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ef Segunda-Feir a, 28 de novembro de 2016 ┆ ┆ ┆ semináriosfolha

Adriano Vizoni/Folhapress
REFORMA
DA NATUREZA
Dependente das commodities agrícolas, que geram o
maior superavit comercial do mundo no setor e um enorme
impacto ambiental, o Brasil tem como desafio criar um novo
mercado verde e fazer a transição para a economia limpa,
aproveitando o vasto potencial de seus recursos naturais

Detalhe de “A Ferro e Fogo


(Desdobramentos)”, obra
de Rodrigo Bueno
2 semináriosfolha ┆ ┆ ┆ Segunda-Feir a, 28 de novembro de 2016 ef

Moacyr lopes Junior/Folhapress

A partir da esq., Celina Carpi, José Augusto Coelho Fernandes, Shigueo Watanabe, José Roberto Mendonça de Barros e Luiz Barroso, no Fórum Desenvolvimento e Baixo Carbono, em SP

BRASIL PRECISA FAZER


MAIS COM O QUE JÁ TEM
para a criação de platafor-

País vive dilema entre


de são paulo
mas digitais de serviços, a
O Brasil é ineficiente e maior fonte de riqueza do sé-
pouco produtivo em relação culo 21, segundo ele.
a seus pares no cenário in- “O fluxo de dados no
ternacional. mundo todo teve crescimen-

criar mercado limpo ou


Sem investimento em ino- to explosivo em relação ao
vação, que pode levar ao uso comércio de bens. É impera-
mais racional dos recursos tivo planejar estratégias nes-
naturais e fazer o país pro- se sentido”, disse Arbache.
duzir mais com menos, não Para Marcos Lisboa, pre-

manter modelo de lucro


será possível fazer a transi- sidente do Insper, parte do
ção para uma economia lim- problema é o protecionismo
pa no país. brasileiro, que não incenti-
“Não é possível avançar va a inovação nas empresas.
para uma economia susten- Ana Toni, diretora do Ins-
tável se o país não se tornar tituto Clima e Sociedade,
mais produtivo”, afirmou Ri- disse que o Brasil ignora seu
cardo Sennes, economista e potencial para se desenvol-
diretor da consultoria de ne- ver em uma economia de
gócios Prospectiva. baixo carbono. “Temos mi- Há uma crise de identidade na transição brasileira para a economia
“A demanda por bens ma-
teriais, alimentos e energia
lhões de vantagens compa-
rativas fornecidas pela na-
limpa, segundo os participantes do Fórum Desenvolvimento e
aumenta sem parar. Preci- tureza”, disse ela. Baixo Carbono, promovido pela Folha em parceria com o Instituto
samos encontrar onde estão “As escolhas no caminho
as oportunidades nesse con- para o desenvolvimento de- Escolhas e o Insper, que aconteceu no dia 23, em São Paulo.
texto”, disse.
Para Jorge Arbache, se-
vem considerar essas vanta-
gens”, completou Toni.
A escolha é entre aproveitar o potencial dos recursos naturais
cretário de assuntos inter- Arbache concorda. Ele do país a favor da sustentabilidade ou continuar como produtor de
nacionais do Ministério do acrescentou que a eficiência
Planejamento, a oportuni- no uso dos recursos é essen- commodities lucrativas de baixo valor agregado e alto impacto
dade pode estar no setor de
serviços. O país, no entan-
cial no processo. “Devemos
aprender a fazer mais com o ambiental. Rever políticas públicas e regulação é essencial para criar
to, não consegue traduzir que temos, e fazer muito inovação e um mercado verde atraente e seguro para investidores.
conhecimento científico em mais com o nosso potencial
tecnologia, fundamentais a ser explorado.” (elb) Leia, a seguir, relatos sobre os quatro painéis do evento

ENERGIA, BIOMATERIAIS E USO DA BIODIVERSIDADE INSEGURANçA PREJUDICA


AGRONEGóCIO SÃO CHAVE AUMENTARIA RIQUEZA A ECONOMIA SUSTENTÁVEL
colaboração para a folha to dos setores industriais, colaboração para a folha logias da Quarta Revolução de são paulo ser feitos com cautela.
com a exceção do agronegó- Industrial para criar coisas “Não adianta pedir mais
A produção de energia, o cio”, afirmou o economista. Fomentar uma economia úteis à sociedade”, disse Ri- O financiamento para incentivos fiscais para um
agronegócio, biomateriais e As possibilidades na área baseada em inovação e uso cardo Abramovay, professor uma economia verde depen- sistema que já está exaurido
reflorestamento são setores- de novos materiais são en- sustentável da biodiversida- da Faculdade de Economia de de risco e retorno adequa- e tem outros problemas pa-
chave na transição para a caradas de maneira mais de pode gerar até cinco ve- e Admnistração da USP. dos dos investimentos. Para ra lidar”, ressaltou Leitão.
economia verde no Brasil. positiva por Mendonça de zes mais riqueza para a regi- Segundo o professor, a oferecer um ambiente mais De acordo com Bernard
As áreas foram elencadas Barros. “O Brasil está próxi- ão amazônica do que as ati- economia brasileira é muito seguro para o investidor, no Appy, diretor do Centro de
pelos participantes do deba- mo das fronteiras na rota da vidades hoje praticadas no dependente do comércio de entanto, é necessário diver- Cidadania Fiscal, é essenci-
te sobre novos setores in- nanocelulose. Avanços tec- bioma, como a pecuária e a commodities agrícolas e mi- sificar os negócios e estudar al ter os objetivos muito cla-
dustriais e inserção do Bra- nológicos têm permitido a extração de madeira. nerais, o que a torna ainda os melhores incentivos. ros antes de montar uma es-
sil nas cadeias globais de transformação da matéria- Mas para isso será neces- muito intensiva em emissões “Na área ambiental exis- tratégia fiscal.
produção, durante o deba- prima em produtos como fil- sário frear a expansão da de carbono. “Não podemos tem riscos e incertezas que “Reduzir impostos pode
te do Fórum Desenvolvi- mes transparentes que agropecuária na região, aler- esquecer que somos o prin- impedem a realização de ser um bom meio para esti-
mento e Baixo Carbono. transmitem energia.” ta o climatologista Carlos No- cipal consumidor de agrotó- muitos negócios”, disse Sér- mular boas práticas de de-
Um grande entrave para Para o economista José bre, membro da Academia xicos do mundo”, ressaltou. gio Leitão, diretor de relaci- senvolvimento sustentável
a transição verde, segundo Augusto Coelho Fernandes, Brasileira de Ciências e do Na avaliação de Marcos onamento com a sociedade e atrair investimentos, mas
Luiz Barroso, presidente da da Confederação Nacional IPCC, o painel da ONU sobre Jank, diretor da BRF, empre- do Instituto Escolhas. nem sempre é o melhor. É
Empresa de Pesquisa Ener- da Indústria, tão ou mais mudanças climáticas. sa dona das marcas Sadia e “Precisamos descobrir co- preciso estudar para só en-
gética, é a falta de esquema importante que priorizar se- “Estamos desenvolvendo Perdigão, o agronegócio bra- mo transformar os ativos tão definir o melhor cami-
regulatório no Brasil. tores é criar um ambiente de a proposta de um novo mo- sileiro evoluiu muito nas úl- ambientais em um mercado nho”, afirmou ele.
“Temos que colocar na negócios estável, com mar- delo para o desenvolvimen- timas décadas —o país tem que ofereça segurança para Segundo Appy, estudos
mesa a discussão sobre me- cos regulatórios e seguran- to da Amazônia. A ideia é pa- o maior superávit comercial o investidor”, afirmou ele. mostraram que a tributação
didas como precificação do ça institucional, garantir in- rar a fronteira agrícola e cri- agrícola do planeta, estima- Para Hector Gomez, repre- sobre o carbono é possível,
carbono e certificado de vestimentos e melhorar téc- ar um sistema econômico do em US$ 80 bilhões/ano. sentante no Brasil do IFC desde que haja meios para
emissões”, afirmou. nicas de gestão. “Produtivi- baseado em conhecimento “A forma de fazer o pro- (International Finance Cor- contornar os efeitos negati-
Essas medidas, geradoras dade é solução de baixo cus- e inovação”, disse Nobre. dutor rural reconhecer o va- poration), operações diver- vos, como, por exemplo, a
de valor nas cadeias globais to”, afirmou. Segundo ele, cem produ- lor da sustentabilidade é le- sificadas, que mitigam o ris- diminuição de outros impos-
de produção, não seriam su- Já Celina Carpi, do Insti- tos da biodiversidade seri- var isso para o consumidor”, co do investimento, podem tos para diminuir a carga tri-
ficientes para a inserção do tuto Ethos, ressaltou os am capazes de fazer a eco- afirmou o executivo. tornar a economia de baixo butária total.
Brasil na economia verde, avanços rumo ao desenvol- nomia local quintuplicar em De acordo com Jank, ain- carbono mais atrativa. “Às vezes, as estratégias
diz o economista José Rober- vimento sustentável propor- dez anos. da não existe exigência de Quanto a incentivos e vêm como pacotes prontos
to Mendonça de Barros. cionados pelo Código Flo- “As chances de aplicar co- sustentabilidade nas cadei- isenções fiscais, Gomez diz e não se discute quais são os
“Sou razoavelmente céti- restal e o potencial de novos nhecimento à nossa biodi- as agrícolas. “É o Brasil que que eles podem ajudar ou melhores meios para a rea-
co quanto às possibilidades negócios no setor de reflo- versidade são promissoras. precisa puxar esse debate”, atrapalhar o desenvolvimen- lização dessa transição”,
de redirecionar o crescimen- restamento. (iara biderman) Trata-se de utilizar as tecno- concluiu. (andrea vialli) to desse mercado, e devem completou. (elb)
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Pequenas empresas
Fotos reinaldo canato/Folhapress
Brasil ignora possibilidades
da economia de baixo

ganham ao inovar
carbono. O país tem muitas
vantagens naturais
aNa toNI,
As chances de diretora do Instituto Clima e Sociedade

em produtos verdes
aplicar conhecimento
à nossa biodiversidade
são promissoras
RIcaRdo abRaMoVay,
professor titular da FEA-USP Reduzir impostos
nem sempre é o melhor Centros de pesquisa criam programas para aumentar
meio para estimular o
desenvolvimento sustentável
a competitividade de fabricantes com foco sustentável
beRNaRd appy,
Em algum momento no fim do diretor do Centro de Cidadania Fiscal
aNdRea VIallI do pinhão orgânico para dez sificar as exportações brasi-
próximo ano o Brasil pode colaboração para a folha toneladas até 2018. leiras e incluir os pequenos.
voltar a crescer e esse Os produtores inscritos no “A pauta brasileira de ex-
crescimento ser sustentável A paisagem de araucárias programa Araucária+ se portações está centrada 70%
inspirou Pedro Reis, dono da comprometem a utilizar téc- em commodities e em 200
José RobeRto MeNdoNça de baRRos,
fundador da consultoria MB Associados O financiamento para uma cervejaria Insana, do Para- nicas extrativistas responsá- grandes empresas. É preci-
economia de baixo carbono ná, a criar uma cerveja que veis e recebem até 30% a so aumentar a participação
leva pinhão na receita. mais em relação ao pinhão das pequenas”, diz Paulo
virá quando houver risco Com a inovação, o empre- comercializado na região. Durval Branco, coordenador
e retorno adequados sário fortaleceu uma inicia- “As cadeias produtivas do do ICV Global. O programa
hectoR goMez, tiva de valorização do pi- pinhão e da erva-mate têm não aporta recursos nas em-
Parte da indústria hoje, de gerente da International Finance Corporation nhão orgânico produzido em baixo valor agregado. Que- presas, mas oferece consul-
baixa capacidade áreas de preservação da ma- remos trazer a lógica dos toria e capacitação.
tecnológica e altamente ta de araucárias. ecossistemas de inovação Uma das participantes é a
poluente, é inviável Batizado de Araucária+, o para esses negócios”, diz Atina, de Pouso Alegre (MG),
projeto da Fundação Certi, Marcos Da-Ré, diretor do que produz óleos e ingredi-
RIcaRdo seNNes,
A ineficiência das políticas ligada à Universidade Fede- Centro de Economia Verde entes para a indústria de cos-
economista da Consultoria Prospectiva
ral de Santa Catarina, incen- da Fundação Certi. méticos. É a única produto-
industriais brasileiras tiva cadeias de negócios sus- O programa, que reúne 20 ra, no Brasil, do bisabolol
encarece a transição para tentáveis baseados em dois empresas e start-ups, 83 pro- natural (fármaco anti-infla-
a economia verde produtos típicos dessa flo- dutores e 33 instituições, aju- matório e cicatrizante), a
resta: pinhão e erva-mate. da a preservar, por meio de partir da extração certifica-
José augusto coelho feRNaNdes,
Agronegócio pode ter três diretor da Confederação Nacional da Indústria A cerveja de pinhão, sazo- novos negócios, 500 hecta- da da candeia, árvore nativa
papéis na mudança nal, foi um sucesso. O pri- res de matas de araucária. A da Mata Atlântica.
meiro lote , lançado em 2015, meta é chegar a 5.000 hecta- A participação no ICV Glo-
do clima: ser vítima, teve 15 mil unidades vendi- res até 2020. bal ajudou a empresa, antes
vilão ou solução das. O bom resultado levou dependente das vendas in-
a Insana a triplicar a produ- EXPORTAÇÃO ternas, a reverter esse cená-
MaRcos JaNk,
diretor global da BRF Precisamos descobrir como ção neste ano. Em São Paulo, o GVCes rio. Participou de duas feiras
transformar os ativos Uma tonelada de pinhão, (Centro de Estudos em Sus- importantes do setor, em No-
ambientais em um mercado comprada diretamente de tentabilidade da Fundação va York e Paris, e hoje expor-
seguro para o investidor quatro produtores, foi utili- Getúlio Vargas) prepara pe- ta 67% da produção
zada na fabricação da cerve- quenas empresas com pro- Agora, o desafio da Atina
Brasil não tem regulação seRgIo leItão, ja —o que permitiu a preser- dutos sustentáveis para o é atrair novos clientes inter-
diretor do Instituto Escolhas
vação de 70 hectares de ma- mercado externo. nacionais para o ativo de ori-
para implementar ações ta nativa em Santa Catarina. O programa ICV Global gem sustentável. “Grande
de desenvolvimento “A cerveja de pinhão sur- (Inovação e Sustentabilida- parte do bisabolol usado na
sustentável giu como um projeto ambi- de nas Cadeias de Valor Glo- indústria ou é de origem sin-
ental, mas acabou se tornan- bais) foi criado em parceria tética ou é extraído sem con-
luIz baRRoso,
presidente da Empresa de Pesquisa Energética País precisa de estrutura de do um produto rentável”, diz com a Apex-Brasil (Agência trole. Queremos mudar esse
uso da terra sustentável. Reis. A cervejaria fixou me- de Promoção de Exportações cenário”, diz Eduardo Roxo,
tas para aumentar a compra e Investimentos) para diver- fundador da empresa.
O Código Florestal é o
instrumento para isso
celINa caRpI,
Brasil tem dificuldade para presidente do conselho do Instituto Ethos
traduzir conhecimento
científico em tecnologia.
É urgente mudar
Divulgação
JoRge aRbache,
secretário do Ministério do Planejamento Escolhemos o oportunismo Obra da capa é feita de ferro-velho
das medidas de resultados
rápidos em vez de optar por de são paulo - As grades usa- sas obras. “A Ferro e Fogo
ações sustentáveis das para proteger e isolar ca- (Desdobramentos)” foi feita
sas adquirem a forma de flor a partir de material achado
É preciso envolver a MaRcos lIsboa, nos trabalhos do artista pau- em ferros-velhos. “É preciso
presidente do Insper
lista Rodrigo Bueno (foto), 49, perceber que a natureza es-
capacidade de inovação do do ateliê Mata Adentro, que se tá aqui, entre nós. Não só na
setor privado na construção define como um “ativista pe- Amazônia, mas nas rachadu-
de uma economia verde la sensibilização”. ras das cidades e nas praças”,
A imagem que ilustra a ca- diz Bueno. “E, para aflorar,
caRlos NobRe,
membro da Academia Brasileira de Ciências pa deste caderno é uma des- a natureza precisa de fogo.”

#Quantoé?plantarfloresta é uma
plataforma digital que ajuda o
proprietário rural a calcular o valor

A Plataforma que para recuperar a área desmatada


na propriedade e a receita que a

calcula o valor das exploração econômica do plantio da


floresta pode gerar. Basta selecionar

nossas florestas
no mapa a macrorregião onde está
a área a ser recuperada, inserir o
tamanho, e a plataforma apresenta
oito modelos de recuperação
florestal. Disponível em escolhas.org.

WWW.QUANTOEFLORESTA.ESCOLHAS.ORG
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análise

O passado
e o futuro da
produção na
América Latina
É preciso deixar de ver os recursos
naturais como uma ‘maldição’ e achar
maneiras de aproveitá-los à luz da
tecnologia desenvolvida no continente

CARLOTA PEREZ Assim, quando o Brasil


ESPECIAL PARA A FOLHA produz tanto polpa de euca-
lipto da mais alta qualidade
Pode parecer estranho re- mundial quanto um eucalip-
correr à história para consi- to de rápido crescimento cu-
derar o futuro da indústria e ja madeira se assemelha ao
da inovação na América La- mogno, está criando oportu-
tina. Mas meu trabalho se re- nidades ao longo da cadeia
laciona com a maneira pela de inovação, oportunidades
qual velhos padrões podem muito mais lucrativas do que
ser renovados com sucesso a simples montagem de pro-
em novos contextos: como dutos eletromecânicos desen-
avançamos, a partir do pas- volvidos em outros países, ou
sado, para aproveitar novas a produção de produtos ali-
“janelas de oportunidade”. mentícios enlatados de mar-
A América Latina foi o pri- ca estrangeira.
meiro continente a tirar van-
tagem das oportunidades de EXPECTATIVAS
industrialização oferecidas À medida que esse poder
pela maturidade das tecnolo- de transformação se espalha,
gias de produção em massa. as expectativas dos consumi-
A despeito das críticas váli- dores também mudam, o que
das às políticas de proteção de cria um imenso potencial pa-
mercados e substituição de ra a América Latina, rica em
importações, elas produziram recursos naturais.
ritmos elevados de crescimen- Hoje, o oposto daquilo que
to e alto emprego, e continu- foi deflagrado pela produção
amos a tentar reproduzir em massa é que está em de-
aquele período de bonança. manda: encontrar uma solu-
Mas essa janela de oportu- ção para a exportação de fru-
nidade da era da produção tas “com gosto de fruta”, em
em massa já se fechou. Esta- lugar das versões chochas, si-
mos lidando com condições métricas e duradouras da era
mundiais muito diferentes, da produção em massa; de-
que requerem novas políti- senvolver safras altamente
cas, novas estratégias e no- nutritivas; identificar virtu-
vos comportamentos. des medicinais de plantas
O mais sério “dinossauro” pouco conhecidas —avanços
a superar é o conceito da científicos como esses podem
“maldição” dos recursos na- abrir novos horizontes para
turais. A insistência em pro- empresas e inovadores locais.
mover industrialização de Para além do estágio de

inércia
forma a deixar para trás ma- pesquisa, vemos um aumen-
térias-primas e agricultura to na inovação local de técni-
era válida nos anos 1960 e cas especializadas de extra-
1970, quando, para lucrar ção e processamento, e de
com as tecnologias de então, equipamentoparaexploração
imitar os países já industria- florestal, agricultura e pesca.

industrial
lizados era essencial. Um exemplo é o processo
Hoje, o contexto mundial agrícola de plantio direto
está mudando da produção (sem lavoura) desenvolvido
em massa para a especializa- no Brasil e na Argentina, cu-
ção, com o crescimento de jas máquinas agora são ex-
produtos agrícolas para ni- portadas para todo o mundo.
chos de mercado feitos sob Abiotecnologiaéoutraárea
medida e com biomateriais, madura para inovação. Estão Falta planejamento para que o Brasil invista num modelo
nanotecnologia ou biotecno-
logia. Ao mesmo tempo, o
sendo identificadas e desen-
volvidas bactérias para servir
de baixas emissões e alta produtividade, afirma estudo
consumo se volta para o “na- a muitos propósitos, de mine-
tural”: rumo à agricultura or- ração ou digestão de petróleo DHIEGO MAIA A atual indústria de base Para Marisa Grossi, presi-
gânica e biotecnológica, e a derramado a aplicações de sa- DE SÃO PAULO do país, que fabrica insumos dente do CEBDS (Conselho
outros recursos naturais com úde como o “microbioma”, para setores fundamentais da Empresarial Brasileiro para o
características únicas. que atende à cada vez maior Enquanto parte do mundo economia, como a constru- Desenvolvimento Sustentá-
O que está por trás dessa demanda por cuidados médi- investe em uma nova indús- ção civil, é dependente de vel), a transição só ocorrerá
transformação tão profunda? cos individualizados. tria que produza mais, pou- muita energia para operar. se for diversificada. “O Brasil
A transição de uma era enra- Todas essas mudanças es- pe energia e, assim, suje me- Seis setores (siderurgia, pa- sempre apostou em nichos e
izada nas tecnologias de pro- tão acontecendo em meio a nos o ambiente com gases de pel e celulose, cimento, ca- não pensou no todo. Ficamos
dução em massa (incluindo uma crise ambiental. Apren- efeito estufa, o Brasil segue deia do alumínio, químico e estacionados no etanol, mas
o petróleo e seus derivados) der a administrar recursos parado nessa transição. petróleo e gás) analisados pe- temos que fazer do carro elé-
para uma era de informação naturais —e a usá-los para É o que concluiu um estu- lo Instituto Escolhas respon- trico uma alternativa viável.”
“inteligente” e tecnologias de criar riqueza, reduzir a pobre- do sobre o setor feito pelo Ins- dem por 40% do consumo to- Segundo Tasso Azevedo,
comunicação que estão trans- za e promover uma economia tituto Escolhas, organização tal de energia gasto pela in- do Seeg, a saída para finan-
formando todos os aspectos sustentável— é a tarefa mais que pesquisa áreas como dústria, diz a EPE (Empresa ciar a indústria “verde” é ta-
da sociedade, na direção de urgente desta geração. energia e sustentabilidade. de Pesquisa Energética). xar a emissão de carbono.
serviços e ativos intangíveis. Tecnologia ecológica “in- Tudo rema contra. O par- Todos eles também têm si- “Sujou, pagou. Quem polui
Não é que a produção em teligente” já está sendo de- que fabril nacional é antigo, do responsáveis por cerca de menos seria mais competiti-
larga escala tenha deixado de senvolvida em todo o conti- com estruturas ainda da dé- 15% das emissões de gás car- vo e teria mais dinheiro para
ser realizada. Pelo contrário: nente, de novas fontes reno- cada de 1970. A carga tributá- bônico do país —o índice vem investir nessa transição.”
a escala hoje precisa acomo- váveis de energia à criação de ria torna a produção nacional se mantendo estável nesta dé- E incorporar no chão de fá-
dar a classe média mundial materiais renováveis. menos competitiva no exteri- cada, segundo o Seeg (siste- brica processos da internet
emergente. Mas com a revo- Mas priorizar soluções sus- or e a crise freia os investi- ma que mede as emissões de das coisas, com toda a produ-
lução da informação e da tec- tentáveis como parte de uma mentos em inovação. gases do efeito estufa). ção interconectada em uma
nologia “inteligente”, duas nova economia “verde inteli- “O grosso da indústria na- Com uma vantagem, diz base gigantesca de dados, diz
coisas cruciais mudaram: gente” requererá um amplo cional é de baixa e média tec- Tasso Azevedo, coordenador o economista Rafael Cagnin,
A linha de montagem pode consenso, com políticas pú- nologias. É também bastante do Seeg. “O aço produzido no do Iedi (entidade que estuda
produzir modelos diferentes blicas audazes e imaginativas poluente e ineficiente, com Brasil emite menos gás car- a indústria). “A Europa tem
e responder rapidamente a quefacilitematransformação. uma aposta em commodities bônico por tonelada que na feito isso para diminuir seu
mudanças de demanda, sen- O que precisamos é aban- sem valor agregado”, afirma China. Isso porque a nossa custo fabril e reduzir a depen-
do que a porção de produção donar o complexo de inferio- Ricardo Sennes, diretor da eletricidade é mais limpa. Te- dência do gás russo.”
em massa do mercado tem as ridade sobre a inovação, ad- consultoria Prospectiva. mos que aproveitar isso.” Já no Brasil, a estratégia do
mais baixas margens de lucro. quirido na era da produção Essa inércia, diz o físico governo foi investir R$ 500 bi-
Ao mesmo tempo, a capa- em massa, e encarar as novas Shigueo Watanabe, um dos ESTACIONADO lhões do BNDES em uma in-
cidade de atender a nichos de oportunidades de maneira autores da pesquisa, é acen- Mas é preciso investir. dústria sem conexão com a
mercado e de produzir bens positiva e determinada. tuada pelo fato de o país não O Banco Mundial estima sustentabilidade, diz Wata-
para esses nichos sem um in- CARLOTA PEREZ é pesquisadora, autora de
ter clareza de como será sua ser necessário adicionar mais nabe, do Instituto Escolhas.
vestimento inicial proibitivo “Technological Revolutions and Financial base industrial. “Sobram US$ 5,7 trilhões na economia “Foi como olhar para o retro-
levou ao surgimento de seg- Capital” (ed. Edward Elgar) e professora da ações para apagar incêndios até 2030 para tornar os pro- visor.” Procurado, o BNDES
London School of Economics
mentos menores mas mais lu- pontuais, mas falta planeja- cessos produtivos mais sus- não se manifestou até o fe-
crativos em todas as áreas. Tradução de PAULO MIGLIACCI mento de longo prazo.” tentáveis em todo o mundo. chamento da reportagem.
ef Segunda-Feir a, 28 de novembro de 2016 ┆ ┆ ┆ semináriosfolha 5
Fotos Eduardo Knapp/Folhapress
Crédito
análise

Para chegar à
agroindústria
4.0, é preciso
explorar dados
Fabricação de papel e celulose mostra
alguns dos caminhos em que o Brasil
pode dar novos saltos com utilização
da abundante informação digital

MARCELO LEITE é o quarto maior produtor de


DE SÃO PAULO celulose, atrás de EUA, Chi-
na e Canadá, mas o custo de
O tema da hora, para quem produção aqui é quase a me-
não tem olhos só para Lava tade do custo naqueles paí-
Jato e Donald Trump, é a tal ses”, afirmam Wills e Wata-
de Quarta Revolução Indus- nabe no relatório.
trial. Ou indústria 4.0, para Embora já utilize conside-
os iniciados, que no entanto rável base tecnológica, como
ainda não conseguiram con- boa parte do agronegócio bra-
quistar o devido espaço no sileiro, o setor ainda tem es-
debate nacional. paço para novos saltos com
Muito superficialmente, recurso mais intenso às fer-
trata-se de mobilizar o acú- ramentas da digitalização.
mulo de dados e a crescente
capacidade de processamen- PRECISÃO
to e análise das informações Por que não pensar numa
nas nuvens digitais para im- agricultura 4.0 usando dados
pulsionar a produtividade e de solo, água e clima na plan-
a precisão na manufatura e tação? Segundo Watanabe,
nos serviços. isso já é feito com vários cul-
Parece coisa de ficção cien- tivos, eucalipto e pinho inclu-
tífica, num país em que mui- ídos, mas ainda numa escala
tas empresas ainda acham bem maior que a do metro
Operários que mercados se conquistam quadrado.
colocam ferro cultivando amizade com o rei, O Brasil conta com a Em-
derretido em superfaturando contratos en- brapa para refinar ainda mais
forma de freios tre barões e distribuindo pro- essas tecnologias, que indi-
para trens pinas na Corte. Ou achavam. cariam com precisão o plan-
na MIC S.A., O que pode e deve fazer o tio dos clones mais adequa-
em Barueri, Brasil nesse cenário em trans- dos no momento mais favo-
Grande São formação? rável, com base em dados de
Paulo; abaixo, O país parte de uma posi- clima e condições do solo, as-
aparação ção ruim nessa corrida. A cri- sim como o micromanejo da
de peça se social, política e econômi- irrigação por gotejamento e
ca que atravessa criou uma de fertilizantes ou defensivos.
enorme ociosidade e drenou Pode-se sonhar até com
recursos e incentivos para au- sensores para coletar dados
mentar a produtividade. físico-químicos das árvores.
Considere-se a indústria de Na outra ponta, as fábricas
base, tradicional esteio das de papel, já muito automati-
políticas de desenvolvimen- zadas desde os anos 1980, po-
to por aqui, como no exem- deriam conectar-se em redes
plo da siderurgia. Segundo o de informação com a produ-
estudo que William Wills e ção de árvores e com o mer-
Shigueo Watanabe produzi- cado consumidor.
ram para o Instituto Escolhas, Passariam a fazer um ajus-
“Perspectivas para a Indús- te constante do que produzir
tria no Brasil”, sua capacida- com base na demanda moni-
de ociosa está em inéditos torada em tempo real —por
40%, mesmo após a desati- exemplo, papéis de embala-
vação de seis altos fornos. gem customizados.
O país é capaz de produzir Esse é só um exemplo, não
50 milhões de toneladas a salvação da pátria. E, se a
anuais de aço. No mundo há produção se expandisseà cus-
sobra de 700 milhões de to- ta da abertura de novas áreas
neladas, 400 milhões ape- com desmatamento, ou desa-
nas na China. Não parecem lojando pequenos produtores
boas as chances de compe- da agricultura familiar, redun-
tir nesse mercado, em espe- daria no oposto do benefício
cial quando se tem de arras- socioambiental que se alme-
tar o peso morto do chama- ja com a Quarta Revolução.
do custo Brasil. O correto seria recorrer às
Um setor em que o país florestas plantadas só nas
conta com muitas vantagens áreas liberadas pela intensi-
competitivas é a economia de ficação da pecuária. Esta, de
base natural, agronegócio à resto, ainda está na era 1.2
frente, graças à grande dis- (média aproximada de cabe-
ponibilidade de sol, água e ças por hectare no país).
terras. Em vez de tratar aqui Há muitas modalidades de
de soja, cana, milho ou algo- atraso no Brasil. Para supe-
dão, porém, tome-se o caso rar a crise que é nossa e acer-
de papel e celulose. tar o passo com o ritmo do
Com o perdão de ambien- mundo será preciso pensar
talistas que ainda veem no mais e melhorar o rumo a se-
eucalipto uma praga, cabe guir em cada setor. Repetir as
destacar que sua produtivi- fórmulas desgastadas do ve-
dade em solo brasileiro é a lho desenvolvimentismo não
mais alta do mundo. “O país vai dar conta do desafio.

FONTE DE GASES DE EFEITO ESTUFA, CARVÃO MINERAL BRIGA pOR ESpAçO NO MERCADO
Setor é responsável por 4,5% da matriz elétrica no Brasil; país não deve aumentar sua capacidade nos próximos 15 anos
NÁDIA PONTES Segundo o Ministério de entrada de potência a carvão Atualmente, o carvão, fon- o governo faria leilão para de abrir mão do carvão. “É
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Minas e Energia, a potência aumentam, mas de forma mo- te mais potente de emissão de comprar a energia. A iniciati- precisoplanejamentointegra-
instalada a carvão mineral derada e com controle de gases de efeito estufa, produz va privada bancaria o valor do, com uso de tecnologia.”
Nobastidordodebatesobre não terá acréscimos no Siste- emissões de dióxido de carbo- 41% da eletricidade no globo, estimado da troca, US$ 5 bi. “O lobby é muito forte”, diz
mudança climática, uma dis- ma Interligado Nacional e de- no”, explica o ministério. segundo dados da Agência In- “É um investimento muito Teresinha Maria Gonçalves,
puta pelo mercado de energia ve ficar assim por 15 anos. A Associação Brasileira do ternacional de Energia (IEA). alto, que pode ser feito em ou- da Universidade do Extremo
seacirra.Aomesmotempoem Mastudopodemudarapar- Carvão Mineral se prepara pa- No Brasil, é responsável por tras fontes”, rebate Márcio Sul Catarinense. “Essa indús-
que países assumem compro- tir de 2045. “Quando o plane- ra o embate. “Não é uma bri- 4,5% da matriz elétrica. Astrini, do Greenpeace. tria já tinha que ter acabado
misso de limpar a matriz ener- jamento energético amplia o ga pelo clima, é uma briga de Zancan diz que o setor que- Para José Luz Silveira, da há tempos. Os danos ambien-
gética, a indústria do carvão horizonte de estudos para 30, mercado”, afirma Fernando ria trocar 1.400 megawatts de Unesp, que estuda novas fon- tais foram muito grandes pa-
tenta não perder seu espaço. 40 anos, as possibilidades de Zancan, presidente do órgão. usinas velhas por novas e que tes renováveis, o país não po- ra poucos ganhos coletivos.”
6 semináriosfolha ┆ ┆ ┆ Segunda-Feir a, 28 de novembro de 2016 ef

Economia de
baixo carbono
É voltada para a
diminuição das emissões
de carbono sem prejudicar
o desenvolvimento
econômico. Inclui ações

Inovação e
como o fomento das
energias renováveis, as
melhorias na mobilidade
urbana e a construção de
prédios energicamente

justiça social
Economia circular autossuficientes
a produção de bens
é planejada para
manter produtos,
componentes e

definem o
materiais em
circulação, criando
novos ciclos
produtivos em vez de
produzir lixo

novo verde
teorias sobre economia limpa evoluem

ÁrVore
com as novas tecnologias e demandas
por uma sociedade mais igualitária

everton lopes
de são paulo
iara biderman
tas da tecnologia”, diminuiu
bastante, de acordo com Pris-
cila Claro, coordenadora do
GeNeaLÓGica
colaboração para a folha Núcleo de Estudos em Meio Quais são os integrantes da família
No fim do ano passado, 150
Ambiente e Centros Urbanos
do Insper.
do desenvolvimento sustentável
líderes mundiais se reuniram
na ONU para adotar uma no- oportunidades
va agenda para o desenvolvi- O cenário se alterou devi-
mento global. do à rapidez dos avanços tec-
Os objetivos do milênio es- nológicos e às mudanças nos
tabelecidos em 2000 foram modelos de negócios, impul-
então substituídos pelos 17 sionadas por vários fatores,
ODS (objetivos de desenvol- como crises econômicas e po-
vimento sustentável). líticas ou o crescimento da
“O conceito corrente de de- economia digital.
senvolvimento é promover a “Hoje, temos muito mais
melhoria de vida das pesso- dados, ferramentas e vonta-
as sem destruir as bases da de de fazer a transição para a
própria vida. É um programa economia verde, seja por
de trabalho para construir o oportunidade de negócio ou
futuro”, diz Ricardo Abramo- por ameaças à saúde finan-
vay, professor da FEA (Facul- ceira da própria empresa”,
dade de Economia e Adminis- explica Claro. Energia
tração) da USP. Do ponto de vista das em- distribuída
Um dos pilares do desen- presas, a economia verde po- a geração elétrica
volvimento sustentável é a de reduzir tanto os riscos am- é feita junto ou
economia verde, conceito bientais quanto os custos de próxima do
“guarda-chuva” que abriga produção, afirma ela. Em al- Ecoeficiência consumidor, a partir
diferentes correntes teóricas guns casos,como quando há propõe o menor de fontes renováveis
e pode ter várias definições. incentivos tributários, a ten- Economia verde uso possível de ou da cogeração
“É um conceito que depen- dência é o aumento da mar- conjunto de processos recursos naturais como (produção combinada
de de problemas e interesses gem de lucro. produtivos que reduz insumos no setor de calor e
políticos e econômicos que “Antes, queriam provar os riscos ambientais e a produtivo. Inclui eletricidade)
podem variar muito”, diz Lay- aos executivos das grandes escassez de recursos também a
la Saad, diretora do Centro empresas que investir em naturais e resulta em racionalização
Mundial para o Desenvolvi- economia verde não teria im- melhoria do bem-estar do consumo
mento Sustentável (Centro pacto negativo nos custos. humano e igualdade
RIO+), da ONU. Agora já estão mostrando que social, na definição do
De acordo com ela, foi só a há impacto positivo”, diz ela. pnuma (programa das
partir de 2008, com o lança- É também uma oportuni- Nações unidas para o
mento da Iniciativa Verde do dade de reposicionar empre- Meio ambiente)
Pnuma (Programa das Na- sas por meio da produção de
ções Unidas para o Meio am- novos produtos e serviços.
biente), que a ideia ganhou “Tecnologia e química ver-
mais força. de podem ser novas fontes de
“A definição do programa
ficou mais abrangente, acres-
centou o bem-estar humano
renda”, diz a coordenadora
do Insper. oNde estão • Inovação
tecnológica
e a igualdade social como
partes importantes da econo-
transiÇÃo
Para Annelise Vendrami- as oNdas Verdes • Soluções para
produção mais
mia verde”, afirma Saad. ni, especialista em finanças limpa
Em ALTA

As metas de sustentabili- sustentáveis do GVces (Cen- Energia solar


dade ficaram ainda mais atre- tro de Estudos em Sustenta- segundo dados da agência Internacional de • Sustentabilidade
ladas ao fim da desigualda- bilidade da Fundação Getú- energia (Iea, na sigla em inglês), a china socioambiental
de. “Edifício com energia so- lio Vargas), a transição para possui a maior capacidade instalada de
lar cercado por muros e segu- uma economia verde depen- energia solar do mundo. o país alcançou, • Preservar
ranças não vale”, exemplifi- de de políticas públicas, de em 2015, capacidade para gerar até 43,5 GW recursos
ca Abramovay. muita inovação e de instru- apenas com painéis fotovoltaicos promovendo a
Também não vale obrigar mentos de mercado para tor- justiça social
países com altos índices de nar mais viáveis e atrativos os Gestão da água
pobreza a frear o crescimen- produtos ditos verdes. com uma população de 5 milhões de pessoas
to econômico para cumprir
com as metas globais de de-
O consumo deve entrar em
acordo com a nova lógica. “O
vivendo em uma área de apenas 710
quilômetros quadrados, cingapura teve que VaiVém
das ecoteorias
senvolvimento sustentável. consumidor precisa desen- adotar soluções integradas para o suprimento
volver consciência sobre su- de água potável. uma delas é a Newater,
tecnologia as atitudes. Ele deve começar marca de água potável reciclada por entidades
“Os termos de negociação a preferir produtos locais, o públicas do país • Decrescimento
mudaram. Em vez de discu- que evita grandes desloca-
tir como fazer para não emi- mentos, e deve ter a noção do Energia Eólica • Redução da
tir gases de efeito estufa, a limite de resíduos que pode em 2015, 42% da eletricidade produzida na produção e do
Em BAIxA

pergunta é como vamos fi- gerar”, diz Vendramini. dinamarca foi gerada por turbinas eólicas, um consumo dos
nanciar e investir em tecno- Nem tudo pode ser negoci- recorde mundial no uso desta fonte renovável países
logia para contornar os pro- ado. As empresas precisam de energia; o país conseguiu até a exportar
blemas decorrentes disso”, reavaliar suas cadeias produ- 40% de sua produção excedente • Estado
diz Abramovay tivas e colocar os critérios am- estacionário
Ele cita como exemplo o bientais no centro do proces- Biomassa
compromisso da Índia de in- so para evitar perdas de re- a biomassa da cana de açúcar é a segunda • Estabilização da
vestir, até 2022, na produção cursos, avalia Saad, da ONU. principal fonte de energia elétrica no brasil, produção e da
do equivalente a seis usinas “Elas não podem acabar atrás apenas da gerada nas hidrelétricas. o população, com
de Itaipu em energia solar e com os insumos naturais dos derivado da cana tem potencial para variação do PIB
quatro em energia eólica. Itai- quais dependem para sobre- responder por cerca de 20% da matriz próxima a zero
pu é a segunda maior produ- viver”, afirma. energética brasileira até 2030
tora de energia limpa e reno- “Impactos que resultam de
vável do mundo. um mau gerenciamento dos
A polarização entre os que recursos, como mudanças no
defendiam o estado estacio- clima e tragédias naturais, Fontes: annelise Vendramini, da FGV (Fundação Getúlio Vargas); layla saad, da oNu (organização das Nações unidas); ricardo abramovay, da usp (universidade de são paulo)
nário (PIB próximo a zero) ou não são negociáveis”, resu-
decrescimento e os “otimis- me Vendramini.

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