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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ – UFPA

ESCOLA DE APLICAÇÃO – EAUFPA


COORDENAÇÃO DE ESN. MÉDIO

Disciplina: Filosofia. Série: 3º ano Turma:

Profº.: Rafael Costa.

Data: / /

Filosofia e Ciência I

1. As duas grandes atividades intelectuais da cultura ocidental.

Quando falamos no desenvolvimento do pensamento racional no Ocidente, quando falamos na


construção de saberes cujo fundamento seja, essencialmente, a racionalidade, compreendida como processo
investigativo baseado na argumentação e demonstração de evidências lógicas e/ou empíricas, Filosofia e
Ciência destacam-se como as principais e matriciais atividades intelectuais de que dispomos, além da
Matemática, obviamente, cuja condição bastante específica não permite que a tomemos seja como Filosofia
(pois ela não de dedica exatamente aos fundamentos do pensamento), seja como Ciência (ao menos no sentido
moderno desta última, pois a Matemática não se dedica exatamente à compreensão dos fenômenos empíricos),
embora, muitas vezes, sirva como modelo e ferramenta para a reflexão filosófica e para a investigação
científica, sendo igualmente indispensável para o desenvolvimento técnico e tecnológico.
Filosofia e Ciência, portanto, são as principais formas de desenvolvimento do pensamento racional,
justamente porque são, dentre as áreas de conhecimento, aquelas que mais dependem do uso da razão. Ambas,
enquanto atividades intelectuais, servem de base para que possamos refletir, analisar, criticar e debater sobre
determinados temas e questões. Vale frisar que, muitas vezes, e muitas vezes sem termos consciência disso,
recorremos a procedimentos filosóficos e/ou científicos, ou utilizamos informações científicas e/ou filosóficas,
ou discutimos temas que são objeto de estudo da Filosofia e/ou da Ciência e, assim, acabamos, mesmo que
sem o saber, enveredando, ainda que superficialmente, por essas formas de pensamento.
É importante destacar ainda, que sendo o campo da atividade intelectual um campo marcado pelo
intenso debate e contraposição de ideias, é facilmente perceptível que não existem definições unívocas de
Filosofia e de Ciência, e nem uma versão exclusiva acerca do seu desenvolvimento histórico. Cada perspectiva
filosófica, cada avanço científico, abre espaço, e assim deve fazê-lo, para que possamos questionar e repensar
essas atividades. Porém, isso não significa que elas sejam absolutamente impossíveis de conhecer ou
compreender, ou que seja inútil buscar algum esclarecimento sobre elas. Há concepções e traços característicos
que se impõem, ao menos temporariamente e em relação a certos contextos discursivos, alguns mais estreitos
outros mais amplos, alguns superficiais outros mais profundos. O que devemos procurar é uma compreensão
profunda sobre esses saberes, reconhecendo sempre tanto que essa compreensão pode, e deve estar disposta a
ser questionada, como a possível validade de concepções diferentes daquelas que venhamos a possuir.

2. Senso crítico: a fonte da Filosofia e da Ciência.

Basicamente, chamamos de senso crítico nossa capacidade de problematizar, de questionar toda e


qualquer informação a que tenhamos acesso. Isto significa que, em seu sentido mais elementar, o senso crítico
corresponde à capacidade que temos de perguntar pelas fontes de uma determinada informação, pela validade
dessas fontes e pela validade do modo como a partir dessas fontes chegou-se à informação que temos diante
de nós. Em termos menos superficiais, o senso crítico é a capacidade de questionar os critérios (os princípios,
os fundamentos e o método) segundo os quais uma determinada informação é produzida, validada, difundida
e absorvida. O senso crítico pode, e deve atuar em todo em qualquer campo de discussão e produção de
conhecimento, tais como a Filosofia, a Ciência, a política, a ética entre outros. Pois, a criticidade visa,
sobretudo, identificar os erros e acertos, para descartar aqueles e conservar estes. Mas sem o crivo da crítica
isso não seria possível, não de um ponto de vista humanista.
Contudo, o senso crítico não envolve apenas o questionamento pura e simplesmente, envolve,
igualmente, a proposição de critérios segundo os quais a própria crítica será realizada, mas também os critérios
segundo os quais as questões podem ser levantadas e as respostas devem ser dadas. Sendo importante frisar
que também esses critérios propostos devem estar disponíveis, eles mesmos, a serem criticados. Nesse sentido,
o exercício do senso crítico deve ser contínuo, permanente, sempre com o intuito de ajudar a evitar que nós
permaneçamos em erro, e possamos conservar aquilo que se mostra resistente à crítica. O modo como cada
área do conhecimento responde às exigências do senso crítico, estabelecendo seu objeto de estudo e seus
pressupostos de pesquisa, seus critérios de questionamento e validade das informações, os procedimentos
teóricos e práticos que deverá seguir (ou seja: seu método), é o que caracteriza o modo como cada uma das
formas de conhecimento que são derivadas do senso crítico serão constituídas, cada um ao seu modo, às vezes
semelhantes umas às outras, às vezes diferentes.
Filosofia e Ciência têm em comum sua origem no senso crítico, têm em comum todo esse esforço para
responder às exigências de nosso senso de questionamento. E se diferem justamente no modo como assim o
fazem, cada uma com seus objetos de estudo próprios, seus respectivos métodos, que as fazem ter uma
identidade própria, ao menos desde o século XVII d.C., mas que não deixam de aproximá-las muitas vezes.
Como “filhas” do senso crítico, sua primeira tarefa é questionar as informações, sobre o mundo e sobre nós
mesmos, que temos ao nosso dispor. Assim, ambas surgem com o questionamento do senso comum, daquilo
que é tomado como a explicação, ou conjunto de explicações, estabelecido e comumente aceito acerca das
coisas, e não só pela população em geral, mas também entre os próprios filósofos e cientistas.
Sendo importante lembrar que o senso comum corresponde a todo saber produzido e veiculado de
forma espontânea, ou seja, toda informação, ou conjunto de informações, que são produzidos e transmitidos
sem a necessidade demonstrarmos a sua base e fundamentação. Quase sempre associamos o senso comum
com a cultura popular, com a cultura tradicional, porém, algumas vezes, certos conhecimentos, na Filosofia e
na Ciência, são tomados como certos e aceitos sem questionamentos, e passam então a ser uma espécie de
senso comum, até que alguém os perceba e questione.

3. Filosofia e a radicalidade crítico-reflexiva.

Embora levemos em consideração a diversidade de definições que a Filosofia recebeu, e até hoje
recebe, ao longo da tradição, há traços que parecem caracterizar de forma essencial essa atividade intelectual,
traços que podemos encontrar nos mais diversos filósofos, com as mais diversas perspectivas. O primeiro
deles, e que leva a todos os outros, é a radicalidade da Filosofia. Ela é uma forma de pensar radical, dirige-
se, portanto, à raiz, ao fundamento, à base daquilo que toma como seu objeto de estudo. Nesse sentido, o que
interessa à reflexão filosófica, sobretudo, são as características essenciais do seu objeto de estudo, aquilo que
é sua raiz, que faz com que esse objeto seja o que ele é, e sem o qual o objeto deixaria de ser o que é, ou seja:
o que a Filosofia busca, acima de tudo, é identificar e compreender as características necessárias de seu objeto
de estudo, aqueles caracteres que são invariáveis e, portanto, nos permitem identificar um determinado objeto
independentemente de suas múltiplas e distintas manifestações.
Assim, por sua radicalidade, e pressupondo que a raiz das coisas é aquilo que permanece e que não
pode ser transformado, sendo, portanto, necessária (aquilo que é de um jeito e não pode ser de outro), a
Filosofia busca aquilo que é necessário em seu objeto de estudo. E como aquilo que é necessário, por ser
invariável, é o que se apresenta em toda e qualquer manifestação desse objeto, aquilo que é independente de
seus casos particulares, o necessário é também universal. Por isso, a Filosofia é uma forma de pensar radical
e, portanto, busca o necessário e, consequentemente, o aspecto universal daquilo que ela estuda e investiga.
Ao passo que a razão é o único instrumento de que dispomos para compreender o que é há de
necessário e universal com relação a um objeto de investigação, a Filosofia também se caracteriza por ser uma
atividade intelectual racional, ou seja: suas investigações são, fundamentalmente, conduzidas pela
racionalidade e seu método central é o da justificativa lógico-racional, visando a demonstração
argumentativa das teses defendidas. Contudo, como forma radical do senso crítico, a Filosofia também se
encarrega de problematizar e questionar os fundamentos da razão.
Por exemplo, quando a filosofia procura compreender o ser humano ela procura aquilo que é o seu
fundamento, sua raiz, aquele elemento sem o qual não haveria ser humano, ou sem o qual nenhum ser vivo
nesse planeta poderia ser chamado de humano. Ora essa(s) característica(s), que define(m) o ser humano
forma(m) sua humanidade, e como sem isso não podemos reconhecer um ser humano, essa(s) característica(s)
é(são) necessária(s) (para a identificação do ser humano como humano) e, portanto, apesenta(m)-se em todos
os seres humanos particulares (seja brasileiro, chinês, português etc.), sendo, portanto, um traço universal dos
seres humanos, algo que temos absolutamente em comum uns com os outros. E esses caracteres não seriam
identificáveis sem o uso da razão.
Ora, como uma forma de pensar radical e universal (necessária), derivada do senso crítico, a principal
tarefa da Filosofia é promover questionamentos radicais acerca das informações que temos sobre nós mesmos
e sobre o mundo (sejam religiosas, teológicas, artísticas, científicas e mesmo filosóficas). Se o senso crítico
corresponde ao questionamento sobre as fontes de uma informação, o senso crítico radical, a Filosofia, é um
questionamento sobre as fontes primeiras, sobre as raízes mais profundas, sobre os fundamentos mais básicos
das informações de que podemos dispor. A radicalidade crítica da Filosofia faz com que ela se interesse
pelos critérios primordiais das informações a que temos acesso, e essa radicalidade crítica é o que faz da
Filosofia, igualmente, radicalmente reflexiva.
Do ponto de vista filosófico, refletir é pensar sobre o modo como pensamos (seja para conhecer, fazer
ciência, tomar uma decisão, apreciar uma obra de arte etc.), e sendo o pensamento (experiência e inteligência)
a raiz de todas as informações que podemos produzir, a reflexão radical, a reflexão própria da Filosofia, é
aquela que faz do pensamento em si mesmo seu principal objeto de estudo. Assim, podemos dizer que a
Filosofia possui, como seu principal objeto de estudo, o pensamento, o qual pode envolver a experiência, a
razão, os desejos, os sentimentos entre outros elementos (nesse ponto, cada filósofo faz um recorte da parte
do pensamento que julga relevante para estudá-la). E de acordo com as ramificações que o pensamento pode
apresentar (o pensamento se organiza de diferentes formas em cada área do saber), na ética, na política, na
ciência, na religião, na arte etc., a Filosofia vai também se dividindo em suas disciplinas, Ética, Teoria do
Conhecimento, Filosofia da Ciência (Epistemologia), Filosofia da Arte, Estética, Filosofia Política etc.

4. Algumas palavras sobre o surgimento da Filosofia.

Esta forma de pensar radicalmente crítico-reflexiva, que chamamos de Filosofia, surge na Grécia
Antiga, por volta do século VI a.C., na região da Jônia, na Ásia Menor. Nessa região, os gregos mantinham
algumas colônias, como a cidade de Mileto, em que Tales, considerado pela tradição filosófica como o
primeiro filósofo de que se tem notícia, nasceu e viveu. De modo geral, os historiadores apontam, como fatores
socioculturais, que impulsionaram o surgimento do modo filosófico de pensar, as intensas e frequentes viagens
feitas pelos gregos, geralmente com fins comerciais, que os levaram a perceber a relatividade de sua cultura
em face de outras culturas. A retomada da popularização da escrita, também foi importante, pelas implicações
reflexivas que isso ocasiona. A utilização da moeda, do dinheiro, para intermedias transações comercias, o
que torna mais comum a presença da matemática na vida das pessoas. E, o surgimento da cidades-Estados,
principalmente das democráticas, em que a argumentação (persuasiva e lógica) passa a ser a principal
ferramenta de poder, o que faz com que os gregos se preocupem e estudem cada vez mais como se estrutura a
nossa argumentação, a retórica, a lógica e o pensamento racional.
Entretanto, o que nos interessa aqui, é ressaltar o aparecimento, gradativo, do pensamento racional,
com o surgimento da Filosofia, em contraste com o pensamento mítico-religioso, que era a forma de
explicação da realidade que predominava à época. Basicamente, no modo mítico-religioso de pensar, as
explicações sobre o mundo e sobre nós mesmos, têm por base elementos e fatores de ordem sobrenatural. A
realidade é constituída pelo natural e pelo sobrenatural, e este último é que explica, em última instância, o que
acontece no primeiro. As causas primeiras da natureza estão do sobrenatural. Ora, nesse contexto, a aceitação
das explicações sobre a realidade depende muito mais da crença tradicional da sociedade (o mito não é visto
como objeto de contestação, mas como artigo de fé), e a validade das informações depende da aprovação das
próprias divindades (ou demais seres sobrenaturais) ou de seus representantes (sacerdotes, profetas e líderes
religiosos). No entanto, alguns gregos vão propor uma forma alternativa de explicação das coisas.
Com o surgimento da Filosofia, o que temos é a proposição de uma nova forma de explicação da
realidade. Uma forma de explicação, vale frisar, que somente aos poucos vai se distinguindo da forma mítica
de pensamento, mas que é sim, em sua raiz, uma forma diferente de pensar. O que basicamente acontece é que
alguns gregos voltam sua capacidade de questionamento para a explicação mítico-religiosa e chegam à
conclusão de que seus critérios de validade (a tradição, a autoridade divina e sacerdotal) não são tão
satisfatórios assim. Com isso, eles propõem uma reformulação no modo de pensar e conhecer a realidade, cuja
principal novidade é a busca por tentar explicar a natureza com base na própria natureza, eliminando assim,
da explicação do mundo, os elementos e fatores sobrenaturais.
Para os primeiros filósofos, conhecidos como pré-socráticos, fisiólogos ou naturalistas o principal
objeto de estudo é a natureza (physis), encarada como a totalidade da realidade, essa natureza possui uma
ordem (khósmos), e isso tudo deriva de um elemento primordial, originário, a partir do qual a natureza passa
a existir e sua ordem se constitui, esse elemento primordial eles denominavam de princípio (arkhé). Assim, o
objetivo principal era identificar o princípio e demonstrar de que forma a partir desse elemento originário a
natureza e sua ordem passaram a existir.
Ao tentar explicar natureza com base nela mesma, os primeiros filósofos são levados, também, a
repensar os critérios segundo os quais as informações que produzissem pudessem ser validadas ou não, ou
seja: eles tiveram que estabelecer uma nova forma de avaliar as teses defendidas e buscar uma nova
fundamentação para o nosso conhecimento do mundo e de nós mesmos. Ora, afastado o elemento sobrenatural,
tanto a autoridade das divindades quanto de seus representantes já não serve mais como fundamentação para
as explicações, o que resta, então, são as próprias ferramentas de que o ser humano dispõe para conhecer o
mundo, a saber: a experiência e a razão. Esses dois elementos serão combinados nas investigações dos
fisiólogos (ou naturalistas ou pré-socráticos), com base em suas observações da realidade, esses filósofos
buscam reconstituir argumentativa e racionalmente, o processo segundo o qual a natureza e sua ordem passam
a existir a partir do elemento primordial. Entretanto, como a noção de experimentação ainda não se encontra
bem desenvolvida, esses filósofos se baseiam, principalmente, na especulação lógico-argumentativa, ou seja:
o que validava as explicações era, fundamentalmente, suas consistência lógico-argumentativa.
Vale frisar que, em seu começo, e na verdade ao longo de muitos séculos, a Filosofia não se distingue
do que chamaremos, depois da Revolução Científica do século XVII d.C., de Ciência. Isto porque a Filosofia
englobava tanto o estudo dos fenômenos empíricos, daqueles acontecimentos a que temos acesso por meio
dos sentidos (sejam naturais ou culturais) – o estudo da natureza, por exemplo –, quanto a reflexão radical, ou
seja: a reflexão acerca do pensamento em si mesmo. Por isso, é muito comum que, recentemente, os estudiosos
se refiram ao surgimento da Filosofia, como o surgimento do pensamento filosófico-científico.
Anotações
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