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de fome, nós a ouvimos exclamar excitadamente enquanto dormia: “Anna Freud, molangos,

molangos silvestes, omelete pudim!” Naquela época, Anna tinha o hábito de usar seu próprio nome
para expressar a idéia de se apossar de algo. O menu incluía perfeitamente tudo o que lhe devia
parecer constituir uma refeição desejável. O fato de os morangos aparecerem nele em duas
variedades era uma manifestação contra os regulamentos domésticos de saúde. Baseava-se no
fato, que ela sem dúvida havia observado, de sua ama ter atribuído sua indisposição a uma
indigestão de morangos. Assim, ela retaliou no sonho contra esse veredicto indesejável.
Embora tenhamos em alta conta a felicidade da infância, por ser ela ainda inocente de
desejos sexuais, não nos devemos esquecer da fonte fértil de decepção e renúncia, e
conseqüentemente de estímulo ao sonho, que pode ser proporcionada pelas duas outras grandes
pulsões vitais. Eis aqui outro exemplo disso. Meu sobrinho, com um ano e dez meses, fora
encarregado de me cumprimentar por meu aniversário e de me presentear com uma cesta de
cerejas, que ainda estavam fora de estação nessa época do ano. Ele parece ter achado a tarefa
difícil, pois ficava repetindo “Celejas nela”, mas era impossível induzi-lo a entregar o presente.
Contudo, ele encontrou um meio de compensação. Estava habituado, todas as manhãs, a contar à
mãe que tinha tido um sonho com o “soldado branco” - um oficial da guarda envergando sua túnica
branca, que ele um dia ficara na rua a contemplar com admiração. No dia seguinte ao sacrifício do
aniversário, ele acordou com uma notícia animadora, que só poderia ter-se originado num sonho:
“Hermann comeu todas as celejas!”

Eu mesmo não sei com que sonham os animais. Mas um provérbio, para o qual minha
atenção foi despertada por um de meus alunos, alega realmente saber. “Com que”, pergunta o
provérbio, “sonham os gansos?” E responde: “Com milho”. Toda a teoria de que os sonhos são
realizações de desejos se acha contida nessas duas frases.

Como se vê, poderíamos ter chegado mais depressa a nossa teoria do sentido oculto
dos sonhos simplesmente observando o uso lingüístico. É verdade que a linguagem comum às
vezes se refere aos sonhos com desprezo. (A frase “Träume sind Schäume” [Os sonhos são
espuma] parece destinada a apoiar a apreciação científica dos sonhos.) Grosso modo, porém, o
uso comum trata os sonhos, acima de tudo, como abençoados realizadores de desejos. Sempre
que vemos nossas expectativas ultrapassadas por um acontecimento, exclamamos em nossa
alegria: “Eu nunca teria imaginado tal coisa, nem mesmo em meus sonhos mais fantásticos!”

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