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Licenciatura em Estudos de Cultura e Comunicação

Comunicação Intercultural

Drag Queen: O fenómeno internacional

Género, Identidade e Mediatismo

Docente: Professora Doutora Ana Paula Tavares

Discente: Inês Vital dos Santos Cabral Nº148657

2019/2020
Índice
Resumo: ......................................................................................................... 2

Abstract: ........................................................................................................ 2

Desenvolvimento: Uma introdução ao tema ................................................. 3

O conceito de Drag Queen......................................................................... 4

Construção de Identidade .............................................................................. 5

Identidade de género e Orientação Sexual ................................................. 5

Preconceito e Intolerância ............................................................................. 6

O impacto mediático ..................................................................................... 8

Conclusão ...................................................................................................... 9

Bibliografia.................................................................................................. 10

1
Resumo:

As drags queens são artistas performáticos com fins profissionais e não estão
diretamente relacionadas com homossexualidade. As identidades das drags queens
diferenciam-se das suas identidades pessoais. Não é possível deixar de levar em
consideração alguns aspetos que definem a forma como as Drags Queens se apresentam
atualmente. Fatores sexuais, políticos e sociais permitiram o modo como a sua arte foi
construída e a sua constante mudança, com influência dos média, maioritariamente
devido a grandes figuras do mundo LGBTI, principalmente a uma grande figura pública,
RuPaul Andre Charles, uma drag queen afro-american. RuPaul permitiu à cultura drag
uma nova visibilidade na cultura popular americana e mais tarde em todo o mundo. Para
além disso, na cultura musical, Pabllo Vittar, drag queen brasileira, passou a fazer parte
das 50 figuras mais influentes da música para a Billboard, quebrando estereótipos e
causando uma mudança na forma como o mundo drag era anteriormente visto.

Conceitos Chave: Drag Queen. Preconceito. Identidade e Género.

Abstract:

Drag Queens are performing artists with professional purposes and are not directly
related to homosexuality. The identities of drag queens differ from their personal
identities. One cannot fail to take into account some aspects that define the way in which
Drags Queens present themselves today. Sexual, political and social factors have allowed
the way their art was built and its constant change, with media influence, mostly due to
great figures of the LGBTI world, mainly to a great public figure, RuPaul Andre Charles,
an African American drag queen. RuPaul gave the drag culture a new visibility in
American popular culture and later all over the world. Furthermore, in musical culture,
Pabllo Vittar, a Brazilian drag queen, became one of the 50 most influential figures in
music for Billboard, breaking stereotypes and causing a change in the way the drag world
was previously seen.

Keywords: Drag Queen. Prejudice. Identity and Gender

2
Desenvolvimento: Uma introdução ao tema

A luta pela igualdade de direitos humanos e pelas liberdades fundamentais do


homem têm sido temas que causaram lutas constantes desde o séc. XX, maioritariamente
devido aos temas da sexualidade e da afetividade. O mundo atual caracteriza-se por
mudanças rápidas. O incremento dos meios de comunicação tem aproximado os homens
uns dos outros, contudo, o mundo continua dividido em unidades económicas de caráter
ideológico político-militar, com graves consequências para os ideais de fraternidade e
igualdade entre nações, criando complexos de toda a ordem, não só a nível social, mas no
indivíduo em si.

O homem, um ser social, desenvolve a sua identidade através de interações com o


meio envolvente. A construção de identidade está associada a diversos fatores, desde a
cultura, às experiências, às adversidades da vida, ou seja, a todos os acontecimentos e
ensinamentos na vida de um indivíduo.

“Sujeito pós-moderno como um indivíduo em constante transformação, por isso, sua


identidade não pode ser considerada fixa, sendo assim, ela se modifica a partir das interações
com o meio” (Hall,1995)

Entre as mais variadas conceções de identidade, sexualidade e género, estão


inseridas as Drag Queen. Desde a Grécia clássica até os dias atuais, os homens
personificam a imagem feminina em diferentes aspetos, da maneira mais realista possível.
O mundo Drag sofreu mudanças tanto esteticamente como na sua função, mas sem nunca
perder o seu principal objetivo – “a grande arte do estranhamento.” O conceito de Drag
Queen surgiu por meio de performances teatrais devido ao preconceito que as mulheres
sofriam na sociedade, na arte e para suprimir a ausência da mulher, os homens começaram
a interpretá-las em peças de teatro e outros tipos de performance.

Nos anos 1970, a homossexualidade tornou-se um ato político. As Drag Queen


ganharam destaque nesta altura pois eram consideradas um símbolo de um ato político e
social, pela luta dos direitos humanos e pela luta da aceitação da homossexualidade. Na
transição para a década de 1980, toda a comunidade foi confrontada com a Sida que era
considerada como "praga dos homossexuais" e raros eram os casos diagnosticados. Em

3
Portugal tornou-se um fenómeno mediático devido à morte de António Variações, e mais
tarde, de Freddy Mercury. António Variações era um dos enormes ícones na sociedade
gay e foi na discoteca Trumps, um dos maiores espaços de entretenimento da comunidade
LGBTI1, que Variações cantou pela primeira vez em público ‘Canção de Engate’, um dos
maiores fenómenos musicais. Nesta altura, as drags saíram de cena e só podiam estar
presentes em bares gays. Nos anos 1990, as drags voltaram a aparecer, mas com a função
de entretenimento e tomaram a frente pela luta dos direitos humanos e os direitos da sua
comunidade.

O conceito de Drag Queen


As drags queens inserem-se no mundo social de maneira singular, através da
elaboração de uma personagem e a caracterização do corpo feminino, estando assim
relacionadas com as artes cénicas e interpretativas: dançam, encenam e fazem playback.
São sujeitos do sexo masculino que se transformam em personagens do género feminino
para realizarem um ato performático e transmitirem sentimentos guardados e ressentidos
criados pela sociedade.

O processo de transformação do corpo drag acontece através da “montaria”, que é


caracterizado por uma alteração artificial e efémera do corpo. Ao utilizar de postura e
indumentária postiças, a drag queen abstrai da sociedade os símbolos que se encontram
presentes em diversos aspetos da vida social. E como as drags representação a
transformação de uma performance de género no sentido do masculino para o feminino,
elas findam por realizar uma releitura sobre como a imagem da mulher é representada
na sociedade, principalmente através da moda e dos meios de comunicação. (Santos &
Veloso, (2010))

A imagem do corpo das drags quens está relacionada à sedução, beleza e vaidade,
onde através da transformação, “fabricação” e montagem do seu corpo constituem um
outro, este com o seu próprio nome ou um alter ego, acessórios e características. Para
Judith Butler, “A performance do drag brinca com a distinção entre a anatomia e o género
que está sendo personificado. Mas estamos, na verdade, na presença de três dimensões

1
LGBTI é a sigla de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexual.
4
contingentes da corporeidade: o sexo anatómico, a identidade de género e a performance
de género”.

Construção de Identidade

O homem quando nasce, começa do nada, nasce nu. Ao longo da vida, vai
aprendendo a comportar-se segundo os padrões do seu grupo social. Vai fazendo uma
aprendizagem e participando no coletivo, da herança social, de um “todo completo que
abarca conhecimentos, crenças, arte, moral, leis costumes e outras capacidades adquiridas
pelo homem como parte integrante da sociedade.”2

“Todos nós nascemos nus. O resto é drag.” (RuPaul Charles)

O homem enquanto faz a aprendizagem modifica-a, acrescentando e inventando


novos elementos, tendo e conta ao meio social que está envolvido. O homem não nasce
com cultura, sofre um processo de enculturação ou inculturação que o integra no todo
social e cultural. O processo cultural repete-se em cada individuo e está ligado à classe
social, ao tipo de cultura ou sociedade, à etnia, ou seja, à cultura como sistema. A cultura
não é geneticamente transmitida, mas herdada socialmente. Não há homem sem cultura
nem cultura sem sociedade. Os homens são similares uns aos outros, têm personalidades
base, mas são únicos entre o seu grupo social.

Identidade de género e Orientação Sexual

A identidade de género3 é a menos compreendida pela sociedade. Não se trata


diretamente na forma como nos relacionamentos entre sociedade, mas sim a forma como
nos reconhecemos dentro dos modelos de género estabelecidos socialmente. A orientação
sexual4 é definida pela atração sexual, diferente da necessidade única e pessoal do
indivíduo de pertencer a algum género. A condição de género de cada pessoa é
determinada pela sociedade e pela região, se há ou não uma religião envolvida e por

2
Tylor, E. (1958). Primitive culture. New York: Harper.
3
Género com o qual uma pessoa se identifica, que pode ou não concordar com o género que lhe foi atribuído
quando de seu nascimento, diferente da sexualidade da pessoa.

5
fatores que são impostos até antes do nascimento. Para além disso, a noção de atribuições
de deveres e reconhecimentos do papel do homem e da mulher estão relacionados com o
contexto cultural em que estão inseridos.

“Identidade de género e orientação sexual são dimensões diferentes e que não se confundem.
Pessoas transexuais podem ser heterossexuais, lésbicas, gays ou bissexuais (…)” (JESUS, 2012,
p.14).
A Orientação sexual5 refere-se a forma como nos sentimos em relação à
afetividade e sexualidade por alguém. Existe um grande conflito de ideias quando se fala
de identidade de género e orientação sexual, pois as pessoas tendem a confundir ambas e
incorrem no erro de acharem que ambos os conceitos são iguais.

«O género é a estilização repetida do corpo, um conjunto de atos repetidos no interior de


uma estrutura reguladora altamente rígida, a qual se cristaliza no tempo para produzir a
aparência de uma substância, de uma classe natural de ser. (BUTLER,2015).»

Preconceito e Intolerância

Preconceito, no sentido literal da palavra é qualquer opinião ou sentimento que


não respeita a liberdade de expressão e a liberdade humana do individuo. É um sentimento
causado pela generalização de experiências pessoais ou causadas pelo meio social
envolvente, causando mais tarde a intolerância. As formas mais comuns de preconceito
são as sociais, raciais, culturais e as sexuais. O preconceito é proveniente de um não
conhecimento daquilo que causa estranheza ao individuo preconceituoso e a falta de
informação, sendo a principal causa do mesmo. Qualquer movimento que se desvie das
“normativas heterossexuais” sofre preconceito devido à sociedade onde estamos
inseridos. Como já vimos anteriormente, o movimento Drag Queen, que começou por
meio de atividades e performances artísticas e por homens, até então prática vista somente
como expressão artística, tendo em vista a não participação da mulher nas artes daquela

5
É o que a pessoa sente por outra. Também está ligada à atração. Uma pessoa pode ser
homossexual, heterossexual, bissexual, pansexual etc.

6
época, criou imensos problemas sociais e a intolerância por parte da sociedade. O
problema aumentou quando estas expressões começaram a expandir-se nas ruas como
forma de manifestação política, através de marchas LGBTI, críticas à sociedade da época,
na defesa dos direitos das mulheres, dos artistas e também dos direitos humanos.

Quando se trata de sexualidade, género e orientação sexual, temos uma infinidade


de informações, porém, pouca abertura á discussão pacífica com a sociedade atual,
criando um desconhecimento na conceção de conceitos que vão contra a
heteronormatividade6. O ser humano, inserido na nossa sociedade atual, tem os seus
preconceitos fundamentados unicamente em aparências e empatia, ou seja, somos
visualmente estimulados a criar julgamentos com o que nos é diferente, produzindo uma
atmosfera de opressão e inferiorização contra gays, lésbicas, transgéneros, etc. O
preconceito relacionado às Drag Queens está ligado à homofobia, tendo em vista a falta
de informação da sociedade quanto ao movimento e ao estereótipo da maioria estar
inserida na comunidade homossexual, não diferenciando o profissionalismo com a
orientação sexual.

Legenda figura 1: Logo do programa televisivo "RuPaul's DragRace",2


fevereiro de 2009, Wikipédia

6
Heteronormatividade (do grego hétero, "diferente", e norma, "esquadro" em latim) é um termo
usado para descrever situações nas quais orientações sexuais diferentes da heterossexual são
marginalizadas, ignoradas ou perseguidas por práticas sociais, crenças ou políticas.
7
O impacto mediático

O programa “RuPaul’s Drag Race” estreado em 2009 e apresentado por uma das
mais famosas drag queens do mundo, tornou-se um enorme sucesso nos últimos anos. “O
sucesso do programa, transformado em franquia pop, visibiliza a cena drag em todo o
mundo e gera adeptos para uma nova geração de consumidores desta cultura.

Decorrente da essência do programa televisivo, em que há uma abordagem de


personagens marginalizados na sociedade, quem observa o programa sente empatia pelos
participantes, devido às duas histórias de vida em que a maioria sofreu de homofobia
desde a infância. Ru Paul deu visibilidade às drags, pois “graças ao programa as drags
foram ganhando espaço”. Mesmo que muitos desses materiais estejam restritos à internet,
é possível perceber que há uma abertura mediática voltada exclusivamente para interesse.
Discriminada, a cultura drag ganhou uma nova vida com o advento de Rupaul’s Drag
Race. Produzindo olhares divertidos e desmistificando este universo, o programa ganhou
milhares de fãs, um importante ingrediente para o sucesso crescente e expansão da cultura
drag.

As drags destacam-se no cenário da música pop e, inclusive, aparecem em meios


da comunicação tradicional, como é o caso de Pabllo Vittar. Segundo um artigo na página
“dezanove”, um site de notícias e cultura LGBTI, “Pabllo Vittar faz história: é a primeira
drag queen no mundo a conquistar um MTV Europe Music Awards (EMA), na categoria
de “Melhor Artista Brasileiro”. Além de vencer o prémio, Pabllo Vittar foi a primeira
drag queen a cantar durante a cerimónia, cabendo-lhe as honras da abertura da “red
carpet”.” As novas tecnologias e a expansão do sistema comunicacional tornaram-se
políticas de visibilidade para as drags, que ganham destaque e agora fazem parte da
cultura do entretenimento.

8
Conclusão

Este trabalho foi essencialmente escrito para entender o quão importante é abordar
as questões inerentes às drags queens. “As suas manifestações são inovadoras e
singulares, mostrando-se diferentes em relação ao meio, através de suas expressões, de
suas formas de “fabricar” o corpo, dos seus adereços e sua da linguagem específica.”. É
através do corpo que ocorre a constituição desse novo ser, o ser emblemático, em que a
relação da personagem com o sujeito que a compõe tem características opostas, onde cada
qual tem sua identidade (personagem e sujeito), tem um limite, apresentando claras
manifestações dos múltiplos aspetos que contornam a identidade da humanidade.

Ao analisar os aspetos de identidade e a sua representatividade, a sua imagem, das


suas características, os lugares frequentados e adornos utilizados, as drag queens chamam
atenção, independentemente do lugar onde estão situadas e representam o poder feminino.
A performance pode ser feita em qualquer corpo, ou seja, o género não possui relação
com o sexo biológico, nem com a sexualidade do indivíduo, a arte drag não está
diretamente relacionada a homens homossexuais.

Nos últimos anos e por conta do impacto do reality show “Rupaul's Drag Race”,
a arte drag tem sido mostrada pelos meios de comunicação social, através de
representações em conteúdos como programas, vídeos e até mesmo em apresentações que
premiaram grandes ícones musicais, o MTV Europe Music Awards 2019 (MTV EMA).
Mesmo com todo o movimento social e o impacto mediático, a cultura drag ainda luta
pelo seu espaço na sociedade. A representatividade dessa cultura tem se vindo a expandir
ao longo dos últimos anos, mas ainda enfrenta um forte preconceito, mesmo dentro do
meio LGBTI.

9
Bibliografia

BUTLER, J. (2017) “Problemas de Género: Feminismos e subversão da


identidade” Edição: Orfeu Negro.

FILHO, B et. all. (1990) “Introdução à antropologia cultural.” 7ª Edição, Lisboa

FOUCAULT, M. (1999). “História da Sexualidade I: a Vontade de Saber” (13ª


ed.).

FOUCAULT, M. (1984). “História da sexualidade II: O uso dos prazeres.”

HALL, S. (2006). “A identidade cultural na pós-modernidade” (11ª ed) (Trad.


Silva, T. T. & Louro, G.).

HALL, S. (1997). “Cultural Representations and Signifying Practices”. London:


Sage.

JESUS, J. (2012). “Orientações sobre a identidade de género: conceitos e


termos.”2ª edição.

LIMA, E. “A identidade performática das Drag Queens: uma revisão da


literatura”

SANTOS, J. e V. (2010) “Espelho, espelho meu: uma leitura do feminino


mediático através do corpo drag.” Disponível:
http://www.intercom.org.br/papers/regionais/nordeste2010/resumos/R23-0183-1.pdf>.

Tylor, E. (1958). “Primitive culture.”. New York: Harper.

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