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espécie de brincadeira; você sabe o quanto vale essa recomendação por sua própria experiência.


“Quem é que pode dizer?” respondeu ele - gracejando, ao que me pareceu; “havia uma coisa clara
contra mim. Você não sabe que certa vez uma mulher abriu um processo judicial contra mim? Nem
é preciso dizer que o caso foi arquivado. Foi uma tentativa ignominiosa de chantagem, e tive a
maior dificuldade em evitar que a acusadora deixasse de ser punida. Mas talvez eles estejam
usando isso no Ministério como desculpa para não me nomearem. Mas você tem um caráter
impecável.” Isso me disse quem era o criminoso e, ao mesmo tempo, mostrou-me como o sonho
devia ser interpretado e qual era sua finalidade. Meu Tio Josef representava meus dois colegas
que não tinham sido nomeados para o cargo de professor - um como tolo, e o outro, como
criminoso. Agora, eu também compreendia por que tinham sido representados sob esse aspecto.
Se a nomeação de meus amigos R. e N. tinha sido adiada por motivos “sectários”, minha própria
nomeação também era duvidosa; no entanto, se eu pudesse atribuir a rejeição de meus dois
amigos a outras razões, que não se aplicavam a mim, minhas esperanças permaneceriam
intocadas. Fora esse o método adotado por meu sonho: ele transformara um deles, R., num tolo, e
o outro, N., num criminoso, ao passo que eu não era uma coisa nem outra; assim, já não tínhamos
mais nada em comum; eu podia me regozijar com minha nomeação para o cargo de professor e
podia evitar a penosa conclusão de que o relato de R. sobre o que lhe dissera o alto funcionário
devia aplicar-se igualmente a mim.
Mas senti-me obrigado a levar ainda mais longe minha interpretação do sonho; senti que
ainda não havia terminado de lidar satisfatoriamente com ele. Ainda estava inquieto com a
despreocupação com que degradara dois respeitados colegas para manter aberto meu próprio
acesso ao cargo de professor. No entanto, a insatisfação com minha conduta havia diminuído
desde que eu me apercebera do valor que se deve atribuir às expressões nos sonhos. Eu estava
pronto a negar com toda veemência que realmente considerasse R. um tolo e que de fato
desacreditasse da história de N. sobre a chantagem. Tampouco acreditava que Irma tivesse de
fato ficado gravemente enferma por haver recebido uma injeção do preparado de propil de Otto.
Em ambos os casos, o que meus sonhos haviam expressado era apenas meu desejo de que fosse
assim. A afirmação na qual meu desejo se materializara soava menos absurda no segundo sonho
do que no primeiro; este usou mais habilmente os fatos reais em sua construção, tal como uma
calúnia bem engendrada do tipo que faz com que as pessoas sintam que “há qualquer coisa
nisso”. Afinal, um dos professores da própria faculdade de meu amigo R. votara contra ele, e meu
amigo N. me fornecera inocentemente, ele próprio, o material para minhas difamações. Não
obstante, devo repetir, o sonho me parecia requerer maior elucidação.
Recordei então que havia outra parte do sonho intocada pela interpretação. Depois de
me ocorrer a idéia de que R. era meu tio, eu havia experimentado um caloroso sentimento de
afeição por ele no sonho. De onde vinha esse sentimento? Naturalmente, eu nunca sentira
nenhuma afeição por Tio Josef. Apreciava meu amigo R. e o estimara durante muitos anos, mas,
se me dirigisse a ele e expressasse meus sentimentos em termos que se aproximassem do grau

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