando ele a vir fazer-lhe sinal, há de abraçá-la. E então os animais
bravios haverão de rejeitá-lo.

E assim aconteceu. A mulher não teve vergonha de o receber. Durante seis dias e sete noites estiveram deitados
juntos. Enkidu ficou ao lado da bela mulher manso como um cordeiro. Deixou que ela lhe cortasse o cabelo e raspasse
os pelos. Ela lhe ensinou a viver entre os homens. Deu-lhe pão e vinho, vestiu-o e o fez sentar à mesa; ensinou-lhe a
tocar harpa e a cantar.

Depois de satisfeito, Enkidu voltou para os animais selvagens. Mas agora, ao vê-lo as criaturas agrestes fugiam.Enkidu
queria segui-las, mas seu corpo parecia estar preso por uma corda, ele perdera sua rapidez e agilidade. Enkidu perdera
sua força, pois agora tinha o conhecimento dentro de si, e os pensamentos do homem ocupavam seu coração. Então
ele voltou e se sentou aos pés da mulher e escutou atentamente o que ela disse:

── Tu és sábio, Enkidu, e agora tornaste-te semelhante a um deus. Por que queres ficar correndo à solta nas colinas
com as feras do mato? Vem comigo; eu te levarei a Uruk, a cidade de fortes muralhas, ao abençoado templode Ishtar
e Anu. Lá vive Gilgamesh, que é forte, e como um touro selvagem domina e governa os homens.

A fala da mulher agradouEnkidu. Ele ansiava por ter um amigo, alguém que pudesse compreendesse seu coração.

── Vamos mulher, leva-me a esse templo sagrado, à casa de Anu e de Ishtar e ao lugar onde Gilgamesh domina e
governa seu povo. Eu o desafiarei corajosamente, em alta voz gritarei em Uruk: “Sou o mais forte daqui, vim para
mudar a velha ordem, sou aquele que nasceu nas colinas, sou aquele que é de todos o mais forte”.

Então Enkidu caminhou à frente e a mulher seguiu atrás dele. Entrou em Uruk, aquele grande mercado, e todas as
pessoas se aglomeram à sua volta. Falando dele, diziam: “Ele é a imagem de Gilgamesh.” “Ele é mais baixo.” “Ele é
mais robusto.” “Agora Gilgamesh encontrou um adversário à sua altura. Este grande homem, este herói de divina
beleza pode enfrentar até mesmo Gilgamesh.”

À noite Gilgamesh levantou-se e saiu para a rua. Enkidu foi também para a rua e bloqueou sua passagem. O poderoso
Gilgamesh se aproximou e Enkidu esticou sua perna para impedir-lhe a passagem. Os dois então se atracaram,
ajoelhando-se como touros. Arrebentaram a porta da casa, e suas paredes tremeram. Bufaram como dois touros
trancados juntos. Os batentes da porta ficaram em pedaços. Tinham a mesma força e nenhum conseguia derrubar o
outro. Até que Gilgameshcaiu de joelhos, fincou os pés no chão e, virando-se, derrubou Enkidu.

Sua fúria então se desvaneceu imediatamente. Após a queda, Enkidu disse a Gilgamesh:

── Não há ninguém como tu no mundo. Ninsun, que tem a força de um boi selvagem no estábulo, foi quem te deu à
luz, e agora estás acima de todos os homens. Enlil te deu a coroa, pois tua força ultrapassa a força dos homens.

Enkidu e Gilgamesh então se abraçaram, e assim foi selada sua amizade.

Adaptado de OLIVEIRA, C. D. (trad.). A Epopeia de Gilgamesh. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
Ilustração: Ludmila Zeman, 1992.
Questões para interpretar e analisar a Epopeia de Gilgamesh

1. O que é epopeia?

2. Quem era Gilgamesh?

3. Descreva Gilgamesh: sua aparência, qualidades e defeitos, seus poderes e obras.

4. O que a população de Uruk repudiava em Gilgamesh? Você concorda com o povo de Uruk?

5. Qual a solução encontrada para conterá a arrogância de Gilgamesh?

6. Como Enkidu é caracterizado?

7. Que mudanças ocorreram em Enkidu? Quem fez essas mudanças?

8. Quem venceu a luta: Gilgamesh ou Enkidu? Justifique.

9. O que a luta ensinou a Gilgamesh e a Enkidu?

10. O que esse trecho da Epopeia de Gilgamesh revela sobre a religião mesopotâmica? Explique.

11. A Epopeia de Gilgamesh foi descoberta em uma escavação arqueológica realizada em Nínive, em 1849.
Estava escrita em tabuinhas de argila que datam do ano 2100 a.C. e faziam parte da biblioteca do rei
Assurbanipal, rei do Império Assírio no século VII a.C. Neste século, a biblioteca foi incendiada por invasores e
a história de Gilgamesh se perdeu. Gilgameshera rei de Uruk, uma cidade suméria surgida por volta de 3.500
a.C. Gilgamesh reinou em 2650 a.C.

a. Coloque essas informações em uma linha de tempo em ordem cronológica.

b. Por quanto tempo a Epopeia de Gilgamesh ficou desaparecida?

c. A Epopeia de Gilgamesh é a história mais antiga do mundo. Quanto tempo ela tem?

12. Que civilizações surgiram na região onde ficava Uruk?

13. A Epopeia de Gilgamesh foi escrita em tabletes de argila.

a. Que escrita foi usada? Quem a inventou e quando?

b. Os registros mesopotâmicos feitos na argila e na pedra têm mais de 5500 anos. Os registros atuais
feitos em papel e em meio digital têm a mesma durabilidade e resistência? O que isso nos faz pensar
sobre o registro da história do tempo presente?
Respostas

1.Epopeia é um extenso poema que narra as ações, os feitos memoráveis de um herói histórico ou lendário que
representa uma coletividade.

Professor: Destaque as características da Epopeia de Gilgamesh que a tornam, de fato, uma epopeia: o personagem
Gilgamesh, suas aventuras e feitos (reais, fictícios, lendários) e a relação histórica com Uruk.

2.Era rei de Uruk.

Professor: Mostre no mapa onde ficava Uruk, contextualize a cidade na Antiguidade (3.500 a.C., Mesopotâmia,
sumérios). Relacione o espaço ocupado pelos sumérios com o Iraque atual (quanto tempo os distanciam?).

3.Gilgamesh tinha o corpo perfeito, era bonito e corajoso. Era dois terços divino e um terço humano. Era sábio,
conhecia todas as coisas, viu os mistérios e conheceu as coisas secretas. Construiu as muralhas de Uruk e o templo
Eanna dedicado aos deuses Anu e Ishtar.

Professor: Relacione os dotes extraordinários de Gilgamesh (parte divino e parte humano) com os heróis dos
desenhos, filmes e jogos digitais destacando semelhanças e diferenças. O que as pessoas esperam de um herói?
Destaque a antiguidade do personagem – mais de quatro mil anos! Que outros heróis foram criados pela História?

4. A arrogância de Gilgamesh. Ele toma as pessoas para si.

Professor: Certifique-se que os alunos sabem o que é arrogância. Peça para pesquisarem no dicionário. O tema
permite refletir sobre a natureza do poder: o governante pode tudo? A monarquia autocrática, geralmente teocrática,
é comum em muitas sociedades antigas do Oriente Próximo (a ideia de democracia ainda levaria dois mil anos para
aparecer), contudo, ela não significa tirania, daí entender o clamor por justiça, em estabelecer limites ao poder do rei
e pôr fim à opressão.

5. O povo implora aos deuses que acabem com os abusos de Gilgamesh. Os deuses pedem à deusa Aruru para criar
um homem com força igual a de Gilgamesh para enfrentar o rei.

Professor: O rei é semidivino e só outra criatura especial poderá enfrentá-lo. Esse modelo de “justiça” repete-se nos
desenhos, filmes e jogos digitais de super-heróis: os combates sempre são entre os iguais em força e poderes.

Se for conveniente, pode-se fazer uma analogia com o relato bíblico da criação do homem. Pode-se imaginar Deus
como uma mulher, já que Deus não tem sexo? Por que o barro é a matéria prima da criação? Relacione com a
paisagem da Mesopotâmia, a terra entre rios, sujeita a inundações.

6.Enkidu era selvagem, rústico, tinha o corpo coberto de pelos emaranhados, cabelos compridos, nada conhecia do
cultivo da terra, vivia como os animais.

Professor: Destaque a dicotomia vida selvagem x vida urbana. A “civilização” é representada por tudo aquilo que é
obra humana: a cidade (Uruk) com seus palácios, templos, portas e muralhas, pelo cuidado com o corpo e com a
aparência, pela refeição elaborada (pão e vinho), pelos modos (sentar-se à mesa) e pela música (harpa e canto).

7. A sacerdotisa do templo de Ishtar seduz Enkidu e muda sua aparência e seus modos. Ela cortou cabelo dele, raspou
seus pelos, deu-lhe pão e vinho, vestiu-o, fez-se sentar à mesa, ensinou-lhe a tocar harpa e a cantar.

Professor: O tema ainda é o mesmo da questão anterior: a polaridade vida natural (primitiva) x vida “civilizada”, sendo
esta considerada como superior. Contextualize o tema: o surgimento das primeiras cidades não eliminou a vida
nômade e seminômade de caçadores, coletores e criadores. A coexistência desses diferentes modos de vida durou
milênios. A coexistência nem sempre era pacífica: em períodos de escassez, as cidades com seus armazéns e estoques
de alimentos eram alvo de ataques e saques dos nômades e seminômades. Além disso, estes povos não se sujeitavam
às leis e ao poder do mundo urbano. Daí entender a permanente tensão entre povos urbanos e povos da
floresta/deserto.Pode-se estender a reflexão discutindo o uso desses termos nos dias de hoje. Os índios são
selvagens?

Outra reflexão que se pode fazer é sobre a vida em sociedade. O meio social tem regras e normas de convívio que
dizem respeito ao vestuário, aos cuidados com a higiene e limpeza, aos modos e hábitos no dia a dia para a boa
convivência entre as pessoas. E se todos fossemos Enkidu?

8. Resposta livre. Considere a coerência e a argumentação

Professor: O poema não deixa claro e, a maioria dos estudiosos concorda que nenhum dos dois venceu. Talvez a ideia
seja exatamente esta: uma luta sem vencedor e vencido. Enkidu é o reflexo de Gilgamesh: eles são iguais na força
física, mas diferentes nos modos e propósitos. É importante destacar que o confronto violento entre Gilgamesh e
Enkidu termina com o reconhecimento da força e poder um do outro, e daí o respeito mútuo. Oportunidade de
refletir com a turma sobre a inutilidade das brigas de impulso, para medir forças.

9. Ambos reconheceram que um não era melhor (mais forte) do que o outro, que ambos tinham a mesma força.

Professor: Destaque que ambos se reconheceram como iguais, mas não idênticos. Há diferenças entre ele. Enkidu tem
outro caráter, outra origem e isso o torna diferente de Gilgamesh. A amizade fraterna que nasce entre eles é forte
justamente porque eles respeitam a diferença do outro, e essas diferenças complementam o que falta em cada um.

É possível que os alunos insinuem uma relação homossexual entre Gilgamesh e Enkidu e isso pode ser oportunidade
para refletir sobre homofobia: considerar uma relação homoafetiva a amizade entre dois homens ou entre duas
mulheres é, também, uma forma de homofobia.

10.A religião mesopotâmica é politeísta como mostra a epopeia de Gilgamesh onde são mencionados os deuses:
Shamash, deus Sol; Adad, o deus da tempestade; Ishtar, a deusa do amor e da guerra; Anu, o deus do firmamento, pai
dos deuse (o templo Eanna era consagrado a Anu e Ishtar); Aruru, a deusa da criação; Ninurta, deus da guerra;
Nusaba, a deusa do trigo,Samuqan, rei do gado, e Enlil, deus da terra, do vento e do ar.

Professor: Destaque que, cada aspecto da vida humana e da natureza tem uma divindade regente. Os deuses
interferem nas ações humanas desde que invocados. Gilgamesh recebeu seus dotes dos deuses e, inclusive, seu poder
real (“Enlil te deu a coroa” diz Enkidu a Gilgamesh). Note que Enkidu, mesmo sendo uma figura selvagem, também é
uma criação divina e, como tal, é uma criatura excepcional.

11. a)
3500 a.C. 2650 a.C. 2100 a.C. VII a.C. 1849
Fundação Reinado Epopeia Biblioteca Descoberta
de Uruk de deGilgame de daBiblioteca
Gilgamesh sh Assurbanipal de
Assurbanipal

b) Ela ficou desaparecida por mais de 2400 anos (de 612 a.C., incêndio da biblioteca, até 1849)
c) Mais de 4100 anos se considerarmos a datação das tabuinhas encontradas na Biblioteca de Assurbanipal. Mas a
epopeia pode ser ainda mais antiga, uns 4500 anos, se considerarmos o reinado de Gilgamesh.

12.Sumérios, acádios, babilônicos e assírios.

Professor: Volte ao mapa apresentado na questão 2, localize Uruk e aprofunde a explicação sobre a Mesopotâmia,
uma região que se estendia por cerca de 140 km2entre os rios Tigre e Eufrates. Mais importante do que listar todas as
civilizações que surgiram ali é destacar a região como uma encruzilhada de povos e trocas de culturas, técnicas e
conhecimentos. Havia contatos com o Egito, Creta, Palestina, Fenícia e até com a distante Harappa e Mohenjo-Daro
no vale do Indo. Use a Epopeia de Gilgamesh como referência dessas trocas culturais: a história é suméria, foi escrita
pelos acádios e preservada pelo Império Assírio.
13. a)Os tabletes foram escritos em cuneiforme, uma escrita criada pelos sumérios por volta de 3.500 a.C.
b)Resposta livre. Considere a coerência e os argumentos utilizados.
Professor: Oportunidade para refletir sobre a importância dos documentos, a complexidade da conservação
dos diferentes suportes (papel, filme, fitas de áudio etc.) , cuidados com a segurança dos arquivos etc.

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