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IED - Exame - Resumo Introdução ao Estudo do Direito

Introdução ao Estudo do Direito (Universidade Catolica Portuguesa)

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Baixado por Catarina Fernandes (scatarinabarbosa12@gmail.com)
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INTRODU‚ÌO AO ESTUDO DO DIREITO

SEMESTRE DE INVERNO

2018 - 2019

PARTE I: INTRODU‚ÌO

O QUE ƒ O DIREITO?
O Direito Ž o elemento regulador da sociedade e da conduta individual de cada um, tem preval•ncia sobre
interesses individuais e pr—prios.

O Homem Ž um ser social - O homem Ž um ser ontogeneticamente inacabado ou imperfeito. Esta


imperfei•‹o radical decorre da capacidade de pensar. Assim, este s— se realiza plenamente na rela•‹o com
outros indiv’duos, ou seja, tem a necessidade de viver em sociedade.

Dessa vida em sociedade surgem conßitos de interesses entre as partes:

¥ Inter Ð individuais Ð entre indiv’duos;


¥ Entre indiv’duos e comunidade;
¥ Entre comunidades diferentes.

Posto isto, o direito n‹o procura eliminar esses mesmos conßitos de interesses mas antes encontrar uma
forma de os resolver paciÞcamente sob o pretexto de um ideal de justi•a. Vivemos na expectativa de que os
outros atuem de acordo com a norma, o que nos confere seguran•a na vida Social

O direito Ž, portanto, um conjunto de normas que limitam a nossa liberdade, s‹o essas limita•›es que
constituem o pre•o para a nossa vida em sociedade, atingindo-se a paz social.

Quem tem compet•ncia para aceitar limites ˆ liberdade individual s‹o os pr—prios indiv’duos.

Em suma:
O Direito Ž um conjunto de normas de conduta e regras de comportamento social que s‹o executadas por
—rg‹os competentes e coercivos, integrando do valor de justi•a e conduzindo a um ambiente de seguran•a.

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FUN‚ÍES DO DIREITO:

O direito tem uma fun•‹o ordenadora -- ordenar a vida em sociedade, regulando-a, e estabelecendo os
limites para os direitos e deveres de cada um.
 
O direito tem uma fun•‹o estabilizadora -- garantir a estabilidade, prevendo conßitos no seio das rela•›es
sociais.
(H‡ ramos do Direito em que esta estabilidade Ž maior ou menor.)
 
O direito tem uma fun•‹o transformadora -- fun•‹o conformadora, dar uma nova forma ˆ sociedade e ˆ
regras morais e de funcionamento da mesma.
A fun•‹o transformadora contraria a fun•‹o estabilizadora, o que muitas vezes Ž criticado, principalmente
quando a œltima toma um rumo mais radical. Pode trazer problemas ˆ economia, ˆ conÞan•a das pessoas no
sistema e ao rompimento das normas sociais anteriormente em vigor.

(A fun•‹o transformadora Ž relativamente recente e s— surge com as concess›es social-democratas


do sŽculo XX, por isso, muitos autores, n‹o a consideram como uma das fun•›es cl‡ssicas.)

CONCESSÍES DE JUSTI‚A NA RESOLU‚ÌO DE CONFLITOS:

JUSTI‚A
Variando de cultura para cultura e de acordo com as fases do processo evolutivo hist—rico podemos encontrar
diferentes concess›es de justi•a. Aquilo que consideramos justo e que sentimos ser correto aplicar a todos
como forma de viver.

PRINCêPIOS
ƒ imposs’vel deÞnir justi•a, contudo, e de uma forma muito geral, tenta caracterizar-se esta justi•a atravŽs da
nomea•‹o de alguns princ’pios de base que constituem uma mera linha orientadora.

NORMA
Atualmente, e tendo em conta o que consideramos justo, elencado nos princ’pios base de justi•a, cabe ao
poder legislativo criar normas que respeitem essas ideias e que possam ser aplicadas a situa•›es concretas do
nosso dia com o intuito de resolver os diversos conßitos que possam surgir, de uma forma ÒjustaÓ.

CONFLITO
Os conßitos que surgem na sociedade s‹o resolvidos por for•a da aplica•‹o do Direito, no ‰mbito de todo o
ordenamento jur’dico, dispon’vel, ˆ data.

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DIMENSÍES CARACTERIZADORAS DO DIREITO

DIREITO E COA‚ÌO:
Surge uma quest‹o pertinente relacionada com o n‹o cumprimento de uma norma jur’dica, tomando um
indiv’duo a•›es que se desviem daquilo que est‡ estabelecido.

Em certos casos o recurso ˆ for•a/meios de coa•‹o pode, ent‹o, ser legitimo.


 
Este uso da for•a, porŽm, est‡ sujeito a determinadas condi•›es que garantem que esta n‹o Ž uma a•‹o de
cariz arbitr‡rio e desmedido.

Por exemplo: para ser considerada justa, a for•a aplicada tem que ser proporcional ˆ situa•‹o em quest‹o,
adequado portanto, e apenas o estritamente necess‡rio para que se assegure o restabelecimento da ordem
imposta pelo sentido de justi•a. Ainda a acrescentar que a for•a n‹o pode ser utilizada por qualquer um
mesmo que o objetivo seja o restabelecimento da justi•a. Existem um conjunto de institui•›es
propositadamente criadas para este Þm, tais como, os tribunais e a pol’cia.

O recurso ˆ for•a pretende restaurar o princ’pio de justi•a base e sem que esse restauro seja assegurado Ž
imposs’vel dizer-se que se vive num Estado de Direito (estado de vig•ncia de leis) porque o sentimento de
impunidade que se gera simplesmente faria com que o desrespeito pelas normas se espalha-se dando lugar ˆ
anarquia e ˆ ineÞc‡cia do Direito e dos seus mecanismos.
 
Tanto que, se a comunidade se demitir da tarefa de usar a for•a, aquilo que vigora Ž a lei do mais forte - um
conceito b‡rbaro e primitivo - porque o conceito de justi•a desaparece, sabendo que ninguŽm o vai querer
cumprir, ao se considerar impune, tal como j‡ foi referenciado.
 
Ao n‹o cumprir com os princ’pios de justi•a e com as normas impostas, aquilo que cada um faz Ž aumentar o
seu espa•o de liberdade ˆ custa do espa•o de liberdade do pr—ximo, tornando-se a sociedade desigual.
 
N‹o Ž verdade que qualquer um possa usar a for•a, mesmo que proporcional. Tem que ser o trabalho de uma
for•a institucionalizada, competente e legitimada pela comunidade e pelo Direito que sabe como reagir.
 
Adiante, e depois de discutida a ideia de san•›es aplicadas ao incumprimento de uma dada norma jur’dica
surge a seguinte ideia: nem todas as normas jur’dicas surgem acompanhadas de uma san•‹o, nomeadamente,
no que concerne a atribui•‹o de direitos e deveres, liberdades, etc. O facto de um cidad‹o abdicar do
cumprimento desta norma, por exemplo se abdicar de votar, este n‹o incorre em nenhuma san•‹o.
  
Qualquer forma de Direito tem que subsistir no ‰mbito de um conceito de aspira•‹o a justi•a, preocupando-
se o mais poss’vel com a concretiza•‹o daquilo que Ž justo.

Ainda que pautado por erros e lacunas, Ž sempre orientado pela no•‹o da constru•‹o de algo melhor e de um
aperfei•oamento constante que procura encontrar as melhores solu•›es para a resolu•‹o dos conßitos que
v‹o surgindo.

Ainda assim, para que se possa falar de Direito, de ordenamento jur’dico, uma dada norma n‹o pode limitar-
se a estar assente nas premissas certas, deve tambŽm ter uma car‡ter efetivo/positivo, ou seja, tem que
vigorar, tem que ser aplic‡vel, nomeadamente, pelo Direito e aos olhos de um tribunal.

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Vis‹o sociol—gica Ð Max Weber Ð Direito como ordem de coac•‹o.


Existe direito quando a validade da ordem Ž garantida exteriormente pela probabilidade de uma coac•‹o,
aplicada por uma institui•‹o for•ando o respeito e puna a viola•‹o da ordem jur’dica ou seja pelos soci—logos
o direito Ž visto como um instrumento de controlo social eÞcaz.

Vis‹o Jur’dica Ð O Direito como uma Ordem com um Sentido


O direito Ž uma ordem de conviv•ncia humana com um Sentido de Justi•a. A ordem jur’dica tem que ter
inscrita em si: Pretens‹o de Validade no sentido de uma Pretens‹o de Justi•a. Estes dois valores t•m que
estar INTRêNSECOS.
A coac•‹o\coercibilidade, n‹o especiÞca o direito no seu plano de ser , n‹o faz parte da sua essencial,
contudo os mecanismos de coac•‹o existentes s‹o necess‡rio para garantir a sua eÞc‡cia social e vig•ncia.

Vig•ncia do Direito/EÞc‡cia social do Direito Ð O complexo de normas informado pelo ideal de justi•a em
que se traduz na observ‰ncia das normas pelos destinat‡rios, tem que ser realmente vividas (as normas) pelos
destinat‡rios no comportamento social. Ou seja, podem existir normas que s‹o vigentes mas n‹o s‹o validas
pois n‹o tem a aceita•‹o por parte dos destinat‡rios e n‹o se tornam numa realidade social.

JUSTI‚A VS SEGURAN‚A:
O processo de cria•‹o de uma nova norma jur’dica cabe ao poder legislador.
Todavia este n‹o Ž um processo simples. Conforme j‡ analisado o procedimento base consiste na elabora•‹o
de uma norma que se baseie nos princ’pios da justi•a e que possa ser aplicada na pr‡tica como forma de
resolver conßitos espec’Þcos que possam surgir na sociedade.

Contudo, durante o processo de formula•‹o de uma nova norma jur’dica, nem sempre o legislador est‡ ˆ
procura da solu•‹o mais justa uma vez que alŽm desta m‡xima (a justi•a) surgem outras implica•›es que
podem vir a ser postas em primeiro lugar.
 
Isto porque certos impedimentos podem surgir. Um deles Ž a inaplicablidade das normas. As normas tem
que ser aplic‡veis, pelas entidades competentes, caso contr‡rio, mesmo sendo de car‡ter just’ssimo, acabam
por cair na inutilidade.

Por exemplo, se a cada cidad‹o coubesse, de todas as situa•›es que a isso se justiÞcasse, uma
equipa preparada para avaliar o estado do indiv’duo que se propunha a celebrar um contrato.

Mesmo sendo essa uma ideia imensamente justa, o facto de n‹o ser aplic‡vel torna-a num medida irrealista e
como tal o critŽrio de justi•a tem que ser moderado pelo da aplicabilidade.
 
Existem ainda outras linhas orientadoras para a forma•‹o de uma norma jur’dica: estas tem tambŽm de
garantir um compromisso com a previsibilidade e com a estabilidade que a sua exist•ncia provoca na
sociedade, ou seja, em circunst‰ncias semelhantes deve haver uma perspetiva de resolu•‹o dos ditos
problemas com um certo grau de uniformidade com os padr›es anteriores para que assim, mesmo do ponto
de vista econ—mico, possa haver um conjunto de garantias que permitem a elabora•‹o de planos e
investimentos a longo prazo.

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As normas devem assegurar, por exemplo, que um propriet‡rio de uma casa, na eventualidade de a
arrendar, se n‹o for pago, pode despejar o inclino pela for•a do Direito. Se o ordenamento jur’dico
n‹o for est‡vel quanto a estas quest›es, a vontade do sujeito que arrenda vai sair melindrada e isso
afeta diretamente a economia.

Isto reßete a fun•‹o estabilizadora das institui•›es.


 
Em paralelo a esse critŽrio de estabilidade, relativamente ao conteœdo da mensagem, quanto ˆ forma deve
fazer-se um esfor•o de clareza para assegurar que a aplicabilidade das normas Ž clara. Somente assim as
institui•›es respons‡veis pelo poder judicial, como Ž o caso dos tribunais, poder‹o, independentemente de
quem os preside e de quem a eles recorre, aplicar a mesma resolu•‹o a enquadramentos jur’dicos iguais.
 
ƒ fulcral reduzir o risco de subjetividade da norma e para isso deve ser inclu’da na norma dados e
conceitos objetivos como as circunst‰ncias especiÞcas em que a dada norma deve ser aplicada. N‹o se
devem usar formula•›es vagas na norma porque isso vai atribuir um poder decis—rio a quem aplica a norma e
acaba com os preceitos da igualdade nos julgamentos e aplica•›es do Direito.
 
PorŽm h‡ uma rela•‹o de tens‹o entre justi•a e seguran•a uma vez que em dados casos particulares a
inexist•ncia de um critŽrio livre de julgamento para as entidades competentes pode dar origem a situa•›es de
injusti•a, j‡ que n‹o se consideram todos os elementos pr—prios do caso.

S‹o estas normas que sacriÞcam a seguran•a das decis›es em prole de uma maior justi•a relativa.
 
Por exemplo, um inclino n‹o paga a renda durante 6 meses mas t•m todos os dados de que a
poder‡ pagar, de uma vez s—, assim que o seguro de saœde da esposa entretanto acamada entrar em
a•‹o. ƒ justo que o inclino possa Þcar em casa uma vez de que h‡ garantias de que tenciona pagar
e porque se trata de uma situa•‹o que fugi ao seu controle pelas despesas de saœde da mulher.
Contudo, a lei n‹o prevendo estas pequenas particularidades, aquilo que diz, Ž que por, for•a do
n‹o pagamento da renda, e sem considerar os novos dados, considera o dono da casa no direito de
proceder ao despejo. Neste caso, a cria•‹o de uma norma concreta permite que todos os casos
sejam julgados da mesmo forma mas abdica de alguma justi•a para o casal que eventualmente vai
ser despejado.

E existem tambŽm situa•›es opostas onde o legislador n‹o tem outra hip—tese que n‹o a cria•‹o de
normas generalizadas uma vez que em dados casos isso signiÞcaria que o sistema jur’dico n‹o se iria
conseguir adaptar ˆ realidade sempre em evolu•‹o da sociedade.
 
Em todo o Direito Penal e Fiscal, situa•›es de implicam pena de pris‹o e pagamento de impostos, Ž
fundamental a exist•ncia de um texto claro e que n‹o deixe margem de manobra a qualquer
institui•‹o. No caso dos deveres dos cidad‹os perante o estado Ž muito importante um conjunto de
no•›es precisas para que n‹o haja abusos de poder ou capacidade de manobra, de nenhuma das
partes.

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Justi•a Relativa: est‡ associada ao princ’pio de que casos iguais tem tratamento igual, ˆ luz do mesmo
ordenamento jur’dico, perante os mesmos enquadramentos; todos s‹o julgados da mesma forma, sem ter em
conta determinadas circunst‰ncias particulares.

Justi•a Absoluta: Ž o encontrar para cada caso concreto a solu•‹o mais adequada ˆ luz dos princ’pios de
justi•a.

A aplica•‹o de uma justi•a absoluta conduziria a uma maior arbitrariedade nos tribunais e n‹o garantiria que
a equidade vigorasse, nisto, o segundo ponto pode confrontar-se com o primeiro.

Por vezes, a necessidade de previsibilidade e aceita•‹o social das normas jur’dicas exige a aplica•‹o de
uma justi•a menos absoluta e mais relativa.

Uma norma jur’dica s— funciona se a grande maioria das pessoas interiorizar o conjunto de normas que
comp›e o Direito. As normas s‹o assim cumpridas voluntariamente porque o respeito por estas regras
essenciais faz parte da nossa ess•ncia.

Em suma:
A principal fun•‹o que cabe ‡s institui•›es sociais Ž: criar estruturas de Ordem e Estabilidade, para as
rela•›es entre os membros da comunidade.

O Direito dota essa estabilidade ordenadora das institui•›es sociais com uma Seguran•a ordenadora,
especiÞca pr—pria, em que resulta:

A-) Positiva•‹o das normas (gerais e abstractas)

B-) Garantia da efectiva aplica•‹o dessas normas atravŽs:


1 Ñ Aparelho Judicial
2 Ñ Do poder coativo = Seguran•a Jur’dica

Justi•a Ð representa um ideal de hierarquia superior.

Seguran•a Ð representa escal‹o inferior em que esta subordinada ˆ justi•a, no entanto justi•a sem seguran•a
revelar-se-ia desprovida de qualquer eÞc‡cia e vice-versa.

Seguran•a como certeza jur’dica Ð A norma jur’dica seja imbu’da de uma prescri•‹o de car‡cter geral
formulada com precis‹o suÞciente para que os seus destinat‡rios a possam conhecer antes de agir.

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DISTIN‚ÌO ENTRE DIREITO E MORAL:

 
O Direito inspira-se na moral para estabelecer alguns
dos seus princ’pios de justi•a e vai materializar
MORAL aquelas que s‹o as normas de comportamento
associadas ˆ vida em comunidade e que afetam todos.
DIREITO
H‡, porŽm, partes do Direito que em nada se
relacionam com a moral.

Aquilo que se seguem s‹o teorias que pretendem deÞnir as normas jur’dicas, distinguindo-as, por exemplo,
das normas morais (s‹o apresentadas ao indiv’duo pelos seus pr—prios valores e n‹o est‹o associadas ˆ aplica•‹o de qualquer
san•‹o quando n‹o s‹o cumpridas.).

H‡, contudo, alguns valores gerais como: norma jur’dica Ž aquela que nos Ž imposta por terceiros, o
Estado, e que tem poder para afetar o funcionamento da sociedade.

De real•ar que, aos olhos do Dr. Batista Machado, todas estas teorias estabeleceras de critŽrio s‹o alvo de
critica e algumas dessas criticas v‹o ser aqui exploradas.

CritŽrio do M’nimo ƒtico


A teoria aÞrma que o Direito Ž um conjunto m’nimo de regras morais obrigat—rias que permite a
sobreviv•ncia da moral e, consequentemente, da sociedade.

Todas as normas jur’dicas seriam normas morais que foram transformadas em documentos legais por forma a
defender, como j‡ foi dito, a sociedade.

M’nimo Žtico porque apenas se fala de um conjunto m’nimo de regras morais que s‹o importadas para o
Direito.

Critica 1 Ð Existem normas de direito que s‹o eticamente neutras, ou seja, que n‹o tem conteœdo
moral. Ex.: conduzir esquerda\ direita Ð normas organizat—rias/processuais.

Critica 2 Ð existe uma forte interliga•‹o entre o direito e a moral. Muitas vezes o direito dita normas
morais. Existe um conjunto de valores que Ž assumido pelos dois planos.

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CritŽrio da Heteronomia e Coercividade


O Direito assenta numa vincula•‹o heter—noma, que se imp›e de fora aos indiv’duos Ð caracteriza a
coercibilidade.

A Moral caracteriza-se pela autonomia e pela autoÑ vincula•‹o. As normas morais s‹o redescobertas por
cada um ao n’vel da consci•ncia individual.

Ou seja:
O n‹o cumprimento de uma norma jur’dica, ao contr‡rio de um norma moral, desencadeia san•›es palp‡veis.

Critica 1 Ð sobre a heteronomia Ñ numa sociedade democr‡tica, esta heteronomia do direito deve
de acrescer uma aut—noma aceita•‹o global da ordem jur’dica, por parte da sociedade que ela rege.
Para que a ordem se considere legitima: tem que se veriÞcar eÞc‡cia social e vig•ncia efectiva.

Critica 2 Ð sobre a autonomia Ð as normas morais n‹o podem prescindir de coac•‹o social. Esta
garante paz , liberdade e justi•a.
Assegura o quadro de vida em que se torna poss’vel ao homem desenvolver a sua humanidade.

CritŽrio da Exterioridade
Uma das coisas que diferencia o Direito e a moral Ž o facto de o primeiro apenas se preocupar com aquilo
que efetivamente afeta a sociedade, ignorando inten•›es e motiva•›es internas que nunca se chegam a
exprimir.

A a•‹o do direito s— se inicia, de acordo com esta teoria, no momento em que as a•›es se exteriorizam
podendo afetar os demais.

O Direito n‹o pode actuar sobre alguŽm com perÞl de assassino se esse perÞl n‹o se manifestar atravŽs de
uma a•‹o criminosa, ou seja, ignora as inten•›es e exige a exterioriza•‹o da a•‹o.

Cr’ticas:
A grande cr’tica a esta teoria Ž a forma como o Direito, por vezes, faz recurso ˆs inten•›es do
perpetrador da a•‹o para avaliar o seu comportamento traduzindo-se isso num julgamento com um
desfecho diferente;

Diferente san•‹o a quem comete viola•‹o f’sica a terceiros por dolo (sem inten•‹o) ou de forma
premeditada. Clara avalia•‹o das inten•›es interiores para l‡ da exterioriza•‹o da a•‹o.

Surge assim uma contra-cr’tica, e respondendo ao œltimo ponto, defende-se que ainda que se possa
ter em conta as inten•›es do indiv’duo, novamente, o Direito s— entra em a•‹o depois de a a•‹o se
exteriorizar e inßuenciar a comunidade.

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Conclus‹o:
Nenhum critŽrio serve de completo para distinguir o direito da moral.

1 - Porque existe interliga•‹o entre o direito e a moral.

2 - A justi•a que Ž o referencial fundamental para o direito, tem conteœdo Žtico ou valorativo.

3 - O direito n‹o deve de impor uma qualquer ordem moral. O direito n‹o deve de ser instrumentalizado para
impor uma ordem moral. Existem espa•os que pertencem ao direito e outros que pertencem ˆ moral, estes
devem de ser claros e assumidos.

4 - Se o direito for usado para impor a ordem moral estamos perante um estado totalit‡rio e n‹o num Estado
de Direito.

5 - O direito pode permitir condutas imorais. Estas condutas que a moral considera imorais, no entanto, o
Direito pode aceitar as suas normas. Ex. interrup•‹o volunt‡ria da gravidez.

6 - O Direito n‹o pode impor condutas imorais, por isso Ž que existe no nosso ordenamento jur’dico:
Objec•‹o de consci•ncia, - estatuto deontol—gico em que no caso da interrup•‹o da gravidez, o mŽdico pode
recusar fazer o aborto.

Um dos limites que o Direito enfrenta Ž o facto de n‹o poder impor uma forma de comportamento aos
cidad‹os que est‹o sob o seu jugo, se essa forma n‹o for relevante para a vida em sociedade. Isso seria uma
postura abusiva e totalit‡ria do Direito, comum em Estados Totalit‡rios ou Autorit‡rios.
 
Mas o direito n‹o se constr—i apenas atravŽs de um conjunto de normas prŽ-prŽ-estabelecidas pelos atos
jur’dico-pœblicos normativos. A moralidade, associada aos bons costumes, est‡ prevista nos artigos 280» e
281¼ do C—digo Civil -- permite-se o uso das regras de moralidade para a resolu•‹o de conßitos que
chegaram ˆ sede do poder judicial. Bons costumes Ž um conceito indeterminado que autoriza o legislador a
sindicar a validade de um neg—cio jur’dico com base em valores morais.

Para l‡ das normas jur’dicas e morais existem as normas sociais.


 
Estas normas sociais consideram que agimos perante os outros atravŽs de uma dada forma e com um intuito
especiÞco. Essas a•›es s‹o consequ•ncia de um envolvimento social e cultural que nos vai moldando atravŽs
de conce•›es que v‹o evoluindo, cada vez mais depressa, e que consistem em normas sociais que nos regem
no dia-a-dia.
 
Novamente se consideram que existem pontos de contacto entre as normas sociais e o Direito, acima de tudo
porque uma grande parte do Direito teve origem nos costumes e usos sociais. Aquela que era uma pr‡tica
habitual foi ganhando for•a e a certa altura ganhou um estatuto jur’dico ajudando ˆ consolida•‹o do Direito.
 
O Direito Consuetudin‡rio teve inevitavelmente a sua origem nos usos sociais.

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PARTE II: MACROESTRUTURA DO DIREITO

DIREITO OBJETIVO:
O direito objectivo, Ž o conjunto de normas jur’dicas, destinadas a regular a conviv•ncia social, garantindo
paz liberdade e justi•a. ƒ o conjunto de normas que assume como referencial fundamental, a ideia de justi•a.
ƒ o conjunto de noras que muitas vezes traduzem no reconhecimento ou atribui•‹o de direitos subjectivos.

Exemplo: o direito portugu•s n‹o consagra a pena de morte.

DIREITO SUBJETIVO:
O direito subjectivo revela sempre uma posi•‹o de poder, uma posi•‹o de privilŽgio, ocupada por um sujeito
na ordem jur’dica. Esta posi•‹o de poder Ž reconhecida ou atribu’da pelo direito subjectivo.

Exemplo: Eu tenho o direito a receber o pre•o.

DIREITO PòBLICO E DIREITO PRIVADO:


O Direito Objetivo tem duas grandes ordens, que consiste a grande summa divisio: direito pœblico e direito
privado.

A designa•‹o de Estado de Direito remete-nos para um estado que em toda a sua atividade est‡ subjugado
pelas regras jur’dicas, pass’veis serem sindicadas pelos tribunais.

Com o Þm do absolutismo passou a vigorar um conjunto de limita•›es, impostas durante as revolu•›es


liberais, e que colocavam algumas amarras ao poder executivo, exercido pelo monarca. Neste contexto o
poder executivo Ž da responsabilidade do aparelho do Estado no seu todo. Esta gest‹o estava regulamentada
pelo Direito e pelas normas previstas nas Constitui•›es da data. 
 
Fruto desta separa•‹o not—ria entre o papel do Estado enquanto poder executivo e o resto da sociedade civil
v‹o surgir dois grandes conjuntos de regras que orientam o quotidiano de cada um destes setores. O Estado,
sujeito ao direito pœblico, e o funcionamento da vida individual (sociedade civil), sujeito ao direito privado.

Esta distin•‹o existe essencialmente na Europa Continental e por motivos hist—ricos.


 
Direito Pœblico - Tribunais Administrativas e Fiscais
Aos olhos do Direito Pœblico s— aquilo que est‡ previsto nos textos legais Ž efetivamente permitido -
principio da legalidade.
 
Direito Privado - Tribunais Comuns
Aplica-se o principio da autonomia privada que invoca a m‡xima da liberdade, ou seja, tudo aquilo que
n‹o Ž proibido considera-se permitido. Sem uma men•‹o especiÞca em tom proibitiva nada impede a
concretiza•‹o de uma dada a•‹o no plano da sociedade civil.

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Um dos elementos que serve de caracteriza•‹o do Direito Privado Ž a forma como impera o Princ’pio da
Autonomia Privada que tem diversas manifesta•›es na lei. Aqui consagra-se o valor da liberdade e a forma
como cabe a cada um criar as suas pr—prias normas de conv’vio em sociedade, desde que n‹o violem as
proibi•›es dispostas nos artigos da lei, atravŽs do neg—cio jur’dico que se estabelece sob, por exemplo, a
forma de contratos.

A verdade Ž que todos n—s estamos vinculados ˆs leis, contudo, o ordenamento jur’dico que tendencialmente
vigora deixa-nos uma ainda consider‡vel margem de manobra, em diversos campos, para que possamos
tomar as nossas decis›es e adotar os comportamentos que consideramos mais adequados. Nomeadamente, no
‰mbito da esfera privada, sob a al•ada do Direito Privado, consagra-se isso mesmo pela for•a do princ’pio da
autonomia privada. Seja exemplo a celebra•‹o de atos jur’dicos que estabelecem novos direitos e deveres
para os indiv’duos, por for•a de um contrato, como j‡ referido.
 
No caso do Direito Pœblico, por exemplo, quando o estado nos obriga ao pagamento de impostos est‡-nos a
ser imposto esse exerc’cio, sem que haja um consentimento das partes integrantes nesta contratualiza•‹o. H‡
um sentimento de verticalidade uma vez que n‹o podemos contestar ou negociar este processo.
 
Por outro lado, no ‰mbito do Direito Privado, as partes est‹o em plano de paridade e horizontalidade perante
a lei usufruindo, ˆ partida, dos mesmos direitos e deveres que ditam o contexto dos seus acordos.
 
Conforme j‡ descrito, o Direito Pœblico e o Direito Privado t•m ‡reas de atua•‹o diferentes e regem-se por
linhas orientadoras tambŽm elas distintas, no ‰mbito da resolu•‹o de conßitos entre as partes.

Se por um lado h‡ situa•›es em que se permite uma r‡pida e eÞcaz separa•‹o entre os palcos de atua•‹o de
um e de outros, por outro existem situa•›es em que as entidades publicas ao interagirem com entidades
privadas fazem surgir o problema da nomea•‹o do campo do direito em que recai cada uma das situa•›es a
avaliar.
 
Foi por isso necess‡rio procurar um mŽtodo que pudesse ajudar a determinar qual o direito vigente nos
diferentes casos.

CRITƒRIO DOS INTERESSES - parte da interpreta•‹o da norma invocada para resolver a quest‹o. 

Segundo esta teoria parte-se da ideia de que, quando h‡ um lit’gio, uma das partes invoca um ou mais normas
que defendam a sua posi•‹o.

Assim sendo ter-se-ia que interpretar as diferentes normas e entender se a mesma teria em vista a defesa de
direitos pœblicos ou prote•‹o de interesses privados. Chegada a esta conclus‹o ter-si-a tambŽm sabido qual o
ramo do Direito melhor aplic‡vel.

¥ Se a norma defendesse um interesse exclusivo do Estado (que s— ele poderia reclamar), por exemplo o
de arrecadar receitas para prossecu•‹o das suas fun•›es, ent‹o passa a estar o caso no ‰mbito do
Direito Pœblico.

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¥ Se o que est‡ em causa Ž a vontade negocial das partes e a prote•‹o da posi•‹o de alguŽm que
celebrou um contrato, exigindo o cumprimento do mesmo, ent‹o nesse j‡ se fala de interesses privados
e no acautelar dos mesmo, incorrendo no ramo do Direito Privado.

Esta teoria Ž, porŽm, fal’vel porque pode ser muito dif’cil fazer a distin•‹o entre estas defesas uma vez que a
grande maioria das normas defende os dois tipos de interesses, mais que n‹o seja quando falamos do
interesse pœblico da prossecu•‹o da justi•a.

Ainda de real•ar que existem muitas normas que s‹o unanimemente aceites como sendo do ramo do Direito
Pœblico mas que visam a prote•‹o de interesses privados, nomeadamente as normas que promovem o acesso
de pessoas ˆ fun•‹o publica ou a progress‹o nas carreiras dos funcion‡rios pœblicos.

O direito de resist•ncia a atos il’citos da parte da Administra•‹o Pœblica, por exemplo, faz parte das normas
que constam na Constitui•‹o, o que faz dele parte do Direito Pœblico, mas visa proteger interesses privados.

Por outro lado, certas normas de car‡ter privado existem para proteger os interesses pœblicos, entre elas, as
normas que exigem dadas formalidades no cumprimento de certos pro-formes burocr‡ticas - no ‰mbito dos
neg—cios jur’dicos, por exemplo.

CRITƒRIO DA SUPRA E INFRA ORDENA‚ÌO - rela•‹o do posicionamento das partes entre si.

¥ Se numa dada rela•‹o jur’dica houver uma entidade que tem poder de supremacia em rela•‹o ˆ outra
ent‹o, nesses casos, fala-se de Direito Pœblico;

¥ Pelo contr‡rio, se a rela•‹o estabelecida for pariet‡ria ent‹o a rela•‹o seria de Direito Privado.
 
Existem, todavia, muitas rela•›es de Direito Pœblica onde existe este poder de supremacia. Essa Ž a cr’tica a
apontar no que concerne a esta teoria.

Por exemplo, numa associa•‹o entre o governo e as c‰maras existe autonomia de administrativa e est‡-se
numa rela•‹o de igualdade jur’dica que mesmo assim pertence ˆ esfera do Direito Pœblico. Mas tambŽm o
contr‡rio: entre dois entes privados pode existir uma rela•‹o de supremacia, seja, no ‰mbito de um contrato
de trabalho entre o patr‹o e o empregado. N‹o h‡ uma igualdade entre as partes e neste caso esta a falar se
de Direito Privado.

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CRITƒRIO DA QUALIDADE DOS SUJEITOS - a teoria cientiÞcamente mais concili‡vel.

O ponto de partida nesta teoria volta a ser a interpreta•‹o da norma a aplicar para cada um dos casos, visando
determinar se a norma referida pode ser invocada por qualquer sujeito, independentemente da sua qualidade,
ou seja, sendo ente pœblico ou privado.

¥ Se for aplic‡vel a todos os sujeitos ent‹o Ž geral e do ramo do Direito Privado;

¥ Se s— puder ser invocada por organismos legitimados em for•a e compet•ncias pelo Direito Pœblico
ent‹o passa a ser um assunto da esfera do pr—prio Direito Pœblico.

CritŽrio da Supra-Infra CritŽrio da Qualidade dos


CritŽrio dos Interesses
Ordena•‹o Sujeitos

As normas de Direito Pœblico, s‹o


normas que tutelam interesses As normas de direito pœblico, s‹o
colectivos, da comunidade. normas ˆs quais um dos sujeitos
As normas de Direito Privado tutelam De acordo com este critŽrio surge revestido de poderes especiais,
interesses individuais. estar’amos perante normas de direito poder de impŽrio, poder de
privado quando tivŽssemos posi•›es autoridade, (Ius imperii).
Critica 1 Ð Existe uma justaposi•‹o de igualdade ou paridade e perante
de interesses ou entre interesses normas de direito publico quando os As normas de direito pœblico
pœblicos e privados, ou seja, qualquer sujeitos est‹o colocados em posi•›es conferem a determinados sujeitos
norma jur’dica, por um lado tem em de desigualdade ou desequil’brio, um estes poderes, desta forma que nesta
conta, pondera e tutela interesses tem posi•‹o infra-ordenada e o outro situa•‹o as normas tem que ser
individuais, por outro lado pondera e tem posi•‹o supra-ordenada. invocadas no exerc’cio desses
tutela interesses da comunidade. poderes especiais. Tem que invocar
Ap—s esta cr’tica, Ž formulado o Critica 1 Ð Existem rela•›es a norma que o legitima. Ex. sujeito
critŽrio para: CritŽrio do Interesse jur’dicas de direito pœblico com exige pagamento do imposto.
Predominante. estrutura horizontal, os sujeitos
surgem em posi•‹o de igualdade. Ex. As normas de direito privado, n‹o
Critica para este novo critŽrio - Celebra•‹o protocolo entre dois existem poderes especiais, nem de
existem normas de Direito privado munic’pios. autoridade.
que tutelam interesses pœblicos e em
que n‹o Ž poss’vel determinar qual Ž Critica 2 Ð Existem Rela•›es Os sujeitos actuam sem terem
o interesse predominante. Ex. 875 CC Jur’dicas de Direito privado com necessidade de invocar qualquer
Ð Imp›e forma especial. estrutura vertical em que veriÞcamos norma. A raz‹o Ž simples: porque n—s
uma posi•‹o de Supra-Infra todos atuamos no ‰mbito de normas
Existem normas de direito publico ordena•‹o dos sujeitos. gerais que n‹o nos distinguem, temos
que tutelam interesses privados e em Ex. Contrato de trabalho entre todos o mesmo tipo de deveres.
que n‹o Ž poss’vel determinar qual Ž entidade patronal e empregado.
o interesse predominante. Obs.: O Dr. Horster considera que
Ex. Normas que regulam o acesso ˆ este Ž o critŽrio mais seguro.
fun•‹o pœblica.

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PARTE III: A NORMA JURêDICA

NO‚ÌO DE NORMA JURêDICA:


A norma jur’dica Ž a unidade fundamental do ordenamento jur’dico.

(Oliveira Ascens‹o -- O Direito, Introdu•‹o e Teoria Geral)


Uma norma jur’dica Ž, por deÞni•‹o base, um critŽrio de qualiÞca•‹o e classiÞca•‹o de casos concretos,
usando dados normativos.

Por exemplo, no caso de um acidente autom—vel onde se registam danos materiais depois de um condutor ter
adotado comportamento indevidos procede-se da seguinte forma: o tribunal, identiÞcando o envolvimento
factual reconhece os tra•ados gerais da situa•‹o como compar‡veis ao descrito na hip—tese legal de um norma
constante no ordenamento jur’dico em vigor. Mediante essa aplicabilidade da norma compete-lhe entender
qual a san•‹o pretendida pela legislador no corrimento dessa norma e aplicar a mesma, a estatui•‹o da
norma.
 
O esfor•o de concretiza•‹o acontece em dois momentos: ao integrar o caso concreto na categoria de conßitos
e na procura pela pena a aplicar, de acordo com a vis‹o explicitada pelo legislador, ˆ luz do caso dado.
 
Em seguimento do ponto anterior complete-se que o conjunto de decis›es dos tribunais, a concretiza•‹o das
normas em casos espec’Þcos, formam a jurisprud•ncia.
 

Generalidade: A norma Ž formulada, dirigindo-se a um conjunto indeterminado de destinat‡rios, mas


determin‡vel de acordo com os critŽrios objectivos da pr—pria norma.

Abstra•‹o: A norma regula um conjunto indeterminado de situa•›es ( factos), mas determin‡vel de acordo
com os critŽrios objectivados no principio da norma.

Hipoteticidade: A norma Ž um puro modelo, a norma n‹o se aplica por si pr—pria, s— Ž aplic‡vel perante um
caso concreto como resposta a esse caso. A norma s— ganha vida perante 1 facto jur’dico real, veriÞcado e
concreto.

Em suma:

¥ A norma jur’dica s‹o as unidades normativas que comp›em o ordenamento jur’dico.

¥ Cada norma exprime e concretiza todo o ordenamento jur’dico.

¥ O princ’pio da unidade e da coer•ncia l—gica do ordenamento jur’dico.

¥ As normas jur’dicas s‹o mediadoras na aplica•‹o do direito aos casos concretos.

¥ A norma tem o sentido de justi•a, a ideia e concep•‹o de justi•a dos princ’pios.

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ESTRUTURA DA NORMA:

Hip—tese legal ou Previs‹o legal ou Facti-Species - ƒ a parte da norma jur’dica que descreve a situa•‹o
t’pica da vida, o facto, o conjunto de factos ou o modelo de situa•‹o de facto que uma vez veriÞcado no caso
em concreto desencadeia a consequ•ncia jur’dica ou os efeitos jur’dicos Þxados na estatui•‹o. ContŽm uma
descri•‹o de uma categoria de conßitos, representa os contornos gerais do caso.

No ‰mbito da hip—tese podemos encontrar na sua constitui•‹o factos, como por exemplo a contagem
do tempo que passou desde o acontecimento que a tratar. Mas tambŽm podem ser completadas, as
hip—teses legais, por conceitos jur’dicos que s‹o e entendidos por aplica•‹o de outros normas
jur’dicas, como por exemplo a determina•‹o dos 18 anos como a idade em que se atinge a
maioridade, de acordo com o C—digo Civil.

Estatui•‹o - ƒ a parte da norma que estabelece os efeitos jur’dicos, resultantes da veriÞca•‹o em da situa•‹o
descrita na previs‹o ou hip—tese legal. ÒQuid Iuris Ð o qu• de Direito?Ó. ContŽm a solu•‹o que o legislador
consagra para determinado tipo de situa•›es, representa a aplica•‹o do princ’pio de justi•a para aquele caso.
 

A norma jur’dica sendo geral signiÞca que se aplica a todas as pessoas ou pelo menos um grupo de
indiv’duos que partilham caracter’sticas comuns. Abstrata porque atravŽs da hip—tese legal permite a
remiss‹o para uma categoria de casos e n‹o a conßitos concretos. Esta abstra•‹o segue em resposta ao
principio da igualdade uma vez que garante a aplica•‹o de uma norma igual a todos os indiv’duos.
 
A imperatividade n‹o Ž uma caracter’stica de todas as normas, sendo exemplo a consagra•‹o das permiss›es.
Estas n‹o acarretam nenhuma san•‹o na eventualidade de n‹o serem usufru’das e ao mesmo tempo Ž da
liberdade de cada um fazer uso fruto, ou n‹o, delas.

CARACTERISTICAS INERENTES Ë NORMA JURêDICA:


Quanto ao seu conteœdo, podemos descrever o seguinte, em rela•‹o ˆ Hip—tese Legal e ˆ Estatui•‹o:

Hip—tese Legal

Dados Normativos Ñ s‹o conceitos que surgem e cujo conteœdo Ž fornecido por outras normas do Sistema
jur’dico. S‹o conceitos que tem um signiÞcado pr—prio pela norma que o deÞne. Temos que procurar.
Exemplo Ð Cidad‹o, s—cioÉ

Conceitos Descritivos Ñ conceitos que descrevem dados da experi•ncia corrente ou comum. Descrevem
realidade percepcion‡veis pelo sentido. Todos os conceitos descritivos excepto os conceitos numŽricos s‹o
conceitos normativos. Ex: conceito de arma, documento, arma perigosa.

S‹o conceitos perigosos Ð temos que ter cuidado com eles, pois inclu’dos nas normas ganham
sentido diferente do considerado comum. O Professor Batista Machado considera que estes conceitos
sofrem uma deforma•‹o teleol—gica, uma altera•‹o no sentido.

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Estatui•‹o
A estatui•‹o consiste num conjunto de consequ•ncias jur’dicas que surgem na sequ•ncia de uma hip—tese
legal prevista pelo ordenamento jur’dico em vigor. A estatui•‹o pode ser de tr•s tipos:

1. Constitui•‹o de direitos e deveres

2. ModiÞca•‹o de direitos e deveres

3. Extin•‹o de direitos e deveres

FACTOS JURêDICOS:
Aos elementos de caracteriza•‹o que permitem identiÞcar no ordenamento jur’dico a contextualiza•‹o do
conßito chamamos de factos de relev‰ncia jur’dica, os factos jur’dicos (constitu’dos factos e conceitos
descritos no Direito).

Determinado facto, contudo, s— pode ser considerado jur’dico e desencadear uma estatui•‹o quando est‡
previsto na hip—tese legal de uma qualquer norma do ordenamento jur’dico.
 
Aquilo que provoca no legislador a decis‹o de tornar jur’dico um dado facto Ž o impacto que este facto tem
na sociedade. Esta decis‹o surge no ‰mbito do exerc’cio das suas compet•ncias pol’ticas previstas na
Constitui•‹o.
 
Os factos jur’dicos podem ser subdividas em dois tipos:

¥ Factos n‹o volunt‡rios, puros factos jur’dicos, factos naturais: aqueles factos que n‹o dependem da
vontade humana (por exemplo, tempo e prazos).

¥ Factos volunt‡rios, atos jur’dicos em sentido amplo: enquadra a esmagadora maioria dos factos que
s‹o considerados volunt‡rios, isto porque o direito visa regular a vida em sociedade considerando os atos
dos indiv’duos (por exemplo, testamentos, contratos, procura•›es, declara•›es, casamentos, morte se
provocada).

Os factos volunt‡rios resultantes da conduta humana, e determinados pela sua vontade, podem dar origem a
factos volunt‡rios il’citos, desconformes com a ordem jur’dica; ou a factos volunt‡rios l’citos, conforme a
ordem jur’dica e que possuem uma designa•‹o especial Ñ atos jur’dicos.

Por sua vez, os atos jur’dicos consistem em:

- Neg—cios jur’dicos: relacionado com o conteœdo e estrutura. Os atos de conteœdo volitivo, as


declara•›es de vontade, exigem que alguŽm tenha dito "eu quero queÓ, ou seja, expressado vontade. As
consequ•ncias deste neg—cio jur’dico v‹o produzir-se de acordo com o neg—cio jur’dico acordado. Em
suma, h‡, por parte do autor da declara•‹o, um acordo dos direitos e deveres a cumprir.
 
Falamos de neg—cios jur’dicos sempre que h‡ liberdade para que as partes conÞgurem os efeitos
jur’dicos a aplicar.

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- Declara•›es quase negociais: atos com conteœdo declarativo. Enquadram-se no ‰mbito das
declara•›es de ci•ncia (por exemplo, testemunho ou declara•‹o de impostos) ou das declara•›es de
vontade (por exemplo, cheques).

N‹o h‡ possibilidade altera•‹o da conÞgura•‹o dos efeitos jur’dicos.


 
- Atos materiais ou reais: atos que n‹o tem conteœdo declarativo e cujas consequ•ncias jur’dicas est‹o
previstas no Direito (por exemplo, servi•os, entrega de bens, entrega de dinheiro).

De acordo com o Dr. Batista Machado, um facto jur’dico Ž um facto juridicamente relevante e que provoca
efeitos jur’dicos v‡rios. Estes efeitos incluem: a constitui•‹o, modiÞca•‹o ou extin•‹o de uma dada
situa•‹o jur’dica, ou seja, altera•‹o de direitos e deveres referentes a um determinado indiv’duo ou grupo de
indiv’duos.

A rela•‹o jur’dica do indiv’duo saiu modiÞcada pela consequ•ncia de apresenta•‹o de um conjunto de factos
jur’dicos. 

Rela•‹o jur’dica Ž a rela•‹o que se estabelece entre duas ou mais pessoas e que est‡ subjugada e ordenada
pelo Direito, atravŽs da atribui•‹o de direitos e deveres aos envolvidos. A cada direito corresponder‡,
naturalmente, um dever e vice-versa.
 
Contudo, nem todas as rela•›es sociais tem uma relev‰ncia jur’dica prevista no Direito. Assim sendo n‹o s‹o
consideradas rela•›es jur’dicas, seja exemplo, uma rela•‹o de amizade.

DEVER JURêDICO:
O dever jur’dico consiste na obriga•‹o de um sujeito adotar determinado comportamento. ƒ o vinculo que
determina a obriga•‹o de este executar uma dada a•‹o, de acordo com o previsto no ordenamento jur’dico
(nomeadamente na sequ•ncia de um neg—cio jur’dico vinculativo e celebrado ˆ luz do Direito Privado). Estes
comportamentos podem ser de car‡ter positivo ou negativo, fazer ou n‹o fazer algo, respetivamente. A
atribui•‹o desta classiÞca•‹o surge na sequ•ncia da forma linguistica que o legislador empregou na cria•‹o
das normas jur’dicas.
 
No complemento do conceito de dever jur’dico temos que falar da resposta ao n‹o cumprimento desse
mesmo dever: indemniza•‹o. Se uma pessoa n‹o cumprir, voluntariamente, o dever jur’dico que lhe cabe
ent‹o surge a obriga•‹o de indemnizar a outra parte.

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îNUS JURêDICO:
O conceito de dever jur’dico e de —nus jur’dico tem que ser distinguidos.
 
O —nus jur’dico tambŽm faz refer•ncia a um dado comportamento, contudo este n‹o Ž obrigat—rio. No caso
de n‹o o adotar a pessoa: ou vai perder uma vantagem ou ganhar uma desvantagem. PorŽm, a n‹o ado•‹o
do comportamento n‹o origina a necessidade de pagamento de qualquer san•‹o.
 
Por exemplo, o —nus da contesta•‹o:
No caso de se interpor uma a•‹o em tribunal, entre dois particulares, a parte que d‡ in’cio ao processo tem a
obriga•‹o de relatar a situa•‹o que quer explorar, enunciando os factos juridicamente relevantes, incluindo os
direitos de que se viu privado e os deveres de que a outra parte se absteve. A parte acusada Ž beneÞci‡ria
daquilo a que se chama o —nus da contesta•‹o. A possibilidade de contestar aquilo que o outro lado
apresentou na acusa•‹o. Se optar por se abster de usufruir deste —nus ent‹o n‹o est‡ obrigado a oferecer
qualquer tipo de indemniza•‹o a quem quer que seja, mas ao mesmo tempo perde uma vantagem. (A vers‹o dos
factos apresentada pela outra parte Ž dada como estando em conformidade com a realidade).

ESTADO DE SUJEI‚ÌO:
Quando falamos do estado de sujei•‹o referimos uma situa•‹o em que alguŽm est‡ na emin•ncia de
suportar, na sua esfera jur’dica algo imposto por outra pessoa, consistindo em altera•›es aos seus direitos e
deveres.
 
Por exemplo, o estado de sujei•‹o em rela•‹o ao casamento:
A mulher quer divorciar-se. Mesmo que o marido n‹o queira este est‡ em estado de sujei•‹o perante a inten•‹o
da primeira. Por for•a da vontade de outrem vai registar-se uma altera•‹o na esfera jur’dica de um dos
elementos, neste caso a extin•‹o dos direitos e deveres do casamento.

DIREITOS:
A atribui•‹o de um direito Ž a forma mais perfeita de proteger bens com valor jur’dico, bem como os
interesses das pessoas.
 
Por exemplo, sempre que falamos de direitos reais estamos a referir-nos a direitos sobre coisas.
 
Por deÞni•‹o, todos os direitos absolutos s‹o aplic‡veis a qualquer pessoa em qualquer parte do mundo, o
que em contraposto mostra que podem ser violados por qualquer um.

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CLASSIFICA‚ÌO DOS DIREITOS SUBJETIVOS:

¥ Direitos de Personalidade: direitos atribu’dos ˆs pessoas singulares e que visam criar ˆ volta de cada
pessoa uma espŽcie de bolha de prote•‹o. Estes direitos (vida, privacidade, honra, saude, etc.) s‹o
direitos atribu’dos ˆ nascen•a, instramissiveis, e que podem estar sujeitos a limita•›es. Todos est‹o
obrigados a respeitar estes direitos que cabem a qualquer indiv’duo.

¥ Direitos de Dom’nio: direitos que conferem ao seu titular um poder direto e imediato sobre uma
determinada coisa, nomeadamente o poder de excluir todos os outros. Esta Ž uma forma de direito
absoluto.

O direito de propriedade Ž um exemplo. Inclui-se aqui tambŽm a propriedade sobre coisas n‹o tang’veis,
propriedade intelectual.

¥ Direitos Relativos ou Obrigacionais ou de CrŽdito: direitos a exigir a presta•‹o de uma dada a•‹o. S‹o
direitos relativos que n‹o est‹o associadas a todos os indiv’duos. Est‹o consagrados pelo contra p—lo
jur’dico do dever de presta•‹o ou obriga•‹o.

åmbito da responsabilidade civil e dos neg—cios jur’dicos.


 

Os tr•s tipos de direitos citados dizem respeito ao dever jur’dico do indiv’duo.

¥ Direitos Potestativos: representa o poder de, por ato unilateral, alguŽm produzir efeitos jur’dicos na
esfera jur’dica de outra pessoa.

Ao Direito Potestativo corresponde o estado de sujei•‹o.


 
 
Associado ao direito subjetivo falamos da capacidade de exigir ou pretender um dado comportamento
positivo ou negativo de um certo indiv’duo.
 
Com isto, n‹o h‡ um direito a que n‹o corresponda um dever, na rela•‹o entre as partes.

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PERSONALIDADE JURêDICA:
No momento em que um indiv’duo nasce, se torna ser humano na verdadeira conceptualiza•‹o do termo, este
adquire imediatamente conjunto de direitos e deveres que, em muitos casos, o acompanhar‹o para toda a
vida.

A partir do momento que alguŽm recebe um conjunto de direitos e deveres referidos no ‰mbito do Direito,
estamos desde logo a considerar o conceito de personalidade jur’dica. Artigo 63¼ do C—digo Civil.

Artigo 66.¼ Ñ C—digo Civil


(Come•o da personalidade)

1. A personalidade adquire-se no momento do nascimento completo e com vida.

2. Os direitos que a lei reconhece aos nascituros dependem do seu nascimento.


 

Personalidade jur’dica Ž a capacidade legal de ser titular de direitos e obriga•›es, seja no ‰mbito de
entidades singulares ou coletivas, quando falamos de organiza•›es.

PorŽm, uma organiza•‹o, para ter personalidade jur’dica tem que respeitar os fundamentos exigidos pela lei
para que lhe seja outorgada esta nomea•‹o.

Artigo 158.¼ Ñ C—digo Civil


(Aquisi•‹o da personalidade)

3. As associa•›es constitu’das por escritura pœblica ou por outro meio legalmente admitido, que contenham as
especiÞca•›es referidas no n.¼ 1 do artigo 167.¼, gozam de personalidade jur’dica.

4. As funda•›es referidas no artigo anterior adquirem personalidade jur’dica pelo reconhecimento, o qual Ž
individual e da compet•ncia da autoridade administrativa.

(consultar or artigos seguintes do C—digo Civil)


 
A atribui•‹o de personalidade jur’dica a organiza•›es visa dar resposta a quest›es pr‡ticas relacionadas com
a intera•‹o da organiza•‹o com terceiros.
 
No ‰mbito da personalidade jur’dica podemos falar ainda da aquisi•‹o de novos direitos e deveres. Contudo,
antes disso acontecer por for•a da maioridade, h‡ um processo de aquisi•‹o progressiva de direitos e deveres
em fun•‹o da idade do indiv’duo.

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7 anos Ñ Capacidade delitual ou imputabilidade o que diz respeito ˆ capacidade de serem obrigados a
assumir responsabilidade por uma dada a•‹o, acreditando-se que nesta idade s‹o j‡ capazes de distinguir o
certo do errado.

Artigo 488.¼ Ñ C—digo Civil


(Imputabilidade)

2. Presume-se falta de imputabilidade aos menores de sete anos.

16 anos Ñ Capacidade para casar e perÞlhar, capacidades estas que s‹o estritamente pessoais e que n‹o
podem ser levadas a cabo por qualquer representante legal.

Artigo 1601.¼ Ñ C—digo Civil


(Impedimentos dirimente absolutos)

S‹o impedimentos dirimentes, obstando ao casamento da pessoa a quem respeitam com qualquer outra:

a) A idade inferior a 16 anos.

Artigo 1850.¼ Ñ C—digo Civil


(Capacidade)

1. Tem capacidade para perÞlhar os indiv’duos com mais de 16 anos, se n‹o forem maiores acompanhados com
restri•›es de exerc’cio de direitos pessoais nem forem afetados por perturba•‹o mental not—ria no momento da
perÞlha•‹o.

2. Os menores n‹o necessitam, para perÞlhar, de autoriza•‹o dos pais ou tutores.

18 anos Ñ Maioridade, plena capacidade de exerc’cio de direitos, ou capacidade negocial de exerc’cio,


porque permite o estabelecimento de neg—cios jur’dicos. Capacidade de por ato pr—prio adquirir direitos e
assumir obriga•›es.
 

Artigo 122.¼ Ñ C—digo Civil


(Menores)

ƒ menor quem n‹o tiver ainda completado dezoito anos de idade.

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Artigo 130.¼ Ñ C—digo Civil


(Efeitos da maioridade)

Aquele que perÞzer dezoito anos de idade adquire plena capacidade de exerc’cio de direitos, Þcando habilitado a reger
a sua pessoa e a dispor dos seus bens.

CLASSIFICA‚ÌO DAS NORMAS JURêDICAS:


 
1. CritŽrio da Autonomia Privada:

a. Normas imperativas -- normas que se imp›e ao destinat‡rio, n‹o podendo este escolher se
as cumpre ou n‹o. Se n‹o cumprir sofre as consequ•ncias.

i. Normas Precetivas -- imp›e um comportamento

ii. Normas Proibitivas -- pro’bem um comportamento

(1) O critŽrio de distin•‹o Ž a pr—pria formula•‹o linguistica da norma

b. Normas dispositivas -- normas que, pelo contr‡rio, podem ser evitadas pelo destinat‡rio.
Este tem a liberdade de afastar a norma, por meio de uma dada a•‹o ou n‹o-a•‹o.

i. Normas facultativas -- atribuem direitos deveres ou capacidades

ii. Normas interpretativas -- visam atribuir um sentido a uma declara•‹o ou


comportamento de um sujeito jur’dico privado; s‹o normas que visam Þxar um
sentido para as declara•›es das partes quando elas n‹o o Þzeram (artigo 2262¼ e 1424¼
do C—digo Civil, por exemplo)

iii. Normas supletivas Ñ visam suprimir a falta de manifesta•‹o de vontade das partes.
S— interv•m quando as partes n‹o manifestaram a vontade supondo que estas n‹o o
Þzeram porque estavam de acordo com os tr‰mites comuns apresentados no C—digo
Civil. (por exemplo a determina•‹o de quem paga as custas da conservat—rio no ato de
venda de um im—vel). (artigo 1717¼ do C—digo Civil, por exemplo)

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2. CritŽrio da Validade Espacial:

a. Normas universais Ñ normas que vigoram territorialmente em todo o territ—rio nacional.

b. Normas regionais  Ñ  de a•‹o numa dada regi‹o aut—noma.

c. Normas locais Ñ vigoram no territ—rio de uma autarquia local.

3. CritŽrio da Validade Pessoal:

a. Normas gerais -- Þxam o regime geral aplic‡vel a uma determinada matŽria (artigo 219¼ do
C—digo Civil);

b. Normas especiais -- estabelecem um regime especial, diferente do regime regra, onde vigora o
seu principio geral, mas com algumas especiÞcidades (Direito Comercial (direito especial) = norma
geral + norma especial);

c. Normas excecionais -- estabelecem um regime oposto ao regime regra (artigo 875¼ do C—digo
Civil isola sector restrito CV im—veis - isola 219¼ do CC);

4. CritŽrio da Plenitude do Sentido:

a. Normas aut—nomas Ñ tem por si s— sentido pleno e completo. (artigo 487¼/2 Ñ CC);

b. Normas n‹o-aut—nomas Ñ a norma n‹o tem por si s— sentido pleno e completo. Necessita de
outras noras para ganhar sentido pleno e completo. S— regulam indirectamente. S‹o normas
indirectas de devolu•‹o. (artigo 799/2 Ñ CC remete para o 487/2 Ñ CC)

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5. Avalia•‹o da Estatui•‹o:

a. Leis mais que perfeitas Ñ normas cuja viola•‹o implica a nulidade do acto e a aplica•‹o de
uma pena acess—ria;

b. Leis perfeitas Ñ normas cuja viola•‹o implica a nulidade do ato mas sem qualquer pena
acess—ria;

c. Leis menos que perfeitas Ñ normas cuja viola•‹o implica uma pena mas n‹o a nulidade do ato
em quest‹o;

d. Leis imperfeitas Ñ normas cuja viola•‹o n‹o implica qualquer tipo de san•‹o. Tem por
destinat‡rio certos org‹os superiores do aparelho de Estado.

PREDISPOSI‚ÍES JURêDICAS INCOMPLETAS:


N‹o s‹o normas jur’dicas. N‹o tem estrutura normativa. N‹o est‹o formuladas. N‹o obedecem ˆ estrutura da
norma (previs‹o + Estatui•‹o).

¥ S‹o deÞni•‹o ou classiÞca•›es


¥ S‹o disposi•›es legais que Þxam conteœdo dos conceitos
¥ Organizam ou sistematizam conceitos.
¥ Servem para integrar a hip—tese global da norma no sistema.

Exemplo: 202 Ð deÞni•‹o de coisa, 204 Ð deÞni•‹o de coisa im—vel

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TƒCNICAS LEGISLATIVAS

TŽcnicas Legislativas Gerais


¥ O legislador deve cumprir, escrupulosamente, as regras de gram‡tica, ortograÞa e sintaxe da l’ngua
portuguesa, uma vez que as leis s‹o enunciados linguisticos;

¥ Por via de regras as normas obedecem a uma estrutura t’pica (hip—tese legal e estatui•‹o), sendo por isso
de prever que estas sigam este modelo, descrevendo uma situa•‹o t’pica de conßito e apresentando um
solu•‹o especiÞca;

¥ ƒ fundamental a utiliza•‹o de termos tŽcnicos e cient’Þcos.


 

TŽcnicas Legislativas EspeciÞcas


¥ A ideia da parte geral pretendem estabelecer os princ’pios que regem aquele conjunto de solu•›es, Þxa as
matŽrias comuns a todas as outras matŽrias por forma a garantir a elabora•‹o mais eÞcaz de c—digos e
diplomas legais;

¥ Cada uma das matŽrias ter‡ a sua especiÞcidade e por isso cria-se uma disposi•‹o geral para esta nova
matŽria e tambŽm um conjunto de normas que trabalham mais aprofundadamente essa matŽria (artigo
397¼ e seguintes do c—digo civil como exemplo)

  

CODIFICA‚ÌO:
Quando falamos de codiÞca•‹o, estamos a referir-nos a um conjunto de normas legais que s‹o agrupadas
num s— diploma legal, por for•a de uma organiza•‹o sequencial, que de forma unit‡ria e sistem‡tica regula
uma matŽria ou ramo do direito.

(Ex.: C—digo Civil, C—digo Penal, C—digo das Sociedades Comercias, C—digo da Estrada, etc.)

O C—digo tem a voca•‹o e aspira a esgotar a an‡lise de uma dada matŽria, ou seja, completar num s—
diploma todas as informa•›es sobre um certo tema e as resolu•›es e conceitos legais previstos pelo
legislador.

A cria•‹o de C—digos, tem acima de tudo, no seu fundamento original uma inten•‹o pr‡tica que visa facilitar
a aplicabilidade do ordenamento jur’dico daquele instituto a que se refere o C—digo. Esta l—gica e
organiza•‹o sequenciais permitem que qualquer jurista, mesmo n‹o sendo especialista naquela matŽria, possa
encontrar as respostas ˆ pergunta que se lhe imp›e.
 
O principio passa pelo estabelecimento de regras gerais, como ponto de partida, havendo em seguida uma
especiÞca•‹o e desenvolvimento dos temas que comp›e o instituto jur’dico em quest‹o.
  

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Vantagens: Facilita o trabalho do jurista. O C—digo contŽm a disciplina fundamental organizada/


cient’Þca /sistem‡tica e unitariamente. O C—digo evidencia, exprime concep•›es fundamentais.

Desvantagens: pela sua rigidez e formalismo, desactualiza•‹o das normas, incapacidade de resposta
ˆ evolu•‹o da realidade social.

Aquela que Ž apontada como sendo uma das potencias desvantagens da codiÞca•‹o pode, na realidade,
consistir numa oportunidade extremamente vantajosa para a cria•‹o e desenvolvimento do ordenamento
jur’dico. Por for•a da sua estrutura formalizada, os c—digos, conseguem mais facilmente consagrar um
conjunto de princ’pios e preceitos base que, de acordo, com o legislador, s‹o mais indicados para a resolu•‹o
dos v‡rios conßitos poss’veis e inerentes a um dado um instituto jur’dico. Entendendo-se esse tra•ado geral,
em caso de omiss‹o, ou erro, ou necessidade de adapta•‹o, Ž mais f‡cil integrar-se essas mesmas corre•›es
aos c—digos sem que se desrespeite os seus elementos angulares. Os pr—prios c—digos fomentam, pela sua
estrutura uma constante adapta•‹o ˆ realidade social envolvente. Por isso, de acordo com o Doutor Batista
Machado, s‹o chamados de aut•nticas f™rmas generativas, porque permitem dar forma e gerar novas
normas de uma maneira bastante adequada aos institutos jur’dicos em quest‹o.

Compila•›es legais, como s‹o exemplo as afonsinas, manuelinas e Þlipinas, consistem num agrupar de todas
as normas jur’dicas em vigor aproveitando a oportunidade para suprimir algumas e ratiÞcar o conteœdo de
outras.

Consolida•›es legais s‹o a jun•‹o, num œnico diploma, de todas as leis sem que sejam inovadas ou
sistematizadas de uma forma ci•ntiÞca, apenas consiste no arquivo de informa•›es num œnico documento.
 

Por vezes, o legislador opta por regular uma atividade especiÞca, esses diplomas s‹o chamados de Estatutos,
este estatuto prev• os direitos e deveres inerentes ao exerc’cio da atividade, bem como a capacidade de
acesso a essa atividade, e a estatui•‹o no ‰mbito do incumprimento de uma das normas.

(Ex.: Estatuto da Ordem dos Advogados, Estatuto da Ordem dos MŽdicos, etc.)
 

Leis Org‰nicas s‹o respons‡veis por regular o processo de funcionamento dos org‹os de soberania.

Leis Avulsas ou Extravagantes s‹o leis que vem regular uma dada situa•‹o especiÞca, criando um diploma
n‹o ligado a um qualquer c—digo.

O regime da uni‹o de facto, que n‹o foi adicionada ao C—digo Civil, Ž um exemplo de leis avulsas.

A pr—pria Constitui•‹o trata-se de um c—digo.

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PARTES GERAIS:
O legislador p›e em evid•ncia princ’pios gerais, disposi•›es normativas comuns a um conjunto vasto de
matŽrias. Permitem aprender as coordenadas gerais do sistema.

REMISSÍES:
Por forma a evitar a extens‹o exagerada dos pr—prios C—digos, abandonando por isso as repeti•›es
despropositadas, Ž tŽcnica legislativa o recurso ˆs remiss›es. Ou seja, uma dada norma jur’dica faz uso do
conteœdo de outra para conseguir completar o seu sentido sem que uma certa informa•‹o tenha que ser
repetida mœltiplas vezes no ordenamento jur’dico.

Por exemplo, os artigos 152 a 156 do C—digo Civil regulam a inabilita•‹o de um indiv’duo.
No artigo 156¼, especiÞcamente, os conceitos a’ esplanadas remetem-nos para os artigos 131¼ a 138¼,
novamente, do C—digo Civil.

Em vez de resolver a quest‹o diretamente, a norma jur’dica manda aplicar uma outra norma do mesmo
ordenamento jur’dico (remiss‹o intrasistem‡tica) ou para um outro ordenamento jur’dico (remiss‹o
extrasistem‡tica), por exemplo nas remiss›es para o Direito da Uni‹o Europeia ou Direito Can—nico, no
caso da regulamenta•‹o do casamento cat—lico.

Uma norma jur’dica com car‡ter remissivo pode ser de, pelo menos, dois tipos:

¥ Conter uma hip—tese legal, sem estatui•‹o e com remiss‹o a nova norma onde est‡ indicada a estatui•‹o
a aplicar na hip—tese legal primeiramente referida.

¥ Deter apenas a estatui•‹o, sem hip—tese legal, e que remete para uma hip—tese legal de outra norma,
nesses casos acontece que s‹o aplicadas as duas estatui•›es.
 
O artigo 156¼ manda aplicar a estatui•‹o do artigo 139¼, que invoca o conceito de menoridade espelhado no
artigo 130¼. (C—digo Civil de 9¼ Edi•‹o)

Podem as remiss›es ser sequenciais sendo por isso chamadas de duplas remiss›es.
 
Todo um instituto jur’dico pode ser a meta de uma remiss‹o chamando-se assim remiss‹o ampla.

No C—digo Comercial faz-se uma referencia ˆ remiss‹o para a aplica•‹o do C—digo Civil, na falta de qualquer
elemento especiÞca para resolu•‹o de um conßito.
 
Integra•‹o-Subsidi‡ria:
As remiss›es fazem uma integra•‹o-subsidi‡ria das normas.

Integra -- tem por objetivo completar as regras j‡ referidas na norma remissiva.

Subsidi‡ria -- apenas se aplicam as normas remetidas nos casos n‹o previstos na norma original, a
sua aplica•‹o depende da primeira no sentido em que s— se recorre ˆ remiss‹o na falta de resposta
clara e concreta na norma original.

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Em suma:

DeÞni•‹o de Remiss›es

TŽcnica Legislativa.
O legislador em vez de regular directamente a matŽria/quest‹o do direito ou problema, envia ou manda aplicar outra
norma. O conteœdo desta norma para a qual o legislador mandou aplicar Ž extens’vel ˆ norma remissiva.
As normas remissivas, n‹o s‹o normas aut—nomas, por si s— n‹o tem sentido pleno. S‹o normas de devolu•‹o/
indirectas. Falta-lhes a Hip—tese ou a Estatui•‹o.

Remiss›es Simples Remiss‹o em Cadeia ou ˆ 2» Pot•ncia

A norma manda aplicar para outra norma parte da sua A norma manda aplica outra norma que Ž igualmente
estrutura (hip—tese legal ou estatui•‹o). remissiva para uma outra norma.

Remiss‹o Ampla com Fun•‹o Integradora


Remiss‹o em Extens‹o
Subsidi‡ria

As normas exempliÞcadas tem um tal sentido completo e


Ampla Ð A lei manda-nos aplicar um vasto conjunto de concretizam uma tal forma de justi•a que, por via de uma
normas feita para todo o c—digo. remiss‹o extens‹o, evidencia-se a sua relev‰ncia,
Integradora Ð ocupa, preenche espa•os e respostas ˆs declarando o potencial expansivo deste instituto e que
perguntas. podem, por isso, os seus princ’pios e regras, servir de
Subsidiaria Ð S— se aplicam na falta de disposi•›es regula•‹o base de outras quest›es.
especiais, associadas ˆ norma remissiva.
Exemplo Ð 913 CC Ð remete para venda de bens Exemplo: 939 CC Ð Envolve outros contratos onerosos
onerados, se alguma das situa•›es da norma se veriÞcar. que n‹o est‹o mencionados no campo de aplica•‹o dos
artigos 874 -938 CC

Remiss›es intra-sistem‡ticas Remiss›es extra-sistem‡ticas

S‹o remiss›es para dentro do mesmo sistema ou O.J. A


lei manda aplicar outra (s) norma (s) pertencentes ao A lei manda aplicar outra (s) norma (s) pertencentes a um
mesmo sistema jur’dico ainda que contidas no mesmo Sistema jur’dico diferente. Ex.: 1625 Ð remete para
diploma ou diploma diferente. Direito Can—nico

Finalidade das Remiss›es

Evitar repeti•›es.
Evidenciar as analogias, as conex›es e articula•›es entre as diferentes normas.
Evidenciar a unidade e a coer•ncia l—gica do sistema

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DEFINI‚ÍES LEGAIS:
TŽcnica Legislativa em que se traduz em enunciados legais, s‹o disposi•›es normativas incompletas, n‹o
tem estatui•‹o nem previs‹o. A tŽcnica legislativa aqui presente deÞne-se em que a lei Þxa o conteœdo de
determinados conceitos que integram a hip—tese legal das normas que se lhes seguem. Estas n‹o podem ser
consideradas normas por falta de uma estrutura cl‡ssica consagrada: hip—tese legal e/ou estatui•‹o. Ex. 202
CC Ð no•‹o de coisa. A Þnalidade Ž evitar repeti•›es.

FIC‚ÍES LEGAIS:
A lei assimila Þcticiamente realidades factuais diferentes, ou seja, o objectivo Ž sujeitar estas duas realidades
factuais embora diferentes ao mesmo regime jur’dico.

A lei estabelece que a situa•‹o a regular Ž/deve ser considerada igual a uma situa•‹o j‡ regulada. Ex. 224/2
Þcciona/sujeita ao mesmo regime jur’dico que o 224/1 CC.

Aconteceu A, mas por for•a da Þc•‹o legal, Ž como se tivesse acontecido B.

PRESUN‚ÍES LEGAIS
ƒ a ila•‹o que a lei retira de um facto conhecido para aÞrmar/considerar veriÞcado/estabelecer um facto
desconhecido. A presun•‹o legal Ž formulada a partir de ju’zos da normalidade, de acordo com as regras da
experi•ncia corrente/comum. VeriÞcado o facto conhecido, a lei atravŽs desta tŽcnica legislativa considera o
facto desconhecido. A Finalidade Ž facilitar a prova dos factos dif’ceis de provar.

Considera•›es Gerais Ð Em regra as presun•›es legais s‹o sempre relativas, Contudo nas absolutas que
surjam , no texto da norma revelam um car‡cter absoluto, elas s‹o evidentes pelas express›es: Sempre.

- A Þnalidade das presun•›es Ž facilitar a prova dos factos, factos estes dif’ceis de provar.
- As presun•›es legais v‹o interferir com as regras gerais do înus da Prova - Invertem-no.
- As regras do —nus da prova sem a presun•‹o

1 Ñ S‹o os critŽrios formais de decis‹o.


2 Ñ S‹o as regras de reparti•‹o do encargo probat—rio em tribunal.
3 Ñ S‹o as regras que Þxam quem tem que provar o que. Em regra aqui Ž ao lesado que incumbe o
—nus da prova, ou seja tem que provar que o lesante lhe daniÞcou o bem. 342/1 CC.

O tribunal em caso de dœvidas defende sempre o lesante, o lesado tem que provar, se n‹o o conseguir perde a
causa.

- As regras do —nus da prova com a presun•‹o Ð Aqui a matŽria de responsabilidade civil vai implicar a
ent‹o invers‹o do —nus da prova Ð 491/492/493.1/503/3 CC

O lesante responde salvo se provar que n‹o teve culpa, ou que foi a outra parte a causar danos.

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Presun•›es judiciais: presun•›es que um juiz cria baseado na experi•ncia normal que a pr‡tica lhe concede,
s‹o destru’das e refutadas quando a outra parte alega e prova um facto que gera dœvida na cabe•a do juiz.

Presun•›es legais: s‹o estabelecidas na pr—pria lei e s— podem ser afastadas mediante a prova do contr‡rio
--- ilidir a presun•‹o, refutar.

Presun•›es relativas (iuris tantum) -- aquelas que podem ser afastadas mediante forte prova em
contr‡rio. Ñ artigo 491¼, 1260¼/2 CC

Presun•›es absolutas (iuris et de iure) -- n‹o admite sequer prova em contr‡rio (Ž uma presun•‹o
absoluta quando se usa a designa•‹o Òsempre"). Ñ artigo 243¼/3, CC; 1260¼/3, CC.

CONCEITOS DETERMINADOS:
S‹o conceitos que tem um conteœdo preciso, este conteœdo Ž Þxado normalmente pelas normas do sistema.
S‹o dados normativos. Ex. Bem im—vel/CC
O PBM considera que s‹o as partes Þxas, estruturas arquitect—nicas, sobre as quais assentam os pilares do
sistema. S‹o os pontos Þxos, seguros, os pilares do sistema.
Em regra costumam a estar combinados com a Regulamenta•‹o Casu’stica. Estas normas criam rigidez, s‹o
normas fechadas.

REGULAMENTA‚ÌO CASUêSTICA:
A tŽcnica que se op›e ˆ formula•‹o vaga das normas Ž chamada de regulamenta•‹o casu’stica ou tipiÞcada da
norma, onde o legislador tem todo o cuidado quanto ao estabelecimento de uma norma clara e r’gida.
 
No ‰mbito da regula•‹o tipiÞcada da norma podemos falar de enumera•›es:

¥ Enumera•‹o exempliÞcativa representa, precisamente, a exempliÞca•‹o constitu’da pelo legislador,


deÞnido com todo o rigor a hip—tese legal de uma dada norma. Sendo exempliÞcativa signiÞca que
podem originar outras aplica•›es.
 
¥ Enumera•‹o taxativa nomeia apenas os casos pass’veis de serem afetados pela norma -- por exemplo,
artigo 204¼ (no caso signiÞca que n‹o corresponde ˆ deÞni•‹o)

Desvantagens:
1 Ð Rigidez Ð A norma Ž fechada.
2 Ð N‹o permite a osmose/mistura/comunica•‹o entre as m‡ximas Žtico-sociais.
3 Ð N‹o consegue acompanhar a realidade social.
4 Ð Estas normas s‹o normas pouco adequadas para regular matŽrias complexas.
5 Ð Revela diÞculdades na adapta•‹o e aplica•‹o das normas nos casos concretos.

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"Introdu•‹o ao Direito e ao Discurso LegitimadorÓ de Batista Machado

Para o Doutor Batista Machado, no ‰mbito das regulamenta•›es casu’stica/tipiÞcadas podemos entender as seguintes
desvantagens principais:

¥ Pode este tipo de norma ser inadequado pela complexidade da natureza de alguns temas;

¥ Declara que as rela•›es sociais entre sujeitos est‡ sempre a sofrer muta•›es aceleradas;

¥ Rela•›es em que o contacto entre as partes se estabelece por forma a envolver dimens›es mais profundas da
pessoa humana s‹o igualmente dif’ceis de tipiÞcar;

¥ A regulamenta•‹o corre sempre no risco de incorrer em omiss›es:

- Lacunas de regulamenta•‹o: falta de regulamenta•‹o em matŽrias relevantes.

- Lacunas de exce•‹o: quando a matŽria, pelo seu car‡ter especial, merece uma abordagem diferente
das que se consagram na norma casu’stica

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CONCEITOS INDETERMINADOS:
Sabendo que o legislador comunica com o poder judicial atravŽs de textos entendemos que uma das
preocupa•›es do primeiro Ž desenhar um conjunto de normas que n‹o sejam amb’guas e que permitam uma
clara interpreta•‹o da parte dos tribunais.

Para isso, o legislador faz uso de conceitos jur’dicos.

Conceitos jur’dicos esses que devem ser espec’Þcos e que possuem um signiÞcado tŽcnico, permitindo que a
aplica•‹o da norma seja feita de uma forma justa e precisa.

Seja exemplo disso a deÞni•‹o de menor, presente no artigo 122¼, e que delimita em termos de idade a
distin•‹o entre a maioridade e a menoridade.
 
Uma grande maioria das normas tenta seguir este preceito aplica•‹o de conceitos prŽ-deÞnidos por forma a
garantir o cumprimento do Direito de uma forma justa e igualit‡ria.
 
Contudo, se a rigidez normativa for excessiva assistimos a uma incapacidade da parte do ordenamento
jur’dico de se adaptar ˆ evolu•‹o da sociedade e das mentalidades que a constituem.
 
Assim, atravŽs de outras tŽcnicas legislativas, para alŽm das j‡ mencionadas, Ž necess‡rio que o legislador
encontre uma solu•‹o adequada.
 

Artigo 127¼ Ñ C—digo Civil


(Excep•›es ˆ incapacidade dos menores)
 
1. S‹o excepcionalmente v‡lidos, alŽm de outros previstos na lei:

a) Os actos de administra•‹o ou disposi•‹o de bens que o maior de dezasseis anos haja adquirido por seu
trabalho;
 
b) Os neg—cios jur’dicos pr—prios da vida corrente do menor que, estando ao alcance da sua capacidade
natural, s— impliquem despesas, ou disposi•›es de bens, de pequena import‰ncia;
 
Tendo em conta que o legislador n‹o consegue prever todos os casos onde esta norma seria aplic‡vel, e
sabendo que Ž fundamental ir integrando progressivamente o menor na vida em sociedade, ent‹o,
estabelece-se um conjunto de conceitos indeterminados que permitem introduzir alguma maleabilidade no
sistema. Esta capacidade surge tambŽm como resultado da capacita•‹o das institui•›es pr—prias para serem
capazes de se adaptarem ˆ realidade social, dando (alguma) liberdade ao juiz para poder fazer uma an‡lise
do que est‡ perante si.
 
c) Os neg—cios jur’dicos relativos ˆ proÞss‹o, arte ou of’cio que o menor tenha sido autorizado a exercer, ou os
praticados no exerc’cio dessa proÞss‹o, arte ou of’cio.
 
 
Estes conceitos indeterminados s‹o um compromisso v‡lido entre a justi•a e a seguran•a, onde neste caso
predomina a justi•a em detrimento da seguran•a.

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Conceitos carecidos de preenchimento valorativo.


Conceitos gradativos (culpa grave, culpa leve, culpa lev’ssima) que v‹o recebendo diferentes
interpreta•›es ao longo do tempo e consoante a mudan•a das conce•›es sociais.

Conceitos que remetem para dados da experi•ncia de conteœdo ßex’vel.


A adapta•‹o da norma ˆ complexidade da matŽria a regular, ˆs particularidades do caso ou ˆ
mudan•a das situa•›es, ou para facultar uma espŽcie de osmose (o Direito est‡ perme‡vel - deixa
entrar) entre as m‡ximas Žtico-sociais e o Direito, ou para permitir levar em conta os usos do tr‡Þco,
ou, enÞm, para permitir uma individualiza•‹o da situa•‹o.
Por exemplo, pre•o do mercado.

Conceitos indeterminados s‹o conceitos vagos, que n‹o se deixam encerrar numa deÞni•‹o, e que assim o
s‹o propositadamente para permitirem ao tribunal, e ao pr—prio sistema jur’dico, a capacidade de ajustamento
face ˆ realidade.

Vantagens:
1 Ð Permitem a osmose entre o direito e as m‡ximas Žtico-sociais.
2 Ð Permitem que as normas acompanhem a evolu•‹o da realidade social.
3 Ð MantŽm-se actualizadas.
4 Ð S‹o adequadas a regular matŽrias complexas.
5 Ð Permitem uma adequa•‹o ao caso concreto.

CLçUSULAS GERAIS:
Tem exatamente os mesmos objetivos que os conceitos indeterminados e a sua deÞni•‹o Ž bastante
semelhante. Contudo, em vez de termos um conceito, temos uma norma inteira de conteœdo vago, na qual se
utiliza um ou v‡rios conceitos indeterminados.
 

Artigo 334¼ Ñ C—digo Civil


(Abuso do direito)

ƒ ileg’timo o exerc’cio de um direito, quando o titular exceda manifestamente os limites impostos pela boa fŽ, pelos
bons costumes ou pelo Þm social ou econ—mico desse direito.

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PARTE IV: A TUTELA DOS DIREITOS

CONSIDERA‚ÍES SOBRE TUTELA DO DIREITO E DOS DIREITOS:

Tutela do Direito -- Direito enquanto ordem de conviv•ncia humana e social guiada por um sentido de
justi•a. Tutela sobre as fun•›es do direito que permitem garantir a paz social e a liberdade dos indiv’duos.
No ‰mbito da tutela do Direito estudamos os meios pelos quais o Direito, enquanto ordem justa, se protege
a si pr—prio.
 
Tutela dos Direitos -- os meios supracitados servem para tutelar os direitos, tutela das posi•›es de poder
reconhecidas pela ordem jur’dica (direito em sentido objetivo) aos sujeitos.
 
Neste ‰mbito falamos de tutela enquanto forma prote•‹o do Direito (ordem jur’dica no sentido objetivo) e os
direitos que dele imanam.
 
Ou seja, estuda-se neste ‰mbito a forma como o direito se protege a si pr—prio, mantendo-se como ordem
justa e salvaguardando os direitos individuais que confere, subjetivamente, a cada um.
 
A viola•‹o dos direitos em sentido subjetivo consiste, por isso, numa viola•‹o da pr—pria ordem imposta pelo
Direito.
 
ƒ, por isso, necess‡rio entender que os mecanismos de prote•‹o preventiva ou de rea•‹o s‹o
simultaneamente uma forma de tutela do Direito e dos direitos, uma vez que o ataque a um Ž um ataque ao
outro.

MEIOS, TIPOS E FORMAS DE TUTELA:

Car‡ter preventivo -- tutela preventiva: atuam antes da viola•‹o da ordem jur’dica e visam prevenir ou
evitar que essa mesma viola•‹o ocorra.
 
¥ Simples exist•ncia de organismos com a miss‹o de Þscalizar o cumprimento das normas, no ‰mbito
da autoridade pœblica -- as policias;

¥ Medidas de seguran•a aplic‡veis a inimput‡veis perigosos --


- internamento compulsivo em estabelecimento psiqui‡trico
- Inimput‡vel -- pessoa com a falta de capacidade de querer (volitiva) e entender
(intelectual), tem por isso falta de capacidade delitual; n‹o Ž pass’vel de um ju’zo de
censura, n‹o pode ser punido/responsabilizado pelas suas a•›es

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¥ Inibi•‹o do exerc’cio das responsabilidades parentais


- Decretada em rela•‹o a progenitores que tenham sido condenados pela pr‡tica de crimes contra
a liberdade sexual - surge em consequ•ncia de uma san•‹o apresentada pela tutela reativa.

(surgem no ‰mbito das medidas que visam prevenir uma nova viola•‹o do Direito por parte parte de
alguŽm que j‡ cometeu uma viola•‹o semelhante ou relacionada no passado, s‹o consideradas, pelo
Dr. Batista Machado, como medidas de seguran•a).

¥ Impedimento do exerc’cio de uma dada proÞss‹o ˆqueles que tenham sido condenados por
determinados delitos, nomeadamente no ramo em ques‹o.

¥ Medidas cautelares ou medidas de coa•‹o em processo penal -- s‹o de tutela preventiva porque ainda
n‹o h‡ uma condena•‹o efetiva
- Aplicadas a pessoas que s‹o apenas arguidos
- Gozam da presun•‹o de inoc•ncia

¥ Provid•ncias ou procedimentos cautelares em processo civil -- visam acautelar o efeito œtil de uma
a•‹o j‡ proposta ou a propor em tribunal

- EspeciÞcados
¥ arresto de bens
¥ suspens‹o de delibera•›es sociais: Ž um mecanismo que permite travar/paralisar os efeitos
de uma delibera•‹o tomada legitmamente por um —rg‹o de uma sociedade

Por exemplo:
Numa sociedade por quotas existem 4 acionistas, com as respetivas participa•›es sociais: A (30%), B (30%), C (20%) e
D (20%).

Os s—cios A e B desempenham as fun•›es de gestores e, nessa qualidade, auferem um dado sal‡rio mensal, mas, por
decis‹o de gest‹o, optam por n‹o recolher esse sal‡rio na integra, ao longo dos anos, reinvestindo-o na empresa, mas
deixando sempre essa nota em contabilidade para que futuramente pudessem fazer uso da quantia. O valor, de acordo
com os mesmos era de 1 milh‹o de euros.

A certa altura, estes, decidem que querem recolher essa divida. Para tal convocam uma Assembleia Geral Universal de
s—cios e votam esse assunto. A decis‹o de fazer esse levantamento Ž aprovada com 60% do capital social a favor
(s—cios A e B) e com 40% do capital social contra (s—cios C e D).

Os œltimos, em discord‰ncia com a decis‹o, e porque acreditam que o valor de 1 milh‹o de euros n‹o corresponde
ˆquilo que efetivamente Ž devido ˆs partes decidem consultar um advogado.

A decis‹o imediata a tomar Ž a de requisi•‹o ao tribunal de um procedimento cautelar, que suspenda as delibera•›es
sociais da sociedade em quest‹o, ou seja, Þca impedida a cobran•a da transfer•ncia da quantia, por parte de A e B atŽ
que se possa apurar a efetiva legitimidade da a•‹o.
Esta medida visa acautelar uma decis‹o œtil da parte do tribunal, no caso de a parte C e D terem raz‹o.

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- N‹o especiÞcados

Car‡ter reativo -- tutela reativa: as formas de tutelas reativas servem em simult‰neo como forma de
car‡ter preventivo e disuasor, meio capaz de prevenir que se repita esta infra•‹o e retoma da ordem social
justo. S‹o uma forma de resposta ou rea•‹o a uma viola•‹o da ordem jur’dica (direito objetivo e/ou
subjetivo) j‡ ocorrida.

¥ Tutela punitiva -- atua depois da viola•‹o do Direito e tem como objetivo sancionar/castigar o
violador do Direito fazendo-o, por ter praticado um mal, sofrer tambŽm ele um mal. Nestes casos a
viola•‹o do Direito implica a viola•‹o de bens jur’dico fundamentais.
 
- San•›es de tipo penal: C—digo Penal
- San•›es de tipo civil:  patrimoniais, como no Artigo 2034¼
- San•›es de tipo disciplinares: despedimento de um trabalhador, por exemplo

¥ Tutela reparadora ou reconstitutiva -- atua depois da viola•‹o do Direito e visa colocar o lesado
(pela viola•‹o do Direito) na situa•‹o em que este estaria se a viola•‹o do direito n‹o tivesse ocorrido.
Ou seja, procura reparar os danos provocados, causados, pela viola•‹o dos seus direitos.  -- artigo 566¼,
567¼, e 562¼

O seu mecanismo de a•‹o t’pico Ž a responsabilidade civil


- Responsabilidade extra-contratual -- Artigo 483¼,1
- Responsabilidade por obriga•‹o contratual -- Artigo 798¼, e seguintes

1. Reconstitui•‹o "in natura" ou reconstitui•‹o em espŽcie


O nosso ordenamento jur’dico concede preval•ncia sobre este mecanismo de reconstitui•‹o.
Procura por um bem considerado igual ou equivalente ao que sofreu danos e por isso Ž entregue um
novo ao lesado.

2. Reconstitui•‹o por equivalente ou em dinheiro


Admite-se em diferentes circunst‰ncias:
- quando a restitui•‹o natural n‹o Ž poss’vel;
- quando a restitui•‹o natural, sendo poss’vel, n‹o repara os danos causados;
- quando a reconstitui•‹o natural Ž poss’vel e repararia todos os danos mas Ž excessivamente
onerosa.

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3. Meio de Compensa•‹o
Sempre que n‹o Ž poss’vel uma reconstitui•‹o do indiv’duo ˆ situa•‹o em que este estaria antes da
les‹o dos seus direitos, opta-se por uma compensa•‹o que visa conceder-lhe algum bem estar e alivio
do seu sofrimento psicol—gico ou outros danos morais.

Os danos causados pela viola•‹o dos direitos podem ser de diferente natureza.

A les‹o de um bem patrimonial pode gerar danos patrimoniais e n‹o patrimoniais.


A les‹o de um bem pessoal pode gerar danos patrimoniais e n‹o patrimoniais.

Os danos n‹o patrimoniais ou danos morais referem-se ˆ integridade psicol—gica do indiv’duo (dor,
sofrimento Þsico e psicol—gico). Estes danos situam-se essencialmente na esfera psicol—gica.

Historicamente, estes danos foram considerados, por muito tempo, como n‹o sendo merecedores de
considera•‹o para repara•‹o porque em rigor s‹o danos irrepar‡veis.

A evolu•‹o do direito continua a admitir que n‹o Ž poss’vel restituir o indiv’duo ˆ situa•‹o em que a
viola•‹o do direito n‹o teria ocorrido, contudo, acredita-se que o lesado deve ser objeto de
compensa•‹o quando, pela sua gravidade, tais viola•›es merecem a tutela do Direito.

¥ Tutela compulsiva ou compuls—ria -- atua depois da viola•‹o do Direito e tem por Þnalidade
compelir/pressionar o infrator da norma a adotar a conduta conforme ˆ ordem jur’dica. O objetivo
fundamental Ž fazer cessar a viola•‹o do Direito.

Meios que tipicamente visam for•ar o devedor a cumprir com as suas obriga•›es --relacionados com
os direitos de crŽdito e onde os direitos subjetivos s‹o violados

- Exce•‹o de n‹o cumprimento do contrato -- artigo 428¼


Quando n‹o se Þxou um prazo para o cumprimento das obriga•›es e por isso as partes, por
for•a deste artigo, podem exigir que os elementos do contrato sejam cumpridos em
simult‰neo.

Sempre que n‹o se Þxa um prazo para o cumprimento d obriga•›es de cada parte,
num neg—cio jur’dico, por for•a a compelir o cumprimento do Direito, Ž poss’vel
que cada uma das partes exija executar as suas obriga•›es em simult‰neo com o
cumprimento das obriga•›es da outra parte.

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- Direito de reten•‹o -- artigo 754¼ e 755¼ (representa uma forma de tutela privada, PBM)
Atribui a um sujeito o direito/poder de reter um bem, desde que o titular ou propriet‡rio
desse bem esteja em divida para com o pr—prio, estando o bem em quest‹o relacionado com
essa divida.

Mesmo sendo um bem propriedade de outra pessoa, no ‰mbito do incumprimento de


uma obriga•‹o da outra parte de um neg—cio jur’dico, e apenas na eventualidade de
o incumprimento estar relacionado com o objeto em quest‹o, reserva-se ˆ parte
lesada o Direito de Reten•‹o (manter cativa a propriedade) para for•ar o respeito
pelo seu direito relativo, voltando o Direito ˆ sua normal aplica•‹o.

- San•‹o pecuni‡ria compuls—ria -- artigo 829¼A


Judicial: 829¼A, nœmero 1
Legal: 829¼A, nœmero 4
Pagamento de valores de juros justiÞcados pela demora na presta•‹o de um ato acordado
entre as partes.

¥ Tutela traduzida na recusa de efeitos:

A. Invalidade (sem valor) -- a ordem jur’dica n‹o reconhece valor na a•‹o em concreto
 

- Nulidade -- Caracteriza-se por poder ser invocada a qualquer momento, por qualquer interessado
e Ž conhecida oÞciosamente pelos tribunais (Ž dever do pr—prio tribunal)

ex. um neg—cio jur’dico que seja realizado em viola•‹o de uma norma imperativa, Ž nulo; a forma
legalmente prescrita se n‹o for respeitada. A nulidade Ž usada para recusar efeitos em que as viola•›es
ˆ ordem jur’dica Ž mais grave, vai contra normas imperativas.  -- artigo 286¼

- Anulabilidade -- 1 ano a contar da cessa•‹o do vicio/causa (quando deixa de se veriÞcar raz‹o


que determina aquela anulabilidade, menor que passa a ser maior), apenas pode ser invocada por
um circulo de pessoas legitimadas pela lei (cujo o interesse a lei pretende defender), a
anulabilidade n‹o Ž de conhecimento oÞcioso pelos tribunais -- ou seja tem de ser invocada e n‹o
faz parte das compet•ncias dos tribunais determinarem-na, se tal n‹o for requerido -- artigo  287¼
e 288¼.

- A anulabilidade Ž san‡vel mediante conÞrma•‹o, ou seja, aqueles em cujo o interesse a lei


estabelece e podem pedir a anulabilidade de um neg—cio jur’dico, s‹o tambŽm aqueles que
tem o poder para conÞrmar o neg—cio jur’dico em causa, terminando/cessando o processo de
anula•‹o.

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B. IneÞc‡cia:  o ato ou o neg—cio jur’dico que viola a ordem jur’dica Ž v‡lida mas n‹o produz todos
os seus efeitos. Artigo 1604¼

De acordo com o artigo 1604¼, ponto a):


Quando um menor de 18 anos mas maior de 16 ent‹o este j‡ tem capacidade para casar mas
exige uma autoriza•‹o dos pais ou tutor; sem essa autoriza•‹o n‹o se considera inv‡lido o
casamento, pelo contr‡rio, a ordem jur’dica determina a ineÞc‡cia dos artigos 132¼ e 133¼,
limitando os efeitos da emancipa•‹o do menor, nomeadamente no que concerne ˆ sua
capacidade de gest‹o patrimonial. Neste caso a ineÞc‡cia Ž tempor‡ria, atŽ que o menor
complete 18 anos.

Artigo 1649¼
(Casamento de menores)

1. O menor que casar sem ter obtido a autoriza•‹o dos pais ou do tutor, ou o respectivo suprimento judicial, continua a
ser considerado menor quanto ˆ administra•‹o de bens que leve para o casal ou que posteriormente lhe advenham por
t’tulo gratuito atŽ ˆ maioridade, mas dos rendimentos desses bens ser-lhe-‹o arbitrados os alimentos necess‡rios ao seu
estado.

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DISTIN‚ÌO ENTRE HETEROTUTELA OU TUTELA PòBLICA E AUTOTUTELA OU TUTELA


PRIVADA:
ƒ legitimo que a cada um possa caber a capacidade de pela sua for•a pr—pria, fazer cumprir as formas de
tutela previstas pelo Direito.
 
Heterotutela -- a regra Ž que os exerc’cios dos meios de tutela caiba ˆs autoridades pœblicas, uma vez que
estes meios de tutela implicam coa•‹o/recurso ˆ for•a e para tal exige-se legitimidade. Poderes especiais.
 
Autotutela -- Ž excecional, n‹o Ž, em principio, legitimo, o recurso ˆ for•a pr—pria para assegurar ou garantir
ou defender os direitos subjetivos. H‡ condi•›es em que a ordem jur’dica admite que os particulares possam
recorrer ˆ pr—pria for•a (aos seus pr—prios meios) para assegurar os seus direitos ou os de outros particulares.
 
Previstas na lei no ‰mbito dos artigos 336¼ a 339¼:
 
¥ Ac•‹o direta

¥ Legitima defesa

¥ Estado de necessidade
 
Est‡ em causa a amea•a atual a um direito subjetivo e ser para isso necess‡rio recorrer ˆ for•a para se
impedir a viola•‹o desses mesmo direito subjetivo. A caracter’stica comum entre estes elementos associa-se ˆ
impossibilidade de se recorrer em tempo œtil aos meios coercitivos normais.

"Introdu•‹o ao Direito e ao Discurso LegitimadorÓ de Batista Machado

Tutela Privada e Autotutela dos Particulares: cabe em principio a entidades pœblicas a realiza•‹o dos actos de
coer•‹o destinados a prevenir ou a sancionar os actos il’citos. A a•‹o de particulares pode funcionar como meio de
tutela dos direitos, ou como meio de prevenir a sua viola•‹o, temos a a•‹o direta, a legitima defesa e o estado de
necessidade. O direito de reten•‹o representa uma manifesta•‹o da ideia da autotutela privada.

ClassiÞca•‹o dos meios de tutela: temos a heterotutela por um lado e a autotutela pelo outro. A heterotuela
abrangeria a tutela preventiva (em geral), a compulsiva (em geral), a reconstitutiva, a punitiva e a que se traduz na
recusa de efeitos jur’dicos aos atos praticados sem obedi•ncia aos requisitos exigidos por lei ou ˆs cl‡usulas contr‡rias
ˆ lei. A tutela jur’dica a que nos referimos n‹o consiste sempre na pr‡tica de atos materiais. As san•›es traduzem-se
na cria•‹o de situa•›es jur’dicas desfavor‡veis.

Tutela do Direito e tutela dos direitos: a san•‹o reconstitutiva que pode ir atŽ ˆ execu•‹o for•ada dos bens ou dos
rendimentos do devedor Ž a san•‹o t’pica que tutela os direitos privados patrimoniais. H‡ ainda outras san•›es t’picas
do direito privado, como o s‹o a resolu•‹o de um contrato por incumprimento, o div—rcio, a exclus‹o do s—cio por
viola•‹o grave dos deveres para a sociedade, etc.

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"Introdu•‹o ao Direito e ao Discurso LegitimadorÓ de Batista Machado

San•‹o e sistema jur’dico: a san•‹o de invalidado Ž uma ordem diferente da dos outros tipos de san•›es. San•‹o
jur’dica consiste na rea•‹o da ordem jur’dica ˆ inobserv‰ncia ou ˆ viola•‹o das suas normas. O conceito de san•‹o
jur’dica em termos de rea•‹o do Direito ˆ inobserv‰ncia ou viola•‹o das suas normas Ž fundamental. Uma infra•‹o ao
direito n‹o pode ser juridicamente irrelevante, sendo que esta aÞrma•‹o nada tem a ver com a tese de que o elemento
de coa•‹o Ž essencial para o estabelecimento daquilo que Ž Direito.

TUTELA JURISDICIONAL:
A tutela jurisdicional pertence aos tribunais (org‹os de soberania) e Ž a forma mais frequente de heterotutela.

Artigo 202.¼ Ñ CRP/76


(Fun•‹o jurisdicional)

1. Os tribunais s‹o os —rg‹os de soberania com compet•ncia para administrar a justi•a em nome do povo.

2. Na administra•‹o da justi•a incumbe aos tribunais assegurar a defesa dos direitos e interesses legalmente
protegidos dos cidad‹os, reprimir a viola•‹o da legalidade democr‡tica e dirimir os conßitos de interesses pœblicos
e privados.

3. No exerc’cio das suas fun•›es os tribunais t•m direito ˆ coadjuva•‹o das outras autoridades.

4. A lei poder‡ institucionalizar instrumentos e formas de composi•‹o n‹o jurisdicional de conßitos.

 
Artigo 202¼, 1: Compete-lhe administrar a justi•a (em nome do povo).

Artigo 202¼, 2:
 
¥ Assegurar a defesa de direitos e interesses protegidos pela lei (tutela dos direitos subjetivos);

¥ Resolver os conßitos de interesses pœblicos e privados (tutela dos direitos subjetivos);

¥ Reprimir a viola•‹o da legalidade democr‡tica (tutela do Direito objetivo).

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A. Imparcialidade Ñ os tribunais est‹o sujeitos ˆ lei, ao Direito!

Incompatibilidade Ð Os ju’zes tem incompatibilidade geral, n‹o podem exercer outra fun•‹o
pœblica com a excep•‹o de docente ou de investiga•‹o. Os ju’zes n‹o podem estar expostos a outros
interesses. 216 CRP

Impedimentos - Os impedimentos traduz em algo mais concreto, quando Ž atribu’do um caso a um


juiz, ele pode pedir exclus‹o nas seguintes situa•›es: 1 Ð conßito de interesses, ou, 2 Ð conßito de
interesses durante o decorrer do processo.
No caso do juiz n‹o o fazer Ð Qualquer das partes pode suscitar o conßito de interesses Ð Incidente
de suspei•‹o.

Garantias -- estatuto dos magistrados judiciais: impedimentos d‹o origem a pedidos de escusa e incidente de
suspei•‹o.

Os juizes tem um impedimento textual relativamente ao exerc’cio de qualquer outra fun•‹o, exceto como
professores de direito, sendo que n‹o s‹o remunerados. Artigo 216¼, 3, CRP.

B. Independ•ncia (artigo 203¼, CRP)

¥ Irresponsabilidade -- artigo 216¼, 2.

Os ju’zes nunca podem ser chamadas a responder perante as partes do caso em que tiveram que resolver. A
parte lesada n‹o pode accionar directamente o juiz pela decis‹o que tomou.
O que as partes podem fazer Ž responsabilizar o estado pelo exerc’cio jurisdicional. Esta caracter’stica da
IRRESPONSABILIDADE, Ž uma garantia de independ•ncia. O juiz n‹o pode estar a pensar que vai ser
responsabilizado PELO SEU ACTO. 216/2 CRP

¥ Inamovibilidade -- artigo 216¼, 1.

Os ju’zes s— podem ser transferidos/suspensos/inabilitados nos termos estritos da lei .


- Os ju’zes n‹o est‹o dependentes de qualquer ordem do governo.
- Os Tribunais s‹o imparciais e devem obedi•ncia s— ‡ lei - 216/1 CRP

¥ Autogoverno -- artigo 215¼, 1 + artigo 217¼

A nomea•‹o. Coloca•‹o, transfer•ncia ou produ•‹o, bem como o exerc’cio da ac•‹o disciplinar dos ju’zes
n‹o competem ao governo.
Existe um estatuto no qual os ju’zes podem vir a ser responsabilizados. ƒ o Conselho Superior de
Magistratura que controla e rege todo o nœcleo dos ju’zes. 215 +217/1 CRP

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ORGANIZA‚ÌO DOS TRIBUNAIS:

Legisla•‹o: Lei N¼62/2013, de 26 de agosto -- Organiza•‹o do Sistema Judici‡rio

(consultar anexo)

DISTIN‚ÌO ENTRE TRIBUNAIS JUDICIAIS E TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS/FISCAIS:

TRIBUNAIS JUDICIAIS OU COMUNS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS E FISCAIS


(artigo 40 - lei 62/2013) (artigo 209/1/b - 212 CRP)

Supremo Tribunal de Justi•a Supremo Tribunal Administrativo

Tribunais da Rela•‹o ou 2» Inst‰ncia Tribunais Centrais Administrativos ou 2» Inst‰ncia


30 000€ 30 000€
Tribunais de Comarca ou 1» Inst‰ncia Tribunais Administrativos de 1» Inst‰ncia
5 000€ 5 000€

 
Os Tribunais Administrativos julgam matŽrias de car‡ter especiÞco e especializado.
Os Tribunais Judiciais ou Comuns trabalham com as restantes matŽrias, sejam de Direito Pœblico ou Privado,
mas que por tradi•‹o ou quest›es de aptid‹o n‹o s‹o direcionadas para os Tribunais Administrativos e
Fiscais.
 
As tŽcnicas de distin•‹o entre o direito pœblico e o direito privado s‹o determinantes para que seja escolhida
a via adequada para iniciar o processo.
Caso seja escolhida via judici‡ria errada, no ‰mbito dos prazos normais, o sujeito pode perder a chance de
usar o seu direito por ter decorrido o tempo œtil para assegurar tal garantia.

Os Tribunais Administrativos e Fiscais trabalham essencialmente estes dois ramos do direito, estando
especializados nos conßitos de interesse entre particulares e pœblicos ou s— pœblicos.
 
Os tribunais Comuns asseguram uma grande maioria das matŽrias.
 
Todas as a•›es tem que ser inicialmente julgadas em 1» inst‰ncia (momento onde Ž desenvolvida a produ•‹o
de prova), exceto em casos pontuais que s‹o enviadas diretamente para o STJ.
 
Nos tribunais de 2» inst‰ncia ou em Supremo n‹o se determina o surgimento de novos elementos de prova.
Essas quest›es de facto Þcam tomadas em 1» inst‰ncia, sendo que nas seguintes apenas se trabalham temas
relacionados com a aplica•‹o do Direito, o enquadramento local de cada facto juridicamente relevante.
 
Nem todas as decis›es que chegam ˆ 1» inst‰ncia podem chegar atŽ ao STJ, resultado da al•ada dos
tribunais.

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Al•ada dos Tribunais:


Valor (pecuni‡rio) dentro do qual um tribunal julga sem possibilidade de recurso.

Valor da a•‹o Ž uma grandeza complexa que pondera v‡rios elementos: valor do pedido, complexidade
do conßito; inßuenciando determinantemente o valor das custas a pagar. S‹o as partes que atribuem o valor
da a•‹o.
 
Al•ada do Tribunal de 1» inst‰ncia: atŽ 5 000 euros
Tribunais da Rela•‹o de 2» inst‰ncia: atŽ 30 000 euros
 
As a•›es sobre o estado das pessoas, onde se discutem direitos e deveres de natureza pessoal (div—rcio,
regula•‹o de responsabilidade parental, rela•›es familiares, impugna•‹o de paternidade, etc.), tem sempre
valor igual 30 001 euros para que se possa sempre chegar ˆ a•‹o do STJ.
 
Em matŽria penal n‹o existem al•adas, ainda que se veriÞcam alguns trav›es inerentes ˆ moldura penal.
 

Magistratura do MinistŽrio Pœblico


A sua fun•‹o n‹o Ž a de ser imparcial, procura demonstrar a culpa do acusado.

Observa•›es Relevantes

Obs. 1 Ð As limita•›es (al•adas) s‹o valores de express‹o pecuni‡ria, dentro destes valores um tribunal julga sem
possibilidade para recurso ordin‡rio.
A todas as ac•›es Ž atribu’do um valor, excepto em matŽrias criminais.

Obs. 2 Ð As ac•›es que incidem sobre o Estado das pessoas (div—rcio, parentais), ou seja, interesses pessoais, s‹o
sempre superiores a 30.000, de forma a garantir a possibilidade de recorrer a todas as instancias. Quem atribui o
valor das al•adas s‹o as pr—prias partes. Estes valores est‹o estabelecidos no artigo 44 lei 62.

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"Introdu•‹o ao Direito e ao Discurso LegitimadorÓ de Batista Machado

Posi•‹o Constitucional e Fun•‹o do Poder Judicial:


De acordo com o artigo 205¼ da CRP, Òos tribunais s‹o os org‹os de soberania com compet•ncia para administrar a
justi•a em fun•‹o do povo.Ó A quest‹o, contudo, surge no conceito de povo invocado como soberano e que, por via
dos tribunais, Ž representado na prossecu•‹o de Justi•a e aplica•‹o do Direito.

Na qualidade de tutelar do Direito, os tribunais, tem por miss‹o assegurar a defesa dos direitos e interesses leg’timos
dos cidad‹os. Assim sendo, a tutela do Direito Ž tambŽm dos tribunais.

Todavia, Ž necess‡rio clariÞcar em que sentido Ž efetivamente o tribunal um representante da soberania do povo a
partir do momento em que a nomea•‹o dos ju’zes n‹o resulta de um processo de sufr‡gio.

Assim sendo, de certa forma, parece que falta legitimidade aos ju’zes e ao tribunal para que se possam considerar
representantes do povo.

PorŽm, se tais nomea•›es fossem resultado de elei•›es comprometer-se-ia o principio da independ•ncia dos tribunais
no ‰mbito da sua fun•‹o jurisdicional.

Esta express‹o Òadministrar a justi•a em nome do povoÓ quer na realidade dizer: ao decidir, os tribunais ter‹o sempre
de agir ÒrepresentandoÓ/ tendo em conta os interesses do povo como uma coletividade.

Esta Ž uma representa•‹o estatut‡ria, conseguida atravŽs da lei, e no exerc’cio de fun•›es delimitadas pelo Direito
para a concretiza•‹o de interesses comuns.

O fundamento de onde advŽm a legitimidade dos tribunais n‹o est‡ na forma como estes s‹o eleitos mas antes na sua
total vincula•‹o ˆs leis e ao Direito. Exige-se ao juiz esse mesmo respeito pelas leis que, por sua vez, foram criadas
no ‰mbito das fun•›es do poder politico devidamente legitimado pelos mŽtodos tradicionais do sufr‡gio.

A par disso exige-se que o juiz, como ÒrepresentanteÓ do povo na sua coletividade total, seja sempre imparcial, tenha
uma vis‹o supra partes e que por isso possa decidir com justi•a, coincidindo com decidir em representa•‹o do todo.

AtŽ mesmo nos casos de praeter legem (inexist•ncia de lei), os tribunais s‹o obrigados a decidir sobre o conßito de
interesses em causa e, mesmo n‹o podendo aplicar uma norma de Direito vinculativa, no ‰mbito desta arbitrariedade
existe sempre subjacente o respeito pelo conceito e ideal de justi•a que todo o restante ordenamento jur’dico produz.

O poder judicial Ž de certa forma um poder ÒnuloÓ ou neutro, que n‹o entra no equil’brio dos poderes nem o afeta e os
ju’zes s‹o apenas Òa boca que pronuncia palavras da leiÓ.

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"Introdu•‹o ao Direito e ao Discurso LegitimadorÓ de Batista Machado

A Jurisdi•‹o em sentido material:

DeÞni•‹o de Jurisdi•‹o: aprecia•‹o jur’dica duma situa•‹o concreta seguida da pronœncia de uma decis‹o sobre
quais s‹o os direitos e quais s‹o as obriga•›es das partes envolvidas na contenda. A pronœncia h‡-de ser feita por um
org‹o do Estado ÒimparcialÓ e em aplica•‹o do direito objetivo e no termo ou conclus‹o de um processo devidamente
organizado e regulado por lei. A decis‹o jurisdicional assenta sempre em factos j‡ veriÞcados, em factos que
engendraram aquele efeito de direito que a senten•a se limita a declarar.

ƒ por esta caracter’stica de imparcialidade que a Jurisdi•‹o se distingue da Administra•‹o. Ë Administra•‹o Ž


conÞada a tarefa de, em aplica•‹o do Direito, realizar especiais interesses pœblicos, est‹o empenhados como parte nas
sus decis›es e na realiza•‹o dos objetivos que t•m em vista.

O tribunal, na sua fun•‹o estritamente jurisdicional, n‹o faz prognoses, n‹o decide com base em pronomes com vista
ˆ realiza•‹o ou constitui•‹o de uma ordem social e jur’dica diversa da ordem social vigente.

"Introdu•‹o ao Direito e ao Discurso LegitimadorÓ de Batista Machado

A independ•ncia dos tribunais:

O artigo 208¼ da CRP indica: Òos tribunais apenas est‹o sujeitos ˆ lei.Ó Os ju’zes, nos seus julgamentos, n‹o est‹o
sujeitos a quaisquer ordens, instru•›es ou diretivas de qualquer superior hier‡rquico, ali‡s, Òos juizes julgam apenas
segundo a Constitui•‹o e a lei e n‹o est‹o sujeitos a ordens ou instru•›es, salvo o dever de acatamento pelos tribunais
inferiores das decis›es proferidas em via de recurso, pelos tribunais superiores.Ó O principio da irresponsabilidade
dos ju’zes pelos seus julgamentos e decis›es e o princ’pio da inamovibilidade visam garantir esta mesma
independ•ncia.

Para refor•ar ainda mais ea independ•ncia e isen•‹o dos magistrados judiciais a Constitui•‹o (artigo 222¼) e o
Estatuto dos Magistrados Judiciais estabelecem certas incompatibilidades e motivos de escusa da parte dos ju’zes, em
rela•‹o a processos.

Os juizes em exerc’cio de fun•›es, ali‡s, est‹o proibidos de desempenharem qualquer tipo de fun•‹o externa aos
tribunais, sendo a œnica exce•‹o a de lecionarem em estudos no ‰mbito de cadeiras jur’dicas, sendo ainda assim estas
atividades n‹o-pass’veis de remunera•‹o.

ÒA independ•ncia dos tribunais judiciais caracteriza-se pelo autogoverno da magistratura judicial, pela
inamovibilidade e irresponsabilidade dos juizes e pela n‹o sujei•‹o destes a quaisquer ordens ou instru•›esÉÓ

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"Introdu•‹o ao Direito e ao Discurso LegitimadorÓ de Batista Machado

Organiza•‹o judicial:

Tribunais Judiciais Ñ a al•ada dos tribunais de comarca em matŽria c’vel Ž actualmente de 5.000 euros; a al•ada das
rela•›es em matŽria c’vel Ž actualmente de 30.000 euros.

O C—digo de Processo Civil prev• duas espŽcies de a•›es: a•›es declarativas e as a•›es executivas.

(ver esquema)

Tribunais Administrativos Ñ temos tribunais administrativos de 1» e 2» inst‰ncia e o Supremo Tribunal


Administrativo.

Os tribunais de 1» inst‰ncia designam-se tribunais administrativos de c’rculo; os tribunais de 2» inst‰ncia s‹o os


tribunais centrais administrativos.

Tanto os tribunais centrais administrativos como o Supremo Tribunal Administrativo compreendem duas sec•›es
especializadas: uma de contencioso administrativo (direito administrativo) e outra de contencioso tribut‡rio (direito
Þscal).

Esta hierarquiza•‹o dos tribunais administrativos visa permitir a aprecia•‹o, em recurso, das decis›es dos tribunais
inferiores pelos tribunais superiores. S— s‹o poss’veis desde que o valor da causa exceda a al•ada do tribunal
recorrido.

A al•ada dos tribunais administrativos de c’rculo em matŽria de contencioso administrativo Ž id•ntica ˆ al•ada dos
tribunais judiciais de 1» inst‰ncia, ou seja, 5.000 euros; a al•ada dos tribunais centrais administrativos Ž id•ntica ˆ
al•ada das rela•›es, ou seja, 30.000 euros.

MinistŽrio Pœblico Ñ o MinistŽrio Pœblico Ž constitu’do por magistrados que formam um corpo independente do
Governo e dos tribunais. O MinistŽrio Pœblico est‡ organizado hierarquicamente, e no topo dessa hierarquia encontra-
se a Procuradoria-Geral da Repœblica, presidida pelo Procurador-Geral da Repœblica.

N‹o tem compet•ncia para praticar atos jurisdicionais.

No contexto das a•›es penais Ž atribu’do ao MinistŽrio Pœblico papel relevante. Assim, pertence genericamente ao
MinistŽrio Pœblico a iniciativa da ac•‹o penal, bem como a decis‹o de, ap—s a fase de investiga•‹o, levar ou n‹o a
julgamento o respectivo facto il’cito (crimes pœblicos). Em certos casos, porŽm, a iniciativa da a•‹o penal depende de
denœncia (crimes semi-pœblicos), e, noutros casos, a pr—pria decis‹o de acusar depende de o(a) ofendido(a) ter
deduzido acusa•‹o (acusa•‹o particular), como acontece nos denominados crimes particulares.

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PARTE V: FONTES DO DIREITO

INTRODU‚ÌO:
As fontes do Direito s‹o os modos de produ•‹o e exterioriza•‹o de normas jur’dicas ou, de acordo com o
Professor Batista Machado, modos de forma•‹o e revela•‹o de normas jur’dicas.
 
Modos pelos quais ou atravŽs dos quais s‹o produzidas normas jur’dicas que seguem as caracter’sticas
previamente indicadas: exist•ncia de uma hip—tese legal e estatui•‹o, alŽm do seu car‡ter abstrato, geral e
hipotŽtico.
 
Quando falamos de Direito n‹o estamos a falar do mesmo que leis, na realidade o direito contŽm a lei,
estando as leis contidas no Direito.
 
A lei Ž, atualmente, a mais importante fonte do Direito, em seguimento dos ideais positivistas e das
exig•ncias de seguran•a jur’dica: estando o conteœdo de uma norma Þxado por um texto escrito Ž
proporcionada uma certa certeza jur’dica.

Naturalmente, a tradu•‹o escrita das normas tem vantagens e desvantagens.


 
Entenda-se, contudo, que existem, alŽm das leis, outras fontes de direito.

Essas mesmas fontes de Direito, variadas, s‹o por sua vez dividias em 2 tipos de classiÞca•›es diferentes.

DISTIN‚ÍES ENTRE FONTES DE DIREITO:

Fontes Volunt‡rias: pressup›e um acto explicito com o objetivo claro de criar uma produ•‹o normativa.
Ex.: Lei, doutrina, jurisprud•ncia.

Fontes Involunt‡rias: fontes que geram espontaneamente normas jur’dicas, n‹o pressupondo um ato
expl’cito dirigido ˆ produ•‹o de normas jur’dicas. Ex.: Costume, usos, equidade e os princ’pios
fundamentais de direito.

No ‰mbito da conviv•ncia social somos for•ados a criar modos de vida e regras que, mais tarde, ao serem
positivadas se tornam em leis. A conviv•ncia social Ž por isso uma fonte involunt‡ria de direito.

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Fontes Imediatas do Direito: valem por si pr—prias, pelas suas pr—prias caracter’sticas como fontes de
direito (modo de produ•‹o e de execu•‹o de normas jur’dicas).
S‹o fontes imediatas porque s‹o produzidas por org‹os legitimados para a produ•‹o de Direito, no ‰mbito da
sua compet•ncia legislativa.

Os Princ’pios fundamentais de Direito, por exemplo, s‹o as primeiras manifesta•›es de Direito, consistem
fontes imediatas do mesmo e condicionam o legislador, nomeadamente o constituinte.

Fontes Mediatas do Direito: n‹o valem por si pr—prias, n‹o valem pelas suas pr—prias caracter’sticas como
fontes produtoras de normas jur’dicas. Apenas se consideram fontes do Direito quando uma fonte imediata
lhes atribua esse valor, ou seja, essa relev‰ncia/import‰ncia
S‹o mediatas porque precisam de um mediador que as fa•a valer como fontes de Direito.

Os usos e a equidade s‹o fontes mediatas do Direito e s— tem valor quando uma outra fonte, nomeadamente
a lei, no desempenho da fun•‹o mediadora, determina que a resolu•‹o de um certo conßito Ž conseguida,
por exemplo, mediante a aplica•‹o dos usos.

"Introdu•‹o ao Direito e ao Discurso LegitimadorÓ de Batista Machado

Fontes Formais do Direito: factos normativos a que o sistema jur’dico imputa efeito de p™r ou positivar normas
juridicamente vinculantes.

Fontes Materiais do Direito: factos ou poderes sociais de facto que casualmente originaram e inßu’ram o processo
de produ•‹o normativa.

Conclus›es essenciais do ponto introdut—rio:

a. H‡ ÒfontesÓ do Direito que n‹o s‹o positivadas nem podem por natureza ser positivadas, pelo que Ž invi‡vel a
pretens‹o do legislador de deÞnir taxativamente as Òfontes de direitoÓ;

b. O legislador Ž limitado por princ’pios fundamentais de direito que est‹o fora do seu alcance e, como
princ’pios regulativos, predeÞnem o sentido poss’vel das normas que ela p›e e delimitam a sua liberdade de
a•‹o;

c. A estes princ’pios, sedimentados na esfera da cultura humana ao longo da hist—ria, se tem de fazer remontar,
ainda que atravŽs de media•›es v‡rias, o fundamento œltimo da validade das normas jur’dicas.

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O CîDIGO CIVIL E AS FONTES DO DIREITO:


(a•‹o criticada pelo Professor Batista Machado)

O legislador, aquando a elabora•‹o do C—digo Civil, decidiu pronunciar-se sobre as fontes do Direito, ainda
que muitos consideram tal a•‹o inadequada.

Desprovidas de uma estrutura cl‡ssica, estas normas sobre normas, continuam a ser intituladas de normas,
de segundo grau, e tem por objeto outras normas.

Artigo 1¼ Ñ C—digo Civil: descreve as fontes imediatas. Ao referir apenas leis e normas corporativas,
condiciona o sistema como um todo, sorvendo os costumes e os princ’pios fundamentais do direito.

Artigo 348¼ Ñ C—digo Civil: apenas aqui se montam as refer•ncias ao usos dos costumes e do
direito consuetudin‡rio como fonte do Direito.

 
Artigos 3¼ e 4¼ Ñ C—digo Civil: sendo, os usos e a equidade, fontes mediatas de Direito, faltando-lhes um
mediador que as impulsione a ganharem valor jur’dico, podemos considerar que estes s‹o legitimados por
estes artigos.

Artigo 1¼ Ñ C—digo Civil


(Fontes imediatas)

1. S‹o fontes imediatas do direito as leis e as normas corporativas.

2. Consideram-se leis todas as disposi•›es genŽricas provindas dos —rg‹os estaduais competentes; s‹o normas
corporativas as regras ditadas pelos organismos representativos das diferentes categorias morais, culturais, econ—micas
ou proÞssionais, no dom’nio das suas atribui•›es, bem como os respectivos estatutos e regulamentos internos.

3. As normas corporativas n‹o podem contrariar as disposi•›es legais de car‡cter imperativo.

Artigo 3¼ Ñ C—digo Civil


(Valor jur’dico dos usos)

1. Os usos que n‹o forem contr‡rios aos princ’pios da boa fŽ s‹o juridicamente atend’veis quando a lei o determine.

2. As normas corporativas prevalecem sobre os usos.

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Artigo 4¼ Ñ C—digo Civil


(Valor da equidade)

Os tribunais s— podem resolver segundo a equidade:


a) Quando haja disposi•‹o legal que o permita;

b) Quando haja acordo das partes e a rela•‹o jur’dica n‹o seja indispon’vel;

c) Quando as partes tenham previamente convencionado o recurso ˆ equidade, nos termos


aplic‡veis ˆ cl‡usula compromiss—ria.

Artigo 348¼
(Direito consuetudin‡rio, local, ou estrangeiro)

1. Ëquele que invocar direito consuetudin‡rio, local ou estrangeiro, compete fazer a prova da sua
exist•ncia e conteœdo; mas o tribunal deve procurar, oÞciosamente, obter o respectivo conhecimento.

2. O conhecimento oÞcioso incumbe tambŽm ao tribunal, sempre que este tenha de decidir com base no direito
consuetudin‡rio, local ou estrangeiro, e nenhuma das partes o tenha invocado, ou a parte contr‡ria tenha reconhecido a
sua exist•ncia e conteœdo ou n‹o haja deduzido oposi•‹o.

3. Na impossibilidade de determinar o conteœdo do direito aplic‡vel, o tribunal recorrer‡ ˆs regras do direito comum
portugu•s.

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ENUNCIADO GERAL DAS FONTES DE DIREITO:

1. Lei; 3. Doutrina;

2. Costume; 4. Jurisprud•ncia;


5. Usos; 6. Equidade;


7. Princ’pios Fundamentais de Direito.

1. LEI
Quanto ˆ leis Ž poss’vel fazer as seguintes distin•›es:
 
Lei em sentido material -- comando geral, abstrato e hipotŽtico produzido pelos —rg‹os
competentes (conteœdo normativo).

Lei em sentido formal -- disposi•›es produzidos pelo org‹o legislativo por excel•ncia (parlamento).

¥ Pode ser lei em sentido material (quando contŽm conteœdo normativo);

¥ Pode n‹o ser lei em sentido material.


 
Por exemplo: AR publica uma lei em que consagra a privatiza•‹o do Banco BPN
por o considerar falido. 

ƒ uma lei em sentido formal mas n‹o em sentido material porque n‹o se caracteriza por ser
geral e abstrata, mas antes individual e concreta.
N‹o se trata de um ato com conteœdo normativo.
 
Constituem Lei (sempre com letra maiœscula): CRP, Leis de revis‹o constitucional, Leis ordin‡rias, Leis
de Autoriza•‹o Legislativa.

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2. COSTUME
Fonte imediata, porque o vale pelas suas pr—prias caracter’sticas, o costume exprime o que Ž o direito, a
emerg•ncia de normas na conviv•ncia social e que s‹o testadas atravŽs da sua continuada aplica•‹o.

Os costumes s‹o constitu’dos por dois elementos fundamentais:

Corpus: elemento material.


Pr‡tica social constante, repetida (reiterada) de nodo est‡vel numa determinada comunidade.
CritŽrio de Resolu•‹o de Conßito de Interesses.

Para que os costumes possam ter valora•‹o enquanto tal acrescenta-se o seguinte:

Animus: elemento imaterial/espiritual.


Convic•‹o de que essa pr‡tica corresponde a uma exig•ncia de justi•a.
Convic•‹o de jurisdicidade.

Faz-se assim porque sempre se fez e porque se acredita que esta Ž a solu•‹o mais justa.
S‹o v‡lidas e vigentes, eÞcazes socialmente.

3. DOUTRINA
Opini›es, estudos e pareceres elaborados pelos especialistas, por regra, professores e investigadores de
Direito.

N‹o Ž fonte de direito, mas tem um papel relevante na cria•‹o e aplica•‹o de normas.

4. JURISPRUDæNCIA
Conjunto das decis›es dos tribunais, que resolvem conßitos espec’Þcos entre indiv’duos determinados.

TambŽm n‹o Ž considerado fonte de direito, apenas vinculam por isso as partes em lit’gio, n‹o vinculam nem
os tribunais, as autoridades pœblicas, nem os particulares.

N‹o Ž v‡lida a regra dos precedentes, ou seja, invoca•‹o de precedentes, casos anteriores. N‹o tem
jurisprud•ncia um vinculo para o futuro.

2 situa•›es em que pode ter poder vinculativo:

¥ Ac—rd‹os do Tribunal Constitucional que declaram com for•a obrigat—ria geral a


inconstitucionalidade de uma lei;

¥ Ac—rd‹os do Supremo Tribunal Administrativo que declaram a ilegalidade dos atos normativos
produzidos nos ‰mbitos da fun•‹o administrativa (ex. regulamentos se n‹o respeitarem uma lei
podem ser declarados ilegais) e possuem for•a obrigat—ria geral.

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5. USOS
Fonte N‹o Volunt‡ria e Mediata.

Constituem uma pr‡tica social constante reiterada de modo est‡vel numa comunidade, ou seja apenas
incluem o corpus. Tal signiÞca que, s‹o uma Òtradi•‹oÓ mas que n‹o seguem exatamente a melhor resposta
para dar aso ˆ aplica•‹o da justi•a.

S— valem como critŽrio de resolu•‹o de conßito quando tal Ž permitido pela lei: Artigo 3¼ do C—digo Civil +
Artigos 218¼, 234¼, 885¼ (3) do C—digo Civil.

6. EQUIDADE
Artigo 4¼, C—digo Civil + Artigos 494¼ e 496¼.

Normas que mandam o tribunal julgar segundo a equidade.

A equidade Ž um critŽrio de resolu•‹o de conßitos que pretende traduzir a justi•a do caso concreto.
 
Exemplo seja o corte do pagamento de indemniza•›es na sequ•ncia de uma les‹o por mera culpa,
tendo em conta os rendimentos do indiv’duo culpado.

Artigo 494¼ Ñ C—digo Civil


(Limita•‹o da indemniza•‹o no caso de mera culpa)

Quando a responsabilidade se fundar na mera culpa, poder‡ a indemniza•‹o ser Þxada, equitativamente, em montante
inferior ao que corresponderia aos danos causados, desde que o grau de culpabilidade do agente, a situa•‹o econ—mica
deste e do lesado e as demais circunst‰ncias do caso o justiÞquem.

Artigo 496¼ Ñ C—digo Civil


(Danos n‹o patrimoniais)

1. Na Þxa•‹o da indemniza•‹o deve atender-se aos danos n‹o patrimoniais que, pela sua gravidade, mere•am a tutela
do direito.

2. Por morte da v’tima, o direito ˆ indemniza•‹o por danos n‹o patrimoniais cabe, em conjunto, ao c™njuge n‹o
separado judicialmente de pessoas e bens e aos Þlhos ou outros descendentes; na falta destes, aos pais ou outros
ascendentes; e, por œltimo aos irm‹os ou sobrinhos que os representem.

3. O montante da indemniza•‹o ser‡ Þxado equitativamente pelo tribunal, tendo em aten•‹o, em qualquer caso, as
circunst‰ncias referidas no artigo 494¼; no caso de morte, podem ser atendidos n‹o s— os danos n‹o patrimoniais
sofridos pela v’tima, como os sofridos pelas pessoas com direito a indemniza•‹o nos termos nœmero anterior.

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7. PRINCêPIOS FUNDAMENTAIS DE DIREITO


Ocupam o topo da hierarquia das fontes de Direito.

Consistem nas primeiras manifesta•›es da ideia de justi•a ou ideia de Direito, tendo um car‡ter supra legal,
acima da lei, e vinculam o legislador constituinte, ou seja, tem car‡ter supraconstitucional.

Tem validade pr—pria o que signiÞca que consistem uma fonte imediata.

Car‡ter tendencialmente universal.

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Em s’ntese:

FONTES DE DIREITO

S‹o as disposi•›es produzidas pelos —rg‹os com compet•ncia e de acordo com a organiza•‹o
Lei
pol’tica da comunidade.

Fonte de direito n‹o intencional / involunt‡ria

O costume como fonte imediata? Ž discut’velÉ.


Para termos uma norma
O CC n‹o faz referencia ao costume como fonte de consuetudin‡ria ou costumeira tem
direito ( artigos 1-4), como fonte imediata, da’ a que se veriÞcar dois elementos:
raz‹o de ser discut’vel.
A raz‹o desta discuss‹o baseia-se no facto de uma 1- Corpus - elemento material e
fonte de direito n‹o poder excluir a outra. Neste caso elemento objectiva.
a lei (CC) exclui o costume n‹o o mencionando.
Traduz-se na pr‡tica social, reiterada
Temos 3 tipos de costume: e est‡vel ao longo do tempo.
1- Costume secundum legem - Ž um costume Temos uma conduta ou mesmo um
conÞrmativo. Aqui o costume e a lei d‹o a mesma critŽrio de resolu•‹o de conßitos
resposta ˆ quest‹o de direito. adoptado, aceite, praticado,
Costume
desenvolvido de modo repetido e
2- Costume praeter legem Ð Ž um costume constante.
integrador, vai para alŽm da lei, d‡ uma resposta a
uma quest‹o de direito que a lei n‹o responde. Surge
nesta vertente o costume como potencial importante 2- Animus Ð Traduz-se na convic•‹o
ao n’vel de preenchimento de lacunas na lei. Assume de juridicidade
ent‹o o papel fundamental de integrador.
ƒ a convic•‹o de que essa pr‡tica
3- Costume contra legem Ð Ž um costume corresponde a uma exig•ncia de
revogativo, contr‡rio ˆ lei, o costume e a lei d‹o justi•a, que corresponde
respostas diferentes/contradit—rias ao mesmo efectivamente a uma norma jur’dica.
problema. Aqui pode o costume revogar a lei? Temos
que ter presente essa possibilidade e a lei cair pelo
desuso . o costume nesta situa•‹o pode prevalecer Ð
defesa do PMB.

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FONTES DE DIREITO

Conjunto das decis›es dos tribunais. No nosso sistema jur’dico n‹o vale a regra do precedente
judici‡rio . as decis›es dos tribunais s— vinculam as partes, n‹o vale para casos futuros.

N‹o Ž fonte de direito Ð excepto Ð 1- As decis›es do T. Constitucional Ð que declaram a


Jurisprud•ncia
inconstitucionalidade de normas legais, com for•a obrigat—ria geral ( para todos). 2 Ð
Decis›es do Supremo Tribunal Administrativo - que declaram a ilegalidade com for•a
obrigat—ria geral de normas emitidas no ‰mbito da fun•‹o administrativa. S‹o normas que
visam regulamentar outras normas.

N‹o Ž fonte de direito - S‹o opini›es ou pareceres que os jurisconsultos desenvolvem em


Doutrina bases cient’Þcas e doutrin‡rias sobre a interpreta•‹o e integra•‹o do Direito.
Estes estudos servem muitas vezes para ajudar ou a suportar as decis›es do legislador.

S‹o fonte de Direito, s‹o uma fonte involunt‡ria. Fonte n‹o intencional, considerada fonte
mediata pois n‹o tem for•a vinculante por si s—.

USOS - s‹o pr‡ticas sociais repetidas, reiteradas, constantes, est‡veis, duradouras. Tem
Corpus Ð que s‹o padr›es de conduta que valem como critŽrios de resolu•‹o de conduta entre
as pessoas.
O que distingue os Usos do Costume Ž que os Usos n‹o t•m ―Animus‖ ou seja falta a
convic•‹o de juridicidade.
Por esta raz‹o Ž que Ž fonte mediata e s— vale como fonte de direito quando a lei lhe atribua
Usos e Equidade esta qualidade - Artigo 3¼ CC
Para que o uso seja reconhecido em tribunal, para que o tribunal possa resolver o conßito de
interesses, a lei tem que o reconhecer. Exemplo: Sector banc‡rio.

EQUIDADE - Ž traduzida pela no•‹o de justi•a no caso concreto. Os tribunais fazem uma
aplica•‹o estrita da lei. N‹o querem saber de especiÞcidades. Exemplo: Tanto paga o pobre
como o rico.
O tribunal decide segundo o direito estrito. A lei manda resolver o conßito de interesses
segundo a equidade e para matŽrias espec’Þcas que a lei prev•. Exemplo 494/496 CC.
Excep•‹o - Os tribunais podem afastar-se do direito estrito no caso de Mera Culpa.

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FONTES DE DIREITO

Fonte n‹o volunt‡ria, n‹o intencional, Fonte imediata.

S‹o as primeiras manifesta•›es / concretiza•›es da ideia de justi•a (ex. principio da protec•‹o


da dignidade humana É), estes princ’pios tem car‡cter: Supra Legal, Supra constitucional e
Princ’pios Supra positivo.
Fundamentais do
Direito O PBM diz - que estes princ’pios transcendem as decis›es positivadas do legislador. Que
est‹o acima da lei/constitui•‹o/de todas as normas. Est‹o no topo da hierarquia.

Devem-lhes obedi•ncia, pois eles correspondem ao ideal/referencial de justi•a. Tem um


car‡cter tendencialmente universal. ƒ espacial e historicamente determinado.

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LEI COMO FONTE DE DIREITO:


Para que uma Lei possa ser elemento de resolu•‹o de conßitos de interesse esta tem que ser invariavelmente
publicada.

O referencial de uma Lei l•-se lei (AR) n¼ 74 (n¼ de sŽrie) /98 (ano), de 11 novembro (data de publica•‹o).

Inicio de vig•ncia (artigo 5¼, CC): o momento de publica•‹o nunca surge em paralelo com o inicio vig•ncia,
ou seja tem que correr um intervalo temporal.
O intervalo entre a publica•‹o e a entrada em vigor de uma lei chama-se vacatio legis.
Quando a lei Ž publicada e n‹o diz nada sobre o seu inicio de vig•ncia utilizamos a Lei Formul‡ria -- lei n¼
74/98, de 11 novembro -- segundo a qual a Lei entra em vigor no quinto dia a seguir ˆ sua publica•‹o (ver
legisla•‹o em anexo).

Cessa•‹o ou termo de vig•ncia (artigo 7¼, CC): apenas existem duas causas para a cessa•‹o de vig•ncia das
leis:

¥ Caducidade -- quando se decreta vig•ncia tempor‡ria no conteœdo da pr—pria lei (LAL) ou porque o
facto que a lei pretendi regular deixou de existir;

¥ Revoga•‹o -- a lei deixa de vigorar por for•a da entrada em vigor de outra lei (lei nova):

- Revoga•‹o Expressa: "Þca revogada a lei anteriorÓ.

- Revoga•‹o T‡cita: a lei nova bem regular de modo contradit—rio a mesma matŽria que a lei
antiga, ou quando a lei nova vem regular toda a matŽria que Ž tutelada pela lei antiga. No
‰mbito da revoga•‹o t‡cita aplica-se a Regra da Posteridade, ou seja, prevalece a regra mais
recente sempre que existirem conßitos entre as normas.

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Exce•‹o ao CritŽrio da Posterioridade


Artigo 7¼/3 - a lei geral n‹o revoga a lei especial excepto se outra for a inten•‹o inequ’voca do legislador -
CritŽrio da Especialidade.
Isto remete para a classiÞca•‹o das normas no ‰mbito da validade pessoal.
Exemplo : Lei Nova Ð geral; Lei Antiga Ð Especial

Lei Antiga Ð Surgem para atender necessidades especiÞcas, pois vem complementar, acrescentar situa•›es
que j‡ est‹o reguladas na Lei geral .
Nesta situa•‹o n‹o prevalece a Lei Nova se a matŽria que ela regular, vier incompatibilizar com a Lei Antiga
que Ž Lei Especial. A Lei Especial prevalece, a menos que o legislador o diga expressamente Ð revoga•‹o
expressa.
As normas excepcionais e especiais n‹o podem ser alvo de revoga•›es t‡citas, apenas de revoga•›es
expressas.

Conßito de Leis
(Conßitos aparentes) Ð existem 3 critŽrios para resolu•‹o destes conßitos:

CritŽrio da superioridade Ð aqui temos um conßito entre duas normas situadas num plano
hier‡rquico diferente, prevalece a norma com valor hier‡rquico superior exemplo: CRP/ Lei da AR =
CRP ; Regulamento/ Lei = Lei, lex superiori derrogat legge inferiori.

CritŽrio da Posterioridade Ð temos um conßito entre normas com os mesmo valor hier‡rquico, em
que prevalece a norma mais recente, pois tr‡s um critŽrio de maior justi•a Ð lex posteriori derrogat
legge propri Ð Excepto se a lei anterior for especial e a lei mais recente for geral.

CritŽrio da Especialidade Ð temos um conßito entre duas normas da mesma hierarquia em que
prevalece a norma especial ou excepcional sobre a norma geral, mesmo que esta norma geral seja
mais recente - Lex specialis derrogat legge generali.

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PARTE VI: INTERPRETA‚ÌO E INTEGRA‚ÌO DE LACUNAS DA LEI

INTERPRETA‚ÌO DA LEI:
As normas positivadas em lei s‹o enunciados textuais. As leis traduzem por escrito as normas que lhe est‹o
imanentes, contudo, pode este processo ser imperfeito ou suscitar dœvidas.
 
A especiÞcidade de interpreta•‹o do texto normativo recebe conota•›es muito especiÞcas no ‰mbito do
Direito. Nomeadamente, as palavras podem ter outros signiÞcados no ‰mbito jur’dico.

Ao analisar a estrutura da norma consideramos o seu conteœdo como tendo duas partes: hip—tese legal e
estatui•‹o.
 
Ao formular a hip—tese normativo o legislador procura, de forma geral e abstrata, descrever um conjunto de
factos associados a conßitos t’picos da sociedade.
 
Estes factos, segundo o Professor Batista Machado, s‹o descritos atravŽs de conceitos, sendo as palavras
dados normativos. Estes mesmos conceitos/dados normativos devem ser analisados de acordo com o
"dicion‡rio de direito". Existem normas capazes de estabelecer estas mesmas deÞni•›es, os conceitos legais.
 
Nas normas podem aparecer conceitos descritivos, dados que fazem apelo ˆ nossa experi•ncia jur’dica.
Exceptuando os nœmeros (1,2,3, etc. ou primeiro, segundo, terceiro, etc.) todos sofrem uma deforma•‹o
teleol—gica, ou seja, uma deforma•‹o de sentido ganhando um novo, um sentido que lhe Ž concedido pela
Þnalidade da norma.
 
Exemplo: a deÞni•‹o de arma tem interpreta•›es diferentes entre o senso comum e o conceito
jur’dico.
 
A tarefa fundamental do jurista Ž a capacidade e habilidade de interpreta•‹o das normas de forma cientiÞca,
atribuindo-lhe sentido.

Os diferentes sentidos que atribuimos ˆ norma resultam dos objetivos da norma e seus elementos.

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TIPOS DE INTERPRETA‚ÌO DA LEI:


A interpreta•‹o de uma lei Ž a tarefa de Þxa•‹o do sentido e do alcance das normas legais.
 
ƒ necess‡rio fazer a distin•‹o entre:

1. Interpreta•‹o aut•ntica: artigo 13¼


A interpreta•‹o aut•ntica Ž a tarefa de Þxa•‹o do sentido e do alcance das normas legais realizada pelo
pr—prio org‹o que a editou, formulou ou produziu.

Esta Þxa•‹o aut•ntica Ž feita com for•a de lei material, atravŽs de Leis Interpretativas, este diploma tem
apenas uma Þnalidade: identiÞcar o sentido/orienta•‹o com que foi publicada uma norma originalmente.

Para serem verdadeiramente interpretativas, estas leis n‹o podem ter conteœdo inovador, ou seja, n‹o podem
regular novas quest›es fundamentais de direito.

As Leis Interpretativas integram-se nas leis que visam interpreta.

A Lei Interpretativa Ž sempre uma Lei Nova porque surge interpretando a Lei Antiga. Pela sua Þnalidade, a
Lei Interpretativa, de acordo com o artigo 13¼, nœmero 1, tem efeitos retroativos, ou seja, atua em rela•‹o ao
passado, presente e futuro.

Estabelecem-se, contudo, exce•›es, nomeadamente no ‰mbito dos casos j‡ julgados que s‹o ressalvados da
retroatividade, uma vez que se estabelece uma prioridade em rela•‹o ˆ seguran•a em vez de justi•a.
 
Por exemplo, a AR produz uma lei que foi publicado e originou dœvidas.
Revelada neglig•ncia da entidade legislador, se for um erro pequeno pode ser feita uma retiÞca•‹o;
se for uma falha associada ˆ formula•‹o jur’dica, o legislador pode intervir de novo para, atravŽs
de um novo documento, quase que reescrevendo a norma procura clariÞcar o sentido da sua
aplica•‹o.
 
 
2. Interpreta•‹o doutrin‡ria ou doutrinal: os tribunais Þxam, com poder vinculante, as normas em
fun•‹o do caso concreto.

ƒ na Þxa•‹o deste sentido que a doutrina tem import‰ncia enquanto fonte de direito.
 
Fixa•‹o do sentido e alcance das normas legais, realizadas pelo interprete-aplicador do Direito (tribunais),
seguindo os c‰nones interpretativos da doutrina, estando tal a•‹o prevista no artigo 9¼ do C—digo Civil.
Utilizam-se elementos interpretativos ou fatores hermen•uticos.

A Þxa•‹o vinculativa, mesmo na exist•ncia de leis interpretativas, Ž capacidade deÞnitiva do


interprete-aplicador das normas (tribunais).

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QUERELA DOS MƒTODOS:

¥ Discuss‹o metodol—gica prŽvia ˆ atividade interpretativa que permite melhor localizar os diferentes
autores relativamente ˆ sua opini‹o.

¥ Esta querela reduz-se ˆ import‰ncia atribu’da a um ou a outra elemento associado a cada uma das
correntes.

1. Correntes subjetivistas em matŽria de interpreta•‹o:


A norma deve valer com o sentido e o alcance que correspondam ˆ mens legislatoris (vontade do legislador).

Atribuem import‰ncia particular ao elemento hist—rico, ou seja, o circunstancialismo associado ˆ data da


produ•‹o normativa.
 
Estas correntes podem ter uma faceta: radical/extremo (pode implicar um total desprezo face ˆ norma
positivada, defendendo sempre a aplica•‹o da norma com base nas inten•›es do legislador) ou moderado.
 
 
Vantagens:
¥ S— este respeita o Principio da Separa•‹o dos Poderes (s— o legislador pode formar leis, tribunais
n‹o podem).
¥ Garante uniformidade de julgados, proporcionando maior seguran•a e certeza jur’dica.
 
 
2. Correntes objetivistas em matŽria de interpreta•‹o:
Consideram que a norma deve valer com o sentido e o alcance objetivados pela pr—pria norma e
correspondentes ˆ racionalidade intr’nseca a essa norma, isto Ž, correspondentes ˆ mens legis (vontade da
pr—pria norma).

A norma, uma vez entrando em vigor, passa a ter uma vida pr—pria, a estar em rela•‹o com o restante
ordenamento, estabelecendo-se assim a sua racionalidade.

ƒ nesta dimens‹o que ela deve ser interpretada.

Atribuem import‰ncia ao elemento racional, sistematizado ou teleol—gico.


 
Estas correntes podem ter uma faceta: radical/extremo ou moderado.
 
Vantagens:
¥ Realiza•‹o da Justi•a, porque ao evitar a vontade do legislador, coloca o foco na pr—pria norma.
¥ Gera-se maior ßexibilidade (ainda que com riscos por falta de uniformidade de julgados).

As vantagens das correntes subjetivistas s‹o as desvantagens da corrente oposto, e vice-versa.

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No ‰mbito destas correntes existem ainda correntes de cariz historicista e atualistas, sendo que ambas
se associam ˆs correntes retratadas no ponto 1 e 2.

Corrente historicista: a interpreta•‹o feita ˆ norma Ž cristalizada no tempo em rela•‹o ao momento


da interpreta•‹o.

No ‰mbito das correntes subjetivistas falamos de uma concretiza•‹o do sentido da norma quanto ˆ
vontade do legislador ˆ data da cria•‹o da norma, cristalizando esta interpreta•‹o.
Os objetivistas concretizam ao sentido da norma no momento em que esta foi criada, tendo a mesma
valor por si pr—prio.

Corrente atualista: a interpreta•‹o da norma tem que ser transposta para a realidade e
enquadramento social vigente.

No ‰mbito das correntes subjetivistas falamos de uma concretiza•‹o do sentido da norma quanto ˆ
vontade do legislador mas que vai sendo atualizada ao longo do tempo, ou seja, imagina-se o
algoritmo ideol—gico utilizado pelo legislador ˆ data da cria•‹o normativa adaptando-a ˆ realidade
vigente; tentar enquadrar a decis‹o do legislador mediante a sociedade envolvente.
A adapta•‹o da norma, mesmo tendo apenas em conta o seu sentido pr—prio, pode ser atualizado
progressivamente para que melhor se adapte ˆ realidade.

ELEMENTOS DE INTERPRETA‚ÌO OU FATORES HERMENæUTICOS:

Elemento gramatical -- letra da lei, enunciado textual


 
Fun•›es: negativa e positiva.
 
Fun•‹o negativa: letra da lei permite desde logo excluir sentidos a que ela pr—pria n‹o faz qualquer
alus‹o.
 
Fun•‹o positiva: procura apontar para um sentido, quando a norma Ž un’voca, parece ter s— um
sentido, Ž com esse sentido que a norma deve valer.
Quando a norma apresenta v‡rios sentidos poss’veis, o seu texto mantŽm a fun•‹o positiva,
apontando para um sentido que Ž o mais frequente ou mais comum ou, pelo menos, o sentido
corrente com que vale aquele texto.
 
O elemento gramatical atua como ponto de partida e limite (artigo 9¼ Ñ C—digo Civil).
 

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Elemento l—gico -- espirito da lei


Norma imanente que o texto positivado procura expressar
Quando existem v‡rios sentidos, partindo do sentido principal, tendo em conta estes elementos pode detetar
um erro e assim entender a verdadeira interpreta•‹o da norma.
 

1. Elemento racional ou teleol—gico -- raz‹o de ser da lei (tutelas), rationes legis, Þnalidade visada
(interesses que a norma pondera, critŽrios de pondera•‹o de interesses que a norma revela; quest›es
fundamentais de direito a que norma quer responder e a pondera•‹o presente nessa norma -- tudo
isto depende do circunstancialismo, occasio legis, em que a norma foi elaborada);

Quais os conßitos de interesses, como Ž que a realidade responde perante esses conßitos,
como Ž que a norma articula e hierarquiza os interesses?

2. Elemento sistem‡tico: lugar ocupado pela norma no sistema, ou seja, na ordem jur’dica Ñ lugar
sistem‡tico da norma. Modo como a norma se relaciona com as outras normas do sistema. Cada
norma exprime e concretiza a totalidade do ordenamento porque uma norma nunca pode ser olhada
de forma isolada, tem que ser sempre compreendida em paralelo com todo o sistema.

Quando estamos a tentar atribuir um sentido a uma norma devemos avaliar, entre outros
elementos, se Ž uma norma geral ou excecional, ou especial. Setor restrito de rela•›es ou
setor vasto? ƒ importante perceber outras caracter’sticas como se Ž imperativa ou
dispositiva.

a. Contexto da lei -- (n‹o Ž a ocassio legis) normas vizinhas da norma que est‡ a ser interpretada.
Normas vizinhas s‹o normas que pertencem ao mesmo instituto jur’dico e pertencem ao mesmo
setor de rela•›es sociais.

Artigo 488¼, n¼2 -- presume-se a inimputabilidade dos menores de sete anos, a norma tem ser
compreendida no seu instituto, de quem Ž imput‡vel e quem n‹o Ž e os procedimentos associados ˆ
capacidade delitual, tudo isto no ‰mbito da responsabilidade civil em responsabilidades extra-
contratuais.

b. Lugares paralelos -- normas que regulam problemas (tipos de conßitos de interesse ou quest›es
fundamentais de direito) diferentes do regulado pela norma que estamos a interpretar, mas
paralelos/an‡logos.

Quando estudamos as remiss›es estamos a mostrar os paralelismos na ordem jur’dica, pontos que
n‹o s‹o iguais mas a que preside uma igual ideia de justi•a, o referencial fundamental aparece nos
concretizado na ordem jur’dica estando diferentes quest›es fundamentais de direito diferentes
respondidos de forma semelhante.

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Principio da Unidade e Coer•ncia l—gica do ordenamento jur’dico, capacidade de entender o


principio de justi•a que est‡ plasmado nas diferentes normas jur’dicas.
 
AtravŽs da sistematicidade, por exemplo, estamos a considerar que uma norma excecional n‹o poder
usada para preencher lacunas na lei e por isso n‹o representam a ideia de justi•a base para a
resolu•‹o da maioria dos casos de conßitos.

3. Elemento hist—rico:

a. Evolu•‹o hist—rica ou hist—ria evolutiva da norma e do instituto a que ela pertence: hist—ria
em sentido pr—prio (vem regular um elemento novo e ent‹o este ponto n‹o existe, ou vem regular
um problema j‡ existente? Se assim for analisam-se as bases e antecedentes da norma, n‹o Ž a
œnica norma na hist—ria que representa uma solu•‹o sobre este conßito). Compara•‹o do modo
como o conßito de interesses foi regulado ao longo do tempo, ajuda a afastar alguns sentidos.

b. Fontes da lei: textos que serviram de inspira•‹o ao legislador (textos legais, textos doutrin‡rios
e decis›es de tribunais de outros pa’ses).

c. Trabalhos preparat—rios: estudos, ante-projetos de lei, atas dos debates/discuss‹o na AR e


comiss›es de especialidade.

Os elementos 1 e 2 podem estar em conßito com o elemento 3.

O intŽrprete deve partir da letra da lei para tentar reconstruir o pensamento legislativo (o resultado da procura
do espirito da lei).

Justi•a

Rationes Iuris
Raz›es de ser justi•a

Rationes Legis
Normas imanentes

Leis/Leges
Normas positivadas

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Teoria da Alus‹o: ideia de que o sentido que o interprete Þxa ˆ norma n‹o pode transcender aquilo que est‡
no texto, tem que ter o m’nimo de correspond•ncia no texto. O sentido que o interprete Þxa ˆ norma tem que
ser um dos sentidos literais poss’veis ˆ norma.
A teoria da alus‹o Ž defendida pela doutrina tradicional, de uma forma um tanto quanto r’gida, em respeito
com o artigo 9¼, n2, do C—digo Civil.
A doutrina tradicional n‹o aceita os novos resultados ou novos desenvolvimentos metodol—gicos que visam
atribuir ˆ norma sentidos que n‹o est‹o aludidos no texto.

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Em suma:
Interpreta•‹o

Interpreta•‹o - Fixa•‹o de um sentido e alcance de uma norma. Tarefa fundamental do Jurista. As normas s‹o
enunciados lingu’sticos.

i) Interpreta•‹o Doutrinal - Ž aquela que compete em œltima an‡lise aos tribunais. Eles s‹o chamados em aplicar a
norma ao caso concreto para resolver conßitos de interesses. Obriga-o a fazer esta tarefa interpretativa.
ƒ realizada a partir da an‡lise dos elementos de interpreta•‹o de acordo com os c‰nones interpretativos (regras
metodol—gicas) Ð artigo 9¼ CC
ii) Interpreta•‹o Aut•ntica - Ž a Þxa•‹o do sentido e do alcance de uma ou mais normas, realizada pelo pr—prio
legislador.

Exemplo: lei que entre em vigor e suscita logo duvida. A matŽria a regular Ž importante e poe em causa a unidade e
coer•ncia do sistema.
O legislador, o —rg‹o que emitiu a norma que suscita duvidas, intervŽm de novo para Þxar o sentido da norma
(s— com este objectivo Ž que ele intervŽm) e Cria uma nova lei - Lei interpretativa Ð esta lei n‹o tem
conteœdo inovador, tem car‡cter retroactivo artigo 13¼ CC.
ƒ raro acontecer e s— acontece quando estamos perante matŽrias importantes. A lei interpretativa n‹o tem e
n‹o pode ter car‡cter inovador. Serve mesmo s— para interpretar.

Querela dos MŽtodos

1. CORRENTE SUBJECTIVISTA Ð consiste em interpretar, procurar, Þxar ˆ norma um sentido que corresponda ao
pensamento do legislador. Procurar a mens legislatoris, o sentido que o legislador lhe quis atribuir.

Vantagens Ð cria certeza, garante uniformidade do julgador, respeita o princ’pio da separa•‹o dos poderes (legislador
cria, o tribunal aplica).

Desvantagem Ð existe um risco maior ao n’vel de justi•a, em que se Þca preso ao n’vel do legislador. O elemento
hist—rico Ž sobrevalorizado.

2. CORRENTE OBJECTIVISTA Ð interpretar Ž o procurar a mens legis, ou seja, o pensamento ou a racionalidade


intr’nseca ˆ pr—pria norma. Fixar o sentido e alcance da norma. Esta corrente centra-se na norma e ―ignoram ― o
pensamento do legislador.

Vantagens - Ideal de justi•a, garante maior igualdade. Permite e realiza melhor o ideal de igualdade, no acesso ao
conteœdo da norma e sentido Þxado.

Desvantagens Ð Falta de uniformidade de julgados, cria incerteza e poe em causa o princ’pio da separa•‹o dos
poderes. Desvaloriza o elemento hist—rico e valorizam o elemento sistem‡tico + elemento teleol—gico.

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Elementos de Interpreta•‹o ou Factores Hermen•uticos

1. ELEMENTO GRAMATICAL Ð ƒ a letra da Lei, o texto da norma, o pr—prio enunciado.


Este Ž o ponto de partida da tarefa interpretativa Ð artigo 9¼ CC. ƒ a partir da letra da lei que se vai reconstruir o
pensamento legislativo, desempenha 2 fun•›es:

a) Fun•‹o negativa Ð o texto, a letra da lei (tem fun•‹o negativa), porque permite afastar/excluir alguns sentidos. O
texto Ž um enunciado lingu’stico, e os sentidos exclu’dos s‹o aqueles sentidos n‹o literalmente poss’veis para aquele
texto.

b) Fun•‹o positiva Ð O texto aponta apenas para 1 sentido ou para v‡rios sentidos, mas sendo apenas um deles o mais
frequente e o mais comum. Quando Ž para um sentido, em princ’pio Ž esse o sentido com que a norma deve de valer.
Se o texto apontar para v‡rios sentidos mas apenas 1 deles Ž o mais —bvio ent‹o deve de ser esse o sentido a tomar.
Dentro dos sentidos literalmente poss’veis face ˆ letra do texto, o texto aponta para um sentido como o mais forte.

2. ELEMENTO LîGICO Ð ou espirito da lei, composto v‡rios sub-elementos:


a) Elemento racional ou teleol—gico Ð Ž aquilo a que chamamos a ―Ratio LegisÓ, ou seja a raz‹o de ser da norma, Ž
a Þnalidade teleol—gica usada pelo legislador na norma (subjectivismos/objectivismo). Este elemento centra-se na
pr—pria norma e n‹o tanto no legislador, Ž o veriÞcar do que realmente a norma quer, a sua teleologia, a sua ratio
legis, que interesses est‹o presentes e como a norma pondera e articula esses interesses.

Occasio Legis - Ž o conjunto de circunst‰ncias politicas-econ—micas- culturais-cient’Þcas e sociais que rodearam o


surgimento da normas. ƒ o estudo destas circunst‰ncias.
Pertence ao elemento racional teleol—gico, o conjunto das circunst‰ncias que inßuenciaram o legislador para a
cria•‹o/formula•‹o da norma

b) Elemento Sistem‡tico Ð veriÞcamos qual Ž a inser•‹o da norma no sistema, qual Ž o seu papel, a sua import‰ncia
(se muita ou pouca), se Ž norma geral, excepcional ÉÉ Temos que encontrar o lugar da norma no Sistema.
O PBM Ð perceber a que fam’lia a que a norma pertence. Quais s‹o as coordenadas geogr‡Þcas da norma no
sistemaÓ temos que ter em conta o principio da unidade e coer•ncia l—gica da Ordem Jur’dica.
1. Contexto da lei - signiÞca o conjunto de normas que pertencem ao mesmo instituto ou que regulam
globalmente a mesma matŽria.
2. Lugares paralelos Ð S‹o as outras normas do sistema que regulam problemas semelhantes ou paralelos.

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Elementos de Interpreta•‹o ou Factores Hermen•uticos

(continua•‹o)

c) Elemento Hist—rico - estudamos a hist—ria daquela norma:


1. Evolu•‹o hist—rica da norma ou instituto Ð A evolu•‹o hist—rica Ž uma compara•‹o daquela norma em que a
norma teve v‡rias vers›es e a mais recente ao veriÞcar as suas altera•›es ajuda a compreender o seu elemento
racional. ƒ o estuda norma desde a sua origem/ matriz atŽ hoje.
2. Fontes da lei Ð s‹o as fontes inspiradoras do legislador para a cria•‹o de determinada norma/instituto, para regular
determinada matŽria. S‹o os textos doutrin‡rios e jurisprudenciais nacionais e estrangeiros, sobretudo as leis, textos
legais de outros pa’ses que serviram de inspira•‹o ao nosso legislador.
3. Trabalhos preparat—rios Ð s‹o os estudos, os anteprojectos que foram preparados/elaborados para preparar a lei
bem como tambŽm as actas de discuss‹o dos anteprojectos na AR entre outros registos. Os trabalhos preparat—rios s‹o
sobrevalorizados pelas correntes subjectivistas pela razao da certeza e do respeito pela separa•‹o dos poderes. Este
trabalhos d‡-nos certeza e seguran•a.

Ponto de chegada da tarefa interpertativa

A letra da lei Ž o ponto de partida da tarefa interpretativa Ð artigo 9¼/1 CC, mas tambŽm a reconstitui•‹o ou a procura
do esp’rito Ž o ponto de chegada neste artigo.
Tem que existir resultante da interpreta•‹o uma correspond•ncia embora que m’nima com a letra da lei - artigo 9¼/2
CC. O sentido Þxado pelo interprete tem que ter este m’nimo. Tem que ser um dos sentidos literais poss’veis.

Resulta:

A Teoria da Alus‹o: Ž o limite ˆ tarefa do interprete, o sentido Þxado pelo interprete tem que ter um m’nimo de
correspond•ncia verbal ( na letra da lei) ainda que imperfeitamente expressa. Ð C‰none interpretativo, regra de
metodologia e interpreta•‹o. O sentido Þxado pelo interprete tem de ser um dos sentidos literais possiveis textuais.
Chama-se Teoria da alus‹o porque o texto tem que aludir minimamente ao sentido que o interprete Þxa.

A deÞni•‹o de c‰nones Ð artigo 9 n¼2 Ð s‹o c‰nones tradicionais = doutrinas tradicionais.

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RESULTADOS DA INTERPRETA‚ÌO:

- Segundo a Doutrina Tradicional (Artigo 9¼, n¼2)


¥ Teoria da Alus‹o Ñ  limite ˆ interpreta•‹o da lei, a norma tem sempre sentido no ‰mbito do que est‡
literalmente escrito na norma.

Interpreta•‹o declarativa: resultado da interpreta•‹o em que o interprete Þxa ˆ norma um sentido muito
pr—ximo da letra da lei, ou seja, a letra da lei aponta para uma sentido que Ž o sentido mais frequente ou mais
comum com que vale aquele enunciado textual e o interprete considera que esse sentido Ž conÞrmado pelo
espirito da lei, ou seja, Ž conÞrmado pela busca que o interprete fez no ‰mbito do elemento l—gico  --- 
adequado ao positivismo, legalismo, na atribui•‹o de toda a for•a legal ˆ lei, exige pouca criatividade e Ž
uma a•‹o de interpreta•‹o textual, manda-nos presumir que o legislador usou aquelas palavras no seu sentido
mais comum e o interprete considera esse sentido como o compat’vel com a realidade.

Artigo 126¼ -- considerar impossibilitado o menor de exercer a anulabilidade.


 

Interpreta•‹o extensiva: o interprete conclui que a letra da lei Þcou aquŽm do espirito da lei (conclui que h‡
uma falta de sintonia entre a letra da lei e o espirito da lei), tendo a lei pecado por defeito, dizendo menos do
que o espirito da lei e do que a norma queria dizer. A letra da lei n‹o traduziu para escrito completamente a
norma, tendo o texto atrai•oado o espirito, ganhando esta norma um ‰mbito menos amplo do que a norma
que lhe est‡ imanente e que corresponde ao espirito.
O intŽrprete "estende a letra da lei" para a fazer coincidir com o seu esp’rito. Estender a letra da lei signiÞca
adotar um dos sentidos literais poss’veis mas um sentido mais long’nquo, menos frequente ou menos comum.
(Vai dar a volta ao texto para mostrar que o mesmo comporta outros sentidos que n‹o o literal.) Para fazer tal
trabalho o intŽrprete centra-se no elemento l—gico.

Artigo 126¼ -- considerar impossibilitado o menor e seus representantes legais de exercer a anulabilidade.
Uma vez que o papel dos representantes do menor Ž substitu’rem-no onde ele n‹o tem capacidade.
 
2 tipos de argumento:
A. Argumento de identidade de raz‹o (ratio legis) -- argumento a pari
Onde a mesma raz‹o de ser for a mesma, a mesma deve ser a solu•‹o, aplicado ao exemplo do artigo
126¼.
B. Argumento de maioria de raz‹o (ratio legis) -- argumento a fortiori
Quando se veriÞcam motivos mais fortes.
 

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Interpreta•‹o restritiva: o interprete chega ˆ conclus‹o que ˆ falta de sintonia entre a letra da lei e o
espirito da lei, a letra da lei foi para alŽm do espirito da lei, ou seja, a letra da lei diz mais do que a norma (no
seu espirito) quer dizer. A letra da lei abrange situa•›es t’picas da vida ou t’picos conßitos de interesse que o
espirito da lei n‹o quer abranger. O texto tem uma extens‹o excessiva em rela•‹o ao espirito. Novamente se
faz uso do elemento l—gico (teleol—gico e sistem‡tico que pode ou n‹o ter apoio do hist—rico). O intŽrprete
limita o ‰mbito de aplica•‹o da norma para fazer coincidir o texto com o espirito da lei. Restringe-se o
‰mbito de aplica•‹o da norma, dentro dos sentidos literais poss’veis.

Artigo 494¼ -- Þxa•‹o de indemniza•‹o com base na equidade


 
Mera culpa = neglig•ncia (grave ou grosseira, leve, lev’ssima)
 
Interpreta•‹o declarativa: em qualquer situa•‹o de neglig•ncia
Interpreta•‹o restritiva: ainda que mera culpa seja sin—nimo de neglig•ncia, pelo espirito da lei, n‹o podemos
considerar aplic‡vel ˆ norma todos os graus da neglig•ncia. Argumento: onde termina a raz‹o de ser da lei
termina tambŽm a sua aplica•‹o.

Interpreta•‹o Enunciativa: o intŽrprete retira (deduz) da norma preceitos ou subnormas que ela
virtualmente contŽm. Esta dedu•‹o Ž feita atravŽs de infer•ncias l—gico-dedutivas = argumentos.
 
1. A lei que permite o mais tambŽm permite o menos -- a maiori ad minus
Este argumento s— pode ser usado a partir de normas dispositivas.
Ex. a norma diz que qualquer dos conjugues podes alienar os seus bens pr—prios sem
consentimento da outra parte
N‹o h‡ normas no sistema que nos falem no arrendamento ou constitui•‹o de hipoteca.
Se pode alienar/vender pode tambŽm vender ou hipotecar.
 
2. A lei que pro’be o menos tambŽm pro’be o mais -- a minori ad maius
Este argumento s— pode ser usado a partir de normas imperativas.
Ex. a norma que pro’be qualquer dos conjugues arrendar os seus bens pr—prios sem
consentimento da outra parte
N‹o h‡ normas no sistema que nos falem da venda ou constitui•‹o de hipoteca.
Se n‹o pode arrendar ent‹o tambŽm n‹o pode vender ou hipotecar.
 
3. Argumento "a contrario sensu" = argumento "a contrario"
Parte de uma norma excecional (ius singulare) para aÞrmar uma norma geral de sentido oposto a
valer para todas as situa•›es n‹o enquadradas na exce•‹o

Interpreta•‹o Corretiva ou Abrogante (apenas para o Professor Batista Machado): n‹o est‡ a respeitar a
teoria da alus‹o e j‡ surge como um novo resultado.
 

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- Novos Resultados de Interpreta•‹o ou Novos Desenvolvimentos Metodol—gicos (n‹o se baseia no


artigo 9¼, n¼2)
¥ Ideia de que interpretar Ž descobrir o direito que est‡ imanente ˆ lei;
¥ N‹o aceita a letra da lei como limite ˆ tarefa interpretativa.
¥ O interprete pode Þxar ˆ norma um sentido que n‹o tem correspond•ncia na letra da lei, mas Ž o
sentido que resulta do esp’rito da lei.

Extens‹o teleol—gica: resultado continuo da interpreta•‹o extensiva.


O interprete depois de estender a letra da lei no ‰mbito dos sentidos literais poss’veis conclui que o espirito
da lei abrange situa•›es t’picas ou tipos de conßitos de interesse a que o texto n‹o faz alus‹o. Assim sendo a
extens‹o passa a ser teleol—gica no ‰mbito do espirito da lei, mesmo sem qualquer respeito pelo teoria da
alus‹o.

A letra da lei tem um sentido mais curto, o interprete atravŽs da letra da lei e outros sentidos literais
consegue estender a lei noutros sentidos, mas, n‹o o suÞciente para regular dadas situa•›es. O
espirito da lei tem uma norma que permite resolver o caso X, contudo, o texto, de forma alguma,
comporta uma solu•‹o para o caso.
Continuamos a regular o mesmo tipo de conßitos mas por for•a do texto da norma n‹o se consegue
enquadrar o caso X. Neste caso n‹o tem resposta. Se n‹o tem resposta constitui uma lacuna, ou seja,
situa•‹o juridicamente relevante que n‹o est‡ consagrado na lei.

Redu•‹o teleol—gica: recusa a aplica•‹o da norma a situa•›es que est‹o contempladas diretamente na letra
da lei mas que o espirito da lei n‹o quer abranger.
Vai para l‡ da aplica•‹o de uma interpreta•‹o restritiva, no ‰mbito da Doutrina Tradicional.

Interpreta•‹o corretiva abrogante: o enunciado textual utilizado pelo legislador tem tanta falta de
correspond•ncia com o espirito da lei, o interprete considera que uma norma ou parte da mesma tem que ser
sacriÞcada porque n‹o se enquadra nem no sistema nem no espirito da lei que o devia preencher. Podem
nestes casos gerarem-se lacunas.

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LACUNAS DA LEI:

¥ Situa•‹o juridicamente relevante;

¥ N‹o est‡ regulada na lei (nem na letra da lei nem no esp’rito da lei).

No ‰mbito das lacunas Ž fundamental que se distinga o espa•o jur’dico ou juridicamente relevante e o espa•o
ajur’dico onde se encontram as situa•›es n‹o reguladas e que n‹o s‹o juridicamente relevantes. As lacunas s—
o s‹o, e s— merecem preenchimento, quando pertencerem ao espa•o juridicamente relevante. Estes ‰mbitos
s‹o, contudo, vari‡veis em fun•‹o do enquadramento espacial e temporal.
 
As lacunas da lei tambŽm se podem chamar de caso omisso.

INTEGRA‚ÌO DAS LACUNAS DA LEI:


O Artigo 10¼ aponta dois procedimentos metodol—gicos diferentes.

Artigo 10¼, n¼1 Ñ por recurso ˆ analogia:


O caso omisso ser‡ regulado por norma aplic‡vel aos casos an‡logos.

Artigo 10¼, n¼2 estabelece as situa•›es em que efetivamente se registam analogias.


 
A deÞni•‹o concreta deste recurso: Ò consiste em resolver o conßito de interesses presentes no caso omisso,
utilizando o critŽrio de resolu•‹o dado ou previsto em caso an‡logoÓ. Esta presente neste recurso a ideia de
Justi•a, Igualdade e a sua concretiza•‹o. 
Aplica-se a norma aplicada a caso an‡logo, neste recurso tem que se conhecer bem o caso omisso, procurar
caso an‡logo ou seja uma situa•‹o regulada pela lei em que est‹o presentes interesses paralelos ou
semelhantes aos interesses em conßito no caso omisso. ƒ o caso previsto na lei em que procedem as raz›es
justiÞcativas (conßitos de interesses, paralelos ou semelhantes) ao caso an‡logo. Estes interesses n‹o s‹o
subsum’veis mas s‹o semelhantes. 

Exemplo: 
O Caso X2 Ð Ž muito semelhante ao caso X1 
O Caso X1 pertence e Ž resolvido com as normas do tipo X 
O Caso X2 Ž semelhante ao Tipo X mas n‹o contemplam o mesmo tipo de problema. 
O Caso X2 n‹o est‡ previsto nem na letra nem no esp’rito da lei, o tribunal neste caso j‡ sabe que
caso semelhante vai aplicar. 
A aplica•‹o est‡ ent‹o na base do Tipo X- que foi a base do Caso X2 

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Artigo 10¼, n¼3 Ñ mediante a formula•‹o de norma ad hoc:


S— aplic‡vel quando depois de percorrer todo o ordenamento o interprete n‹o encontrar um caso an‡logo.
Tendo em conta os ideais de justi•a estabelecidos no sistema, o interprete tem de ele pr—prio resolver o
conßito de interesses mediante a formula•‹o de um norma ad hoc. Esta norma Ž caracterizada por ser geral e
abstrata, formulada pelo pr—prio interprete dentro do espirito do sistema. A norma assim formulada valer‡
apenas para este caso, n‹o vinculando o tribunal para outros julgamentos futuros ou qualquer entidade.
Vincula apenas aqueles que est‹o em conßito no caso concreto. De novo, as decis›es dos tribunais n‹o s‹o
fontes do Direito.

S— pode existir esta integra•‹o quando se tiver a certeza que n‹o existe analogia ou caso an‡logo
para o conßito de interesses. Resulta ent‹o: 
Na formula•‹o de uma norma em que o intŽrprete (o tribunal), coloca-se na posi•‹o de legislador. 
A norma tem que ser geral e abstracta Ð o tribunal ao criara a norma, tem que se abstrair do caso, e
criar a norma como que se fosse para um todo e n‹o s— para o caso concreto. Tem que legislar
dentro do esp’rito do sistema. Esta norma tem que obedecer ao princ’pio da unidade e coer•ncia
l—gica do sistema. Esta presente neste recurso a ideia de justi•a, igualdade e a sua concretiza•‹o. 
A norma depois de formulada em que Ž geral e abstracta, Ž aplicada ao caso concreto e esgota de
imediato a sua aplicabilidade. 
Esta norma ― nasce e morre ‖ no caso concreto, n‹o vincula nem aquele, nem os outros tribunais,
nem casos futuros, apenas o caso concreto que foi a raz‹o da sua exist•ncia da sua cria•‹o. 
 

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Em suma:

Resultados da Interpreta•‹o

Lei Ð Norma legal - o seu texto d‡ tradu•‹o ˆ verdadeira norma


A norma imanente ˆ norma positivada (legal) = esp’rito da norma
O PBM diz que a norma comporta v‡rias camadas e deÞnindo o seu grau de import‰ncia: 1¼ - os princ’pios
fundamentais do direito em que est‹o inclu’das as concretiza•›es da ideia de justi•a. 2- Esp’rito da norma, as Ratio
Legis, a norma imanente. 3- As normas legais a norma escrita, o texto da norma, a lei.

a) INTERPRETA‚ÌO DECLARATIVA - O intŽrprete conclui que a letra da lei e o esp’rito da lei est‹o com o
mesmo sentido. A letra da lei aponta num sentido, este sentido Ž o mais frequente e comum Ð o elemento gramatical Ð
fun•‹o positiva.
O intŽrprete conclui que o esp’rito aponta nesse sentido tambŽm, a interpreta•‹o Ž pr—xima do teor literal da norma.

b) INTERPRETA‚ÌO EXTENSIVA Ð No resultado da interpreta•‹o t•m falta de sintonia da letra da lei com o
esp’rito da lei. O intŽrprete conclui que a lei diz menos do que queria dizer. A letra da lei Þcou aquŽm do esp’rito da
lei. O intŽrprete estende o ‰mbito de aplica•‹o da norma para que ela comporte o sentido dado pelo esp’rito da lei.
Usa 2 argumentos para suportar esta extens‹o:
(a) Argumento Òˆ pariÓ ou identidade de raz‹o Ð onde a raz‹o de decidir for a mesma, a mesma deve de ser a
solu•‹o.
(b) Argumento Òˆ fortioriÓ ou de maioria de raz‹o Ð estando presentes raz›es mais fortes para justiÞcar uma solu•‹o,
mais fortes das que est‹o expressamente na norma, ent‹o deve de ser essa a solu•‹o
A ideia desta interpreta•‹o, Ž alargar e estender a letra da lei para abranger casos que inicialmente parecia n‹o
estender.

c) INTERPRETA‚ÌO RESTRITIVA Ð tem presente uma falta de sintonia entre a letra da lei e o esp’rito da lei. O
intŽrprete conclui que a letra da lei diz mais do que queria dizer. Foi para alŽm do esp’rito da lei. O intŽrprete vai
restringir/limitar/reduzir a letra da lei para que ela corresponda com o esp’rito da lei.
Ex. 494 CC Ð ― se fundar em mera culpa‖ mera culpa= negligencia (temos a negligencia grave e lev’ssima, quase
desculp‡vel) a letra da lei diz em qualquer caso de mera culpa? Seja grave ou leve? N‹o pode ser. Tem que se fazer
uma interpreta•‹o restritiva e aqui s— era aplicado nos casos de mera culpa leve ou lev’ssima.
O argumento que sustenta esta interpreta•‹o Ž: l‡ onde cessa a raz‹o de ser da lei, deve de cessar a sua aplica•‹o.

d) INTERPRETA‚ÌO CORRECTIVA OU AB-ROGANTE - Falta de sintonia entre a letra da lei e o esp’rito da


lei. Esta falta de sintonia Ž tal que existe uma contradi•‹o absoluta entre o esp’rito e a letra da lei. esta interpreta•‹o
resulta em ignorar segmentos da norma ou normas inteiras, pode conduzir ao surgimento de lacunas. O espa•o que
estava ocupado de repente pode Þcar sem regula•‹o. Esta interpreta•‹o Ž rara.

e) INTERPRETA‚ÌO ENUNCIATIVA - aqui n‹o temos propriamente um problema . o que acontece Ž que temos
o interprete em que retira da norma preceitos que nela est‹o virtualmente contidos. Este reira, Ž justiÞcado atravŽs de
inferencias /argumentos logico dedutivas .

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Resultados da Interpreta•‹o

(continua•‹o)

S‹o normas que tem uma amplitude tal que tem outras sub-normas. Os argumentos s‹o :
a) ÒA Maiori ad MinusÓ Ð A lei que permite o mais tambŽm permite o menos.
Exemplo: norma que permite as pessoas casadas em regime de comunh‹o de bens alienar qualquer im—vel pr—prio
que n‹o a morada de fam’lia sem consentimento do c™njuge. - Pode arrendar sem o consentimento do marido ,
embora na norma s— mencione o vender , mas est‡ virtualmente contido na norma.

b) A Lei que pro’be o menos, tambŽm pro’be o mais.


Pro’be Ð Norma imperativa proibitiva
A e B est‹o casados -lei pro’be de vender um vender o im—vel sem o consentimento do outro , A quer arrendar sem o
consentimento de B
N‹o pode.

c) Argumento Òˆ contr‡rioÓ ou Ò ˆ contrario sensuÓ

A partir de uma norma excepcional o intŽrprete deduz a norma geral ou o principio regra aplic‡vel a todos os casos
n‹o contemplados na norma excepcional. ƒ um argumento que tem que ser usado com bastante cuidado. O ponto de
partida Ž a norma excepcional, tem car‡cter excepcional dentro do sistema e deduz-se a norma geral que n‹o est‡
expressa. O sector retira de um campo restrito em se deduz que todos os casos/situa•›es que n‹o se aplicam a esse
sector aplica-se o oposto. Sentido oposto/contr‡rio ao da norma excepcional.
Exemplo: artigo 2034¼ CC Ð incapacidade por indignidade Ð quem n‹o preencher os pressupostos para eles vale a
norma geral ou seja o oposto. Todos os outros. Isto no caso de o 2033¼CC n‹o existir . ( s— para ter ideia)

Resultados da Interpreta•‹o segundo a Doutrina Tradicional

Na interpreta•‹o estamos sempre a jogar com o elemento gramatical (letra da lei) e o elemento l—gico (esp’rito da lei)
traduz-se no interpretar, ver o texto, chegar ao esp’rito e voltar ao texto. Resulta no sentido que o interprete Þxa: um
dos sentidos literais, este sentido n‹o transp›e a barreira da Teoria da alus‹o.
A vis‹o do PBM: diz que se pode transpor esta barreira. Parte do texto, vai a procura do esp’rito e volta ao texto, tem
que ter um m’nimo ligado ao texto mas pode ser ultrapassado, esse limite no caso concreto, se os interesses forem
relevantes.
AÞxar o sentido da norma , pode Þxar o sentido que n‹o corresponde propriamente com a letra da lei.

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Novos Resultados Ñ Novos Desenvolvimentos Metodol—gicos

N‹o seguem a doutrina tradicional, Ž uma descoberta do direito para alŽm da lei, s‹o 3 mas abordamos apenas 2:

1. Extens‹o teleol—gica Ð O intŽrprete conclui que existe falta de sintonia entre a letra e o esp’rito da lei. A letra da lei
diz menos do que queria dizer, do que queria o esp’rito da lei. O intŽrprete extende de forma a corresponder com o
esp’rito, contudo extende a situa•›es que a letra da lei n‹o faz alus‹o.
A norma na extens‹o teleol—gica (pelo doutrina tradicional), Ž aplicada a casos n‹o previstos na letra da lei, mas
abrangidos pelo esp’rito da lei. Nesta nova interpreta•‹o aplicamos a norma para l‡ dos sentidos literais poss’veis, a
situa•›es que n‹o correspondem a sentidos literais poss’veis, ou seja estamos a desrespeitar o limite do artigo 9¼/2
CC.
A Þnalidade Ž para resolver o concreto conßito de interesses, de acordo com a sua teleologia, a sua raz‹o de ser.
VeriÞcamos portanto uma preval•ncia do esp’rito sobre a lei

2. Redu•‹o teleol—gica Ð Falta de sintonia entre a letra da lei e o esp’rito da lei. O texto vai muito para alŽm do
esp’rito da lei. O texto prev• situa•›es que o esp’rito n‹o contempla, n‹o admite, que repugnam ao esp’rito da norma.
O intŽrprete vai reduzir / restringir eliminando sentidos poss’veis/inequ’vocos.
Existe uma preval•ncia do elemento l—gico sobre o elemento gramatical - existe muito direito para l‡ da lei.

Lacunas da Lei

Situa•‹o juridicamente relevante, merecedora de tutela por parte do Direito, mas n‹o regulada nem pela letra nem
pelo esp’rito de uma norma legal.
O tribunal tem que responder - artigo 8¼ CC - pois a situa•‹o Ž juridicamente relevante ˆ luz da lei, e pela ideia de
justi•a.
Estamos perante um caso omisso, em que o texto e o esp’rito n‹o d‹o resposta. Resulta ent‹o num problema, pois
temos um concreto conßito de interesses em que os tribunais s‹o chamados a resolver, descobrem que este conßito de
interesses Ž um caso omisso ou lacuna Ð Artigo 8¼/1 CC Ð O tribunal n‹o pode recusar-se a julgar ―Proibi•‹o Non
LiquetÓ Ð O tribunal vai proceder a integra•‹o ou preenchimento de lacunas

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PARTE VII Ñ APLICA‚ÌO DAS LEIS NO TEMPO

CONFLITO DE LEIS NO TEMPO:


Temos conßito de leis no tempo quando se reunirem cumulativamente os seguintes pressupostos:

1. Quando temos sucess›es de leis no tempo Ñ Lei Nova (LN) e Lei Antiga (LA).

2. LA e LN Ñ regulam/respondem de modo diferente ˆ mesma quest‹o fundamental de direito.

3. A situa•‹o a resolver, ou seja, o concreto conßito de interesses est‡ em contacto com a LA e a LN.

Pode acontecer que a lei nova possa resolver o conßito de interesses, e quando o faz Ž atravŽs de uma
disposi•‹o transit—ria.

Esta disposi•‹o traduz-se numa norma da LN que resolve o conßito temporal de leis, criado pelo
inicio de vig•ncia da Lei Nova.

1. Car‡ter formal Ñ a LN limita-se a indicar qual das duas 2 leis Ž a lei competente.

2. Car‡ter material Ñ a LN em vez de indicar uma das duas leis como competente, cria um pr—prio
regime diferente do da LN e da LA.

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Se n‹o existir disposi•‹o transit—ria:


O intŽrprete tem que resolver, articulando, ter em conta, aplicando uma das duas normas:

Artigos 12¼ n¼ 2 CC Ð 1» parte


QualiÞca•‹o: encontrar o problema jur’dico a quest‹o fundamental de direito
A LN disp›e sobre condi•›es de validade substancial/formal, certos factos ou sobre os seus efeitos desses
factos
Aqui a LN s— visa factos novos
Substancial = facto constitutivo: constitui•‹o, modiÞca•‹o extens‹o na rela•‹o jur’dica

Artigos 12¼ n¼ 2 CC Ð 2» parte


Mas a LN disp›e sobre o conteœdo de certas rela•›es jur’dicas, abstraindo-se dos factos que deram origem a
essas rela•›es jur’dicas.
Neste caso a LN tem aplica•‹o imediata ˆs RJ constitu’das antes do seu IV e que persistam ˆ data desse IV.
Dois pressupostos:
(1) Conteœdo Ð MatŽria de direitos e deveres entre as partes de 1 RJ. (2) Ð Abstraindo Ð quando a LN
tem car‡cter imperativo.
A LN imp›e a sua vontade ˆ vontade das partes., quando a LN regula mas n‹o abstrai, tem car‡cter
dispositivo Ð visa factos novos ent‹o (argumento ˆ contrario) aplica-se o 12¼ n¼ 2 1» parte

Artigo 297¼ CC Ð Leis sobre o prazo (As matŽrias de prazos Ž resolvida por este artigo)
No n¼ 1 - a LN Þxa prazo mais curto que a LA., No n¼ 2 Ð LN Þxa prazo mais longo que a LA
Em qualquer das hip—teses a lei competente em matŽria de prazos Ž a LN e de aplica•‹o a partir do seu IV
Excepto Ð 297¼ n¼1 (Þnal) Ð se faltar menos tempo na LA, Ž competente a LA.

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