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Orientador: Profª. Sónia Maria Nunes dos Santos Paulo Ferreira Pinto
Júri
Presidente: Profª. Maria Eduarda de Sampaio Pinto de Almeida Pedro
Orientador: Profª. Sónia Maria Nunes dos Santos Paulo Ferreira Pinto
Vogal: Prof. Paulo José Duarte Landeiro Gambôa
Novembro de 2014
Agradecimentos
À minha orientadora, Professora Doutora Sónia Ferreira Pinto, pela disponibilidade, atenção,
paciência e profissionalismo. A sua ajuda constante, a sua sabedoria e a sua palavra amiga,
foram imprescindíveis para a realização deste trabalho.
Aos meus amigos e colegas de curso, pela boa disposição, incentivo, amizade e
companheirismo.
Ao meu namorado, Jaime Brito, pelo carinho e compreensão nos momentos mais difíceis.
Aos meus pais, pelo esforço que sei que fizeram para me proporcionar uma boa formação
académica e por acreditarem sempre em mim.
Ao meu irmão, João Pedro, a quem dedico este trabalho, por ser o meu pequeno grande melhor
amigo e a minha inspiração de todos os dias.
i
ii
Resumo
Conclui-se que, no caso do nivelamento de carga, o sistema de armazenamento pode ser usado
não só para mitigar perturbações na rede de baixa tensão mas também para ajudar a regular a
tensão da rede. No que respeita à rede em ilha, considerou-se que é uma boa solução para
fornecer energia a cargas críticas quando se dá uma interrupção total das linhas de distribuição,
permitindo um contínuo funcionamento da rede e consequente aumento da fiabilidade do
fornecimento de energia.
Palavras-chave:
iii
Abstract
The penetration of renewable energy on a small scale has increased significantly today and the
perspective is to continue to increase. However, the integration of microgeneration systems in
current power grid may lead to disturbances in the quality of the voltage wave.
This paper proposes a energy storage system as a solution to problems of power quality from the
integration of renewable energy systems, acting in its mitigation through storage technologies that
supply the necessary power to critical loads during disturbances.
The main goal of this work is to develop a virtual laboratory in Matlab / Simulink, which includes
energy storage systems, models of microgeneration and electric distribution network. This lab
allows the simulation of disturbances in the grid, the evaluation of their impact in the network and
the response of the proposed systems. For this, two different scenarios are studied: the first
corresponds to the load leveling and the second to a microgrid.
It is concluded that, in case of the load leveling, the energy storage system can be used not only
to minimize disturbances in the low voltage network but also to help in the voltage regulation. As
regards to the island network, it is considered that it is a good solution to supply critical loads
when a total interruption of the distribution lines happens, allowing the continuous operation of
the network thus increasing the reliability of the power system.
Keywords:
iv
Índice
AGRADECIMENTOS ..................................................................................................................... I
ABSTRACT .................................................................................................................................. IV
ÍNDICE .......................................................................................................................................... V
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1
v
4.2.4. Controlo da tensão no andar DC ........................................................................... 39
4.2.5. Simulação do Inversor Trifásico ligado à rede ...................................................... 41
4.3. INVERSOR TRIFÁSICO ISOLADO DA REDE .......................................................................... 43
4.2.5. Simulação do Inversor Trifásico em Ilha ............................................................... 45
vi
Lista de Figuras
vii
Figura 5.7 - Introdução de Microgeração: 𝑺𝑶𝑪, 𝑰𝒃𝒂𝒕 e 𝑽𝒃𝒂𝒕; 𝑺𝑶𝑪𝒊=20%, SAE trifásico ........... 53
Figura 5.8 - Introdução de Microgeração: corrente no microgerador ......................................... 53
Figura 5.9 - Introdução de Microgeração: 𝑽𝒓𝒎𝒔_𝒍 ...................................................................... 54
Figura 5.10 - Rede em Ilha: Modulante, 𝑰𝒓𝒎𝒔_𝒍 e 𝑽𝒓𝒎𝒔_𝒍; 𝑺𝑶𝑪𝒊=100%, SAE trifásico............. 55
Figura 5.11 - Rede em Ilha: 𝑺𝑶𝑪, 𝑰𝒃𝒂𝒕 e 𝑽𝒃𝒂𝒕; 𝑺𝑶𝑪𝒊 =100%, SAE trifásico ............................. 55
Lista de Tabelas
Tabela 2.1 - Aplicações dos SAE em função da sua autonomia, [Mezaroba 2012] ..................... 5
Tabela 3.1 - Características da bateria de 48V ........................................................................... 10
Tabela 3.2 - Características da bateria de 336V......................................................................... 11
Tabela 3.3 - Componentes do conversor DC/DC ....................................................................... 14
Tabela 3.4 - Parâmetros do controlador de tensão do conversor DC/DC .................................. 17
Tabela 4.1 - Valores do filtro indutivo do inversor monofásico ................................................... 24
Tabela 4.2 - Parâmetros do controlador de corrente do inversor monofásico ............................ 26
Tabela 4.3 - Parâmetros do condensador no andar DC do inversor monofásico ....................... 28
Tabela 4.4 - Parâmetros do controlador de tensão do inversor monofásico .............................. 30
Tabela 4.5 - Valores do filtro LC do inversor trifásico ................................................................. 37
Tabela 4.6 - Parâmetros do controlador de corrente do inversor trifásico .................................. 38
Tabela 4.7 - Parâmetros do condensador no andar DC do inversor trifásico ............................. 39
Tabela 4.8 - Parâmetros do controlador de tensão do inversor trifásico .................................... 40
Tabela 4.9 - Parâmetros dos controladores de tensão para a rede em ilha ............................... 44
viii
Lista de Abreviaturas e Simbologia
µG Microgeração
BT Baixa Tensão
MT Média Tensão
PI Proporcional-Integral
ix
Símbolos
x
𝐼𝑛 Corrente nominal do transformador
xi
𝑅𝑚 Resistência de dispersão dos enrolamentos de magnetização do transformador
𝑇𝐶 Período de comutação
𝑈𝐶 Tensão da modulante
𝑉0 Tensão da rede
xii
𝑉𝑃𝑊𝑀 Tensão de saída do inversor monofásico
𝑓𝐶 Frequência de comutação
𝜃𝐶 Temperatura do condutor
𝜔𝑛 Frequência de ressonância
xiii
𝜔𝑛 Frequência natural de oscilação do polinómio de segunda ordem
∆𝑡 Intervalo de tempo
ζ Coeficiente de amortecimento
𝐶 Condensador do conversor
𝐿 Bobina do conversor
𝑇 Período da rede
𝑓 Frequência da rede
𝑝 Índice de pulsação
𝑡 Instante de tempo
𝜔 Frequência angular
xiv
1. Introdução
O conceito de produção descentralizada adapta o atual paradigma a uma nova realidade, uma
vez que permite produzir a energia no próprio local em que está a ser consumida e consoante
as reais necessidades dos seus consumidores. Com este conceito pretende-se reduzir as perdas
de transporte de energia, melhorar a qualidade de serviço e dar ao consumidor um papel mais
ativo.
O objetivo desta dissertação é construir um laboratório virtual representativo de uma rede elétrica
de distribuição, que deverá incluir sistemas de geração e de armazenamento de energia e, desta
forma, assegurar a confiabilidade do sistema elétrico durante situações de perturbações da rede.
1
Para este trabalho serão projetados dois cenários de operação distintos: em primeiro lugar será
simulado um cenário de nivelamento de carga; por outro lado, será simulado o caso de uma rede
isolada, rede em ilha, que ocorre quando se dá uma interrupção total do fornecimento a uma
carga crítica.
No capítulo 2 apresenta-se uma análise do estado da arte da QEE, dos SAE e ainda das
tecnologias de armazenamento de energia existentes.
No capítulo 3 encontra-se o SAE proposto para este trabalho e, como tal, são abordados todos
os seus componentes: as baterias utilizadas, o conversor DC/DC, os controladores de corrente
e de tensão e o supervisor, que permite o controlo conjunto destes elementos.
Nas referências bibliográficas é feita uma listagem com a identificação das fontes consultadas,
que serão indicadas ao longo do texto.
2. Estado da Arte
2
2.1. Qualidade de Energia Elétrica
Há algumas décadas atrás, a QEE estava normalmente associada apenas à continuidade de
serviço, isto é, à duração e número de interrupções de tensão. No entanto, hoje em dia, para
além deste conceito, outros parâmetros como a distorção harmónica, o desequilíbrio entre
tensões, a amplitude e a frequência da tensão, têm vindo a ganhar importância no contexto da
QEE. Considera-se então que “a energia fornecida por um sistema elétrico tem qualidade quando
garante o funcionamento do equipamento elétrico, sem que se verifiquem alterações de
desempenho significativas”, [Manual 2005].
Na figura 2.1 encontra-se um gráfico que ilustra as principais perturbações na QEE e relaciona
a percentagem de tensão afetada aquando da sua ocorrência em função do seu tempo de
duração.
3
Para solucionar os problemas da QEE pode-se recorrer à manutenção preventiva, de modo a
evitar algumas perturbações, ou então, atuar na sua mitigação, por exemplo através de
tecnologias de armazenamento de energia que fornecem às cargas críticas a potência
necessária para a sua alimentação durante interrupções, através de um SAE adequado.
Os SAE têm como objetivo assegurar a confiabilidade do sistema elétrico, melhorar a qualidade
da energia fornecida e permitir a integração com fontes renováveis e geração distribuída,
[Mezaroba 2012]. Na figura 2.2 encontra-se um diagrama que representa as várias aplicações
que os SAE proporcionam e os seus benefícios, de acordo com o local da ocorrência de
perturbações.
Os SAE podem ser divididos em vários grupos, de acordo com as suas aplicações e em função
da respetiva autonomia, tal como se ilustra na tabela 2.1. Neste trabalho pretende-se atuar no
4
grupo relativo à longa duração, de modo a permitir a qualidade e continuidade de energia durante
um longo período de tempo (algumas horas).
Tabela 2.1 - Aplicações dos SAE em função da sua autonomia, [Mezaroba 2012]
As baterias são o sistema de armazenamento mais utilizado no mercado devido ao seu baixo
preço, facilidade de transporte e grande robustez. Cada bateria é constituída por diversas células
onde ocorrem reações de oxidação-redução, responsáveis pela conversão de energia química
em energia elétrica.
5
Figura 2.3 - Tipos de baterias existentes, [Autosil]
A principal vantagem deste tipo de bateria é a densidade de energia elevada, o que possibilita a
criação de baterias com alta capacidade, mais leves e menos volumosas. Através da análise da
figura 2.3, verifica-se que as baterias de Li-ion são as que apresentam uma maior densidade de
energia volumétrica e uma maior densidade de energia específica. Outra característica
importante neste tipo de bateria é a ausência de memória, isto é, não é necessário carregar a
bateria até ao total da capacidade nem descarregar até ao valor mínimo.
No capítulo seguinte, será feita uma exposição mais detalhada sobre as baterias utilizadas neste
projeto e apresentado o respetivo modelo.
Esta singularidade da rede em ilha tem como intuito permitir a sua operação, tanto ligada como
desligada da rede principal, consoante seja mais vantajoso para os seus clientes. Desta forma,
é possível comprar energia à rede de distribuição quando esta está mais barata
comparativamente com a produzida por µG ou, por outro lado, vender excessos de energia
produzidos. Outra vantagem é possibilidade da rede em ilha trabalhar isolada em situações de
perturbações externas ou de curto-circuitos na rede a montante, permitindo um contínuo
6
funcionamento da rede e consequente aumento da fiabilidade do fornecimento de energia,
[Medeiros 2010].
7
8
3. Sistema de Armazenamento Proposto
O SAE proposto será constituído pela bateria escolhida, por um conversor DC/DC e pelos
controladores de corrente e tensão. Este sistema será controlado por um supervisor, como ilustra
o diagrama da figura 3.1. Nos subcapítulos seguintes serão abordados todos os componentes
deste sistema.
Supervisor
No que diz respeito às baterias, também existem diversas tecnologias que recorrem a diferentes
compostos e estruturas. Das tecnologias existentes, a opção escolhida para este projeto foi a de
cátodos de lítio – fosfato de ferro (LiFePO4). Este tipo de células apresenta vantagens a nível da
segurança e da durabilidade.
O nível de tensão utilizado para um banco de baterias é por norma 12V, 24V, 48V, [Ishengoma
2002]. Para o inversor monofásico, foi escolhida a bateria de tensão nominal igual a 48V, figura
3.2, do fornecedor [OptimumNano]. No entanto, de forma a garantir a tensão pretendida para o
andar DC, (4.2), foi necessário colocar duas baterias, ou seja, uma associação série de baterias
de 48V de forma a obter 96V à entrada do conversor DC/DC. As principais características desta
bateria encontram-se na tabela 3.1 e todas as especificações técnicas facultadas pelo fornecedor
podem ser consultadas no anexo B, tabela B.1.
9
Figura 3.2 - Bateria de 48V, [OptimumNano]
Capacidade nominal 40 Ah
Tensão nominal 48 V
A escolha da bateria a utilizar no inversor trifásico prendeu-se, mais uma vez, essencialmente
no valor da sua tensão nominal, que se pretendia ser a maior possível, de modo a não ser
necessário a associação em paralelo de séries de várias baterias. A bateria representada na
figura 3.3, do fornecedor [OptimumNano] tem uma tensão nominal igual a 336V (ver tabela 3.2),
permitindo o uso de uma só peça com as associações necessárias já integradas. As
especificações técnicas desta bateria podem também ser consultadas no anexo B, tabela B.2.
Não se escolheu a mesma bateria para ambos os inversores porque um sistema monofásico não
consegue sustentar correntes muito elevadas numa fase, pois provocaria um grande
desequilíbrio entre fases que se iria refletir em perturbações na tensão.
10
Figura 3.3 - Bateria de 336V, [OptimumNano]
O estado de carga de uma bateria (SOC - State Of Charge), responsável por calcular o estado
de carga da bateria no instante 𝑡, foi também obtido diretamente do modelo. Este parâmetro é
muito importante para um SAE uma vez que relaciona a capacidade atual do sistema com a sua
capacidade total - SOC = 100%.
11
Figura 3.4 - Circuito equivalente da bateria
De modo a que a bateria funcione num tempo adequado para simulações realizadas em
computador, foi feita uma alteração das unidades da capacidade (usualmente expressa em
ampére - hora), que passou a ser utilizada em ampére - segundo (1h=3600s). Posteriormente,
multiplicou-se também a capacidade por um fator igual a 0.6 de forma a obter a seguinte relação:
0.1s de simulação é equivale a 10min, e assim facilitar a correspondência com o tempo real de
carga e descarga da bateria.
12
Figura 3.5 - Conversor DC/DC do tipo redutor de tensão
0, 𝑠𝑒 𝑆1 𝑂𝑁 𝑒 𝑆2 𝑂𝐹𝐹 (3.1)
𝛾={
1, 𝑠𝑒 𝑆1 𝑂𝐹𝐹 𝑒 𝑆2 𝑂𝑁
Quando S1 está em condução, a corrente vai percorrer a bobina de forma a que esta armazene
energia elétrica e a tensão aos seus terminais, 𝑉𝐿 , será igual a (3.2) quando 𝛾 = 0.
Posteriormente, quando S1 estiver ao corte, a tensão de entrada não vai estar a passar para o
resto do circuito e a corrente na bobina vai decrescer, pois a tensão no condensador é negativa
(3.2) quando 𝛾 = 1, e assim a energia armazenada vai ser transferida para o condensador e para
a carga.
O dimensionamento das componentes 𝐿 e 𝐶 do conversor DC/DC foi feito a partir das expressões
(3.3) e (3.4), [Silva 2013], para a bobina e para o condensador, respetivamente. Considerou-se
também uma resistência interna da bonina do conversor, 𝑅, cujo valor se apresenta na tabela
3.3.
𝑉𝑏𝑎𝑡 (3.3)
𝐿=
4 ∆𝐼𝐿 𝑓𝑐
13
Em que 𝑉𝑏𝑎𝑡 é a tensão aos terminais da bateria (e do condensador) e 𝑈𝐷𝐶 representa uma fonte
de tensão contínua, cujo valor é estudado no capitulo seguinte deste trabalho. A frequência de
comutação, 𝑓𝑐 , do conversor considerou-se igual a (3.5) e o período de comutação, 𝑇𝐶 , é o seu
inverso.
𝑓𝑐 = 10 kHz (3.5)
Para o tremor máximo da corrente no conversor, ∆𝐼𝐿 , e da tensão aos terminais do condensador,
∆𝑉𝑏𝑎𝑡 , consideram os seguintes valores:
Como já foi referido anteriormente, o controlo de corrente será responsável por gerar os sinais
de disparo dos semicondutores S1 e S2. Neste processo considera-se um erro da corrente 𝐼𝐿 ,
𝑒𝐼𝐿 , dado por (3.8), que se pretende que seja nulo, isto é, (3.9).
14
𝑒𝐼𝐿 = 𝐼𝐿𝑟𝑒𝑓 − 𝐼𝐿 (3.8)
𝐼𝐿 = 𝐼𝐿𝑟𝑒𝑓 (3.9)
O controlo passa assim por analisar o valor de 𝑒𝐼𝐿 , de acordo com o seguinte raciocínio:
𝑑𝐼𝐿
Se 𝑒𝐼𝐿 > 0 ⇒ 𝐼𝐿𝑟𝑒𝑓 > 𝐼𝐿 ⇒ 𝐼𝐿 ↑ ⇒ > 0 ⇒ S1 ON
𝑑𝑥
𝑑𝐼𝐿
Se 𝑒𝐼𝐿 < 0 ⇒ 𝐼𝐿𝑟𝑒𝑓 < 𝐼𝐿 ⇒ 𝐼𝐿 ↓ ⇒ < 0 ⇒ S2 ON
𝑑𝑥
Desta forma, a corrente medida 𝐼𝐿 é comparada com a 𝐼𝐿_𝑟𝑒𝑓 (imposta pelo supervisor), o erro é
avaliado e em seguida é feita a escolha do semicondutor em condução.
𝑇𝑍 (3.11)
𝐾𝑃 =
𝑇𝑃
1
𝐾 =
{ 𝐼 𝑇𝑃
15
Figura 3.6 - Diagrama de blocos do controlador de tensão no conversor DC/DC
A relação entre a corrente de referência à saída do compensador, 𝐼𝐿𝑟𝑒𝑓 , e a corrente que corre
na bobina do conversor DC/DC, 𝐼𝐿 , é dada por (3.12), uma vez que o ganho destas é unitário. A
contante de tempo 𝑇𝐷 representa o atraso na resposta do conversor e o seu valor encontra-se
na tabela 3.4.
𝐼𝐿 1 (3.12)
≅
𝐼𝐿𝑟𝑒𝑓 1 + 𝑠𝑇𝐷
Através da análise da figura 3.8, que representa uma ampliação da figura 3.5 em que se observa
a dinâmica das correntes no nó do conversor, é possível definir a corrente, 𝐼𝐶 , que passa no
condensador, 𝐶, como uma subtração da corrente que passa pela bobina do conversor, 𝐼𝐿 , pela
corrente da bateria, 𝐼𝑏𝑎𝑡 , (3.13). Por outro lado, a corrente 𝐼𝐶 pode ser dada por (3.14).
𝐼𝐶 = 𝐼𝐿 − 𝐼𝑏𝑎𝑡 (3.13)
𝑑𝑉𝑏𝑎𝑡 (3.14)
𝐼𝐶 = 𝐶
𝑑𝑡
1 (3.15)
𝑉𝑏𝑎𝑡 = 𝐼
𝑠𝐶 𝐶
16
Figura 3.7 - Representação do andar de saída do conversor DC/DC na ligação à bateria
De acordo com as expressões anteriores e através da análise do diagrama da figura 3.6, é agora
possível calcular os ganhos para o compensador, (3.18) e (3.19), através da comparação do
denominador da função de transferência em cadeia fechada do controlador de tensão, (3.16),
com o polinómio característico de um sistema de terceira ordem na forma canónica, (3.17). A
constante 𝛼𝑉 representa o ganho de amostragem de tensão e o seu valor encontra-se na tabela
3.4, assim como os valores dos ganhos do compensador.
1 + 𝑠𝑇𝑍 (3.16)
𝑉𝑏𝑎𝑡 (𝑠) 𝑇𝑃 𝑇𝐷 𝐶
𝐹(𝑠) = =
𝑉𝑏𝑎𝑡𝑟𝑒𝑓 (𝑠) 𝑠 3 + 1 𝑠 2 + 𝛼𝑉 𝐾𝑃 𝑠 + 𝛼𝑉 𝐾𝐼𝑉
𝑇𝐷 𝑇𝐷 𝐶 𝑇𝐷 𝐶
2.15𝐶 (3.18)
𝐾𝑃 =
𝛼𝑉 𝑇𝐷 (1.75)2
𝐶 (3.19)
𝐾𝐼 = 2
𝛼𝑉 𝑇𝐷 (1.75)3
𝜶𝑽 𝑻𝑫 (𝐦𝐬) 𝑲𝑷 𝑲𝑰
17
3.4. Supervisor
O supervisor é o sistema de decisão que será responsável por determinar qual a referência que
cada controlador do SAE deve seguir, em cada instante. Este sistema não é linear e
fundamenta-se em funções que são definidas pelo utilizador, através do MATLAB Functions, do
Matlab/Simulink.
I_linha=0A I_out=-I_bat
Caso se verifique que o SOC atingiu a sua capacidade total (SOC=100%), a corrente de
saída do supervisor é nula, de forma a que se assegure que o sistema não está a injetar
nem a consumir, até que seja necessário descarregar novamente a bateria;
18
Se o SOC for inferior ao valor definido de carga limite, mesmo que estejamos perante
uma situação de rede em ilha ou nivelamento de carga, a corrente de saída será nula
para que o sistema não descarregue;
Por último, caso o SOC seja igualmente inferior ao valor de carga limite definido, e não
estejamos perante uma situação de rede em ilha ou nivelamento de carga, a corrente de
saída será igual á do controlador de tensão do SAE e, como tal, o sistema carrega
normalmente.
19
20
4. Conversão DC/AC
Um conversor DC/AC é alimentado por tensão contínua (DC) à sua entrada proveniente, por
exemplo, de um SAE ou de um sistema de µG, e converte-a em tensão e corrente alternada
sinusoidal (AC).
No caso dos conversores DC/AC estarem ligados à rede, devem permitir a injeção de uma
corrente sinusoidal em fase com a tensão da rede de baixa tensão (BT). Se estiverem a trabalhar
em ilha, ou seja, isolados da rede elétrica de BT, deverão garantir o controlo da tensão de saída.
S1 S3
UDC VPWM
S2 S4
21
Este inversor é, numa primeira abordagem, alimentado por uma fonte de tensão contínua 𝑈𝐷𝐶
que representa, por exemplo, no caso de µG fotovoltaica, a tensão de saída dos painéis
fotovoltaicos. Para garantir o correto funcionamento do inversor, a tensão 𝑈𝐷𝐶 tem de verificar
(4.1), onde 𝑉0 é o valor eficaz da tensão da rede de BT.
Num inversor em ponte completa pode-se recorrer à modulação a dois níveis ou a três níveis
mas para garantir menores conteúdos harmónicos e minimizar os componentes de filtragem,
optou-se pela modulação por largura de impulso (PWM - Pulse Width Modulation) de três níveis
e definiu-se uma frequência de comutação (4.3) muito superior à frequência fundamental da rede,
𝑓, ou seja, a frequência da portadora será muito maior que a frequência da modulante.
𝑓𝑐 = 10 kHz (4.3)
Como se pode observar pela figura 4.2, neste tipo de modulação a tensão de saída é positiva
quando a modulante é maior do que as duas portadoras, é nula quando a modulante é superior
a apenas uma das portadoras e é negativa quando é menor do que as duas portadoras, [].
22
No que respeita ao funcionamento deste tipo de inversores, existem algumas restrições no
sentido de evitar curto-circuitos, por isso os dois semicondutores de um mesmo braço devem
conduzir de forma alternada. Deste modo, a tensão de saída do inversor, 𝑉𝑃𝑊𝑀 , é dada por:
𝑈𝐷𝐶 , 𝑠𝑒 𝑆1 𝑒 𝑆4 𝑂𝑁 (4.4)
𝑉𝑃𝑊𝑀 = { 0, 𝑠𝑒 𝑆1 𝑒 𝑆2 𝑜𝑢 𝑆3 𝑒 𝑆4 𝑂𝑁
−𝑈𝐷𝐶 , 𝑠𝑒 𝑆2 𝑒 𝑆3 𝑂𝑁
1, 𝑠𝑒 𝑆1 𝑒 𝑆4 𝑂𝑁 (4.5)
𝛾 = { 0, 𝑠𝑒 𝑆1 𝑒 𝑆2 𝑜𝑢 𝑆3 𝑒 𝑆4 𝑂𝑁
−1, 𝑠𝑒 𝑆2 𝑒 𝑆3 𝑂𝑁
Resultante de (4.4) e (4.5), a tensão de saída do inversor pode ser dada por:
Uma vez que a tensão 𝑉𝑃𝑊𝑀 (4.6) é uma tensão comutada, para se proceder à conexão do
inversor à rede tem de ser feito o dimensionado de um filtro; neste caso optou-se por um filtro
indutivo, representado na figura 4.3.
23
Na ligação do inversor à rede, é utilizada uma bobina de filtragem 𝐿0 , dimensionada de acordo
com (4.7), [Silva 2013], onde 𝑈𝐷𝐶 é a tensão contínua à entrada do inversor, ∆𝐼0 o tremor da
corrente injectada na rede e 𝑓𝑐 a frequência de comutação. Os valores de 𝑈𝐷𝐶 e de 𝑓𝑐 foram já
referidos na secção anterior e ∆𝐼0 assume-se que é 5% da corrente máxima que o microgerador
pode injetar na rede, 𝐼0 .
𝑈𝐷𝐶 (4.7)
𝐿0 =
4 ∆𝐼0 𝑓𝑐
𝑳𝟎 (𝐇) 𝑹𝑳 (Ω)
0.0150 0.1
24
Pretende-se que a corrente a injetar na rede (𝐼0 ) siga a de referência (𝐼0𝑟𝑒𝑓 ), que será determinada
com base no valor máximo de potência que é possível extrair do microgerador, e tenha um fator
de potência quase unitário.
𝐿0 (4.10)
𝑇𝑍𝐼 =
𝑅𝑇
𝑅𝑇 = 𝑅𝐿 + 𝑅0 (4.11)
Considera-se que a perturbação introduzida pela tensão da rede pode ser representada por uma
resistência equivalente 𝑅0 , a qual pode ser calculada fazendo o quociente do valor eficaz da
tensão da rede, 𝑉0 , e o valor eficaz da corrente injectada pelo microgerador, 𝐼0 , (4.12).
𝑉0 (4.12)
𝑅0 =
𝐼0
O valor do ganho 𝐺𝑉 é obtido pelo quociente (4.14), onde 𝑈𝐶𝑚𝑎𝑥 representa a amplitude máxima
da modulante.
𝑈𝐷𝐶 (4.14)
𝐺𝑉 =
𝑈𝐶𝑚𝑎𝑥
25
Admite-se que o valor da constante de tempo 𝑇𝐷𝐼 é metade do período de comutação 𝑇𝐶 (4.15),
que por sua vez é dado por (4.16):
𝑇𝐶 (4.15)
𝑇𝐷𝐼 =
2
1 (4.16)
𝑇𝐶 =
𝑓𝐶
𝐺𝑉 𝛼𝐼 (4.17)
𝐼0 (𝑠) 𝑇𝐷𝐼 𝑇𝑃𝐼 𝑅𝑇
𝐹𝐼 (𝑠) = =
𝐼0𝑟𝑒𝑓 (𝑠) 1 𝐺𝑉 𝛼𝐼
𝑠2 + 𝑠 +
𝑇𝐷𝐼 𝑇𝐷𝐼 𝑇𝑃𝐼 𝑅𝑇
2 𝐺𝑉 𝛼𝐼 𝑇𝐷𝐼 (4.19)
𝑇𝑃𝐼 =
𝑅𝑇
26
4.1.3. Sincronização com a rede
dividida pelo seu valor eficaz, o que origina uma forma de onda igual à da tensão da rede mas
com o valor eficaz de 1V. Posteriormente, é feita uma multiplicação desta tensão por uma
constante, 𝐼_𝑟𝑒𝑓 , com o valor da corrente de referência, [Silva 2009], [Silva 2011], [].
I_ref
I0_ref
Multiplicador
V0
Divisor
Valor RMS
Inicialmente, considerou-se que o inversor monofásico seria alimentado por uma fonte de tensão
contínua 𝑈𝐷𝐶 , que representaria a tensão de saída dos painéis fotovoltaicos. No entanto, na
realidade, esta tensão não é constante e conta com algumas perturbações. Assim sendo, é
necessário utilizar um condensador de filtragem, 𝐶𝐷𝐶 , que irá garantir a redução do tremor da
tensão no andar DC e o correto funcionamento do inversor.
1 (4.20)
𝑊𝑐𝑜𝑛𝑑 = 𝐶 ∆𝑉 2
2 𝐷𝐶 𝐷𝐶
2 𝑃𝑏𝑎𝑡 ∆𝑡 (4.21)
𝐶𝐷𝐶 =
𝑉𝐷𝐶 𝑚𝑎𝑥 − 𝑉𝐷𝐶 2 𝑚𝑖𝑛
2
Em que 𝑃𝑏𝑎𝑡 representa a potência da bateria, dada por (4.22) e ∆𝑡 considerou-se igual a dez
períodos da rede, (4.23).
27
𝑃𝑏𝑎𝑡 = 𝑉𝑏𝑎𝑡 𝐼𝑏𝑎𝑡 (4.22)
∆𝑡 = 10𝑇 (4.23)
Os dados utilizados e o resultado para o valor de 𝐶𝐷𝐶 podem ser consultados na tabela seguinte:
𝑷𝒃𝒂𝒕 (W) ∆𝒕 (ms) 𝑽𝑫𝑪 𝒎𝒂𝒙 (V) 𝑽𝑫𝑪 𝒎𝒊𝒏 (V) 𝑪𝑫𝑪 (F)
O sistema de controlo de corrente pode ser representado pela seguinte função de transferência
(4.24), [Pinto 2011b].
𝐺𝐼 (4.24)
𝐼𝐷𝐶 𝛼𝐼
≅
𝐼_𝑟𝑒𝑓 1 + 𝑠𝑇𝐷𝑉
28
DC considerou-se igual a quatro períodos da rede, 𝑇, (4.26). A constante, 𝛼𝐼 , representa o ganho
de amostragem de corrente.
𝑉0 (4.25)
𝐺𝐼 =
√2 𝑉𝐷𝐶 ,
𝑇𝐷𝑉 = 4 𝑇 (4.26)
Através da análise da figura 4.7, que representa a dinâmica entre a tensão no andar DC, 𝑉𝐷𝐶 , e
as correntes do nó de ligação do condensador 𝐶𝐷𝐶 , é possível concluir que a corrente proveniente
do sistema proposto (que vem da bateria), 𝐼𝑆 , é igual à soma da corrente do andar DC, 𝐼𝐷𝐶 , com
a corrente no condensador, 𝐼𝐶𝐷𝐶 , e assim definir esta última como:
𝑑𝑉𝐷𝐶 (4.28)
𝐼𝐶𝐷𝐶 = 𝐶𝐷𝐶
𝑑𝑡
29
1 (4.29)
𝑉𝐷𝐶 = 𝐼
𝑠𝐶𝐷𝐶 𝐶𝐷𝐶
De acordo com as expressões anteriores e através da análise da figura 4.6, é agora possível
calcular os ganhos proporcional, 𝐾𝑃𝑉 , e integral, 𝐾𝐼𝑉 , para o compensador, 𝐶𝑉 (𝑠), (4.30), através
da função de transferência em cadeia fechada do controlador de tensão, (4.31), garantindo assim
rápidas respostas para a eliminação de possíveis perturbações. A constante 𝛼𝑉 representa o
ganho de amostragem de tensão.
(𝑇 𝑠 + 1) (4.31)
𝑉𝐷𝐶 (𝑠) 𝑠 𝐷𝑉
𝑇𝐷𝑉 𝐶𝐷𝐶
𝐹𝑉 (𝑠) = =
𝐼𝑆 (𝑠) 1 𝛼 𝐺𝐾 𝛼 𝐺𝐾
𝑠3 + 𝑠 2 + 𝑉 𝐼 𝑃𝑉 𝑠 + 𝑉 𝐼 𝐼𝑉
𝑇𝐷𝑉 𝑇𝐷𝑉 𝐶𝐷𝐶 𝛼𝐼 𝑇𝐷𝑉 𝐶𝐷𝐶 𝛼𝐼
2.15𝐶𝐷𝐶 𝛼𝐼 (4.33)
𝐾𝑃𝑉 =
𝛼𝑉 𝐺𝐼 𝑇𝐷𝑉 (1.75)2
𝐶𝐷𝐶 𝛼𝐼 (4.34)
𝐾𝐼𝑉 = 2
𝛼𝑉 𝐺𝐼 𝑇𝐷𝑉 (1.75)3
Os valores dos parâmetros para o controlo de tensão no andar DC, do inversor monofásico,
encontram-se na tabela 4.4.
30
4.1.5. Simulação do Inversor Monofásico ligado à rede
Na figura 4.8 está representada a tensão de saída do inversor trifásico, 𝑉𝑃𝑊𝑀 , que indica o correto
funcionamento da modulação escolhida. Verifica-se, também, que esta tensão é limitada pelo
valor de 𝑈𝐷𝐶 , (4.2).
A THD da corrente foi também analisada e verificou-se ser inferior a 1%. De acordo com a norma
[EN 50438], os valores de THD de corrente devem ser inferiores a 5% e, como tal, considerou-
se que este sistema se encontra dentro do perfil pretendido.
Na figura 4.9, a forma de onda a rosa representa a corrente à saída do inversor monofásico, 𝐼0 ,
enquanto que a forma de onda azul mostra a tensão da rede, 𝑉0 . De realçar que a forma de onda
da tensão foi multiplicada por um fator de escala igual a 0.05, de maneira a permitir uma melhor
comparação entre as duas formas ondas apresentadas. Através desta figura é possível visualizar
que o inversor monofásico permite a injeção de correntes sinusoidais em fase com a tensão da
rede, isto é, a corrente e a tensão encontram-se em sincronismo.
31
Figura 4.9 - Tensão da rede e corrente injetada pelo inversor monofásico
32
4.2. Inversor Trifásico Ligado à Rede
O inversor trifásico de tensão em ponte completa é constituído por seis semicondutores de
potência comandados (IGBT’s) e respetivos díodos de roda livre em antiparalelo, dispostos por
três braços, como se pode verificar pelo esquema da figura 4.10. O objetivo desde inversor é
também a conversão de tensão contínua em tensão alternada (DC/AC), mas agora para o caso
em que a instalação de µG é trifásica, isto é, para potências mais elevadas do que as utilizadas
nos inversores monofásicos.
S1 S3 S5
A
UDC B VAB
IA VAC
IB VBC
C
IC
S2 S4 S6
No inversor trifásico, a tensão de saída, 𝑈𝐷𝐶 , deverá igualmente verificar (4.1), onde 𝑉0 é o valor
eficaz da tensão composta da rede BT e, como tal, considerou-se (4.35) de modo a garantir o
correto funcionamento deste inversor.
No que respeita à modulação sinusoidal, neste caso, optou-se pela modulação de largura de
impulso (PWM) de dois níveis, onde a tensão de saída é positiva, se a onda modulante for maior
que a portadora e negativa, caso seja menor (sendo a portadora definida como uma onda
triangular de amplitude igual a 1V). Este tipo de modulação está exemplificado na figura 4.11.
33
Figura 4.11 - Modulação de largura de impulso de dois níveis, [Silva 2013]
𝑓𝑐 = 4350 𝐻𝑧 (4.36)
𝑓𝑐 (4.37)
𝑝=
𝑓
34
Com o intuito de simplificar os cálculos a efetuar para controlar o disparo dos semicondutores, é
necessário realizar transformações de variáveis de forma a transformar o sistema trifásico
variável num sistema bifásico invariante no tempo. Para isso, são efetuadas duas
transformações: a transformação de Concordia e a transformação de Park.
1
1 0
√2 (4.39)
2 1 √3 1
𝐂= √ −
3 2 2 √2
1 √3 1
− −
[ 2 2 √2]
𝑥𝛼 𝑥𝐴 (4.40)
[𝑥𝛽 ] = 𝐂 𝐓 𝑥
[ 𝐵]
𝑥𝛾 𝑥𝐶
Fazendo coincidir o eixo α com a fase A, e sabendo que a componente homopolar 𝑥𝛾 é nula, a
transformação pode ser dada por (4.41):
𝑥𝛼 1 0
⌈𝑥 ⌉ = [ 1 2 ] ⌈ 𝑥𝐴 ⌉ (4.41)
𝛽 𝑥𝐵
√3 √3
A conversão inversa é também possível, ou seja, a passagem do sistema bifásico para o sistema
trifásico, através de (4.42):
1 0
(4.42)
𝑥𝐴 1 √3
− 𝑥𝛼
[𝑥𝐵 ] = 2 2 ⌈𝑥 ⌉
𝛽
𝑥𝐶 1 √3
[− 2 − ]
2
35
Esta transformação vem garantir a invariância do sistema no tempo, isto é, as tensões ou as
correntes passam a ser valores contínuos e não sinusoidais.
𝑥𝑑 𝑥𝛼
[𝑥 ] = 𝐏 𝐓 [𝑥 ] (4.44)
𝑞 𝛽
Para o inversor trifásico, considerou-se um filtro LC de ligação à rede BT, como se pode observar
pelo esquema da figura 4.12.
𝑈𝐷𝐶 (4.46)
𝐿0 =
6 ∆𝐼0 𝑓𝑐
36
Este dimensionamento é efetuado de modo a limitar o tremor da corrente, ∆𝐼0 , que não deverá
exceder 5% da corrente máxima que o microgerador consegue injetar na rede, 𝐼0 . Para a
resistência interna 𝑅𝐿 , considerou-se o mesmo valor utilizado no caso do inversor monofásico.
𝑉0 𝐼0 (4.47)
𝐶0 = 0.05
3 × 2 𝜋 𝑓 𝑉0max 2
Na tabela seguinte são exemplificados os valores do filtro LC do inversor trifásico de tensão, para
(4.48):
O sistema de controlo da corrente injetada na rede pelo inversor trifásico será idêntico ao
proposto para o inversor monofásico. No entanto, dado que agora existem duas componentes
para as correntes injetadas na rede (𝐼0𝑑 𝑒 𝐼0𝑞 ), é necessário utilizar dois compensadores de
corrente, um para cada uma das componentes, como de pode verificar pela figura 4.13 que
representa o diagrama de blocos do controlador de corrente para o sistema desacoplado, [].
37
wL
- -
I0d_ref Hd
Compensador
+ + V0d I0d
Modulador
+ Filtro
Conversor
I0q_ref + V0q I0q
Compensador
+ Hq
- +
wL
Desta forma, o cálculo dos parâmetros do controlador de corrente para o inversor trifásico é feito
novamente de acordo com as expressões (4.10), (4.14), (4.15) e (4.19).
38
Figura 4.14 - Modelo de sincronismo do inversor trifásico, [Martins 2009]
Os dados utilizados e o resultado para o valor de 𝐶𝐷𝐶 podem ser consultados na tabela 4.7. Estes
valores foram obtidos considerando novamente (4.21), (4.22) e (4.23).
𝑷𝒃𝒂𝒕 (W) ∆𝒕 (ms) 𝑽𝑫𝑪 𝒎𝒂𝒙 (V) 𝑽𝑫𝑪 𝒎𝒊𝒏 (V) 𝑪𝑫𝑪 (F)
39
O ganho do inversor controlador em corrente, 𝐺𝐼 , (4.53) é obtido através da relação das potências
de entrada e de saída, isto é, através da relação entre a potência no lado DC e da rede, (4.49).
Como neste caso se estuda um sistema trifásico e se considera a tensão apenas segundo o eixo
d, 𝑉0𝑑 , (4.52), a expressão (4.50) equivale a ter (4.51).
𝑉0𝑑 = √3 𝑉0 (1.52)
O atraso, 𝑇𝐷𝑉 , da resposta da tensão no andar DC, considerou-se igual a dois períodos da rede,
𝑇:
𝑇𝐷𝑉 = 2 𝑇 (4.54)
Os ganhos proporcional, 𝐾𝑃𝑉 , e integral, 𝐾𝐼𝑉 ,foram obtidos através das expressões (4.33) e (4.34)
e são apresentados na tabela 4.8, juntamente com os restantes parâmetros do controlador de
tensão.
40
4.2.5. Simulação do Inversor Trifásico ligado à rede
Na figura 4.15 está representada a tensão de saída do inversor trifásico, 𝑉𝐴𝐶 , que indica o correto
funcionamento da modulação escolhida.
As formas de onda das correntes à saída do inversor trifásico, para cada uma das fases, 𝐼0 , estão
apresentadas na figura 4.16, considerando (4.48). Assim, verificar-se que o inversor permite a
injeção de formas de onda de correntes sinusoidais e o equilíbrio entre fases. Constatou-se,
também para o inversor trifásico, uma THD da corrente inferior a 1%.
Na figura 4.17, a forma de onda a rosa representa novamente a corrente à saída do inversor
trifásico, 𝐼0 , enquanto que a forma de onda azul mostra a tensão da rede, 𝑉0 , ambas em apenas
uma das fase. A forma de onda da tensão foi novamente multiplicada por um fator de escala,
desta vez igual a 0.05, de maneira a permitir uma melhor comparação entre as duas formas de
ondas apresentadas. Através desta figura confirma-se o sincronismo entre a corrente injetada
pelo inversor trifásico e a tensão da rede.
41
Figura 4.16 - Correntes injetadas na rede pelo inversor trifásico
42
4.3. Inversor Trifásico Isolado da Rede
Neste trabalho, a rede em ilha funcionará em modo isolado de forma a fornecer energia quando
se dá uma interrupção total da linha em ilha e, como tal, foi necessário fazer um controlo adicional
para o caso em que não há ligação à rede.
No caso da rede em ilha, contrariamente com o que acontece na ligação à rede, é necessário
referências para ambas a correntes, 𝐼0𝑑 e 𝐼0𝑞 , pois o sistema deve ter a capacidade de injetar
potência ativa e reativa.
Outro aspeto importante é que como se fica apenas com o SAE a alimentar a carga, já não faz
sentido controlar o andar DC mas sim a tensão na carga, ou seja, 𝑉0𝑑 e 𝑉0𝑞 . Isto é, quando o
sistema está ligado à rede, assume-se que o que está a impor tensão é a própria rede e o que
se controla é a corrente mas quando o sistema está isolado não existe nada que lhe esteja a
impor a tensão, logo tem que ser feito o seu controlo.
1 (4.55)
𝑇𝐷𝑉 =
2𝑓𝑐
43
Figura 4.19 - Representação da dinâmica das correntes para o controlo em ilha
44
Posteriormente é feito o controlo de corrente em coordenadas dq da mesma forma que foi feito
para a ligação à rede e a sua passagem para coordenadas ABC, de forma a estabelecer a nova
modulante, que será responsável pela geração dos sinais de disparo dos semicondutores do
inversor (ver figura 4.21).
Para garantir que a tensão no andar DC continua a ser controlada, foi também estabelecida uma
corrente de descarga da bateria (dentro dos limites tabelados pelo fornecedor) para o
funcionamento de rede em ilha, com base na igualdade de potências entre a rede e a bateria.
Assim, quando o sistema isolado entra em funcionamento, o supervisor dá ordem para que a
corrente de descarga seja a calculada através da igualdade de potências.
Para analisar o cenário da rede em ilha foram medidas as seguintes variáveis: 𝐼𝑟𝑚𝑠_𝑐 , 𝐼𝑟𝑚𝑠_𝑙 ,
𝑉𝑟𝑚𝑠 _𝑙, SOC, 𝐼𝑏𝑎𝑡 e 𝑉𝑏𝑎𝑡 , que podem ser consultadas nos gráficos dos resultados finais.
Nas figuras 4.21, 4.22 e 4.23, é possível verificar o correto funcionamento dos controladores
dimensionados para o caso da rede isolada, através da análise da modulante resultante, das
tensões aos terminais da carga e dos erros das componentes d e q.
45
Figura 4.22 - Rede em Ilha: Tensões aos terminais da carga
46
5. Resultados obtidos
De realçar que o transformador escolhido tem uma potência nominal de 630kVA e o nível de
tensão no lado do primário é de 30kV. Cada carga apresenta uma potência igual a 10kW e o
cabo utilizado para as linhas de distribuição é o LSVAV 4 x 95.
O segundo cenário é a construção de uma rede em ilha, que funcionará em paralelo com a rede
de distribuição de forma a fornecer energia quando se dá uma interrupção total da linha, que
corresponde ao caso em que se desliga o interruptor SA da figura 5.1.
Estes dois cenários serão estudados mais pormenorizadamente nos subcapítulos seguintes.
47
5.1.1. Nivelamento de Carga
O nivelamento de carga é uma das formas que permite melhorar a QEE através de um SAE.
Esta técnica permite que quando a carga precisa de consumir uma potência mais elevada do
que a rede consegue fornecer, essa energia seja introduzida pelo sistema de armazenamento,
evitando assim perturbações na tensão da rede.
A figura seguinte ilustra o nivelamento de carga. A linha reta representa a potência máxima que
se pretende que a rede injete na carga (potência instalada) e o sombreado cinzento corresponde
à zona em que o SAE atua, ou seja, ao excedente fornecido pelas baterias. Assim, quando a
carga pede à rede uma corrente muito elevada, o sistema de armazenamento vai intervir de
forma a descarregar as baterias e assim fornecer energia à carga em questão.
Para simular este cenário em ambiente Matlab/Simulink foram feitas algumas alterações no
laboratório virtual. Considerou-se que no final de uma das linhas de distribuição se encontram
duas cargas em paralelo, ambas de 10kW, e foi inserido um interruptor (SB da figura 5.1) que
permite a ligar/desligar uma das cargas. Quando o interruptor é acionado, a corrente pedida à
rede vai duplicar uma vez que vai ser necessário alimentar as duas cargas. O SAE irá atuar
quando a corrente pedida pelas cargas atingir um determinado limite de corrente estabelecido
pelo supervisor (Icarga>=50A), definindo assim uma potência máxima aplicável para a rede.
De forma a analisar este cenário foram medidos os valores eficazes das correntes na carga,
𝐼𝑟𝑚𝑠_𝑐 , das correntes na linha, 𝐼𝑟𝑚𝑠_𝑙 , e da tensão na linha, 𝑉𝑟𝑚𝑠 _𝑙, assim como, as seguintes
variáveis da bateria: SOC, 𝐼𝑏𝑎𝑡 e 𝑉𝑏𝑎𝑡 .
48
5.2. Resultados Finais
Nesta secção são expostos e analisados os resultados finais dos testes feitos em ambiente
Matlab/Simulink, para os cenários de nivelamento de carga e de rede em ilha.
Na figura 5.3 é possível observar os valores eficazes da corrente na carga, 𝐼𝑟𝑚𝑠_𝑐 , e da tensão
na linha, 𝑉𝑟𝑚𝑠 _𝑙. Ao analisar o primeiro gráfico, correspondente à 𝐼𝑟𝑚𝑠_𝑐 , verifica-se que
inicialmente a rede de distribuição está a alimentar apenas uma carga de 10kW, equivale aos
43.5A que se observa no gráfico, até ao segundo 0.5 (ou seja, durante 50min). Posteriormente,
o interruptor SB é ligado e passa a ser necessário alimentar duas cargas, ou seja, 20kW, equivale
aos 87A que se visualiza no gráfico. Neste caso, o SAE irá atuar e a bateria descarregar, como
se pode ver pela figura 5.4. Isto acontece porque, neste caso, a corrente pedida pelas cargas é
maior que 50A e, como tal, o supervisor dá ordem para a bateria descarregar a corrente
constante.
Através da análise do valor eficaz da tensão na rede, 𝑉𝑟𝑚𝑠 , verifica-se que esta desce quando a
bateria está a carregar e aumenta quando a bateria está a descarregar. No entanto, encontra-se
sempre dentro de os limites definidos pela norma portuguesa [EN 50160], isto é, 230+/-10%, que
se encontram definidos no gráfico a vermelho.
49
Figura 5.3 - Nivelamento de Carga: 𝑰𝒓𝒎𝒔_𝒄 , 𝑰𝒓𝒎𝒔_𝒍 e 𝑽𝒓𝒎𝒔_𝒍 ; 𝑺𝑶𝑪𝒊 =80%, SAE monofásico
Figura 5.4 - Nivelamento de Carga: 𝑺𝑶𝑪, 𝑰𝒃𝒂𝒕 e 𝑽𝒃𝒂𝒕 ; 𝑺𝑶𝑪𝒊 =80%, SAE monofásico
50
Em seguida, testou-se o cenário de nivelamento de carga novamente para o modelo de SAE
trifásico mas agora com a bateria num estado de carga inicial igual a 10% e com um sistema
equilibrado, com o objetivo de avaliar o andamento do sistema de armazenamento e o
funcionamento do supervisor, numa situação distinta das anteriores.
Pela observação da figura 5.5, consegue-se perceber quando a bateria está a carregar (até
t=0.5s), a rede alimenta apenas uma carga por fase e as correntes nas linhas fornecem energia
para carregar a bateria. Em t=0.5s, uma vez que se liga duas cargas em cada fase, o sistema
começa a descarregar e consequentemente a corrente na linha diminui e a tensão na rede
aumenta.
Através da figura 5.6, observa-se que aproximadamente em t=0.7s, a corrente da bateria é nula.
Isto acontece porque se definiu no supervisor que a bateria não poderia descarregar totalmente
e foi estabelecida a percentagem de 20% para o estado de carga mínimo. Assim, quando
SOC=20% o supervisor dá instruções para que a corrente 𝐼𝑏𝑎𝑡 seja nula e o sistema só volta a
funcionar quando for para carregar novamente a bateria, como acontece depois em t=1s. De
acrescentar também que, neste intervalo (até t=1s), a corrente na linha aumenta ligeiramente e
consequentemente a tensão na linha diminui, isto deve se ao fato de, do ponte de vista da rede,
o sistema estar a consumir de forma a manter os 20% de carga disponíveis.
Finalmente, em t=1min, volta-se a ter apenas uma carga por fase e, como tal, o sistema de
armazenamento começa a carregar a bateria, a corrente na linha aumenta e a tensão na linha
diminui. Em t=1.5min ligam-se de novo mais uma carga por fase e o sistema de armazenamento
descarrega para alimentar as cargas, a corrente na linha diminui e a tensão na linha, aumenta.
Mais uma vez, confirma-se que o valor eficaz da tensão na rede, 𝑉𝑟𝑚𝑠 , encontra-se dentro de os
limites definidos, que são se encontram definidos por linhas verdes no último gráfico da figura
5.5.
Dos resultados finais obtidos para o nivelamento de carga, conclui-se que o sistema de
armazenamento proposto cumpre todas as especificações pretendidas, assim como se verifica
o correto funcionamento dos controladores. Desta forma, considera-se que este sistema
apresenta uma boa solução para o caso do nivelamento de carga, contribuindo para mitigar
perturbações na rede que possam surgir quando as cargas consomem mais corrente do que a
aplicável de acordo com a potência instalada no sistema elétrico em causa.
51
Figura 5.5 - Nivelamento de Carga: 𝑰𝒓𝒎𝒔_𝒄 , 𝑰𝒓𝒎𝒔_𝒍 e 𝑽𝒓𝒎𝒔_𝒍 ; 𝑺𝑶𝑪𝒊 =10%, SAE trifásico
Figura 5.6 - Nivelamento de Carga: 𝑺𝑶𝑪, 𝑰𝒃𝒂𝒕 e 𝑽𝒃𝒂𝒕 ; 𝑺𝑶𝑪𝒊 =10%, SAE trifásico
52
5.2.2. Introdução de Microgeração
Figura 5.7 - Introdução de Microgeração: 𝑺𝑶𝑪, 𝑰𝒃𝒂𝒕 e 𝑽𝒃𝒂𝒕 ; 𝑺𝑶𝑪𝒊 =20%, SAE trifásico
53
Na figura 5.9 observa-se o andamento do valor eficaz da tensão medida na linha e verifica-se o
seu aumento após a introdução de microgeração. Considera-se que este aumento não é maior
devido à presenta de um sistema de armazenamento que se encontra a carregar, mitigando
assim a possibilidade de grandes aumentos de 𝑉𝑟𝑚𝑠 e garantindo o seu valor dentro dos limites
definidos a verde.
Como já foi referido, uma vantagem da rede em ilha é poder trabalhar isolada da rede de
distribuição principal, em situações de perturbação e em que é necessário alimentar cargas
criticas por um curto intervalo de tempo, e é nesse sentido que vamos avaliar o comportamento
do sistema de armazenamento proposto.
Através da análise da figura 5.10, é possível observar o correto funcionamento dos controladores
projetados: no primeiro gráfico, apresenta-se a modulante resultante dos controladores (as
formas de ondas podem ser consultadas anteriormente, na figura 4.21, com uma escala mais
adequada); no segundo gráfico, verifica-se que a corrente na linha é aproximadamente zero; e
no último gráfico demonstra-se que a tensão na linha mantém-se constante e igual a 230.
O SAE apresenta um estado de carga inicial máximo (𝑆𝑂𝐶𝑖 =100%), ou seja, a bateria encontra-
se completamente carregada. Quando a corrente na linha é nula, o sistema começa a
descarregar, até atingir o estado de carga limite (SOC=20%). Durante a descarga, a corrente na
bateria é igual à corrente calculada através da igualdade de potências que se apresenta
aproximadamente constante e, consequentemente, o mesmo acontece com a tensão na bateria.
54
Figura 5.10 - Rede em Ilha: Modulante, 𝑰𝒓𝒎𝒔_𝒍 e 𝑽𝒓𝒎𝒔_𝒍 ; 𝑺𝑶𝑪𝒊 =100%, SAE trifásico
Figura 5.11 - Rede em Ilha: 𝑺𝑶𝑪, 𝑰𝒃𝒂𝒕 e 𝑽𝒃𝒂𝒕 ; 𝑺𝑶𝑪𝒊 =100%, SAE trifásico
55
Dos resultados finais obtidos para a rede em ilha, conclui-se que o sistema de armazenamento
proposto cumpre todas as especificações pretendidas e verifica-se o correto funcionamento dos
controladores projetados. Assim, considera-se que o funcionamento da rede em ilha em modo
isolado pode ser utilizado para mitigar casos de interrupções nas linhas da rede de distribuição
de baixa tensão.
56
6. Conclusões e Trabalho Futuro
6.1. Conclusões
O objetivo principal desta dissertação foi a criação de um laboratório virtual em Matlab/Simulink,
que incluiu a construção de um SAE, dos modelos de conversão DC/AC e da rede elétrica de
distribuição. Este laboratório permitiu simular perturbações nas linhas, observar o perfil do valor
eficaz da tensão da rede no ponto de ligação do sistema proposto e analisar a resposta do
mesmo.
O SAE foi constituído pela bateria escolhida, por um conversor DC/DC, pelos controladores de
corrente e tensão e encontra-se subordinado por um supervisor. Para estabelecer a ligação deste
sistema à rede de distribuição, apresentaram-se dois modelos de conversão DC/AC: um inversor
monofásico e outro trifásico. Adicionalmente, foi também apresentado um inversor trifásico
isolado da rede. Para cada um dos inversores em estudo foi explicado o seu funcionamento,
desenvolveram-se os processos de modulação adequados e feito o dimensionamento dos filtros
de ligação à rede de BT e dos controladores necessários.
Neste trabalho foram estudados dois cenários quem têm como objetivo permitir a melhoria da
qualidade e continuidade da onda de tensão na rede, através de um SAE. O primeiro cenário
corresponde ao nivelamento de carga e a sua simulação passa por ligar/desligar cargas e
garantir o fornecimento de energia às mesmas. O segundo cenário foi a construção de uma rede
em ilha, que permitiu fornecer energia a cargas críticas quando se dá uma interrupção total das
linhas de distribuição.
De acordo com os resultados obtidos e ao avaliar o impacto do SAE na tensão da rede, verificou-
se que é diferente o sistema estar a injetar ou a consumir. Através da análise do perfil da tensão
da rede no ponto de ligação do sistema proposto, concluiu-se que quando o SAE está a
descarregar a tensão na rede aumenta e quando está a carregar a tensão na rede diminui.
57
6.2. Perspetivas de Trabalho Futuro
No decorrer desta tese de mestrado, foram surgindo vários temas que poderão vir a ser objeto
de estudo de trabalhos futuros.
No que respeita à rede em ilha, é possível estudar o seu processo de religação à rede, através
de um processo de sincronismo com base na variação da frequência, para que o sistema possa
fazer o paralelo com a rede elétrica.
Também para o caso da rede em ilha, seria interessante o estudo de uma rede com, não apenas
um, mas vários sistemas de armazenamento, onde se teria de projetar o sincronismo entre eles.
Outro aspeto importante seria o estudo económico do sistema proposto, pois embora o SAE seja
uma solução eficaz na resolução dos problemas estudados, pode não ser atualmente a solução
mais rentável.
Para além destas propostas, e uma vez que se concluiu, neste trabalho, que através do
comportamento do SAE é possível alterar o perfil da tensão da rede no ponto de ligação do
sistema, seria interessante fazer o estudo deste processo e avaliar o seu funcionamento.
58
7. Referências Bibliográficas
[Amorim 2007], Amorim, A.; Melo, N.; “Qualidade da Energia Eléctrica - Experiência
EDP como operador da rede distribuição”, Maio 2007.
[Medeiros 2010], Medeiros, J. L. B.; “Operação e controlo de redes em ilha – Parte I”,
Dissertação de Mestrado, Instituto Superior Técnico, Novembro 2010.
59
[Moreira 2013], Moreira, D. A. M.; “Posto de Carregamento de Veículos Eléctricos com
Painel Fotovoltaico, Sistema de Armazenamento e Ligação à Rede
Eléctrica”, Dissertação de Mestrado, Instituto Superior Técnico,
Outubro 2013.
[Paiva 2005], Paiva, J. P. S.; “Redes de Energia Eléctrica – Uma Análise Sistémica”,
IST Press, Lisboa 2005.
[Pinto 2011a], Pinto, S.; Silva, J. F.; Silva, F.; Frade, P.; “Design of a Virtual Lab to
Evaluate and Mitigate Power Quality Problems Introduced by
Microgeneration”, Chapter 8, pp 185-206, in “Electrical Generation and
Distribution Systems and Power Quality Disturbances”, Editor Gregorio
Romero, Intech, November 2011.
[Pinto 2011b], Pinto, S.; Silva J., Lopes, S.; “Smart Microgeneration Systems for
Power Quality Improvement”, International Review of Electrical
Engineering, Praize Worthy Prize, Vol. 6, No. 6, pp. 2723-2735,
November 2011.
[Silva 2009], Silva, F.; Pinto, S. F.; Silva, J. F.; “Impact of Microgeneration on the
Quality of Power: Effect on the Voltage Waveform”, 35th Annual
Conference of the IEEE Industrial Electronics Society - IECON'09, pp
3672-3678, Porto, Portugal, November 2009.
[Silva 2011], Silva, J. F.; Pinto, S. F.; “Advanced Control of Switching Power
Converters”, Cap. 36, pp 1037-1113, Power Electronics Handbook 3rd
edition, Editor M. H. Rashid, Burlington: Butterworth-Heinemann,
ELSEVIER, ISBN: 978-0-12-382036-5, 2011.
[Silva 2012], Silva, J. F.; Santana, J.; Pinto, S. F.; “Conversores Comutados para
Energias Renováveis”, Texto de apoio, Instituto Superior Técnico,
Lisboa 2012.
[Silva 2013], Silva, J. F.; “Electrónica Industrial”, 2nd edition, Série Manuais
Universitários, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa 2013.
60
[Solidal], Condutores Eléctricos, S.A., Quintas e Quintas Condutores Eléctricos,
S.A., http://www.solidal.pt, Maio 2014.
[Wang 2003], Wang, T. C. Y.; Ye Z.; Sinha G.; “Output Filter Design for a Grid-
interconnected Three-phase Inverter”, Power Electronics Specialist
Conference, 2003. PESC '03. 2003 IEEE 34th Annual, Vol.2, pp 779 -
784, Junho de 2003.
61
62
Anexo A - Modelo da Rede Elétrica de Distribuição
Na rede de distribuição portuguesa de média tensão (MT), os níveis de tensão mais usuais são:
10, 15 e 30kV. No que diz respeito à rede BT, o nível de tensão utilizado é de 230V por fase,
400V de tensão composta.
Na interligação entre a rede MT e a rede BT, neste caso considerando uma rede urbana
subterrânea, é comum o uso de transformadores com as seguintes potências nominais: 630kVA,
400kVA e 250kVA. Estes recebem no primário três fases da rede MT ligadas em triângulo e em
BT, o secundário é ligado em estrela, sendo o neutro solidamente ligado à terra.
Através da consulta do catálogo é possível obter os valores das perdas em vazio, 𝑃0 , das perdas
de curto-circuito, 𝑃𝑐𝑐 , da tensão de curto-circuito, 𝑉𝑐𝑐 ,e da corrente de magnetização, 𝐼𝑚 . A tabela
A.1.b. resume as características escolhidas para o transformador, assim como as retiradas do
catálogo para o cálculo dos seus parâmetros.
63
Tabela A.1.a. - Catálogo do transformador, [Nexans]
Características do Transformador
Tensão MT 30 kV
Tensão BT 400 V
64
A.1.1. Ensaio em Vazio
No ensaio em vazio o circuito secundário do transformador está em aberto, ou seja, tem aos
seus terminais uma impedância infinita, o esquema da figura A.1. resume-se ao da figura A.1.1:
𝑃0 (A.1)
𝐺𝑚 =
𝑉𝑛2
1 (A.2)
𝑅𝑚 =
𝐺𝑚
(A.3)
𝐼𝑚 2
𝐵𝑚 = −√( 2
) − 𝐺𝑚
𝑉𝑛
1 (A.4)
𝑋𝑚 =
𝐵𝑚
65
Através das fórmulas atrás mencionadas, [Paiva 2005], e de acordo com os valores em p.u.
obtidos, tabela A.1.1., calcularam-se os valores para 𝑅𝑚 e 𝑋𝑚 , apresentados na tabela A.1.2.b.
Tensão nominal, 𝑉𝑛 1
𝑉𝑐𝑐 (A.5)
𝑍𝑐𝑐 =
𝐼𝑛
A equação (A.6) permite obter o valor da resistência total de dispersão dos enrolamentos do
primário e do secundário do transformador, 𝑅𝑡 :
66
𝑃𝑐𝑐 (A.6)
𝑅𝑡 =
𝐼𝑛2
Sabendo os valores de (A.5) e (A.6) é possível calcular a reactância total de dispersão dos
enrolamentos do primário e do secundário do transformador, 𝑋𝑡 , através de (A.7):
2 − 𝑅2
(A.7)
𝑋𝑡 = √𝑍𝑐𝑐 𝑡
Por fim, considerando que os enrolamentos do primário e do secundário têm o mesmo valor de
resistência e reactância, obtém-se (A.8) e (A.9):
𝑅𝑡 (A.8)
𝑅1 = 𝑅2 =
2
𝑋𝑡 (A.9)
𝑋1 = 𝑋2 =
2
Os valores em p.u. a utilizar nas fórmulas atrás mencionadas, [Paiva 2005], para o cálculo de 𝑅1 ,
𝑋1 , 𝑅2 , 𝑋2 , estão apresentados na tabela A.1.2.a.. Os valores finais destes parâmetros podem
ser consultados na tabela A.1.2.b..
Corrente nominal, 𝐼𝑛 1
67
A.2. Modelo das Linhas de Distribuição
As linhas de distribuição da rede BT têm como objetivo garantir a distribuição de energia elétrica
desde o transformador até aos clientes finais e podem ser de dois tipos distintos: linhas aéreas
ou linhas subterrâneas.
Uma vez que neste trabalho se pretende simular uma rede tipicamente usada num cenário
urbano atual, optou-se pela construção de uma rede elétrica subterrânea e considerou-se o cabo
LSVAV 4 x 95 para representar as linhas de distribuição. Este cabo tem uma secção igual 95mm 2,
é formado por quatro condutores de alumínio e o seu isolamento é em PVC (PolyVinyl Chloride).
No que respeita à constituição, o modelo LSVAV é em metal maciço, como se pode verificar pela
figura A.2.a.
R L
C/2 C/2
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A.2.1. Resistência
ρ20 𝐾1 𝐾2 𝐾3 (A.10)
𝑅20 = , [Ω/km]
𝑆𝑐𝑜𝑛𝑑
Em que:
LSVAV 4 x 95 1 95 0.320
69
Tabela A.2.1.b. - Resistências Lineares dos Condutores (classe 1), [Solidal]
Em que 𝛼20 é o coeficiente de variação da resistividade a 20ºC, que para o alumínio tem o valor
de 4.03 x 10-3 ºC-1.
70
Na tabela A.2.1.c. pode-se consultar os valores dos coeficientes de temperatura, 1 + 𝛼20 (𝜃𝐶 −
20), em função de 𝜃𝐶 . Neste caso, considerou-se 𝜃𝐶 igual a 70ºC e obteve-se o valor de 1.202
para o coeficiente de temperatura.
Por fim, de modo a obter a resistência dos cabos da rede de BT, 𝑅𝑐𝑜𝑛𝑑 , recorre-se à expressão
(A.12), onde 𝑙𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 representa o comprimento do cabo que se pretende dimensionar.
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A.2.2. Indutância
O valor da indutância por unidade de comprimento, 𝐿𝑘 , foi consultado na tabela A.2.2.a. e está
organizado na tabela A.2.2.b.:
LSVAV 4 x 95 95 0.23
Para obter a indutância dos cabos da rede de BT, 𝐿𝑐𝑜𝑛𝑑 , utiliza-se a expressão (A.13):
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A.2.3. Capacidade
O valor da capacidade por unidade de comprimento, 𝐶𝑘 , foi também consultado na tabela A.2.2.a.
e apresenta-se na tabela A.2.3.:
LSVAV 4 x 95 95 0.60
Através da expressão (A.14), obtém-se a capacidade dos cabos da rede de BT, 𝐶𝑐𝑜𝑛𝑑 :
𝐶𝑘 (A.14)
𝐶𝑐𝑜𝑛𝑑 = 𝑙𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 , [F]
2
De acordo com o esquema da figura A.2.b., é possível obter o modelo para as linhas de
distribuição trifásicas, representado na figura A.2.3., onde são consideradas as três fases e o
condutor de neutro.
73
Anexo B - Especificações Técnicas das Baterias Utilizadas
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