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 Breve concepção de corpo ao longo da história da humanidade.

           No decorrer da história da humanidade o corpo sempre foi objeto de


observações, experiências e estudos. Desde os primeiros registros de vida humana há
indicativos da importância do corpo e de suas possibilidades de expressão. No
entanto, o corpo foi visto por muito tempo como meio de sobrevivência e execução de
tarefas. Para podermos entender melhor as concepções de corpo na atualidade é
necessária uma contextualização histórica para  verificar-mos as características e as
peculiaridades incorporadas até os dias atuais.  
           Na antiguidade o corpo humano era preparado para a sobrevivência, voltado
para a caça e a pesca. Na Grécia antiga, aparecem imagens de corpos fortes para o
combate, para a proteção ao Estado em diálogo com a beleza e a harmonia de
movimentos rítmicos. Acontecem nesse período a origem dos jogos Olímpicos Antigos
e o início dos estudos sobre a Educação Física. Havia uma preocupação com o corpo
saudável, forte e perfeito. As práticas esportivas eram tidas como elementos
mobilizadores da sociedade e instrumentos a serviço das classes que mantinham o
poder. Nessa época já existia a diferenciação entre o corpo das castas mais altas e o
corpo dos trabalhadores.
          Na Idade Média, com o crescimento do cristianismo, a Igreja deteve o monopólio
do conhecimento. Em uma sociedade fortemente ritualizada, observamos nesse
período que o corpo era reprimido, humilhado e desprezado e ao mesmo tempo
glorificado. A concepção de corpo “cristão medieval” era de parte a parte atravessado
por essa dialética entre a repressão e a exaltação, a humilhação e a veneração.
Durante esse período, a humanidade repousava sobre a concepção cristã do pecado
original; onde a preocupação com o corpo era proibido e o corpo feminino era visto
como inferior ao masculino.
         No Renascimento, período importante para a renovação de conceitos, muitas
idéias e atitudes que antecipavam o mundo moderno foram apresentados, dentre elas
a principal foi o humanismo que resgatou o papel e a importância do ser humano em
oposição ao poder e a dominância da Igreja. Se na Idade Média o corpo era associado
ao pecado, no Renascimento o corpo, principal referência do ser humano, passa então
a ser vivido na sociedade de mercado na condição de valor (trabalho), o corpo nesse
período passa ter o papel de destaque.
          Com a evolução tecnológica e industrial do século XX, verificou-se que, com os
ritmos acelerados dessas evoluções ocorreram mudanças maciças onde o corpo
passa a ser venerado. Com o surgimento e o crescimento da mídia televisiva e
principalmente com a cultura“Holliwodiana”, vimos o aparecimento de mulheres e
homens belos e a retomada da sensualidade através dos corpos. O cinema foi, sem
dúvida, um canal crucial na formulação de um novo ideal físico tendo a imagem
cinematográfica interferido significativamente nessa construção.
          Na década de 60, com a difusão da pílula anticoncepcional, da revolução sexual
e do movimento feminista, associado ao movimento hippie, o corpo passou a ser
instrumento de combate e resistência à ideologia dominante dos corpos perfeitos,
saudáveis, cuidados e belos. O corpo passou a ser expressão da subjetividade e
prazer, contestando os cuidados com higiene, saúde, prevenções. Nesse período,
valeu o prazer, a curtição, a irreverência, que teve uma forte conotação política de
contestação aos valores tradicionais como a família e a propriedade. 
              Em plena Guerra Fria (EUA x URSS), vimos o crescimento de uma sociedade
considerada modelo, representada pelos EUA. São criados personagens com
prestígios e superpoderes, heróis  que passam a povoar a mídia televisiva e o
imaginário coletivo na busca por corpos perfeito. As mulheres heroínas apresentavam
um corpo curvilíneo, com seios, ancas e glúteos arredondados e fartos. Os
personagens masculinos, homens comuns, transformam-se em superpoderosos, com
músculos hipertrofiados, fortes e bem definidos.
              Essas correntes antagônicas enfrentaram-se e a mídia, expandida e mantida
pelo poder econômico, pago pelas propagandas, padroniza a veiculação de
tendências conservadoras em detrimento das tendências revolucionárias.
              No Brasil, a televisão chega em 1950 e, inicialmente, a programação é
voltada para as famílias, com programas que, comparados com os atuais, eram
inocentes, quase ingênuos. No entanto, as influências norte-americanas não tardam a
chegar, alterando drasticamente o conteúdo das programações. No início da década
de 80, com o crescimento da indústria da moda e dos cosméticos, a sociedade se
caracterizou pelo bombardeio da mídia principalmente a televisiva, acelerando
mudanças na sociedade em relação ao corpo, introduzindo novas configurações
pessoais e culturais, produzindo nos indivíduos ideais padronizados de corpo que
geraram insatisfações para quem não se enquadrava nos modelos difundidos. Temos
o surgimento das “super modelos” e os “super homens“ , verificou-se na programação
televisiva  um grande assedio de filmes, brinquedos e desenhos com imagem de
corpos musculosos, bonitos e belos, filmes como: Grande Dragão Branco, Rambo,
Exterminador do Futuro e Conan o Bárbaro, brinquedos: Barbie, Falcon, Gold Ranger,
Iron Man, Batman, Wolverine e Homem Aranha e desenhos: Capitão América, He
Man, She Ra e Super Amigos.
              O processo de globalização estava sendo implantado e as referências locais,
familiares e culturais perdem valor para a grande mídia. Dessa forma, os canais
genéticos, as estruturas corporais, os biotipos, a singularidade, as subjetividades
passam a ser desrespeitados em busca de padronizações. Não há mais espaço para o
processo de envelhecimento natural, a juventude é buscada como valor maior. O mais
grave é que, nesse processo desenfreado muitas pessoas se descaracterizam
totalmente, tornado-se outro ser que, a cada intervenção plástica, perde um pouco da
sua identidade, da sua originalidade. Não raro, passados alguns anos dessa adesão
desenfreada a corpolatria, surgem quadros depressivos, bulimias e outros distúrbios
emocionais característicos da sociedade moderna.
            Atualmente, na mídia televisiva, salvo alguns poucos canais e programas, o
que é oferecido ao público é calcado no erotismo, na ausência de valores éticos, na
péssima qualidade, nas receitas milagrosas para manter-se em forma e jovem. Para
compensar, são veiculados alguns programas de esclarecimentos, de alerta sobre a
corpolatria e suas conseqüências funestas. Mas, essas iniciativas são incipientes
porque, nos intervalos dessas programações esclarecedores, as propagandas
continuam provocando para o consumo e para a busca desenfreada da estética. E,
proporcionalmente, os conteúdos esclarecedores são significativamente menores do
que os demais.              
           Verifcamos nesse processo, o corpo se tornou uma verdadeira prisão do
próprio corpo da pessoa onde se apresenta sem características próprias, um corpo
alienado. O Brasil, nos últimos anos, passou a ser o maior mercado de cirurgias
plásticas no mundo, superando até os Estados Unidos da América com cirurgias para
fins estéticos. O culto ao corpo se tornou uma preocupação constante que atinge as
mais diferentes classes sociais, faixas etárias, sexo e setores da sociedade.
            A mídia em geral tem uma grande parcela de responsabilidade nessa distorção
dos conceitos de corpo belo e corpo não belo. Mas a forma como ficamos expostos a
ela também precisa ser pensada e alterada. É preciso pensar e aguçar a crítica frente
aos conteúdos veiculados.
           Alertamos que cuidar do corpo e querer um corpo belo é muito bom, mas os
limites que se tem ultrapassado para a conquista deste corpo é que devem ser
avaliados e discutidos. A preocupação do corpo belo se faz presente no surgimento da
corpolatria  que é o exagero em busca do corpo perfeito e belo, apresentado e
veiculado pela mídia. Com isso algumas pessoas associam a necessidade de realizar
atividade física como se fosse uma atividade obrigatória onde, se faltarem ou deixarem
de praticá-la, sofrem com a sensação de vazio, sofrimento e até mesmo o sentimento
de pecado, relacionando-se com a academia de ginástica como fosse uma religião
como se estivesse incorporada à sua vida. Neste sentido a academia de ginástica
pode ser uma extensão de nosso lar, e a prática desta “religião”, deste “culto ao corpo”
coloca a pessoa entre dilemas profundos onde a razão passou a ser o inferno e o culto
ao corpo o céu, apresentando  um universo mágico, com  milagres do “corpo liberto”
de preconceitos, com sacrifícios físicos, além dos limites nestes   templos envoltos por 
espelhos e dogmas. 

          No decorrer da história humana constata-se que as imperfeições encontradas


no corpo, decorridas com o passar do tempo como problemas na pele, dentes, cabelos
e outros, eram tratados pelo médico. Atualmente, com o aumento de programas de
auto-ajuda e revistas de beleza, verificamos a inversão desses valores, onde as
pessoas procuram amenizar suas imperfeições através de “receitas milagrosas”  da
beleza do corpo alcançado pela pessoa da capa da revista.
             Por este motivo é preciso cuidar, é preciso respeitar o corpo desses
indivíduos, buscando tipos e forma de treinamentos de acordo com as características
biológicas e capacidades físicas. Essa ação é uma das responsabilidades do
profissional de Educação Física que precisa atuar de forma intencional para contribuir
no desenvolvimento e na formação dos freqüentadores de academias de ginástica,
menos vulneráveis a corpolatria.

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