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. Estoicismo: sentido da vida: viver de acordo com o logos – razão universal que
governa o cosmos e a natureza humana. Corresponder ao logos é realizar o próprio ser.
Bem: virtude – agir conforme o logos; mal: vício – contrariar o logos. Vida boa:
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consideração exclusiva pelo dever; indiferença pelas demais vantagens (ou
desvantagens) – saúde, riqueza, beleza, prestígio... e pela própria vida. Sabedoria:
implica apatia: indiferença pelos afetos positivos ou negativos; e ataraxia: desapego
dos desejos. A vida não é mais estimável e desejável do que a morte. Zenão, diante da
morte: “Venho, por que me chamas?”
. Tradição cristã: condição humana: ferida por mal radical que a põe em desacordo
consigo mesma e cujos principais aspectos são: sofrimento, injustiça e morte. Mal: “des-
criação”. Morte: resumo e cúmulo do mal: sumamente indesejável (“Pai, afasta de mim
este cálice”; “E Jesus chorou”); invencível por qualquer recurso humano que a tente
neutralizar ou atenuar; não justifica, mas torna compreensível o desespero. Tradição
cristã: releva a dramaticidade – ou a tragicidade – da morte. A morte não tem solução
humana – só pode ter salvação (redenção) divina. Só Deus pode restaurar a criação
ferida pelo mal. Cristo: Deus-Homem – Homem: assume toda a obra da morte; Deus:
retira a nova vida da própria morte (“Ó morte, onde está tua vitória?”). Existência à luz
do mistério cristão: “pascal” – travessia da condição mortal para a nova vida.
Ressurreição: vida eterna, trans-figurada – para além da morte –, e não i-mortal. Posição
cristã diante da morte: nem desespero passional, nem otimismo racional – esperança
fundada na fé. Fé: obscura confiança – não nos seria dado o desejo de vida eterna se ele
fosse irrealizável. Tradição cristã franciscana: a “irmã morte”.
. Espinosa (filósofo holandês, séc. XVII): Essência humana: conatus essendi (“potência
vital”): esforço para perseverar e expandir-se na existência. Ação (causa adequada): o
que acontece ao sujeito depende do poder do conatus; paixão (causa inadequada): o que
acontece ao sujeito não depende do poder do conatus. Ação: incorpora o exterior ao
poder do conatus. Desejo: inclinação do conatus ao que aumenta a sua força. Paixões:
alegres – coragem, amor, alegria -: reforçam o conatus; e tristes – medo, ódio, tristeza –:
enfraquecem o conatus. Homem livre – sábio –: conhece as leis da natureza humana e
se deixa guiar pelas paixões alegres. Virtude: saber desejar o que reforça o conatus;
saber desejar o que nos alegra. “Bem”: consciência da alegria; “mal”: consciência da
tristeza. Morte: não diz respeito à vida. Pensar na morte só reforça paixões tristes. (“Um
homem livre em nada pensa menos do que na morte, e sua sabedoria não é uma
meditação sobre a morte, mas sobre a vida”).
. Hegel: “O real é racional e o racional é real”. Lógica do real: 1) Totalidade: cada ser é
momento de um todo; 2) Relação: cada ser existe em tensão com o seu contrário; 3)
Negação: cada ser precisa negar-se em seu contrário; 4) Processo – realidade: devir das
identidades em vista da afirmação da totalidade. Identidades individuais: precisam ser
negadas para que se afirme a totalidade – plena racionalidade – da vida social. Vida
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individual: precisa morrer para deixar nascer a vida total do Espírito. Morte: momento
negativo necessário à lógica que preside a realidade. Morte, outra vez: concilia-se com a
razão; perde a tragicidade.
. Levinas (filósofo judeu, séc. XX): morte: alteridade absoluta: além do poder do sujeito
– apodera-se dele; além do presente – é inesperado absoluto, sustém todo projeto; além
da luz – é invisível e inefável. Morte: impossibilidade da possibilidade – “Morrer é
converter-se na comoção infantil do soluço.” Levinas: também recusa uma teleologia da
morte – nada a justifica ou atenua (honra, boa consciência, outra vida,
imperturbabilidade, superação no Todo...). Mas não aceita ou glorifica sua violenta
tragicidade. Por si só, o sujeito não pode superar o trágico da morte. A responsabilidade
pelo Outro – revelação do Infinito – o faz superar a primazia do gozo e ir além da
constrição a ser ou não ser – retirando da morte seu poder desesperador. “Amor mais
forte que a morte”.