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• Introdução;
• Fundamentos de Química Orgânica;
• Funções Orgânicas.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Dar base sobre o conhecimento técnico a respeito de química orgânica e as aplicações
desses elementos para os contextos em bioquímica.
UNIDADE Bioquímica Básica
Introdução
A Bioquímica é o ramo da química que se preocupa com as transformações
moleculares dos constituintes celulares. O conjunto dessas transformações é
denominado de “Metabolismo”. Dependendo da organização estrutural atingida pe-
las moléculas, o metabolismo pode ser dirigido no sentido de síntese (anabolismo)
ou de degradação (catabolismo). Durante o metabolismo degradativo, moléculas
estruturalmente complexas são demolidas em entidades mais simples, ao passo
que a fase anabólica se caracteriza pela formação de estruturas moleculares mais
complicadas a partir dessas entidades mais simples. O anabolismo e o catabolismo
ocorrem concomitantemente numa célula viva. (GALLO; BASSO, 2012)
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Figura 1 – Algumas características da matéria viva.
(a) A complexidade microscópica e a organização são visíveis nesse corte colorido
artificialmente de tecido muscular de vertebrado, produzido pelo microscópio eletrônico.
(b) Um falcão da pradaria capta nutrientes consumindo uma ave menor.
(c) A reprodução biológica ocorre com uma fidelidade quase perfeita
Fonte: Nelson & Cox, 2014
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UNIDADE Bioquímica Básica
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A grande maioria dos organismos vivos é dependente de elementos que formam
moléculas baseadas em ligações covalentes. Estas ligações ocorrem quando os áto-
mos envolvidos compartilham um ou mais pares de elétrons.
H O
CH2OH
H C OH C O
HO C H HO C H
H C OH H C OH
H C OH H C OH
CH2OH CH2OH
Glicose Frutose
Figura 3 – Estruturas químicas da glicose e frutose
OH OH
H H OH
H H H H
O OH
Testosterona Estrogênio
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UNIDADE Bioquímica Básica
Funções Orgânicas
Os compostos orgânicos podem ser divididos em grupos, de acordo com um
conjunto de propriedades químicas.
Álcoois
Os álcoois são compostos orgânicos caracterizados pelo grupo hidroxila (OH)
ligado a um carbono saturado (que realiza somente ligações simples) de uma cadeia
carbônica. O grupo funcional dos álcoois costuma ser representado por R? OH, em
que “R” representa um grupo alquila (Figura 5).
OH
OH OH
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H H R”
R C O H R C O H R C O H
H R’ R’
Álcool Álcool Álcool
primário secundário terciário
Figura 6 – Álcoois primário, secundário e terciário
Fenóis
Fenóis são uma classe de compostos orgânicos OH
que possuem a hidroxila diretamente ligada a um
anel aromático (Figura 7). O fenol (hidroxibenzeno,
ácido fênico) foi o primeiro antisséptico usado em
hospitais para evitar a proliferação de microrganis-
mos. Seu uso hoje, como antisséptico, é proibido
Figura 7 – Grupo funcional dos fenóis
porque é muito corrosivo e causa queimaduras sé-
rias. Os metil-fenóis são comumente conhecidos como cresóis e a mistura dos isô-
meros orto, meta e para são muito utilizados como desinfetantes (Figura 8).
OH OH OH OH
CREOLINA
Figura 8 – Fenóis e cresóis
Os fenóis são bem mais ácidos que os álcoois porque o sal resultante (fenolato
ou fenóxido) é estabilizado por ressonância.
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UNIDADE Bioquímica Básica
Os fenóis não reagem como base – pelo mesmo motivo que explica a sua acidez:
como os pares de elétrons do oxigênio (um de cada vez) estão deslocalizados pelo
anel aromático – muito semelhante ao que já vimos para o fenolato (Figura 8) –
não estão disponíveis para se ligar ao hidrogênio, pois perderiam essa capacidade
de deslocalização. Essa diferença de caráter básico é evidenciada em uma reação
clássica para a formação de ésteres: a esterificação de Fischer. A esterificação de
Fischer é uma reação que ocorre entre alcoóis e ácidos carboxílicos para formar
um éster (Figura 9).
esterificação
Ácido + Álcool hidrólise
Éster + Água
O O
esterificação
R C + HO R’
hidrólise
R C + H2O
OH O R’
Figura 9 – Esterificação de Fischer
Os fenóis não formam ésteres aromáticos por reação com ácidos carboxílicos.
Para se obter, por exemplo, o ácido acetil salicílico (AAS), que é um éster de fenol,
usamos anidrido acético. Com o ácido acético, a reação não ocorre.
O−H O O O
H2SO4
+ O
COOH O COOH
ÁCIDO SALICILICO ANIDRIDO ACÉTICO AAS
Figura 10 – Formação do AAS
Ésteres
É um grupo de moléculas orgânicas cujas estruturas são caracterizadas pela
presença de um átomo de oxigênio ligado a dois (e entre estes) de carbono da ca-
deia. Podem ser formados pela desidratação intermolecular de álcoois. Ou seja, são
compostos orgânicos derivados teoricamente dos álcoois pela substituição do H do
grupo –OH por um radical derivado de hidrocarboneto.
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Os éteres são compostos incolores, de cheiro agradável e pouco solúvel em água,
em condições ambientes podem se apresentar na fase sólida, líquida ou gasosa.
Os de massa molecular mais elevada estão no estado sólido, os que apresentam
dois e três carbonos na molécula são gasosos e os seguintes são líquidos que são
extremamente voláteis.
O
O
O
H O
Butanoato de etila
Flavorizante para abacaxi Formiato de isobutila
Flavorizante para framboesa
O
O
O
O
Acetato de benzila
Odor de gardênia Acetato de octila
Flavorizante de laranja
Figura 11 – Exemplos de ésteres usados como flavorizantes
O éter etílico (éter comum) pertence à classe de éteres, é um líquido incolor muito
volátil (ferve a 35° C), produz frio intenso ao evaporar em contato com a pele e seus
vapores são três vezes mais pesados que o ar.
Aldeídos e cetonas
Têm funções orgânicas muito parecidas. Ambos possuem em sua estrutura o
grupo funcional carbonila (C = O), com a única diferença de que, no caso dos al-
deídos, ela sempre aparece na extremidade da cadeia carbônica, ou seja, um dos
ligantes do carbono da carbonila é o hidrogênio; já as cetonas possuem a carbonila
entre dois outros átomos de carbono (Figura 12).
C−C−H C−C−C
Figura 12 – Grupos funcionais aldeído e cetonas
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UNIDADE Bioquímica Básica
Por essa razão, ocorrem casos de isomeria de função entre aldeídos e cetonas.
Por exemplo, a seguir apresentamos dois isômeros funcionais que possuem a mesma
fórmula molecular (C3H6O), mas um é um aldeído (propanal) e o outro é uma cetona
(propanona) (Figura 13). Isso muda totalmente as propriedades e aplicações deles.
OH H H H
H−C−C−C H−C−C−C−H
H H H H O H
propanal propanona
H3C H
5 4 3 2 1
O
O O H3C − C − C − C − C
C−C
H2 H CH2 H
H H
CH3
Etanodial 3-metil-2-etil-pentanal
O O 3 2 1
O
H− C H3C − C H2C − CH − C
H H H
Metanal Etanal 2-propenal
Figura 14 – Exemplos de compostos aldeídos
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Em relação à nomenclatura das cetonas, acrescenta-se ao nome do hidrocarbo-
neto correspondente o sufixo “ona”, indicador da função cetona. Quando houver
acima de três carbonos na cadeia, deve-se indicar a posição do grupo carbonila por
números. Na nomenclatura usual das cetonas, dá-se o nome dos radicais presos à
carbonila e, em seguida, coloca-se a palavra “cetona” (Figura 15).
O H2 O
CH3 − C − CH3 H3C − C − C − CH3
Propanona 2-butanona
(dimetilcetano) (metilcetona)
(acetona)
H H H2 O
6 5 4 3 2 1
H3C − C − C − C − C − CH3
H3C CH3
4,5-dimetil-2-hexanona
Figura 15 – Exemplos de cetonas
Aminas
As aminas são compostos orgânicos nitrogenados derivados teoricamente da
amônia (NH3), pela substituição de um, dois ou três hidrogênios por grupos alquila
ou arila.
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UNIDADE Bioquímica Básica
As aminas estão muito presentes no nosso cotidiano. Estão presentes nos ami-
noácidos que formam as proteínas dos seres vivos (Figura 16).
R − CH − COOH R − CH − CO − NH − CH − CO ···
NH2 NH2 R’
CH3 CH2 − CH2 − CH2 − CH2 CH2 − CH2 − CH2 − CH2 − CH2
CH3 − N − CH3 NH2 NH2 NH2 NH2
Na indústria, são utilizadas como corantes em alguns sabões e diversas sínteses or-
gânicas. O corante mais conhecido é a anilina. É um óleo incolor com odor aromático.
Ácidos carboxílicos
São compostos que possuem o grupamento carboxila (carbonila + hidroxila)
na extremidade da cadeia (Figura 17). Em geral, são mais fracos que os ácidos
inorgânicos e mais fortes que outros compostos orgânicos. São os compostos que
dão origem aos ácidos graxos (ácidos com mais de 10 carbonos) e lipídios e são os
responsáveis pelo suor característico de cada ser humano.
O
Grupo Funcional −C ou simplesmente − COOH −
OH
Figura 17 – Grupo funcional do ácido carboxílico
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O H O
Ácido C−C Ácido
H−C metanoico etanodioíco
OH HO OH
O O
H3C − C Ácido H3C − CH − CH2 − C Ácido
etanoico OH 3-metil-butanoico
OH CH3
O
O H3C − CH − CH − CH2 − C Ácido
H3C − CH2 − C Ácido
propanoico OH 3,4-dimetil-pentanoico
OH CH3
Outro ácido que pode ser encontrado em algumas frutas é o ácido ascórbico.
É conhecido como vitamina C. Podemos encontrar este ácido nas frutas cítricas,
como a laranja, tangerina, limão, acerola, kiwi, ameixa e tomate.
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Bioquímica de Proteínas
• Proteínas.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Apresentar aos alunos as bases de conhecimento técnico a respeito das características das
estruturas proteicas, seus elementos formadores e constituição em alimentos.
UNIDADE Bioquímica de Proteínas
Proteínas
Conceito
Os seres vivos são constituídos por macromoléculas responsáveis pela maioria
das funções vitais. Uma delas é a proteína, nome derivado do grego “protos”, que
significa a “mais importante” ou “a primeira” (NELSON & COX, 2014).
Aminoácidos
Os aminoácidos são formados por um grupo amino e o radical R ligados ao pri-
meiro átomo de carbono, em relação ao grupo ácido carboxílico. Essa estrutura é
comum a todos os tipos de α-aminoácidos, exceto a prolina. O grupo R, ou cadeia
lateral (roxo), ligado ao carbono α (cinza) é diferente em cada aminoácido (Figura 1).
Um mesmo aminoácido pode aparecer várias vezes na mesma molécula. Parte des-
tes é essencial (precisam ser obtidos da alimentação), a partir dos quais o organismo
pode sintetizar todos os demais (aminoácidos naturais).
Segundo Nelson e Cox (2014), esta grande variabilidade proporciona arranjos in-
contáveis entre as cadeias peptídicas em sua estrutura tridimensional, bem como na
função da proteína, uma vez que os diferentes aminoácidos possuem diferentes pro-
priedades químicas, que, em conjunto, serão responsáveis pela função da proteína.
Vinte aminoácidos diferentes são comumente encontrados em proteínas (Figura 2).
COO−
H3N
+
C H
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Figura 2 – Fórmulas estruturais de 20 aminoácidos encontrados em proteínas
Fonte: Marchini et. al, 2016
A anemia falciforme é uma doença caracterizada pela forma em foice dos eri-
trócitos do paciente, resultante da substituição do glutamato, um aminoácido com
grupo R polar, pelo aminoácido valina, com grupo R apolar, na posição da subuni-
dade β da hemoglobina.
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UNIDADE Bioquímica de Proteínas
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Para cada aminoácido, existe determinado valor de pH em que a forma dipolar
predomina e as quantidades das formas catiônicas e aniônicas são iguais. Esse pH
é chamado de ponto isoelétrico (pI) e representa a média aritmética dos valores
de pKα1 (correspondentes ao grupo –COOH) e pKα2 (correspondentes ao grupo
a-NH3+) (Tabela 1).
Tabela 1 – Valores de pKα e ponto isoelétrico para os 20 aminoácidos comumente encontrados em proteínas
pKα1 pKα2 pKα3
Aminoácidos pI
(α-COOH) (α-ΝH3+) (Grupo R)
Glicina 2,3 9,6 6,0
Alanina 2,3 9,7 6,0
Valina 2,3 9,6 6,0
Leucina 2,4 9,6 6,0
Isoleucina 2,4 9,7 6,1
Fenilalanina 1,8 9,1 5,5
Asparagina 2,0 8,8 5,4
Glutamina 2,2 9,1 5,7
Triptofano 2,4 9,4 5,9
Prolina 2,0 10,6 6,3
Serina 2,2 9,2 5,7
Treonina 2,6 10,4 6,5
Tirosina 2,2 9,1 10,1 5,7
Cisteína 1,7 10,8 8,3 5,0
Metionina 2,3 9,2 5,8
Ácido aspártico* 2,1 9,8 3,9 3,0
Ácido glutâmico* 2,2 9,7 4,3 3,2
Lisina** 2,2 9,0 10,5 9,8
Arginina** 2,2 9,0 12,5 10,8
Histidina** 1,8 9,2 6,0 7,6
*Aminoácido ácido. ** Aminoácido básico.
Fonte: Marchini et. al, 2016
Estes íons dipolares são também chamados de zwitterions, possuem caráter áci-
do e básico ao mesmo tempo, predominam no ponto isoelétrico (pHi) (Figura 5).
A forma catiônica predominará em pH abaixo do pHi, enquanto que a forma ani-
ônica predominará em pH acima do pHi, uma vez que abaixo ou acima do pHi
haverá deficiência ou excesso de H+ na solução respectivamente, o que varia a carga
elétrica, pois o grupamento COO- receberá H+ e o NH3+ doará seu H+ (Figura 6).
O valor do pHi varia de acordo com o aminoácido e corresponde a um valor que ser-
ve como identificador classificador dos aminoácidos de acordo com a variação do pH.
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UNIDADE Bioquímica de Proteínas
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Em sistemas biológicos, a existência de soluções tamponamento são fundamen-
tais para manter o metabolismo em equilíbrio. Muitas moléculas são extremamente
sensíveis às variações de pH, sofrendo mudanças significativas quando se está mui-
to acima ou abaixo de seu pH ótimo. Fluidos como o sangue e o citoplasma têm
um pH definido, geralmente em torno de 7,4, e permanecem constantes graças à
presença de diversas substâncias tamponantes dissolvidas. Macromoléculas como
as proteínas podem desnaturar, perdendo sua função quando os valores de pH se
alteram drasticamente, provocando um desequilíbrio ao metabolismo.
Ligação Peptídica
Nas moléculas proteicas, os aminoácidos se ligam covalentemente formando lon-
gas cadeias não ramificadas, através de ligações peptídicas envolvendo o radical ami-
no (NH2) de um aminoácido e o radical ácido carboxílico (-COOH) de um outro, ha-
vendo a liberação de uma molécula de água durante a reação, segundo Motta (2011)
e como podemos observar na Figura 8.
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UNIDADE Bioquímica de Proteínas
Estrutura Primária
A estrutura primária de uma proteína é dada pela sequência de aminoácidos e li-
gações peptídicas do esqueleto covalente da molécula. Este é o nível estrutural mais
simples e mais importante, pois dele deriva todo o arranjo espacial da molécula.
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Figura 10 – Hemácias normais e falciformes
Fonte: Adaptado de Zago, 2001
Estrutura Secundária
Refere-se ao arranjo espacial dos radicais de aminoácidos que estão perto uns
dos outros na sequência linear. Algumas dessas relações estéricas são de um tipo
regular, dando origem a uma estrutura periódica. A alfa-hélice e a fita beta são
elementos da estrutura secundária.
Estrutura Terciária
Corresponde às relações da cadeia polipeptídica no sentido de estabilizar a con-
formação tridimensional. Os arranjos espaciais de aminoácidos estão bem longe
na sequência linear. As proteínas que contêm mais de uma cadeia polipeptídica
exibem mais de um nível de organização estrutural. Cada cadeia polipeptídica em
tal proteína é chamada de uma subunidade.
Estrutura Quaternária
É o arranjo espacial entre cadeias peptídicas das proteínas oligoméricas, definido
por interações não covalentes entre as cadeias peptídicas e outros compostos de
origem não proteica que, frequentemente, fazem parte da proteína. A estrutura
quaternária, portanto, diz respeito ao arranjo não covalente formado por várias ca-
deias polipeptídicas. Por exemplo, na hemoglobina (constituída de quatro cadeias),
as interfaces das subunidades participam da transmissão de informação entre os
centros de ligação para O2, CO2 e H+ (Figura 11). A hemoglobina é a principal
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UNIDADE Bioquímica de Proteínas
Proteínas Globulares
As proteínas globulares apresentam uma ou mais cadeias polipeptídicas. Com
forma final esférica e compacta. São bastante solúveis em água e possuem funções
diversificadas. As proteínas globulares incluem: enzimas, proteínas de transporte,
alguns hormônios peptídicos e imunoglobulinas. Exemplos: hemoglobina e mioglo-
bina (Figura 12).
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Figura 12 – Arranjo de proteínas globulares
Fonte: Nelson & Cox, 2011
Proteínas Fibrosas
As proteínas fibrosas apresentam uma ou mais cadeias polipeptídicas. Com for-
mato cilíndrico, apresentam baixa solubilidade em água e possuem funções estru-
turais. Exemplos: colágeno e queratina.
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UNIDADE Bioquímica de Proteínas
Desnaturação Proteica
É o processo pelo qual as proteínas apresentam modificações físicas em sua
conformação tridimensional e em sua função fisiológica (Figura 14). Desta forma, a perda
da configuração espacial modifica completamente sua função, podendo até significar
a destruição da proteína. Isso ocorre quando a proteína é exposta a pH extremo ou
temperaturas elevadas, mesmo por períodos curtos. Outros agentes desnaturantes são:
solvente orgânico, agitação mecânica, ácidos ou bases fortes, detergentes ou íons e
metais pesados.
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Enzimas
A maioria das reações do organismo é mediada por enzimas, as quais são prote-
ínas catalisadoras que aumentam a velocidade das reações sem sofrerem alteração
durante o processo. As enzimas são substâncias sólidas, mas difíceis de serem cris-
talizadas devido à complexidade de suas estruturas químicas.
E + S ↔ [ES] ↔ E + P
Onde:
• E = Enzima;
• S = Substrato;
• P = Produto;
• ES = Complexo enzima substrato.
Produtos
Centro
activo
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UNIDADE Bioquímica de Proteínas
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Enzimas e Alimentos
As reações enzimáticas são muito importantes nos alimentos, dependendo delas
não só a formação de compostos altamente desejáveis, como também podem ter
consequências indesejáveis.
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UNIDADE Bioquímica de Proteínas
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Bioquímica de Lipídios
• Introdução;
• Ácidos Graxos;
• Triacilgliceróis;
• Fosfolipídios.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Dar base sobre o conhecimento técnico a respeito das características dos lipídios,
suas funções no organismo e composição de alimentos.
UNIDADE Bioquímica de Lipídios
Introdução
Os lipídios constituem, juntamente com os carboidratos e proteínas, outra
classe de substâncias consideradas como alimento.
Classificação
Segundo Murray e colaboradores (2012), os lipídios podem ser classificados prin-
cipalmente como simples, complexos, os precursores e derivados.
b. Ceras:
São ésteres de ácidos graxos com álcoois mono-hidroxílicos.
a. Fosfolipídios:
São lipídios que contêm, além de ácidos graxos e um álcool, um resíduo de
ácido fosfórico. Frequentemente, têm bases nitrogenadas e outros substituin-
tes, por exemplo, nos glicerofosfolipídios, o álcool é o glicerol, e nos esfingo-
fosfolipídios, o álcool é a esfingosina.
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b. Glicolipídios (glicoesfigolipídios):
São lipídios que contêm um ácido graxo, esfingosina e carboidrato.
De acordo com sua formação, podem ser classificados como demonstrado abaixo
(Figura 1):
Fosfolipídeos Glicolipídeos
AG AG
Glicerol
Glicerol
Esfingosina
Esfingosina
AG AG AG AG
Mono ou
AG PO4 álcool PO4 colina oligossacarídio
Ácidos Graxos
São ácidos carboxílicos que apresentam um radical R de natureza graxa ou apolar:
R-COOH, onde R deve se apresentar com mais de 4 átomos de carbono em estágio
reduzido. De um modo geral, aumentando-se o número de átomos de carbono na
molécula, aumenta-se o ponto de fusão do ácido graxo (até 8 átomos de carbono os
ácidos carboxílicos são líquidos; com 1 e 2 átomos de C, são voláteis).
São classificados em ácidos graxos saturados, estes contêm apenas ligações sim-
ples entre os átomos da cadeia carbônica, e ácidos graxos insaturados que contêm
algumas ligações duplas entre os átomos de carbono.
A nomenclatura pode ser dada de acordo com a posição de C1, na qual este é
o mais distante do grupo carboxila (Tabela 1).
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UNIDADE Bioquímica de Lipídios
Uma dieta rica em óleos vegetais é aconselhável às pessoas com distúrbios cardio-
vasculares, possuidoras de elevados teores de colesterol no sangue. Tais problemas
são manifestados pela arteriosclerose (endurecimento das artérias) e/ou aterosclero-
se (diminuição da luz arterial).
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Triacilgliceróis
São triésteres de glicerol com ácidos graxos; diferindo-se pela posição dos três
resíduos de ácidos graxos.
Triglicerídeos
o
CH2 - o o
CH - o o Saturada
CH2 - o
CH2 - o o
CH - o o
Poli-insaturada
CH2 - o
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UNIDADE Bioquímica de Lipídios
Fosfolipídios
Os fosfolipídios são ésteres derivados dos ácidos fosfatídicos, que são compostos
contendo glicerol, dois ácidos graxos e um grupo fosfato, e podem ser divididos
em duas categorias: fosfoglicerídeos e fosfoesfingosídeos, dependendo de o álcool
ser glicerol ou esfingosina, respectivamente. São componentes das membranas
biológicas. Constituídos por uma mistura de ésteres de ácidos graxos, ácido fosfóri-
co e álcool. Apresentam moléculas anfifílicas constituídas pelo grupo fosfato que é
polar e uma cauda constituída pelas cadeias de ácidos graxos apolar ou hidrofóbi-
ca. As cabeças polares podem ser um aglomerado de etanolamina, uma serina ou
inositol. Estrutura de um fosfolipídio (Figura 3).
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Nos glicerosfosfolipídios e alguns esfingolipídios, um grupo-cabeça polar está
ligado á porção hidrofóbica por uma ligação fosfodiéster; esses são os fosfolipídios.
Outros esfingolipídios não têm fosfato, mas podem ter um açúcar simples ou um
oligossacarídeo complexo nas suas extremidades polares; esses são os glicolipídios.
Liposoma Liposoma
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UNIDADE Bioquímica de Lipídios
Estudos sugerem que a lecitina pode também reduzir o risco de doença cardiovas-
cular pela diminuição de gorduras poli-insaturadas, inibindo a absorção de coleste-
rol, aumentando a excreção de colesterol e/ou ácidos biliares e favorecendo o perfil
das lipoproteínas (POLICHETTI et al., 2000).
Esfingomielina
O grupo álcool primário da ceramida é esterificado ao grupo fosfórico da fosfo-
colina ou fosfoetanolamina. A esfingomielina é encontrada na maioria das mem-
branas plasmáticas das células animais. Como o nome sugere, a esfingomielina
é encontrada em grande quantidade na bainha de mielina que reveste e isola os
axônios em alguns neurônios. As suas propriedades isolantes facilitam a rápida
transmissão dos impulsos nervosos.
Glicoesfingolipídios
As ceramidas são também precursoras dos glicoesfingolipídios (ou glicolipí-
dios). Nesses compostos, os monossacarídeos, dissacarídeos e os oligossacaríde-
os estão ligados por ligação O−glicosídica. Os glicoesfingolipídios não possuem
grupos fosfato e são não iônicos. As classes mais importantes dos gliceroesfin-
golipídios são os cerebrosídeos, os sulfatídeos e os gangliosídeos.
Glicerolipídios
São derivados do glicerol que contém fosfato na sua estrutura. O glicerofosfo-
lipídio mais simples é o ácido fosfatídico, composto por uma molécula de glicerol
esterificada a dois ácidos graxos nos carbonos 1 e 2, e a ácido fosfórico no car-
bono 3. O fosfatidato, além de ser encontrado como um componente menor de
membranas celulares, atua como intermediário da síntese de triacilgliceróis e dos
outros glicerofosfolipídios.
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Glicolipídios
São macromoléculas amplamente distribuídas nos seres vivos, sendo comu-
mente encontrados na parte externa das membranas celulares, tais como a
membrana citoplasmática, mitocondrial, do retículo endotelial e dos cloroplastos
(MENDES, et al., 2006).
Isoprenoides
Os isoprenoides são um vasto grupo de biomoléculas que contém unidades
estruturais repetidas de cinco carbonos conhecidas como unidades de isoprenos.
Estes são sintetizados a partir do isopentenil pirofosfato formado do acetil−CoA.
Terpenos
Os terpenos são classificados de acordo com o número de resíduos de isopre-
no que contêm (Figura 5).
CH3
CH2 C CH CH2
Figura 5 – Isopreno
Fonte: Adaptado Horton, 2008
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UNIDADE Bioquímica de Lipídios
Esteroides
São complexos derivados dos triterpenos encontrados em células eucarió-
ticas e em algumas bactérias. Cada esteroide é composto de quatro anéis não
planares fusionados, três com seis carbonos, e um com cinco. Distinguem-se os
esteroides pela localização de ligações duplas carbono-carbono e vários substi-
tuintes (exemplo, grupos hidroxil, carbonil e alquila) (MOTTA, 2011).
Eles atuam, nos organismos, como hormônios e são secretados pelas gônadas e
córtex adrenal. Exemplos de esteroides: hormônios sexuais, os corticosteroides (pro-
duzidos pela glândula suprarrenal), o colesterol, sais biliares e vitamina D.
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O colesterol é uma substância complexa que apresenta inúmeras funções no
organismo, porém, ocorrendo problemas no seu metabolismo, pode acarretar
aumento em sua concentração no sangue e, consequentemente, doenças coro-
narianas como arteriosclerose, além de causar hipertensão arterial, problemas
de diabete mellitus e formação de cálculos biliares. Segundo Ludke & Lopez
(1999), os fatores de risco mais importantes são: sexo masculino, idade avança-
da, hipertensão, fumo, diabetes, baixa atividade física, alto consumo de gordura
e colesterol e, principalmente, o histórico familiar (genética). Este último fator é
considerado o principal, devido aos fatores de risco nas pessoas com tendência
à hipercolesterolemia serem mais proeminentes, obrigando esses indivíduos a se-
rem cautelosos na sua alimentação. Por isso, o uso de alimentos com altos níveis
de colesterol tem sido condenado pela maioria dos médicos.
Figura 7 – Lipoproteínas
Fonte: Adapatado de ulvireha.fidanci.org
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UNIDADE Bioquímica de Lipídios
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Fígado
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Bioquímica de Carboidratos
• Introdução;
• Estereoisometria Ótica;
• Classificação;
• Bioenergética e Metabolismo;
• Carboidratos importantes.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Dar base sobre o conhecimento técnico a respeito das características dos carboidra-
tos, suas funções no organismo e fontes nutricionais.
UNIDADE Bioquímica de Carboidratos
Introdução
Quimicamente, podem ser definidos como poliidroxialdeídos ou poliidroxicetonas,
ou substâncias que, mediante hidrólise, liberem tais compostos (Figura 1). D-glicose e
a D-frutose são exemplos de isômeros de função, pois apresentam a mesma fórmula
molecular e diferentes grupos funcionais (grupos aldeído e cetona, respectivamente).
CH2OH CH2OH
O O
HO H H OH
H OH HO H
H OH HO H
CH2OH CH2OH
D-Fructose L-Fructose
Figura 1 – Representação das estruturas químicas da D-glicose e D-frutose,
respectivamente, uma Aldose (poliidroxialdeído) e uma Cetose (poliidroxicetona)
Fonte: Marzzoco & Torres (2015)
Apresentam uma formulação geral (CH2O)n, com raras exceções. Assim, a deso-
xirribose (encontrada no DNA) apresenta fórmula C5H10O4, onde a relação H: O não
é de 2:1. Igualmente, podemos encontrar carboidratos com outros elementos além
do C, H e O. Embora não muito frequente, N, S e P podem integrar moléculas
de carboidratos.
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Isto acontece muito no exercício prolongado e de resistência. Consequen-
temente, há uma redução temporária nas “reservas” corporais de proteína
muscular. Em condições extremas, pode causar uma redução significativa no
tecido magro (perda de massa muscular).
• Proteção contra Corpos Cetônicos: se a quantidade de carboidratos é insufi-
ciente devido a uma dieta inadequada ou pelo excesso de exercícios, o corpo mo-
biliza mais gorduras, que também atuam na produção de energia para o consumo
(do mesmo modo como faz com as proteínas). Isso pode resultar no acúmulo de
substâncias ácidas (corpos cetônicos), prejudiciais ao organismo.
• Combustível para o Sistema Nervoso Central: carboidratos são os com-
bustíveis do sistema nervoso central, sendo essenciais para o funciona-
mento do cérebro, cuja única fonte energética é a glicose. Primariamente,
o combustível, glicose, vai para o cérebro, medula nervos periféricos e
células vermelhas do sangue. Assim, uma ingestão insuficiente pode trazer
prejuízos não só ao sistema nervoso central, mas ao organismo em geral
(PINHEIRO; PORTO; MENEZES, 2005).
Estereoisometria Ótica
É um fenômeno muito difundido entre os carboidratos, e vem a ser decorrência
do composto apresentar um ou mais átomos de carbono assimétrico na molécula.
Átomo de carbono assimétrico é aquele que se liga a 4 radicais diferentes, e resulta,
geralmente, que os compostos que os apresentam se mostram oticamente ativos, ou
seja, desviam o plano da luz polarizada. Se o desvio for para a direita, o composto
é dito de “dextrorrotatório” (+) e se para a esquerda “levorrotatório” (-). Como refe-
rência, utilizando o gliceraldeido que apresenta 2 isômeros óticos (Figura 2).
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UNIDADE Bioquímica de Carboidratos
Estrutura Cíclica
Apesar de apresentarmos as moléculas com cadeia aberta, a maior parte dos
monossacarídeos em solução aquosa apresenta-se com cadeia cíclica (em forma de
anel). Acontece uma reação entre o grupo carbonila e um grupo OH da própria
molécula, formando compostos de hemiacetais, quando têm a função aldeído e
hemicetais, quando têm a função cetona.
OH OR3
HO R3
R1 C O + OR2 + H2O
HO R2 HO C OR2 R1 C
H
H HO R3 H
Aldeído Álcool Hemiacetal Acetal
OH HO R4 OR4
O
R1 C + HO R2 R1 C OR3 R1 C OR3 + H2O
R2
R2 HO R4 R2
Cetona Álcool Hemicetal Cetal
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Figura 4 – Formação do hemiacetal, do hemicetal e a representação dos isômeros α e β
Fonte: Adaptado de Pinheiro M. D., Porto, K. R. de A., Menezes M. E. S., 2005
Classificação
Os carboidratos podem ser divididos em três classes principais, de acordo com o
número de ligações glicosídicas: monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos.
Monossacarídeos
São os mais simples dos açúcares, não sofrem hidrólise; possuem baixo peso
molecular e são solúveis em água. Apresentam sabor doce, são cristalinos quando
no estado sólido. São todos considerados “açúcares redutores”.
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UNIDADE Bioquímica de Carboidratos
Base
NH2
Fosfatos
N C
C N
O O O
HC
-
O O O O C CH
P P N
P CH2 N
O
O- O- O-
C H H C
C C Açúcar
H H
OH H
Nucleosídeo
Nucleotídeo
Figura 5 – Estrutura de nucleotídeos e nucleosídeos
Fonte: Adaptado de Schrank, 2001
Cada ácido nucleico contém quatro tipos de bases nitrogenadas. As purinas, adeni-
na e guanina estão presentes tanto no DNA quanto no RNA. Contudo, no DNA, as
pirimidinas são citosina e timina; no RNA, a uracila é encontrada no lugar da timina.
O RNA apresenta como função primordial a síntese de proteínas (LEWIN, 2009).
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HOCH2 O OH HOCH2 O OH
H H H H
H H H H
OH OH OH H
Ribose Desoxirribose
Figura 6 – Fórmulas estruturais da ribose e desoxirribose
Fonte: Adaptado de Lewin, 2009
Glicose e frutose são os principais açúcares de muitas frutas, como uva, maçã,
laranja, pêssego, entre outras. A presença da glicose e da frutose possibilita, devido à
fermentação, a produção de bebidas como o vinho e as sidras, cujo processo é anae-
róbio e envolve a ação de microrganismos. Nesse processo, os monossacarídeos são
convertidos, principalmente, em etanol e dióxido de carbono com liberação de energia.
Oligossacarídeos
Os oligossacarídeos são formados por cadeias curtas de monossacarídeos, por
meio de ligações glicosídicas. Essas ligações são formadas por duas hidroxilas, pre-
sentes nas moléculas de monossacarídeos, apresentando a exclusão de uma mo-
lécula de água (Figura 8). As ligações glicosídicas são hidrolisadas facilmente pelo
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UNIDADE Bioquímica de Carboidratos
aquecimento com ácido diluído. Tal ligação ocorre pela condensação entre o grupo
hidroxila de um monossacarídeo com o carbono anomérico 1 de outro monossa-
carídeo. A extremidade na qual se localiza o carbono anomérico é a extremidade
redutora. Quando o carbono anomérico de ambos os monossacarídeos reage para
formar a ligação glicosídica, o açúcar não é mais redutor. Ou seja, o açúcar redutor
é aquele que apresenta um grupo aldeído ou um grupo cetônico livre. A ligação
hemiacetal, responsável pela estrutura cíclica de alguns açucares, não compromete
o caráter redutor. Os açúcares redutores são assim chamados por poderem reduzir
o íon Cu++ em meio alcalino. Esse é o caso da sacarose (uma molécula de glicose e
outra de frutose).
A lactose (uma molécula de galactose e outra de glicose) comporta-se, dife-
rentemente da sacarose, como açúcar redutor, pois o carbono anomérico en-
contra-se disponível.
Polissacarídeos
São os carboidratos complexos, macromoléculas formadas por milhares de uni-
dades monossacarídicas ligadas entre si por ligações glicosídicas, unidas em longas
cadeias lineares ou ramificadas.
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O amido é a principal reserva energética dos organismos vegetais, constituído
de amilose e amilopectina (Figura 9). A amilose é constituída de glicose manti-
da pela ligação α-1,4 glicosídica, apresentando peso molecular entre 4.000 e
150.000. A amilopectina é formada de glicose mantida por ligações α-1,4 e
α-1,6 com peso molecular de até 500.000.
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UNIDADE Bioquímica de Carboidratos
MCC tem sido amplamente utilizada como um aditivo para fármacos, alimentos,
cosméticos e uso industrial em geral. Porém, recentemente sua aplicação como fi-
bra dietética tem chamado atenção na área da indústria alimentícia. A MCC possui
uma série de propriedades únicas, como um insolúvel aquoso, partícula em forma
de haste, o que tem explicado sua ampla aplicabilidade, especialmente no campo
dos alimentos.
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Age como controlador de viscosidade, agente de geleificação, modificador de
textura, estabilizador de suspensão, desengordurante, inibidor na formação de cris-
tais de gelo, estabilizador de formas, absorvente de água, agente não adesivo,
emulsificador (Aditivos e alimentos, 2018).
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UNIDADE Bioquímica de Carboidratos
Bioenergética e Metabolismo
Os organismos vivos podem ser divididos em dois grupos de acordo com a forma
química pela qual obtêm carbono do meio ambiente. Os autotróficos (como bactérias
fotossintéticas, algas verdes e plantas vasculares) podem usar o dióxido de carbono da
atmosfera como sua única fonte de carbono, a partir da qual formam todas as suas
biomoléculas constituídas de carbono. Alguns organismos autotróficos, como as cia-
nobactérias, também podem utilizar nitrogênio atmosférico para gerar todos os seus
componentes nitrogenados. Já os heterotróficos (animais e microrganismos) não con-
seguem utilizar o dióxido de carbono atmosférico e devem obter carbono a partir do
ambiente na forma de moléculas orgânicas relativamente complexas, como a glicose.
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O metabolismo divide-se classicamente em catabolismo, processo pelo qual se
obtém energia e poder redutor a partir de macromoléculas como proteínas, triacil-
gliceróis. As vias catabólicas liberam energia, e parte dessa energia é conservada
na forma de adenosinatrifosfato (ATP) e de transportadores de elétrons reduzidos
(NADH, NADPH e FADH2); o restante é perdido como calor. E o anabolismo, pro-
cesso pelo qual a ocorre produção de novos componentes celulares, em processos
que geralmente utilizam a energia e o poder redutor a partir de moléculas menores
como aminoácidos. As reações anabólicas necessitam de fornecimento de energia,
geralmente na forma de potencial de transferência do grupo fosforil do ATP e do
poder redutor de NADH, NADPH e FADH2 (Figura 13).
Figura 13 – A relação energética entre as vias catabólicas e anabólicas. As vias catabólicas liberam
energia química na forma de ATP, NADH,NADPH e FADH2. Esses transportadores de energia são
usados em vias anabólicas para converter precursores pequenos em macromoléculas celulares
Fonte: Nelson & Cox, 2014
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UNIDADE Bioquímica de Carboidratos
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Explor
Passos e Etapas da Glicólise
Para cada molécula de glicose que passa pela fase preparatória (a), duas moléculas de gli-
ceraldeído-3-fosfato são formadas; as duas passam pela fase de pagamento (b). O piruvato
é o produto final da segunda fase da glicólise. Para cada molécula de glicose, dois ATP são
consumidos na fase preparatória e quatro ATP são produzidos na fase de pagamento, dando
um rendimento líquido de dois ATP por molécula de glicose convertida em piruvato. Acesse
no link a seguir: http://bit.ly/2KvGXyf
A glicoquinase é uma enzima específica que usa como substrato a glicose e atua
somente no fígado ou pâncreas, já a hexoquinase pode atuar sobre a glicose, fru-
tose ou manose somente no músculo. Todas as enzimas da via glicolítica, ∆G das
reações e gasto ou produção de energia estão na Tabela 2. É importante salientar
que NADH+ H+ citosólico, produzido na via glicolítica, dependendo do órgão, pode
ser transportado para mitocôndria no processo aeróbico através de duas formas: en-
trando como o próprio NADH ou como FAH2. Se transportado para a mitocôndria
em forma de NADH+ H+, conta-se como 2,5 ATPs. Se for transportado para a mi-
tocôndria na forma de FADH2, conta-se somente 1,5 ATPs, como veremos adiante.
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UNIDADE Bioquímica de Carboidratos
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armazenada) é produzido. As ubiquinonas e os citocromos são os componentes da
cadeia de transporte de elétrons envolvidos neste último processo. A conversão de
oxigênio à água é o passo final deste processo que é totalmente dependente de O2.
Oxidação e
Biossíntese de Oxidação de
Aminoácidos Ácidos graxos
^ Biossíntese de
Ácidos graxos
Biossíntese do
Colesterol
Ácido aspártico
Fenilalanina
Tirosina
Ciclo de
Krebs
Biossíntese da
Porfirina
Valina
Isoleucina
Metionina C
Oxidação
de Ácidos
graxos
Oxidação e
Biossíntese de
Aminoácidos
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UNIDADE Bioquímica de Carboidratos
Intermembranas
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A fosforilação oxidativa é a culminação do metabolismo produtor de energia em
organismos aeróbios. Todos os passos oxidativos na degradação de carboidratos,
gorduras e aminoácidos convergem para esse estágio final da respiração celular,
onde a energia da oxidação governa a síntese de ATP.
Figura 17 – O mecanismo quimiosmótico para a síntese de ATP. Em mitocôndrias, os elétrons se movem por uma
cadeia de transportadores ligados a membranas (a cadeia respiratória) espontaneamente, governados pelo alto
potencial de redução do oxigênio e pelos potenciais de redução relativamente baixos dos diversos substratos
reduzidos (combustível), que sofrem oxidação na mitocôndria
Fonte: Nelson & Cox, 2014
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UNIDADE Bioquímica de Carboidratos
Carboidratos Importantes
A frutose é encontrada principalmente nas frutas e no mel. É o mais doce dos açú-
cares simples. Fornece energia de forma gradativa, por ser absorvida lentamente, o
que evita que a concentração de açúcar no sangue (glicemia) aumente muito depressa.
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O amido é um polissacarídeo encontrado nos vegetais, como cereais, raízes, tu-
bérculos, leguminosas e outros. Constitui a principal fonte dietética de carboidrato.
Fontes de Carboidratos
Os carboidratos não estão presentes apenas no pão, massas, cereais e arroz.
Evidentemente, esses alimentos possuem carboidratos, mas não são suas únicas
fontes. Todas as frutas e verduras contêm carboidratos, sendo também encontra-
dos em alguns produtos derivados do leite. Na verdade, todo alimento à base de
vegetais possui carboidrato. Através do processo de fotossíntese, as plantas arma-
zenam carboidratos como sua principal fonte de energia. Os vegetais são ricos em
carboidratos, que é sua forma de armazenamento de energia. Quando alimentos à
base de vegetais são ingeridos, essa energia armazenada é colocada em uso dentro
do organismo.
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