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Introdução à Educação Cristã (5)

– Reflexões, Desafios e Pressupostos –

D. O Objetivo do Ensino da Lei: O Temor do Senhor:

“Nada há de melhor, para desenvol-


ver esse santo temor, do que o reco-
nhecimento da soberana majestade de
1
Deus” – A.W. Pink.

1) DEUS É O PAI SANTO:

Um dos marcos distintivos de Israel era a sua filiação divina: Deus é pai de
Israel. No Novo Testamento Jesus nos ensina a orar dizendo: “.... Pai nosso que es-
tás nos céus, santificado seja o teu nome” (Mt 6.9). Neste ensinamento há um ponto
que desejo realçar: Quando oramos, estamos falando com o nosso Pai. Todavia, de-
vemos ter em mente também que Deus é um Pai Santo, que deve ser reverenciado
e adorado. Jesus Cristo, na oração sacerdotal, assim se refere ao Pai: “Pai Santo”
(Jo 17.11). “Este Deus, a quem chamamos Pai, é o Deus de quem devemos
nos aproximar com reverência e adoração, com temor e maravilha. Deus é
nosso Pai que está nos céus, e nEle se combinam o amor e a santidade,” in-
2
terpreta corretamente Barclay.

É impossível cultuar verdadeiramente a Deus sem que sejamos tomados de um


reverente temor diante da Sua grandeza. O salmista nos instrui: “O temor do Senhor
é o princípio da sabedoria; revelam prudência todos os que a praticam. O seu louvor
permanece para sempre” (Sl 111.10).

O alto privilégio que temos de nos relacionar com Deus por intermédio de Jesus
Cristo deve estar sempre associado à visão da grandeza de Deus, que nos conduz
ao Seu serviço com santo temor. “.... Por isso, recebendo nós um reino inabalável,
retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência
e santo temor; porque o nosso Deus é fogo consumidor” (Hb 12.28-29).
3
Davi inicia o Salmo 25 – que é uma mescla de meditação e oração –, dizendo: “A
ti, Senhor, elevo a minha alma” (Sl 25.1). O salmista sabe a Quem se dirige, daí ele
falar de elevar a sua alma: Deus é santo e soberano; a oração tem sempre o sentido

1
A.W. Pink, Deus é Soberano, São Paulo: Editora Fiel, 1977, p. 140.
2
William Barclay, El Nuevo Testamento Comentado, Buenos Aires: La Aurora, 1973, (Mateo I), Vol. I,
p. 217.
3
Cf. João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, Vol. 1, p. 537.
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de enlevo espiritual ainda que esta possa ter a conotação de confissão de pecados.
Falar com Deus sempre é um ato de elevar a nossa alma.

Algumas pessoas, com uma idéia equivocada de “intimidade com Deus”, pensam
que podem se aproximar dEle de qualquer maneira, tratá-Lo como a um igual ou, em
muitos casos, até mesmo como a um ser inferior a quem fazem verdadeiras imposi-
ções em suas “orações”. Ao contrário disso, a Palavra de Deus nos ensina que a
nossa proximidade de Deus, antes de nos conduzir a uma suposta intimidade equi-
vocada com Ele, dá-nos a perfeita dimensão da Sua gloriosa santidade e que, por-
4
tanto, devemos nos aproximar dEle em adoração e respeito. Davi é enfático: “A in-
timidade do Senhor é para os que o temem, aos quais Ele dará a conhecer a sua a-
liança” (Sl 25.14). Os “íntimos” de Deus são aqueles que O temem e Lhe obedecem!
Portanto, a nossa intimidade com Deus revela-se em nosso apego à Sua Palavra, à
Sua aliança.

Nesse texto, Calvino faz uma aplicação bastante contextualizada: “.... É uma ím-
pia e danosa invenção tentar privar o povo comum das Santas Escrituras,
sob o pretexto de serem elas um mistério oculto, como se todos os que o te-
mem de coração, seja qual for seu estado e condição em outros aspectos,
não fossem expressamente chamados ao conhecimento da aliança de
5
Deus”.

Calvino entendia que o homem encontra a sua verdadeira essência no conheci-


mento de Deus. No entanto, o conhecimento de Deus está associado à verdadeira
piedade, que ele define como “reverência associada com amor o de Deus que
6
o conhecimento de Seus benefícios nos faculta”. E: “.... zelo puro e verda-
deiro que ama a Deus totalmente como Pai, o reverencia verdadeiramente
como Senhor, abraça a sua justiça e teme ofendê-lo mais do que a própria
7
morte”. Ele, então, pergunta: “Que ajuda, afinal, conhecer a um Deus com
8
Quem nada tenhamos a ver?” A sua resposta é simples: O conhecimento de
Deus deve valer-nos, “primeiro, que nos induza ao temor e à reverência; em
segundo lugar, tendo-o por guia e mestre, que aprendamos a dEle buscar
9
todo bem e, em recebendo-o, a Ele creditá-lo”. Isto, porque o conhecimento
de Deus não tem um fim em si mesmo; “O conhecimento de Deus não está pos-
10
to em fria especulação, mas Lhe traz consigo o culto”. O conhecimento ver-
dadeiro do verdadeiro Deus tem, também, um sentido profilático; inibe o pecado:
“Refreia-se do pecado não pelo só temor do castigo, mas porque ama a re-
verência a Deus como Pai, honra-O e cultua-O como Senhor e, mesmo que

4
Vd. Charles Hodge, Systematic Theology, Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1976 (Reprinted),
Vol. III, p. 702.
5
João Calvino, O Livro dos Salmos, Vol. 1, (Sl 25.14), p. 558.
6
João Calvino, As Institutas, I.2.1.
7
João Calvino, Instrução na Fé, Goiânia, GO: Logos Editora, 2003, Cap. 2, p. 12.
8
João Calvino, As Institutas, I.2.2.
9
João Calvino, As Institutas, I.2.2.
10
João Calvino, As Institutas, I.12.1.
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infernos nenhuns houvesse, ainda assim Lhe treme à só ofensa”. Resume: “O
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conhecimento de Deus é a genuína vida da alma....”.

A contemplação do Deus soberano e o rememorar agradecido de Seus feitos nos


enchem de “reverente temor”, nos conduzindo a adorá-Lo em Sua glória e a procla-
mar a Sua graça e poder entre todos. Esta foi a experiência do salmista: “Cantai ao
Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor, todas as terras. Cantai ao Senhor, ben-
dizei o seu nome; proclamai a sua salvação, dia após dia. Anunciai entre as nações
a sua glória, entre todos os povos as suas maravilhas. Porque grande é o Senhor e
mui digno de ser louvado” (Sl 96.1-4).

2) APRENDER É OBEDECER:

A educação no Antigo Testamento tinha um sentido mais do que puramente


intelectual; antes, tinha uma conotação ética e religiosa, tendo como princípio regu-
13
lador o temor do Senhor (Pv 1.7/Dt 31.9-13). “A função total da educação ju-
daica era tornar o judeu santo e separado de seus povos vizinhos, transfor-
14
mando o religioso numa prática de vida”. O povo demonstraria o aprendizado
15
por meio de uma mudança de perspectiva e de comportamento.

Aprender a lei de Deus é o mesmo que obedecer a Sua vontade (Dt 4.10; 14.23;
16
17.19; 31.12,13). A obediência não era algo simplesmente intuitivo, antes, ampa-

11
João Calvino, As Institutas, I.2.2.
12
João Calvino, Efésios, (Ef 4.18), p. 136-137.
13 9
“ Esta lei, escreveu-a Moisés e a deu aos sacerdotes, filhos de Levi, que levavam a arca da Alian-
10
ça do SENHOR, e a todos os anciãos de Israel. Ordenou-lhes Moisés, dizendo: Ao fim de cada se-
11
te anos, precisamente no ano da remissão, na Festa dos Tabernáculos, quando todo o Israel vier a
comparecer perante o SENHOR, teu Deus, no lugar que este escolher, lerás esta lei diante de todo o
12
Israel. Ajuntai o povo, os homens, as mulheres, os meninos e o estrangeiro que está dentro da
vossa cidade, para que ouçam, e aprendam, e temam o SENHOR, vosso Deus, e cuidem de cumprir
13
todas as palavras desta lei; para que seus filhos que não a souberem ouçam e aprendam a temer
o SENHOR, vosso Deus, todos os dias que viverdes sobre a terra à qual ides, passando o Jordão,
para a possuir” (Dt 31.9-13).
14
D.F. Payne, Educação: In: J.D. Douglas, ed. org., O Novo Dicionário da Bíblia, São Paulo: Junta E-
ditorial Cristã, 1966, Vol. 1, p. 457.
15
Ver: Perry G. Downs, Introdução à Educação Cristã: Ensino e Crescimento, São Paulo: Editora
Cultura Cristã, 2001, p. 26-27.
16
“Não te esqueças do dia em que estiveste perante o SENHOR, teu Deus, em Horebe, quando o
SENHOR me disse: Reúne este povo, e os farei ouvir as minhas palavras, a fim de que aprenda a
temer-me todos os dias que na terra viver e as ensinará a seus filhos” (Dt 4.10). “E, perante o SE-
NHOR, teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu
cereal, do teu vinho, do teu azeite e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que a-
prendas a temer o SENHOR, teu Deus, todos os dias” (Dt 14.23). “Também, quando se assentar no
trono do seu reino, escreverá para si um traslado desta lei num livro, do que está diante dos levitas
19
sacerdotes. E o terá consigo e nele lerá todos os dias da sua vida, para que aprenda a temer o
SENHOR, seu Deus, a fim de guardar todas as palavras desta lei e estes estatutos, para os cumprir”
(Dt 17.18-19). “Esta lei, escreveu-a Moisés e a deu aos sacerdotes, filhos de Levi, que levavam a arca
da Aliança do SENHOR, e a todos os anciãos de Israel. Ordenou-lhes Moisés, dizendo: Ao fim de ca-
da sete anos, precisamente no ano da remissão, na Festa dos Tabernáculos, quando todo o Israel vi-
er a comparecer perante o SENHOR, teu Deus, no lugar que este escolher, lerás esta lei diante de
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rava-se explicitamente na Lei do Senhor, a qual deve ser lida, ouvida, conhecida e
praticada. Descrevendo a função dos mestres do Antigo Testamento, Downs comen-
ta: “O professor ensinava o povo a obedecer aos mandamentos de Deus,
não simplesmente a conhecê-los. De fato, o conhecimento era tão ligado
com a ação na mente hebraica que as pessoas não podiam afirmar saber o
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que elas não praticavam”.

À frente, continua Downs:

“A palavra traduzida ‘aprender’ (lamath) [Dt 31.10-13] é a palavra he-


braica mais comum para aprendizado. Essa palavra implica uma assimila-
ção subjetiva da verdade que está sendo aprendida, uma integração da
verdade e vida.
“O aprendizado deveria ser demonstrado de duas maneiras: por uma mu-
dança de atitude e por uma mudança de ação. A nova atitude era que
o povo temesse a Deus. O temor do Senhor era tanto um medo literal dele
como Deus, como um respeito apropriado à Sua autoridade sobre a vida.
O temor de Deus é o começo do conhecimento (Pv 1.7) e expressa a mo-
tivação primária para servir a Deus. Ele tinha de ser visto como um Deus
terrível, mas também como um Deus para ser amado. O hebreu deveria se
colocar diante deste Deus em temor e reverência, em terror e em amor.
“O temor do Senhor deveria ser expresso pela obediência aos manda-
mentos de Deus. Uma mudança de coração deveria ser expressa por uma
mudança de comportamento. Somente então poderia ser dito que uma
pessoa tinha aprendido a Lei de Deus. Aprender a Lei não era algo divor-
ciado da vida, mas antes algo que controlaria toda a vida.
“A função do professor no Antigo Testamento era produzir pessoas obe-
dientes, pessoas motivadas pelo respeito profundo por Deus. O professor
deveria instruir outros nos mandamentos de Deus para que o povo fosse
18
reconhecido como tendo sido separado por Deus”.

A educação contínua visava preparar o educando para viver à altura do grande


privilégio de ser o povo escolhido de Deus. A educação não era uma máscara artifi-
cial, antes, um processo de aprendizado a fim de que o povo pudesse retratar em
sua existência a grande bênção e responsabilidade de ser o povo de Deus. A ques-
tão estava em aprender a viver conforme o seu ser.

Para tanto, no Antigo Testamento como em nossos dias, a Palavra de Deus deve
ser guardada em nosso coração – o centro de nosso pensamento, emoções e deci-
sões – a fim de que todo o nosso procedimento seja conforme os preceitos de Deus.

todo o Israel. Ajuntai o povo, os homens, as mulheres, os meninos e o estrangeiro que está dentro da
vossa cidade, para que ouçam, e aprendam, e temam o SENHOR, vosso Deus, e cuidem de cumprir
todas as palavras desta lei; para que seus filhos que não a souberem ouçam e aprendam a temer o
SENHOR, vosso Deus, todos os dias que viverdes sobre a terra à qual ides, passando o Jordão, para
a possuir” (Dt 31.9-13).
17
Perry G. Downs, Introdução à Educação Cristã: Ensino e Crescimento, São Paulo: Editora Cultura
Cristã, 2001, p. 26.
18
Perry G. Downs, Introdução à Educação Cristã: Ensino e Crescimento, p. 27.
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A Palavra de Deus, meditada e guardada no coração, é preventiva contra o pecado:


19
"Guardo (}apfc)(çãphan)] no coração (bl) (leb) as tuas palavras, para não pecar con-
20
tra ti” (Sl 119.11. Vejam-se: Sl 37.31;119.2,57,69; Pv 2.10-12). O verbo “guardar”
no salmo citado [}apfc (çãphan) = “esconder”, “ocultar”, “entesourar”, “armazenar”],
tem o sentido de guardar com atenção, levando-a em consideração no seu agir (Ve-
21
ja-se no sentido negativo: Sl 10.8; 56.6; Pv 1.11,18); esconder algo considerado
precioso ou importante a ponto de arriscar a sua própria vida para poder ocultar (Ex
2.2-3; Js 2.4) – Deus também nos “esconde”, nos “protege” dos inimigos (Sl 27.5;
31.19, 20; 83.3) –; ou algo precioso para alguém (Ct 7.13), tendo em vista sempre
algum propósito. Portanto, guardar a Palavra no coração significa considerá-la em
todo o nosso ser, sendo ela a norteadora do nosso sentir, pensar, falar e agir; o lu-
gar da Palavra deve ser sempre no cerne essencial do homem. A Palavra é guarda-
da em nosso coração quando está presente continuamente, não meramente como
um preceito exterior, mas, sim, como um poder interno motivador, que se opõe ao
22
nosso pensar e agir egoístas. A santidade inicia-se no coração, imbuída de um es-
23
pírito agradecido, tendo como motivação final agradar a Deus.

A tônica aqui é de receber e guardar toda a Palavra, visto ser toda ela inspirada
24
por Deus (2Tm 3.16); não apenas partículas que circunstancialmente podem me
ser úteis para os meus interesses duvidosos. Portanto, toda a Palavra de Deus é um
25
tesouro precioso para o servo de Deus.

19
O coração denota a personalidade integral do homem – envolvendo geralmente a emoção, o pen-
samento e a vontade –; qualquer tentativa de se estabelecer uma distinção entre o "coração" e a "ra-
zão" do homem, na psicologia do Antigo Testamento, é destituída de fundamentação bíblica.
O coração, que na linguagem veterotestamentária é usado de forma efetiva referindo-se ao ho-
mem todo, traz consigo o sentido de responsabilidade, visto que somente o homem age consciente-
mente. Por isso, Deus exige de Seus servos integridade de coração, sendo, portanto, responsável di-
ante de Deus por suas palavras e atos.
As palavras hebraicas [bÒl (lêbh) e bfbÒl (lêbhãbh)] apontam mais propriamente para “o homem es-
sencial”; o homem todo, em contraste com a sua aparência exterior, que é alvo dos juízos mais asso-
dados (1Sm 16.7). (Para um estudo mais detalhado da palavra e seu emprego no Antigo Testamento,
veja-se: Hermisten Maia Pereira da Costa, O Pai Nosso, São Paulo: Cultura Cristã, 2001).
20
“A mente que entesoura as Escrituras tem seu gosto e juízo educados por Deus” [Derek Kidner,
Salmos 73-150: introdução e comentário, São Paulo: Vida Nova/Mundo Cristão, 1981, (Sl 119.11), p.
437].
21
A palavra é usada uma vez, em Ez 7.22, referindo-se, ao que parece, à cidade de Jerusalém, (Cal-
vino) ao templo (J.B. Taylor), ao “Santo dos Santos” (Jerônimo) ou aos tesouros do templo (Keil, De-
litzsch). ARA traduz: “recesso”; BJ: “tesouro”; ARC e ACR: “lugar oculto”. (Vejam-se também Jó
20.26; Ob 6).
22
Cf. C.F. Keil & F. Delitzsch, Commentary on the Old Testament, Grand Rapids, Michigan: Eerd-
mans, (s.d.), Vol. 5, (Sl 119.11), p. 246. Veja-se também, Albert Barnes, Notes on the Old Testament
Explanatory and Practical, 10ª ed. Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1973, (Psalms, Vol.
III), (Sl 119.11), p. 181b.
23
Vd. J.I. Packer, O que é santidade e por que ela é importante?: In: Bruce H. Wilkinson, ed. ger., Vi-
tória sobre a Tentação, 2ª ed. São Paulo: Mundo Cristão, 1999, p. 31-32.
24
Vd. Hermisten M.P. Costa, A Inspiração e Inerrância das Escrituras: Uma Perspectiva Reformada,
2ª ed., São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2008.
25
Vd. C.H. Spurgeon, The Treasury of David, Peabody, Massachusetts: Hendrickson Publishers,
(s.d), Vol. III, (Sl 119.11), p. 159.
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Deus mesmo manda que guardemos a Sua Palavra dentro de nós [Pv 2.1; 7.1
(}apfc)] (Vd: Dt 8.11; Sl 119.16; Pv 3.1). Os sábios “entesouram (}apfc) conhecimento”
(Pv 10.14), enquanto que o tesouro dos ímpios limita-se a esta vida (Sl 17.14/1Co
15.19), que é breve (Jó 15.20).

No Novo Testamento, Paulo recomenda à Igreja de Colossos: "Habite ricamente


em vós a palavra de Cristo; instrui-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sa-
bedoria, louvando a Deus, com salmos e hinos e cânticos espirituais, com gratidão
em vossos corações” (Cl 3.16).

O salmista Davi, ora então a Deus: “Ensina-me (‫( )ירה‬yarah), SENHOR, o teu ca-
minho, e andarei na tua verdade; dispõe-me o coração (‫( )לבב‬lêbâb) para só temer o
teu nome” (Sl 86.11). Aquele que entrega o seu coração a Deus (Pv 4.23; 23.26),
entregou na realidade não apenas um “órgão” ou parte do seu ser, mas toda a sua
vida; quem assim procede, é continuamente ensinado por Deus, Aquele que é o seu
senhor; senhor do seu coração.

Deus quer nos educar para que sejamos sábios, conforme a Sua sabedoria. A
sabedoria consiste na obediência a Deus; é loucura a desobediência. A educação,
segundo a perspectiva bíblica, visa formar homens obedientes à Palavra de Deus,
que vivam em santidade. “Portanto, em nosso curso de ação, deve-se-nos ter
em mira esta vontade de Deus que Ele declara em Sua Palavra. Deus requer
de nós unicamente isto: o que Ele preceitua. Se intentamos algo contra o
Seu preceito, obediência não é; pelo contrário, contumácia e transgres-
26
são”.

É neste sentido que Salomão diz: "O temor do Senhor é o princípio do saber, mas
os loucos desprezam a sabedoria e o ensino (LXX: paidei/a)” (Pv 1.7; Ver: Pv. 9.10;
15.33; Sl 111.10). "Ouvi o ensino (LXX: paidei/a), sêde sábios, e não o rejeites” (Pv
8.33).

O temor do Senhor – o senso de Sua grandeza e majestade – deve estar diante


de nós, de nossos desejos, projetos e atitudes. Este deve ser o princípio orientador
de nossa vida. Calvino faz uma analogia pertinente e esclarecedora: “Visto que os
olhos são, por assim dizer, os guias e condutores do homem nesta vida, e por
sua influência os demais sentidos se movem de um lado para o outro, por-
tanto dizer que os homens têm o temor de Deus diante de seus olhos significa
que ele regula suas vidas e, exibindo-se-lhes de todos os lados para onde se
27
volvam, serve de freio a restringir seus apetites e paixões”.

Por meio deste princípio orientador temos os nossos olhos abertos para as mara-
vilhas de Deus. Longe de ser algo inibidor, é libertador de uma visão míope e cativa
de sua percepção enferma. “Temer a Deus não é o fim da sabedoria, mas o
começo. Uma pessoa que teme a Deus pode se abrir para as alturas vastas
e vertiginosas do conhecimento. Aqueles que ‘praticam’ esse temor de Deus

26
João Calvino, As Institutas, I.17.5.
27
João Calvino, O Livro dos Salmos, São Paulo: Paracletos, 1999, Vol. 2, (Sl 36.1), p. 122-123.
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28
podem ter um ‘bom entendimento’ de tudo”.

A educação bíblica é completa, envolve a santidade e a misericórdia de Deus.


Mostra-nos o Deus absoluto e, o quanto carecemos dEle. Portanto, biblicamente,
devemos caminhar dentro desta perspectiva: Deus é santo/majestoso, isto nos leva
a reverenciá-Lo com santo temor; mas também, Deus é misericordioso, portanto,
devemos amá-Lo com toda a intensidade de nossa existência. A santidade nos fala
de Sua justiça. A misericórdia nos conduz a refletir sobre o seu incomensurável amor
que fez com que Ele Se desse a conhecer, consumando a Sua revelação em Jesus
Cristo, o Deus encarnado (Hb 1.1-4). A eliminação de uma dessas duas percepções
do Ser de Deus nos conduziria a uma compreensão equivocada de quem é Deus e,
consequentemente de nosso relacionamento com Ele. Uma teologia equivocada
promove uma fé distorcida. A genuína vida cristã parte sempre de uma compreensão
adequada do Deus infinito e pessoal; o Deus que Se revela.

Downs enfatiza corretamente: “O amor por Deus deve estar enraizado apro-
29
priadamente no solo de nosso temor de Deus”.

Maringá, 5 de abril de 2010.


Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa

28
Gene Edward Veith, Jr., De Todo o Teu Entendimento, São Paulo: Cultura Cristã, 2006, p. 135.
29
Perry G. Downs, Introdução à Educação Cristã: Ensino e Crescimento, p. 180.

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