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ESCOLA SUPERIOR DE HOTELARIA E TURISMO DO ESTORIL

MESTRADO EM TURISMO E COMUNICAÇÃO

ANO LETIVO 2019/2020

TIPOLOGIA TURÍSTICA:

UMA RECENSÃO CRÍTICA

ANÁLISE ESTRUTURAL DO TURISMO

BÁRBARA MATEUS

Nº11508
INTRODUÇÃO

A indústria do turismo, um fenómeno crescente nos dias que correm, vê o seu trabalho
pendente de diversas variáveis. Aquela em que a presente recensão se irá focar prende-se com
a tipologia turística. Este assunto irá ser abordado com base na análise de três artigos
científicos de autores distintos e com preocupações primárias igualmente diferentes. O
primeiro, Works of Art: Aesthetic Ambitions in Design Hotels, dos autores Strannegård e
Strannegård, tem o seu enfoque principal nas preocupações estéticas dos responsáveis pelos
design hotels, ou aqueles que são muitas vezes designados por boutique hotels, bem como nos
aspetos que distinguem este género de alojamento de todos os outros. Em segundo vem o
artigo Community-based tourism: The Romeiros Way in São Miguel Island in Azores/Portugal,
da autoria do Prof. Vítor Ambrósio, cujo argumento está relacionado com a criação de um
produto turístico através de uma peregrinação tradicional de uma ilha açoriana. Por último,
estará em escrutínio o artigo de Fan et al, Tourist typology in social contact: An addition to
existing theories, de natureza mais científica e descritiva e no qual é feita uma classificação
detalhada dos tipos de turistas. O facto de três trabalhos de investigação de índoles diversas
serem passíveis de uma análise à luz de uma temática comum demonstra a transversalidade e
a importância da tipologia do turista dentro da análise turística. O presente ensaio, que
encontra a sua base na análise comparativa dos três artigos previamente mencionados, verá a
sua divisão baseada no último: a divisão será feita de acordo com as classes de turistas
definidas nesse mesmo trabalho e, a partir das mesmas, veremos de que modo este tipo de
turista poderá ou não ser envolvido nas atividades turísticas referidas nos restantes dois.

1. TIPOS DE TURISTAS

O estudo da tipologia do turista revela-se de extrema importância para o planeamento do


turismo e na análise turística. Isto porque facilitará a gestão que o operador turístico fará do
destino de acordo com as caraterísticas do turista, ajudando na tomada de decisões, no
desenvolvimento do produto e na divulgação do mesmo. Apesar de concentrar a análise que
se segue no artigo publicado por Fan et al., este tipo de pesquisa já havia sido feito por
diversos estudiosos da área do turismo. De entre estes, destaca-se o trabalho de Cohen, em
1972, e a divisão dos diferentes turistas em quatro categorias: os organized mass tourists, os
individual mass tourists, os explorers e os drifters. Anos mais tarde, em 1979, viria o autor a
complementar a sua classificação com cinco novos tipos: o recreational tourist, o diversionary
tourist, o experiential tourist, o experimental tourist e o existential tourist. Já o segundo nome
mais sonante nesta segmentação turística, Stanley Plog, revela numa conferência em 1972,
que foi posteriormente publicada, em 1974, e atualizada em 2001, a classificação que ele
próprio propõe. Esta classificação difere da primeira no sentido em que é baseada em traços
psicográficos dos turistas, relacionando-os diretamente com as suas atitudes e o seu consumo
turístico. A divisão é feita em dois pólos: os allocentric tourists, que Plog denomina também
por venturers, e os psychocentric tourists, ou dependables. O autor não anula a existência de
outros tipos de turistas, uma vez que a classificação que propõe assemelha-se a um espetro,
com dois polos, e que permite variações ao longo do mesmo. Por último, mas não menos
importante, na publicação de 1989 de Valene Smith, Hosts and Guests, é apresentada a sua
proposta de classificação. A divisão feita por esta autora é distribuída por sete categorias
diferentes: os explorers, os elite tourists, os off beat tourists, os unusual tourists, os incipient
mass tourists, os mass tourists e, finalmente, os charter tourists. Já a divisão apresentada por
Fan et al., composta pelas cinco tipologias abaixo apresentadas, será aquela que guiará a
análise dos artigos de Ambrósio (2019) e Strannegard e Strannegard (2012), ainda que partilhe
algumas semelhanças com as três teorias supracitadas. Esta classificação foi feita com base no
contacto turista-local, e na maneira e intenção com que essa interação ocorre.

1.1. DEPENDENTS

A denominação escolhida para este tipo de turista prende-se com a dependência destes face a
alguém que os acompanhe nas viagens, quer sejam familiares, amigos ou apenas outros
turistas. São caraterizados por serem turistas pouco experientes e, portanto, depositam todo o
trabalho de planeamento da viagem no operador turístico. Durante a viagem, são o tipo de
turista que se encerra na sua própria bolha, limitando o contacto com a comunidade local quer
por restrições a nível da linguagem quer por falta de vontade.

1.2. CONSERVATIVES

O contacto que este turista mantém com a comunidade local restringe-se a necessidades
extremas, como um pedido de informação ou ajuda na resolução de um problema. Um fator
que interfere na qualidade e quantidade de comunicação com os locais é a duração da estadia.
Quanto mais tempo passarem num local, mais à vontade estarão para o contacto social. Outra
variável influenciadora é o estigma que estes detêm derivado de determinados estereótipos. O
facto de o grupo ser maior ou menor, ou de a mediação ser feita pelo operador pode ser
também determinante para a interação turista-local. Também as experiências deste tipo de
turistas são limitadas.

1.3. CRITICIZERS

Os turistas caraterísticos desta tipologia apresentam-se mais interativos com a comunidade


local, procurando o contacto não só no sentido de obter informações, mas para saber mais
sobre o destino e compreender melhor a comunidade local. Veem também menos fatores,
quer sejam eles políticos, sociais ou de outras índoles, a interferir com esta comunicação. Os
contactos baseiam-se não só em conteúdos pragmáticos, mas também em aspetos culturais
próprios da localidade e em partilhas de conhecimentos. Ainda assim, os criticizer tourists
distanciam-se um pouco das comunidades locais, uma vez que viajam esporadicamente e
facilmente se afastam caso o cenário com que se deparam ultrapasse a sua compreensão. A
sua atitude apresenta, portanto, uma certa dualidade. Distinguem-se dos dois tipos de turistas
previamente mencionados uma vez que a sua experiência se revela mais enriquecedora,
consequência da análise que fazem do destino através da sua própria lente cultural.

1.4. EXPLORERS

Os explorers são facilmente comparáveis aos critizers e a sua atitude aproxima-se bastante da
dos últimos. O fator distintivo é a qualidade e quantidade de contacto que estabelecem com
os locais. Este contacto, mais intenso, é estabelecido intencionalmente, com o propósito de
saber mais não só sobre a cultura local, mas também sobre o quotidiano e as atividades das
quais estes dependem. Há outros fatores que são determinantes para estes turistas, que já
apresentam uma maior experiência em viagens. Estes fatores prendem-se com a duração da
estadia, as caraterísticas da comunidade local e o alojamento. Procuram uma experiência o
mais autêntica possível, buscando atividades vistas como tradicionalmente não turísticas, mais
entusiasmantes e que, certamente, irão impactar a ideia que estes tinham do destino e
enriquecer o contacto intercultural.

Este tipo de turista assemelha-se bastante àquele que os design/boutique hotels, de que tanto
se fala no texto de Strannegard e Strannegard (2012), procuram captar como clientes. Estes
hotéis caraterizam-se pela atmosfera única que neles é criada por profissionais na área,
destacando-se de todos os outros e, principalmente, das grandes cadeias hoteleiras. Através
do slogan da Holiday Inn, “the best surprise is no surprise”, os autores enfatizam que, num
design hotel, o cliente deve ter o fator surpresa imbuído na sua estadia (Stannegard &
Stannegard, 2012). Este cliente não será o turista habitual, mas aquele que os autores definem
como lifestyle traveller e que encaixa, na tipologia de Fan et al. (2017), no patamar dos
explorers. Esta correspondência deve-se ao facto de estes turistas serem experientes e
viajarem sozinhos, mantendo a sua individualidade, exceto no que toca à procura de
experiências e de eventos que os faça sentir integrados na comunidade local. É exatamente
neste aspeto que os boutique hotels se destacam, ao oferecerem serviços tão exclusivos e uma
experiência sensorial que comunique com os explorers e que vá de encontro às suas exigências,
compatíveis com a autenticidade das experiências, mas ainda assim mais sofisticadas e avant-
garde. De forma semelhante ao trabalho de Fan et al. (2017), é falado no artigo de 2012 de
Stannegard e Stannegard acerca da comunicação e das interações. No entanto, no último, a
comunicação que é referida é aquela que se estabelece entre o turista e o alojamento. Este
género de hotel procura incorporar nas suas imediações um discurso transnacional, de modo a
que o turista possa sentir-se um local, onde quer que esteja (“Be a local, wherever you are”).
Esta transformação de turista para local é feita com a ajuda do staff, que deve fornecer aos
hóspedes todas as informações, desde atividades, a eventos ou até mesmo experiências
gastronómicas, para que este se possa integrar na comunidade de acolhimento da maneira
mais natural possível.

Passíveis de se integrarem nesta mesma categoria seriam os turistas que ingressassem na


Romaria de S. Miguel, nos Açores. Ainda assim, este turista enquadra-se melhor, na minha
opinião, dentro da categoria seguinte, os belonging seekers.

1.5. BELONGING SEEKERS

O belonging seeker distancia-se de todos os restantes, dado ser aquele que interage com a
comunidade local com propósitos sociais. A comunicação entre as duas partes é efetuada de
maneira natural, sem constrangimentos culturais. É assim que procuram fazer amizades entre
os locais e os anfitriões que os recebem, participando ativamente no dia-a-dia destes e
mantendo uma ligação mais profunda. Esta ligação é estabelecida igualmente face à localidade.

Tendo em conta todas estas caraterísticas, é bastante evidente a ligação entre o tipo de turista
descrito imediatamente acima e os Romeiros de S. Miguel e a atividade que praticam durante
a sua peregrinação. É também da opinião de Ambrósio (2019) que é este o tipo de turista que
melhor se enquadra na atividade turística que descreve, a par dos explorers. O fator distintivo
entre estes dois últimos tipos de turistas, e o que me leva a crer que os belonging seekers são
os que melhor se enquadrariam nesta atividade turística, é a vontade do turista em fruir da
experiência como um verdadeiro local. Tendo em conta que esta fruição passa pela vontade de
conhecer e ficar alojado em casa de membros da comunidade local e de procurar neles
verdadeiras amizades, a Romaria de S. Miguel apresenta-se como uma forte atividade turística
para estes viajantes. Na verdade, qualquer atividade turística relacionada com o turismo
comunitário seria do interesse deste tipo de turista.

CONCLUSÃO

Através desta análise crítica, e com base nas diversas classificações apresentadas por autores
também eles diferentes, podemos inferir que a tipologia turística representa uma ferramenta
valiosa para a construção dos produtos turísticos, permitindo que este planeamento seja
realizado de acordo com o perfil do turista que o procurará. Os três textos apresentados na
introdução apresentam, então, este denominador comum: a tipologia turística. Se por um lado
temos, em Fan et al. (2017), um texto estritamente descritivo e pragmático, temos, pelo outro,
dois textos que apresentam ao leitor dois nichos de mercado, sendo eles os design hotels e o
turismo comunitário, e o perfil do turista que os procura. Assim, torna-se clarividente a
conexão passível de ser estabelecida entre os documentos, ressalvando a transversalidade da
atividade turística.
BIBLIOGRAFIA

Ambrósio, Vitor (2019). Community-based tourism: The Romeiros Way in São Miguel Island in
Azores/Portugal. In Peter Wiltshier and Alan Clarke (editors), Community Based Tourism in the
Developing World. Oxfordshire: Taylor and Francis, 152-165.

Bernardo, Edgar (2013). Abordagens Teóricas ao Turismo. CIES e-Working Paper, 172/2013.
Lisboa: CIES-IUL.

Fan, D., Zhang,H., Jenkins,C. & Tavitiyaman, P. (2017). Tourist typology in social contact: An
addition to existing theories. Tourism Management, 60, pp. 357-366.

Milán, Oliver Cruz (2017). Plog’s Model of Typologies of Tourists. The SAGE International
Encyclopedia of Travel and Tourism. Thousand Oaks: SAGE Publications, pp. 954-956.

Strannegard, L. & Strannegard, M. (2012). Works of Art: Aesthetic Ambitions in Design Hotels.
Annals of Tourism Research, 39(4), pp. 1995-2012.

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