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O PROGRAMA V.I.G.I.A.

E A SEGURANÇA MULTIDIMENSIONAL NAS


FRONTEIRAS

Eduardo Maia Bettini


Coordenador-Geral de Fronteiras
Diretoria de Operações
Secretaria de Operações Integradas
Ministério da Justiça e Segurança Pública

ÍNDICE
RESUMO ................................................................................................................................................................. 1
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................................... 2
O PROGRAMA ........................................................................................................................................................ 6
OPERAÇÃO HÓRUS ............................................................................................................................................... 7
EQUIPAMENTOS .................................................................................................................................................. 11
CAPACITAÇÕES ................................................................................................................................................... 12
CONCLUSÃO ........................................................................................................................................................ 13

RESUMO
Trata-se de uma análise sucinta sobre o êxito operacional, tático e estratégico do
Programa Nacional de Segurança nas Fronteiras e Divisas – V.I.G.I.A.1 – no
contexto da segurança das fronteiras, bem como a sua expansão para as divisas de
Estados. A proposta central do Programa é a prevenção e repressão dos crimes que
ocorrem nestas regiões e o seu impacto no restante do País. Na dimensão física ou
tática de atuação, o Programa V.I.G.I.A. tem como intuito fortalecer o enfrentamento
à criminalidade, com enfoque em organizações criminosas (ORCRIM), tráfico,
corrupção, contrabando, descaminho, crimes contra a propriedade intelectual,
“pirataria”, crimes ambientais e lavagem de dinheiro. Na dimensão informacional o
V.I.G.I.A. busca estimular e promover a mudança do velho paradigma da transmissão
de fragmentos de informação para o fomento da criação de uma consciência
compartilhada através da fusão (integração) multiorganizacional de células.
Neste contexto, a integração prima pela união entre produção de conhecimento e
operações, através da implementação do ciclo aplicado às Operações Especiais
F3EAD2 (encontrar, fixar, finalizar, explorar, analisar e difundir), estimulando
assim a implementação de uma cultura organizacional adaptada a ambientes
classificados como voláteis, incertos, complexos e ambíguos (V.I.C.A.). Nestes
ambientes, as competências centrais passam a ser a adaptabilidade e a capacidade
de trabalho integrado em redes (networking). Na dimensão humana o Programa

1 Vigilância, Integração, Governança, Interoperabilidade e Autonomia.


2 Find, fix, finish, exploit, analyze and difuse = encontrar, fixar, finalizar, explorar, analisar e difundir.
1
V.I.G.I.A. eleva o operador de fronteiras a protagonista da Segurança
Multidimensional e busca a valorização deste profissional e de suas unidades
através do estímulo à criação de uma cultura organizacional de respeito ao talento e
ao potencial destes operadores, com o fortalecimento de uma doutrina e de uma
identidade operacional específicas de fronteiras, com capacidade de influência e
ampliação das boas práticas identificadas e desenvolvidas no Programa, assim
como das lições aprendidas (adaptabilidade). O V.I.G.I.A. também traz consigo a
preocupação com a melhoria da qualidade de vida e dos índices de desenvolvimento
humano nas regiões onde possui abrangência, assumindo a limitação que a
dimensão tática ou física do combate ao crime transnacional possui. Desta feita, o
Programa eleva à condição de indicador de resultados justamente a desejada
modificação, para melhor, dos ambientes onde é instalado. Para cumprir este objetivo
o V.I.G.I.A. se vale do uso de metodologias modernas de gestão, governança e
governabilidade, utilizando a integração de equipes especializadas, as
capacitações para nivelamento de conhecimento e a interoperabilidade de sistemas.
Tudo isso através de uma atuação coordenada e autônoma, com padronização de
técnicas, táticas e procedimentos (TTP’s).

INTRODUÇÃO
De uma maneira concisa, fronteiras podem ser definidas como conexões
descompartimentadas entre Países. Apesar da conexão e da descompartimentação
existente, a abordagem das instituições brasileiras envolvidas com o controle e
fiscalização fronteiriço é, historicamente, desconectado e compartimentado.
Por sua vez, o crime transnacional está intimamente conectado com o crime
no restante do País. Costumamos dizer que a avalanche criminal que recai sobre as
grandes cidades, geralmente, tem início ou passa por alguma fronteira, que por isto
acabam sendo estigmatizadas. Esquece-se que o turismo, as exportações e um sem
número de riquezas e desenvolvimento também transitam pelas fronteiras. Contudo,
o lado mais sombrio e deletério desta forma de atividade ilícita pode ser definido como
Criminalidade de Alta Intensidade, que caracteriza a chamada Insurgência
Criminal no nosso País. Entre outras características do Crime de Alta Intensidade
estão algumas fortemente relacionadas ao conceito de Conflitos de Baixa
Intensidade, que repousa, por sua vez, na ideia central de insurreição, com a
instrumentalização do terrorismo, das técnicas de guerrilha e da subversão pelos
atores não-estatais através do uso de redes políticas, econômicas, sociais e militares
de modo a retirar do oponente a vontade de combater. Sobre o tema Insurgência
Criminal, Alessandro Visacro3 é preciso:

3VISACRO, Alessandro. Fazendo as coisas certas: segurança e defesa do Estado moderno. Cadernos de Estudos
Estratégicos. Escola Superior de Guerra, Rio de janeiro, n. 1, p.40-80, mar. 2019.
2
“Na verdade, a despeito do eventual recrudescimento das disputas entre Estados
soberanos, o advento da sociedade pós-moderna deu realce a um tipo de violência
notadamente: armada, organizada, não estatal, endêmica e hiperdifusa. Neste contexto a
insurgência criminal, assim como a insurgência jihadista, tem adquirido uma importância
crescente, em virtude de sua capacidade de corromper, degradar e, até mesmo, usurpar
o poder soberano do Estado sobre seus elementos materiais.
De acordo com John Sullivan, a criminalidade de alta intensidade decorrente da disputa
pelo controle da economia ilegal promove conflitos por territórios e rotas de ilícitos, cujos
objetivos estão associados à busca por plena autonomia econômica e territorial, livre da
influência do Estado4. Tem-se um confronto desprovido de qualquer matiz político-
ideológico, no qual o poder central é desafiado por atores armados não estatais ou
“criminal netwarriors”, que recorrem à barbárie e à violência abjeta, permeadas por ações
informacionais com diferentes graus de sofisticação, a fim de arrebatar a iniciativa e
encobrir suas práticas criminosas com um falso apelo de “banditismo social”, procurando
auferir legitimidade a eles próprios e a seus empreendimentos.”5

Ainda de acordo com Visacro, Coronel do Exército Brasileiro (EB), a pós-


modernidade impôs uma degradação do tempo, do espaço e do poder, resultantes
do impacto da chamada Revolução Digital com um “fluxo sem precedentes de
pessoas, ideias, serviços, bens e capital”, onde as ORCRIM insurgentes passam a
atuar de maneira conectada, interativa, integrada e em um sistema de “rede de
redes” que se hibridizam, ou seja, se descompartimentam e onde, “graças à
convergência e à hibridização, as conexões entre atividades territorialmente dispersas
se tornam mais fluídas, ignorando deliberadamente as fronteiras erguidas entre
Estados soberanos”. Com seus ensinamentos, Visacro fornecia subsídios para
encontrarmos o caminho que deveríamos percorrer na reestruturação de toda a
metodologia da abordagem à questão da Segurança nas Fronteiras.
Em contraste com as características da convergência e hibridização, inatas
das ORCRIM insurgentes, o que observamos durante anos no trabalho em unidades
operacionais pode ser definido pelo isolamento das agências, fragmentação das
instituições e pela busca pelo protagonismo em ações individuais, o que
impossibilitava uma resposta efetiva, coordenada, sincronizada e permanente das
agências estatais contra as organizações criminosas transnacionais. Este isolamento,
provocado pelo que convencionamos chamar de “ego institucional”, como regra,
resultava na baixa resiliência das instituições envolvidas tanto no controle e
fiscalização fronteiriços como também nas questões das divisas interestaduais. Para
piorar ainda mais a questão do controle de fronteiras, caracterizadas pela baixa
presença estatal (a faixa de fronteira cobre aproximadamente 17% do território
brasileiro, ocupada por aproximadamente 5% da população) e das divisas, havia uma
insistência sistemática das agências em realizar grandes operações que
perduravam por períodos não superiores a quinze ou vinte dias, com um
deslocamento maciço de tropas e de meios e gastos elevados concentrados em um

4 John P. Sullivan, “Criminal Insurgency in the Americas”, Small Wars Journal (site), 2010, acesso em 22 jan. 2019,
https://smallwarsjournal.com/jrnl/art/criminal-insurgency-in-the-americas . Apud Visacro. P. 72-74. 2019.
5 John P. Sullivan, From Drug Wars to Criminal Insurgency: Mexican Cartels, Criminal Enclaves and Criminal

Insurgency in Mexico and Central America, and Their Implications for Global Security (Bogotá: Vortex Working
Paper, 2012), p. 5, 8, 16 e 18. Apud Visacro. P. 72-74. 2019.

3
pequeno período. Um modelo industrial de operações que reproduzia o conceito de
“guerra total” de Clausewitz6, aplicado à Segurança Pública. Resumidamente, algo
como uma espécie de “segurança total” de curta e efêmera duração e elevado e
concentrado uso de recursos financeiros, materiais e humanos, porém com resultados
inexpressivos. Este descaso histórico com as fronteiras, aliado a um modelo de
operações mofado e anacrônico, criou um cenário mais ou menos como este que
tentaremos descrever em poucas linhas a seguir. Durante o ano todo permaneciam
atuantes na região de fronteira, na melhor das hipóteses, algumas unidades
especializadas e que não eram assistidas pelo Governo Federal de uma maneira
sistemática e consistente.
Desta feita, era relegado ao Estado Membro e às unidades descentralizadas
de órgãos federais como Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, por exemplo,
grande parte do ônus do controle e fiscalização fronteiriços, assim como das
consequências deste controle, que vão desde a destinação das mercadorias e
veículos apreendidos à gestão dos detentos. Via de regra, o que recebiam de apoio
do Governo Federal, quando recebiam, era o trinômio fuzil, viatura e colete balístico.
A falta de governança do Governo Federal, contudo, não garantia que os recursos
destinados as fronteiras permanecessem nas fronteiras. Com isso, era possível que
os equipamentos fossem distribuídos para outras unidades ou que fossem
remanejados para as capitais dos Estados. Para nós, até então operadores de
fronteira, as coisas pareciam não fazer sentido.
Em determinado período ao longo do ano, de repente e como que
milagrosamente, as unidades de inteligência nos informavam que o crime iria “dar
férias”, ou seja, que fragmentos de informação coletados pela inteligência davam a
entender que o crime simplesmente iria suspender completamente suas atividades
por duas ou três semanas. De início não entendíamos. Mas após a primeira
megaoperação passamos a entender muito bem o que estava acontecendo.
A resposta dos Governos anteriores aos crimes transnacionais era
basicamente focada neste modelo de operações, fundado em um conceito industrial
de ocupação do território e “enxameamento”, com o agrupamento de várias
instituições, via-de-regra, não integradas pela absoluta ausência de
interoperabilidade, de doutrina de atuação integrada ou simplesmente carência de
uma cultura de integração e cooperativismo. Para que o espírito cooperativo aconteça,
de acordo com o chamado Equilíbrio de Nash7, é necessário que haja uma certa
“transferência de poder” entre as pessoas e instituições. Isto é impossível de se
alcançar sem a confiança gerada pela convivência cotidiana. Assim como na prática
é indiferente descobrir a resposta sobre o paradigma do “ovo ou da galinha”, no
contexto da segurança de fronteiras era indiferente descobrir se as instituições não

6 CLAUSEWITZ, Carl Von. Da guerra. WMF Martins Fontes. 1996.


7 O Equilíbrio de Nash simboliza a inalterabilidade em uma situação na qual, em um jogo com dois ou mais
jogadores, nenhum jogador pode ganhar se mudar sua estratégia unilateralmente. Fonte:
https://andrebona.com.br/equilibrio-de-nash-entenda-este-modelo-no-mundo-dos-investimentos/.
4
confiavam umas nas outras porque não trabalhavam integradas ou não trabalhavam
integradas porque não havia confiança mútua. O que nos preocupava era o fato de
não haver integração. Havia, quando muito, alguma sincronização temporária e
atuação em áreas de responsabilidade distintas e... compartimentadas.
Então o “milagre” dos planejadores de gabinete acontecia: era noticiado na
mídia que milhares de policiais, soldados e outros agentes públicos estavam sendo
desdobrados no terreno, com equipamentos sofisticados, drones, câmeras termais,
helicópteros, lanchas blindadas, veículos blindados de transporte de tropas, óculos de
visão noturna (OVN) e todo o tipo de equipamentos e optrônicos que eram o sonho
de consumo daquelas equipes que permaneciam no terreno durante todo o ano, mas
sem ter acesso a todos estes recursos.
– De onde vieram tantos recursos? Onde eles estavam que não foram
repassados para nós? Por que esses equipamentos e estas fardas estão tão
impecáveis, sem um risco ou arranhão, ou rasgo, ou algo que demonstre que
efetivamente estão sendo utilizados? De onde vieram tantos policiais e soldados?
Onde eles estavam durante todo o ano e para onde eles vão quando esta operação
milagrosa acabar? – eram perguntas que “martelavam” incessantemente em nossas
mentes.
Normalmente, nem mesmo o pagamento de diárias, que na maioria dos casos
é um direito dos policiais, era realizado aos homens e mulheres que passavam dias,
até semanas desdobrados no terreno, fora de suas bases. Estes policiais precisavam
arcar com o “custo” de serem honestos e de estarem abandonados pelo Governo, em
uma luta diária e interminável contra o crime organizado e transnacional. Então, de
repente, a tal megaoperação chegava ao final e tudo voltava ao (a)normal.
A mudança começou no final de 2018. Durante os meses de novembro e
dezembro o então futuro Ministro da Justiça e Segurança Pública (MJSP), do também
futuro Governo do Presidente Jair Bolsonaro, o ex-Juiz Federal Sergio Moro, projetou
na estrutura do MJSP a Secretaria de Operações Integradas (SEOPI), criada pelo
Decreto nº 9.662, de 1º de janeiro de 2019, composta por uma Diretoria de Inteligência
(DINT) e de uma Diretoria de Operações (DIOP). No âmbito da última, foram criadas
duas Coordenações-Gerais com funções estritamente operacionais: uma de Combate
ao Crime Organizado (CGCCO) e a de Fronteiras (CGFRON). A CGFRON passou
então a desenvolver um projeto fundado em experiências práticas bem-sucedidas e
tendo como embasamento doutrinário nomes como Alessandro Visacro, Stanley
McChrystal, Driver & DeFeyter e Carlos Afonso G. G. Coelho.

5
O PROGRAMA
Baseado nos Princípios da Simplicidade e Propósito, sintetizados a partir da
obra de William McRaven8 e com o foco no Resultado, o Programa V.I.G.I.A.,
desenvolvido no âmbito do MJSP, faz a transição de uma abordagem iminentemente
industrial da questão do controle e fiscalização de fronteiras e divisas para uma
abordagem informacional. O ambiente globalizado, caracterizado pela deterioração
do espaço, do tempo e do poder, aliado à realidade do ambiente fronteiriço brasileiro
que, em muitos casos, pode ser (in)definido a partir do termo cunhado pelo National
War College e composto pelo acrônimo V.I.C.A. (Volátil, Incerto, Complexo e
Ambíguo), demandou do MJSP uma abordagem inédita e audaciosa, de forma a
romper com antigos paradigmas e modelos embolorados de atuação fronteiriça. Isto
porque, em um mundo caracterizado pelo fluxo intenso e instantâneo de informações,
o conceito industrial, com o foco nos fatores de produção (terra, capital, trabalho,
energia e matéria prima) e no conceito taylorista de eficiência, dá espaço ao foco na
adaptabilidade como competência central, combinado com o conceito de
consciência compartilhada, onde a transmissão da informação torna-se mais
importante do que a posse da mesma. Assim, a máxima atribuída a Francis Bacon9,
que afirma “conhecimento é poder”, torna-se anacrônica e de forma análoga faz
com que, em um ambiente informacional, a transmissão do conhecimento de
maneira rápida e desburocratizada seja o poder. Neste ponto, o Paradigma de
Pierre Lévy10 sobre a internet é elucidativo. Segundo ele, a internet modifica o
paradigma da comunicação “do um para muitos” para o paradigma “do muitos para
muitos”. Neste contexto informacional, o Programa V.I.G.I.A. busca a valorização da
transmissão de conhecimento e a consequente formação de uma “consciência
compartilhada” em detrimento da mera transmissão de fragmentos de informação
que, durante anos, orientou a relação entre inteligência e operações, incluídas aí,
aquelas de fronteira. Cada vez mais é de se observar, portanto, a necessidade de as
unidades de inteligência fornecerem às unidades de operação o que convencionou-
se chamar de “conhecimento acionável” ou “inteligência acionável”, ou seja, aquela
que obedece ao Princípio da Oportunidade e pode ser traduzida em um verbo de
ação. A integração entre as capacidades da inteligência e das operações cria assim
o que chamamos de capacidade disruptiva.

8 MCRAVEN, William H.. Spec Ops: Case Studies in Special Operations Warfare: Theory and Practice. 2009.
Editora Presidio Press. P.8: “Os Seis Princípios das Operações Especiais apresentados neste capítulo –
Simplicidade, Segurança, Repetição, Surpresa, Rapidez e Propósito.”
9 Francis Bacon (1561-1626) foi um filósofo, político e ensaísta inglês. Recebeu os títulos de Visconde de Albans

e Barão de Verulam. Foi importante na formulação de teorias que fundamentaram a ciência moderna. É
considerado o pai do método experimental. Fonte: https://www.ebiografia.com/francis_bacon/.
10 Pierre Lévy é um reconhecido pesquisador das tecnologias da inteligência e investiga as interações entre

informação e sociedade. Mestre em História da Ciência e Ph.D. em Comunicação e Sociologia e Ciências da


Informação pela Universidade de Sorbonne, é um dos mais importantes defensores do uso do computador, em
especial da internet, para a ampliação e a democratização do conhecimento.
6
Para a abordagem a problemas complexos, a doutrina compilada pelo General
McChrystal11 sugere a criação de organizações multifuncionais em células, com o
compartilhamento extremo de conhecimento, conectadas em um sistema denso e
ricamente informacional, regidas com autonomia operacional por meio da redução da
autoridade sobre o processo decisório e achatamento das cadeias hierárquicas, em
um sistema de fusão entre inteligência e operações (F3EAD), impulsionado pela força
da convergência de propósitos. Todas estas características foram cuidadosamente
incorporadas ao Programa, que pode ser definido como uma grande plataforma
integradora que estimula e promove o trabalho cooperativo, aumentando a eficiência
e a resiliência das instituições de controle e fiscalização.
O Programa V.I.G.I.A. está em total consonância com o disposto no Decreto nº
8.903, de 16 de novembro de 2016, que institui o Programa de Proteção Integrada de
Fronteiras (PPIF), principalmente com o previsto no artigo 4º, inciso IV: implementação
de projetos estruturantes para o fortalecimento da presença estatal na região de
fronteira. O V.I.G.I.A. está estruturado sobre um tripé, uma tríade: Operação Hórus,
Equipamentos e Capacitações.

OPERAÇÃO HÓRUS
Conceitualmente o Programa V.I.G.I.A. nega o que se convencionou chamar
de “Estratégia das Prioridades”. Nesta, as agências de aplicação da lei elegem os
crimes mais gravosos para o combate segmentado e pontual. Para o Programa e,
consequentemente para a Operação Hórus, qualquer atividade criminosa, mesmo que
não seja classificada em um primeiro momento como “grave”, mas que possa
alimentar as ORCRIM é objeto de interesse.
A redução da vitalidade financeira das ORCRIM é um dos objetivos centrais
da dimensão tática do Programa V.I.G.I.A., consubstanciada em um nome: Hórus.
Metaforicamente, o Programa considera que as ORCRIM possuem uma força motriz,
um “motor”, que é o lucro fácil auferido com o crime. A partir desta constatação, cabe
à Operação Hórus promover o corte do combustível que alimenta este “motor”. E este
corte é efetivado com o combate sistemático, constante, progressivo e sincronizado
contra qualquer atividade que proporcione lucro para as atividades criminosas.
Somente assim elas perderão a força e o poder agregador do capital e poderão ser
fragmentadas, reduzindo, consideravelmente, seu poder destrutivo. Um exemplo é o
“poder corruptor”: quanto menos recursos as ORCRIM possuírem, menor será a
capacidade delas de corromperem agentes públicos.
O Choque Operacional da Operação Hórus iniciou no dia 15 de abril de 2019,
na região de Guaíra/PR. A partir daquele dia, uma equipe do COBRA12/BPFRON13 da

11 MCCHRYSTAL, Stanley. Teams of Teams: New Rules of Engagement For a Complex Word. Penguin Books.
2015.
12 Corpo de Operações e Busca de Repressão Aquática.
13 Batalhão de Polícia de Fronteira

7
Polícia Militar do Paraná (PMPR) foi integrada a uma equipe do NEPOM14, da Polícia
Federal (PF). Ao todo eram não mais de 18 policiais que, atuando de acordo com os
Princípios apresentados pelo Programa V.I.G.I.A. infringiram pesadas perdas ao crime
organizado da região, chegando a casa do bilhão de reais em poucos meses quando
considerada a chamada “estatística ou cifra bloqueada”, que consiste no volume de
contrabando, drogas, armas e munições que deixou de trafegar pelas águas do rio
Paraná, ao norte de Guaíra/PR. Ao sul da cidade as ações indiretas, coordenadas e
sincronizadas entre as equipes levaram à loucura a estrutura do crime que há muito
havia se instalado na região. Aqueles policiais foram os pioneiros de um novo modelo
de Segurança Multidimensional de Fronteiras. Na lição de Visacro15, esta pode ser
conceituada como:
“Uma ferramenta mais adequada aos novos conjuntos de ameaças à sociedade e suas
dinâmicas não lineares. Como fundamento doutrinário, permite interpretar, de modo mais
assertivo, os perigos advindos de sistemas complexos adaptativos, bem como orienta a
formulação de respostas coerentes, convergentes e integradas em todas as expressões
do poder nacional, pois se apoia na relação de acentuada interdependência que se criou
entre Segurança Nacional, Segurança Pública, Segurança Humana e Segurança Comum
(conceito calcado na cooperação interestadual em face da emergência de interesses
comuns de segurança, que transcendem a responsabilidade de cada Estado
isoladamente, uma vez que implica também em organizações internacionais e não
governamentais)16.”

Podemos definir Segurança Comum como sendo aquela onde diferentes


Países compartilham problemas de segurança semelhantes (por exemplo a
Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN). No caso do Brasil, podemos
considerar os esforços realizados pelas vias diplomáticas e acordos de cooperação,
onde busca-se resolver problemas comuns ou possibilitar a solução futura destes, de
maneira desburocratizada. Um exemplo concreto é o resultado da 55ª Cúpula do
Mercosul, realizada no início de dezembro de 2019, em Bento Gonçalves/RS. Na
oportunidade foram assinados vários acordos, destacando-se o “Acordo de
Cooperação Policial Aplicável aos Espaços Fronteiriços17”, resultado de um trabalho
coordenado entre vários órgãos, entre eles a Assessoria Internacional (ASINT) do
MJSP.
Em poucos meses, finalmente, a equipe precursora do Programa V.I.G.I.A.
instrumentalizaria o conceito teórico de Segurança Multidimensional. Da mesma
maneira que um vírus se replica, a Operação Hórus havia inoculado várias outras
estruturas organizacionais com o “gérmen da integração”. O projeto piloto deu certo,
foi ampliado e chegaram novas agências, com fôlego novo, como EB e Polícia Civil

14 Núcleo Especial de Polícia Marítima.


15 VISACRO, Alessandro. Fazendo as coisas certas: segurança e defesa do Estado moderno. Cadernos de
Estudos Estratégicos. Escola Superior de Guerra, Rio de janeiro, n. 1, p.40-80, mar. 2019.
16 António José de Oliveira. Resolução de Conflitos: o Papel do Instrumento Militar no Actual Contexto Estratégico

– o Exemplo de Kosovo. Apud VISACRO. P. 40-80. 2019.


17 Pretende fortalecer a cooperação policial entre os países do Mercosul em áreas de fronteira, com foco em vigilância e

combate de atividades ilícitas. Permite que, durante uma perseguição, agentes cruzem a fronteira para, em coordenação
com a polícia local, impedir a fuga de criminosos. Extraído de
https://gauchazh.clicrbs.com.br/economia/noticia/2019/12/veja-os-acordos-assinados-na-cupula-do-mercosul-em-bento-
goncalves-ck3t8c449032h01rzk7wva47e.html no dia 17 de fevereiro de 2020 às 21h.
8
do Paraná (com unidades especializadas e vários policiais “pinçados” de delegacias
da região). A Polícia Rodoviária Federal (PRF), por sua vez, intensificou suas ações,
ocupando os “espaços vazios”, desnorteando e causando confusão na logística do
crime. Por fim as unidades especializadas da PMPR incorporaram a operação. Ao sul
de Guaíra, na direção de Foz do Iguaçu, foram estabelecidas Bases Integradas em
Entre Rios D´Oeste, Santa Helena e em Foz do Iguaçu, com a participação da Receita
Federal do Brasil (RFB). Mais ao norte, foi estabelecida a Base Integrada V.I.G.I.A. de
Querência do Norte, com a participação maciça de instituições atuando de maneira
integrada. Estava formada a malha principal da Hórus Paraná. Aos poucos a operação
foi se alastrando por outros Estados de Fronteira: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Acre, Rondônia e Amazonas e Estados de Divisa: Goiás e Tocantins. Atualmente a
Operação Hórus está em fase de ajustes para ser iniciada em Roraima, Santa
Catarina, Maranhão e no Rio Grande do Sul. Abaixo o Quadro com os dados das
apreensões realizadas pelas instituições que compõem o Programa V.I.G.I.A., no
âmbito da Operação Hórus18.

Durante os primeiros dias da fase “piloto” da Operação Hórus, ficou


caracterizada a importância de considerarmos a Dimensão Humana da
Segurança Multidimensional. Nossas equipes se depararam com um cenário
completamente novo e surpreendente. Ocorre que uma parcela da população,
influenciada por contrabandistas e traficantes, iniciou uma série de protestos e

18Dados de 15/04/2019 a 14/02/2020 (Estatísticas somadas de três Estados: Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás,
sendo que a operação iniciou no dia 14 de abril no Paraná, em sua fase piloto e somente iniciou em 19 de setembro
no Mato Grosso do Sul e no mês de novembro em Goiás).
9
manifestações nas mídias sociais através de postagens, vídeos e comentários, se
posicionando contra a Operação Hórus. “Queremos o rio novamente” ou “deixem o rio
livre” eram alguns dos slogans repetidos19. Alguns vídeos com forte apelo humanitário,
com músicas comoventes e narrativa distorcida da realidade nos colocaram
diretamente no centro da complexidade das dimensões humanas e informacional
do conflito. Novamente a adaptabilidade como competência central e a grande
flexibilidade do V.I.G.I.A., decorrentes do Princípio da Simplicidade, proporcionaram
a rápida análise e leitura do cenário com a constatação prática da complexidade
daquela missão.
Passamos a investir esforços na difusão de uma narrativa que traduzisse o
Programa V.I.G.I.A. e seus importantes resultados, também na Dimensão Humana.
Os portos da região, antes dominados por contrabandistas e traficantes, passaram a
ser utilizados novamente por pescadores desportivos e por turistas, que aos poucos
voltam a povoar o belíssimo Rio Paraná no período noturno, até então proibido para
os cidadãos por um verdadeiro “toque de recolher” após o anoitecer, quando o rio se
transformava em território do crime. Empresários que se queixavam da carência de
mão de obra na região passaram a relatar que jovens, até então voltados para
atividades criminosas não violentas, tais como o trabalho de “olheiros”, agora pediam
emprego e iniciavam, ou mesmo retornavam à vida laboral. A Justiça autorizou a
destruição de portos clandestinos e a Prefeitura Municipal trabalha para converter
estas áreas, anteriormente consideradas verdadeiros “black spots”, em áreas de lazer
e voltadas ao fomento do turismo na região, cujo potencial inexplorado é
absurdamente contrastante com a necessidade de desenvolvimento sustentável na
região. O Programa completava, logo nos primeiros meses, o ciclo da Segurança
Multidimensional.

19 Extraído de https://www.tarobanews.com/noticias/cotidiano/manifestacao-e-realizada-para-defender-trabalho-no-rio-
parana-45VdJ.html no dia 19 de fevereiro de 2020 às 13h.
10
EQUIPAMENTOS
O Brasil possui aproximadamente 16 mil quilômetros de fronteiras. São onze
Estados que fazem fronteira com dez países. Nós possuímos nada menos do que dez
áreas de tríplice fronteiras e 33 (trinta e três) cidades gêmeas. Em um cenário de
dimensões continentais como o apresentado, aliado às características do ambiente
V.I.C.A., é indispensável a utilização maciça de recursos tecnológicos, sensores e
equipamentos para otimizar o emprego das forças. Neste sentido, as Capacidades
Operacionais buscadas pelo Programa V.I.G.I.A. são claras e podem ser resumidas
pelo acrônimo BC4ISTAR (Básico, Comunicações, Comando, Controle,
Computadores, Inteligência, Observação – do inglês Surveillance, Reconhecimento e
Aquisição de Alvos – Target Acquisition). A letra “B” de básico foi acrescentada ao
acrônimo original, desenvolvido pelos norte-americanos. Após duas visitas de
prospecção que fizemos logo no início da CGFRON, ainda em janeiro e fevereiro de
2019, percebemos que precisaríamos “dar um passo atrás” e planejar as aquisições
do “básico”, que seriam os equipamentos individuais e essenciais ao operador de
fronteira: um uniforme de qualidade e com camuflagem adequada, coletes táticos e
flutuantes quando necessário, placa balística, coldres, coturno e demais
equipamentos na qualidade necessária ao desempenho das atividades de segurança
nas fronteiras em um patamar elevado de qualidade. Percebemos, com estas visitas,
que nossos homens e mulheres de fronteiras estavam carentes do básico e
colocamos isto no nosso “radar”.
Em cada ramo da tríade, o Programa V.I.G.I.A. busca identificar boas práticas
e parcerias que podem ser agregados a esta plataforma. É o que aconteceu no caso
do Programa SISFRON20 do Exército Brasileiro (EB). Atualmente o V.I.G.I.A. não só
investe na ampliação do SISFRON, como também busca alternativas tecnológicas
interoperáveis com o Programa do EB. Para tanto, o CCOMGEX21, também do EB,
tem um papel fundamental nas aquisições de sistemas de comunicação, comando e
controle e de optrônicos com recursos repassados pela SEOPI. Desta forma, o
V.I.G.I.A. conseguiu adquirir, através da estrutura já existente no EB, dois sistemas
de Comunicação, Comando e Controle para instalar no Paraná (cobrindo a região de
Foz do Iguaçu a Querência do Norte, abrangendo toda a área do Lago de Itaipu) e no
Amazonas, no valor aproximado de 13 milhões de reais cada. Para tanto, a SEOPI
buscou se associar a outras Secretarias do MJSP, como no caso da Secretaria
Nacional de Políticas Anti-Drogas (SENAD), que aportou os recursos necessários
para a aquisição do sistema instalado no Paraná (aproximadamente 13 milhões de
Reais), recursos estes provenientes dos leilões dos bens do tráfico. A Secretaria
Nacional de Segurança Pública (SENASP) também apoia o Programa V.I.G.I.A.
através da participação da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), da

20 Sistema Integrado de Monitoramento das Fronteiras.


21 Comando de Comunicações e Guerra Eletrônica.
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realização de aquisições pela Diretoria de Administração (DIAD), de capacitações pela
Diretoria de Ensino e Pesquisa (DEP) e com recursos repassados pela Diretoria de
Políticas de Segurança Pública (DPSP). Toda ajuda e colaboração é muito bem-vinda
no V.I.G.I.A. Ainda no ano de 2019 foram adquiridos através do EB equipamentos
optrônicos que serão repassados às equipes operacionais. Uma frase recorrente e
que é dita em momentos de descontração na CGFRON é que nós (os integrantes da
CGFRON) somos como garçons: apresentamos o cardápio aos nossos clientes, os
profissionais de segurança de fronteira e divisas, eles escolhem e nós os servimos.
Por isso um princípio essencial ao Programa é a conexão direta da CGFRON com as
pontas, ou seja, com as unidades de “pontas de lança”, que estão desdobradas no
terreno e que são as grandes responsáveis pela segurança de fronteira e divisas,
sejam Municipais, Estaduais ou Federais. Esta conexão, contudo, não significa quebra
de hierarquia e nem que a Operação Hórus seja gerenciada pela CGFRON, que
apenas mantém a governança sobre as ações do Programa V.I.G.I.A., ou seja,
direciona, monitora e avalia estas ações e seus desdobramentos. O gerenciamento
da Operação Hórus é local e as equipes que trabalham com autonomia operacional,
onde é evitado ao máximo que o nível estratégico caia na tentação do
microgerenciamento das ações no nível operacional e tático, sobretudo em um mundo
conectado ao extremo. A conexão direta com as pontas visa a “dessacralização” do
nível estratégico.
Para que as equipes sejam comprometidas com o V.I.G.I.A. e para que haja
unidade de propósito, é importante que elas percebam que nós somos, todos, um
corpo único. Não existe nenhuma espécie de liturgia no relacionamento entre as
unidades operacionais e a CGFRON/DIOP/SEOPI.

CAPACITAÇÕES
Com importância conceitual e ocupando posição de destaque no escopo do
Programa V.I.G.I.A., as capacitações são o cerne, a pedra fundamental sobre a qual
se edifica a integração das equipes que compõem o V.I.G.I.A. Para tanto, assim como
no caso das aquisições e no caso da Operação Hórus, a CGFRON/DIOP/SEOPI
busca parcerias com outras instituições. As parcerias são consolidadas com: o EB,
através do COTER22, que viabiliza as ações de capacitação de interesse do Programa
que são custeadas pela SEOPI/MJSP; a SENASP, onde, através da DEP são
realizados cursos como os de Unidades Especializadas de Fronteira, Contramedidas,
APH23 Tático, entre outros; a Embaixada dos Estados Unidos da América, que
viabiliza, através de instituições de segurança e defesa daquele país cursos como o
Curso de Patrulhamento Rural de Fronteiras ou o Curso de Desenho Operacional e
Planejamento Conjunto; a Marinha do Brasil, que oferece o Curso de Condutor de

22 Comando de Operações Terrestres.


23 Atendimento pré-hospitalar.
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Embarcações Públicas, essencial na habilitação dos pilotos de embarcação, entre
outros exemplos.
É através das capacitações que os membros das instituições que integram o
Programa V.I.G.I.A. criam laços e estabelecem vínculos de confiança e
camaradagem, essenciais para o desenvolvimento de um ambiente cooperativo e
para a criação de uma cultura de integração (descompartimentação das instituições).
Os Princípios estabelecidos por Driver Defeyter24 (Segurança, Networking, Propósito,
Doutrinação, Influência e Agilidade) são inoculados nos times operacionais durante as
ações de capacitação e, mais tarde, são refinados no trabalho integrado.

CONCLUSÃO
O Programa V.I.G.I.A., de Segurança Nacional nas Fronteiras e Divisas,
consiste em uma mudança de paradigma, um verdadeiro rompimento com a
abordagem industrial do combate ao crime. Trata-se de um programa
essencialmente humano, que foca no apoio e suporte ao que nossas fronteiras e
nosso País possuem de melhor: o ser humano. A capacidade produtiva e disposição
para o trabalho de nossos profissionais de fronteira é de dar orgulho. Contudo, por
décadas, foram tratados com descaso e abandono por uma sucessão de governos
que simplesmente ignoravam o fato de que estes homens e mulheres, que atuam na
Segurança Multidimensional25 das nossas fronteiras, estão expostos aos mais
variados perigos, atuando em um território extremamente V.I.C.A., sendo, com
frequência, assediados pelas ORCRIM que, não raramente utilizam a política da “plata
o plomo”, ou seja, ou se corrompe ou leva “chumbo”. O V.I.G.I.A busca não só resgatar
os bons profissionais, como uni-los em organizações multifuncionais arranjadas em
células.
O Programa V.I.G.I.A busca basicamente agregar o componente humano,
fornecendo a eles e a elas as capacidades operacionais (BC4ISTAR) para otimizar e
elevar ao estado da arte o trabalho e os resultados das equipes. Com muito orgulho
podemos dizer que hoje existe um canal aberto, não “sacralizado”, onde o contato
com as denominadas “pontas de lança” pelo MJSP é feito sem as complexas
“liturgias” que durante anos caracterizaram o relacionamento com os órgãos centrais.
O Programa V.I.G.I.A assume a importância, a posição de destaque e o
protagonismo das nossas instituições de vanguarda e dos seres humanos que as
compõem. Os resultados do trabalho do MJSP em conjunto com os órgãos
responsáveis pela Segurança Pública e Justiça dos Estados-Membros e Municípios,
além das Forças Armadas e órgãos dos demais Ministérios, tem demonstrado que o
caminho da integração é irreversível. As dificuldades são continentais, o desafio é

24 DRIVER, William; DEFEYTER, Bruce. The Theory Of Unconventional Warfare: Win, Lose and Draw.

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gigantesco, mas estamos avançando e progredindo no controle e fiscalização de
nossas Fronteiras e isto é uma vitória.
Segurança Pública é um processo, não é um “item que se compra em
uma gôndola”. E o processo e a metodologia do Programa V.I.G.I.A demonstram que
estamos no caminho certo, apesar de assumirmos a necessidade constante de
revisão e de adaptação. O V.I.G.I.A não é, nem se pretende ser, uma panaceia. Nem
tampouco perfeito. Trata-se de uma construção coletiva e cooperativa em constante
evolução. No momento, o Programa procura a transversalização, buscando a relação
com os demais Ministérios do Governo Federal para que suas ações sejam
abrangentes e contemplem as três dimensões da abordagem da Segurança
Multidimensional: a física ou tática, a informacional e sobretudo a humana.

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