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e rituais na Antiguidade
Editor-chefe
Pablo Rodrigues
Conselho Editorial
Carolina Kesser Barcellos Dias – UFPel
Claudia Beltrão – UNIRIO
Fábio Vergara Cerqueira – UFPel
Luiz Karol – UFRJ
Conselho Consultivo
Alexandre Moraes – UFF
Alice da Silva Cunha – UFRJ
Dolores Puga – UFMS
Moisés Antiqueira – UNIOESTE
Assessoria Executiva
Bruno Torres dos Santos – UFRJ
Carlos Eduardo Schmitt – UFRJ
Luis Filipe Bantim de Assumpção – UFRJ
Luiz Karol – UFRJ
Revisores
Arthur Rodrigues – UFRJ
Bráulio Costa Pereira – UFRJ
Arlete José Mota e Carlos Eduardo da Costa Campos
(orgs.)
Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1900, que entrou em
vigor no Brasil em 2009.
Organização
Arlete José Mota e Carlos Eduardo da Costa Campos
CDD 930
[2019]
Desalinho
Rua Caricó. São João de Meriti, RJ.
Telefone: (21) 994428064
www.desalinhopublicacoes.com.br
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Sumário
Prefácio
Leandro Hecko 7
Apresentação
Arlete José Mota
Carlos Eduardo da Costa Campos 11
Sol Invicto Comiti: reflexões sobre a imagem dos deuses nas moedas de
Constantino I
Thiago Brandão Zardini 235
7
to mental diante do desconhecido tentando atribuir uma organização para o
mundo, um sentido para o mundo e para as ações humanas na terra. Não é à
toa que ainda hoje os mitos em toda sua riqueza nos atraem, transitam em nos-
so cotidiano pelo anseio que temos de tornar o passado presente de distintas
formas, seja em objetos do cotidiano, literatura ou ainda nas telas do cinema.
Em complementação ao fascínio pelos mitos, o interesse pelas práticas
cotidianas dos seres humanos do passado atrai igualmente a atenção dos con-
temporâneos. Desta forma, da relação humana com o mundo temos como for-
ma de ação os ritos, os quais representam a tentativa de garantir a continuidade
da organização do que existe, a continuidade de sentido e, primordialmente,
o interesse de produzir efeitos sobre o mundo real para aqueles inseridos num
sistema de crenças. No presente livro, questões relacionadas a este campo de
ação ritual são também abordadas, de forma a possibilitar vislumbres em casos
específicos conforme apontam os autores nos resultados de suas pesquisas.
Por fim, e em linhas mais gerais, sobra dizer algumas palavras sobre
aquilo que creem os antigos e por que acreditavam naquilo que observamos
nas entrelinhas das fontes ou ainda nas evidências que compõe sua natureza
diversificada. As crenças englobam, num complexo sistema do pensamento
humano, tudo o que existe de contraditório e que se deseja que faça sentido
para além da razão do ponto de vista da comprovação, firmando o ser no
mundo e o agir diante de tal mundo. Se observados esses fatores diante do
mundo contemporâneo poderemos ver em nós mesmos tais características no
sentido de que hodiernamente ainda somos muito capazes de acreditar em
coisas contraditórias e, para além disso, realizar ações contraditórias diante de
nossas formas de vida, de nossas crenças de vida e vivências religiosas ou não.
Desta forma, olhando para antigos e modernos, talvez possamos humanistica-
mente concluir que tudo o que parece contraditório compõe nossa própria na-
tureza humana, o que nos liga diretamente com as culturas das Antiguidades.
Nesta obra que temos em mãos, há um pouco de tudo isso: um refle-
xo de todas essas preocupações humanas que faziam e fazem parte do nosso
cotidiano! Tudo isso revelado no particular de fontes diversas, já que não era
preocupação dos antigos declinar descritivamente como hoje o fazemos por
meio de tratados. A preocupação se assentava em contar aquilo que em ou-
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tros tempos já contaram configurando diversos momentos entre a oralidade
e o escrito, entre o que se vê e a imagem que se pinta, entre possibilidades de
documentação hoje apropriadas pelos investigadores no sentido de extrair de
fragmentos sistemas de crenças, questionar os antigos sobre seus mitos e ritos,
sobre sentidos de mundo estabelecidos pelos povos das diversas Antiguidades
espalhadas pelo mundo. Tem-se em mãos, portanto, uma aventura investiga-
tiva sobre algumas culturas das Antiguidades, exploradas frente a interesses
contemporâneos, buscando dar respostas, fazer perguntas, proceder análises
do espírito de homens no tempo transcorrido, lançando luz ao que pensavam
e a como viviam. Ao ler os capítulos que seguem é importante então conside-
rar o que de humano está por trás das linhas, ao que de vida está por trás dos
detalhes das fontes.
Leandro Hecko
Professor Adjunto de História da UFMS/CPTL
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Apresentação
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sempre presente curiosidade do leitor (e do pesquisador), oferece-se um brin-
de inicial. Não se fazem pesquisas sem reflexões e ponderações. Assim como
não se concretizam textos, produtos finais, sem elementos motivadores e um
alto grau de gáudio. É o que se percebe nos textos que foram incluídos aqui.
Falar de atmosfera mítica e religiosa é também falar de sonho. É o que
traz à lembrança do leitor o capítulo “O conceito de sonho na China Antiga”,
de André Bueno. As primeiras reflexões do autor, acerca do sonho como um
caminho para o conhecimento, desperta sobremaneira a atenção de quem se
depara com o interessante tema. Percorrendo os espaços da China Antiga –
fato que amplia as áreas de interesse da presente publicação –, usufrui-se e
compartilha-se de um olhar preciso acerca do que os pensadores, confucionis-
tas ou daoístas, consideravam a respeito do ato de sonhar. O autor detém-se,
primeiramente, em questões pertinentes às mudanças que o conceito de so-
nhar sofreu ao longo do tempo na China clássica, observando desde suas bases
xamânicas até o desenvolvimento em crenças religiosas. Parte em seguida para
uma detalhada análise acerca do confucionismo, esclarecendo o contexto de
inserção das ideias de Confúcio (século VI AEC) e destacando, dentre os tex-
tos importantes para o entendimento do tema, a coleção denominada Rituais
de Zhou. André Bueno comenta, como exemplo, o capítulo 24, onde se trata
da morfologia dos sonhos. Seguindo as considerações acerca da expressão da
religiosidade dos chineses à época, o autor atém-se à escola Daoísta (século IV
AEC), uma concorrente da escola de Confúcio. Tem-se aqui uma instigante
análise da passagem conhecida como “O Sonho da borboleta”. Pondera-se a
respeito do lugar do sonho na vida humana. Outros aspectos do sonho e mais
um texto base analisados vêm, ao final do capítulo, confirmar o deleite inicial
provocado pelas primeiras observações do autor.
A leitura do capítulo “Las deliciosas niñas del certero”, de Maria Cecília
Colombani, traz , mais uma vez, a noção de brinde, de saudação ao leitor.
O texto de Colombani é, de fato, um regalo que se oferece àquele que, ao
mesmo tempo em que aprende, se encanta com a difícil arte de unir lingua-
gens e formas de expressão bem distintas: a frieza dos conceitos teóricos e a
beleza da forma. A autora tece o texto a partir de reflexões iniciais a respeito
da relação entre o homem da Antiguidade e suas crenças. Colombani acentua
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aspectos importantes a serem considerados pelo estudioso dos povos antigos:
deve-se sublinhar a complexidade e a riqueza das crenças. Deve-se por em
destaque que tais crenças se interpõem em todas as atividades cotidianas, o
que demonstra o quão fortes são os vínculos entre homens e divindades. Ten-
do como objetivo comentar uma dimensão festiva de Apolo, encontrada no
Hino Homérico dedicado ao deus grego, apontando perspectivas de estudo
divergentes, a autora desenvolve seus argumentos a partir de um excerto do
Hino III, versos 127 a 178, onde o deus assume, além de outras funções, a
incumbência de ser o condutor do Coro das Musas. Ao final da leitura, tem o
leitor a oportunidade de ponderar a respeito do quadro contrastivo que a au-
tora apresenta: um aspecto sorridente e encantador do deus, que ela tão bem
exemplifica, ao lado de uma outra imagem que Apolo oferece, terrível e hostil.
No capítulo “O cotidiano expressando a ação divina: uma análise do
símile homérico (Ilíada V, 770-2) citado por Longino em Do sublime (IX,
5)”, de Ricardo de Souza Nogueira, debruça-se o leitor em um texto de qua-
lidade excepcional, onde o autor, de forma clara e objetiva, trata do símile ou
comparação. Destaca, em especial, um símile homérico, extraído da Ilíada, e
a relação com o comentário de Longino para o excerto trabalhado. Com ar-
gumentos precisos e exemplos convenientemente selecionados, trata-se de um
texto de leitura mais do que recomendada, é indispensável.
Para a surpresa do leitor já um pouco saciado de proveitosas leituras e
pesquisas inovadoras, chega o momento dos enigmas e dos segredos – encan-
tamentos de todas as épocas e espaços geográficos. Depara-se com o impor-
tante capítulo “Killing riddles and secrets – a letalidade de segredos e de enig-
mas (não) decifrados nos mitos helênicos”, de Rainer Guggenberger. O autor
volta-se para dois enigmas e três segredos, percorrendo a narrativa poética
arcaica e o começo da época clássica grega, e aponta para os efeitos possíveis da
decifração ou não desses segredos e enigmas. Chama-se a atenção aqui, como
forma de provocar o leitor desta breve apresentação, o enigma da esfinge no
mito de Édipo e o conhecimento secreto e enigmático de Prometeu.
O texto literário sempre representa para o estudioso um grande desafio,
associado a um sempiterno prazer – na realidade indissociável de qualquer
outro aspecto que se possa apresentar. Há distintas formas de proceder a uma
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análise e diferentes modos de abordar as questões do valor documental de
alguns dos textos. O capítulo “Nomes para os deuses: os Hinos Órficos e a
recepção homérica e hesiódica”, de Rafael Brunhara, bem o demonstra. Mais
do que isso: em texto de agradabilíssima leitura, o autor procede a uma bem
elaborada análise de aspectos estilísticos dos hinos. Ao fazê-lo, deixa encan-
tado o leitor, como encantadores, em variados pontos de vista, são os Hinos.
Nas duas sessões do texto, Rafael Brunhara, tece seus apontamentos, que con-
duzem a profundas reflexões, como as formas de estruturação da invocação
aos deuses, os ambientes de performance dos hinos e Apolo e a sua autoridade
no canto. Tem-se, assim, uma importante abordagem da forma como os hinos
dialogam com as tradições da poesia hexamétrica, caminha-se agradavelmente
por estruturas dos Hinos Órficos, dos Hinos Homéricos e da Teogonia, apu-
radamente confrontadas.
Com o inspirador artigo de Nathalia Monseff Junqueira, “Mythos e tho-
ma em Heródoto: os relatos fantásticos no Livro II da obra Histórias”, che-
ga-se aos relatos daquele que é considerado o pai da História. Muito já se
disse a respeito de Heródoto, mas o texto fluido, claro e bem exemplificado
da autora, lembra ao leitor da perenidade das produções literárias clássicas: é
sempre possível descobrir aspectos novos, com novos olhares. O olhar diferen-
ciado aqui se volta aos relatos fantásticos, observados no Livro II, em Histórias,
parte da obra dedicada à descrição geográfica e histórica do Egito. Apontar a
forma como Heródoto construiu alguns relatos fantásticos e a relevância de
suas escolhas para a obra representam o propósito do texto. Partindo de um
necessário comentário geral a respeito do historiador e da obra, Junqueira tece
importantes considerações acerca de duas estruturas de composição das Histó-
rias: Thôma e mythos. Com isso, chama a atenção do leitor para a forma como
Heródoto dirigia seu olhar aos povos por ele visitados.
As narrativas sobre o deus Apolo sempre despertam o interesse por sua
atuação, tanto no campo bélico quanto no poético (como se verá, por exem-
plo, na cultura latina), e o capítulo “Eparciatas e Periecos: identidade comum
em torno do culto a Apolo”, de Márcia Cristina Lacerda Ribeiro, vem de
encontro ao leitor, já movido pela curiosidade e um certo fascínio pelo mito.
E aquele que se dedica ao texto se surpreende com uma prosa clara, precisa, e
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que desde o início traz importantes dados a respeito do culto ao deus. Embora
se apresentem dados localizados em uma temporalidade e um espaço especí-
ficos, aprende-se – e muito – a respeito de cerimônias e de implementação
de identidade religiosa. A fim de convidar à leitura de um excelente trabalho,
seguem abreviadamente alguns dos assuntos tratados. Partindo de considera-
ções a respeito da forma como Esparta procedeu a uma organização territorial,
em que amalgamou um imenso território formado por aldeias de diferentes
dimensões, formando um Estado Lacedemônio, e de questões acerca do culto
a Apolo, divindade preponderantemente militar em Esparta, a autora explana
as cerimônias do Festival de Apolo e Jacinto (Hyakinthia), as Gimnopédias,
de caráter iniciático, e as Carneias, onde o deus era representado com uma
cabeça de carneiro.
O capítulo “A relação de Esparta e Héracles – discursos, representações
e legitimidade política”, de Luis Filipe Bantim de Assumpção, leva o leitor
a observar a figura do herói. Um herói por excelência, Héracles. O viés de
análise apresenta-se instigante e move o pesquisador para além das narrativas
dos grandes feitos, que despertam a curiosidade. O autor percorre caminhos
que conduzem à Esparta, no período clássico e pondera as relações que esta
manteve com Héracles, chamando a atenção para a documentação literária,
destacando-se Heródoto e Xenofonte, onde aparecem tais ligações. Para tecer
suas considerações Luis Assumpção, parte de uma análise do personagem mi-
tológico e sua representatividade na Hélade. Segue a argumentação apontando
a relação entre o herói e Esparta e suas prerrogativas na região. Prossegue o
texto, chamando a atenção para os rituais em honra a Héracles. Deixa-se agora
como estímulo à leitura, a curiosidade sobre as conclusões do autor.
O leitor é tomado de agradável surpresa ao se dedicar à leitura do ca-
pítulo “Bellum Iustum e os rituais romanos: o caso de Sagunto na Segunda
Guerra Púnica (218-202 a.C.)”, de Carlos Eduardo da Costa Campos e An-
derson de Araújo Martins Esteves. Os autores, já em suas palavras iniciais,
chamam a atenção para o conceito de guerra justa (Bellum Iustum) e para os
juízos de valor agregados. Valendo-se de refinado e preciso referencial teórico
e de fontes latinas imprescindíveis, o trabalho faz acurada análise do conflito
conhecido com Segunda Guerra Púnica (218 a.C. – 202 a.C.), onde Roma
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apoia Sagunto, uma cidade aliada. Pesquisadores ou neófitos encontram no
texto relevantes observações sobre as implicações que o uso do termo Bellum
Iustum acarretam: valorização do mérito e sacralidade do conflito. Têm-se as
esferas da lei e da religião. O texto incita, então, dos argumentos iniciais até as
considerações finais, a reflexão; provoca o leitor a considerar um dos aspectos
que definem o perfil do homem romano, suas práticas religiosas, que marcam
todas as suas atividades, de ações privadas a atos públicos, como as guerras.
No capítulo intitulado “Reflexões acerca da elegia II.1 de Tibulo”, Ar-
lete José Mota, valendo-se de uma análise literária, salienta aspectos relativos
aos festejos campesinos dedicados a Baco e a Ceres, apontando, do mesmo
modo, o lugar do temática amorosa, ponto chave das composições dos poe-
tas elegíacos. A autora dá relevo dessarte às possíveis situações que envolvem
um relacionamento amoroso, que estariam presentes no poema escolhido. Ao
dividir o texto em passagens, que denomina “passos”, ressalta, utilizando vo-
cábulos-chave, um passo a passo dos rituais narrados por Tibulo.
Não poderiam faltar no livro os relevantes e respeitáveis estudos de Se-
míramis Corsi Silva acerca de religiosidades. A autora presenteia o leitor com
um estudo a respeito da divindade solar Elagabal, em “Cultuando divindades
solares: Apolônio de Tiana versus Heliogábalo (século III EC)”, onde analisa
a biografia apologética a Apolonio de Tiana, A vida de Apolonio de Tiana, de
Filóstrato, onde o autor apresenta Apolônio como filósofo pitagórico. Detém-
-se a autora em um tema não explorado: a relação entre os cultos à divindade
solar, realizadas pelo protagonista da obra de Filóstrato e o contexto de escrita
da obra, período da dinastia dos Severos. Frisa a autora o período de maior
culto a Elagabal em Roma, época do imperador Heliógábalo (218-222), pos-
suidor de imagem bastante negativa nos textos produzidos então. Observando
as críticas de Filóstrato a Heliogábalo, Semíramis Silva tece importantes con-
siderações sobre essas críticas.
A força da imagem. Esse é o convite à reflexão que apresenta Thiago
Brandão Zardini, no capítulo “Sol Invicto comiti: reflexões sobre a imagem dos
deuses nas moedas de Constantino I”. O autor inicia suas cogitações a partir
da ideia de sacralização do soberano no século IV d.C. Em texto de agrada-
bilíssima leitura e preciso na forma, trata, com propriedade, os panegíricos
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latinos e as moedas, esclarecendo que faziam parte da cerimônia do aduentus
(a visita do imperador a um determinado local). O leitor encontrará conjec-
turas importantíssimas ao estudioso do período: a adoção do deus Apolo por
Constantino e a construção de sua imagem nas moedas.
Em suma, os textos organizados nessa coletânea refletem o estado atu-
al das pesquisas sobre Antiguidade, principalmente, com o foco nos estudos
religiosos. Por isso, ratificamos o nosso compromisso de divulgação do saber
histórico e trabalho em conjunto, em tempos em que se valorizam os estudos
interdisciplinares e interinstitucionais. Assim, desejamos aos leitores uma fasta
e gratificante reflexão a partir dos escritos contidos nessa obra. Boa leitura!
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Reflexões acerca da elegia II.1 de Tibulo
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Uma proposta de análise literária é o nosso objetivo, como salientamos
acima. Mas textos literários comumente não vêm acompanhados de manuais
que possam nos guiar nas (re)descobertas de um sentido. O texto se nos apre-
senta, se expõe. Sem amarras devemos vê-lo, pois sem amarras devemos estar,
pelo menos nos primeiros contatos com o texto. Há poemas, entretanto, que
nos encantam: mais difícil ainda a tarefa do leitor. É o caso da elegia II.1 de
Tibulo, selecionada exatamente pelo encantamento. Não falamos apenas do
ritual aos deuses campestres descrito no poema e das questões relativas aos as-
pectos religiosos envolvidos – embora necessitemos esclarecer alguns aspectos
a respeito do assunto, e o faremos mais a frente –, mas tratamos de uma espé-
cie de magia que “amarra” o leitor.1 Antes de iniciarmos nossas reflexões, po-
rém, precisamos também falar a respeito de duas obras que nos influenciaram
na escolha da abordagem do texto como peça de encantamento. A primeira
vez que nos deparamos com a obra de Marie Desport (1952), já nos sentimos
tentados a refletir sobre seus argumentos – cientes das diferenças, claro, entre a
proposta da autora e a nossa visão, que se restringe à elegia II.1 de Tibulo. Ma-
rie Desport (1952, p. 13), na “Introdução” do livro, após se referir ao grande
encantamento da poesia virgiliana, chama a atenção para um vocábulo impor-
tante para a nossa análise: carmen, citando a poesia de Virgílio como aquela
que melhor expressa uma acepção significativa do vocábulo, “encantamento”.
E Tibulo, da mesma forma, entoa o canto sacro. Na elegia selecionada para
este trabalho, como veremos mais adiante, o verbo canĕre o explicita. Tibulo é
um uates, “vate”, “poeta inspirado”, como aparece, por exemplo, na elegia II.5,
v. 114. Apoiamo-nos igualmente (é nossa segunda fonte essencial para o trata-
mento do encantamento em que nos envolve a elegia II.1), em Maria Nieves
Muñoz Martín, que tece relevantes considerações sobre a relação dos poetas da
Antiguidade com o sobrenatural. Interessa-nos sobremaneira a passagem em
que a autora aborda uma função sacerdotal dos poetas no período augustano:
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nor clareza em Virgílio, Propércio, Tibulo, entre outros: o poeta entra
num santuário, celebra os seus rituais, transporta as suas insígnias, der-
rama libações, ou consagra-se mediante a água das Musas e das fontes
sagradas. (MARTÍN, 2003, p. 38).
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Ao respeitar as regras de comportamento, como respeito aos deuses,
sobretudo em seus espaços, ao curvar-se sob a autoridade dos rituais,
o cidadão garantia a ordem social, e a pax deorum e as práticas que
acarretavam a transgressão à ordem vigente podiam levar a sociedade
ao caos e à desagregação. A concordia entre homens e deuses é a garantia
da ordem romana.
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O poeta é o mago das palavras, da linguagem. [...] O real só adquire
sentido e as coisas só alcançam importância quando enunciadas pela
palavra carregada de encantamento, de magia. É a magia que dá sen-
tido à vida. É nesse sentido que falamos de eclosão do real. Magia é
milagre poético, é anticurso da vida, é algo que vem e se instala inespe-
radamente, é poesia. Não há poesia sem magia, nem magia sem poesia.
(JUNQUEIRA, 2005, p. 127).
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do princeps e dos seus apoiadores pela noção de implantação do culto
a paz no horizonte mental dos cidadãos romanos (CAMPOS, 2018, p.
84).
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instabilidade dos estados de alma, o ondular e as inversões da emoção
que, por vezes, parecem suceder-se livremente numa espécie de lógica
onírica, embora na maior parte dos casos sejam preparadas com grande
esmero, de modo que o leitor se possa concentrar no desenrolar da
meditação, sem surpresas de maior. (CITRONI, 2006, p. 566).
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Falamos de uma relação entre homens e deuses, exequível através dos
ritos. Alcançamos assim o poeta-sacerdote. Na elegia II.1 é o poeta quem ofi-
7
cia, como discorre, por exemplo, Daniele Porte (1995, p. 27), destacando as
referências à religião familiar e campestre, mostradas por Tibulo. Além disso,
notamos que a autora tece importantes considerações a respeito do sacerdócio,
tipicamente romano, a Sibila e os áugures, que
192
importantes do estado envolviam rituais, tanto em forma de auspícios
como de sacrifícios.
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[...] a cidade, com seus luxos e os seus atractivos, é o ambiente ‘natural’
onde o amor elegíaco floresce. Todavia, o idealismo tibuliano tende a
construir um mundo mais propriamente sonhado do que real, embora
procure situá-lo na uilla rustica de que o poeta era proprietário. (CI-
TRONI, 2006, p. 564).
194
campesinos e o ritual. Nosso olhar, porém, é desviado para o Amor – apresen-
tado multifacetado, pois pode tornar os homens miseráveis ou felizes. Tibulo
evoca a tradição – ou o poder das divindades do campo (FERGUSON, 1989,
p. 52), o espaço ideal para alma atormentada pelo amor. O poeta também
vivencia, à sua maneira, os Novos Tempos, em que a tradição tem valor ful-
cral – notadamente no que se refere à religião: “Durante a ascensão de Otávio
Augusto, a religião romana serviu como uma poderosa ferramenta de apelo
público” (CAMPOS, 2017, p. 103). Ao campo são devidas as alegrias de uma
vida simples (como Tibulo mostrará, por exemplo, em II.3), a paisagem cam-
pestre propicia o afastamento da turba, que ocupa, com seus vícios e vicissitu-
des, as grandes cidades – a vida no campo propicia igualmente a solidão, um
estado de espírito próprio à manutenção da serenidade. É aí que se mantém
de forma mais viva a tradição dos antepassados.10
Ainda que sejam apresentados os elementos que inserem Tibulo em
um tempo histórico e em um espaço específico, subsistem dúvidas: o campo
pode ser o espaço ideal, não o real. Mas é o espaço do poema, ou melhor o
espaço onde um Eu, atormentado pelo Amor, caminha pela terra consagrada
aos deuses pelos antepassados. E quanto a isso, lemos que
tanto o seu ideal de vida rústica como o seu gosto dos cenários e ritos
campestres punham-no objectivamente em sintonia com as medidas
de regeneração moral e religiosa que animavam a vontade do príncipe
e os ideais da cultura daquela época, relativamente à Itália camponesa.
(CITRONI, 2006, p. 564).
195
co central da obra, está apresentado como uma relação que não se concretriza,
como uma espécie de não-amor, carregado de todos os predicados negativos
que pesam sobre a Vrbs” (ROSSI, 1991, p. 121).
Para concretizar o nosso objetivo, propor uma análise literária da elegia
II.1, estabelecemos uma divisão da elegia em partes, embora reconheçamos a
fragilidade do procedimento, pois há elementos de uma parte que possuem
importantes elos de ligação com as partes seguintes. Contudo, para a visão,
diríamos onírica, do percurso do celebrante dos ritos – e da turba –, julgamos
apropriado falar em passos. Procuraremos, a seguir, relacionar outras divisões
que nos parecem bastante profícuas e que nos auxiliaram em nossa análise:
Max Ponchon (1931, p. 82-84), embora não disponha as partes, or-
denando os versos de forma crescente, como faremos, tece comentários a res-
peito de determinados conjuntos de versos. Para facilitar a nossa apresentação
dos dados selecionados pelo tradutor e comentador da obra tibuliana, inver-
teremos a ordem em que ele dispõe os comentários.11 Inicialmente, vemos os
dados essenciais para a leitura do poema: v.1: o poeta apresenta a felicidade
dos homens do campo; v.2: ritos ancestrais; v. 67-68: aparece o motivo elegía-
co; v.84: diante dos convidados, não pode falar dos males de que padece. Em
seguida, Ponchon estabelece as partes que trazem uma unidade à composição:
v. 37-80, referência à cerimônia, que serve de quadro para o elogio à vida cam-
pestre; v. 67-80: o Amor; v. 81-86: invocação ao Amor e condução para o fim
da cerimônia. Separadamente, após essa visão geral, o autor trata das partes da
cerimônia: v.1-14: convite ao silêncio, anúncio da lustração, início da festa,
invocação a Baco e a Ceres, prescrições; v.15-16: sacrifício e procissão; v. 17-
26: preces aos deuses; v. 27-36: banquete e jogos, brinde a Messala; v. 37-80:
hino em honra ao campo e às divindades. Há também o destaque maior aos
versos em que Tibulo oferece o hino aos deuses.
Das divisões propostas por Fernando Palacios (1996, p. 45) – que tam-
bém explicita as de outros comentadores –, destacamos: v. 1-4: é dia de festa,
portanto, ninguém deve trabalhar; v. 10-14: apelo à castidade; v. 15-16: leva o
leitor ao local da festa (esta descrição de Palacios, a propósito, motivou nossos
comentários a respeito da presença do leitor); v. 17-20: exortação aos deuses
pátrios; e v. 21-46: a satisfação do agricultor com a visão do futuro.
196
Acompanhemos agora os passos do poeta, e caminhemos:
197
essa fuga assume, em Tibulo, contornos diferentes e peculiares, como
o de “mitificar” o campo como ambiente de felicidade e de sonho, de
simplicidade de vida e de serenidade, de uma vivência ao ritmo da na-
tureza e, ao mesmo tempo, protegida por uma religiosidade ancestral.
(CITRONI, 2006, p. 566).
198
assinala, por exemplo, Fernando Palacios (1996, p. 37), tratando das especifi-
cidades dos deuses do campo – o autor trata Ceres como “deusa da produção
campestre”.
Sobre questões relacionadas à etimologia do nome da deusa, tem-se a
raiz *Ker-, *Kere, “crescer, dar crescimento a alimentar” e que está ligada aos
verbos creare, “criar”, e crescĕre, “crescer” (BRANDÃO, 1993, p. 79). Houve
aproximação da deusa com Tellus Mater (“a Mãe Terra”). Seus festejos: as Cere-
alia, comemoradas de 12 a 19 de abril. Junto a Liber e Libera forma a tríade de
deuses latinos (com templo em Roma). Também está associada ao mundo dos
mortos (FERGUSON, 1989 p. 14) e aos matrimônios (BOYANCÉ, 1959,
p. 112).
Unindo os dois deuses, há algumas observações que devem ser trans-
critas. Enfatizamos, a listagem das divindades “conciliadoras” e das “perturba-
doras”, encetada por Fernando Palacios (1996, p. 36), que salienta as várias
divindades conciliadoras que estão presentes nas elegias tibulianas e que estão
vinculadas ao campo. Dentre as divindades conciliadoras estão Ceres e os deu-
ses Lares; já ao grupo das perturbadoras pertence Amor. Na elegia II.1, são
esses exatamente os papeis que ocupam. Acrescentamos que o autor salienta,
em suas observações finais, entretanto, que esses limites de atuação (auxílio
ou prejuízo) não são tão rígidos (PALACIOS, 1996, p. 49). Por fim, citamos
os festejos denominados Ambarvalia, ritual de purificação dos campos, possi-
velmente a celebração descrita pelo poeta na elegia II.1 (CITRONI, 2006, p.
563) – era o colégio sacerdotal, denominado Irmãos Arvais, que zelava pelos
ritos (HALLIDAY, 1922, p. 52; BRANDÃO, 1993, p. 36).
Passo 3, vv. 5-14: preparos corporais exteriores e abandono dos labores.
Palavras-chave: Luce sacra e requiescat (“dia sagrado”, v. 5); Omnia (“todas as
coisas” – que devem estar a serviço do deus, v.9); gaudia (“alegrias”, “prazeres”)
e Venus (v. 12), casta (seres “castos” que agradam aos deuses”) e pura ueste
(“vestimenta pura”, v. 13); manibus puris (“com mãos puras”, v. 14). São fun-
damentais para a plena realização do ritual e consequente auxílio das divinda-
des: a castidade, que implica práticas corporais e mentais; a limpeza das mãos
(que manipulam um elemento sagrado, a água); e a pureza da veste (branca),
que é a marca exterior da pureza desejável.
199
Passo 4, v. 15-16: multidão e cordeiro. Palavras-chave: Sacer (“sagra-
do”) e aras (“altares”, v.15), candida turba (“multidão com vestes brancas”, v.
16). Inicia a celebração com o sacrifício e a visão da turba que acompanha os
ritos. Para a compreensão do ritual sacrificial, em termos gerais, partimos das
seguintes reflexões:
200
O trabalho agrícola é um rito, não só porque se processa sobre o corpo
da Terra-Mae e desencadeia as forças sagradas da vegetação, mas tam-
bém porque implica a integração do agricultor em certos períodos de
tempo benignos ou nocivos. (ELIADE, 2008, p. 268).
201
Passo 11, v. 51-78: os primeiros homens a se valer do canto. Palavras-
-chave: Agricola (“agricultor” v.51) e cantauit (“cantou” v. 52). O verbo cantare
é um frequentativo de canĕre (citado no passo 10) – o que indica ação que se
repete, intensificada. Surpreende o leitor o fato de ser mostrado aqui que os
primeiros a cantar em honra aos deuses viviam no campo: eles foram os pri-
meiros a louvar aos deuses e entoar seus cânticos sacros plenos de esperança. O
campo é o local de inspiração, de presença das divindades, e por isso a máscara
do vate aparece com todos os seus contornos. Nesse passo também observa-
mos o rito aos Lares (v. 60).
Surge a primeira referência ao deus do amor (Cupido, v. 67 – o poeta
se refere a ele como aquele que nasceu nos campos). O tema amoroso instau-
ra-se. Menos precisa e vacilante será nossa caminhada daqui em diante, pois
uma face cruel do deus será apresentada em apenas uma palavra – é o que
veremos no verso 79 (miseri). Antes de abordarmos este assunto, entretanto,
recordaremos as palavras de Carlos Ascenso André (2006, p. 10), ao se referir
ao tema do amor na literatura latina,
202
Passo 14, v. 83-86: todos convidados a louvar ao Amor. Palavra-chave:
Cantate (v.83). Todos em atitude inspirada (novamente o verbo cantare). Um
leve traço da ironia tibuliana aparece aqui: não é preciso pedir em voz baixa
proteção particular (e amores escusos talvez), o barulho da turba não denun-
ciará as palavras. Em “alto e bom som”, louvores ao Amor.
Passo 15, v.87- 90 (final do poema): finda o dia. Palavra-chave: Nox
(“A Noite”, v. 87). Nossas últimas reflexões se referem à aproximação do fim
do dia descrito na poesia – o fim dos festejos deve ocorrer antes da chegada
da noite. Fim do dia, fim do poema. Como nas éclogas I e X de Virgílio, por
exemplo.
Os eflúvios do vinho. Ao final do poema, o sono é um convite feito
pela noite (e pelo vinho). Não poderíamos deixar de lado, então, certas notas a
respeito dos efeitos do líquido. O vinho: alimento, libertação e conhecimento.
Embriaguez: parte de um mistério.
203
Notas
204
pagus. Les auteurs anciens les ont d’ailleurs eux-mêmes – de manière volontai-
re ou non – confondus. Tibulle, dans la première élégie du livre II, emprunte
pour sa description certains éléments à la lustration du pagus, et fait comme si
la lustration des champs et celle des fruges était un seul et même rite”.
13. (BRANDÃO, 1993, p. 47).
14. “De cette fusion, Bacchus gardera une marque accrue d’ambivalen-
ce: on allait l´honorer comme le guide mystique des esprits et comme le père
de productions terrestres.”
Documentação
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207
208
Notas biográficas
255
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Trabalha em especial com os seguintes
temas: literatura latina, cultura romana, língua latina, comportamento, perso-
nagem, riso e história romana. Professora do Programa de Pós-graduação em
Letras Clássicas da UFRJ. Líder do Grupo de Pesquisa NVMINA – Crenças,
Rituais e Magia na Roma Antiga/Cnpq até 2017. Coordenadora Adjunta do
Laboratório ATRIVM – Espaço Interdisciplinar de Estudos da Antiguidade,
que integra o PPGLC da Faculdade de Letras da UFRJ. Substituta Eventual
do Coordenador do Programa de Pós-graduação em Letras Clássicas, da UFRJ
(PPGLC/ UFRJ).
256
perspectivas entre o passado e o presente» onde desenvolve dois projetos de
pesquisa: «As Antiguidades e os Usos do Passado: sobre a presença do passado
na vida prática das pessoas» e «História e Cultura da Alimentação: a função
social da cerveja na história».
257
tropología Filosófica (Universidad de Morón) Coordinadora académica de la
Cátedra Abierta de Estudios de Género (Universidad de Morón). Directora de
la carrera de Filosofía (Universidad de Morón). Profesora Titular de Filosofía
Antigua y Problemas Especiales de Filosofía Antigua (Universidad Nacional
de Mar del Plata). Profesora del Instituto Superior de Formación Docente
Ricardo Rojas, Moreno. Investigadora principal por la Universidad de Morón.
Codirectora del Proyecto de Investigación “Mundo Antiguo y Cultura Histó-
rica; formas de dominación, dependencia y resistencia”. Facultad de Humani-
dades. Universidad Nacional de Mar del Plata.
258
niversität München). Ministrou palestras na Áustria, no Brasil, na Inglaterra e
na Alemanha. Os seus últimos projetos abordam as citações e alusões poéticas
nas obras de Platão, Xenofonte e Aristóteles, a métrica grega, a Vida de Ale-
xandre de Plutarco e a auto-representação de helenos e a sua visão de povos
não considerados helenos.
259
barbaridades, fronteiras e integração no Império Romano; Usos dos prazeres,
Gênero e Poder no Império Romano; Heliogábalo e a Dinastia dos Severos.