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Introdução

O conteúdo que segue tem por objetivo esclarecer o significado de


Teologia Pastoral, uma vez que é imprescindível ao Curso de Teologia.
Teologia Pastoral ou Poimênica, em sua profundidade, mormente ao
aperfeiçoamento do estudante de teologia, tem a pretensão de alcançar
e formar uma consciência estável naqueles que são chamados e enviados
para realizar a obra de Deus na terra.
Teologia Pastoral é todo o empreendimento que tem sua base na
revelação bíblica, que compreende em si toda a metodologia para formar
a natureza do ministério pastoral. Esse ministério é a própria liderança
que tem a missão de reger a vida eclesial.
Toda a realidade da existência eclesial não pode prescindir da
natureza do ministério pastoral, uma vez que a sua constituição tem sua
origem no chamado divino. Toda realidade divina é realidade que se
configura com expressão que se desdobra na existência de modo útil e
saudável para o cumprimento de uma obra que tem de ser executada,
pois é fruto do próprio Deus que estabeleceu uma ordem para salvar o
mundo da desordem.
O modo pelo qual se realiza esse empreendimento, com suas
características próprias, que divergem da maneira dos homens dirigem
suas propriedades particulares, é o que a Teologia Pastoral trata.

1. O termo Igreja e o conceito de Pastoral

• O que é a Igreja?
A Igreja é o Povo de Deus através da experiência de gratuidade. É o
povo eleito que vive a comunhão com o próprio Deus, com a
humanidade e com o cosmo.
Compreende-se melhor a Igreja quando se pode examinar a origem
do termo igreja, bem como a sua própria natureza.

Origem do termo igreja


A Bíblia, em tempo algum, faz uso da palavra igreja relacionada a um
prédio, denominação, ou ainda somente à influência cristã na sociedade.
O termo grego para igreja no Novo Testamento é ekklesia, é usado para
designar o novo povo de Deus. No grego secular a palavra ekklesia não
tem sentido religioso. Na LXX é considerado um termo técnico para
significar no hebraico o QAHAL YHAWE, a “Congregação do Senhor”.
Este termo, tirado da realidade do mundo, é muito significativo, pois
indica um chamamento dos cidadãos, em Cristo, de dentro do mundo,
para se reunirem diante do Senhor. As expressões EKKLESIA THEOU
(Igreja de Deus) ou EKKLESIA CHRISTOU (Igreja de Cristo), revelam o
significado da verdadeira Igreja.
EKKLESIA é constituída da raiz do verbo KALÉO (chamar). Logo, a
Igreja é mais do que uma agregação de pessoas, porém uma
congregação. É mais do que uma organização, uma denominação, é o
povo de Deus. É um povo em constante movimento, que se expressa na
existência de maneira autêntica, seu testemunho a respeito das
grandezas de Deus.
Há outra palavra no Novo Testamento, derivada da LXX que é
SYNAGOGE, que se deriva de SYN + AGO, que significa “chegarem juntos”
ou “estar reunidos juntos”. Esta palavra é exclusiva para denotar as
reuniões dos judeus no aspecto religioso (sinagoga). O povo de Deus é
aquele que está junto, e que caminha junto, numa mesma direção.

A natureza da Igreja
Quem fundou a Igreja? Esta é uma pergunta feita pela exegese
moderna. É considerada uma problemática. Em que sentido se fala em
fundação da Igreja? Em que sentido Jesus Cristo fundou a Igreja?
Através da origem se manifesta a essência da Igreja. Pode-se
considerar que a Igreja foi pensada a partir de uma caminhada histórica.
É o mais importante projeto de comunidade desenvolvido pelos
seguidores de Jesus Cristo.
Jesus se encontrava com as pessoas e estabelecia uma relação com
elas. Depois, com a morte do Senhor há uma ruptura nessa relação, mas
é restabelecida na ressurreição. Os discípulos dão testemunho a respeito
do Senhor ressurreto (Atos 2.24,32).
A Igreja é o verdadeiro modelo da ordem de Deus neste mundo. A
comunidade petrina entendeu o verdadeiro sentido da Igreja:

Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o


povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos
chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós que, em outro
tempo, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus; que não
tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia
(1 Pedro 2.9-10).

Vejamos os significados de alguns termos importantes para


compreensão da eclesiologia petrina, retirados do texto
neotestamentário:

“Geração Eleita” - significa que Deus elegeu um povo para


proclamar a Sua graça. Essa eleição foi a decisão divina numa perspectiva
eterna. Foi a experiência da gratuidade divina. Deus salva por graça e não
por méritos de alguém. Os méritos são os de Cristo Jesus, o Filho
Unigênito de Deus.

“Sacerdócio Real” - A Igreja é sacerdotal, porque Cristo é o Sumo


Sacerdote. É a tarefa do antigo Israel no Sinai, de ser uma nação
sacerdotal aos gentios (Êxodo 19.6). A Igreja é o sacerdócio instituído pelo
próprio Deus, a fim de que a humanidade tenha acesso ao Seu Reino e
possa oferecer-lhe dádivas aceitáveis. A Igreja é sacerdotal quando
aponta à humanidade o propósito de Deus em Cristo Jesus, que é o
melhor projeto de vida já elaborado.

“Nação Santa” - Santa, quer dizer “separada”. A Igreja é de Deus.


Santa, não quer dizer isolada do mundo, mas que deve viver a
articulação: Igreja, Reino de Deus e Mundo. Santa, porque é de Deus e
não de homens (possessão). A Igreja foi tirada do mundo para proclamar
a Palavra de Deus aos homens e as mulheres.

A Igreja é a Comunidade dos santos; daqueles que crêem e que são


santificados em Cristo, e que estão unidos com Ele, numa dimensão
relacional com o Ressurreto que se desdobra na fraternidade ensinada
pela Sagrada Escritura, principalmente o Novo Testamento, a partir das
próprias palavras de Jesus em João 17.
Na perspectiva de Lucas a Igreja é definida como a comunidade que
crê e cujo coração é um (Atos 4.32). Em Efésios, consta “um só corpo, um
só espírito, assim como foram chamados em uma só esperança” (Efésios
4.4).
A Igreja na Patrística apresentava duas faces: mistérica e
institucional.
A partir destas duas faces a Igreja vivia:
Na face mistérica a Igreja se expressava como a comunidade de
salvação. Ela celebrava a fé, começando pela Palavra, que não foi vivida
de forma individualista, mas em sentido comunitário, dentro da
congregação dos fiéis. A mesma fé caracterizava a vida da Igreja. Na
Eucaristia, a fé determina a Igreja em sua trajetória. EKKLESIA (1 Coríntios
11.18). Na fé tem-se a semente da Igreja. A fé é o primeiro momento da
Igreja. A Igreja transforma a Palavra em ação. Quem acolhe a Palavra tem
de transmiti-la. A essência é viver cada momento. O apóstolo Paulo utiliza
muito essa palavra (Efésios 5.21-32). A Igreja é o Corpo de Cristo: aliança
amorosa. Paulo chega a fazer esta profunda declaração: “Grande é esse
mistério.”
Na face institucional, a Igreja era minoritária; era uma Igreja nova.
Era bem diferente do judaísmo e dos cultos pagãos. Características:
alegria, expansão missionária e muito dinamismo. Era ela um “pequeno
rebanho” que vivia o amor, a compaixão, a solidariedade e a misericórdia.
Tudo isso, em contraste com o mundo de poder e autoridade não
condizentes com a vontade de Deus.

Uma Igreja missionária


A missão da verdadeira Igreja de Cristo Jesus é mais do que proceder
de forma paternalista. É participar da reconstrução do mundo, como
Jesus procedeu. É reintegrar de modo pleno a pessoa no Reino de Deus.
Não utilizar somente a Palavra como teoria, mas na prática mostrar a
operosidade que procede de Deus. A Igreja precisa estar atenta às
carências das pessoas, e oferecer-lhes o conforto de que tanto precisam.

Permanecendo na cidade até quando?


Em Lucas 24.49 está registrada uma ordem de Jesus dada aos seus
discípulos para que permanecessem na cidade de Jerusalém. Mas, essa
permanência seria por pouco tempo e não definitivamente. Eles não
deveriam ficar acomodados, observando os acontecimentos sem uma
ação dinâmica. Até quando deveriam permanecer em Jerusalém? “Até que
sejais revestidos de poder (dínamis) do alto”.
É lamentável que pessoas não entendam as palavras do Senhor, e
permaneçam dentro de si mesmas, ou de suas paredes, ainda, das
quatro paredes de um templo, a fim de não cumprirem a vontade de
Jesus Cristo, como se de fato fosse assim mesmo: adoração sem
compromisso com a missão de fazer discípulos de todas as nações.
O Espírito Santo foi enviado para capacitar a Igreja; dar-lhe poder
para realizar a missão confiada de ir por toda parte e proclamar as boas
novas de salvação a todas as pessoas. Esse poder contrasta com
qualquer poder extático, energético, sobrenatural. Jesus prometeu enviar
o Espírito: “da minha parte, eu vou enviar-vos o que meu Pai prometeu.” Esse
envio do Santo Espírito foi justamente para capacitar a Igreja a fim de
realizar a sua missão no mundo. E, a missão da Igreja é a missão de Jesus.
A Igreja quando entende a sua missão acomodada na história, não se
caracteriza e se realiza como povo de Deus. A Igreja que desejamos é
aquela que descortina novos horizontes e encarna na existência humana
o projeto de Jesus Cristo. A sua missão constitui a opção pelos pobres e
marginalizados e por todas as pessoas a quem Deus enviar para receber
a salvação, que é a reintegração total do ser humano. Aos ricos, à
conversão, no sentido de haver partilha. Aos pobres, lutar por seus
direitos em todos os sentidos. Tudo isso não condiz com o “permanecer
na cidade”.
O ato de “permanecer na cidade” constante no Evangelho de Lucas,
não pode ser entendido sem o desdobramento da frase “Até que do alto
sejais revestidos de poder”.

Recebendo o dínamis do Espírito Santo


Em Atos 2.1-13, ao cumprir-se o Dia de Pentecostes, Deus enviou o
Seu Espírito para dinamizar a Sua Igreja. A promessa feita foi cumprida,
porque o Deus que promete é o Deus que cumpre. Deus é fiel ao
cumprimento de Sua Palavra. Ela não pode falhar.
No Antigo Testamento a palavra “ruah” é traduzida por vento, sopro,
força de vida (Êxodo 15.8-10; Isaias 11.4; 40.7; Gênesis 2.7). Força
misteriosa é a força de Yhawe. O Espírito de Deus é força de vida e
criação (Gênesis 2.6; 6.2,17; 7.15,22). O Espírito como força psíquica
operante (Juízes 13.25; 14.6; 14.19; 15.14, 3.10; 6.34; 11.29; 1 Samuel
11.6). Nestes textos constam que, homens realizaram obras
extraordinárias, alcançaram vitórias inesperadas, sob o impacto do
Espírito de Deus.
O Espírito de Deus se comunica constantemente ao povo através dos
profetas (Zacarias 7.12; Isaías 48.16). O Espírito de Deus inspira
transformação.
No Novo Testamento, o Espírito Santo é força, dínamis. É mais
pessoal; é “alguém”. Nos evangelhos sinóticos, a exceção de Mateus
28.19, nenhuma dessas escrituras apresenta o Espírito Santo como
pessoa, mas como força. Am Atos, o Espírito de Deus é concebido como
força. A Igreja nasce por ocasião do Pentecostes. O Espírito de Deus dá
coragem, força aos pregadores do Evangelho.
Não poderia ter havido um dia tão especial como foi o Dia de
Pentecostes, para que a Igreja pudesse provar do dínamis de Deus, e
apresentar os primeiros frutos: três mil batizados, após ouvirem o
discurso de Pedro (Atos 2.14-41).
Quem recebe o dínamis de Deus, não o recebe para conforto de si
mesmo, mas para realizar a vontade de Deus. Viver no Espírito é viver
uma maneira nova. É uma nova criação que responde com um “sim
responsável”.
A Igreja que desejamos é a Igreja que vive a liberdade do Espírito de
Deus, sempre preparada para obedecer a todos os imperativos de Jesus
em favor dos oprimidos e marginalizados pelo pecado, que, a cada dia,
execra a vida humana. Assim, torna-se o que recebe a graça de Deus,
obediente dentro do Corpo de Cristo.

Obediência aos imperativos de Jesus Cristo


O próprio Jesus é a grande mensagem da Igreja. Ele é a salvação que
se fez Pão; o Pão da Vida. Jesus não autorizou a nenhum de seus
discípulos praticar a omissão. Em Romanos 1.16, Paulo diz: “Pois não me
envergonho do Evangelho: ele é o poder de Deus para a salvação de todo
aquele que crê, do judeu primeiro, e depois do grego.” O Evangelho é o
DÍNAMIS TOU THEOU (poder de Deus).
Fundamentado no Amor (agápe), o Senhor ordenou a Sua Igreja, pelo
menos três pontos fundamentais:
Primeiro - Pregar as Boas Novas; evangelizar. A Igreja tem a missão
de ser a voz de Deus no meio do povo. Neste mundo há corrupção,
injustiça, pobreza, miséria, discriminação e muitos infortúnios.
No entanto, a Igreja, Povo de Deus, marca a sua presença na
sociedade, sendo o “Sal da terra” e a “Luz do mundo” (Mateus 5.13,14). Ela
tem de denunciar a injustiça, o analfabetismo, a doença, a falta de
consciência política, o desamor e todos os pontos negativos que
obstruem a vida. Os textos são bem claros sobre esses pontos (Mateus
28.18-20; Marcos 16.15-20; Lucas 10.1-11; Atos 1.8). Destarte, evangelizar
não é uma opção.

Segundo - “Batizando-os em nome do Pai, do Filho, e do Espírito


Santo”. O Batismo é desde o início da Igreja (1 Coríntios 12.13; 1.10-17;
Romanos 6.3ss). Antes de o Cristianismo surgir havia o batismo de
prosélitos. Rito de iniciação, junto com a circuncisão para o ingresso no
judaísmo, por causa das pessoas serem impuras. A pessoa tornava-se
uma nova pessoa e se submetia a Torá (Lei). João Batista, através de sua
experiência apela à conversão, numa tentativa de retomada à purificação.
Convém lembrar que, João Batista batizou Jesus, com o sentido de entrar
neste movimento do povo (Lucas 3.2ss). Os discípulos de Jesus também
administravam o batismo (João 3.22; 4.2). A Igreja primitiva começou a
batizar utilizando o referencial existente. Os batizados eram admitidos na
Igreja como prova da nova vida em Cristo, onde não havia mais
desigualdades nessa nova vida (Gálatas 3.28). Todos formavam uma
unidade. É assim que a Igreja deve fazer na sua missão nos dias
hodiernos.

Terceiro - A celebração da Eucaristia. Testemunhos da celebração


eucarística: (1 Coríntios 11.23-25; Lucas 22.15-20; Marcos 14.22-25;
Mateus 26.26-29; 54-56). Realidade e sentido da Ceia: Jesus, o anfitrião da
Mesa. Ele é aquele que acolhe. As palavras do Senhor ressurreto foram
entendidas pelos discípulos. Diante da Mesa do Senhor, os homens
participam da realidade salvífica e da morte redentora de Jesus.
A Santa Ceia possui um caráter profundamente teológico:

1. Tem perspectiva de passado: É memória da morte de Jesus;


2. Tem perspectiva de presença: refeição da aliança e comunhão entre
os cristãos;

3. Tem perspectiva de futuro: a plena comunhão do Senhor com


todos.

A Igreja que desejamos é esta: sempre obediente a Jesus Cristo, o


Senhor, em todos os aspectos.

As três qualificações da Autoridade de Jesus:

1. A autoridade pregadora de Jesus. É enfatizada pelo evangelista


Mateus. Jesus pregava como quem tinha autoridade. Mateus com
muita ênfase destaca a pregação de Jesus. O Sermão do Monte: Mt
5, 6 e 7. Mt 24: “O Pequeno Apocalipse”; o Sermão Profético. Essa
autoridade pregadora, Jesus transferiu para os seus discípulos
(Mateus 28.18-20). A autoridade fora passada aos discípulos, a fim
de que, com autoridade, fizessem outros discípulos, de todas as
nações.

2. A autoridade curadora de Jesus. É enfatizada pelo evangelista


Marcos. Jesus curou muitos doentes (Mc 1.32-33; 40-45; 2.1-12).
Todos quantos pediram ajuda, Jesus com grande misericórdia os
atendia. Essa autoridade curadora. Jesus transferiu aos seus
discípulos (Mc 16.15-18).

3. A autoridade perdoadora de Jesus. É enfatizada pelo evangelista


Lucas. Jesus perdoou e também ensinou aos seus discípulos a
praticarem o perdão. Lucas 6.37: “Não julgueis, e não sereis
julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis
perdoados.” Jesus transferiu a autoridade perdoadora aos seus
discípulos. Eles deveriam exercitar o perdão, que é divino e faz
bem à comunidade.

O que há em comum nas qualificações de autoridade de Jesus é a


TRANSFERÊNCIA. Jesus transferiu aos seus discípulos: a pregação; a cura;
e, o perdão.
No desempenho de sua missão como “enviada” a Igreja propagará os
ideais do Reino de Deus no mundo, utilizando seus dons (carismas)
(espirituais).
• O conceito de Teologia Pastoral
Teologia Pastoral é a ciência que trata da Obra Pastoral. É o ensino
que trata cuidadosa e sistematicamente, de acordo com a Palavra de
Deus, as múltiplas funções do ministro do Evangelho, abrangendo a
administração da Igreja.

Objetivos
Preparar homens e mulheres de Deus para exercerem uma liderança
pastoral nos campos missionários e assumirem funções pastorais nas
responsabilidades do ensino institucional.
Visa tanto pastores experientes como jovens em preparação ou no
início do ministério, no sentido de alcançar uma performance no
desempenho cristão.
A amplitude dessa ciência, Teologia pastoral, lida com a natureza
bíblica do que deve ser o pastor ou o obreiro como pessoa e com a
maneira pela qual ele deve ministrar na Igreja.
Segundo John MACARTHUR, JR, os três objetivos do Ministério
Pastoral são:

1. Validar os absolutos bíblicos do ministério pastoral, exigidos por


Deus, isto é, responder à pergunta: “Qual é a autoridade que
temos para estabelecer uma filosofia de ministério?”

2. Elucidar as qualificações bíblicas para pastores de igreja, isto é,


responder à pergunta: “Quem são os subpastores autorizados por
Deus para cuidar do rebanho de Cristo?”

3. Delinear as prioridades do ministério pastoral, isto é, responder à


pergunta: “Quais são os fatores envolvidos em um ministério
pastoral fundamentado nas Escrituras?”

Há uma preocupação hoje com uma tendência crescente de se


produzir líderes fortes que sabem como administrar um negócio ou
empreendimento, mas que não compreendem a igreja a partir da
perspectiva de Cristo. Adotam um estilo de liderança que nada tem a ver
com o ensinamento bíblico.
Alguns líderes contemporâneos da igreja imaginam que são
empresários, profissionais da mídia, artistas, psicólogos, filósofos ou
advogados. Essas noções contrastam com o teor do simbolismo que as
Escrituras empregam para descrever os líderes espirituais.
Embora as Escrituras empreguem várias metáforas para descrever os
rigores da liderança, conforme 2 Tm 2, todas essas figuras evocam idéias
de sacrifício, labuta, serviço e dificuldades. Demonstram com grande
eloquência a complexidade e as várias responsabilidades da liderança
espiritual.

As exigências de uma liderança espiritual são:

➢ Caráter irrepreensível
➢ Maturidade espiritual
➢ Disposição para servir com humildade

A liderança da Igreja é um ministério, não uma gerência. O chamado


daqueles a quem Deus designa como líderes não é para a posição de reis,
mas de humildes escravos; não de celebridades refinadas, mas de servos
trabalhadores.

Os que forem liderar o povo de Deus devem, acima de tudo, ser um


exemplo de:

➢ Sacrifício
➢ Devoção
➢ Submissão
➢ Humildade

Jesus mesmo deu o exemplo quando se abaixou para lavar os pés de


seus discípulos, uma tarefa que costumava ser cumprida pelo menor dos
escravos (Jo 13). Se o Senhor do universo fez isso, nenhum líder de igreja
tem o direito de se considerar elite pastoral.
2. Os Cinco Ministérios eclesiais segundo Efésios

Os diferentes carismas elucidados na Escritura dão estrutura à Igreja


para que cumpra sua apostolicidade. Os textos são os seguintes: 1
Coríntios 12.1-4; 27-31; Romanos 12.3-8 e Efésios 4.7-13.

CRITÉRIOS PARA SE SABER QUE É DOM DO ESPÍRITO SANTO:

1. Confessar a Jesus como Senhor (1 Coríntios 12.3)


2. Exercitar o Serviço (1 Coríntios 12.7; Efésios 4.12)
3. Viver a Unidade (1 Coríntios 12.4-13)
4. Praticar a Caridade (1 Coríntios 13, o carisma do maior Dom, o
amor)

O carisma não é privilégio somente dos ministros. É necessário ler as


epístolas a Timóteo (1ª e 2ª), para se entender biblicamente este assunto
que é tão importante para a vida da Igreja.
Para verificação da diversidade de carismas, deve-se observar as
listas de dons, segundo no Novo Testamento:

1. CARISMAS APÓSTOLOS EVANGELESTAS


DA PROFETAS EXORTADORES
PREGAÇÃO PASTORES
MESTRES

TRÊS

ESPÉCIES 2. CARISMA DIÁCONOS: OS QUE CUIDAM DOS


DE DOENTES E DAS VIÚVAS
DE MINISTÉRIO
AUXILIAR
DONS
3. CARISMAS PRESIDENTES
DE EPÍSCOPOS
GOVERNO PASTORES

Os carismas não são de pessoas especiais da Igreja, detentoras de


dons, mas de toda a comunidade. O carisma sempre depende da graça
divina (karis). Os carismas devem ser articulados nas seguintes
perspectivas:

• CARISMA  VOCAÇÃO  SERVIÇO

Como apostólica, a Igreja se desenvolve no sentido de existir para


fora; é ela enviada por Deus para ser uma bênção no mundo.

Como nunca, necessitamos viver o cristianismo de modo concreto,


sincero e objetivo; sem medo de encarnar na história os ideais do Reino
de Deus, pois Ele sendo o Senhor da Igreja, pelo Seu Espírito
dinamizador, impulsionará a Sua comunidade a viver intensamente esses
ideais.
Não podemos contemplar uma Igreja estagnada, sem projeto, sem
ousadia e sem visão real de sua missão neste mundo, descomprometida
com a prática de vida profundamente missionária. Não podemos viver
somente pela e para a instituição, mas como organismo vivo que é o
povo de Deus, caminhando no sentido de que se experimente a
articulação: Reino de Deus, Igreja e mundo. Faz-se necessário essa
articulação, e logo os frutos surgirão como produto desse engajamento
natural, não como ideal platônico.
Desejamos uma igreja e não um projeto de igreja que muitas vezes
não sai do papel, que não se mexe, que não se incomoda com as pessoas
que estão andando sem direção. Não desejamos uma igreja
eclesiocentrista, mas aberta a todas às questões que envolvem o ser
humano como pessoa, indistintamente.
Uma Igreja alegre por se identificar como Igreja de verdade, na
perspectiva da comunhão sincera, onde todos comunguem o verdadeiro
amor, aquele amor de 1 Coríntios 13: o Amor que não é mercantilista,
antes abnegado.
Uma Igreja que detenha em seu bojo o verdadeiro conceito de
missão: saindo de si mesma, para alcançar os pobres e marginalizados, e
chamar todos à conversão. Uma Igreja que viva sob o poder do Espírito
Santo, sem medo de realizar o bem. É essa a Igreja que todos que
obedecem aos imperativos de Jesus, exercitando a fé, a esperança e o
amor, que se constituem o fundamento da própria missão eclesial,
formam o exército de Deus imbatível para ser uma bênção no mundo.
Uma Igreja de verdade, que encarne o dinamismo, e não viva como
se não fosse igreja, mas comprometida com as suas dimensões e
propriedades na história dos mortais, apontando os sinais de unidade em
Cristo, de santidade como povo de propriedade peculiar de Deus, como
católica, abrindo-se a todos e apostólica pelo exercício dos carismas
espirituais para o seu próprio crescimento.
É essa a Igreja que desejamos. E, com toda a certeza, a partir de uma
consciência revestida de seriedade, alcançaremos essa realização pela
luta de cristãos sinceros que entendem o projeto do Reino de Deus
através do ensino de Jesus Cristo.

3. A Igreja como Corpo de Cristo

A doutrina da Igreja tem como parâmetro uma


teologia genuinamente bíblica em seu escopo. Ela,
antes de tudo tem seu fundamento na Santíssima
Trindade, porque a própria Trindade é
comunidade que implica para a vida plena.
Somente se pode pensar em Igreja a partir do instante em que se analisa
o que é ser igreja à luz do que ensina a Palavra de Deus. Quando se
pensa em Igreja se pensa em fé cristã em Deus. A Igreja é uma
comunidade concreta; comunidade empírica no mundo de outras
comunidades e organizações terrenas.
A Igreja não é uma ilusão, mas uma realidade, porque é o Deus Trino
o seu autor. A relação da Igreja com Deus é uma relação corporificada.
Isso dá a chance de incluir profundas dimensões: social, psicológica,
econômica, política, física. Desta forma, deve-se pensar na Igreja como
um organismo vivo. É a Igreja o povo de Deus que é o Corpo de Cristo no
mundo. Assim, a teologia contempla a Igreja em profundo
relacionamento com Deus.
A Igreja somente pode partir da Palavra de Deus, daí é que se
evidencia o seu fundamento. A Palavra apresenta o Deus Trino agindo de
modo dinâmico. Sendo a Igreja o projeto histórico de Deus, ela não pode
agir de outra forma, senão segundo o agir da Santíssima Trindade.
A Igreja tem a consistência de ser o genuíno povo de Deus, composto
de crentes congregados pelo Espírito Santo, através dos meios de graça.
Povo esse que vive a dinâmica da fé, não centralizada em si mesma, mas
se movendo na dimensão da construção de um mundo novo. “A Igreja é a
comunidade que está explicitamente centrada na articulação e revelação
dos propósitos de Deus em Jesus Cristo”. Da mesma forma que os
propósitos de Deus foram explícitos em Jesus Cristo, que agiu sob o
poder do Santo Espírito, assim também é a Igreja na história. Assim se
pode entender que a Igreja nunca pode desaparecer, se é constituída
pelo testemunho do que e de quem Deus é.

O fundamento da Igreja como Corpo de Cristo

“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação


santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a
fim de proclamardes as virtudes daquele que vos
chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1
Pedro 2.10).
A Igreja congrega em si a experiência de ter sido
regenerada e justificada pelo Deus vivo e verdadeiro, que em Cristo Jesus
garantiu a plenitude da salvação.
A experiência da Igreja no seu aspecto marcante na história da salvação,
apresenta-se sob um fundamento sólido para se manter como corpo. Isto
quer dizer uma apresentação de sua verdadeira natureza e constituição.
A Igreja é necessária ao mundo, e os seus aspectos básicos de
existência são elucidados para que se possa ter uma compreensão do
fato de ser eleita por Deus e poder cumprir a sua missão. É nela que a fé
é gerada, cresce e avança para o alvo. É através dela que o mundo pode
ouvir a Palavra de Deus. E, para que a pregação da Boa Nova ganhe cada
vez mais dimensão e repercussão, Deus estabeleceu na Igreja pastores e
mestres (Ef 4.11), concedendo-lhes autoridade para cumprir a sua
vocação na história. Desta maneira, a Comunidade de Deus não pode se
desenvolver com seus membros desajustados, separados, mas ligados
aos seus pontos fundamentais.
Fundamentando-se nos textos de Mateus 10.6 e Marcos 10.9, e
tomando-se “o que Deus ajuntou não o separe o homem”, argumenta-se
que Deus é Pai, e mãe, a Igreja, unidos num só propósito. Deus é Deus de
compromisso, e em virtude desta realidade, escolheu o seu povo para
desenvolver um compromisso recíproco, pelo qual serve não a si
mesmo, mas ao seu Criador, no serviço ao próximo. Sendo assim, o que a
Igreja crê, expressa de modo visível.

A experiência de comunhão da Igreja como Corpo de Cristo


A comunhão dos santos é também entendida como comunidade dos
eleitos. E, isso exprime em alto nível a natureza da Igreja. A comunidade
eleita é composta de todos os santos, ou de todos os membros que dela
fazem parte, que foram chamados a uma só fé e esperança, onde já se
conferem todas as bênçãos decorrentes da ligação a Cristo. As bênçãos
são, sem dúvida, compartilhadas mutuamente. Tudo gira em torno do
comum acordo, da disposição ordinária que se desenvolve pelo
fortalecimento de todas as juntas da estrutura comunitária.

“Da multidão dos que creram, um era o coração e uma a alma”; e, “um só
corpo, um só espírito, assim como foram chamados em uma só
esperança”. “Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes
chamados numa só esperança da vossa vocação” (Ef 4.4)
Os dons espirituais são distribuídos de modo variado, mas sempre com a
finalidade de equilibrar todas as partes da Igreja. Fala-se de uma ordem
política, que não é subvertida na expressão diaconal da Igreja, e todos os
membros, embora tenham bens, devem servir à promoção da paz entre
os homens. Todos podem possuir bens, mas devem considerar sempre o
sentido verdadeiro de comunhão. Comunhão com Deus e com todos os
homens. O texto dos Atos dos Apóstolos 4.32, é a forma como uma
comunidade se estatui, com base no exemplo da Igreja Primitiva: “Da
multidão dos que creram, um era o coração e uma a alma”; e, “um só corpo,
um só espírito, assim como foram chamados em uma só esperança”. “Há
somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só
esperança da vossa vocação ” (Ef 4.4).
A Igreja de Cristo não pode existir de forma fragmentada e
desintegrada de sua própria constituição. Ela é entendida sempre na
divina Palavra, como um povo em plena comunhão. Decorre daí que, de
sua estrutura, percebe-se Deus o Pai e Cristo a cabeça de todos os
santos, configurando-se a experiência de fraternidade em amor, e a
união que produz uma qualidade incomparável de vida na terra. Na Igreja
deve se observar a reciprocidade e a partilha.
Quais são os frutos que advêm dessa comunhão? Considera-se a
certeza de que se faz parte do corpo e também a segurança que nele há,
ainda que o mundo se abale. O que garante o seu sustento? A eleição de
Deus, que não pode falhar. É o decreto firme de Deus em favor do Seu
povo. Mesmo que tudo se estanque, a Igreja caminhará segura e seus
membros não serão jamais arrancados ou despedaçados. Alguns textos
veterotestamentários se constituem a base da argumentação em
questão: “salvação haverá em seus dias” (Jl 2.32; Ob 17); “Deus habitará
eternamente no meio de Jerusalém, para que nunca seja abalada” (Sl 46.5).
É confortante para todos, no sentido de que há consolo na
comunhão dos santos, ou seja, dos eleitos. No termo comunhão há muito
de consolação. Em Cristo todos estão seguros. Todas as bênçãos foram
conferidas em todas as esferas, verificando-se que há firmeza pela
esperança. Essa certeza é justamente em função do que já foi exposto
anteriormente, que trata da experiência da fé, dom que torna estável a
vida em comunhão. A Igreja, portanto, está edificada na fé.
➢ A Igreja não pode ser despedaçada;
➢ A Igreja tem a esperança como arma que a defende na luta contra
toda a esterilidade;
➢ A Igreja está edificada na fé, por isso está segura.

Essa experiência da Igreja é distinguida pela ação do Espírito Santo,


que produz a bênção da participação em Cristo e a separação para a
posse divina, fruto da graça abundante de Deus Pai. Isto se denomina
grande graça.
Pensar no afastamento dessa comunhão da Igreja será visto como
uma ação funesta, pois é ela a verdadeira escola e mãe, que nutre as
pessoas. Logo, fora de seu grêmio não há de se esperar nenhuma
remissão de pecados, nem qualquer salvação. Na Igreja todos somos
alunos pelo curso de toda a existência. Se a Igreja é a mãe dos fiéis, é em
razão de existir nela o depósito da fé.
Ser Igreja e viver a comunhão dos santos significa a mesma idéia.
Todos participam da mesma herança de vida eterna, em um só Deus, em
Cristo. Seus membros são unidos num mesmo corpo, a um tempo, em
uma só fé, esperança e amor, no mesmo Espírito. Esta é uma pista que
produz clareza acerca do que caracteriza a Igreja como a comunidade de
comunhão, e também a sua diaconia é exercitada sob a instrução de seu
guia e mestre, o Espírito Santo. Isto é parte ordinária da vida eclesial.
Essa comunhão é percebida na Igreja visível, que milita neste mundo,
ainda que existam imperfeições, entretanto, nela opera o Santo Espírito
que a conduz a bom termo. Se a Igreja vive a comunhão, é porque está
firmada em Cristo. Ninguém que faça parte dela pode cair no
esquecimento. Pode-se afirmar que comunhão é vida plena fazendo-se
diferença num mundo tão fragmentado pelas diversas ideologias.
É percebida a comunhão da Igreja, quando ela se reúne, convocada
por Deus para oferecer-lhe o verdadeiro culto que é espiritual. É
justamente nessa reunião, convocada pelo Deus vivo, que o povo santo
se expressa em adoração e louvor ao Criador, reconhecendo o seu favor
imerecido, através dos cânticos, orações e a escuta da Palavra, que fala
no mais íntimo dos corações, considerando a iluminação do Santo
Espírito.

A Igreja como Corpo de Cristo e sua Pedagogia Cúltica


É fundamentalmente importante perceber o modo pelo qual se
relaciona a comunhão da Igreja à sua pedagogia. Essa pedagogia está
voltada para a formação do ser humano, atingindo-o integralmente. A
Igreja foi constituída por Deus para formar o ser humano, considerando-
o como absoluto do amor divino, e assim foram comissionados por Deus
apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres (ensinadores), para
a edificação do Corpo de Cristo (Ef 4.10-13). Deus aparelhou Seus santos
através dos dons mencionados, objetivando o exercício e cumprimento
da missão eclesial, conforme a vocação imputada por Deus.
O propósito da Igreja é tão perceptível, que não se tem dúvida de que
visa à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus à perfeita
humanidade, à medida da plenitude de Cristo Jesus. Entende-se que a
educação da Igreja visa o aperfeiçoamento dos santos, à formação que
gera maturidade.
Como se processa a educação da Igreja, no sentido de se obter a
maturidade tão desejada por aqueles que fazem parte do seu grêmio?
Argumenta-se sobre a proclamação da doutrina pelos pastores e o
ensino dos mestres a todos sem exceção. Todos que comunicam e
recebem a doutrina têm de ser encontrados com espírito brando e dócil.
Desta forma, acredita-se que o ensino, uma vez aplicado, jamais se aparta
da boca de quem está aprendendo. Alude-se o profeta Isaías, que diz: “o
meu Espírito, que está em ti, e as palavras que pus em tua boca, jamais se
apartarão da tua boca, nem da boca de tua semente e de seus descendentes”
(Is 59.21).
Os que têm interesse tornam-se dignos, e jamais perecem de fome
ao alimentarem-se divinamente pelas mãos da Igreja. Isto significa o
profundo valor que a igreja tem em todos os tempos da história.
Percebe-se também a necessidade que se tem da Igreja na existência
humana. Essa capacidade é dinamizada pela fé. Se a Igreja ensina e
proclama o Evangelho é porque acredita no poder libertador de Deus,
como era entendido pelo apóstolo Paulo, e que o mesmo pôde afirmar
em sua epístola aos Romanos 1.16: “Não me envergonho do evangelho,
porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro
do judeu e também do grego”.
Essa pedagogia da Igreja é função, mercê de seu ministério, liturgia e
santuário. O próprio Deus quis que seu povo se reunisse no santuário,
formando a assembléia santa, com o propósito de proferir pela boca dos
sacerdotes a doutrina que alimenta o povo, no comum sentir da fé.
Assim, se observa que a fé não é algo ligado somente ao particular, mas
experimenta-se na assembléia esse dom maravilhoso de Deus. E Deus,
no meio do Seu povo, se apresenta como o Senhor. Portanto, é
necessário o reconhecimento da Igreja, dessa presença divina que dissipa
todas as incertezas e produz uma verdadeira adoração comunitária. Os
textos bíblicos não deixam dúvidas sobre a presença de Deus no
santuário (Sl 132.14; Is 57.15; Sl 80.1). É por essa causa que o Senhor em
sua Palavra não aceita que seu povo adore e promova devoção a
augúrios, a adivinhações, a artes mágicas, a necromancia e a outras
superstições (Lv 19.31; Dt 18.10.11). Para que isso não pudesse
acontecer, o povo foi suprido de profetas (Dt 18.15).
Para que não sejamos remissos deixando de abraçar a boa doutrina
de Deus, da Sua salvação proposta por Sua vontade, Deus deu-nos o
ensino por meios humanos e os que se recusam a aceitá-lo, tornam-se
fatais nesse intento; o considerar supérfluos os cultos, bem como a
pregação, denominando-se de ímpio divórcio.
Quando a Igreja se reúne em assembléia santa, exercita a piedade na
simplicidade da fé, perfil necessário ao progresso da comunidade. Assim
se observam na divina Palavra exortações, repetidas vezes, aos fiéis para
buscar a face de Deus no santuário (1 Cr 16.11; 2 Cr 7.14; Sl 27.8; 100.2;
105.4). No Novo Testamento, mais particularmente nos escritos paulinos,
a exortação é feita conforme o que foi estabelecido por meio de Cristo e
em Cristo: “Porquanto Deus, que disse: do meio das trevas brilhe a luz! Foi Ele
mesmo quem reluziu em nossos corações, para fazer brilhar o conhecimento
da glória de Deus, que resplandece na face de Cristo.” (2 Co 4.6).
No culto acontece a exposição da doutrina que sustenta e edifica a
vida da Igreja, a fim de haver crescimento. Esse vínculo é tão somente
entre os santos, que são dirigidos para o supremo alvo da plenitude de
homem perfeito (Ef 4.12). Por isso, os fiéis confluem para o santuário, pois
lá está o nome de Deus (Êx 20.24), onde há o ensino aberto que conduz à
piedade. Para quem julgue, não ser necessário e perda de tempo, a
reunião da assembléia santa, sobre quem assim pense, tem uma mente
pueril, porque o carecer do átrio do templo muito pouco de perda viria a
ser, também não muito prazer se perderia. Aos fiéis, certamente, é mais
importante do que outros deleites. É no culto público, nessa reunião que
Deus ensina o povo, através de quem constituiu pedagogicamente, para
penetrar no coração. Desta forma, se percebe o valor do culto, e recusá-
lo é agir com uma mente infantil.
Diante de tudo isso, é importante lembrar da própria Escritura, que
diz: “Deus não habita em templos feitos por mãos” (Is 66.1; At 7.48-49). Mas,
de uma maneira sábia e legítima é fazer uso de templos para Deus, onde
a sua Palavra seja proclamada. Sendo assim, o Senhor para si santifica os
tais.
Uma pedagogia na mira da edificação dos fiéis. Para a edificação e
não para a destruição, conforme 2 Coríntios 10.8: “e ainda que eu me
gloriasse um pouco mais do poder que Deus nos deu para a vossa edificação,
e não para a vossa destruição, eu me envergonharia por isso.” Consta a
mesma palavra ainda na nessa epístola, no capítulo 13.10. O que a Igreja,
reunida no exercício da fé, tem em mira é a edificação dos fiéis para a
plena maturidade. Os ministros são ministros de Cristo, e do povo ao
mesmo tempo. Daí, pode-se concluir este pensamento sobre a natureza
da Igreja em sua experiência: é a comunidade de serviço; servindo às
pessoas exibe o poder que Deus lhe conferiu.
Propõe-se a maneira de edificar-se a Igreja, em que os ministros
reconhecem ser Cristo sua autoridade e mestre único dela. Todo o
fundamento está na divina Palavra (Mt 17.5; Mc 9.7; Lc 9.35). Está escrito:
“Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo, ouvi-o!” O seu ensino
evita que haja flutuação, e as pessoas não sejam arrastadas para lá e
para cá, segundo ideologias humanas sem compromisso com a verdade.
Caso assim suceda, haverá queda e distância de Cristo. A autoridade
eclesiástica reside no ofício de governar, não nos que o exercem, quer
sejam apóstolo, ou profeta; toda autoridade didático-doutrinária se
polariza na divina Palavra.
Em todo o tempo a Igreja deve estar aberta à revelação divina,
múltipla e variada, conformando-se com ela a todo o momento.
Manifestando aos homens a verdadeira sabedoria através de um só
modo, passando de geração a geração o que é recebido como a
revelação divina, é depositada por Deus no mais profundo do coração da
Igreja.
Essa função pedagógica da Igreja ao expressar-se no culto, convida
todas as pessoas a uma compreensão de Deus, pois a fé nele vem pelo
ouvir, e a Igreja ensina ao mundo como servir a Deus, reconhecendo-o
como o criador do céu e da terra. Sendo assim, observa-se que essa
questão é resgatadora de valores, e hoje, quando também a Igreja é
desafiada pelo mundo, impõe-se-lhe a concretização dessa pedagogia,
que mira o homem perfeito, segundo a plenitude de Cristo Jesus.

4. Espiritualidade pastoral e edificação da Igreja

Na epístola de Paulo a Tito, Cap. 1,


encontramos uma boa oportunidade para
discutir os traços do caráter necessário àquele
que foi chamado para o Ministério Pastoral,
para a edificação da Igreja de Jesus Cristo:

1. Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus


Cristo, para promover a fé que é dos eleitos de Deus e o pleno
conhecimento da verdade segundo a piedade,
2. na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir
prometeu antes dos tempos eternos
3. e, em tempos devidos, manifestou a sua palavra mediante a pregação
que me foi confiada por mandato de Deus, nosso Salvador,
4. a Tito, verdadeiro filho, segundo a fé comum, graça e paz, da parte de
Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Salvador.
5. Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as
coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros,
conforme te prescrevi:
6. alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha
filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem são
insubordinados.
7. Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível como
despenseiro de Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao vinho,
nem violento, nem cobiçoso de torpe ganância;
8. antes, hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, que tenha
domínio de si,
9. apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha
poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os
que o contradizem.
10. Porque existem muitos insubordinados, palradores frívolos e
enganadores, especialmente os da circuncisão.
11. É preciso fazê-los calar, porque andam pervertendo casas inteiras,
ensinando o que não devem, por torpe ganância.
12. Foi mesmo, dentre eles, um seu profeta, que disse: Cretenses, sempre
mentirosos, feras terríveis, ventres preguiçosos.
13. Tal testemunho é exato. Portanto, repreende-os severamente, para
que sejam sadios na fé
14. e não se ocupem com fábulas judaicas, nem com mandamentos de
homens desviados da verdade.
15. Todas as coisas são puras para os puros; todavia, para os impuros e
descrentes, nada é puro. Porque tanto a mente como a consciência
deles estão corrompidas.
16. No tocante a Deus, professam conhecê-lo; entretanto, o negam por
suas obras; é por isso que são abomináveis, desobedientes e
reprovados para toda boa obra.

O caráter do pastor

É preciso atentar urgentemente para as


orientações bíblicas em relação à pessoa que
Deus chama para ser pastor de suas ovelhas. Em
Tt 1.9 fala do que Deus deseja que o pastor faça.

• “... apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que


tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer
os que o contradizem.”

... mas, antes disso, e mais importante, os versículos 6-8 tratam de como
ele deve ser:

• “... alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher,


que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem
são insubordinados”.
• Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível como
despenseiro de Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao
vinho, nem violento, nem cobiçoso de torpe ganância;
• antes, hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, que
tenha domínio de si,...”

Este é o padrão de Deus para o caráter de pessoas que são


chamadas para o sagrado ministério da Palavra; para o exercício do
Ministério Pastoral; para a edificação da Igreja.
Vejamos o significado de “irrepreensível”, traduzida do grego
, (anengklêtos) – Descreve-se por duas vezes o efeito de uma
vida piedosa. Isso que dizer que o pastor não será reprovado ou, em
outras palavras, ele será inculpável ou estará livre de ressalvas. Estas
devem ser as características constantes de sua vida, uma vez que assume
a mordomia do ministério de Deus.
Esse termo também se aplica aos diáconos em 1 Tm 3.10, formando
assim uma estreita associação com anepilêmptos, palavra usada para
bispos em 1 Tm 3.2.
Não se refere a uma perfeição impecável, pois, nesse caso, nenhum
ser humano estaria qualificado para o ofício, mas a um padrão elevado e
maduro que implica em um exemplo coerente. É exigência de Deus que
seu despenseiro viva de maneira santa, de tal forma que sua pregação
nunca seja contraditória ao seu estilo de vida, que suas faltas nunca
tragam vergonha ao ministério e sua conduta não mine a confiança do
rebanho no ministério de Deus.
A partir da qualidade em questão, surgem alguns componentes,
desenvolvendo o seu significado. Os componentes se dividem em três
grupos: moralidade sexual, liderança familiar aprovada e nobreza de
atitude e conduta.

Moralidade sexual
A moralidade sexual é exigência na vida da pessoa cristã,
principalmente na vida do pastor, pois é ele o vocacionado por Deus para
alimentar as ovelhas. Caso alguém falhe no campo da moralidade sexual,
torna-se desqualificado para o ministério pastoral.
Uma pergunta: será que o cristianismo está perdendo a batalha pela
pureza moral? Infelizmente, hoje, temos pessoas com teologia certa, mas
vivendo de modo impuro. Mas, é preciso refletir que, se todas as batalhas
pela integridade das Escrituras fossem, afinal, vãs, se os pregadores da
igreja fossem corruptos, e as ovelhas já não seguissem seus pastores
como modelos de santidade, não haveria a necessidade de uma teologia
pastoral.
A primeira qualidade de caráter em Tito que detalha o que significa
um pastor ser irrepreensível é que ele seja “marido de uma só mulher” (Tt
1.6). O pastor deve ter a reputação de ser sexualmente puro. O pecado
sexual desqualifica qualquer homem para o pastorado.

Liderança familiar aprovada


Se alguém quer saber se um homem vive uma vida exemplar, se ele é
coerente, se pode ensinar e exemplificar a verdade, conduzir as pessoas
à salvação, à santidade e ao serviço de Deus, então deve observar os
relacionamentos mais íntimos de sua vida e ver se ele consegue cumprir
essas coisas. Observar a sua família e verificar como as pessoas ao seu
redor as vêem.

Nobreza de atitude e conduta


Os aspectos de atitude e conduta do pastor devem estar acima dos
padrões do mundo. O pastor não é melhor que as outras pessoas, mas
está em um nível acima, sendo digno de ser imitado.
A Bíblia lista aspectos negativos e positivos, com a finalidade de
ensinar melhor sobre a nobreza e a conduta do ministro de Deus.
Vejamos.

Os aspectos negativos
Não soberbo – Significa não possuir uma arrogância cheia de amor
próprio, de ser consumido por si mesmo, de buscar o próprio caminho, a
satisfação e a gratificação a ponto de desconsiderar os outros. Assim,
ninguém que seja dominado pelo ego está apto para o ministério
pastoral.

Não iracundo – A palavra traduzida por “iracundo” (orgilon) vem de


orge, que se refere à ira ou raiva. Quando as coisas não acontecem como
o pastor deseja, ele deve manter a compostura tanto interna como
externamente.
Não dado ao vinho – Qualquer pessoa, em qualquer liderança cristã,
deve estar alerta e sóbria. A exigência pastoral é repetida em 1 Tm 3.3. O
álcool não deve fazer parte da vida do pastor nem influenciar seu
pensamento. O princípio é que qualquer pessoa em posição de tomar
decisões importantes que afetam a muitos não deve atuar sem pleno
entendimento.
Não espancador – O ministro do Evangelho deve procurar promover
a paz, não a dissensão; deve resolver os conflitos pacificamente. Conferir
o ensino de 2 Tm 2.24,25. O pastor não utiliza a força física para resolver
os problemas, nem também as discussões inúteis.

Não cobiçoso de torpe ganância – A palavra grega é composta das


palavras aischros (vergonhoso) e kerdos (que se refere ao lucro pessoal).
Descreve alguém que não se importa com a maneira pela qual junta
dinheiro.

Os aspectos positivos

Hospitaleiro – “Dado à hospitalidade”; significa literalmente “amante


dos estrangeiros”. Trata-se de um atributo do caráter cristão (Rm 12.13; 1
Tm 5.10; Hb 13.2; 1 Pe 4.9). O princípio básico é colocar a si mesmo e
seus recursos à disposição de desconhecidos. A hospitalidade, no sentido
bíblico, não é convidar os amigos para jantar. É agradável fazer isso, mas
é preciso observar o que Jesus disse em Lc 14.12-14:

• Disse também ao que o havia convidado: Quando deres um jantar


ou uma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem
teus parentes, nem vizinhos ricos; para não suceder que eles, por
sua vez, te convidem e sejas recompensado. Antes, ao dares um
banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos; e
serás bem-aventurado, pelo fato de não terem eles com que
recompensar-te; a tua recompensa, porém, tu a receberás na
ressurreição dos justos.

Amigo do bem – O pastor também deve amar pessoas e coisas boas.


Pode-se dizer muito de uma pessoa, observando seus amigos e as coisas
de que se cerca. Com quem se associa? Que faz nas horas de lazer? O
que lhe é precioso? Algumas das respostas devem ser encontradas em Fp
4.8: “Tudo o que é verdadeiro, honesto, justo, puro, tudo que é amável,
tudo que é de boa fama, se há alguma virtude e se algum louvor, nisso
pensai”. O coração do pastor atende ao que é excelente.

Moderado – A moderação denota em uma pessoa o resgate da


mente de dentro do abismo das extrapolações, elevando-a acima do
trivial e do passageiro. Faz que se apresente não como palhaço ou
comediante, mas com sabedoria firme e confiável. Uma pessoa
moderada é imparcial, cuidadosa nos julgamentos, ponderada, sábia e
profunda. Tal é o fruto de uma mente disciplinada. Esse é o tipo de
pessoa que pode ser pastor.

Justo – A pessoa justa que é aprovada por Deus, vive segundo os


padrões divinos. Essa atitude pode descrever e preencher o pastor, a fim
de que possa se inclinar ao veredicto de uma existência positiva.

Santo – Significa separado de Deus e para Deus para realizar a obra


mais importante da história da salvação. E, para isso, é fundamental ter
uma vida irrepreensível, sem o comando do pecado, mas sob o senhorio
de Jesus Cristo. Ninguém está livre do pecado, mas este pode ser
confessado e tratado, evitando escândalos à Igreja. Todos os cristãos
podem viver desse modo pela graça e misericórdia de Deus, no poder do
Espírito Santo. O pastor deve ser um exemplo vivo dessa grande
possibilidade.

Temperante – O pastor deve ter o controle de sua vida. Pessoas bem-


intencionadas que ouvem de algum pastor que tenha caído em pecado
dizem frequentemente: “O pobre coitado não devia ter ninguém a quem
prestar contas. Se pudesse recorrer a alguém, isso não aconteceria”. Há
lugar para cobranças espirituais. Todos precisamos de amigos, parceiros
e colaboradores no ministério que nos ajudem a andar como devemos
diante do Senhor. Entretanto, se a pessoa não consegue controlar a sua
vida, não está apta para o pastorado. Se for do tipo que precisa de um
grupo para manter-se na linha, acabará criando aflições para a igreja. O
caráter do pastor vem de dentro.
O chamado para o Ministério Pastoral

Há uma relação profunda entre mestres


e profetas, entre pastores e apóstolos e
a responsabilidade dos verdadeiros
pastores. Isto se processa à semelhança
dos antigos profetas com os mestres, e
dos apóstolos com os pastores. Em
referência à primeira associação, diz-se
que é semelhante, pois tem a mesma
finalidade. Quanto à segunda, referindo-se aos Doze, que foram
escolhidos pelo Senhor para a proclamação do Evangelho por todo o
mundo, tem relação profunda com os pastores que regem igrejas.
Assim, percebe-se com profunda relevância o encargo de pastor, a
ponto de se argumentar que as funções que se atribuem aos pastores
são as mesmas atribuídas aos apóstolos, e devem ser desempenhadas
com zelo idêntico.
À luz da divina Palavra, pode-se traçar um paralelo entre apóstolos
e pastores, que tem o seguinte perfil:

a. Aos apóstolos, Jesus deu-lhes autoridade para pregar o evangelho


e batizar os convertidos (Mt 28.19);

b. Comissionou-lhes também para administrar os sagrados símbolos


de sua mesa, representando o corpo e o sangue (Lc 22.19).

Pergunta-se, conforme o Reformador de Genebra: “Não é assim


também o que realizam os pastores?” Estes sucederam aos apóstolos,
pois pregam o evangelho, batizam os novos na fé e ministram a
Eucaristia. Em 1 Coríntios 4.1 está escrito que são “ministros de Cristo”. Em
Tito 1.7,9 também consta: “importa que o bispo seja pertinaz nessa palavra
fiel que é segundo a doutrina, para que seja poderoso para exortar mediante
a sã doutrina e para refutar os contraventores.”
Assim, a função principal dos pastores tem estas duas partes
fundamentais: anunciar o evangelho e ministrar os sacramentos.
O modo de ensinar dos pastores não se particulariza a discursos
públicos, pois diz respeito também a admoestações. Sem dúvida, o
anúncio de casa em casa e de forma pública caracterizava as funções
apostólicas, que por sua vez são também dos pastores (At 20.20-21), com
a finalidade de levar pessoas ao arrependimento e à fé. Observa-se,
portanto, em Calvino uma excelente visão do ministério pastoral, ainda
que com lágrimas seja realizado, pois os que se chamam pastores não
devem ter indignidade ociosa, antes com precisão ensinem a doutrina de
Cristo, instruindo o povo à verdadeira piedade, administrando bem a
Igreja segundo os mistérios sagrados, conservando em retidão a vida
comunitária.
Não se pode estranhar, mas Calvino faz uma colocação que implica
intensa responsabilidade para os pastores. Eles são de fato atalaias na
Igreja, para que nenhuma pessoa pereça na ignorância, sem razão de
alguma negligência, porque se desta forma não acontecer, Deus haverá
de requerer o sangue (Ez 3.17-18). Por este motivo, o apóstolo Paulo
passou a ter uma consciência solidificada nesta verdade: “Anunciar o
evangelho não é título de glória para mim, é, antes, uma necessidade que se
me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o evangelho!” (1 Co 9.16-17).
Diante deste exemplo, está constituído o magnífico múnus pastoral
em sua legítima natureza: o que os apóstolos fizeram ao mundo inteiro,
cada pastor deve também fazer ao seu rebanho, para o qual foi
designado.
A função pedagógica da Igreja vai encontrar sua razão de ser e
desenvolver sua missão através do ministério do pastor, em cada igreja
onde foi colocado, não devendo este ficar mudando de igreja para igreja,
mas caso seja conveniente e tenha pública aprovação. Calvino diz que é
necessária esta política: nenhum pastor esteja correndo de um lado para
o outro, incerto, desordenado, deixando vagas as igrejas e buscando o
conforto de si mesmo. O pastorado não é invenção humana, mas
instituição do próprio Deus, como também é a Igreja. Paulo e Barnabé
instalaram líderes nas igrejas ( At 14.21-23; Tt 1.5; Fp 1.1; Cl 4.17; At 20.17-
35), para assumirem o governo e o cuidado das comunidades.
O ministro da Palavra, segundo a visão bíblica de Calvino, tem vários
títulos. A todos quantos desempenharem esse ministério, é-lhes
atribuído o título de bispo (Tt 1.5,7; Fp 1.1); respectivamente, também o
título de presbítero (At 20.17,28). Desta forma, percebe-se um ponto:
Calvino não menciona as mulheres na liderança ministerial, pois ele só
argumenta fazendo referência a varões.
Todos esses títulos não devem se configurar motivo de vaidade no
âmbito que envolve o serviço ministerial do pastor, mas tendo sempre
em mente que a glória de Deus está sempre no centro de todo o serviço,
sem excluir a dignidade humana.

A vocação como a base dos ofícios


Calvino afirma que se a Igreja colocasse pessoas inquietas e
turbulentas, por exemplo, para ensinar ou governar, haveria muitas
dificuldades. Por isso, tomou precauções em relação ao ofício público
para que nenhuma pessoa assumisse algum cargo sem a devida chamada
ou vocação. Por exemplo: para que alguém seja ministro da Igreja,
importa ser chamado por Deus (Hb 5.4). Se não foi chamado,
concomitantemente, causará transtornos, e isso constituirá grande
imprudência, qualquer que ouse contrariar a natureza da vocação.
Sobre a doutrina da vocação ministerial, Calvino trata de um duplo
chamado: vocação interior e vocação exterior.
A primeira é a vocação secreta que cada um tem dentro de si, cônscio
diante de Deus. A segunda é a que diz respeito à ordem pública, o
reconhecimento da Igreja. Calvino argumenta também que, sendo
efetivado de acordo com a Escritura, tudo não redundará nem por
ambição, nem por avareza, nem por qualquer outra cobiça. Os ministros
vocacionados, além de serem reconhecidos publicamente, são investidos
e instalados segundo o rito considerado. É, sem dúvida, uma grande
responsabilidade o ministério pastoral. Mesmo pessoas que são
chamadas para o ministério de pessoas leigas devem ser aptas e idôneas
para exercer algum dom, segundo o que o apóstolo Paulo escreveu em 1
Coríntios 12.7-11.
Sobre as qualidades de uma pessoa para exercer o ministério na
Igreja, Calvino toma os textos neotestamentários para tornar evidente a
responsabilidade (1 Tm 3.1-7; Tt 1.7-9), e o que convém, no sentido de
que sejam de sã doutrina e vida santa, nem notórios por vícios, que lhes
façam perder a autoridade, e tragam ao ministério alguma dificuldade.
Aos diáconos também é inteiramente relacionado o mesmo tipo de
qualificação (1 Tm 3.8-13). Pensando desta forma, pode-se também
relacionar que Cristo capacitou seus enviados com armas e
instrumentos para desempenharem bem a missão (Mc 16.15-18; Lc
21.15; 24.49; At 1.8). Exorta o apóstolo Paulo que ninguém que venha
ocupar o ministério seja um recém-convertido (1 Tm 3.6). Esse processo
deve ser precedido de jejuns e orações, conforme narra Lucas (At 14.23).
A vocação do ministério da Igreja é feita através do Espírito Santo,
que outorga toda a autoridade para a realização da vontade de Deus no
mundo onde estamos inseridos. Paulo assim declara ser constituído (Gl
1.1) não por homens, mas pelo próprio Senhor, mesmo que algumas
pessoas não reconhecessem o seu apostolado. Contudo, a própria Igreja
com a aprovação de Deus designa pessoas para o exercício ministerial
(At 1.23-26), segundo a orientação da própria Escritura. É ela o parâmetro
orientador de como identificar uma vocação, fluindo no mais profundo
do ser que, ao receber o chamado, se sente compelido a executar a
vontade divina na história.
Calvino argumenta que o ministro deve ser eleito por toda a Igreja,
pelo povo, e não como indagavam os que pensavam naquele seu tempo,
pelos colegas e presbíteros, ou por um só. O povo tem de estar presente
para que seja comprovado o testemunho vocacional de quem foi
chamado por Deus. No Antigo Testamento os sacerdotes levíticos eram
levados à presença do povo antes da consagração (Lv 8.4-6; Nm 20.26-
27). Nos Atos dos Apóstolos o mesmo fizeram com Matias, que foi
admitido no colégio apostólico (At 1.15, 21-26); por semelhante modo foi
instituída a junta diaconal para o serviço aos pobres (At 6.2-7). Além das
referências bíblicas, Calvino também toma por base o ensino de Cipriano:
“A ordenação de um sacerdote impõe fazer somente sob o reconhecimento do
povo e assisti-la, para que seja uma ordenação justa e legítima, que haja sido
consignada pelo testemunho de todos.”

O treinamento para o Ministério Pastoral

No centro da vida cristã fica a ordem


dada por Jesus Cristo de fazer
discípulos.
Em todos os lugares a tarefa
sagrada de todos dos crentes é fazer
discípulos. Mas, é preciso lembrar
sempre, que o treinamento pastoral
não pode ser norteado pelo mercado, porém pela Bíblia.
O treinamento pastoral não pode capitular diante dos caprichos de uma
certa postura autoritária, nem se curvar diante de certas metodologias
que intentam se impor sob certa ordem de crescimento, que tão somente
visa números e coisas.
Uma formação pastoral verdadeira é aquela que reflete as ordens
bíblicas para a igreja, e sua liderança deve dominar o treinamento
pastoral. Esse princípio é crucial, pois a idéia que a pessoa faz do
ministério influenciará suas atitudes e, por fim, acabará ditando sua
filosofia de treinamento para o serviço.
A ordem dada aos líderes de seminários e igrejas é, ensinar primeiro
o conteúdo e o propósito da liderança na igreja, antes de ensinar o como.
Os que estão sendo treinados para o pastorado defrontam-se como
o desafio de determinar o papel bíblico de um presbítero e a melhor
maneira de preparar uma pessoa para o presbiterato, por exemplo.
A preparação para o ministério pastoral é uma jornada
multifacetada, um processo extenso que consiste em diversas etapas. É
uma peregrinação que nunca termina, exigindo um compromisso de
busca contínua. O significado de “seminário”, por exemplo, inclui a idéia
de “sementeira”. É isso que o treinamento para o ministério deve
implicar, seja ele formal, seja informal, seja dentro da estrutura de um
seminário, seja incorporado à vida diária de um pastor ou de uma igreja
local.
Especificamente, o treinamento para o ministério exige o
cumprimento de pelo menos três fases de treinamento destacadas na
exortação de Paulo a Timóteo (1 Tm 4.12-16):

1. Caráter piedoso
• É aquilo que a pessoa deve ser, pois o ponto focal de qualquer
ministério é a piedade. O ministério é, e sempre deve ser, o fluir de
uma vida piedosa. Ver o exemplo de Paulo (1 Co 9.27; 1 Tm 4.8;
6;3; 2 Tm 2.3-5).
• A abundância de conhecimento bíblico ou a destreza nas
habilidades ministeriais não são a primeira prova da veracidade de
um anelo pelo ministério pastoral. Ao contrário, as Escrituras têm
como primeira prova o caráter piedoso (1 Tm 3; Tt 1).
• A liderança espiritual é uma questão de poder espiritual superior,
e isso, jamais nasce por si. Não existe algo que possa ser chamado
de líder espiritual autodidata. Ele só é capaz de influenciar
espiritualmente os outros porque o Espírito é capaz de trabalhar
nele e por meio dele, de modo mais abrangente do que naqueles a
quem ele lidera.
• O verdadeiro líder espiritual preocupa-se infinitamente mais com
o serviço que pode prestar a Deus e aos irmãos do que como os
benefícios e prazeres que possa extrair da vida.
• Áreas do caráter piedoso: vida moral, vida familiar, maturidade e
reputação.

2. Conhecimento bíblico-histórico-teológico
• É o que a pessoa deve saber. O conhecimento bíblico é
indispensável ao processo de treinamento. Sem ele, a pessoa não
pode crescer espiritualmente e formar um caráter piedoso, nem
pode ministrar de modo eficaz e significativo.
• O conhecimento bíblico não significa decorar capítulos e versos da
Bíblia, nem conhecer profundamente a dimensão teológica, mas
conhecer e colocar em prática os princípios da Sagrada Escritura.
Conhecer a Deus é o fundamento de uma vida ministerial
abençoada.
• É imprescindível também que as áreas do conhecimento bíblico-
histórico-teológico e da linguística são importantes. As veredas do
treinamento passam pelo aprendizado e o conhecimento das
línguas originais da Bíblia: hebraico, aramaico e grego.
• Desta forma, se evitará a alternativa de interpretação da Bíblia de
modo subjetivista, de acordo com os sentimentos e com uma
concepção relativista.

3. Habilidades ministeriais
• É o que a pessoa deve ser capaz.
• A idéia de que os resultados intelectuais e o sucesso acadêmico
nas salas da faculdade são equivalentes ao preparo completo para
o ministério pastoral, é, obviamente, uma ingenuidade.
• A preparação efetiva vai além da sala de aula, incluindo
treinamento no campo, sem o qual muitos estudantes não
saberão se conseguirão nadar ou se afundarão quando entrarem
no ministério.

Áreas de habilidades ministeriais

Liderar com Ensinar com


convicção autoridade

Ministério
Pastoral

Pregar Pastorear
com com cuidado
paixão

A ordenação para o Ministério Pastoral

Sobre o rito de ordenação do


vocacionado ao ministério da Igreja,
segue-se a imposição de mãos, rito
herdado dos hebreus, no Antigo
Testamento, que apresentavam a Deus
aquilo que seria abençoado e
consagrado pelo próprio Deus (Gn
48.41; Lv 1.4; Nm 8.12).
A ordenação é o processo pelo qual os líderes piedosos da igreja
confirmam o chamado, a capacitação e a maturidade dos novos líderes,
para que sirvam aos propósitos de Deus. A ordenação torna válida ou
autêntica a vontade de Deus de que um homem plenamente qualificado
possa servir a Ele e ao seu povo.
No Novo Testamento também se evidencia esse rito (Mt 19.13-15). Os
apóstolos também o exerciam naqueles que iniciavam o ministério (At
19.6). Mas, há uma advertência no sentido de que esse rito não deve se
revestir de nenhuma superstição; será inútil a cerimônia se assim for
processada. Somente os ministros poderão impor as mãos, não o povo, a
multidão (2 Tm 1.6; 1 Tm 4.14).
Ainda sobre o ministério da Igreja, faz-se uma afirmação que deve
encontrar lugar na própria comunidade em todo o curso da história: a
autoridade eclesiástica reside no múnus ou ofício como tal, não naqueles que
o exercerem... Essa autoridade promana do Espírito de Deus. O poder não
reside na pessoa e sim no ministério confiado e confirmado pela vocação
divina.
Tudo quanto os ministros falarem, assim o farão em nome da Palavra
e não de si mesmos (Êx 14.31; Dt 17.9-13; Ml 2.4-6, 7; Jr 23.28). É sabido
através da divina Palavra que os profetas falavam as palavras do Senhor.
Antes de profetizar diziam: “assim diz o Senhor.” Da mesma forma, quanto
aos apóstolos, a autoridade didático-doutrinária estava polarizada na
Palavra de Deus. Jesus lhes diz que seriam “a luz do mundo” e “o sal da
terra” (Mt 5.13-14). Eles eram a boca do próprio Cristo aos ouvidos das
pessoas (Lc 10.16). Deveriam ensinar a todas as pessoas a doutrina do
Reino de Deus (Mt 28.19-20).
Nessa mesma perspectiva, a Igreja também tem a incumbência de
proclamar a mensagem da Palavra de Deus, a tempo e fora de tempo, a
fim de que todas as pessoas da terra conheçam a vontade de Deus.
Assim, pode-se afirmar que a Igreja é comunidade proclamadora da
mensagem de salvação.
Fases para a ordenação ao Ministério Pastoral:

Fase de Fase de Preparo Fase de Ordenação


Apresentação
Conhecimento da Apresentação
Conversão Bíblia Exames
Chamado Serviços Eclesiais Licenciatura
Reconhecimento Teologia Bíblica Ordenação
Caráter Teologia Sistemática Acompanhamento
Conduta Teologia Pastoral Serviço
Capacidades Áreas do
Conhecimento

Qualidades espirituais do Ministro do Evangelho


“Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza,
lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias,
dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes
a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni,
que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam.”
“Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra
estas coisas não há lei. E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne,
com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos no Espírito, andemos
também no Espírito” (Gálatas 5. 19-25).

5. Sermão e Pastoral

Como a língua grega, a retórica grega tornou-se pronto instrumento


para a proclamação do Evangelho ao mundo gentílico. Já na última parte
do Séc. IV de nossa era, ela havia alcançado o seu maior desenvolvimento
entre os gregos, na oratória de Demóstenes e no famoso tratado de
Aristóteles sobre retórica. Posteriores contribuições vieram de oradores
romanos, notadamente de Cícero e de Quintiliano. No mundo greco-
romano, onde surgiu oi cristianismo, a retórica era a coroa da educação.
A Gramática facultava ao estudante o conhecimento do passado e
desenvolvia as suas aptidões literárias; a Dialética exercitava as forças do
seu raciocínio; e a Retórica ensinava o estudante a tirar proveito do seu
equipamento, especialmente na tribuna e no senado, instruindo-o na
arte de se expressar com facilidade, com frases apropriadas e
irresistíveis.
A prédica cristã teve início na Palestina. Seus primeiros pregadores e
auditórios, sua formação e afinidades espirituais eram judaicos. Era, pois,
muito natural e necessário que a maneira de se pregar seguisse o padrão
dos profetas do Antigo Testamento e do ensino rabínico.
A prédica cristã alcançou um progresso, disseminando a mensagem
do Evangelho por toda parte. A prédica ganhou auditório maior mais
favorável. Os elementos primordiais do discurso foram as maneiras
provadas de convencer e persuadir os mortais, e nas mãos de homens
piedosos como Basílio, Gregório, Crisóstomo, Ambrósio e Agostinho.
Assim surgiu a ciência da Homilética, que nada mais é do que a
adaptação da retórica às finalidades especiais e aos reclamos da prédica
cristã.
O objetivo do pregador é convencer o ânimo, despertar a
imaginação, mover o sentimento e impelir poderosamente a vontade na
direção daquilo que a verdade exige. Há certos fatos a respeito de
processos e funções da mente humana que dão existência a princípios de
tratamento. Importa bem mais que o pregador aprenda esses princípios
ao invés de servilmente decorar e obedecer a umas tantas regras. Haverá
ocasião, no que respeita a regra sem se quebrar este ou aqueles
princípios. Circunstâncias diversas, a individualidade do pregador, a
ocasião, bem como a espécie de auditório, tudo isso faz com que as
regras fiquem no seu lugar de servos, e não de senhores, para que as
formas sempre sejam flexíveis e variáveis.
A melhor qualidade de um sermão não é o fato dele ser bastante
homilético, mas o de mover e comover as vidas para aceitarem o Reino
de Deus e sua justiça. Entretanto, a Homilética é profundamente
necessária, porque dará condições ao pregador da Palavra de Deus
poder apresentar melhor a mensagem que transforma vidas e a
realidade que cerca o ser humano. É preciso entender e apreender bem
as partes que compõem a matéria em questão. Sendo bem apreendidas,
darão segurança, porque se configuram como instrumentos para a
realização maior do serviço da Igreja de Jesus Cristo.
1. Definição de pregação
A pregação é arte de proclamar a Palavra de Deus. É a tarefa
primordial da Igreja e de mais nenhuma sociedade humana, porque ela
foi eleita e designada para tal serviço.
A palavra “pregação” é derivada do latim praedicatio, que por seu
turno traduz o grego kerygma, palavra esta que, em seu sentido mais
geral, significa a proclamação de um fato ou de um acontecimento. É
situada regularmente no Novo Testamento para descrever a mensagem e
a atividade dos evangelistas cristãos, os quais tinham “boas novas”
supremas para contar, boas novas de que, em Cristo, Deus visitou e
redimiu o seu povo e que a salvação estava sendo oferecida
gratuitamente a todos quantos se arrependessem e pusessem sua
confiança nele. Os pregadores eram os arautos do Reino de Deus.

2. Definições de termos e tipos de sermões


Há dois critérios para a classificação dos sermões: pela extensão do
texto escolhido e pelo assunto de que trata esse texto.
Pela extensão do texto, os sermões se dividem em tópicos (texto
breve), e expositivos (texto longo).

1. O sermão tópico pode ser de duas espécies:

a) Tópico propriamente dito (deriva do texto só o assunto). Ex: Gl


6.14. Assunto: A glória do cristão. As divisões são sugeridas pela
análise do assunto;

b) Textual (derivam do texto o assunto e as divisões). Ex: Jo 14.6


Assunto: O único mediador entre Deus e os homens. Divisões:
1ª - Caminho, 2ª - Verdade, 3ª - Vida.

2. O sermão expositivo pode ser:

a) Doutrinal. Ex: 1ª Co 13 (sobre o amor);


b) Histórico (fato, biografia, milagre, parábola). Ex: A conversão de
Zaqueu. Lc 19.1-10.
Pelo assunto de que trata, o sermão pode ser: 1º. Doutrinário
(didático, apologético e polêmico); 2º. Prático (deveres); 3º. Histórico.
De acordo com essa classificação dos sermões, deve-se notar o uso
convencional dos termos. A rigor, todo sermão é tópico, porque tem
assunto, e é textual, porque se baseia em um texto.
Há também um sentido em que todo sermão é doutrinário, porque
não há sermão que não esteja relacionado com alguma doutrina.
Não é correto pregar somente sermões textuais. Porque nem todos
os textos contêm divisões; e também porque é preciso pregar toda a
Palavra de Deus.
O sermão expositivo está sujeito aos mesmos preceitos aplicados aos
outros tipos de sermões, isto é, apresenta a mesma estrutura, com
assunto e divisões.
Um sermão será doutrinário ou prático, de acordo com a natureza de
verdade exposta.
Pode considerar-se textual a não expositivo, o sermão sobre uma
parábola contida em um só versículo, ou em um texto breve. Ex: A
parábola do tesouro escondido. Mt 13.44.
Recomenda-se que, de preferência, o pregador inclua no mesmo
sermão doutrinário os três elementos: didático, apologético e polêmico.
No sermão histórico, tem-se a doutrina concretizada em um fato ou
pessoa. Parábolas são fatos imaginários, mas possíveis. Milagres são
fatos reais, mas, em relação ao ensino, podem ser considerados
“parábolas em movimento”.
Estudos bíblicos, palestras religiosas, exposições ou comentários de
alguns versículos da Bíblia – tudo isso pode ser bom e útil, mas
tecnicamente não é sermão.

3. Tipos especiais de sermões

É inteiramente conveniente apresentar algumas sugestões sobre


sermões para ocasiões especiais, ou dirigidos a classes e grupos distintos.
São sermões que não estão classificados segundo o Calendário Cristão.
Em geral o Calendário Cristão começa com o período do Advento,
período que inclui quatro domingos antes do Natal. Depois do Advento
os períodos sucessivos se relacionam com as várias fases da carreira
terrena de Nosso Senhor. Do começo do Advento até a Páscoa, durante
quase seis meses, o Calendário Cristão aponta constantemente para
Cristo, e depois para a operação do Espírito Santo e para o Reino
Vindouro, bem como para o serviço da Igreja.
Em seqüência, constam sugestões para sermões em ocasiões
especiais:

• Sermões para funerais


Em todos os lugares há uma exigência de serviços religiosos, e,
particularmente, o ofício fúnebre. O povo prefere quase sempre um
ofício religioso simples, talvez com uma fala breve, em memória do
falecido, ou várias falas em caso de interesse especial. Entristecidas e
abandonadas, as pessoas sentem necessidade de consolo, não
importando quem quer que seja, diante do choro pela perda do ente
querido. E, o pregador pode aproveitar a oportunidade para chamar a
atenção de todos para a mensagem do Evangelho da graça de Deus e
incutir a necessidade das pessoas viverem uma vida piedosa diante de
Deus. É importante observar que cada país segue seu método especial,
com falas ou cânticos, ou de lamentos, para satisfazer a tal desejo. Nem a
tristeza pessoal do pregador e nem a atenção demasiada para com os
sentimentos de outros devem levá-lo a elogios exagerados.

• Sermões acadêmicos e de aniversário


Os sermões pregados em instituições de ensino ou por ocasião de
reuniões literárias não poucas vezes são apresentados de modo bem
errado. O pregador acha que não deve apresentar um sermão regular
sobre o evangelho e que se deve cingir a matérias de elevada erudição,
ou metafísicas. É muito de se desejar que em tais ocasiões se pregue
sobre tópicos eminentemente evangélicos, sobre o próprio cerne do
Evangelho. A ciência e a erudição já são uma prática na vida diária desses
professores e alunos. Naquele instante eles precisam mesmo é de uma
Palavra de Deus. O sermão universitário deve ter objetivo claro, força e
suavidade; e as associações de idéias do momento podem sugerir
algumas vezes ligeiras modificações ou peculiaridades de alusão, de
ilustração e de estilo. Quando se prega a jovens universitários, de rostos
inteligentes, o coração do pregador se derrete de simpatia e amor por
eles, ao pensar na força que poderão ser no mundo, a favor do bem ou
do mal. Quanto a aniversário é importante ressaltar o valor da existência,
e principalmente da gratidão a Deus pela vida.
• Sermões de despertamento
O objetivo principal é despertar os que são cristãos ao trabalho de
santificação, de evangelização, de ajuda ao próximo e ao mundo. Quando
o pastor percebe que seu rebanho está se acomodando às quatro
paredes, sob a unção do alto, utilizando-se da Palavra de Deus, pode
transmitir a mensagem de despertamento do povo de Deus para
continuar o serviço que o Senhor lhe confiou.
Como devem ser esses sermões? Devem ser curtos; devem variar
bastante quanto ao seu caráter e conteúdo. Precisam em geral obedecer
a uma sequência lógica, ou a uma lei em sua sequência. Essa ordem
dependerá de uma série de circunstâncias que se tornará impossível
estabelecer uma regra geral que abranja todos os casos. Devem ser
constituídos primariamente de uma pregação sadia, completa e global do
Evangelho de Cristo.

• Sermões para crianças, adolescentes e jovens


Os trabalhos em favor de crianças, adolescentes e jovens,
constituem-se movimentos característicos de nossa época. Urge, pois,
que se dê atenção especial ao assunto da prédica para crianças. As
sugestões sobre este assunto devem incluir as falas menos formais a
crianças nas escolas dominicais, em aniversários e ocasiões de festas e
outras semelhantes.
Quase todos percebem que poucas pessoas alcançam real sucesso
no falar a crianças. Mas, sempre há o testemunho de alguém. Certa vez,
em Filadélfia, nos Estados Unidos, um homem humilde, membro de uma
igreja evangélica por nome de Walt, procurou o superintendente de sua
Escola Dominical para ensinar numa classe. O superintendente lhe disse
para sair pelas ruas do bairro e arranjar alunos se quisesse ter uma
classe. Então, saiu pelas ruas e começou a convidar alguns garotos do
bairro. Conseguiu formar uma classe com treze garotos. Nove deles eram
filhos de casais separados. Hoje, adultos cristãos, estão engajados no
serviço do Reino de Deus de tempo integral. Dentre eles estava Howard
Hendrichks, que por mais de trinta anos tem preparado pregadores e
mestres no famoso Dallas Theological Seminary. É autor de “Ensinando
para transformar vidas”.
Freqüentemente se afirma que no infante predomina a imaginação;
na criança de dez ou onze anos prevalece a memória; e já até o seu maior
desenvolvimento se tornam mais ativos os poderes de abstração e
raciocínio. Portanto, é muito importante que se dê atenção a jovens,
crianças e adolescentes para que sejam adultos bem preparados para a
vida. Homens e mulheres de Deus na história.
Em geral. Pregando a crianças, deve-se diligenciar em fazer três
coisas: interessar, instruir e impressionar. Para interessá-las, deve haver
clareza no plano geral da fala e também no estilo. As crianças precisam
compreender para se interessarem pelo assunto. Duas palavras favoritas
às crianças são “lindo” e “divertido”. Essas palavras constituem para as
crianças dois centros irradiadores de pensamento, pois se estendem a
muitas outras coisas.

• Sermões para outros grupos especiais


Por variadas razões o pregador achará sempre desejável, e até
mesmo necessário, às vezes, pregar a outros grupos ou classes especiais,
além das crianças. Algumas vezes pode ser por ocasião de um
aniversário, ou de uma reunião especial, ou de uma celebração, quando
esta ou aquela classe estiver diretamente interessada ou relacionada
com a reunião. De outras vezes, a pedidos formais ou particulares de
sociedades ou de indivíduos que representam suas classes. E ainda
outras vezes pode ser de livre escolha do pregador, por sentir essa
necessidade no decurso de sua obra regular, seja para variar ou por
alguma razão toda particular.
Algumas sugestões gerais:

1. Tomar bastante cuidado na escolha do texto e do assunto.


Busque-se encontrar e usar os textos e assuntos que tenham
suavidade e propriedade e que empolguem; evite-se forçar o
efeito, pondo-se de lado especialmente o que parecer forçado,
industrializado e artificial na aplicação do assunto à ocasião.

2. Não procurar ser muito contundente e pessoal no discurso e na


aplicação dele. A própria ocasião por certo fará bastante no que
respeita à aplicação do que se disse a esta ou àquela classe
especial que se tem diante dos olhos. Há o perigo de afastar ao
invés de ganhar as pessoas que pretende convencer e alcançar, se
o pregador as separar demasiado de outros, num discurso direto e
contundente. Todavia, um apelo pessoal e delicado é coisa muito
natural e pode alcançar preciosos resultados.

3. Tratar o tema e aproveitar a ocasião de modo a interessar e


beneficiar a congregação em geral. A classe ou grupo especial a
que o pregador se dirigir pode ser bem maior em comparação
com o resto do auditório e, mesmo que constitua maioria, deve
sempre haver uma razão para ser útil e proveitoso para todos.

4. Pregar sempre o Evangelho. É fundamenta não se deixar levar


nem se envolver por mero sensacionalismo l. É preciso deixar que
as grandes verdades da Bíblia encontrem clara e indiscutível
expressão e aplicação honesta e intercessória.

6. A liturgia das ordenanças na Igreja: ritos e celebrações dentro e


fora da Igreja e Disciplina na Igreja e Culto

“Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito


e em verdade” (João 4.24). Deus é um ser espiritual, requer que seus
adoradores o adorem com verdadeira adoração. O Senhor procura os
seus adoradores. As pessoas, de uma forma geral, não sabem adorar a
Deus.
Por quê as pessoas, de uma forma geral, não sabem sobre a
adoração a Deus? Primeiro porque ainda há pessoas que não tiveram um
encontro com o Senhor. Segundo, porque as pessoas que já são parte do
corpo de Cristo que é a Igreja, uma grande parcela, necessitam aprender
sobre a doutrina cúltica. E, é certo que o Senhor é o agente determinante
desse encontro que é sempre libertador.
“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o
vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto
racional” (Romanos 12.1). Os sacrifícios do Antigo Testamento eram de
animais mortos. O sacrifício do Novo Testamento é vivo. O Culto do
Senhor é RACIONAL. Tem de ser feito com ordem e decência; com lógica,
com expressão de vida, porque Deus é vivo e vive no meio do seu povo.
1. Entendendo o significado de “culto cristão”
O que queremos dizer com “culto”, como vamos determinar o que
torna o culto “cristão”? É importante lembrar que nossa cultura está
cheia de vários outros tipos de culto. Vivemos num mundo onde
prevalece a faceta de um pluralismo. Pluralismo em todos os segmentos
sociais.
Sobre o fenômeno do Culto Cristão, encontramos dentro do Novo
Testamento a existência de uma estrutura semanal de tempo, porque é
no tempo que se cumprem os objetivos de Deus. Deus escolheu o seu
povo para lhe render culto. O culto tem os seus componentes: oração e
louvor; leitura e pregação da Escritura; a celebração dos sacramentos.
O significado do Culto precisa ser fundamentado na Cristologia. A
própria vida de Jesus de Nazaré é, em certo sentido, uma vida litúrgica,
isto quer dizer que esta é a fundamentação cristológica do culto cristão.
O culto cristão está vinculado diretamente aos eventos da história da
salvação. O núcleo do culto é Deus agindo para dar sua vida ao ser
humano e para levar o ser humano a participar dessa vida. Assim, a vida
cristã é uma liturgia.
Quando se pensa em Igreja, concomitantemente, se pensa em culto.
A Igreja é a Assembléia dos que vivem pela salvação que Cristo efetivou.
A Igreja no seu culto representa o mundo diante de Deus e o protege.
Uma das maiores e melhores afirmativas para dizer o que é o culto
cristão é esta: “O CULTO: PONTO DE ENCONTRO DE DEUS COM SEU
POVO”. A Igreja atesta a presença de Deus na história. Este é o
testemunho firme contra toda a idolatria.

2. Entendendo o significado de “liturgia”


“Liturgia” deriva-se do grego “ ”, que pode significar
SERVIÇO PÚBLICO OU PARTICULAR, feito por um cidadão. Um melhor
entendimento é o de “servidor público”.
O serviço que a Igreja presta é a Deus e aos homens. A Igreja é serva
do Senhor a serviço da humanidade. Uma boa síntese é esta: “Culto como
serviço de Deus à comunidade” e “Culto como serviço da comunidade
perante Deus”. Somente Deus torna o Culto possível. O Culto é do
Senhor.
Sendo assim, não existe “Culto da Mocidade”, “Culto dos Homens”,
“Culto das Mulheres” ou de quem quer que seja citado. O Culto é do
Senhor. A dádiva de Deus evoca a entrega humana.
O culto é a “epifania da igreja”, a qual, visto que resume a história da
salvação, capacita a igreja “tornar-se ela mesma, tomar consciência de si
mesma e se confessar entidade específica”.
No culto, todos são importantes para Deus. Há as diversas liturgias:
do Pastor, do Diácono, do Presbítero, do Coral, da Congregação. Os dons
são distribuídos pelo Espírito Santo conforme lhe apraz, a fim de que a
Palavra de Deus seja cumprida.
Pergunta para reflexão: “O QUE É UMA VIDA LITÚRGICA?” Não é uma
vida de serviço ao Deus libertador?

3. O culto expressa que há ordem


Entendemos que Deus é organizado. Nele não existe confusão. Logo,
se exige que no Culto do Senhor haja uma ORDEM.
É importante ter a noção de que a Ordem do Culto possui uma
teologia. Nada é feito de forma aleatória ou sob certos pretextos
estéticos, de conformidade com o gosto pessoal dos participantes.

 MODELO DE UMA ORDEM DO CULTO DO SENHOR

1. Preparação para o Culto do Senhor (Todos devem saber o que vai


acontecer no local)
• Entrada dos Oficiantes
• Entrada da Bíblia
• Prelúdio

2. Adoração e Louvor (Reconhecer e bendizer a presença de Deus


que convocou o seu povo)
• Leituras apropriadas da Palavra de Deus
• Cântico de Adoração
• Oração de Adoração e Louvor ao Deus Trino

3. Contrição (Reconhecer que somos pecadores e que temos falhado


na missão)
• Leituras apropriadas da Palavra de Deus
• Cântico apropriado
• Momento de Oração Silenciosa de Confissão e Súplica
• Oração Pastoral
• Cântico apropriado
• Promessa da Graça de Deus

4. Edificação (Deus fala com o seu povo por meio de sua Palavra)
• Oração por Iluminação
• Leitura da Palavra de Deus
• Sermão

5. Dedicação (A resposta de compromisso que o povo dá depois de


ouvir a Palavra de Deus)
• Cântico apropriado
• Leitura apropriada
• Oração de Dedicação
• Apresentação de Dízimos e Ofertas (Simbolizando a vida de serviço
a Deus)

6. Celebração dos Sacramentos (Os sacramentos são celebrados


depois da Mensagem)

7. Ação de Graças (O povo de Deus agradece por tudo quanto viu e


ouviu)
• Cântico apropriado
• Oração de Ação de Graças

8. Despedida (O povo de Deus se despede para a missão no mundo)


• Texto Bíblico de Despedida
• Bênção
• Amém Tríplice
• Poslúdio
• Saída da Bíblia
• Saída dos Oficiantes

É de bom alvitre recordar a reflexão em questão, ainda que concisa,


servirá para um melhor posicionamento cúltico na Igreja de Cristo. É
importante saber que, quem preside o Culto é o próprio Deus, e somos
apenas meros instrumentos de sua bondosa graça.
A liturgia tem de ser elaborada com zelo e cuidado, sob oração, e
direcionada inteiramente a Deus para a edificação da Igreja. Todos os
atos litúrgicos visam à glória de Deus em Jesus Cristo, na força e no poder
do Santo Espírito. Assim, tudo o que for estranho ao culto tem de ser
descartado.
Deus sempre requereu de seu povo obediência e singeleza, justiça e
paz na concretização da fé que uma vez por todas foi entregue aos
santos. O nome do Senhor é Santo e por isso, a começar por uma vida
santa, dedicada e aberta para Deus, tem der ser o adorador ou na
adoradora.
É de extrema importância que a Igreja do Senhor Jesus Cristo possa
desenvolver sua vida eclesial fundamentada numa dinâmica, que marque
mais a sua identidade no mundo, como o Povo que Deus escolheu para
ser o sal da terra e a luz do mundo.
Para que isso aconteça, existe o Calendário Litúrgico ou Cristão, com
seus temas e textos próprios para cada época. Mas, é importante
também observar que a Igreja está inserida no mundo, logo não pode
deixar de exercer a sua missão como corpo de Cristo. E, na condição de
corpo de Cristo ela tem uma responsabilidade no mundo: viver e
proclamar a mensagem de salvação, ordenada por Jesus Cristo.
Sobre o Calendário Cristão, significa que a Igreja, diferente do
calendário civil, apresenta-se como uma realidade especial na história da
existência humana. Entretanto, essa realidade toca à realidade civil, uma
vez que a Igreja está no mundo e não pode prescindir dele em momento
algum.

4. Calendário Eclesiástico
Calendários cívicos comemoram obras humanas. O Calendário
Litúrgico celebra o que Deus fez em Cristo Jesus, o que continua a fazer
hoje mediante o Espírito Santo e o que promete fazer no futuro. É uma
lembrança sobre a salvação, que chegou até nós. Esse Calendário gira em
torno dos grandes atos de Deus em Jesus Cristo para a redenção do
mundo.
O cristianismo não fala da salvação em termos genéricos, mas da
salvação realizada por meio de ações específicas de Deus em tempos e
lugares definidos. Fala de eventos culminantes e de um final do tempo.
Na plenitude do tempo, Deus invade a história humana, assume nossa
carne, cura, ensina e come com pecadores.
Há um cenário histórico e especial específico para tudo isso:
“Celebrava-se em Jerusalém a festa da Dedicação. Era inverno. Jesus
passeava no templo, no pórtico de Salomão” (Jo 10.22-23). E quando sua
obra está realizada, Jesus é morto num dia específico, relacionado com a
festa da Páscoa daquele ano em particular, ressurge no terceiro dia. Tudo
isso faz parte do mesmo tempo que nós habitamos, tempo medido por
um dispositivo espacial, o calendário.
O tempo é uma linguagem de comunicação em nossa vida diária.
Trata-se de uma forma de comunicação usada com significados
consideravelmente diferentes em culturas diferentes. O cristianismo se
baseia numa percepção humana natural do tempo como transmissor de
significado ao falar fluentemente a linguagem do tempo em seu culto.
É importante observar como os cristãos administram o tempo, como
oportunidade que Deus concede para realizações, no sentido de se
experimentar a fé e a esperança no Reino de Deus em amor.

• O Ano Litúrgico
A figura que segue mostra a sequência de todo o desenvolvimento da
liturgia da Igreja de Cristo, independentemente de qualquer via
denominacional. Isso significa que existe uma ordem especial que
testifica acerca de uma obra especial de Deus revelada em Jesus Cristo,
na força e no poder do seu Santo Espírito. E, é necessário que a Igreja do
Senhor esteja atenta a essa dinâmica, pois tem por objetivo mostrar que
Deus está agindo no mundo. Deus não está parado, e age também
através de seu povo, este que possui as marcas de um testemunho fiel e
verdadeiro.
O que se verá na figura a seguir é o símbolo de testemunho a todas
as pessoas de todas as partes do mundo, sobre o que o Senhor fez, está
fazendo e fará.

O Ano Litúrgico
O Ano Cristão possui três ciclos:

1) A sequência semanal do Domingo que, de sete em sete dias, se


comemora a ressurreição do Senhor, formando o alicerce e o
núcleo do ano litúrgico.
2) O Ciclo do Natal, que inclui as quatro semanas do Advento, os 12
dias do Natal, e termina no dia 6 de janeiro, a Epifania do Senhor.
3) O Ciclo da Páscoa, que abrange os 40 dias da Quaresma
(terminando com a Semana Santa), os 50 dias da Páscoa e chega
ao apogeu no Dia de Pentecostes.
O Ano Litúrgico caracteriza-se na sua maior parte pelo Tempo Comum
– tempo normal ou habitual. É o tempo-padrão, marcado pelo ciclo
semanal tendo seu ponto alto na adoração dominical do Senhor, que
venceu a morte e renova todas as coisas.
Durante o Tempo Comum, ocorrem quatro dias especiais: Batismo do
Senhor, Transfiguração do Senhor, Trindade e Cristo, o Rei do Universo.
O ano litúrgico simboliza a soberania de Deus sobre o tempo: “Cristo,
ontem e hoje, o princípio e o fim, o Alfa e o Ômega; todo o tempo
pertence a Ele, e todos os séculos” (da antiga liturgia da Vigília Pascal).
O Cristianismo possui a sua linguagem própria. É a bela e rica
linguagem do rito, do poema, da metáfora, da parábola; a linguagem dos
símbolos, que comunica, não por colocações lógicas, mas por alusões à
Realidade-além, maior do que o símbolo em si mesmo.
Quanto ao Lecionário, consiste no sistema organizado de leituras
bíblicas para o culto, que acompanha o desdobramento do ano litúrgico.
O Lecionário fornece três leituras para cada culto dominical por um
período de três anos. As leituras seguem um plano que proporciona uma
visão panorâmica de toda a história da salvação.
A sequência se repete de três em três anos (Trienal), sendo dividida
em Ano A, Ano B e Ano C.
É importante saber que o uso do Lecionário nos Cultos Dominicais:

1) Restabelece a Centralidade da Palavra de Deus no culto.


2) Estimula o preparo de Sermões Expositivos dos textos bíblicos.
3) Facilita o planejamento do Culto com antecedência.
4) Serve de guia para os membros da Igreja se prepararem para o
Culto.

• As principais datas litúrgicas

a) Advento - Os quatro domingos antes do Natal é um tempo de


preparação da Igreja e do mundo para a celebração do
nascimento de Jesus. Anunciar que Deus se encarnou e habitou
entre os seres humanos. É tempo também de anunciar que Jesus
voltará, e que todos devem estar preparados para a sua volta.
Deve haver vigilância. A cor litúrgica é o azul, símbolo da realeza
de Cristo. O primeiro domingo do Advento é o Dia de Ano Novo
cristão.

b) Natal - (Natividade do Senhor) Celebração do nascimento de


Jesus Cristo, a vinda de Deus Criador no seio da família humana. O
Natal celebra a autodoação de Deus no nascimento de Jesus
Cristo. O tempo do Natal continua esta comemoração até o fim da
Epifania. As cores de ouro e branco simbolizam um novo tempo na
história.

c) Epifania - 6 de janeiro. Através do início da Quaresma, que é um


momento de celebrar o mundo inteiro a natureza da caminhada
cristã. A Epifania segue imediatamente a recordação do
nascimento de Jesus. A base bíblica para a Epifania está no
Evangelho de Mateus, capítulo 2, versículos 1-11. É a história da
visita dos estudiosos de uma terra distante para homenagear um
novo filho que nasce, e que seria importante para toda a raça
humana. Epifania é um momento para ampliar a visão do povo
cristão. O objetivo é o de ser aberta a pessoas de todas as
culturas, raças e religiões. Epifania é uma bem-vinda a todo o ser
humano sobre a terra. As cores utilizadas são: branco, ouro e
verde.

d) Quaresma – Tempo de reflexão - “A Quaresma é um período de


quarenta dias úteis e seis domingos. Inicia-se na Quarta-feira de
Cinzas e termina na Semana Santa. Durante esse período, a Igreja,
entristecida, proclama, relembra, e responde à morte expiatória
de Cristo” (Manual do Culto da Igreja Presbiteriana Independente do
Brasil. São Paulo, p. 326). É importante saber que a Quaresma abre
o início do Ciclo Pascal e as cores se diversificam. Nas primeiras
cinco semanas, a cor é o roxo; Domingo de Ramos ou da Paixão,
vermelho e/ou roxo; Sexta-feira da Paixão, a cor é o preto ou
nenhuma cor. “As origens da Quaresma são controversas”.
• Era costume pensar que a Quaresma se teria originado como o
intensivo período final de preparação para aqueles
catecúmenos (convertidos que estavam sob treinamento) que
tinham sido separados, após considerável preparo, para serem
batizados na Vigília Pascal. Novos indícios mostram uma
vertente possivelmente anterior, um jejum de 40 dias no Egito,
após a Epifania, associado aos 40 dias que Cristo passou no
ermo, os quais se seguem imediatamente à narrativa de seu
batismo nos evangelhos sinóticos”. É mais provável esta
segunda informação, que é mais seguida pela cristandade em
todo o mundo reformado.
• Seja como for, foi no Concílio de Nicéia de 325 que pela
primeira vez se fez referência à Quaresma como ‘40 dias’,
fazendo-a preceder imediatamente à Páscoa”. A Quaresma é
esse período do Calendário Cristão que, segundo a experiência
cristã, induz o cristão a fazer certas perguntas relacionadas à
sua própria vida: O que é ser cristão? Qual foi a finalidade da
vida e da obra de Jesus Cristo por cada pessoa? Como devemos
viver a vida cristã: estagnada ou dinâmica como Cristo, que foi
às últimas consequências para nos dar a salvação? Não é certo
que, como o povo de Israel (Êxodo 12.37 ao Cap. 40) a Igreja
anda por esse grande deserto que é o mundo? Jesus foi
conduzido pelo Espírito ao deserto (Mateus 4.1; Marcos 1.12;
Lucas 4.1). O deserto é um lugar de provas e de bênçãos. O
deserto não é algo ruim, mas é nele que paramos para refletir e
trabalhar; plantar e colher, pois o Senhor sempre está com o
seu povo.
• O tempo que se inicia na Quarta-feira de Cinzas, e que tem seu
significado por causa da imposição de cinzas na fronte de todos
os cristãos; prática esta que remonta pelo menos a fins do Séc.
XI, nos convida ao nos entristecermos pelo pecado que
aborrece a santidade de Deus e sermos de verdade
construtores de um mundo melhor, pela pregação do Reino de
Deus, na caminhada que tem sua marca na de Jesus de Nazaré.

e) Domingo de Ramos – UM REI HUMILDE NUMA CIDADE POMPOSA


- “Levaram o jumentinho, sobre o qual puseram as suas vestes, e nele
Jesus montou.” (Marcos 11.7). Parece ser paradoxal a atitude de
Jesus sobre o significado do Messias tão esperado pela nação
judaica. E, de fato é uma ironia, pois os judeus, principalmente as
autoridades religiosas, aguardavam um messias político, que viesse
para destruir todos os inimigos políticos de Israel. Em vez de vir
montado num cavalo branco e bonito, Jesus monta num
jumentinho; em vez de vir para destruir as pessoas, Ele vem para
dar-lhes o verdadeiro sentido da vida.
• Realmente, é paradoxal essa ação de Jesus. Enquanto a cidade
de Jerusalém se extremava na sua pompa religiosa, por causa
do Templo tão valorizado, Jesus, o Rei humilde, veio para reinar
no coração das pessoas; veio para valorizar aquelas que eram
desprezadas pela liderança religiosa que dava mais valor à
instituição do que a própria vida. A aclamação de Hosanna
(Marcos 11.9s) em referência ao Salmo 118.25, significa “salva
agora”. Era uma palavra usada quando as pessoas se dirigiam
aos reis. “Hosana” podia, portanto, ser empregada a peregrinos
ou a rabinos famosos, mas com a saudação ou aclamação de
preferência a grito pedindo ajuda. Diante disso, as pessoas que
agitavam os ramos e os espalhavam pelo caminho, talvez
pensassem que Jesus era um novo rei que mudaria a sorte do
povo politicamente. Eram pessoas que estavam à beira da
margem, portanto, marginalizados e sem esperança.
• Mas, Jesus não dá muita atenção ao movimento de aclamação,
pois Ele não era o Rei-messias esperado pelos judeus, mesmo
sendo os clamores que representavam a ortodoxia vigente que
presumia a reabilitação do Templo como estado no “Reino de
Davi”. Jesus era aquele que veio para mudar a sorte das
pessoas.
• Foi assim o que aconteceu: veio para fazer a vontade do Pai,
que é salvar as pessoas e dar-lhes um nova vida. Jesus é o Rei
humilde, o Deus que desceu da sua glória e se tornou como um
de nós. Ele veio para reinar em nossos corações dilacerados
pelo pecado. A única estrutura que mais impactava Jesus era a
vida humana. E, hoje não mudou. O Senhor é o soberano que
continua transformando corações e mentes para melhor.

f) Sexta-feira da Paixão de Cristo – A Semana Santa. Por que essa


semana que começa com o Domingo de Ramos é chamada de
“Semana Santa?” Todas as semanas não são santas? A fim de que
haja uma resposta coerente, faz-se necessário uma reflexão sobre
o significado da história da salvação do ser humano na perspectiva
da vida de Jesus Cristo.
• Quem é Jesus Cristo? É o Filho de Deus, que veio a este
mundo, constituindo-se o mediador da criação e da salvação.
Para que o ser humano não se perca em seus delitos e
pecados, marca do afastamento de Deus o Pai, foi preciso
que Deus se tornasse um de nós, mas sem pecado. Nasceu
da virgem Maria e viveu a sua vida para que todos nós
tivéssemos vida para sempre.
• A Semana Santa é significativa para os cristãos porque
recapitula a história da Paixão de Jesus. A liderança religiosa
de seu tempo armou um plano de morte para o Filho de
Deus, que só veio para fazer o bem (Marcos 14.1-2). Jesus foi
traído por um dos que participavam do Colégio Apostólico
(Marcos 14.10-11). Pedro também negou que era um dos
seguidores de Jesus (Marcos 14.66-72). O Senhor tomou a
Ceia com os discípulos, no sentido de que pagaria o alto
preço em favor da vida de homens e mulheres deste mundo.
A sua alma estava triste e angustiada, porque a sua hora
estava chegando (Marcos 14.32-42). O Senhor foi traído e
preso como se fosse um marginal. Esteve perante as
autoridades políticas para ser julgado, pois era a sua última
semana (Marcos 15.1-47). Ele sofreu até à morte e depois o
sepultaram.
• Todas as pessoas têm de saber sobre a vida e obra do Filho
de Deus que se entregou por nós todos.

g) Ressurreição do Senhor Jesus Cristo - João 20.1-11. O significado


da existência da Igreja somente encontra sua razão de ser a partir
de sua base: A RESSURREIÇÃO DE CRISTO.
• O Povo de Deus vive porque a cruz e o túmulo estão vazios.
Isto quer dizer que Jesus vive. Todos os líderes religiosos que
surgiram morreram, e seus restos mortais foram
identificados. Era costume dos egípcios embalsamarem seus
reis, pois, mesmo depois de mortos eram adorados. Com o
passar dos anos, esse costume foi adotado pelos romanos,
que passaram a cultuar também o Imperador em vida e
depois de morto. O Senhor Jesus Cristo morreu, mas
ressuscitou dentre os mortos. Não foram encontrados seus
restos mortais.
• O relato bíblico-neotestamentário é um documento
autêntico que trata da RESSURREIÇÃO DE JESUS CRISTO,
afirmando que Ele venceu a morte retumbantemente.
Corroborando com essa verdade da Ressurreição, os quatro
evangelhos têm o registro de vários aparecimentos depois
da Ressurreição; junto com Atos 1.3-8 e 1 Coríntios 15.5-8, há
o registro de doze aparições: as primeiras seis ocorreram em
Jerusalém, quatro na Galiléia, uma no monte das Oliveiras e
uma no caminho de Damasco.
• João não se preocupa com que seus leitores tenham uma
simples meditação teológica, mas está concentrado em
relatar o que realmente aconteceu no ato da Ressurreição do
Senhor Jesus Cristo. João não se preocupa com o “está
consumado”, mas de fato, descrever com precisão o que deu
à Igreja esperança e firmeza em sua caminhada: AVITÓRIA
TRIUNFAL DO SENHOR DA VIDA.
• Maria Madalena agitou-se interiormente ao observar que, de
madrugada, a pedra do sepulcro estava revolvida, e
angustiada não sabia onde havia sido colocado o corpo de
Jesus. O próprio Pedro, indo com o Discípulo Amado (João)
ao sepulcro viram somente os lençóis, e CRERAM. Por algum
tempo ficaram tristes: “Pois ainda não tinham compreendido
a Escritura, que era necessário ressuscitar Ele dentre os
mortos” (v.9).
• Eles deveriam CRER que o túmulo estava vazio, porque JESUS
RESSUSCITARA.

O TÚMULO VAZIO
1. O TÚMULO VAZIO É A PROVA CONCRETA DO CRISTO
RESSURRETO. Maria Madalena, Pedro e João puderam
testemunhar desse fato (v.1,2). João registrou tudo para que
todos possam crer e ter a vida eterna. Celso, filósofo e
polemista romano, anticristão do fim do séc. II, desprezou a
narrativa da Ressurreição como baseada na alucinação de
uma “mulher histérica”. As mortalhas estavam sem uso, no
chão, e não se tratava da remoção do corpo, mas da
Ressurreição de Cristo Jesus.
2. A RESSURREIÇÃO É O FUNDAMENTO DA SÓLIDA VIDA DE FÉ
DA IGREJA DE CRISTO. “...O OUTRO DISCÍPULO... VIU E CREU.”
(v.8). Disse Jesus: “Quem crê em mim, ainda que morra
viverá...” (João 11). É a palavra inspirada que é de grande
valor, a qual afirma a RESSURREIÇÃO DE JESUS (v.9). A
Palavra é digna de crédito, fidedigna e íntegra. Os primeiros
cristãos CRERAM NA RESSURREIÇÃO DE CRISTO não por não
encontrarem seu corpo, mas porque acharam um Cristo vivo.
Esta, portanto, é a base da Fé Cristã.
3. A RESSURREIÇÃO DE CRISTO É A NOSSA RESSURREIÇÃO. Em
Cristo temos a imortalidade – a vida com Deus para sempre:
a vida eterna. A nossa fé não é vã, pois Cristo ressuscitou!
“Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu
aguilhão?” (1 Co 15.55). “Graças a Deus que nos dá a vitória,
por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co 15.57). CRISTO
RESSUSCITOU, ALELUIA !

h) A ascensão e o senhorio de Cristo – O resultado e a plena


concretização da ressurreição estão intimamente relacionados
com a ascensão de Cristo. Esta referência e representação são
centrais e se encontram de uma maneira bem sublinhadas, de
forma que o crente deve observá-la de modo profundo, na direção
de uma realidade dita celeste ou espiritual. A realidade da glória e
da majestade de Deus. De uma certa maneira, o processo caminha
de modo a ser observada a pessoa de Cristo, que não pode ser
tomada em sua individualidade, sem reenviar ao seu Reino de
uma parte, e ao seu Pai, de outra.
• O que vem junto dessa temática é bem conhecido pelos
teólogos, no que tange a cristologia. Está relacionado a um
debate histórico, central e clássico, que é profundo nas suas
raízes; que é justamente o debate eucarístico. Este faz
referência profunda à ascensão e ao senhorio de Cristo, de
um modo amplo e da distância do mundo presente, que a
teologia de tradição reformada tem recusado compreender o
“isto é meu corpo”, de uma maneira mais exclusivamente
localizada.
• A ascensão se lança no rol de uma referência, segundo uma
argumentação importante de Calvino. Ela encontra sua
equivalência no fato de estar plenamente relacionada à
direita do Pai. Este dois temas se engajam na mesma idéia
teológica, que é justamente do senhorio. Significa que em
Cristo, em seu nome, soberanamente elevado, se condensa a
lei do mundo. É a lei que cristaliza o Cristo de par com sua
própria pessoa. Isto quer dizer que seu destino vai a efeito,
como imagem do que comanda em secreto, tanto de nossas
identidades, quanto à do próprio mundo. Identidades diante
de Deus e justamente reveladas na figura deste Cristo feito
Senhor. Uma nova vez se configura: o vínculo entre o Cristo
pré-pascal que é o lugar de revelação, e o Cristo elevado,
lugar de reconhecimento e de identidade. Estes, aparecem
intrinsecamente requeridos e devidamente tratados pela
cristologia.
• O significado teológico de estar à direita de Deus não vem em
adição à ascensão. Aparece com pleno sentido, de onde, às
vezes, há quase uma equivalência dos dois temas. Quando
se procede a leitura do Credo, se percebe que o texto fala
ainda, e segue por assim dizer, na mesma seqüência, de um
“retorno de Cristo”. Segundo Calvino, este é um tema que
está bem presente e que toma lugar na mesma ordem de
significação. Mas, é preciso sublinhar a diferença entre o
Cristo manifestado em sua encarnação, pois a glória
permanece escondida, e o Cristo a vir em sua glória. Nota-se
que o tema do “retorno”, especialmente, aparece em
conjunto com o julgamento. Assim, torna-se uma nova
oportunidade de se aprofundar e de se explicar um novo
valor, de que propriamente se pode falar, com respeito à lei
de Cristo feito Senhor, sobre o qual o mundo se encontra
secretamente submisso.
• Uma tal apresentação juntamente, tem sua lógica e suas
recaídas. Ela faz claramente ver que, a humanidade inscrita a
título essencial na pessoa mesma de Cristo, e na imagem que
ela se propôs participar, como tal, se dá no julgamento. Ela é
na mesma medida, compreendida também como verdadeira,
que é a idéia e o fato do julgamento conhecidamente o
mesmo. Aqui significa uma decisão externa que é a
manifestação de uma verdade ou de uma mentira se dá de
fato; de uma vida ou de uma morte, realidades espirituais;
uma ou outra, e desde já efetivas, mas escondidas. O
julgamento é revelação do que é, não tem a dimensão de
propriamente falar, senão a revelação do que se acha
tomado em sua própria armadilha.
• A sequência pode ser retomada como segue: a humanidade
está assumida e elevada, secretamente, na obra encarnada
do Cristo pré-pascal. Depois da Páscoa e da ascensão, ela
apareceu por sua vez revelada e glorificada no mesmo Cristo,
porque o Pai e o Espírito elevaram seu Filho, em seu corpo e
em sua alma. O Filho foi feito explicitamente Senhor. Mas
esta revelação em senhorio não é visível e diretamente eficaz
para os crentes que o reconheceram e o celebraram. Esse
senhorio deve ainda ser manifestado através do Cristo vindo
na sua glória.

i) Dia Pentecostes - REPLETOS DO ESPÍRITO SANTO


Mesopotâmia
Jerusalém
Partos Média
Elamitas Elam
Panfília
Egito
Medos Líbia
Celta
Cirene
Capadócia
Frígia
Judéia
Ponto Párfia
Jerusalém Roma C
Ásia Ásia
Ponto i
Egito r
Líbia e
Roma n
e

Arábia
Creta

• Em Atos 2.1-11, consta que a Igreja repleta do Espírito Santo,


no dia de Pentecostes, recebeu o dínamis de Deus e saiu por
toda a parte, com o propósito de proclamar as Boas Novas
de Salvação a todos os povos. Uma comunidade de 120
membros passou a um número de 3.000 depois para 5.000,
perdendo-se a conta posteriormente. Assim, deve ser
também a Igreja hoje: viver intensamente o Evangelho e
anunciar a mensagem de vida a todas as pessoas.
• O Livro dos Atos dos Apóstolos, ou como na opinião dos
melhores estudiosos da Bíblia “Atos do Espírito Santo”, tem o
seu lugar no Cânon do Novo Testamento, que é de suma
importância no contexto histórico-teológico-doutrinário da
Igreja.
• Logo no início, foi registrado o evento do derramamento do
Espírito Santo (Atos 2.1-13) prometido por Jesus, que se
constituiu o a base da unificação e do ânimo da comunidade
eclesial. Concretizou-se o ponto de partida para um
dinamismo que haveria de fazer com que a Igreja
proclamasse com vivacidade a Boa Nova do Reino de Deus
por todo o mundo, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo.
• O que faltava para que a Igreja proclamasse a mensagem do
Reino de Deus? Será que os discípulos do Senhor não
estavam capacitados pelo Mestre para a missão? Por que
razão Jesus ordenou-lhes que permanecessem em
Jerusalém, até que do alto fossem revestidos de poder?
(Lucas 24.49). Que poder seria esse? É importante ressaltar
que, novamente, e desta vez nos Atos 1.8 consta a promessa:
“Mas recebereis poder ao descer sobre vós o Espírito Santo, e
sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda
a Judéia e Samaria, e até aos confins do mundo”.
• A promessa feita por Jesus não significa uma probabilidade,
mas uma certeza: o Espírito Santo haveria de vir para que os
discípulos obtivessem o poder (
= mas recebereis poder) para disseminarem o Evangelho. O
Espírito Santo haveria de elucidar com testemunho
fortíssimo a obra redentora do Messias Jesus. Assim, o poder
para anunciar a Boa Nova não é produzido por nenhum ser
humano, mas é outorgado por Deus, através do seu Espírito,
que usa homens e mulheres como instrumentos dessa nova
realidade. Isto é entendido como o “sereis minhas
testemunhas”, ligando seres humanos transformados, nos
quais o Senhor, através do seu Espírito, capacita-os com a
finalidade do crescimento da Igreja em níveis de qualidade e
de número em todas as partes do mundo, quer espacial ou
temporalmente.
• Finalmente, a promessa foi cumprida, quando no Dia de
Pentecostes (Festa celebrada pelos judeus, a mais popular,
caía no quinquagésimo dia após o Sábado da Páscoa. Era
chamado também de o Dia das Primícias) o dia ideal, do alto,
vindo do céu, desceu o Espírito Santo e fez a obra
significativa: batizou a Igreja com poder e autoridade. Desta
forma, a Igreja seria ela mesma no mundo: a proclamadora
da mensagem de redenção do mundo. Podia contar com o
consolo do Espírito de Deus, sendo uma comunidade
unificada e animada nessa missão, que é a mais importante
da face da terra. O Espírito foi derramado para que as
pessoas reconheçam o sacrifício de Cristo e sigam a verdade
em amor.

j) Domingo da Trindade - TRINDADE: O MISTÉRIO QUE HABITA O


NOSSO MISTÉRIO
• Para não poucos cristãos, a revelação da Trindade significa
mera comunicação de uma curiosidade sobre Deus. Um
único Deus se realizando em três pessoas divinas: que
mistério curioso. Efetivamente, estamos diante do maior
mistério de nossa fé e de toda a realidade porque se trata de
dizer algo de Deus, assim como Ele de fato existe, isto é,
como Trindade. Mas o mistério deve ser corretamente
compreendido. Mistério não quer dizer, basicamente, aquilo
que não pode ser compreendido pela razão. Assim ele
surgiria como limite angustiante para a razão. O mistério
seria compreendido como algo que vai iluminar a razão. O
mistério de Deus e, com maior razão, o mistério da Trindade,
não se opõe nem é o limite da razão. Pelo contrário: é o
desafio à razão; é o ilimitado da razão. Pertence ao mistério
ser conhecido, mas pertence também a ele permanecer
mistério o conhecimento.
• Não basta sabermos que Deus realmente é Trindade. “Nós
também, em nossa pessoa, descobrimos uma unidade
existindo e se concretizando numa trindade. Somos uma
profundidade misteriosa e pessoal que pode dizer “eu”. Ao
dizermos “eu” expressamos a unidade de nossa vida, de
nossos sentimentos, vontade, atos etc.”
• Ora, o nosso eu pessoal, misterioso e profundo não é um
reflexo de Deus-Pai como o Mistério absoluto do qual tudo
promana? A nossa inteligência é figurativa da Inteligência do
Pai que chama Filho. E nosso amor não é outra coisa do que
um reflexo do Amor do Pai e do Filho, que se chama Espírito
Santo.
• Assim, nosso próprio mistério espelha o Mistério absoluto de
Deus. Quanto mais penetramos em nosso próprio mistério,
mais nos damos conta do Mistério maior que nos envolve.
Olhando para este Mistério, descobrimos nosso próprio
mistério. Vivendo no seguimento de Cristo, mais e mais vai
emergindo este Mistério dentro de nós mesmos. É o que a fé
nos assegura quando nos diz que somos habitados por Deus
e a Trindade mora dentro de nós, como nos diz Paulo: “Ora, a
esperança não confunde, porque o amor de Deus é
derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos
foi outorgado” (Rm 5.5). Em outra passagem bíblica bastante
instrutiva acerca da justificação pela fé em Jesus Cristo, o
apóstolo afirma: “já não sou eu quem vive, mas Cristo vive
em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé
no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou
por mim” (Gl 2.2).
• Trindade significa o apelo da intimidade de Deus a todas as
pessoas de boa vontade. A nossa resposta não pode e não
deve ser apenas um louvor à Trindade desencarnado, mas o
louvor da entrega de nossos preconceitos, rancores e
diferenças, do desmantelamento dos muros e das paredes
que nos cercam uns dos outros: em casa, na família, no
bairro, no trabalho e na grande sociedade onde vivemos e
atuamos. E que nossa comunidade seja como o Pai e com
seu Filho Jesus Cristo (1 Jo 1.3) e com o Espírito Santo.

l) O Tempo Comum - O Tempo Comum é o período mais extenso


do ano litúrgico: 33 - 34 semanas distribuídas entre a festa do
Batismo de Jesus até o começo da Quaresma e de igual maneira as
outras semanas entre a segunda-feira depois de Pentecostes ao
início do Advento.
• Este tempo existe não para celebrar algum aspecto particular
do mistério de Cristo mas para celebrá-lo também em sua
globalidade, especialmente também em cada Domingo; durante
este tempo se aprofunda e de igual maneira se assimila o
mistério de Cristo que, claro se insere na vida do povo de Deus
para torná-la plenamente pascal.
• O TC possui um dia forte; intensamente forte: O Domingo que,
claro surgiu antes mesmo da celebração anual da Páscoa . Era o
único elemento celebrativo no correr do ano; a grande
celebração semanal da Páscoa.
• É um tempo marcadamente caracterizado pelo domingo, quer
pela teologia, quer pela espiritualidade. A celebração anual da
Páscoa é posterior à semanal. Constitui como que, claro a
espinha dorsal do ano litúrgico do qual é fundamento e de igual
maneira núcleo.
• Não se podem contrapor os chamados “tempos fortes” ao
Tempo Comum como se este tempo fosse um tempo fraco ou
inferior. É o tecido concreto da vida normal do cristão, fora das
festas, ou seja, não há uma desvalorização do TC por causa
também dos outros tempos.
• Duas fontes são importantes para a espiritualidade e de igual
maneira força do TC: Os Domingos e de igual maneira os
tempos fortes. O Tempo Comum é vivido como prolongamento
do respectivo tempo forte. Vejamos: a primeira parte do TC,
iniciada após a Epifania e de igual maneira o Batismo de Jesus,
constitui tempo de crescimento da vida nascida no Natal e de
igual maneira manifestada na Epifania, representada pela cor
verde.
• Esta vida para crescer e de igual maneira manifestar-se também
em plenitude e de igual maneira produzir frutos, necessita da
ação do Espírito Santo que, claro age no Batismo do Senhor. A
partir daqui Jesus começa a exercer seu poder messiânico.
Também a Igreja: fecundada pelo Espírito ela produz frutos de
boas obras.
- A composição também dos anos em "A", centrado também em
Mateus; "B", centrado também em Marcos; "C", centrado
também em Lucas, com inserções de João presente nos
diversos ciclos especiais, ajuda enormemente a magnitude do
TC.
- No TC temos algo semelhante ao recomeçar por volta do 9º
Domingo imediatamente depois de Pentecostes: a vida renasce
na Páscoa e de igual maneira desenvolve-se através do TC
depois de fecundado pelo Espírito também em Pentecostes. A
força do Mistério Pascal é vivida pela Igreja através também dos
Domingos durante o ano que, claro amadurece os frutos de
boas obras, preparando a vinda do Senhor.

• As cores litúrgicas
As cores reforçam o sentido festivo do Domingo e enriquecem nosso
envolvimento com os grandes atos de Deus que celebramos. O esquema
tradicional das cores litúrgicas é simples:

1) O branco e a cor de ouro simbolizam a Divindade, luz, glória,


alegria e vitória. São usadas por ocasião do Natal, Epifania,
Batismo do Senhor, Transfiguração do Senhor, Páscoa, Ascensão
do Senhor, Trindade e Cristo, Rei do Universo;
2) O vermelho, símbolo do fogo e do sangue dos mártires, é a cor das
celebrações do Espírito Santo e da Igreja: Pentecostes, Dia da
Reforma, aniversário da Igreja, ordenação e investidura de
pastores;
3) O roxo caracteriza as épocas do ano cristão dedicadas à reflexão,
arrependimento e preparação, como o Avento e a Quaresma;
4) O azul claro tem sido utilizado também durante o Advento por
expressar a esperança;
5) O preto denota a morte, sendo usado na Quarta-feira de Cinzas e
Sexta-feira da Paixão;
6) O verde que é a cor da natureza, vida e crescimento, é utilizado ao
longo do tempo comum.

5. Igreja e Civilidade
É interessante observar as palavras de Jesus em João 17.1-18, para se
poder exercitar uma reflexão séria sobre o tema proposto:

• “Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles
não são do mundo, como também eu não sou. Santifica-os na
verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao
mundo, também eu os enviei ao mundo.”

Se o mundo é lugar onde a Igreja se desenvolve como a missão de


Deus, ela não pode deixar de ocupar o seu espaço.
Os assuntos que seguem tratam justamente das ocasiões especiais
que se concentram na esfera de um trabalho inter-denominacional, de
abrangência do trabalho cristão. Esse modo de refletir insere a igreja
local num contexto em que ela pode se juntar a outras comunidades
cristãs e realizar, pela comunhão, a singularidade da unidade cristã,
ensinada por Jesus Cristo em sua Palavra. As palavras de Jesus atestam
bem o significado dessa ação que envolve a Igreja em sua caminhada de
vida. O que Jesus roga ao Pai, é que o mal não atinja a sua Igreja, para
que ela possa ser o sal da terra e a luz do mundo. E, mais do que nunca o
mundo precisa da Igreja.
Uma vez que a Igreja de Cristo tem de estar no mundo com sua
presença na condição de Corpo de Cristo, uma segunda parte da reflexão
trata de celebrações civis. Isso torna a Igreja conectada aos diversos
segmentos sociais em que pode orientar, sob o crivo da Palavra de Deus,
todos aqueles que estejam dentro do quadro da vida social.

Ocasiões especiais e gerais cristãs


Uma reflexão sobre o Salmo 104, ainda que seja simples, percebe-se
um hino ao Deus Criador, por tudo quanto estabeleceu e sustenta com o
seu poder. É um hino a Deus pela criação, não da criação. As criaturas, a
numerosa população do Salmo, não são convidadas a bendizer ou louvar
ao Senhor, mas as palavras de louvor se dirigem a louvar a Deus. O papel
das criaturas é revelar. O Deus criador não só criou, mas a tudo dá vida e
sustenta.

ARA Salmo 104:

1. Bendize, ó minha alma, ao SENHOR! SENHOR, Deus meu, como tu


és magnificente: sobrevestido de glória e majestade,
2. coberto de luz como de um manto. Tu estendes o céu como uma
cortina,
3. pões nas águas o vigamento da tua morada, tomas as nuvens por
teu carro e voas nas asas do vento.
4. Fazes a teus anjos ventos e a teus ministros, labaredas de fogo.
5. Lançaste os fundamentos da terra, para que ela não vacile em
tempo nenhum.
6. Tomaste o abismo por vestuário e a cobriste; as águas ficaram
acima das montanhas;
7. à tua repreensão, fugiram, à voz do teu trovão, bateram em
retirada.
8. Elevaram-se os montes, desceram os vales, até ao lugar que lhes
havias preparado.
9. Puseste às águas divisa que não ultrapassarão, para que não
tornem a cobrir a terra.
10. Tu fazes rebentar fontes no vale, cujas águas correm entre os
montes;
11. dão de beber a todos os animais do campo; os jumentos
selvagens matam a sua sede.
12. Junto delas têm as aves do céu o seu pouso e, por entre a
ramagem, desferem o seu canto.
13. Do alto de tua morada, regas os montes; a terra farta-se do
fruto de tuas obras.
14. Fazes crescer a relva para os animais e as plantas, para o
serviço do homem, de sorte que da terra tire o seu pão,
15. o vinho, que alegra o coração do homem, o azeite, que lhe dá
brilho ao rosto, e o alimento, que lhe sustém as forças.
16. Avigoram-se as árvores do SENHOR e os cedros do Líbano que
ele plantou,
17. em que as aves fazem seus ninhos; quanto à cegonha, a sua
casa é nos ciprestes.
18. Os altos montes são das cabras montesinhas, e as rochas, o
refúgio dos arganazes.
19. Fez a lua para marcar o tempo; o sol conhece a hora do seu
ocaso.
20. Dispões as trevas, e vem a noite, na qual vagueiam os animais
da selva.
21. Os leõezinhos rugem pela presa e buscam de Deus o sustento;
22. em vindo o sol, eles se recolhem e se acomodam nos seus
covis.
23. Sai o homem para o seu trabalho e para o seu encargo até à
tarde.
24. Que variedade, SENHOR, nas tuas obras! Todas com sabedoria
as fizeste; cheia está a terra das tuas riquezas.
25. Eis o mar vasto, imenso, no qual se movem seres sem conta,
animais pequenos e grandes.
26. Por ele transitam os navios e o monstro marinho que formaste
para nele folgar.
27. Todos esperam de ti que lhes dês de comer a seu tempo.
28. Se lhes dás, eles o recolhem; se abres a mão, eles se fartam de
bens.
29. Se ocultas o rosto, eles se perturbam; se lhes cortas a
respiração, morrem e voltam ao seu pó.
30. Envias o teu Espírito, eles são criados, e, assim, renovas a face
da terra.
31. A glória do SENHOR seja para sempre! Exulte o SENHOR por
suas obras!
32. Com só olhar para a terra, ele a faz tremer; toca as
montanhas, e elas fumegam.
33. Cantarei ao SENHOR enquanto eu viver; cantarei louvores ao
meu Deus durante a minha vida.
34. Seja-lhe agradável a minha meditação; eu me alegrarei no
SENHOR.
35. Desapareçam da terra os pecadores, e já não subsistam os
perversos. Bendize, ó minha alma, ao SENHOR! Aleluia!

Nesse mundo de céu, terra e mar, de seres inorgânicos, montanhas e


rios, de vegetais, árvores e outras plantas, de animais selvagens e
domésticos, ocupa lugar pouco conspícuo o homem. Pela manhã sai para
suas fainas e retorna ao entardecer.
A aparição do homem podia ter centrado o poema, como no Salmo 8,
mas não ocorre assim. Porém o Salmo tem em seus versículos e por
contraste, dois tipos humanos: o trabalhador e o contemplador.
O salmista ressalta a natureza do homo faber, como parte da própria
criação de Deus, como parte harmônica dela. O que faz o homem? Ele é
diferente dos animais irracionais. Ele constrói e tira da terra o pão para
sustentar a sua força. O homem interpõe seu trabalho e artesania.
Por isso a Igreja não deve esquecer de celebrar datas históricas, que
falam das realizações humanas, sob a direção de Deus.
a) Aniversário da Igreja Nacional – Esta é uma forma de atualizar a
história. É importante trazer sempre na memória o que os
antepassados realizaram, como instrumentos do Senhor, como
sendo ato de testemunho da igreja do presente. A carta aos
Hebreus no capítulo 11, apresenta uma história com uma listagem
de pessoas que deram suas vidas através da fé, no cumprimento
da vontade de Deus.
- Algumas perguntas importantes para pesquisa:

▪ Qual a data de fundação da primeira igreja em solo


nacional?
▪ Quem foram os primeiros missionários?
▪ De onde vieram os primeiros missionários?
▪ Qual a visão da igreja em solo nacional?
▪ Quais projetos foram implementados?
▪ Que legado deixaram os primeiros missionários?

b) Aniversário da Igreja Local – A igreja local é a comunidade num


determinado lugar, que representa a igreja nacional. Ela se mostra
não como autônoma, mas como ligada ao corpo, formando a
grande igreja, juntamente com as outras, semeadas por todos os
lugares, em cumprimento da ordem do Pai no mundo.
• Guardar a data de organização da igreja local e todo o
processo litúrgico, é uma maneira de se escrever a história,
de mostrar que o evangelho está sendo pregado; de que a
obra iniciada há séculos passados, tem prosseguimento; de
que a vontade de Deus está sendo obedecida pelo seu
povo.
• É uma oportunidade de se poder ensinar às gerações
presente e vindoura o valor de preservação da história.
Uma história para ser narrada; para ser conhecida e
respeitada. Uma história para não ser ofuscada, nem
desviada por quaisquer ventos de doutrinas; e quando o
Senhor nos pedir contas da missão, não nos
envergonharmos como obreiros; como obreiros de que não
têm do que se envergonhar, mas que manejam bem a
Palavra de Verdade (2 Tm 2.15).
• É preciso atentar para as palavras do Salmo 78:1-8 - Salmo
didático de Asafe:

1. Escutai, povo meu, a minha lei; prestai ouvidos às


palavras da minha boca.
2. Abrirei os lábios em parábolas e publicarei enigmas
dos tempos antigos.
3. O que ouvimos e aprendemos, o que nos contaram
nossos pais,
4. não o encobriremos a seus filhos; contaremos à
vindoura geração os louvores do SENHOR, e o seu
poder, e as maravilhas que fez.
5. Ele estabeleceu um testemunho em Jacó, e instituiu
uma lei em Israel, e ordenou a nossos pais que os
transmitissem a seus filhos,
6. a fim de que a nova geração os conhecesse, filhos que
ainda hão de nascer se levantassem e por sua vez os
referissem aos seus descendentes;
7. para que pusessem em Deus a sua confiança e não se
esquecessem dos feitos de Deus, mas lhe
observassem os mandamentos;
8. e que não fossem, como seus pais, geração obstinada
e rebelde, geração de coração inconstante, e cujo
espírito não foi fiel a Deus.

- Algumas perguntas importantes para pesquisa:

• Qual a data de organização da Igreja Local?


• Quem foram os pioneiros?
• Quem lançou a Pedra Fundamental da Igreja?
• A qual missão a Igreja Local pertence?
• Quais são os seus laços com a Reforma?

c) Dia da Reforma – 31 de outubro de 1517. A Reforma foi um


evento que marcou decisivamente a vida da Igreja enquanto
instituição, uma vez que os traços medievais de uma igreja
distanciada da Palavra de Deus faziam que seus membros se
corrompessem. É certo que nem todos estavam em
desconformidade com a Palavra de Deus, mas era preciso uma
grande e profunda ação. Uma ação sob a força do Espírito de
Deus, para fazer a igreja caminhar de modo condizente com a
vontade do Senhor.
• Ao se comemorar o dia da Reforma, tem-se em comum a
atualização da história.
• Faz demonstrar às gerações o zelo pela Palavra de Deus e
pela missão da Igreja no mundo.
• Torna consciente a vida que ama ao Senhor, no sentido de
viver pela fé que acolhe a graça divina e faz que o ser se
projete através das boas obras.
• 2 Crônicas 34.14-18:

14. Quando se tirava o dinheiro que se havia trazido à Casa


do SENHOR, Hilquias, o sacerdote, achou o Livro da Lei do
SENHOR, dada por intermédio de Moisés.
15. Então, disse Hilquias ao escrivão Safã: Achei o Livro da
Lei na Casa do SENHOR.
16. Hilquias entregou o livro a Safã. Então, Safã levou o livro
ao rei e lhe deu relatório, dizendo: Tudo quanto se
encomendou a teus servos, eles o fazem.
17. Contaram o dinheiro que se achou na Casa do SENHOR e
o entregaram nas mãos dos que dirigem a obra e dos que a
executam.
18. Relatou mais o escrivão ao rei, dizendo: O sacerdote
Hilquias me entregou um livro. Safã leu nele diante do rei.

d) Dia Nacional de Ação de Graças – As origens do Dia Nacional de


Ação de Graças remontam ao início da colonização anglo-saxônica
protestante na América do Norte. É sempre celebrado na terceira
quinta-feira de novembro, coincidindo com o tradicional fim da
colheita no hemisfério norte. Surgiu sob a inspiração das gratas
festas por ocasião da ceifa do Antigo Testamento. Devido à sua
associação com a lavoura, o Dia de Ação de graças teria mais
sentido, no Brasil, se fosse celebrado no fim de maio ou junho,
época própria da colheita em nosso clima, ao invés de seguir-se o
calendário norte-americano.

• A liturgia é bem objetiva em relação ao que o Senhor fez, faz


e fará pelo seu povo:
■ O povo agradecido adora a Deus o doador da vida
■ O povo agradecido reconhece o seu pecado
■ O povo agradecido ouve a palavra de Deus
■ O povo agradecido se dedica a Deus

• Salmo 103, de Davi:

1. Bendize ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim


bendiga ao seu santo nome.
2. Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e não te esqueças de
nem um só de seus benefícios.
3. Ele é quem perdoa todas as tuas iniqüidades; quem sara
todas as tuas enfermidades;
4. quem da cova redime a tua vida e te coroa de graça e
misericórdia;
5. quem farta de bens a tua velhice, de sorte que a tua
mocidade se renova como a da águia.
6. O SENHOR faz justiça e julga a todos os oprimidos.
7. Manifestou os seus caminhos a Moisés e os seus feitos aos
filhos de Israel.
8. O SENHOR é misericordioso e compassivo; longânimo e
assaz benigno.
9. Não repreende perpetuamente, nem conserva para sempre
a sua ira.
10. Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos
retribui consoante as nossas iniqüidades.
11. Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim é
grande a sua misericórdia para com os que o temem.
12. Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós
as nossas transgressões.
13. Como um pai se compadece de seus filhos, assim o
SENHOR se compadece dos que o temem.
14. Pois ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó.
15. Quanto ao homem, os seus dias são como a relva; como
a flor do campo, assim ele floresce;
16. pois, soprando nela o vento, desaparece; e não
conhecerá, daí em diante, o seu lugar.
17. Mas a misericórdia do SENHOR é de eternidade a
eternidade, sobre os que o temem, e a sua justiça, sobre os
filhos dos filhos,
18. para com os que guardam a sua aliança e para com os
que se lembram dos seus preceitos e os cumprem.
19. Nos céus, estabeleceu o SENHOR o seu trono, e o seu
reino domina sobre tudo.
20. Bendizei ao SENHOR, todos os seus anjos, valorosos em
poder, que executais as suas ordens e lhe obedeceis à
palavra.
21. Bendizei ao SENHOR, todos os seus exércitos, vós,
ministros seus, que fazeis a sua vontade.
22. Bendizei ao SENHOR, vós, todas as suas obras, em todos
os lugares do seu domínio. Bendize, ó minha alma, ao
SENHOR.

e) Dia da Bíblia – Tendo em vista o fato de que o Dia da Bíblia é


comemorado no segundo domingo do mês de dezembro, dentro
da comemoração do Advento, em nada dificulta o prosseguimento
do calendário litúrgico.

■ Alguns pontos se tornam necessários destacá-los:

■ Adoração a Deus que, nas Escrituras prometeu enviar


um Salvador
■ Recebe-se a Palavra do Senhor, que ilumina o caminho
■ A Palavra de Deus renova a fé da Igreja e a sua
esperança

■ Salmo 119.1-18:
1. Bem-aventurados os irrepreensíveis no seu caminho, que
andam na lei do SENHOR.
2. Bem-aventurados os que guardam as suas prescrições e o
buscam de todo o coração;
3. não praticam iniqüidade e andam nos seus caminhos.
4. Tu ordenaste os teus mandamentos, para que os
cumpramos à risca.
5. Tomara sejam firmes os meus passos, para que eu observe
os teus preceitos.
6. Então, não terei de que me envergonhar, quando considerar
em todos os teus mandamentos.
7. Render-te-ei graças com integridade de coração, quando
tiver aprendido os teus retos juízos.
8. Cumprirei os teus decretos; não me desampares jamais.
9. De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu
caminho? Observando-o segundo a tua palavra.
10. De todo o coração te busquei; não me deixes fugir aos
teus mandamentos.
11. Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar
contra ti.
12. Bendito és tu, SENHOR; ensina-me os teus preceitos.
13. Com os lábios tenho narrado todos os juízos da tua boca.
14. Mais me regozijo com o caminho dos teus testemunhos
do que com todas as riquezas.
15. Meditarei nos teus preceitos e às tuas veredas terei
respeito.
16. Terei prazer nos teus decretos; não me esquecerei da tua
palavra.
17. Sê generoso para com o teu servo, para que eu viva e
observe a tua palavra.
18. Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as
maravilhas da tua lei.

Atualização

■ Bem-aventurados são os que não desprezam a Lei do Senhor.


Desprezar a Lei do Senhor é deixar de ler e meditar em seu
conteúdo. Dificilmente alguém esquece o dia de seu
aniversário, por que então, não guardar um dia para em
comum com a cristandade, celebrar esse marco da vida cristã
que é a Bíblia?
■ Movimentos aconteceram para que fosse preservada e
divulgada a Palavra de Deus. Assim nasceram as sociedades
bíblicas do mundo.
■ As igrejas precisam voltar a celebrar o Dia da Bíblia não de
modo isolado, mas em conjunto. Desta maneira o mundo
conhecerá a vontade de Deus revelada em sua Palavra.

2.1. Ocasiões especiais civis

a) Dia do Meio Ambiente

CINCO DE JUNHO DIA MUNDIAL DO


MEIO AMBIENTE E DA ECOLOGIA

No dia 5 de junho, dia do Meio


Ambiente, é importante lembrarmos
alguns dados que refletem a difícil
situação mundial em relação ao uso dos
2,5% de água doce disponível no planeta.
Segundo relatório da Unesco, órgão da
ONU para a educação e responsável pelo Programa Mundial de Avaliação
Hídrica, mais de um sexto da população mundial, ou o equivalente a 1,1
bilhão de pessoas, não tem acesso ao fornecimento de água doce.

HISTÓRICO SOBRE O DIA DO MEIO AMBIENTE E DA ECOLOGIA

O Dia Mundial do Meio Ambiente é comemorado em 5 de junho. A data


foi recomendada pela Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente, realizada em 1972, em Estocolmo, na Suécia. Por meio do
decreto 86.028, de 27 de maio de 1981, o governo brasileiro também
decretou no território nacional a Semana Nacional do Meio Ambiente.

O QUE NÃO FAZER


A esposa de um fazendeiro detestava cobras. Um dia,
suplicou ao marido que desse um fim às peçonhentas. O
homem, não querendo contrariá-la, prontamente
determinou o extermínio de todo e qualquer vestígio de
ofídios na fazenda. O que foi feito.
A colheita seguinte não rendeu um décimo da anterior. Em
sonho, desesperado, suplicou a Deus que o perdoasse.
Imaginava que aquela miséria de safra era castigo divino por ter dado fim
aos animais. Também em sonho, o Criador lhe respondia: - “Não o
castiguei, nem perdoei. Apenas, deixei que a natureza seguisse seu
curso”.
Ora, o curso natural é simples: cobras engolem sapos. Sem elas, os
sapos aumentam em número. E, sapos engolem insetos. Assim, quanto
mais sapos, menos insetos. Diversos insetos são polinizadores e, sem
eles, há plantas que não se reproduzem.
Moral da história: menos cobra, menos safra! Assim funciona o
mundo natural.
O que tem a ver cobra com safra? Tudo! Em verdade, tudo tem a ver
com tudo. Entretanto, a humanidade não pensa dessa forma. Primeiro,
acredita que a natureza é infinita, com recursos inesgotáveis. Segundo,
imagina que existem espécies úteis e outras completamente inúteis.
Terceiro, conclui que, entre as espécies úteis, os humanos são mais úteis
que as outras.
O século XX foi saudado como a era em que a tecnologia e o
progresso industrial seriam capazes de satisfazer as necessidades
materiais, restabelecer a paz social, reduzir as desigualdades.
Nos últimos 50 anos, a produção mundial de grãos triplicou, a
quantidade de terras irrigadas para a agricultura duplicou, o número de
automóveis passou de 500 milhões, o mesmo acontecendo a televisores,
geladeiras, chuveiros elétricos, lavadoras, secadoras, computadores,
celulares, microondas, fax, videocassetes, CDs, parabólicas, isopor,
descartáveis, transgênicos e outras invenções. As riquezas produzidas,
nesse período, quintuplicaram.
Mas, também nos últimos 50 anos, o mundo perdeu 20% de suas
terras férteis e 20% de suas florestas tropicais, com milhares de espécies
ainda nem conhecidas. O nível de gás carbônico aumentou 13%, foram
destruídas 3% da camada de ozônio, toneladas de materiais radioativos
foram despejadas na atmosfera e nos solos, os desertos aumentaram,
rios e lagos morreram por causa da chuva ácida ou de esgotos
domésticos e industriais.
Maravilha-nos esse progresso, mas as gerações futuras talvez
lamentem o quanto se destruiu para isso. Enquanto hoje o ser humano
tem mais bens, é mais pobre em recursos naturais. A tecnologia nos dá a
falsa impressão de que estamos no controle. Por isso, é bonito ser
moderno. Feio é ser natural.
Porém, a tecnologia é ruim quando nos afasta da natureza. Só
mudaremos isso quando nos reaproximarmos do mundo natural. Afinal,
embora uns ainda não aceitem, o homem é natureza.
Dia 5 de junho é o Dia Mundial do Meio Ambiente. Não há data
melhor para começar aquilo que o resto das espécies vivas esperam que
façamos. Afinal, o que não fazer, já sabemos desde há muito. Vamos
começar! O mundo será, com certeza, melhor.

Autor: Luiz Eduardo Cheida

b) Ouras datas: Dia da Pátria, Aniversário do Município, Dia da


Criança, Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia Universal da Paz.

7. Teologia pastoral e interdisciplinaridade

A Teologia Pastoral tem relação com todas as disciplinas do Curso


Teológico. O estudante de teologia necessita de conhecimento particular
e geral. Um pastor, por exemplo, que tenha conhecimento como fruto do
aprendizado de outras disciplinas, terá uma visão melhor do seu
ministério.
Não somente do ministério pastoral, mas também da realidade que
cerca o pastor, o conhecimento é fundamental, pois ele é um
instrumento de Deus no mundo. E, para ser assim, o pastor ou o líder
precisa conhecer o seu campo de trabalho e também, todos os
elementos que fazem parte dessa realidade.
Pode-se elencar as várias disciplinas que preparam o estudante para
ser instrumento divino na lide da igreja e da sociedade. Por exemplo:
• Introdução ao Antigo Testamento – Uma panorâmica e todos os
fundamentos que constituem essa Escritura.
• Introdução ao Novo Testamento – Idem.
• Conhecimento das línguas originais: grego e hebraico.
• Conhecimento da língua portuguesa.
• Conhecimento de outro idioma, por exemplo, o inglês, francês,
alemão...
• Exegese do Antigo Testamento.
• Exegese do Novo Testamento.
• Teologia Sistemática.
• Teologia Bíblica.
• Hermenêutica.
• Homilética.
• Psicologia.
• Psicologia Pastoral.
• Psicologia da Religião.
• Sociologia.
• Sociologia da Religião.
• Filosofia.
• Filosofia da Religião.
• Antropologia Teológica.
• Antropologia Filosófica.
• Antropologia Cultural.
• História da Igreja.
• História do Pensamento Cristão.
• Introdução à História da Música.

Estas e outras disciplinas, darão ao estudante um perfil geral e


específico para melhor desempenho em sua lide ministerial. Para isso, é
necessário haver uma abertura para aprender cada conteúdo e colocar
em prática sem mimetismo.

8. Análise da ação pastoral - Conclusão

Já que toda a prática é a prática de alguma teoria,


é preciso articular claramente a base teológica da
prática ministerial. Por isso, uma filosofia bíblica
do ministério pastoral é essencial àqueles que servem à igreja. Nesse
caso, temos outra questão importante, nesse tempo de
profissionalização ministerial: é necessária uma filosofia de ministério
que reflita as demandas bíblicas do serviço cristão, para estabelecer a
base adequada pela qual o ministro e o povo de Deus saberão de forma
clara a que tarefa aqueles foram chamados por Deus e separados pela
igreja.
Comecemos com o texto bíblico, que afirma: “Lembrai-vos dos vossos
guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando
atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram. Jesus Cristo,
ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre. Não vos deixeis envolver
por doutrinas várias e estranhas, porquanto o que vale é estar o coração
confirmado com graça e não com alimentos, pois nunca tiveram proveito
os que com isto se preocuparam. (…) Por meio de Jesus, pois, ofereçamos
a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que
confessam o seu nome. (…) Obedecei aos vossos guias e sede submissos
para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar
contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não
aproveita a vós outros.” (Hb 13.7-9, 15, 17). A partir desse texto,
precisamos perguntar: como pode ser descrita a tarefa dos servos da
Palavra, segundo a Escritura Sagrada e ilustrada na história da igreja?

1. Buscam a santidade
Prioritariamente, como o fundamento do serviço cristão, os pastores
são chamados a buscar a santidade em tudo o que fazem. Seu alvo
supremo é resumido pela primeira pergunta e resposta do Breve
Catecismo de Westminster: “Qual o fim principal do homem? O fim
principal do homem é glorificar a Deus e gozá-Lo para sempre”. Com esse
grande alvo, os verdadeiros pastores guiarão suas congregações pelo
exemplo, na busca pela glória de Deus e da plena alegria nele. A partir
dessa ênfase, podemos resumir a disposição interna dos pastores nos
seguintes pontos:

1.1. Os ministros cristãos devem depender do Espírito Santo. O


pastor conhece sua incapacidade de salvar um pecador, entende que a
conversão é um drama complexo e multifacetado e sabe que a pregação
é o único meio para chamar os eleitos à conversão. Sabe a seriedade em
administrar os sacramentos da graça diante do povo de Deus. Por tudo
isso, a oração constante do pastor será uma súplica, urgente e
dependente, para que o Espírito Santo venha com poder sobre sua vida e
ministério.
1.2. Por causa da necessidade de dependência do Espírito Santo, os
ministros precisam ser homens de oração incessante, que lutam com
Deus. Isso lembra a história que se conta de Thomas Shepard, que foi
ministro na Nova Inglaterra. Por ocasião da transferência de sua
residência para outra cidade, ele notou: “Está faltando uma coisa aqui.
Onde está o quarto de oração de minha casa pastoral?” Por conta da
ausência do quarto de oração, ele sugeriu que ali começava a decadência
dos Estados Unidos. Os verdadeiros pastores do povo de Deus sabem o
que é agonizar na oração, pois sabem que a oração é o meio da graça
pelo qual o Espírito visitará o ministério pastoral e a igreja.
1.3. Por causa da busca pelo Espírito, os ministros buscam a
santidade em toda a sua vida. Podemos listar os requisitos bíblicos
exigidos do pastor: não deve ser arrogante (Tt 1.7); não deve ser dado ao
vinho (1Tm 3.3; Tt 1.7); não deve ser violento (1Tm 3.3; Tt 1.7); não deve
ser irascível: (Tt 1.7); deve ser inimigo de contendas (1Tm 3.3); não deve
ser novo convertido (1Tm 3.6); deve ser irrepreensível (1Tm 3.2; 1Tm 5.7;
6.14; Tt 1.6, 7), “despenseiro de Deus” (Tt 1.7), esposo de uma só mulher
(1Tm 3.2; Tt 1.6), temperante (1Tm 3.2, 11; Tt 2.2), sóbrio (1Tm 3.2; Tt 1.8;
2.2, 5), modesto (1Tm 3.2), hospitaleiro (1Tm 3.2; Tt 1.8), apto para
ensinar (1Tm 3.2; 2Tm 2.24), cordato (1Tm 3.3; Tt 3.2), não avarento (1Tm
3.3), não ganancioso (Tt 1.7), deve governar bem a própria casa (1Tm 3.4,
5, 12; Tt 1.6). Deve criar seus filhos com disciplina e respeito (1Tm 3.4),
tendo bom testemunho dos de fora (1Tm 3.7), amigo do bem (Tt 1.8),
justo (Tt 1.8), piedoso (Tt 1.8); deve exercer o domínio próprio (Tt 1.8), e
ser apegado à Palavra (Tt 1.9). Todas essas características são ligadas ao
caráter do ministro, descrevendo quem ele deve ser em sua vida privada
e pública. Em resumo, pastores buscam ser precisos porque servem a um
Deus preciso.
1.4. Diante disso, dia a dia o pastor deve se examinar, fazendo
algumas perguntas: Como está sua vida de oração secreta? Ele busca
comunhão com o Deus criador e todo-poderoso, o Pai, o Filho e o Espírito
Santo, que é comunhão eterna? Será que ele entende que deixar de orar
o levará ao desastre? Ele coloca seu coração nas coisas eternas? É sua
paixão glorificar a Deus, buscar a santidade e falar contra o pecado?

2. Enfatizam a pregação
2.1. A segunda pergunta e resposta do Breve Catecismo de
Westminster diz: “Que regra Deus nos deu para nos dirigir na maneira de
o glorificar e gozar? A Palavra de Deus, que se acha nas Escrituras do
Antigo e do Novo Testamento, é a única regra para nos dirigir na maneira
de o glorificar e gozar”. Em outras palavras, os ministros cristãos, que
entendem que a glória de Deus é o tema central de suas vidas, crêem que
somente por meio das Escrituras conseguirão glorificar a Deus e se
alegrar nele para sempre. Em outras palavras, as Escrituras se tornam a
regra de fé (regula fidei) da devoção e da pregação cristã. O ministério
pastoral é o serviço à Palavra de Deus.
2.2. Por receberem com seriedade as Escrituras como a Palavra de
Deus inspirada e autoritativa, os pregadores devem priorizar a pregação
expositiva. Como disseram de Zuínglio, os servos da Palavra devem se
recusar “a cortar em pequenos pedaços o evangelho do Senhor”. A
pregação deve ser expositiva, isso é, deve expor com fidelidade a idéia
central da passagem pregada. Mas essa pregação também deve ser
sequencial, na medida em que o texto é sempre pregado em referência a
seu contexto imediato (o capítulo) e seu contexto mais amplo, que é o
livro em que a passagem se encontra e o cânon bíblico como um todo.
Por isso, os ministros cristãos devem pregar toda a Palavra de Deus,
sequencialmente, pois sabem que somente o Espírito Santo, ligado à
Palavra, pode salvar pecadores.
2.3. Ligada à ênfase na pregação expositiva sequencial, os ministros
devem ser pregadores doutrinais. Devem pregar “todo o conselho de
Deus” (At 20.27) para o povo. O pregador não deve superestimar a
condição espiritual da comunidade cristã. Ele deve sempre voltar às
doutrinas cristãs mais básicas, o “cristianismo básico” (John R. W. Stott),
ou o “cristianismo puro e simples” (C. S. Lewis): Deus o Pai, o Filho e o
Santo Espírito; criação, queda, redenção e restauração; a oração e a
devoção; a vida cristã e a lei moral; as principais narrativas e os principais
personagens bíblicos. Ano após ano, ele deve voltar às questões mais
simples da fé cristã. Mas, a partir daí, deve seguir para as doutrina do
pecado e incapacidade humana, de Jesus Cristo, a “ordem da salvação”
(ordo salutis), as últimas coisas.
Os ministros também precisam se opor ao conceito de graça barata,
porque esta não é a graça verdadeira. A graça barata não é a graça
salvadora, que é graça custosa, já que Deus entregou seu único Filho para
morrer por pecadores. E por isso, graça que exige a totalidade da vida
dos que a recebem. Os servos da Palavra não diminuem as exigências do
Evangelho ao pecador.
2.4. Os ministros da Palavra devem ser pregadores práticos, lidando
com os casos de consciência. Eles devem aplicar a Escritura àqueles que
ainda estão em seus pecados, aos que estão lutando com alguma doença
ou passando pela noite escura da alma, aos que estão em dúvidas, e
assim por diante. Como um puritano disse certa vez: “O pregador, que é
seu melhor amigo, é o que vai dizer mais verdades sobre ti mesmo”.
2.5. Os ministros da Palavra devem ser evangelistas. Culto após culto,
a audiência que se reune para ouvir a Palavra deve ser chamada, vez
após vez, a se converter de seus pecados, a buscar no Espírito a fé e o
arrependimento, obedecendo em humildade a Cristo Jesus. Essa ênfase
evangelística deve estar presente nas conversas particulares e no trato
pessoal no pastor.
2.6. A prática da pregação de Martinho Lutero, em Wittenberg, é uma
boa ilustração da centralidade da Palavra no ministério cristão. No auge
de seu ministério na Igreja do Castelo, no domingo, às 5h, ele pregava
nas Epístolas Paulinas; ainda no domingo, às 9h, pregação nos
Evangelhos Sinóticos; e no domingo à tarde, pregação no Catecismo
Menor; Nas segundas e terças, pregação no Catecismo Menor; na quarta,
pregação no Evangelho de Mateus; na quinta e na sexta, pregação nas
Epístolas Gerais; e, no sábado, pregação no Evangelho de João. Aqui
temos um bom modelo de pregação numa congregação, onde estilos
literários bíblicos diferentes são bem combinados na pregação, e unidos
com aulas catequéticas. Por isso, Lutero podia afirmar: “Eu prego
ensinando, e ensino pregando”. Em outras palavras, o ministro cristão
será um “pastor ensinador” (cf. a tradução de Markus Barth para Ef 4.11).
2.7. O que Richard Baxter escreveu sobre a pregação afirma a
solenidade e seriedade da pregação da Palavra, que é requerida de todo
ministro cristão: “Não é coisa pequena ficar em pé diante de uma
congregação e dirigir uma mensagem de salvação ou condenação, como
sendo do Deus vivo, no nome do nosso redentor. Não é coisa fácil falar
tão claro, que um ignorante nos possa entender; e tão seriamente que os
corações mais desfalecidos nos possam sentir; e tão convincentemente
que críticos contraditórios possam ser silenciados”.

3. São doutrinais
3.1. Nos voltamos agora ao conteúdo da pregação. Comecemos
resumindo a convicção do apóstolo Paulo sobre a tarefa dos “pastores
ensinadores” (cf. Ef 4.11). Segundo Paulo, Deus ordena que os ministros
encarem com seriedade a preservação e ensino das doutrinas cristãs. As
palavras do apóstolo: “Guardando o mistério da fé numa consciência
pura” (1Tm 3.9); “Procura apresentar-te diante de Deus aprovado, como
obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra
da verdade” (2Tm 2.15); “Retendo firme a palavra fiel, que é conforme a
doutrina, para que seja poderoso, tanto para exortar na sã doutrina
como para convencer os contradizentes” (Tt 1.9); “Tu, porém, fala o que
convém à sã doutrina” (2.1).
3.2. Por isso, precisamos considerar o devido lugar da doutrina na
estrutura bíblica. Aprendemos nas Escrituras que nosso entendimento
doutrinário guia todas as esferas de nossas vidas. Um rápido estudo das
epístolas escritas pelos apóstolos Paulo e Pedro ilustram o
relacionamento entre a doutrina cristã e a prática cristã, ou, entre aquilo
que se deve crer e como se deve viver (credenda e agenda). Por exemplo,
em Romanos, temos exposição doutrinal nos capítulos 1 a 11, e
exposição prática nos capítulos 12 a 16. Em Efésios, temos exposição
doutrinal nos capítulos 1 a 3, e exposição prática nos capítulos 4 a 6. Em
Gálatas, temos uma variante ligeiramente diferente: testemunho nos
capítulos 1 e 2; exposição doutrinal nos capítulos 3 e 4; e exposição
prática nos capítulos 5 e 6. Ainda que essa divisão não seja absoluta, já
que Paulo entremeia sua exposição doutrinal com várias aplicações
práticas, essa divisão tem sido percebida pelos principais estudiosos das
epístolas paulinas. No caso dos escritos de Pedro, só temos uma
mudança de forma, não de estrutura. Como se percebe em 1Pedro,
vemos uma exposição prática na primeira parte (por exemplo, 1Pe 1.1-12
cf. 1.13-25), seguida das razões doutrinais de tal prática. No que se refere
ao evangelho de João, como já se brincou, o tema é dado no prólogo
teológico de Jo 1.1-14 – e tudo o mais seria nota de rodapé, no sentido de
ser um desdobramento das declarações trinitárias afirmadas naquele
texto. Mais uma vez, os ministros cristãos estão comprometidos a pensar
teologicamente, já que lidarão com dramas que demandam respostas
teológicas. O evangelho de Mateus é estruturado em torno de cinco
grandes discursos de Jesus, que formam o eixo pelos quais as narrativas
são desdobradas. No Antigo Testamento, tal estrutura permanece, na
medida em que as narrativas históricas são desdobramentos e
ilustrações das bênçãos e maldições pactuais, reveladas e expandidas no
Pentateuco; as profecias são as pregações dessas bênçãos e maldições
pactuais ao povo da aliança; e os livros poéticos são aplicações concretas
e celebração das bênçãos e maldições pactuais.
3.3. O que William Perkins escreveu permanece, ainda hoje, como o
resumo do conteúdo da pregação evangélica: “Pregar a Cristo, em Cristo,
para a glória de Cristo” (The sum of the sum: preach one Christ by Christ
to the praise of Christ).
3.4. Por tudo isso, os pastores devem estudar com afinco a teologia
cristã, em interação com o passado, mas tentando entender o presente.
Eles também precisam se atualizar constantemente. E, a partir do estudo
da teologia cristã, os ministros devem construir pontes com as várias
vocações e relacionamentos representadas na igreja, testemunhando aos
fiéis a força motivadora e impulsora da teologia cristã em nossas relações
com as várias esferas da criação. O esforço nesse campo trará grandes
recompensas, não apenas à igreja onde tal ministro serve, mas
especialmente ao próprio ministro.
Aqui cabe uma palavra de alerta: ainda que a doutrina cristã seja o
conteúdo da pregação, essa é determinada pelo texto bíblico. A pregação
bíblica é exposição bíblica. As doutrinas cristãs funcionam como sinais
que guiarão a pregação cristã. O papel do pregador não é expor a
dogmática no púlpito; mas usá-la como guia na interpretação e pregação
da Palavra à comunidade cristã.
3.5. De outro lado, o alvo do esforço teológico é a glória de Deus. A
teologia cristã deve ser estudada e meditada como ato de culto. Como G.
C. Berkouwer afirmou: “Senhores, todos os grandes teólogos começam e
terminam a sua obra com uma doxologia!” Aqueles familiarizados com a
literatura cristã poderão ver esse principio exemplificado nas obras de
Irineu, Atanásio, Agostinho, Anselmo, Lutero, João Calvino, Richard
Baxter, Jonathan Edwards e Dietrich Bonhoeffer. O esforço teológico não
é um fim em si mesmo; a Deus deve ser dada a glória em tal serviço à
igreja.
3.6. Até mesmo a oração, a atitude mais básica do cristão, é guiada
por nossas crenças doutrinais. Podemos ilustrar isso com a famosa
oração de Anselmo de Canterbury, que orou assim: “Senhor, agradeço-te
por me teres criado segundo a tua imagem, para que te conheça e ame.
Mas essa imagem se acha de tal modo corrompida por pecados, que não
consegue cumprir a tarefa para a qual foi criada, a não ser que tu a
renoves e recries através da fé em teu Filho crucificado, Jesus Cristo.
Desejo apenas entender uma pequena parcela de tua verdade, que meu
coração crê e ama. Pois não procuro compreender para poder crer,
antes, creio para poder compreender”. Por tudo isso, devemos lembrar
da frase de Lutero: “Não existe cristianismo onde não há afirmações”.

4. Eles pastoreiam outros cristãos


4.1. Os ministros cristãos precisam ter uma visão exaltada do
ministério pastoral. Eles precisam ter em mente que a igreja pertence a
Deus, a mais ninguém, conseqüentemente, devem trabalhar muito sério
nela. Seu papel é, na força do Espírito, no processo de ajuntar os eleitos,
alimentar as ovelhas e expulsar os lobos do meio do rebanho. Isso se dá
pela pregação da Palavra, pela administração correta dos sacramentos e
pelo cuidado pastoral – tarefas que tem definido o ministério pastoral
durante os séculos.
4.2. A seriedade do serviço ao povo de Deus pode ser ilustrada na
carta que um idoso pastor puritano escreveu a um de seus alunos,
recém-ordenado, e que servia numa pequena congregação: “Eu conheço
a vaidade do seu coração e uma das coisas que vai atingi-lo
profundamente é que a congregação, que lhe foi confiada, é muito
pequena, principalmente quando você a compara ás congregações de
seus irmãos ao seu redor. Mas sinta-se seguro em uma palavra vinda de
um homem já idoso e experimentado. Quando estiver perante Cristo,
prestando conta dessa congregação que recebeu, lá no trono de
julgamento, você saberá que recebeu o suficiente”.
4.3. Seguindo o ensino das Escrituras, os ministros cristãos nunca
trabalham sozinhos na igreja local. De acordo com o testemunho bíblico,
as igrejas locais são dirigidas por uma pluralidade de presbíteros (At
14.23; 16.4; 20.17; 21.18; Tt 1.5; Tg 5.14). E, segundo a Bíblia, esses
presbíteros servem em paridade, não havendo uma hierarquia nessa
classe, no serviço numa igreja local. O papel desses presbíteros é
administrar a igreja, assim como pregar e ensinar fielmente a Palavra.
Diferente dos modelos de crescimento de igreja tão em voga em nossa
época, o testemunho da Escritura enfatiza que o papel dos ministros
cristãos é equipar o povo de Deus para que este glorifique a Deus na
criação, cumprindo os mandatos criacionais. Em outras palavras, não é
papel do ministro que se quer radicalmente bíblico estimular em sua
comunidade uma mentalidade de fortaleza, em oposição radical à
criação, ou estimular uma mentalidade de mosteiro, onde os cristãos são
instados a suportarem sua vida na criação, e encontrarem realização
apenas dentro da esfera eclesiástica. Longe disso, a tarefa pastoral é
enviar os cristãos à criação, como agentes da antecipação escatológica da
restauração de toda a criação. Nesse sentido, as únicas pessoas
chamadas a encontrar realização no serviço eclesiástico são justamente
aqueles chamados ao ministério da Palavra e dos sacramentos. A tarefa
dos outros cristãos, equipada e pastoreada por esses, é glorificar a Deus
lá fora, na criação, encontrando realização pessoal e profissional em sua
vocação secular.
4.4. Os pastores mais experientes treinam os novos pastores. Os
seminários teológicos protestantes, como os conhecemos hoje, somente
foram instituídos há cerca de 150 anos. A forma antiga de preparo
ministerial era simplesmente levar o estudante do ministério a trabalhar
sob responsabilidade de ministros mais experientes. Seminários – pelos
menos os ortodoxos e saudáveis – oferecem conteúdo teológico e rigor
acadêmico, não mais do que isso. Deus concede pastores à igreja não
através de seminários, mas por meio do testemunho e ajuda de outros
pastores, mais experientes, e fieis no serviço às igrejas.
4.5. Em suas visitas, os ministros cristãos, precisam redescobrir a
catequese. Esse é o modelo por excelência para guiar as conversas na
visitação pastoral e o aprofundar os temas básicos da pregação
dominical. Desde que a catequese entrou em declínio nas igrejas
protestantes, por volta do fim do século XVIII, a igreja cristã não consegui
encontrar nenhum outro modelo tão eficaz para moldar a congregação
de acordo com os ensinos principais da fé cristã. Então, podemos e
devemos redescobrir a visitação catequética, mesmo em contextos
urbanos, de grande mobilidade e distinções sociais.
4.6. Os ministros da Palavra, em suas visitas, devem servir como
pastores e teólogos. Como exemplo, podemos estudar as vidas de
William Perkins e Karl Barth. Ambos foram grandes teólogos no tempo
em que viveram; ambos lecionaram em grandes universidades; e ambos
pregavam semanalmente nos presídios das cidades onde viviam. Em
suma: devoção, pregação ênfase doutrinal e cuidado pastoral devem ser
mantidos juntos num ministério que almeja ser serviço cristão, de fato, à
igreja de Deus.
Podemos concluir com duas histórias, que resumem o que foi escrito
acima:
Em 1727, Jonathan Edwards, que se tornaria o maior teólogo nascido
nos Estados Unidos, foi ordenado ao pastorado. Ele nos conta o que
escreveu em sua ordenação: “Dediquei-me solenemente a Deus e o fiz
por escrito, entregando a mim mesmo e tudo que me pertencia ao
Senhor, para não ser mais meu em qualquer sentido, para não me
comportar como quem tivesse direitos de forma alguma… travando,
assim, uma batalha com o mundo, a carne e Satanás até o fim da vida”.
Sob o reinado de Maria Tudor, a sanguinária, muitos ministros e
bispos foram queimados na estaca, a ponto disto ter se tornado um
evento comum. Charles Spurgeon, o grande pastor batista vitoriano,
relatou a seguinte história aos alunos de sua Escola de Pastores. Durante
o reinado de Maria Tudor, um homem notou um grande número de
pessoas viajando, logo ao amanhecer, na estrada de Smithfield, um lugar
geralmente usado para as execuções. Ficou imaginando o que traria um
tão grande número de pessoas à rua, fora de suas casas, àquela hora do
dia. Então perguntou a um homem que passava: “Para onde estão indo
vocês?” Ao que respondeu o homem: “Estamos indo a Smithfield, para ver
o nosso pastor ser queimado”. Estão lhes disse: “Porque desejam ver tal
coisa? Que proveito isso lhes trará?” Responderam: “Vamos ver o nosso
pastor ser queimado para aprendermos o caminho”.

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