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Suporte Organizacional após o Suicídio

Raquel Pinheiro Niehues Antoniassi¹

O suicídio de um indivíduo pode ainda, em alguns casos, resultar em uma organização


ou até mesmo uma comunidade se tornando um “sobrevivente” – com efeitos que são visíveis
no sistema e em seus membros por um considerável período de tempo. Além do efeito do
suicídio em ambientes como escolas, locais de trabalho e grupos de primeiros socorros, as
consequências para o funcionamento de famílias inteiras ou outras redes sociais também
exigem um enfoque sistêmico que vai além do luto individual. Isso é especialmente importante
para organizações que são compostas por grupos de pessoas que estabeleceram
relacionamentos e interagem entre si regularmente. Deste modo, as diretrizes americanas
propõem ainda alguns princípios que as organizações devem considerar ao responder a um
suicídio dentro de sua configuração, quais sejam:

1. Planejar com antecedência:


Um plano de coordenação, estrutura de resposta e treinamento deve ser estabelecido antes
que ocorra um suicídio. Com demasiada frequência, organizações como escolas, hospitais,
comunidades de fé e locais de trabalho reagem ao suicídio somente após a ocorrência de uma
fatalidade. Isso produz uma crise para a liderança dentro da organização e aumenta o caos e o
sofrimento causados pela morte. O tempo para desenvolver uma resposta coordenada a um
evento como o suicídio é antes que aconteça, para que os líderes-chave do grupo sejam
treinados e sintam-se preparados para responder de uma maneira que seja útil e
reconfortante para todos os afetados pela morte. Do contrário, corre-se o risco de, ao realizar
“ações emergenciais”, colaborar para resultados que com maior potencial de risco do que de
minimização do sofrimento. Os planos devem incluir procedimentos para gerenciar
informações sobre a morte, coordenar recursos internos e externos, fornecer apoio às pessoas
afetadas pela morte, celebrar a vida do falecido e acompanhar pessoas que possam estar em
risco elevado de luto ou complicações no trauma.

2. Comunicar efetivamente.
Deve-se coordenar o compartilhamento de informações sobre o suicídio, visto que a morte de
um membro do grupo pode imediatamente produzir intensa curiosidade e ansiedade sobre a
natureza da morte: “quem morreu? Quando e como a pessoa morreu? A morte foi um
suicídio? Quais foram as motivações para a morte? Quem é o culpado?”. É provável que os
boatos circulem rapidamente por vários canais de comunicação, incluindo conversas cara a
cara, telefone e mídia social. É crucial que a liderança da organização forneça informações
factuais e precisas sobre as circunstâncias da morte através de pessoas e canais designados e
preparados para tal. Ao mesmo tempo – porque o suicídio muitas vezes transforma um
assunto muito particular em um evento público – é importante ser sensível às necessidades
dos membros da família do falecido e de outras pessoas que estão de luto.

3. Ajudar com rituais de luto e prevenir risco de contágio.


É necessário proporcionar oportunidades tanto de elaboração e expressão de luto saudável
quanto para minimização do risco de contágio suicida ou outras reações negativas à morte.
Numa tentativa bem intencionada de conter quaisquer consequências negativas do suicídio
(incluindo comportamento suicida adicional), as autoridades às vezes tentam suprimir as
informações sobre a morte e/ou interferem nos planos de respeito e memória ao falecido.
Precisamos entender o que aconteceu depois que um evento traumático ocorre, e em nenhum
momento isso é mais importante do que depois de um suicídio. Da mesma forma, eles
precisam e têm o direito de lamentar coletivamente a perda do membro da comunidade,
independentemente da causa da morte. A liderança organizacional deve ajudar a canalizar
esse processo de maneira saudável, em vez de tentar bloqueá-lo. É importante notar, no
entanto, que existem preocupações sérias e legítimas sobre os efeitos de contágio do suicídio,
especialmente em relação à cobertura da mídia sobre uma fatalidade e sobre mensagens
públicas relacionadas ao comportamento suicida.

4. Considere se existe um momento de aprendizado.


O suicídio é, muitas vezes, uma morte misteriosa e assustadora para uma comunidade e,
infelizmente, o suicídio de um membro da comunidade, por vezes, pode oferecer uma
oportunidade para ajudar a educar as pessoas sobre o que contribui para o suicídio; o que as
pessoas podem fazer se elas ou outras também podem estar pensando em suicídio; como
ajudar os enlutados após o suicídio; e o que os membros da comunidade podem fazer para
apoiar qualquer um que tenha sido afetado pela morte.
Imediatamente após um suicídio, existem situações em que a sensibilidade deve ser exercida
na distribuição de informações sobre prevenção de suicídio, de modo a não comunicar
inadvertidamente aos enlutados ou a outras pessoas afetadas pelo suicídio que eles deveriam
tê-lo evitado e são culpados por não fazê-lo (por exemplo, literatura sugerindo que todos os
suicídios são evitáveis). Um equilíbrio deve ser alcançado entre as necessidades do enlutado e
a urgência dos esforços de prevenção. A importância de projetar estrategicamente mensagens
apropriadas para públicos específicos é primordial.

5. Ajude proativamente os que estão em maior risco.


Identifique e alcance pessoas que possam ser significativamente afetadas. A liderança deve
fornecer apoio a todos os membros da comunidade, mas é especialmente importante
identificar e oferecer assistência a pessoas com alto risco de complicações ou dificuldades.
Esteja preparado com informações de autocuidado e encaminhamento para pessoas que estão
tendo problemas com estresse, relacionamentos, saúde mental, abuso de substâncias, perda
(particularmente outros suicídios), etc., e os aborde proativamente para expressar
preocupação com seu bem-estar e encoraje-os a procurar ajuda, se necessário.

6. Responda ao suicídio a longo prazo.


Muitas respostas organizacionais ao suicídio são de curto prazo e orientadas para crises.
Embora útil, concentrar-se apenas nas consequências imediatas de um suicídio pode ser
insuficiente para alguns membros da comunidade que terão reações muito mais duradouras
até a morte. O planejamento do processo de posvenção deve incluir o envolvimento de
pessoas de alto risco ao longo do tempo, particularmente em torno dos aniversários
subsequentes da morte, avaliação das necessidades de mudança de assistência e garantia de
que recursos adequados e apropriados estejam disponíveis (incluindo acesso a serviços
externos a organização). Além disso, depois que as organizações responderem a um suicídio,
elas devem analisar e refletir sobre como responderam ao evento, o que pode ser aprendido
com a experiência e o que pode ser melhorado caso essa crise ocorra novamente.

As diretrizes aqui apresentadas fornecem uma lente através da qual os líderes e as partes
interessadas podem ver a partir de um novo prisma uma resposta baseada na comunidade às
necessidades das pessoas após um suicídio. Isto porque deve-se considerar que este
fenômeno não é apenas a culminação trágica de uma crise pessoal para o indivíduo falecido,
mas também para toda a comunidade, abrangendo desdobramentos diferentes ao longo de
um longo período de tempo entre diversos indivíduos e grupos. A estrutura aqui apresentada
foi elaborada para orientar o desenvolvimento de programas, serviços, recursos e sistemas
para garantir que a ajuda esteja disponível para todos os afetados por um suicídio e,
especialmente, para aqueles que são mais profundamente e tragicamente tocados pela perda
de alguém próximo a eles.
Abordar as metas e objetivos nessas diretrizes é apenas o começo de um processo muito
maior, tendo em mente ainda que são três os desafios mais significativos que devem ser
enfrentados: prevenir futuros suicídios; suporte aos enlutados; e reagir a outros possíveis
efeitos negativos da exposição ao suicídio. Adotar princípios e práticas de resposta a crises
correspondem apenas ao alcance inicial da posvenção. É importante ressaltar que existem
princípios empiricamente sustentados, tais como os estudos acerca de Primeiros Socorros
Psicológicos (OPAS, 2011)2, por exemplo, que podem fornecer um ponto de partida para
melhorar as respostas pós-suicídio.
Baseando-se nos pressupostos apresentados ao longo deste tópico de estudo, torna-se
inegável a necessidade de aprimoramento no que se refere à proposição e desenvolvimento
de ações de posvenção, principalmente, no caso específico de nossa realidade, no Brasil. Para
o desenvolvimento de uma possível solução no Brasil para atender às necessidades dos
sobreviventes de suicídio de atividades de apoio e posvenção, Scavacini (2011) propõe um
modelo de prestação de serviços, baseados em experiências internacionais, porém estudados
e adaptados culturalmente, a ser implementado no país. As atividades e serviços visam
aumentar o apoio ao luto suicida e a saúde mental; disseminar conhecimentos e formação a
nível nacional, local e regional; coordenar as atividades de posvenção no país; sugerir novas
intervenções e integrar o que está disponível no apoio geral ao luto para a promoção do apoio
específico ao luto por suicídio. O centro ideal de posvenção ofereceria uma gama de serviços e
atividades complementando um ao outro, cujo mapa de possibilidades está demonstrado na
figura 1.
Figura 1 – Modelo de Centro de Posvenção, segundo Scavacini (2011).
No entanto, vale ressaltar ainda que o mero conhecimento das diretrizes e propostas aqui
apresentadas não pode forçar a ação estratégica necessária para enfrentar sistematicamente
os desafios e realizar o objetivo da posvenção, de prestar assistência efetiva a todos os que são
afetados pelo suicídio. Contudo, as mesmas demonstram a amplitude de possibilidades a
serem construídas neste trabalho a fim de garantir que todos os sobreviventes do suicídio
recebam o apoio compassivo e cuidadoso e os serviços que eles precisam para encontrar
novas formas de viver saudáveis, apesar de sua experiência de sofrimento diante do suicídio.
1Não é alvo deste tópico a discussão específica acerca da repercussão de ambos os exemplos,
mas sim da necessidade de atenção à possíveis consequências negativas dos mesmos e,
consequentemente, de mobilização de intervenções a nível de posvenção para minimização
das consequências negativas geradas. Para maior compreensão destes exemplos e suas
possíveis repercussões, sugerimos o livro: “Baleia azul: o trágico convite aos adolescentes: o
jogo e o perigo do uso da internet e do aumento dos suicídios”, de Jean-Marc Bouville e
Marlene Lucksch, assim como o artigo “Entre baleias e porquês: efeito de werther na
sociedade em rede”, disponível em: http://revpsi.org/wp-content/uploads/2018/02/Nunes-
2017-Entre-baleias-e-porquês-Efeito-de-Werther-na-Sociedade-em-Rede.pdf
2 Para maiores informações, sugerimos a leitura de: “Primeiros socorros psicológicos: guia
para trabalhadores de campo”, desenvolvido pela Organização Pan-Americana de Saúde,
disponível em:
https://www.paho.org/bra.../index.php?option=com_docman&view=download&category_slu
g=prevencao-e-cont-doencas-e-desenv-sustentavel-071&alias=1517-primeiros-cuidados-
psicologicos-um-guia-para-trabalhadores-campo-7&Itemid=965

Referências
Scavacini, K.(2011) Suicide survivors support services and postvention activities: the availability
of services and na intervention plan in Brazil. Karolinska Instituet: Master Program in Public
Health.

¹Ms. Raquel Pinheiro Niehues Antoniassi – CRP 08/10815. Psicóloga graduada pela
Universidade Estadual de Maringá (UEM), Especialista em Psicologia da Saúde e Hospitalar
pelas Faculdades Pequeno Príncipe (FPP - Curitiba), Especialista em Gestalt-terapia pelo Núcleo
de Educação Continuada do Paraná (NECPAR), Especializanda em Saúde Mental na Atenção
Primária pela Escola de Saúde Pública do Paraná. Mestre em Psicologia Clínica - núcleo de
Psicossomática e Psicologia Hospitalar - pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC-SP). Doutoranda em Psicologia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Tem
experiência como psicóloga, docente e supervisora na área de Psicologia da Saúde e
Hospitalar. Atua como psicóloga em consultório particular e na Secretaria Municipal de Saúde
de Maringá. Coordena grupo de estudos sobre prevenção e posvenção do suicídio e coordena
a implantação do CVV em Maringá. Fundadora do Comitê de Prevenção e Posvenção do
suicídio da Secretaria de Saúde de Maringá PR e coordenadora do programa de capacitação
em medidas prevenção e posvenção do suicídio da rede pública de saúde de Maringá PR.

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