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REVISTA ENGENHARIAS E ARQUITETURA

vol. X N. X
(2012) ISSN 1647-7308
http://revistas.unasp.edu.br/

ESTUDO DO DESEMPENHO TERMICO DE UM


FOGÃO SOLAR TIPO CAIXA
Performance study of a solar cooker of box type

Fernando Pinas Nhani 11 Kepfel Edivandro Adão Neves 22, Maxime Pierre Louis 33 Ítalo Alberto Gática Ríspoli 44.

Resumo: Diante do crescimento da crise ambiental provocada pela degradação devido o uso de
energias poluentes, tem crescido o emprego de energias renováveis como meio de redução da
crise ambiental, com destaque da energia solar, como uma fonte de energia, que pode ser
aproveitada na geração de eletricidade, aquecimento, e cocção. Com isso, neste trabalho
estudou-se o desempenho de um fogão solar tipo caixa. Para a construção do protótipo, utilizou-
se duas paredes de placas de fibra de média densidade (MDF) externa e interna, isoladas por
poliestireno expandido, com vidro liso de 3 mm, revestidas na parte interna com papel alumínio
e um vidro na parte superior. O objetivo do artigo é demonstrar a viabilidade de utilização do
fogão solar tipo caixa para cocção de alimentos. Os ensaios mostraram que o fogão solar atingiu
temperaturas medias de 70,02 °C, cozinhando alimentos como, ovo, batata e cenouras. Com
isso, comprovou-se a viabilidade de utilização do fogão solar, sendo necessário melhorar a
eficiência do fogão adicionando novos materiais e equipamentos.
Palavras-chave: Fogão solar, Energia Solar, Alimentos, Viabilidade, Redução.
Abstract: Faced with growing environmental crisis caused by degradation due to the use of
polluting energy sources, there has been growing use of renewable energies as a means of
reducing the environmental crisis, especially solar energy, as a source of energy that can be
harnessed to generate electricity, heating, and cooking. Thus, this paper studied the
performance of a solar cooker type box. For the construction of the prototype, we used two
walls medium density fiber boards (MDF) external and internal isolated by expanded polystyrene
with flat glass 3 mm coated on the inside with aluminum foil and a glass on top . The objective
of this article is to demonstrate the feasibility of using solar cooker type box to cook food. The
tests showed that the solar cooker has reached an average temperature of 70.02 ° C, cooking
foods such as egg, potatoes and carrots. Thus, it proved the feasibility of using solar cooker,
being necessary to improve the stove's efficiency by adding new materials and equipment.
Keywords: Solar cooker, Solar Energy, Food, Viability, Reduced.

—————————— Ж ——————————
1
Graduando em Engenharia Civil (UNASP), Centro Universitário Adventista de São Paulo Campus Engenheiro
Coelho (UNASP EC), 13165-970, Engenheiro Coelho SP, Brasil. E-mail: kepfelneves@hotmail.com:;
2
Graduando em Engenharia Civil (UNASP), Centro Universitário Adventista de São Paulo Campus Engenheiro
Coelho (UNASP EC), 13165-970, Engenheiro Coelho SP, Brasil. fernandopinas@outlook.com:;
3
Graduando em Engenharia Civil (UNASP), Centro Universitário Adventista de São Paulo Campus Engenheiro
Coelho (UNASP EC), 13165-970, Engenheiro Coelho SP, Brasil. E-mail: máxime.pierre@outlook.com:;
4
Professor Doutor de Engenharia Civil (UNASP), Centro Universitário Adventista de São Paulo Campus Engenheiro
Coelho SP, 13165000 , Brasil. E-mail: italogatica@gmail.com.br:;
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1 INTRODUÇÃO

Nos dias atuais, as questões ligadas ao meio ambiente estão sendo debatidas em várias
áreas, como na preservação do meio ambiente, contenção de emissão de gases poluentes e
novas tecnologias (LAYRAGARGUES, 2000). Segundo o mesmo autor, questões como efeito
estufa, poluição da água, aquecimento global, queima de gás liquefeito de petróleo, gás
natural e aumento do buraco da camada de ozônio, contribuem em parte com a poluição do
meio ambiente e tem provocado mudanças climáticas no planeta Terra.
O crescimento acelerado da população mundial e o atual modelo econômico, tem
gerado muitos problemas ao meio ambiente. Com isso, levantou-se a ideia do
Desenvolvimento Sustentável, procurando associar as necessidades da geração atual sem
colocar em risco as gerações futuras. Esse desenvolvimento, proporciona a criação de
tecnologias que surgem para agregar positivamente ao meio ambiente (LAYRAGARGUES,
2000).
Essas tecnologias são consideradas energias renováveis, limpas e ecologicamente
corretas, com destaque a energia eólica, biomassa, energia das marés e a energia solar que
independentemente do consumo frequente não degrada o meio ambiente (GEORGI, 2015).
Aproximadamente 2 bilhões de pessoas, representando boa parte da população
mundial, consomem os combustíveis fósseis como fonte de cocção e aquecimento de
alimentos. Consequentemente, conforme o manual solar Box Cookers, elaborado por Santos
(2018), há uma devastação de 20 a 25 Km² de floresta tropical durante todo ano.
Conforme Filho (2011) uma das aplicações mais práticas e econômicas da energia solar
é o uso de fogões solares para preparação de alimentos, comum em países como a Índia,
China, Peru e entre outros países.
Entre os modelos existentes de fogão solar, o tipo caixa possui estrutura básica com
placa refletora e a sua superfície enegrecida com função de receber os raios provenientes do
Sol. Tal procedimento proporciona a conversão das ondas eletromagnéticas em calor, que
alimentado pelo espelho concebe a devida temperatura para o preparo dos alimentos. Esta
técnica interfere diretamente na eficiência, pois a capacidade térmica da placa refletora é
fundamental para o bom desempenho do fogão (MEDEIROS; MOURA; CRUZ, 2007).

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Alinhado a esse pensamento, locais de maior incidência solar favorecem o


aproveitamento deste recurso energético (ANUNCIAÇÃO; CONCEIÇÃO, 2008). Segundo os
mesmos autores, os países de clima tropical ou equatorial e as localidades onde a temperatura
pode atingir até 40 oC são mais favoráveis para o uso dos fogões solares, não descartando o
seu uso em outras regiões, inclusive a sua utilização na estação do inverno.
Para ter em consideração a quantidade de energia proveniente do Sol que chega em
um plano inclinado e, consequentemente fazer a realização de um dimensionamento ou
verificar uma área que absorve os raios solares, é necessária a consideração da qualidade da
abóbada celeste, que em termos de isotropia ou anisotropia, seu brilho pode ser homogêneo
ou heterogêneo (RISPOLI, 2008).
Este aspecto tem influência numérica na componente difusa da radiação solar que tem
um método complexo de cálculo, razão pela qual Rispoli (2008) recomendou que a irradiância
solar na superfície da terra pode ser estimada em função do índice de transparência
atmosférica (kt), julgando um valor para qualidade da claridade do céu. Para obtenção da
irradiância solar as equações foram extraídas de Duffie e Beckman (1991), a declinação solar
para qualquer dia do ano e a coordenada terrestre que pode ser obtida pela Equação 1.

360
𝛿[°] = 23,45° 𝑠𝑒𝑛 ( (𝑛 + 284)) (1)
365,24

Sendo: 𝛿 declinação solar em oC; 𝑛 dia do ano.


Para qualquer horário do dia, o ângulo horário é calculado pela Equação 2. Se tomando
o norte geográfico como semi-eixo de referência angular de valor nulo 0 °C, e se define
como ângulo horário entre o amanhecer e o anoitecer “𝜔” dado pela Equação 2.

𝜔 = 15˚ (ℎ𝑖 − 12) (2)

Sendo: 𝜔 ângulo horário solar em oC; ℎ𝑖 hora do dia. Define-se 𝜃𝑧 ilustrado na Figura
1, como ângulo que um raio direto do sol, faz com a normal terrestre na superfície como se
ilustra na Figura 1 e equaciona em 3.

𝑐𝑜𝑠𝜃𝑧 = 𝑐𝑜𝑠𝛿𝑐𝑜𝑠𝛷𝑐𝑜𝑠𝜔 + 𝑠𝑒𝑛𝛿𝑠𝑒𝑛𝛷 (3)


Sendo 𝛷 a latitude de qualquer coordenada geográfica.
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Figura 1: Ângulo 𝜃𝑧
Fonte: Autores, 2019.

Com todas as variáveis definidas acima, é possível calcular o valor da irradiância solar
no topo da atmosfera terrestre, de acordo com Duffie e Beckman (1981) determinada pela
Equação 4.
360𝑛
𝐼𝑜 = 𝐺𝑆𝐶 (1 + 0,033𝑐𝑜𝑠 ( )) 𝑐𝑜𝑠𝜃𝑧 (4)
365,24

Sendo 𝐺𝑆𝐶 a constante solar, de valor fixo em 1367 W/m2, 𝑛 dia do ano que se deseja
calcular, ordinal de 1 a 365.
A irradiância solar na superfície da terra foi definida pela relação de Ängstrom (1924) que
possibilita estimar a irradiância instantânea na superfície terrestre sendo igual à do topo da
atmosfera afetada por (kt) expressa pela Equação 5.

𝐼 = 𝐼𝑂. 𝑘𝑡 (5)

Sendo: 𝐼 a irradiância solar na superfície terrestre (W/m²) e 𝑘𝑡 o índice de transparência


atmosférica que oscila entre 0 a 0,8, zero expressa não haver nenhuma transparência que
caracteriza o céu à noite ou um dia muito chuvoso e nublado, ao passo que 0,8 expressa um
dia claro radiante sem nebulosidade.

Uma das formas de estimar a irradiação solar na superfície terrestre é através do


cálculo da irradiação solar no topo da atmosfera da Terra. Segundo Duffie e Beckman (1991),
para calcular a irradiação solar num dia completo numa superfície horizontal teórica no topo
da atmosfera terrestre em data e localidade qualquer, pode-se empregar a Equação 6 já
preparada para fornecer o resultado em Wh/m².
𝐻 𝑆
Ho
= 𝑎 + 𝑏. 𝑁 = 𝐾𝑇 (6)

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Sendo: 𝑆 o número em horas referente à duração do brilho do Sol médio mensal, 𝑁 é


o valor conceitual máximo de duração do dia médio de cada mês, H é a irradiação solar média
mensal num plano horizontal que se encontra na superfície terrestre [Wh/m²]. Ho, é a
irradiação solar média mensal extraterrestre no topo da atmosfera num plano conceitual
horizontal [Wh/m²] e “a” e “b” são valores empíricos de acordo com a natureza das
características locais.

Em regiões que não há medições solarimétricas, Rispoli (2008), propõe que ao fazer
um dimensionamento de sistema termossolar, seja feito o desprezo em dias muito nublados
ou de pouca claridade e as suas respectivas irradiações. Portanto, classificam-se os dias claros
em três espécies como: céu nublado (Kt=0, 30 a 0,40), céu parcialmente nublado (Kt=0,50 a
0,60) e céu limpo (Kt=0,60 a 0,80). A Figura 2 ilustra de forma visual o índice de transparência
e a variação dos coeficientes (OKE, 1987).

Figura 2: Ilustração visual do índice de transparência – (a) Kt=0, 30 a


0,40, (b) Kt=0,50 a 0,60, (c) Kt=0,60 a 0,80
Fonte: Autores, 2019.

Segundo Spinelli (2016), a finalidade básica de um fogão tipo caixa é a promoção da


cocção dos alimentos. Por intermédio da energia solar, o interior do forno fica aquecido,
atingindo temperaturas capaz de cozer os alimentos.
Quanto maior for a dimensão da caixa absorvedora, maior será a quantidade de radiação
solar no interior da caixa transmitido pelo refletor (ANUNCIAÇÃO; CONCEIÇÃO, 2008).
Os raios solares ou a luz do sol, seja direta ou refletida, infiltra na caixa por intermédio
do vidro tornando-se energia calorífica (AALFS, 2013).
De acordo com Silva (2006) os materiais que constituem as edificações recebem parcelas
de transferência de calor pela radiação solar, tendo trocas térmicas pelos mecanismos de
radiação, condução e convecção entre os materiais da superfície interna e externa.
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De acordo com Silva (2006), nas regiões de clima quente, a parcela de radiação solar
incidente nos materiais da envolvente do fogão, reflete no conforto térmico dos usuários. Os
mesmos autores observaram que, quando há diferença de temperatura, existe a transferência
de calor em um meio, ou entre meios diferentes. Essa transferência de calor se dá pelos
mecanismos: radiação, condução e convecção.
Nos fogões solares as moléculas de ar se movem para dentro e fora da caixa por
intermédio das frestas, sofrendo um processo de convecção (SANTOS, 2018). O autor afirma
que, tais moléculas de calor que foi aquecido no interior do forno escapam através das frestas
em torno da tampa do topo, podem escapar também do lado da abertura da porta ou mesmo
por erros na construção do fogão. O ar frio na parte externa acaba entrando por estas aberturas.
Segundo Araújo (2015), pode-se afirmar que se uma caixa tiver uma capacidade de
retenção boa, ela ficará mais quente em função de uma luz solar mais intensa incidindo sobre
ela ou um adicional dos raios solares por causa do refletor ou ainda um isolamento térmico
melhor.
Em regiões de clima quente, a quantidade de radiação solar que incide nos materiais
envolventes em uma caixa, é refletida no conforto térmico dos usuários. Incropera e Dewitt
(2008) notaram que, quando existe a diferença de temperatura, existe a chamada transferência
de calor em um determinado meio, ou entre meios que se diferem.
A ABNT NBR 15220-2:2003 define a absortância como uma parcela que corresponde a
taxa de radiação solar que uma superfície absorve através da taxa de incidência solar, a
refletância como taxa de radiação solar refletida por um material que recebe radiação solar
incidente.
O somatório das parcelas de absortância, refletância e transmissividade, correspondem
a 100% da radiação que incide, a absortância varia em função da cor superficial do material, um
material de cor clara, absorve pouca radiação (LAMBERTS, DUTRA, PEREIRA, 2014).
De acordo com Moura (2007) há mais de 230 anos que se realiza o experimento com
fogões solares. Segundo o mesmo autor, Horace De Soussure por volta de 1776 experimentou
uma caixa com bases adquiridas em Física, para a construção de um caixote preto retangular,
com três vidros que se afastam um do outro e a sua parte superior composta por uma tampa
refletora que concentra a radiação solar no interior, chamada de “caixa quente”, obtendo
temperaturas em torno de 180 oC no seu interior, suficiente para ferver água e preparar
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alimentos.
Ao buscar fazer este projeto do fogão solar uma opção real e aceitável para o uso de
cocção de alimentos, o esforço da engenheira Maria Talkes que projetou vários desenhos de
cozinhas solares, caracterizando-se pela fácil construção e com custo baixo, isto é, para serem
utilizados em lugares carentes (MELO, 2008).
Segundo Ferraz et al (2017), quando se realiza um experimento é necessário encontrar a
função que envolve as variáveis a partir dos dados localizados, pois a função representa
matematicamente o experimento que foi realizado, podendo executar interpolações,
extrapolações próximas do domínio da informação do experimento.
Ferraz et al (2017) afirmam também que, quando se tem mais de duas variáveis
simultaneamente realiza-se um ajuste de função para caracterizar o experimento feito. Tal
procedimento é através de uma regressão múltipla expressa pela Equação 7 abaixo:
𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝑏𝑧 + 𝑐 (7)
Sendo: “x e z” são as variáveis observadas a serem correlacionadas de modo a desejar
que se ajuste; “a, b e c” são os coeficientes constantes a calcular-se contando todos os
experimentos. Depois deste processo de cálculo, chega-se ao sistema de equações lineares na
escrita matricial para uma nuvem de pontos x, y, z representada pela Equação 8 abaixo:
Σ𝑥 Σz 𝑛 𝑎 Σy
|Σx² Σxz Σx| |𝑏 | = |Σxy| (8)
Σxz Σz² Σz 𝑐 Σyz
Para aferir a qualidade do modelo matemático ajustado de um experimento o coeficiente
de correlação r² é a ferramenta ideal. A equação 9 abaixo mostra a sua equação.

variânçia da resposta do ajuste 𝑆²∗𝑌


𝑟2 = = (9)
variância da fonte do experimento 𝑆𝑌2

Segundo Morettin e Bussab (2005), para uma amostra confiável que apresenta grande
confiança e um erro insignificante a verdadeira média populacional do fenômeno observado é
preciso aplicar a teoria da amostragem e inferência estatística. Sendo assim, usa-se a expressão
10 para determinação de uma amostra:
2
𝑡𝑧𝛼 ∗𝑆²
𝑛= (10)
𝜀²
Sendo 𝑛 é o valor da amostra, 𝑡𝑧𝛼 é o coeficiente da área de probabilidade dado pela
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tabela V - Distribuição de t de Student, 𝑆² é a variância amostral e 𝜀 é o erro cometido.


Sendo assim, o objetivo geral é construir e avaliar o desempenho térmico de um
protótipo experimental, através da irradiação solar de Engenheiro Coelho/SP, escolhendo-se o
alimento possível para a situação local do experimento. Realizando-se testes de cocção de
alimentos, demostrando o uso do fogão ecológico, descrevendo e analisando todas as etapas do
seu processo construtivo, ensaiando o protótipo para o tipo de alimentação escolhida e
contabilizar o tempo de preparo.
Por intermédio do experimento na climatologia local de Engenheiro Coelho, será possível
repassar essa tecnologia com devido sucesso às regiões de mesma latitude ou clima
assemelhado, fazendo desse trabalho um vetor na educação ambiental.

2 METODOLOGIA

O trabalho seguiu três fases: fundamentação teórica, construção do protótipo e ensaios


a céu aberto. A primeira fase do projeto descreveu a análise teórica em bibliografias que
abordam a irradiação solar e o calor que recebe o fogão. A segunda etapa consistiu na
construção do protótipo baseando-se em estudos já realizados por outros pesquisadores. E a
terceira etapa consistiu em testar o protótipo a céu aberto observando os seguintes
parâmetros, a saber, temperatura, tempo, qualidade do céu, a irradiação solar e os resultados
no preparo de alimentos.

2.1 MATERIAIS USADOS E CONSTRUÇÃO DO FORNO

Para a construção do fogão, foram utilizadas duas paredes de MDF externa e interna,
isoladas por poliestireno expandido, impermeabilizadas na parte interna, com vidro liso de 3
mm, que promove efeito estufa no interior da caixa, com seu interior isolado, pintado em preto
fosco, sobre revestimento de alumínio que protege a parede de madeira (MDF), tampa de
espelho reflexível, e regulável, para concentrar a radiação solar no interior.
Com o objetivo de aumentar a eficiência da absorção do calor, utilizou-se tinta preta
fosca. O poliestireno expandido serve de isolante térmico, retendo, portanto, a energia térmica
entre as superfícies das placas de média densidade e a chapa de alumínio. O vidro usado
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proporciona a passagem dos raios solares para o interior da caixa. A Figura 3 apresenta como
foram organizados os materiais do fogão.

Figura 3: Fogão solar em perspectiva


Fonte: Autores, 2019.

2.2 DIMENSÕES DO PROTÓTIPO

A construção do protótipo teve como principal consideração o processo de preparo de


alimentos para que pudesse atender a uma família de em média quatro pessoas. Foi projetado
com um espaço suficiente para caber uma panela e um prato no interior.
O protótipo é de seção retangular e tem as seguintes dimensões: Altura total (com as
pernas) de 91 (cm); área do espelho: 44,15x86 cm; dimensões do vidro: 36,4 cm x 86 cm; ângulo
de inclinação: 90˚. Como ilustra a Figura 4 abaixo:

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(a)

(b) (c) (d)

Figura 4: Dimensões do protótipo – (a) planta baixa, (b) vista frontal, (c) vista lateral, (d) vista posterior
Fonte: Autores, 2019.

2.2 INSTRUMENTAÇÃO

Para a coleta usou-se o ‘’Coletor de dados JVI” (2017) e Solarímetro (2019) projetado
pelo professor Dr. Ítalo Alberto Gática Ríspoli e o acadêmico Victor Paulo Nunes Teixeira, no
programa de bolsa de iniciação cientifica do Centro Universitário Salesiano de São Paulo –
UNISAL SP, com patrocínio da empresa privada, Industria e Comércio de Aquecedores Solares
Ltda. Cuja a principal função é medir, armazenar e transmitir dados climáticos e ambientais com
flexível interfase para o usuário.
De acordo com os equipamentos disponíveis no laboratório, foram realizadas as seguintes
medições:
Irradiância solar na superfície terrestre em um instante qualquer (I) medido por
solarímetro em [W/m²] e irradiação solar na superfície terrestre durante o dia medido por
solarímetro em wh/m²dia;
Coeficiente de transparência atmosférica instantâneo – (kt) calculado pela equação 5 na
página 4;
Temperaturas internas e externas correlacionadas com I;
O sensor de temperatura mensura as temperaturas de -55 °C a 125 °C com resolução de
0,1 °C e precisão de 0,5 °C (negativo ou positivo). O sensor conta com uma proteção à prova
d’água, deste modo, é possível manusear o sensor ao ar livre.
A Figura 5 apresenta a ilustração do posicionamento dos sensores internos no fogão.

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Temp. Int. 1
Temp. Int. 2

Figura 5: Posicionamento dos sensores internos – (a) descreva a imagem dos sensores na parte externa da caixa,
(b) descreva a imagem dos sensores na parte internada caixa
Fonte: Autores, 2019.

O sensor de velocidade do vento, capaz de medir a velocidade do vento de 0 a 100 Km/h


com resolução de 0,1 Km/h e precisão de 0,5 Km/h (negativo ou positivo).
O sensor interno 1 (temp. int. 1 ) indica a posição do coletor próximo ao vidro e o sensor
interno 2 (temp. int. 2) indica a posição no fundo da caixa. Os sensores externos (temp. ext. 3 e
temp. ext. 4) estavam em temperatura ambiente, um exposto ao Sol e outro exposto na sombra.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Aqui, apresenta-se os resultados discutidos dos testes realizados para avaliar os níveis de
temperatura externa e interna por intermédio da irradiância solar refletida, determinando as
temperaturas máximas alcançadas e sua capacidade de preparo.

3.1 TESTES DO PROTÓTIPO COM OS ALIMENTOS LEGUMES E BATATAS

Foram realizados três ensaios com legumes (cenoura, ovo, tomate, pimento e cebola) e
três ensaios com batatas. Os ensaios foram realizados em Engenheiro Coelho, no intervalo de
28/08/2019 a 23/11/2019. Para o levantamento das temperaturas máximas no interior do forno
solar, foi exposto ao Sol e medido os parâmetros ambientais de temperaturas.
A Tabela 1 apresenta as médias das temperaturas, velocidades, e a irradiância dos ensaios
realizados com legumes.

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Tabela 1: Resultados dos ensaios com legumes


temp média temp média temp média temp média Tempo de
I médio (W/m²) int 1 int. 2 ext. ext. 4 Vmed preparo
(OC) (OC) 3 (OC) (OC) (minutos)
735,50 75,39 72,15 36,29 28,41 14,15 110
739,30 78,25 74,15 42,90 32,70 16,34 105
727,80 72,61 71,27 40,20 26,42 13,51 120
Médias dos legumes 75,41 72,52 39,79 29,18 13,67 111
Fonte: Autores, 2019.

A Figura 6 apresenta a foto dos alimentos prontos, tendo atingido uma temperatura
máxima média de 75,41 oC num tempo médio de 112 minutos.

(a) (b) (c)

Figura 6: Resultado dos ensaios com legumes – (a) legumes (1), (b) legumes (2), (c) legume (3)
Fonte: Autores, 2019.

A Tabela 2 apresenta as médias das temperaturas, velocidade, e a irradiância dos ensaios


realizados com batatas.
Tabela 2: Resultados dos ensaios com batatas

temp temp temp temp


Tempo de
média int média int. média ext. média ext. Vmed
I médio (W/m²) preparo
1 2 3 4 (km/h) (minutos)
O
( C) O
( C) O
( C) O
( C)
718,00 69,10 63,00 35,90 27,50 15,5 115
733,20 71,55 68,49 41,98 29,80 12,89 110
726,00 70,20 61,60 42,15 28,75 11,43 135
Médias das Batatas 70,28 64,36 40,01 28,68 13,27 120
Fonte: Autores, 2019.

A Figura 7 apresenta a foto dos alimentos prontos dos ensaios com batatas, tendo
atingido uma temperatura média máxima de 70,28 oC, num tempo médio de 120 minutos.

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(a) (b) (c)

Figura 7: Resultado dos ensaios Batatas - (a) batatas (2), (b) batatas (2) (c) batatas cruas
Fonte: Autores, 2019.

A Figura 8 abaixo, apresenta o comportamento das temperaturas atingidas dos dois


ensaios, sendo que as médias máximas foram atingidas pelos ensaios de legumes.

80 75,41
72,52
70
70,28
60
Temperaturas atingidas

64,36

50
40,01
40 Legumes
39,79 28,68
30 Batatas
29,18
20

10

0
temp média int temp média int. temp média ext. temp média ext.
1 ̊C 2 ̊C 3 C
̊ 4 C
̊

Figura 8: Comparação das temperaturas médias atingidas dos ensaios com legumes e batatas
Fonte: Autores, 2019.

3.2 CORRELAÇÃO DAS VARIÁVEIS PARA AVALIAÇÃO DO PROTÓTIPO

Para fazer o estudo de desempenho do fogão solar é necessário que se façam as


correlações das variáveis com os dados obtidos. Estas variáveis (massa do alimento, irradiação,
temperaturas, tempo de preparo) modelam o desempenho do fogão podendo mostrar o quanto
são ou não influentes a sua correlação. Para isso, com os dados coletados fez-se a correlação das
variáveis para os dois tipos de alimentos representadas na Tabela 3 e 4:
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Tabela 3: Dados dos ensaios para correlação das variáveis dos legumes

Tipo de Massa 𝑻𝒆𝒎𝒑 𝒊𝒏𝒕 𝑻𝒆𝒎𝒑 𝒆𝒙𝒕 𝜟𝑻 Tempo (Tp)


(H) kwh/m²dia
alimento (gramas) média (°C) média (°C) (°C) (minutos)

Legumes (1) 913 5,1460 74,15 32,35 41,80 110


Legumes (2) 624 5,0260 76,20 37,80 38,80 105
Legumes (3) 408 4,9273 72,92 33,42 39,50 120
Σ 1945 15,0993 223,27 103,57 120,10 335
Fonte: Autores, 2019.

Tabela 4: Dados dos ensaios para correlação das variáveis das batatas

Tipo de Massa 𝑇𝒊𝒏𝒕𝒆𝒓𝒏𝒂 𝑇𝒆𝒙𝒕𝒆𝒓𝒏𝒂 𝛥𝑇 Tempo (Tp)


(H) kwh/m²dia
alimento (gramas) média (°C) média (°C) (°C) (minutos)

Batata (1) 433 5,000 66,05 31,70 34,35 115


Batata (2) 515 5,121 70,02 35,89 34,13 110
Batata (3) 722,50 4,892 65,90 35,45 30,45 135
Σ 1670,50 15,013 201,97 103,04 98,93 360
Fonte: Autores, 2019.

Sendo:

𝑇𝑝 = tempo de preparo (minutos);

𝑚 = massa (gramas);

𝐻 = irradiação solar do dia (Kwh/m².dia)

𝛥𝑇 = variação de temperaturas médias internas (temp média int 1 e temp média int 2 ) e
médias externas (temp. média ext. 3 e temp. média ext. 4) em (°C);

𝑇𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎 = temperatura média interna em (°C);

𝑇𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎 = temperatura média externa (°C).

Para os ensaios com os legumes fez-se a função com as variáveis a partir da equação 10
na página 11.
𝑇𝑝 = 𝑎𝑚 + 𝑏𝐻 + 𝑐𝛥𝑇 + 𝑑

Conforme a teoria dos mínimos quadrado explicada antes, o sistema de equações


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lineares se desenvolve em:


𝑇𝑝 = 𝑎𝑚 + 𝑏𝐻 + 𝑐𝛥𝑇 + 𝑑

𝑚𝑇𝑝 = 𝑎𝑚2 + 𝑏𝑚𝐻 + 𝑐𝑚𝛥𝑇 + 𝑑𝑚

𝐻𝑇𝑝 = 𝑎𝐻𝑚 + 𝑏𝐻 2 + 𝑐𝐻𝛥𝑇 + 𝑑𝐻

𝛥𝑇𝑇𝑝 = 𝑎𝛥𝑇𝑚 + 𝑏𝛥𝑇𝐻 + 𝑐𝛥𝐻 2 + 𝑑𝛥𝑇

Que colocadas em uma escrita matricial resulta em:

𝛴𝑚 𝛴𝐻 𝛴𝛥𝑇 𝑛 𝑎 𝛴𝑇𝑝
𝛴𝑚2 𝛴𝑚𝐻 𝛴𝛥𝑇𝑚 𝛴𝑚 𝑏 𝛴𝑚𝑇𝑝
| | |𝑐 | = | |
𝛴𝑚𝐻 𝛴𝐻 2 𝛴𝛥𝑇𝐻 𝛴𝐻 𝛴𝐻𝑇𝑝
𝛴𝛥𝑇𝑚 𝛴𝛥𝑇𝐻 𝛴𝛥𝑇 2 𝛴𝛥𝑇 𝑑 𝛴𝑇𝑝𝛥𝑇

E numericamente com dados dos experimentos relacionados na tabela 4 tem-se:

1945 15,0993 120,1 3 𝑎 335


1389409 9844,86 78490,6 1945 𝑏 214910
| || | = | |
9844,86 76,02028 604,73995 15,0993 𝑐 1685,066
78490,6 604,74 4812,93 120,1 𝑑 13412

Resolvendo o sistema linear obteve-se:

𝑎 =0,340820313 𝑏 =11 𝑐 =6,416015625 𝑑 =-348

Então o modelo matemático que melhor correlaciona os experimentos ilustrados na


tabela 4 ficou conforme:

𝑇𝑝 = 0,340820313 𝑚 + 11 𝐻 + 6,416015625𝛥𝑇 − 348

Sendo:

𝑇𝑝 = tempo de preparo;

𝑚 = massa dos alimentos;

𝐻 = irradiação solar do dia (Kwh/m².dia);

𝛥𝑇 = variação de temperaturas médias internas (temp int 1 e temp int 2) e médias


externas (temp. int 3 e temp. int 4) em (°C);

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A resposta desta expressão para o tempo de preparo resulta em:

111,54 𝑚𝑖𝑛
𝑇𝑝 = |106,11 𝑚𝑖𝑛|
121,04 𝑚𝑖𝑛

O tempo de preparo dos experimentos foi:

110 𝑚𝑖𝑛
𝑇𝑝 = |105 𝑚𝑖𝑛|
120 𝑚𝑖𝑛

A variância explicada pelo ajuste (modelo) calcula-se em:

S² explicada pelo ajuste => 𝑠∗2 = 38,071

Enquanto a variância dos resultados dos próprios experimentos calcula-se em:

S² do experimento => 𝑠 2 = 38,889

Assim sendo, o índice de correlação é:

𝑠² 38,071
𝑟2 = = = 0,97897 = 97,897 %
𝑠²∗ 38,89

Usou-se os mesmos cálculos acima para calcular o tempo de preparo do ajuste no ensaio
das batatas chegando a um índice de correlação das variáveis de 98,38%.

Nota-se que o coeficiente de correlação “r²’’ indica uma boa correlação das variáveis
mostrando a confiabilidade da função com um valor de 97,897 % para o ensaio com os legumes
e 98,38% para o ensaio das batatas.

Uma amostra confiável quando o desvio populacional é desconhecido pode ter dimensão
conforme Equação 10 contida na página 11.

𝑡𝑧𝛼 ²𝜎²
𝑛=
𝜀²

Para o ensaio com os legumes tem-se:

4,303²∗38,07
𝑛= = 28,195 =
̃ 29 experimentos

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Para o ensaio com as batatas tem-se:

4,303²∗114,779
𝑛= = 85,01 =
̃ 86 experimentos

𝑡𝑧𝛼 valor de 95% de confiança da tabela V - Distribuição de t de Student (MORETTIN E


BUSSAB, 2005).

Seriam necessários 29 experimentos para o ensaio dos legumes e 86 experimentos do


ensaio das batatas a realizar para ter 95% de certeza que não se cometeria um erro mais que 5
minutos de verificação do tempo de preparo dos alimentos com o fogão solar.

3.3 CUSTO DE CONSUMO DE GÁS LIQUEFEITO DE PETRÓLEO (GLP)

Em Engenheiro Coelho, o preço de GLP estima-se em R$ 75,00 (novembro de 2019) por


unidade de 13 quilos. Considerando que, usa-se um fogão comum de quatro bocas (Fogão
Esmaltec, 4 Bocas Veneza - Branco Bivolt) com temperaturas baixas (menos que 180 °C), gasta-
se em média 0,200 kg/h, tendo então, um gasto de R$ 1,15 por hora. Com a estimativa desses
cálculos, considerando que são feitas todas as refeições, daria um total de 3 horas, gerando um
custo de R$ 3,45 ao dia, R$ 103,5 ao mês e R$ 1242 ao ano.
Com o uso do fogão solar, seriam reduzidos os gastos diários, mensais e anuais. O fogão
solar é aproveitado no período vespertino, período em que geralmente se consome mais GLP
em fogões convencionais por conta do horário do almoço. Com a utilização do fogão solar, o
número de horas no consumo de GLP reduziria em torno de 1 a 2 horas, implicando em uma
redução do custo diário de R$ 2,3 e consequentemente o custo mensal estimado em R$ 69 e um
custo de R$ 828 ao ano, em termos percentuais teria uma economia de 33,37% ao ano.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os ensaios apresentaram resultados do protótipo nas condições dos seis experimentos


realizados. A partir dos ensaios, conseguiu-se um modelo correlacionado com as variáveis de
tempo de preparo, massa do alimento, irradiação solar e as temperaturas. A amostra que foi
feita nos experimentos considera-se uma amostra piloto, tendo encontrado um valor satisfatório

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coeficiente de correlação das variáveis, embora sejam necessários 29 e 86 experimentos a


amostra apresentou alto nível de correlação entre os elementos estudados. leva a concluir que
é necessário prosseguir nestes tipos de experimentos.
Sendo assim, na correlação das variáveis, o índice gerou valores percentuais de 97,897%
e 98,38% indicando uma correlação muito alta de todas as variáveis envolvidas. Porém, o fogão
solar não teve um desempenho igual ao fogão a gás, o que significa que o seu desempenho é
menor em relação ao fogão convencional.
Apesar de um baixo desempenho do fogão solar devido ao tempo de preparo dos
alimentos, o fogão proposto apresentou temperaturas capazes de assar e cozinhar os alimentos
sugeridos.
Notou-se que o baixo desempenho do fogão se deu também pelas características do
mesmo. O resultado poderia ser melhorado usando um isolamento térmico correto no interior
da caixa, evitando assim a perda de calor no processo de cocção do alimento, provendo uma
área de absorção maior com uma pintura preto fosco, dois vidros para a melhor produção do
efeito estufa dentro do fogão e também constante mudança do ângulo do espelho reflexível
mirando sempre os raios solares no interior do fogão.
O fogão convencional a gás não se compara com o fogão solar em termos de eficiência,
devido a combustão do GLP no fogão a gás, que o torna mais rápido e eficiente. Porém, o fogão
solar por funcionar com ondas eletromagnéticas, possui uma vantagem por ser sustentável em
relação ao GLP e consequentemente mais econômico.
O fogão solar vem desagregar o consumo de GLP das residências. O GLP de 13 kg em
Engenheiro Coelho está com um custo cerca de R$ 75. Usando o fogão solar, cada família
conseguiria economizar cerca de 33, 37% do custo de GLP ao ano.
Em suma, conseguiu-se perceber que o fogão solar é uma alternativa viável no ponto de
vista econômico e ecológico, e pode ser utilizado em regiões carentes e com boas condições
climáticas.

5 REFERÊNCIAS

AALFS, Princípios dos projetos dos fogões solares de caixa. 2013b. Disponível em:
<http://solarcooking.org/portugues/sbcdes-pt.htm>. Acessado em: 12 set. 2019.
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