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CAPÍTULO 2 - BASES CONCEITUAIS E METODOLÓGICAS

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Bases Conceituais
e Metodológicas

O
binômio habitação/meio ambiente tões ambientais próximas, quanto ramifi-
está relacionado a um universo com- cações distantes, mas igualmente importan-
plexo de questões e situações. Têm- tes. Como se sabe, uma habitação geral-
se, por exemplo, em concepção ampla, as mente requer o desmatamento e alterações
implicações ambientais que a simples lo- de terreno, modificando a paisagem local e
calização de uma habitação no tecido urbano causando alterações ambientais também na
pode gerar. A estruturação atual da sociedade, região de entorno.
que tem na família sua célula básica, com Requer, ainda, diversos materiais e
crescente tendência de cada pessoa ter componentes construtivos, consome energia,
vínculos com atividades que se desenvolvem gera poeira, resíduos (principalmente entu-
fora de sua moradia - trabalhar, estudar, re- lhos) e ruídos durante as obras e, na fase de
crear - aumenta a necessidade de desloca- ocupação, passa a gerar novos e constantes
mentos, alguns dos quais só possíveis por resíduos (como esgotos e lixo). Além disso,
meio de veículos, sejam eles coletivos ou indi- utiliza água tratada e energia elétrica para
viduais. A essa simples questão já se associa os mais diversos fins, seja para a iluminação
uma fonte de problemas ambientais. O incre- artificial, seja para os eletro-eletrônicos hoje
mento do transporte caminha, quase sempre, incorporados ao cotidiano, incluindo-se aí al-
paralelamente com os índices de poluição do guns destinados a suprir deficiências da
ar e de poluição sonora, portanto com efeitos própria concepção da habitação no que diz
ambientais negativos. Em uma concepção ain- respeito a seu desempenho térmico, como
da mais ampla, o desgaste emocional e o tem- os condicionadores de ar.
po perdido no trânsito, nas grandes cidades,
ainda que menos explicitamente, contribuem No rigor de uma visão sistêmica, tam-
também com a formação do meio ambiente bém pode-se corretamente supor, por exem-
urbano, onde os aspectos psicossociais não plo, que é ambientalmente insustentável o
podem ser ignorados, sendo que estes in- modelo de construção de uma habitação que,
cluem, ainda, a questão da segurança. apesar de apresentar um desempenho tér-
mico primoroso, demanda materiais e com-
Circunscritos agora ao âmbito da unida- ponentes, cujo processo de produção envolve
de habitacional, encontram-se tanto ques- um elevado consumo de energia. Dentre eles,

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HABITAÇÃO E MEIO AMBIENTE - Abordagem integrada em empreendimentos de interesse social

têm-se notadamente o cimento (e, por exten- plexo e que supera as possibilidades de uma
são, os blocos de concreto e materiais asso- atuação setorial. A intervenção efetivamente
ciados), o vidro, o aço, o alumínio e demais integrada no binômio habitação/meio am-
produtos metálicos, os componentes cerâ- biente é, certamente, trabalho para mais de
micos, louças e metais sanitários e assim uma geração e necessita, até mesmo, a revi-
por diante. são de diversos conceitos sociais arraigados,
O uso de tais materiais gera efeitos am- relativos ao hábitat humano.
bientais significativos em algum outro lugar, A consciência atual de que os recursos
seja pela necessidade de construção de uma naturais não são ilimitados, bem como os
hidrelétrica ou pelo uso de combustíveis, o que sérios problemas ambientais que o mundo
redunda tanto na utilização de fontes não- está passando, aponta a necessidade de um
renováveis de energia (gás natural), como na crescente investimento em pesquisas que
derrubada de matas ou florestas para obtenção permita a construção do hábitat com menor
de biomassa. Além disso, tais materiais e impacto global. Tal fato leva a crer que um
componentes provêm de matérias-primas que dos campos de intervenção altamente dese-
foram subtraídas e obtidas com alterações jável, talvez entre os mais importantes a se
ambientais importantes na região das jazidas. tratar, diz respeito ao vasto assunto da obten-
O próprio madeiramento para o telhado se ção de matérias-primas e dos processos de
associa obviamente à derrubada de florestas produção de materiais e componentes cons-
em algum lugar. Mesmo o transporte desses trutivos, cujo efeito é importantíssimo, mas
produtos até o local da obra implica diversas extrapola as possibilidades e a ótica do pre-
questões ambientais, variando desde o com- sente trabalho.
bustível gasto e o monóxido de carbono emi-
Assim, a abordagem aqui proposta
tido, até o freqüente espalhamento de resíduos
constitui uma sistematização de questões
ao longo do trajeto.
ambientais que, apesar de abrangentes,
Na breve e despretensiosa incursão até encontram-se mais diretamente ligadas aos
o momento, podem-se identificar diversos empreendimentos habitacionais, referentes
aspectos, ainda que esparsos, mas que apon- aos segmentos básicos do meio ambiente (os
tam uma diversidade de situações geradoras meios físico, biótico e antrópico), circunscri-
de impactos ambientais relacionados à cons- tos, ainda, ao município onde se localizam
trução de casas e ao próprio ato de morar. O esses empreendimentos. A escolha e trata-
mesmo panorama elaborado aponta, ainda, mento de tais questões devem sempre ser
que uma forma de atuação integrada, em adequados às diferentes situações que po-
todas as frentes de problemas ambientais dem se apresentar, sendo apontadas as in-
associados à habitação, é algo muito com- formações prioritárias a serem consideradas

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CAPÍTULO 2 - BASES CONCEITUAIS E METODOLÓGICAS

nas medidas e ações específicas de cada 2.1 EMPREENDIMENTO


empreendimento, no decorrer de suas três HABITACIONAL DE
fases básicas: planejamento, construção e INTERESSE SOCIAL
ocupação.
Para se definir o que venha a ser habi-
Para tanto, salientam-se inicialmente tação de interesse social, convém breve ve-
as principais atividades em cada fase con- rificação de algumas leis associadas ao tema.
siderada no empreendimento, efetuando-se O Código Sanitário adotado no Estado de São
um prognóstico relativo aos seus aspectos Paulo (Decreto Estadual no 12.342, de 27/9/
ambientais e, finalmente, apresentam-se 78) que constitui, para grande parte dos mu-
medidas e ações adequadas para a mitigação nicípios desse e de outros estados, legislação
e prevenção de problemas gerados pelo em- básica de referência de obras e de edifica-
preendimento, que podem ser integradas ções, define habitação de interesse social (Ar-
por instrumentos de planejamento e gestão tigo 95, Capítulo V) como:
ambiental. De maneira geral, consideram-
“a habitação com o máximo de 60 m2, inte-
se os princípios e procedimentos básicos da
grando conjuntos habitacionais; construída
avaliação de impacto ambiental e do sistema
por entidades públicas da administração
de gestão ambiental, conforme têm sido
direta ou indireta”(SÃO PAULO, 1992b).
implementados no País, aplicando-os inte-
gralmente ao contexto de empreendimentos No mesmo Código, Capítulo e Artigo,
habitacionais de interesse social. Bases constam ainda:
legais e normativas, estreitamente rela-
- Um primeiro parágrafo estendendo o con-
cionadas à questão ambiental por ocasião
ceito de habitação de interesse social para
do desenvolvimento desta publicação são
“... a habitação isolada, com o máximo de
consideradas, ressaltando a possibilidade de
60 m2, construída sob responsabilidade do
sua modificação ao longo do tempo, mas
proprietário segundo projetos-tipo elabo-
servindo como referência para sua atua-
rados pelo Poder Público Municipal”.
lização.
- Um segundo parágrafo prevendo que: “Me-
Para a utilização desta publicação, há
diante atos específicos, poderão ser consi-
que se estabelecer referenciais de conceitos
deradas de interesse social habitações
adotados, especialmente sobre o que se con-
construídas ou financiadas por outras
sidera como habitação de interesse social,
entidades”.
além do próprio entendimento de meio am-
biente, de maneira que seu tratamento inte- Por sua vez, a legislação do município
grado possa realmente auxiliar na gestão de mais populoso do País, São Paulo, com gran-
empreendimentos habitacionais. de vinculação em relação aos propósitos da

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HABITAÇÃO E MEIO AMBIENTE - Abordagem integrada em empreendimentos de interesse social

presente publicação, em diversos decretos, cial do Estado de São Paulo - Ipesp e em


trata de “Empreendimentos Habitacionais de terrenos de propriedade pública, inde-
Interesse Social” de maneira mais ampla pendentemente do agente promotor; e
(SÃO PAULO, 1992a; 1993; 1994; 1995a,b; b) por empreendimento que seja assessorado
1996a,b,c; 1997a). No Capítulo II do Decreto e supervisionado pela mesma Companhia,
básico (no 31.601, de 26 de maio de 1992), pelo Instituto de Previdência Municipal -
define-se Empreendimento Habitacional de Iprem e por promotores privados quando
Interesse Social como: as unidades forem destinadas à contrapar-
“... parcelamento do solo, bem como cons- tida de Operações Interligadas.
trução de edificações - envolvendo ou não o
parcelamento do solo - destinado às famílias Nas definições legais examinadas, des-
que vivem em habitação subnormal, em con- tacam-se seis principais vertentes nos con-
dições de habitabilidade precária, ou auferem ceitos, essenciais aos propósitos deste
renda mensal inferior a 12 (doze) salários mí- trabalho:
nimos, ou seu sucedâneo legal, ou ainda que
1. Tipologia do empreendimento - A primeira
se enquadrem nos critérios do Sistema Finan-
vertente relevante considera que habita-
ceiro da Habitação, e referentes à população
ções de interesse social devem estar inse-
demandatária situada no limite de renda aci-
ridas em conjuntos habitacionais, como
ma definido” (SÃO PAULO, 1992a).
pode ser visto no Código Sanitário do Es-
Ainda no mesmo decreto, estabelecem- tado de São Paulo (SÃO PAULO, 1992b),
se os agentes considerados habilitados para o que traz à discussão a tipologia do em-
promover empreendimentos desta natureza preendimento. No que pese uma certa
(agentes promotores), constituídos por: imagem negativa que hoje se associa à
expressão conjuntos habitacionais, tendo
- órgãos da administração direta;
principalmente em vista a execração des-
- empresas de controle acionário público; se tipo de solução em um de seus princi-
- entidades conveniadas com a Superinten- pais berços – a França – ante a série de
dência de Habitação Popular - Habi da Pre- disfunções sociais que se associam aos
feitura do Município; e grandes conjuntos, a expressão ainda de-
tém, no Brasil, um significado claro e con-
- entidade ou promotor privado, desde que, tinua em uso. Mesmo que não restrito, o
simultaneamente: espectro de possibilidades que contempla
a) esteja conveniado com a Companhia Me- a presente publicação necessariamente
tropolitana de Habitação de São Paulo - inclui os conjuntos habitacionais. Incor-
Cohab/SP, pelo Instituto de Previdência So- poram-se também, a partir da década de

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CAPÍTULO 2 - BASES CONCEITUAIS E METODOLÓGICAS

80 e, mais notadamente, a partir da dé- sua função é justamente atenuar ou


cada de 90, programas de ajuda-mútua anular impactos já instalados. No entanto,
e mutirão, além de programas de urbani- ainda que tal modalidade de intervenção
zação de favelas e recuperação de cor- não seja tratada com centralidade no pre-
tiços. Nos dois primeiros casos (ajuda- sente trabalho, acredita-se que o mesmo
mútua e mutirão), afora possíveis econo- apresente subsídios também para pro-
mias no processo da construção, destaca- gramas relacionados à urbanização de
se a possibilidade de formação de vínculos assentamentos precários.
entre os futuros moradores, o que pro-
2. Área construída - A segunda vertente de
picia melhor chance de sinergia de longo
conceitos associa primordialmente o ca-
prazo, permitindo uma consciência coleti-
ráter de interesse social à área construída
va mais pronunciada na administração de
da unidade habitacional. Tendo em vista,
eventuais problemas ambientais, princi-
porém, as transformações do mercado
palmente durante a fase de uso. Assim,
imobiliário, mais notadamente nas últimas
percebe-se que ajuda-mútua e mutirão
duas décadas, imóveis com área inferior
são formas particulares de organização
aos 60 m2 assumidos como limite no Có-
do trabalho e de administração da cons-
digo Sanitário passam hoje a interessar
trução, cuja influência na geração dos im-
a camadas da população não enquadrá-
pactos ambientais associados é usual-
veis como população carente, principal-
mente muito menor do que nos assenta-
mente nos grandes centros urbanos. Em
mentos precários (favelas). Em progra-
um caso extremo, poder-se-ia, com gran-
mas habitacionais de interesse social as-
de desvio, enquadrar flats luxuosos na
sociados à urbanização de favelas, as in-
categoria interesse social utilizando-se
tervenções, ainda que orientadas por le-
aquele parâmetro da definição. Na outra
gislações específicas, se caracterizam pela
ponta, a mesma definição também se
flexibilização pronunciada ante os requi-
mostra inconveniente, pois famílias muito
sitos urbanísticos usuais. Nesta modali-
numerosas, com renda muito baixa, po-
dade de intervenção, ainda que o plane-
dem demandar áreas superiores a 60 m2
jamento e a elaboração de projetos façam
para habitar com razoável dignidade.
parte do processo, verifica-se uma acen-
tuada tendência à resolução de problemas 3. Unidade habitacional isolada - Uma ter-
na própria execução das obras, nas fren- ceira vertente estende à unidade habi-
tes de trabalho. Mesmo que ocorram pro- tacional isolada a possibilidade de enqua-
blemas ambientais na implementação dramento no âmbito aqui estudado, desde
deste tipo de programa, e que seus impac- que a unidade em questão seja construída
tos devam ser igualmente ponderados, segundo planta fornecida pelo Poder

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HABITAÇÃO E MEIO AMBIENTE - Abordagem integrada em empreendimentos de interesse social

Público. Ainda que, sob o ponto de vista para enquadramento na faixa de interesse
social, esse expediente seja justo, pois social, por alguns considerado como muito
influi até mesmo na futura tributação que elevado. No âmbito da presente publica-
incidirá sobre o imóvel, verifica-se certa ção, apesar de tratar especificamente de
disparidade entre o conceito e os propó- empreendimentos para a população de
sitos do presente trabalho, onde têm sig- baixa renda, torna-se indesejável discutir
nificado apenas intervenções mais amplas qual deve ser a renda familiar máxima para
que o restrito âmbito do lote individual se caracterizar o interesse social, pois,
isolado. Além disso, acredita-se ser mais além da subjetividade do valor, sempre
pertinente gerenciar os problemas am- existirão variações regionais para sua
bientais associados a este tipo de situação parametrização. Ainda que se acredite que
pelo trato geral do loteamento - e não do a faixa de renda da família a atender seja
trato isolado do lote individual. o fator relevante em seu enquadramento
na categoria de interesse social, também
4. Situação anterior de moradia - Uma quar-
se acredita que o mais adequado seja dei-
ta vertente nos conceitos citados toca a
xar sua quantificação por conta de cada
questão da situação anterior de moradia
município ou estado.
do interessado ou eventual usuário de um
empreendimento de interesse social, pri-
6. Agentes promotores - Na sexta vertente
vilegiando apenas os que moram em si-
de conceitos, caracterizam-se agentes
tuação precária. Tal condição se mostra
promotores autorizados a conduzir pro-
absolutamente adequada, e deve ser tra-
gramas habitacionais de interesse social,
tada na abordagem ambiental integrada.
seja isoladamente, seja por meio de con-
Entretanto, não deve constituir parâmetro
vênios envolvendo a esfera pública e a
sine qua non para estabelecer o interesse
esfera privada ou não-governamental.
social, que deve vincular ao novo empre-
Assim, podemos encontrar desde empre-
endimento também outras condições, não
endimentos liderados por órgãos públicos
se restringindo a sua situação anterior de
(que ocorrem freqüentemente com a
moradia.
participação conjunta de instituições pri-
5. Renda familiar - Uma quinta vertente de vadas das áreas de projeto e de cons-
conceitos diz respeito à renda familiar, que, trução) até empreendimentos conduzidos
por exemplo, no critério adotado na legis- exclusivamente pelo setor privado. Con-
lação do município de São Paulo, deixa, sideram-se aqui como setor privado tanto
no mínimo, algum espaço para discussão os representantes da denominada indús-
no que diz respeito à renda máxima (12 tria imobiliária como as diversas formas
salários mínimos) adotada como limite de associação de interessados em produ-

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CAPÍTULO 2 - BASES CONCEITUAIS E METODOLÓGICAS

zir e em adquirir habitações, como os ções quanto ao agente promotor, no que


Inocoops, cooperativas de diversas cate- diz respeito à avaliação das questões
gorias profissionais, entre outras. A esse ambientais associadas aos empreen-
setor privado têm cabido dois principais dimentos. Acredita-se que, seja o agente
segmentos de atuação: o da produção de promotor público ou privado, independen-
loteamentos para as camadas de renda temente de diferenciações quanto a nor-
mais baixa da população e dos empreen- mas urbanísticas aplicáveis, há impactos
dimentos com características de conjun- ambientais associados, que deverão ser
tos habitacionais associados principal- analisados segundo os mesmos refe-
mente à população de renda média, nes- renciais. Além disso, para as situações de
te caso envolvendo também a construção empreendimentos em que o agente pro-
das unidades habitacionais. Ao Poder Pú- motor é o setor privado, sempre deverá
blico associa-se inicialmente a produção haver a responsabilidade de órgãos pú-
de conjuntos habitacionais, englobando blicos na normalização, aprovação e mo-
o parcelamento do solo em lotes de carac- nitoramento desses empreendimentos.
terísticas condominiais, com edifícios de Diante do já descrito, incluindo defini-
apartamentos de até cinco pavimentos, ções legais e modalidades típicas de produção
ou lotes com habitações unifamiliares tér- de assentamentos, cabe sugerir, para maior
reas, isoladas ou geminadas, no geral clareza, um conceito próprio de empreendi-
evolutivas. Com a incapacidade de se aten- mento habitacional de interesse social a apli-
der às camadas mais pobres da popula- car no presente trabalho. Para os objetivos
ção, passam a ser incorporadas também, desta publicação, considera-se empreendi-
paulatinamente, aos programas conduzi- mento habitacional de interesse social a inter-
dos pelo Estado, formas mais modestas venção para fins habitacionais voltada à po-
de intervenção, tais como lotes urbaniza- pulação de baixa renda, espacialmente con-
dos (que se confundem facilmente com centrada, seja ela de pequeno, médio ou
simples parcelamentos de solo com dota- grande porte, inclua ela apenas o parcela-
ção de infra-estrutura), associados ou não mento do solo e/ou a construção de edifica-
a unidades embriões. Neste caso, o lote ções, considerando como agente promotor
vem, no geral, acompanhado por um pro- tanto o setor público quanto o privado.
jeto de unidade habitacional que o mora-
dor, a princípio, deveria seguir, dispondo
2.2 MEIO AMBIENTE
ainda de orientação técnica fornecida pelo
Poder Público. Apesar da atuação diferen- Atendendo também o objetivo deste tra-
ciada, julga-se que não cabem, para o en- balho, de abordagem ambiental integrada nos
quadramento de interesse social, restri- empreendimentos habitacionais de interesse

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HABITAÇÃO E MEIO AMBIENTE - Abordagem integrada em empreendimentos de interesse social

social, outro referencial conceitual aqui utili- rentes das atividades inerentes às diferentes
zado deve ser melhor estabelecido: o de meio fases do empreendimento.
ambiente. Entende-se que o mesmo consiste
Cada um dos processos existentes, ao
em um determinado espaço que apresenta
ser alterado por uma determinada atividade,
um equilíbrio dinâmico entre as forças con-
é acelerado ou retardado, podendo até ser
correntes dos meios físico, biótico e antrópico,
eliminado ou mesmo se criar um novo pro-
as quais se organizam em um sistema de
cesso no local. Experiências em análise de
relações extremamente complexas e sensíveis
processos naturais e/ou induzidos têm de-
às modificações de seus elementos constituin-
monstrado que na dinâmica ambiental é fun-
tes. Portanto, o meio ambiente é composto
damental o entendimento dos processos do
ao mesmo tempo por um espaço e por um
meio físico, nem sempre contemplados, onde
sistema de relações, que se desenvolvem nes-
os meios biótico e antrópico se integram.
se espaço, por meio de trocas de energia e
matéria, e cujas alterações podem desenca- Este trabalho se fundamenta no enten-
dear reações, modificando sua dinâmica. dimento dos processos atuantes no meio
ambiente (interação dos processos dos meios
O homem, com suas ações e sua com- físico, biótico e antrópico), e suas alterações
ponente cultural, faz parte do ambiente, impostas pelos processos tecnológicos que
sempre participando na sua dinâmica, sendo compõem o empreendimento. Tais alterações
fundamental que se estabeleçam critérios podem ser traduzidas pelas variações nos
para evitar ou mitigar impactos negativos de- parâmetros que caracterizam cada processo
correntes de suas atividades. A tomada de ambiental e previstas em diretrizes de ações
medidas preventivas ou o enfrentamento de e medidas relacionadas ao empreendimento.
problemas já instalados, decorrentes de am-
Portanto, visando a abordagem am-
bientes construídos inadequadamente, bus-
biental integrada em um empreendimento
cando a melhoria da obra e a própria otimi-
habitacional, o método geral proposto tem
zação dos investimentos, exigem uma visão
por base o modelo mostrado na Figura 2.
da interferência humana no ambiente sob
Nesse contexto, a identificação de prováveis
uma perspectiva de relação e de mudanças
alterações ambientais deve ser analisada
(em quantidade ou qualidade). Seu trata-
considerando seu reflexo na dinâmica do
mento integrado constitui a proposta apre-
meio ambiente.
sentada: instrumentos de gestão ambiental
desenvolvidos a partir de um enfoque sistê- Os principais aspectos do meio biótico
mico da dinâmica do ambiente, considerando estarão tratados não só na interação com os
seus processos de acordo com as condições processos do meio físico, tal como o signifi-
originais do meio e suas alterações decor- cado da cobertura vegetal nos processos de

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CAPÍTULO 2 - BASES CONCEITUAIS E METODOLÓGICAS

Fonte: FORNASARI FILHO et al. (1992, modificado).

Figura 2 – Processo ambiental alterado a partir de processo tecnológico


associado ao empreendimento habitacional

movimentos de massa (escorregamento e tados no Quadro 1, conforme os segmentos


erosão), mas também de acordo com seu do meio ambiente. As alterações previstas
papel no ambiente construído e na melhoria são discutidas qualitativamente de acordo
da qualidade de vida de seus usuários. No com sua importância em termos de altera-
meio antrópico, serão tratados mecanismos ções ambientais, nas quais devem ser incluí-
de controle de qualidade relativos ao desem- das também aquelas relacionadas ao custo
penho do empreendimento e as relações hu- das obras, à qualidade de vida dos usuários
manas naquele espaço e circunvizinhança. e às relações com outras ocupações já exis-
Alguns exemplos de alterações dos pro- tentes ou previstas. Dessa forma, trata-se o
cessos ambientais, em decorrência de um meio ambiente em sua totalidade, refletindo
empreendimento habitacional, são apresen- também o seu segmento antrópico.

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HABITAÇÃO E MEIO AMBIENTE - Abordagem integrada em empreendimentos de interesse social

Quadro 1 – Alguns exemplos de alterações ambientais decorrentes de


empreendimento habitacional, segundo o segmento considerado

Segmentos do
Alteração de Processos
Meio Ambiente

- aceleração do processo erosivo;


- ocorrência de escorregamentos (solo e rocha);
- aumento de áreas inundáveis ou de alagamento;
Meio Físico - ocorrência de subsidência do solo;
- diminuição da infiltração de água no solo;
- contaminação do solo e das águas superficiais e subterrâneas;
- aumento da quantidade de partículas sólidas e gases na atmosfera; e
- aumento da propagação de ondas sonoras.

- supressão da vegetação;
- degradação da vegetação pelo efeito de borda;
Meio Biótico - degradação da vegetação pela deposição de partículas sólidas nas folhas;
- danos à fauna; e
- incômodos à fauna.

- aumento pela demanda por serviços públicos (coleta de lixo, correios)


e demais questões de infra-estrutura;
- aumento do consumo de água e energia;
- aumento de operações/transações comerciais;
Meio Antrópico - aumento da arrecadação de impostos;
- aumento da oferta de empregos;
- aumento do tráfego;
- alteração na percepção ambiental; e
- modificação de referências culturais.

A partir da caracterização e análise dos e ocupação), e, relacionados a normas téc-


processos originais e sua alteração provável nicas, o Sistema de Gestão Ambiental – SGA
pelas atividades do empreendimento, em suas (instrumento aplicado especialmente às fases
diversas fases, pode-se propor instrumentos de construção e ocupação, mas que deve ser
práticos de gestão ambiental. Em face da pers- previsto desde o planejamento) e a Auditoria
pectiva de abordagem ambiental integrada em Ambiental – AA (instrumento aplicado espe-
empreendimentos habitacionais, contem- cialmente às fases de construção e ocupação).
plam-se a Avaliação de Impacto Ambiental – Esses instrumentos são aplicados por meio
AIA, estabelecida por normas legais (intru- de programas, os quais podem, também, ser
mento aplicado especialmente ao planejamen- estabelecidos e integrados em planejamentos
to, mas que se estende às fases de construção de gestão ambiental mais simplificados.

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