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• O que é a Igreja?
A Igreja é o Povo de Deus através da experiência de gratuidade. É o
povo eleito que vive a comunhão com o próprio Deus, com a
humanidade e com o cosmo.
Compreende-se melhor a Igreja quando se pode examinar a origem
do termo igreja, bem como a sua própria natureza.
A natureza da Igreja
Quem fundou a Igreja? Esta é uma pergunta feita pela exegese
moderna. É considerada uma problemática. Em que sentido se fala em
fundação da Igreja? Em que sentido Jesus Cristo fundou a Igreja?
Através da origem se manifesta a essência da Igreja. Pode-se
considerar que a Igreja foi pensada a partir de uma caminhada histórica.
É o mais importante projeto de comunidade desenvolvido pelos
seguidores de Jesus Cristo.
Jesus se encontrava com as pessoas e estabelecia uma relação com
elas. Depois, com a morte do Senhor há uma ruptura nessa relação, mas
é restabelecida na ressurreição. Os discípulos dão testemunho a respeito
do Senhor ressurreto (Atos 2.24,32).
A Igreja é o verdadeiro modelo da ordem de Deus neste mundo. A
comunidade petrina entendeu o verdadeiro sentido da Igreja:
Objetivos
Preparar homens e mulheres de Deus para exercerem uma liderança
pastoral nos campos missionários e assumirem funções pastorais nas
responsabilidades do ensino institucional.
Visa tanto pastores experientes como jovens em preparação ou no
início do ministério, no sentido de alcançar uma performance no
desempenho cristão.
A amplitude dessa ciência, Teologia pastoral, lida com a natureza
bíblica do que deve ser o pastor ou o obreiro como pessoa e com a
maneira pela qual ele deve ministrar na Igreja.
Segundo John MACARTHUR, JR, os três objetivos do Ministério
Pastoral são:
➢ Caráter irrepreensível
➢ Maturidade espiritual
➢ Disposição para servir com humildade
➢ Sacrifício
➢ Devoção
➢ Submissão
➢ Humildade
TRÊS
“Da multidão dos que creram, um era o coração e uma a alma”; e, “um só
corpo, um só espírito, assim como foram chamados em uma só
esperança”. “Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes
chamados numa só esperança da vossa vocação” (Ef 4.4)
Os dons espirituais são distribuídos de modo variado, mas sempre com a
finalidade de equilibrar todas as partes da Igreja. Fala-se de uma ordem
política, que não é subvertida na expressão diaconal da Igreja, e todos os
membros, embora tenham bens, devem servir à promoção da paz entre
os homens. Todos podem possuir bens, mas devem considerar sempre o
sentido verdadeiro de comunhão. Comunhão com Deus e com todos os
homens. O texto dos Atos dos Apóstolos 4.32, é a forma como uma
comunidade se estatui, com base no exemplo da Igreja Primitiva: “Da
multidão dos que creram, um era o coração e uma a alma”; e, “um só corpo,
um só espírito, assim como foram chamados em uma só esperança”. “Há
somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só
esperança da vossa vocação ” (Ef 4.4).
A Igreja de Cristo não pode existir de forma fragmentada e
desintegrada de sua própria constituição. Ela é entendida sempre na
divina Palavra, como um povo em plena comunhão. Decorre daí que, de
sua estrutura, percebe-se Deus o Pai e Cristo a cabeça de todos os
santos, configurando-se a experiência de fraternidade em amor, e a
união que produz uma qualidade incomparável de vida na terra. Na Igreja
deve se observar a reciprocidade e a partilha.
Quais são os frutos que advêm dessa comunhão? Considera-se a
certeza de que se faz parte do corpo e também a segurança que nele há,
ainda que o mundo se abale. O que garante o seu sustento? A eleição de
Deus, que não pode falhar. É o decreto firme de Deus em favor do Seu
povo. Mesmo que tudo se estanque, a Igreja caminhará segura e seus
membros não serão jamais arrancados ou despedaçados. Alguns textos
veterotestamentários se constituem a base da argumentação em
questão: “salvação haverá em seus dias” (Jl 2.32; Ob 17); “Deus habitará
eternamente no meio de Jerusalém, para que nunca seja abalada” (Sl 46.5).
É confortante para todos, no sentido de que há consolo na
comunhão dos santos, ou seja, dos eleitos. No termo comunhão há muito
de consolação. Em Cristo todos estão seguros. Todas as bênçãos foram
conferidas em todas as esferas, verificando-se que há firmeza pela
esperança. Essa certeza é justamente em função do que já foi exposto
anteriormente, que trata da experiência da fé, dom que torna estável a
vida em comunhão. A Igreja, portanto, está edificada na fé.
➢ A Igreja não pode ser despedaçada;
➢ A Igreja tem a esperança como arma que a defende na luta contra
toda a esterilidade;
➢ A Igreja está edificada na fé, por isso está segura.
O caráter do pastor
... mas, antes disso, e mais importante, os versículos 6-8 tratam de como
ele deve ser:
Moralidade sexual
A moralidade sexual é exigência na vida da pessoa cristã,
principalmente na vida do pastor, pois é ele o vocacionado por Deus para
alimentar as ovelhas. Caso alguém falhe no campo da moralidade sexual,
torna-se desqualificado para o ministério pastoral.
Uma pergunta: será que o cristianismo está perdendo a batalha pela
pureza moral? Infelizmente, hoje, temos pessoas com teologia certa, mas
vivendo de modo impuro. Mas, é preciso refletir que, se todas as batalhas
pela integridade das Escrituras fossem, afinal, vãs, se os pregadores da
igreja fossem corruptos, e as ovelhas já não seguissem seus pastores
como modelos de santidade, não haveria a necessidade de uma teologia
pastoral.
A primeira qualidade de caráter em Tito que detalha o que significa
um pastor ser irrepreensível é que ele seja “marido de uma só mulher” (Tt
1.6). O pastor deve ter a reputação de ser sexualmente puro. O pecado
sexual desqualifica qualquer homem para o pastorado.
Os aspectos negativos
Não soberbo – Significa não possuir uma arrogância cheia de amor
próprio, de ser consumido por si mesmo, de buscar o próprio caminho, a
satisfação e a gratificação a ponto de desconsiderar os outros. Assim,
ninguém que seja dominado pelo ego está apto para o ministério
pastoral.
Os aspectos positivos
1. Caráter piedoso
• É aquilo que a pessoa deve ser, pois o ponto focal de qualquer
ministério é a piedade. O ministério é, e sempre deve ser, o fluir de
uma vida piedosa. Ver o exemplo de Paulo (1 Co 9.27; 1 Tm 4.8;
6;3; 2 Tm 2.3-5).
• A abundância de conhecimento bíblico ou a destreza nas
habilidades ministeriais não são a primeira prova da veracidade de
um anelo pelo ministério pastoral. Ao contrário, as Escrituras têm
como primeira prova o caráter piedoso (1 Tm 3; Tt 1).
• A liderança espiritual é uma questão de poder espiritual superior,
e isso, jamais nasce por si. Não existe algo que possa ser chamado
de líder espiritual autodidata. Ele só é capaz de influenciar
espiritualmente os outros porque o Espírito é capaz de trabalhar
nele e por meio dele, de modo mais abrangente do que naqueles a
quem ele lidera.
• O verdadeiro líder espiritual preocupa-se infinitamente mais com
o serviço que pode prestar a Deus e aos irmãos do que como os
benefícios e prazeres que possa extrair da vida.
• Áreas do caráter piedoso: vida moral, vida familiar, maturidade e
reputação.
2. Conhecimento bíblico-histórico-teológico
• É o que a pessoa deve saber. O conhecimento bíblico é
indispensável ao processo de treinamento. Sem ele, a pessoa não
pode crescer espiritualmente e formar um caráter piedoso, nem
pode ministrar de modo eficaz e significativo.
• O conhecimento bíblico não significa decorar capítulos e versos da
Bíblia, nem conhecer profundamente a dimensão teológica, mas
conhecer e colocar em prática os princípios da Sagrada Escritura.
Conhecer a Deus é o fundamento de uma vida ministerial
abençoada.
• É imprescindível também que as áreas do conhecimento bíblico-
histórico-teológico e da linguística são importantes. As veredas do
treinamento passam pelo aprendizado e o conhecimento das
línguas originais da Bíblia: hebraico, aramaico e grego.
• Desta forma, se evitará a alternativa de interpretação da Bíblia de
modo subjetivista, de acordo com os sentimentos e com uma
concepção relativista.
3. Habilidades ministeriais
• É o que a pessoa deve ser capaz.
• A idéia de que os resultados intelectuais e o sucesso acadêmico
nas salas da faculdade são equivalentes ao preparo completo para
o ministério pastoral, é, obviamente, uma ingenuidade.
• A preparação efetiva vai além da sala de aula, incluindo
treinamento no campo, sem o qual muitos estudantes não
saberão se conseguirão nadar ou se afundarão quando entrarem
no ministério.
Ministério
Pastoral
Pregar Pastorear
com com cuidado
paixão
5. Sermão e Pastoral
4. Edificação (Deus fala com o seu povo por meio de sua Palavra)
• Oração por Iluminação
• Leitura da Palavra de Deus
• Sermão
4. Calendário Eclesiástico
Calendários cívicos comemoram obras humanas. O Calendário
Litúrgico celebra o que Deus fez em Cristo Jesus, o que continua a fazer
hoje mediante o Espírito Santo e o que promete fazer no futuro. É uma
lembrança sobre a salvação, que chegou até nós. Esse Calendário gira em
torno dos grandes atos de Deus em Jesus Cristo para a redenção do
mundo.
O cristianismo não fala da salvação em termos genéricos, mas da
salvação realizada por meio de ações específicas de Deus em tempos e
lugares definidos. Fala de eventos culminantes e de um final do tempo.
Na plenitude do tempo, Deus invade a história humana, assume nossa
carne, cura, ensina e come com pecadores.
Há um cenário histórico e especial específico para tudo isso:
“Celebrava-se em Jerusalém a festa da Dedicação. Era inverno. Jesus
passeava no templo, no pórtico de Salomão” (Jo 10.22-23). E quando sua
obra está realizada, Jesus é morto num dia específico, relacionado com a
festa da Páscoa daquele ano em particular, ressurge no terceiro dia. Tudo
isso faz parte do mesmo tempo que nós habitamos, tempo medido por
um dispositivo espacial, o calendário.
O tempo é uma linguagem de comunicação em nossa vida diária.
Trata-se de uma forma de comunicação usada com significados
consideravelmente diferentes em culturas diferentes. O cristianismo se
baseia numa percepção humana natural do tempo como transmissor de
significado ao falar fluentemente a linguagem do tempo em seu culto.
É importante observar como os cristãos administram o tempo, como
oportunidade que Deus concede para realizações, no sentido de se
experimentar a fé e a esperança no Reino de Deus em amor.
• O Ano Litúrgico
A figura que segue mostra a sequência de todo o desenvolvimento da
liturgia da Igreja de Cristo, independentemente de qualquer via
denominacional. Isso significa que existe uma ordem especial que
testifica acerca de uma obra especial de Deus revelada em Jesus Cristo,
na força e no poder do seu Santo Espírito. E, é necessário que a Igreja do
Senhor esteja atenta a essa dinâmica, pois tem por objetivo mostrar que
Deus está agindo no mundo. Deus não está parado, e age também
através de seu povo, este que possui as marcas de um testemunho fiel e
verdadeiro.
O que se verá na figura a seguir é o símbolo de testemunho a todas
as pessoas de todas as partes do mundo, sobre o que o Senhor fez, está
fazendo e fará.
O Ano Litúrgico
O Ano Cristão possui três ciclos:
O TÚMULO VAZIO
1. O TÚMULO VAZIO É A PROVA CONCRETA DO CRISTO
RESSURRETO. Maria Madalena, Pedro e João puderam
testemunhar desse fato (v.1,2). João registrou tudo para que
todos possam crer e ter a vida eterna. Celso, filósofo e
polemista romano, anticristão do fim do séc. II, desprezou a
narrativa da Ressurreição como baseada na alucinação de
uma “mulher histérica”. As mortalhas estavam sem uso, no
chão, e não se tratava da remoção do corpo, mas da
Ressurreição de Cristo Jesus.
2. A RESSURREIÇÃO É O FUNDAMENTO DA SÓLIDA VIDA DE FÉ
DA IGREJA DE CRISTO. “...O OUTRO DISCÍPULO... VIU E CREU.”
(v.8). Disse Jesus: “Quem crê em mim, ainda que morra
viverá...” (João 11). É a palavra inspirada que é de grande
valor, a qual afirma a RESSURREIÇÃO DE JESUS (v.9). A
Palavra é digna de crédito, fidedigna e íntegra. Os primeiros
cristãos CRERAM NA RESSURREIÇÃO DE CRISTO não por não
encontrarem seu corpo, mas porque acharam um Cristo vivo.
Esta, portanto, é a base da Fé Cristã.
3. A RESSURREIÇÃO DE CRISTO É A NOSSA RESSURREIÇÃO. Em
Cristo temos a imortalidade – a vida com Deus para sempre:
a vida eterna. A nossa fé não é vã, pois Cristo ressuscitou!
“Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu
aguilhão?” (1 Co 15.55). “Graças a Deus que nos dá a vitória,
por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co 15.57). CRISTO
RESSUSCITOU, ALELUIA !
Arábia
Creta
• As cores litúrgicas
As cores reforçam o sentido festivo do Domingo e enriquecem nosso
envolvimento com os grandes atos de Deus que celebramos. O esquema
tradicional das cores litúrgicas é simples:
5. Igreja e Civilidade
É interessante observar as palavras de Jesus em João 17.1-18, para se
poder exercitar uma reflexão séria sobre o tema proposto:
• “Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles
não são do mundo, como também eu não sou. Santifica-os na
verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao
mundo, também eu os enviei ao mundo.”
■ Salmo 119.1-18:
1. Bem-aventurados os irrepreensíveis no seu caminho, que
andam na lei do SENHOR.
2. Bem-aventurados os que guardam as suas prescrições e o
buscam de todo o coração;
3. não praticam iniqüidade e andam nos seus caminhos.
4. Tu ordenaste os teus mandamentos, para que os
cumpramos à risca.
5. Tomara sejam firmes os meus passos, para que eu observe
os teus preceitos.
6. Então, não terei de que me envergonhar, quando considerar
em todos os teus mandamentos.
7. Render-te-ei graças com integridade de coração, quando
tiver aprendido os teus retos juízos.
8. Cumprirei os teus decretos; não me desampares jamais.
9. De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu
caminho? Observando-o segundo a tua palavra.
10. De todo o coração te busquei; não me deixes fugir aos
teus mandamentos.
11. Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar
contra ti.
12. Bendito és tu, SENHOR; ensina-me os teus preceitos.
13. Com os lábios tenho narrado todos os juízos da tua boca.
14. Mais me regozijo com o caminho dos teus testemunhos
do que com todas as riquezas.
15. Meditarei nos teus preceitos e às tuas veredas terei
respeito.
16. Terei prazer nos teus decretos; não me esquecerei da tua
palavra.
17. Sê generoso para com o teu servo, para que eu viva e
observe a tua palavra.
18. Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as
maravilhas da tua lei.
Atualização
1. Buscam a santidade
Prioritariamente, como o fundamento do serviço cristão, os pastores
são chamados a buscar a santidade em tudo o que fazem. Seu alvo
supremo é resumido pela primeira pergunta e resposta do Breve
Catecismo de Westminster: “Qual o fim principal do homem? O fim
principal do homem é glorificar a Deus e gozá-Lo para sempre”. Com esse
grande alvo, os verdadeiros pastores guiarão suas congregações pelo
exemplo, na busca pela glória de Deus e da plena alegria nele. A partir
dessa ênfase, podemos resumir a disposição interna dos pastores nos
seguintes pontos:
2. Enfatizam a pregação
2.1. A segunda pergunta e resposta do Breve Catecismo de
Westminster diz: “Que regra Deus nos deu para nos dirigir na maneira de
o glorificar e gozar? A Palavra de Deus, que se acha nas Escrituras do
Antigo e do Novo Testamento, é a única regra para nos dirigir na maneira
de o glorificar e gozar”. Em outras palavras, os ministros cristãos, que
entendem que a glória de Deus é o tema central de suas vidas, crêem que
somente por meio das Escrituras conseguirão glorificar a Deus e se
alegrar nele para sempre. Em outras palavras, as Escrituras se tornam a
regra de fé (regula fidei) da devoção e da pregação cristã. O ministério
pastoral é o serviço à Palavra de Deus.
2.2. Por receberem com seriedade as Escrituras como a Palavra de
Deus inspirada e autoritativa, os pregadores devem priorizar a pregação
expositiva. Como disseram de Zuínglio, os servos da Palavra devem se
recusar “a cortar em pequenos pedaços o evangelho do Senhor”. A
pregação deve ser expositiva, isso é, deve expor com fidelidade a idéia
central da passagem pregada. Mas essa pregação também deve ser
sequencial, na medida em que o texto é sempre pregado em referência a
seu contexto imediato (o capítulo) e seu contexto mais amplo, que é o
livro em que a passagem se encontra e o cânon bíblico como um todo.
Por isso, os ministros cristãos devem pregar toda a Palavra de Deus,
sequencialmente, pois sabem que somente o Espírito Santo, ligado à
Palavra, pode salvar pecadores.
2.3. Ligada à ênfase na pregação expositiva sequencial, os ministros
devem ser pregadores doutrinais. Devem pregar “todo o conselho de
Deus” (At 20.27) para o povo. O pregador não deve superestimar a
condição espiritual da comunidade cristã. Ele deve sempre voltar às
doutrinas cristãs mais básicas, o “cristianismo básico” (John R. W. Stott),
ou o “cristianismo puro e simples” (C. S. Lewis): Deus o Pai, o Filho e o
Santo Espírito; criação, queda, redenção e restauração; a oração e a
devoção; a vida cristã e a lei moral; as principais narrativas e os principais
personagens bíblicos. Ano após ano, ele deve voltar às questões mais
simples da fé cristã. Mas, a partir daí, deve seguir para as doutrina do
pecado e incapacidade humana, de Jesus Cristo, a “ordem da salvação”
(ordo salutis), as últimas coisas.
Os ministros também precisam se opor ao conceito de graça barata,
porque esta não é a graça verdadeira. A graça barata não é a graça
salvadora, que é graça custosa, já que Deus entregou seu único Filho para
morrer por pecadores. E por isso, graça que exige a totalidade da vida
dos que a recebem. Os servos da Palavra não diminuem as exigências do
Evangelho ao pecador.
2.4. Os ministros da Palavra devem ser pregadores práticos, lidando
com os casos de consciência. Eles devem aplicar a Escritura àqueles que
ainda estão em seus pecados, aos que estão lutando com alguma doença
ou passando pela noite escura da alma, aos que estão em dúvidas, e
assim por diante. Como um puritano disse certa vez: “O pregador, que é
seu melhor amigo, é o que vai dizer mais verdades sobre ti mesmo”.
2.5. Os ministros da Palavra devem ser evangelistas. Culto após culto,
a audiência que se reune para ouvir a Palavra deve ser chamada, vez
após vez, a se converter de seus pecados, a buscar no Espírito a fé e o
arrependimento, obedecendo em humildade a Cristo Jesus. Essa ênfase
evangelística deve estar presente nas conversas particulares e no trato
pessoal no pastor.
2.6. A prática da pregação de Martinho Lutero, em Wittenberg, é uma
boa ilustração da centralidade da Palavra no ministério cristão. No auge
de seu ministério na Igreja do Castelo, no domingo, às 5h, ele pregava
nas Epístolas Paulinas; ainda no domingo, às 9h, pregação nos
Evangelhos Sinóticos; e no domingo à tarde, pregação no Catecismo
Menor; Nas segundas e terças, pregação no Catecismo Menor; na quarta,
pregação no Evangelho de Mateus; na quinta e na sexta, pregação nas
Epístolas Gerais; e, no sábado, pregação no Evangelho de João. Aqui
temos um bom modelo de pregação numa congregação, onde estilos
literários bíblicos diferentes são bem combinados na pregação, e unidos
com aulas catequéticas. Por isso, Lutero podia afirmar: “Eu prego
ensinando, e ensino pregando”. Em outras palavras, o ministro cristão
será um “pastor ensinador” (cf. a tradução de Markus Barth para Ef 4.11).
2.7. O que Richard Baxter escreveu sobre a pregação afirma a
solenidade e seriedade da pregação da Palavra, que é requerida de todo
ministro cristão: “Não é coisa pequena ficar em pé diante de uma
congregação e dirigir uma mensagem de salvação ou condenação, como
sendo do Deus vivo, no nome do nosso redentor. Não é coisa fácil falar
tão claro, que um ignorante nos possa entender; e tão seriamente que os
corações mais desfalecidos nos possam sentir; e tão convincentemente
que críticos contraditórios possam ser silenciados”.
3. São doutrinais
3.1. Nos voltamos agora ao conteúdo da pregação. Comecemos
resumindo a convicção do apóstolo Paulo sobre a tarefa dos “pastores
ensinadores” (cf. Ef 4.11). Segundo Paulo, Deus ordena que os ministros
encarem com seriedade a preservação e ensino das doutrinas cristãs. As
palavras do apóstolo: “Guardando o mistério da fé numa consciência
pura” (1Tm 3.9); “Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como
obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra
da verdade” (2Tm 2.15); “Retendo firme a palavra fiel, que é conforme a
doutrina, para que seja poderoso, tanto para exortar na sã doutrina
como para convencer os contradizentes” (Tt 1.9); “Tu, porém, fala o que
convém à sã doutrina” (2.1).
3.2. Por isso, precisamos considerar o devido lugar da doutrina na
estrutura bíblica. Aprendemos nas Escrituras que nosso entendimento
doutrinário guia todas as esferas de nossas vidas. Um rápido estudo das
epístolas escritas pelos apóstolos Paulo e Pedro ilustram o
relacionamento entre a doutrina cristã e a prática cristã, ou, entre aquilo
que se deve crer e como se deve viver (credenda e agenda). Por exemplo,
em Romanos, temos exposição doutrinal nos capítulos 1 a 11, e
exposição prática nos capítulos 12 a 16. Em Efésios, temos exposição
doutrinal nos capítulos 1 a 3, e exposição prática nos capítulos 4 a 6. Em
Gálatas, temos uma variante ligeiramente diferente: testemunho nos
capítulos 1 e 2; exposição doutrinal nos capítulos 3 e 4; e exposição
prática nos capítulos 5 e 6. Ainda que essa divisão não seja absoluta, já
que Paulo entremeia sua exposição doutrinal com várias aplicações
práticas, essa divisão tem sido percebida pelos principais estudiosos das
epístolas paulinas. No caso dos escritos de Pedro, só temos uma
mudança de forma, não de estrutura. Como se percebe em 1Pedro,
vemos uma exposição prática na primeira parte (por exemplo, 1Pe 1.1-12
cf. 1.13-25), seguida das razões doutrinais de tal prática. No que se refere
ao evangelho de João, como já se brincou, o tema é dado no prólogo
teológico de Jo 1.1-14 – e tudo o mais seria nota de rodapé, no sentido de
ser um desdobramento das declarações trinitárias afirmadas naquele
texto. Mais uma vez, os ministros cristãos estão comprometidos a pensar
teologicamente, já que lidarão com dramas que demandam respostas
teológicas. O evangelho de Mateus é estruturado em torno de cinco
grandes discursos de Jesus, que formam o eixo pelos quais as narrativas
são desdobradas. No Antigo Testamento, tal estrutura permanece, na
medida em que as narrativas históricas são desdobramentos e
ilustrações das bênçãos e maldições pactuais, reveladas e expandidas no
Pentateuco; as profecias são as pregações dessas bênçãos e maldições
pactuais ao povo da aliança; e os livros poéticos são aplicações concretas
e celebração das bênçãos e maldições pactuais.
3.3. O que William Perkins escreveu permanece, ainda hoje, como o
resumo do conteúdo da pregação evangélica: “Pregar a Cristo, em Cristo,
para a glória de Cristo” (The sum of the sum: preach one Christ by Christ
to the praise of Christ).
3.4. Por tudo isso, os pastores devem estudar com afinco a teologia
cristã, em interação com o passado, mas tentando entender o presente.
Eles também precisam se atualizar constantemente. E, a partir do estudo
da teologia cristã, os ministros devem construir pontes com as várias
vocações e relacionamentos representadas na igreja, testemunhando aos
fiéis a força motivadora e impulsora da teologia cristã em nossas relações
com as várias esferas da criação. O esforço nesse campo trará grandes
recompensas, não apenas à igreja onde tal ministro serve, mas
especialmente ao próprio ministro.
Aqui cabe uma palavra de alerta: ainda que a doutrina cristã seja o
conteúdo da pregação, essa é determinada pelo texto bíblico. A pregação
bíblica é exposição bíblica. As doutrinas cristãs funcionam como sinais
que guiarão a pregação cristã. O papel do pregador não é expor a
dogmática no púlpito; mas usá-la como guia na interpretação e pregação
da Palavra à comunidade cristã.
3.5. De outro lado, o alvo do esforço teológico é a glória de Deus. A
teologia cristã deve ser estudada e meditada como ato de culto. Como G.
C. Berkouwer afirmou: “Senhores, todos os grandes teólogos começam e
terminam a sua obra com uma doxologia!” Aqueles familiarizados com a
literatura cristã poderão ver esse principio exemplificado nas obras de
Irineu, Atanásio, Agostinho, Anselmo, Lutero, João Calvino, Richard
Baxter, Jonathan Edwards e Dietrich Bonhoeffer. O esforço teológico não
é um fim em si mesmo; a Deus deve ser dada a glória em tal serviço à
igreja.
3.6. Até mesmo a oração, a atitude mais básica do cristão, é guiada
por nossas crenças doutrinais. Podemos ilustrar isso com a famosa
oração de Anselmo de Canterbury, que orou assim: “Senhor, agradeço-te
por me teres criado segundo a tua imagem, para que te conheça e ame.
Mas essa imagem se acha de tal modo corrompida por pecados, que não
consegue cumprir a tarefa para a qual foi criada, a não ser que tu a
renoves e recries através da fé em teu Filho crucificado, Jesus Cristo.
Desejo apenas entender uma pequena parcela de tua verdade, que meu
coração crê e ama. Pois não procuro compreender para poder crer,
antes, creio para poder compreender”. Por tudo isso, devemos lembrar
da frase de Lutero: “Não existe cristianismo onde não há afirmações”.
Bibliografia
1. ALONSO SCHÖKEL, Luis. Salmos II: Salmos 73-150. São Paulo: Paulus,
1998.
2. BROADUS, J. A. O sermão e o seu preparo. Rio de Janeiro: Casa
Publicadora Batista, 1967.
12. RIGGS, Ralph M. O Guia do Pastor. Trad. João Marques Bentes. São
Paulo: Vida, 2003.