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1 – Complete as lacunas adequadamente com uma das formas a seguir: a, à, as, às.
Que a obra de boa qualidade sempre se destaca é uma afirmação sem valor, se aplicada a uma
obra de qualidade realmente boa e se por “destaca” quer-se fazer referência à aceitação na sua própria
época. Que a obra de boa qualidade sempre se destaca, no curso de sua futuridade, é verdadeiro; que
a obra de boa qualidade mas de segunda ordem sempre se destaca, na sua própria época, é também
verdadeiro.
Pois como há de um crítico julgar? Quais as qualidades que formam não o incidental, mas o
crítico competente? Um conhecimento da arte e da literatura do passado, um gosto refinado por esse
conhecimento, e um espírito judicioso e imparcial. Qualquer coisa menos do que isto é fatal ao verdadeiro
jogo das faculdades críticas. (...)
Quão competente é, porém, o crítico competente? Suponhamos que uma obra de arte
profundamente original surja diante de seus olhos. Como a julga ele? Comparando-a com as obras de
arte do passado. Se for original, afastar-se-á em alguma coisa — e, quanto mais original, mais se afastará
— das obras de arte do Passado. Na medida em que o fizer, parecerá não se conformar com o cânone
estético que o crítico encontra firmado em seu pensamento. (...)
De todos os lados, ouvimos o clamor de que o nosso tempo necessita de um grande poeta. O
vazio central de todas as modernas realizações é uma coisa mais para se sentir do que para ser falada.
Se o grande poeta tivesse de aparecer, quem estaria presente para descobri-lo? Quem pode dizer se ele
já não apareceu? O público ledor vê, nos jornais, notícias das obras daqueles homens cuja influência e
camaradagens tornaram-nos conhecidos, ou cuja secundariedade fez que fossem aceitos pela multidão.
Fernando Pessoa. Fernando Pessoa – obras em prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986, p. 284-85.
I. ( ) Seria mantida a correção gramatical do texto, caso fosse suprimido o acento indicativo de crase
empregado em “à aceitação na sua própria época” (l.2-3).
Receita de casa
Ciro dos Anjos escreveu, faz pouco tempo, uma de suas páginas mais belas sobre as antigas
fazendas mineiras. Ele dá os requisitos essenciais a uma fazenda bastante lírica, incluindo, mesmo, uma
certa menina de vestido branco. Nada sei dessas coisas, mas juro que entendo alguma coisa de
arquitetura urbana, embora Caloca, Aldari, Jorge Moreira e Ernâni, pobres arquitetos profissionais,
achem que não.
Assim vos direi que a primeira coisa a respeito de uma casa é que ela deve ter um porão, um
bom porão com entrada pela frente e saída pelos fundos. Esse porão deve ser habitável porém inabitado;
e ter alguns quartos sem iluminação alguma, onde se devem amontoar móveis antigos, quebrados,
objetos desprezados e baús esquecidos. Deve ser o cemitério das coisas. Ali, sob os pés da família,
como se fosse no subconsciente dos vivos, jazerão os leques, as cadeiras, as fantasias do carnaval do
ano de 1920, as gravatas manchadas, os sapatos que outrora andaram em caminhos longe.
Quando acaso descerem ao porão, as crianças hão de ficar um pouco intrigadas; e como
crianças são animais levianos, é preciso que se intriguem um pouco, tenham uma certa perspectiva
histórica, meditem que, por mais incrível e extraordinário que pareça, as pessoas grandes também já
foram crianças, a sua avó já foi a bailes, e outras coisas instrutivas que são um pouco tristes mas hão
de restaurar, a seus olhos, a dignidade corrompida das pessoas adultas.
Convém que as crianças sintam um certo medo do porão; e embora pensem que é medo do
escuro, ou de aranhas-caranguejeiras, será o grande medo do Tempo, esse bicho que tudo come, esse
monstro que irá tragando em suas fauces negras os sapatos da criança, sua roupinha, sua atiradeira,
seu canivete, as bolas de vidro, e afinal a própria criança.
O único perigo é que o porão faça da criança, no futuro, um romancista introvertido, o que se
pode evitar desmoralizando periodicamente o porão com uma limpeza parcial para nele armazenar
gêneros ou utensílios ou mais facilmente tijolo, por exemplo; ou percorrendo-o com uma lanterna elétrica
bem possante que transformará hienas em ratos e cadafalsos em guarda-louças.
Ao construir o porão deve o arquiteto obter um certo grau de umidade, mas providenciar para
que a porta de uma das entradas seja bem fácil de arrombar, porque um porão não tem a menor utilidade
se não supomos que dentro dele possa estar escondido um ladrão assassino, ou um cachorro raivoso,
ou ainda anarquistas búlgaros de passagem por esta cidade.
Um porão supõe um alçapão aberto na sala de jantar. Sobre a tampa desse alçapão deve estar
um móvel pesado, que fique exposto ao sol ao menos duas horas por dia, de tal modo que à noite estale
com tanto gosto que do quarto das crianças dê a impressão exata de que o alçapão está sendo aberto,
ou o terrível meliante já esteja no interior da casa.
Rubem Braga. Um pé de milho. 4.ª ed. Rio de Janeiro: Record, 1982, p. 129-31 (com adaptações).
IV. ( ) Caso o acento grave de “à noite” (l.30) seja suprimido, a coesão e a coerência textuais do
período em que se insere essa expressão serão prejudicadas.
A história do Brasil, nos três primeiros séculos, está intimamente ligada à da expansão comercial
e colonial europeia na Época Moderna. Parte integrante do império ultramarino português, o Brasil-
colônia refletiu, em todo o largo período de sua formação colonial, os problemas e os mecanismos de
conjunto que agitaram a política imperial lusitana. Por outro lado, a história da expansão ultramarina e
da exploração colonial portuguesa desenrola-se no amplo quadro da competição entre as várias
potências, em busca do equilíbrio europeu; dessa forma, é na história do sistema geral de colonização
europeia moderna que devemos procurar o esquema de determinações no interior do qual se processou
a organização da vida econômica e social do Brasil na primeira fase de sua história e se encaminharam
os problemas políticos de que esta região foi o teatro.
(Fernando A. Novais. Aproximações: estudos de história e historiografia. São Paulo: Cosac Naify, 2005, p. 45.)
I. ( ) No trecho “ligada à da expansão comercial e colonial europeia” (l.1-2), o acento grave indica
crase de preposição e pronome, o qual substitui “história”.
Educação prisional
No Brasil, a educação prisional está garantida por lei. Os mais de 500 mil detentos existentes no
país têm direito a salas de aula dentro dos presídios e, a cada doze horas de frequência escolar de
qualquer nível (fundamental, médio, profissionalizante ou superior), o preso tem um dia de pena remido.
Desde 2012, entre os projetos voltados à recuperação e à reinserção social, está a remição de pena por
meio da leitura.
O projeto transforma a leitura em uma extensão da produção de trabalho intelectual, que já
caracterizava a remição de pena por dias de estudo. Os detentos têm acesso a mais de cem livros
comprados pelo governo e, a partir dessa seleção, eles têm de vinte e um a trinta dias para ler um livro
e
escrever uma resenha que, se adequada aos parâmetros da lei, como circunscrição ao tema e estética,
subtraem quatro dias da pena. (...)
No que diz respeito aos aspectos linguísticos do texto “Educação prisional”, julgue os seguintes itens.
6 – ( ) Sem prejuízo para a correção gramatical do texto, o sinal indicativo de crase poderia ser
eliminado em ambas as ocorrências no trecho “voltados à recuperação e à reinserção social” (l. 4).
CESPE – STJ – 2015
( ) A correção gramatical do texto seria prejudicada caso se empregasse o sinal indicativo de crase
no vocábulo “a” em “dá suporte a exigências recíprocas” (l.20).
( ) A correção gramatical do texto seria mantida caso o trecho “Com a criação da União Soviética, no
início da década de 20 do século passado, outra vertente de planejamento apareceu" (l. 11 a 13) fosse
assim reescrito: No início da década de 20 do século passado, outra vertente de planejamento
apareceu, relacionada a criação da União Soviética.
( ) Na linha 28, a correção gramatical do trecho seria mantida, caso se inserisse acento indicativo de
crase no vocábulo “a” que compõe a locução “a cabo".
(A) a expressão “história postal” exige complemento antecedido por artigo definido feminino.
(B) a forma verbal “corresponde” exige complemento regido da preposição a, e a expressão que a
complementa é precedida do artigo definido a.
(C) a expressão “transformação histórica” deve ser imediatamente precedida da preposição a.
(D) a forma verbal “transcorrer” exige complemento regido da preposição a.
(E) a forma verbal “transcorrer” foi transformada em substantivo pela anteposição do artigo “O”.
Julgue os itens a seguir quanto ao emprego do acento grave nas frases neles apresentadas.
I - Acostumado à vida parlamentar, o senador resistiu à reação desproporcional pretendida pela bancada
oposicionista.
II - A rotina, à qual o ator aderira em 2001, era igual à de sua parceira de novelas.
III - Inúmeros países, à partir daí, não criaram obstáculos à paz.
IV - A globalização financeira, associada à melhores instituições e à estabilidade macroeconômica,
contribuiu para elevar a taxa de investimento do Brasil.
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) I e IV.
(D) II e IV.
(E) III e IV.