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A primeira preocupação que absorveu a psiconcologia, portanto, teve seu foco nas
origens e causas da doença. Numerosos trabalhos exploraram fatores genéticos,
ambientais, sociais e psíquicos que poderiam ser associados à eclosão do câncer, na
busca de uma relação de causa e efeito. E o resultado de consenso, fruto dessas
investigações, aponta para a multifatoriedade, entendida esta como o conjunto dos
fatores biopsicosociais presentes, em maior ou menor grau, na instalação das
neoplasias malignas. Hoje, a esse tripé agregou-se uma gama de aspectos chamados
de espirituais (ou sua ausência), que se referem ao significado – ou à sua perda –
atribuído às experiências vividas.
“Aquele que não fala com os lábios, fala com as pontas dos dedos: nós nos traímos por
todos os poros”. Freud
Em minha experiência com esse tipo de paciente, por vezes se tornava impeditivo
manter a atenção flutuante, sendo preciso passar a atenção mais objetivizada visando
não sair do “setting” e conseguir acompanhá-lo no seu movimento narcísico de morte,
sem me mortificar, para só então poder ofertar possibilidades de ampliação para o
ressurgir da pulsão de vida.
Arteterapia
"Toda arte se caracteriza por um certo modo de organização em torno do vazio. Não
creio que seja uma fórmula vã, malgrado sua generalidade, para orientar aqueles que
se interessam pela elucidação das vicissitudes da vida, e penso dispor de meios para
ilustrá-lo de maneira múltipla e muito sensível." Lacan
O uso das metáforas foi um caminho encontrado, bem como dosagens de humor,
estando sempre presente a dimensão criativa, assim como lançar mão da técnica de
storytelling foi-me extremamente útil em muitos momentos.
Houve resgate da parte do ego que não foi soterrada pelo trauma, considerando que o
psiquismo não se estagnou, sendo, assim, possível continuar no percurso das
elaborações conscientes.
Comunicação
Muitos estudos têm discutido o tema da comunicação no sentido de oferecer subsídios
para um cuidado de qualidade que abarque as reais necessidades do paciente
oncológico. A comunicação efetiva associa-se à maior qualidade na provisão do
cuidado e a maiores índices de satisfação, bem-estar e de qualidade de vida desse
paciente.
A busca pela maior compreensão do fenômeno da comunicação entre profissional e
paciente em oncologia também pode ser aprofundada pela perspectiva
psicanalítica12,13, pois pode oportunizar uma entrega de cuidados que abarca
também o manejo das consequências psíquicas e traumatizantes ocasionadas pela
enfermidade.
Ele afirmou ser preciso que não nos deixemos ser aturdidos, no nosso trabalho
analítico, pelas denominações que são dadas aos pacientes pela medicina. Frisou que o
que vai nos interessar são as pessoas vivas, no considerar de suas mentes, e o que
podemos oferecer no encontro com elas, a saber, o eco reelaborado de uma escuta
diferencialmente treinada.
Empatia (EN-, “em”+ Pathós, “emoção, sentimento, sofrimento”- daí patologia). A ideia
é estar “dentro” do sentimento alheio. é a capacidade de ser sensível às
comunicações/ demandas do outro, podendo colocar-se em seu lugar, mas sem perder
os referenciais próprios. A partir dessa possibilidade, o cuidador permite sentir e
pensar como se fosse o paciente, alcançando de forma mais fidedigna a compreensão
de suas necessidades. Para a Psicanálise, a empatia relaciona-se ao modo de
intercomunicabilidade mais profunda de suas subjetividades inconscientes
oportunizando a amenização do esmorecimento psíquico.
Concluo dizendo que, a psicanálise não tem o poder de mudar os fatos de uma vida,
mas oportuniza uma nova narrativa dos fatos, e isso pode fazer grande diferença.
Att,
Carlos Lima.