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Autos nº 27052-93.2019.8.16.

0030
Ação Reparação por Danos Morais
Reclamante: Maria Selma Ferreira Galvão
Reclamante: TIM S/A

Dispensado o relatório, nos termos do art. 38 da Lei 9.099/95.

O feito admite o julgamento antecipado do mérito, nos termos do art.


355, I do Código de Processo Civil, uma vez que não há necessidade de produção de outras provas,
pois a controvérsia se restringe a matéria de direito e de fato cuja prova pode ser realizada apenas por
meio de documentos, nos termos do art. 443, II, do Código de Processo Civil, conforme deliberado no
evento 26.
Noticia a reclamante que é cliente da ré em plano pré-pago e que ao
averiguar seu detalhamento de consumo constatou que houve descontos estranhos, referentes a
serviços que não havia solicitado; as cobranças ocorreram nos meses de novembro e dezembro de
2016, fevereiro, março, maio a agosto de 2017, março e maio a setembro de 2019; que buscou solução
administrativa em novembro de 2018, mas não foi exitoso, visto que verificou novos descontos no mês
março de 2019.
A reclamada suscitou preliminarmente pela suspensão em razão do IRDR
1.561.113-3-PR e pela necessidade da realização de audiência de instrução e julgamento. No mérito
narrou os fatos sob a sua ótica, alegou que as telas sistêmicas devem ser aceitas como meios de prova,
abordou acerca dos serviços reclamados, sobre os canais de atendimento, a forma de contratação entre
ausentes, da validade do contrato, sobre o desvirtuamento do enunciado 1.6, da ausência de tentativa
de resolução extrajudicial e que o fato não enseja dano moral. Por fim, pugnou ainda pela condenação
da autora por litigância de má-fé.
Inicialmente, não há que se falar em suspensão do presente feito em
decorrência do IRDR nº 1.561.113-5, pois a causa de pedir externada na petição inicial (indenização
por dano moral em decorrência de precariedade e/ou ineficiência de call center da empresa de
telefonia) não está prevista nas hipóteses de sobrestamento, o que, aliás, já foi objeto de deliberação
das turmas recursais em exercício perante o TJ-PR.
Nesse sentido: “TELEFONIA. INEFICIENTE. A PARTE AUTORA
ALEGA QUE ACALL CENTER OPERADORA RÉ REALIZOU COBRANÇAS DE SERVIÇOS NÃO
CONTRATADOS; AFIRMA QUE SOLICITOU O CANCELAMENTO DAS REFERIDAS
COBRANÇAS, POR MEIO DO DA RÉ, CONFORME PROTOCOLO N.2015603913197, BEMCALL
CENTER COMO ATRAVÉS DE RECLAMAÇÃO JUNTO À ANATAL (MOV. 1.5), PORÉM, NÃO FOI
ATENDIDA. PLEITEIA INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. (...) FRISE-SE QUE
O DANO MORAL ADVINDO DE CALL CENTER INEFICIENTE NÃO ESTÁ PREVISTO NAS
HIPÓTESES DE SUSPENSÃO DO IRDR Nº 1.561.113-5. (...). (TJPR - 3ª Turma Recursal dos
Juizados Especiais - 0004143-66.2015.8.16.0040 - Altônia - Rel.: Fernando Swain Ganem - J.
19.06.2018)” – grifei.
De igual sorte, já houve anterior deliberação quanto ao pedido de
designação de audiência de instrução e julgamento (evento 18).
No mérito, verifica-se incontroversa a relação de consumo entre os
litigantes, visto que o requerente é pessoa física utilizadora de serviço como destinatário final (CDC,
art. 2º) e, de outro lado, a requerida é pessoa jurídica de direito privado que desenvolve atividade de
prestação desses serviços (CDC, art. 3º).
A comprovação do vínculo consumerista entre as partes se verifica
através do detalhamento de consumo e protocolo (eventos 1.7 e 1.9), o que, ademais não é impugnado
pela reclamada.
Estando documentalmente demonstrada a relação de consumo, entendo
que os mencionados detalhamentos evidenciam a verossimilhança das alegações iniciais, porquanto
indicam a ocorrência dos aludidos descontos.
Posto isto, presente o requisito legal da verossimilhança, inverto o ônus
da prova no que se refere à existência ou não de ato ilícito pela reclamada, nos termos do art. 6º,
VIII, do Código de Defesa do Consumidor.
Verifico do caso concreto que a parte autora sofreu descontos não
reconhecidos, no valor de R$ 83,46 (oitenta e três reais e quarenta e seis centavos).
Conquanto a edição do enunciado 1.6 das turmas recursais em exercício
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junto ao TJ-PR , este Juízo entende que o verbete não pode ser aplicado indiscriminadamente, não
se tratando de hipótese de dano moral presumido.
Note-se que muito embora a nova cobrança após a reclamação do
consumidor, constituindo verdadeiro descumprimento contratual, não se verificou ofensa a direitos
da personalidade que justifiquem a compensação pecuniária.
Aliás, sequer é o caso de se falar em ineficiência do call center, visto
que quando da reclamação administrativa as cobranças efetivamente foram suspensas e não há
nenhuma evidência de que o desconto realizado no dia 14/03/2019 tenha relação com os descontos
anteriores, visto que há um intervalo de aproximadamente 6 meses entre ele e o último desconto
realizado em 2018.
Tampouco há notícia de que a parte reclamante efetuou qualquer
tentativa infrutífera de solução na via administrativa dos novos descontos a partir do ano de 2019.

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Enunciado 1.6: Call center ineficiente – dano moral: Configura dano moral a obstacularização, pela
precariedade e/ou ineficiência do serviço de call center, por parte da empresa de telefonia, como estratégia para
não dar o devido atendimento aos reclamos do consumidor.
Veja-se que a controvérsia poderia ser dirimida na esfera da reparação
patrimonial dos valores, mas a parte autora não postulou nesse sentido.
Conquanto a indicação de número de protocolo de atendimento (evento
1.8), este Juízo não consegue visualizar danos morais passíveis de indenização em razão de três
atendimentos pelo serviço de call center e de cobrança no valor de R$ 83,46 (oitenta e três reais e
quarenta e seis centavos), que sequer foi reivindicada pela autora, de onde se presume não ser apto a
comprometer a capacidade financeira do reclamante, e que atualmente não mais persistem.
Outrossim, note-se que, conquanto a existência de outras operadoras de
telefonia e a consequente possibilidade de portabilidade, a parte reclamante a princípio permanece
como cliente da reclamada, o que indica que o desgosto enfrentado não foi suficiente para diminuir
sua preferência pelos serviços da reclamada.
Acolher o pedido de indenização de R$ 5.000,00 porque o consumidor
efetuou três ligações para o atendimento da reclamada e por sofrer cobranças indevidas no valor de
R$ 83,46 (oitenta e três reais e quarenta e seis centavos) é chancelar o enriquecimento sem causa da
reclamante.
Nesse sentido: “APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE
FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. TELEFONIA. SENTENÇA DE
PARCIAL PROCEDÊNCIA. INSURGÊNCIA DA AUTORA QUANTO A NÃO CONDENAÇÃO DA
RÉ AO PAGAMENTO DE DANOS MORAIS. DESCONTO DE CRÉDITOS PELO SERVIÇO
"AJUSTE" e ATENDIMENTO FALHO DE SERVIÇO DE CALL CENTER. FATOS QUE, POR
SI SÓ, NÃO ENSEJAM A INDENIZAÇÃO. DANO QUE NÃO SE CARACTERIZA COMO IN RE
IPSA. AUSÊNCIA DO DEVER DE INDENIZAR. NÃO COMPROVAÇÃO DO DANO MORAL
SUPORTADO. MERO DISSABOR. SENTENÇA MANTIDA EM SUA INTEGRALIDADE.
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJPR - 11ª C.Cível - AC - 1666232-7 - Paranacity -
Rel.: Luciane do Rocio Custódio Ludovico - Unânime - J. 19.07.2017)” – grifei.
Por fim, rejeito o pedido de condenação da parte autora por litigância de
má-fé um uma vez que não preenchidos os requisitos do art. 80 do Código de Processo Civil.

Diante do exposto, julgo improcedente o pedido inicial, nos termos do


art. 487, I do Código de Processo Civil.
Sem custas e honorários advocatícios, nos termos dos arts. 54 e 55, da Lei
9099/95.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Foz do Iguaçu, 22 de novembro de 2019.

GUILHERME CUBAS CESAR


Juiz de Direito

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