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RESUMO
Este artigo tem por objetivo investigar o papel da imagem e sua relação com a história
humana, buscando compreender como ocorre essa relação. Inicialmente se discorre
sobre o homem pré-histórico e sua produção, numa tentativa de demonstrar o quão
antiga é essa relação. Apresenta a visão de alguns filósofos sobre a imagem e sua
construção, assim como o conceito de mímesis. Cita a conexão entre o
desenvolvimento da linguagem escrita e da imagem, assim como a significação de Jung
sobre imagem simbólica, passando para as definições sobre a construção,
compreensão e interpretação de imagem de autores como: Ribon, Knauss, Rocha,
Paiva, Laplantine, Trindade, Aumont, Argan e Flusser, essa construção se deu por meio
de revisão bibliográfica e ao final apresenta-se considerações sobre o caminho traçado
por esse estudo e a relação entre imagem e o real.
ABSTRACT
This paper aims to investigate the role of the image and its relation to the history of
humanity, trying to understand as this regard. First, speak to the man in the pre-history
and its production, in an attempt to show just how old that is. This is shown in the view of
the philosophers about the image and its construction, as well as the concept of
mimesis. It is mentioned as a link between the development of language and image, as
well as the setting of the Jung on the symbolic picture, rising to the definitions of the
construct, the understanding and interpretation of the image by the authors like: Ribon,
Knauss, Rocha, Paiva, Laplantine, Trindade, Aumont, Argan e Flusser, this was the
middle of a review of the literature, and in the end it presents some considerations on
the path laid out by this study, and the relationship between image and reality.
A imagem pode ser percebida como um traço distinto do ser humano, desde a
pré-história ele vem reproduzindo desenhos da natureza, a sua e a observada, se
utilizando dos recursos disponíveis, criando e desenvolvendo novos recursos. Carvão,
tons quentes amarelos claros e marrons rubros produzidos a partir de óxidos de ferro
vermelhos e amarelos misturados com gorduras, e usava-se como ferramentas pincéis
feitos com junco, espinhos e até os próprios dedos. Pictogrifos foram encontrados em
todos os continentes, demonstrando essa necessidade humana de se expressar, deixar
as suas impressões e se comunicar com o mundo que o cerca, representações de
animais, figuras geométricas, pontos, mãos espalmadas, figuras envoltas em universo
de rituais e significados.
Segundo Fortes (2018, p. 7):
O homem inicia sua trajetória artística ora imitando a natureza para tentar se
aproximar dela, ora procurando dominá-la, produzindo objetos que pretendem
ser mais perfeitos do que ela. Ao mesmo tempo em que retrata o mundo com
suas produções imagéticas, o homem também interfere no mundo, alterando
sua visualidade. As primeiras imagens produzidas por humanos são pinturas
rupestres que inauguram uma discussão se seu caráter seria simbólico e ritual
ou se seu objetivo seria a pura representação fidedigna do mundo, afirmando a
presença do homem que as produziu e servindo como comunicação entre seus
semelhantes.
Diversos autores concordam com a afirmação que a produção da época, não era
feita com o intuito puramente de arte, havia um propósito em cada construção. Para os
primitivos “não há diferença entre edificar e fazer imagens, no que se refere a sua
utilidade. Suas cabanas existem para abrigá-los da chuva, sol e vento, e para os
espíritos que geram tais eventos; as imagens são feitas para protegê-los contra outros
poderes.” (GOMBRICH, 2000, p. 15). Essa produção foi desenvolvida em locais
diferentes do mundo e elas se diferenciam entre si, pelo tema escolhido, material
utilizado, superfície usada como base e pode ser encontrada ao ar livre ou em parede
de cavernas. E essas imagens já demonstravam certo grau de sofisticação e os temas
escolhidos, geralmente, são cenas do dia a dia, como exemplificado na Figura 1:
Figura 1 – Pintura Rupestre
É uma atividade que combina saber e fazer e que corresponde a uma forma de
pensar e de transmitir conhecimento, segundo Aristóteles, que funde
habilidades práticas e técnicas que adquirimos através da experiência, e
faculdades ou habilidades teóricas com as quais reconhecemos as coisas, as
definimos e distinguimos.
Outros fatores colaboraram para essa parceria, como o fato da leitura ter sido de
domínio estrito por muitos séculos, e que a escrita não foi capaz de alcançar todas as
formas de expressão realizada pelo homem. “As crianças enxergam e reconhecem
antes de falar” (KNAUSS, 2003, p. 99). É inegável o potencial comunicativo que a
imagem tem, ela é capaz de atingir todas as camadas sociais, idades e fases de
desenvolvimento.
Segundo Rocha (2006, p. 1):
Além desses fatores, há outros como: todas as percepções físicas humanas são
transpostas da esfera da realidade para a mente, fazendo com que toda experiência
contenha um número infinito de fatores desconhecidos, e que toda realidade concreta
apresenta alguns aspectos que ignoramos, fora os acontecimentos que não tomamos
consciência, tornando a análise das imagens uma atividade muito mais complexa.
É preciso se levar em conta minúcias, potencialidades, tempo em que foi
produzido, entre outros aspectos, ao se analisar imagens, para que está possa ser
usada como fonte de pesquisa, uma vez que imagens são ressignificadas, e esse
cuidado com o tratamento é necessário já que, segundo Paiva (2006, p. 55) “elas
adquirem novos significados a cada nova leitura, a cada nova época, e por isso elas
também oferecem novas respostas às novas indagações que são colocadas”. Percebe-
se que a imagem é recebida e interpretada, não apenas pelo que ela é, mas também,
pelo que o observador é, e a ideia seria então a própria abstração do mundo.
Kandinsky explica que toda forma tem um conteúdo intrínseco próprio; não um
conteúdo objetivo ou de conhecimento (como aquele que permite conhecer e
representar o espaço através de formas geométricas), e sim um conteúdo-força,
uma capacidade de agir como estímulo psicológico. Um triângulo suscita
movimentos espirituais diferentes dos de um círculo: o primeiro dá a sensação
de algo que tende para o alto, o segundo de algo concluído. Qualquer que seja
a origem disso, que poderíamos chamar de o conteúdo semântico das formas,
o artista se serve delas como das teclas de um piano; ao tocá-las, põe em
vibração a alma humana. (1995, p. 318).
Para ele é a imaginação que produz e decifra imagens, e seu significado está na
superfície, podendo ser identificado com um golpe de vista, mas para aprofundar o
entendimento era preciso vaguear pela superfície da imagem, escaneando sua
estrutura, e isso, não se ateria somente a imagem, mas também a impulsos no íntimo
do observador. “O significado decifrado por este método será, pois, resultado de síntese
entre duas “intencionalidades”: a do emissor e a do receptor. [...] Imagens oferecem aos
seus receptores um espaço interpretativo: símbolos “conotativos” (FLUSSER, 1985,
p.7).
Os questionamentos feitos sobre a imagem e seu papel na história humana
perduram, assim como a produção de imagens, revelando traços do caráter
questionador e criador do homem, bem como a sua necessidade de estabelecer
comunicação, se apropriar e entender o mundo que o cerca.
3 CONCLUSÃO
ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. São Paulo: Cia das Letras, 1995.
ARNHEIM, Rudolf. Arte e Percepção Visual - uma psicologia da visão criadora. São
Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.
CURADO. Adriano. Arte Rupestre: O que é, quando, onde e por quem foi feita?
Conhecimento Científico. Disponível em < https://conhecimentocientifico.r7.com/arte-
rupestre-o-que-e-quando-onde-e-por-quem-foi-feita/> (Acessado em 09 de novembro
de 2019, as 14h19min).
FLUSSER, Vilém. Filosofia da Caixa Preta – ensaios para uma futura filosofia da
fotografia. São Paulo: Editora Hucitec, 1985.
GOMBRICH, Ernst Hans. A História da Arte. 1º ed. Rio de Janeiro: Editora LTC, 2000.
JUNG, Carl G. et al. O Homem e Seus Símbolos. 6º edição. Rio de Janeiro: Editora
Nova Fronteira, 1987.
KNAUSS, Paulo. O Desafio de Fazer História com Imagens: arte cultura visual.
ArtCultura. Uberlândia, v. 8, n.12, p. 97-115, jan-jun 2006.
LAPLANTINE, F & TRINDADE, L. O que é Imaginário? São Paulo: Editora Brasiliense,
2000.
PAIVA, Eduardo França. História & Imagem. 2º ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.