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A primeira opção não acarreta custos elevados para a empresa, uma vez que, aumenta, apenas, o número
de acções e eventualmente o número de proprietários (accionistas) da empresa que vão partilhar o
resultado.
A segunda opção (que é tratada neste texto) - contratação de dívida nos Bancos ou outros credores,
implica custos relacionados com juros denominados Custos de Empréstimos Obtidos.
Definições importantes:
Mutuante ou Credor → aquele que fornece o empréstimo.
Mutuário ou Devedor → aquele que recebe o empréstimo.
Amortizar uma Dívida → significa diminuir gradualmente, até a extinção total, o valor principal de
uma dívida. Esta amortização denomina-se “amortização financeira” que de algum modo difere da
amortização de activos tangíveis e intangíveis, embora com pequenas semelhanças.
Prestação/Pagamento (PMT)→ é a soma da amortização da dívida principal (AK) com os juros e
outros encargos, pagos em dado período. PMT = AK + Juros
2. EMPRÉSTIMOS OBTIDOS
Obter empréstimo significa dispor de “dinheiro” ou “fundos financeiros” ou “recursos financeiros”
pedindo emprestado nos Bancos ou outras entidades financeiras ou de crédito. Contabilisticamente, pela
obtenção de empréstimo deve-se efectuar o seguinte lançamento, nos registos do Mutuante:
→ Debitar 1.2 Bancos ou 1.1 Caixa, pelo valor do empréstimo;
→Creditar 4.3 Empréstimos Obtidos, pelo valor do empréstimo.
No Razão Esquemático:
No Diário:
Passado o período convencionado entre as partes, o mutuário deve efectuar o reembolso do valor
anteriormente obtido a título de empréstimo. O reembolso pode ser feito de uma só vez ou então, de forma
gradual. Por isso, existem vários sistemas de amortização de empréstimos, nomeadamente:
Sistema de Pagamento Único no Final → Os juros são capitalizados no final de cada período
financeiro e o empréstimo só é pago juntamente com juros, no final do prazo. PMT = Capital Final
= Valor Futuro no regime composto:
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prazo estabelecido. Com a finalidade de evitar o desembolso violento no final do prazo combinado,
o devedor procura formar, por sua conta e, mediante depósitos periódicos de parcelas constantes,
um fundo de amortização (sinking fund) com o qual, no fim do prazo, possa pagar a dívida sem
maiores problemas.
Custos de Empréstimos Obtidos são os custos de juros e outros, incorridos por uma empresa relativos aos
pedidos de empréstimos de fundos (parágrafo 4 da IAS 23 E NCRF 27, parágrafo 2).
A questão chave desenrolada na IAS 23 e NCRF 27 tem a ver com o tratamento contabilístico dos custos
de empréstimos obtidos, isto é, se devem ser considerados como gastos do período na conta de gastos e
perdas ou então devem ser capitalizados na conta do activo do bem sobre o qual foi aplicado o
empréstimo.
A IAS 23 à semelhança de NCRF 27 descreve duas políticas contabilísticas para o tratamento de Custos
de Empréstimos Obtidos, nomeadamente: Tratamento de Referência e Tratamento Alternativo
Permitido.
Pelo tratamento de referência os custos de empréstimos obtidos são reconhecidos como um gasto no
período em que sejam incorridos independentemente de como os empréstimos sejam aplicados.
Recorde-se que, o Pagamento ou Prestação (PMT) é composto por duas partes: a parte correspondente
ao juro e a parte correspondente a amortização da dívida principal. Na prática, a operacionalização da
política de tratamento de referência faz-se da seguinte forma:
Lançamento no Diário:
Se for apenas uma especialização, no final do exercício, pode ser usada a conta “4.9 Acréscimos e
Diferimentos” ao invés da conta “4.6 Outros Credores”.
Lançamento no Diário:
JURO É CAPITALIZADO
Os custos de empréstimos obtidos devem ser reconhecidos como um gasto no período em que
sejam incorridos. Contudo, se os custos de empréstimos obtidos forem directamente atribuíveis à
aquisição, construção ou produção de um activo elegível, então, devem ser capitalizados
(debitados como activos) como parte do valor desse activo elegível.
“DÚVIDAS FREQÜENTES
Um activo elegível é aquele que requer um período substancial de tempo a ficar pronto para o seu uso
pretendido ou venda. O que é um período substancial de tempo? Nem a NCRF 27 nem a IAS 23
definem o que é um período substancial de tempo. Os gestores devem exercer julgamento na
determinação desse período, levando em conta, entre outros factores, a natureza do activo. Normalmente,
sempre que um activo leve mais do que um ano a ficar pronto para o seu uso pretendido ou venda, é
considerado um activo elegível. Uma vez definido o critério o mesmo deve ser consistentemente aplicado,
devendo ser divulgado nas Notas Explicativas” Rogério (2015:422)
Contabilisticamente, o juro suportado deve ser debitado na conta do bem em curso, 2.5 Produtos ou
Serviços em Curso ou 3.4 Investimentos em Curso em contrapartida de 4.6 Outros Credores:
Lançamento no Diário:
Ou:
Se a empresa não possuir um plano de amortização oficial fornecido pelo Banco, então deverá ser
movimanetada a conta 4.9 Acréscimos e Diferimentos, ao invés de 4.6 Outros credores, porque tratar-
se-á de uma símples especiliazção. Isto ocorre especialmente no final do ano.
Lançamento no Diário:
Os movimentos efectuados na conta 1.2 Bancos podem ser feitos na conta 1.1 Caixa.
Em alguns casos, no final do mês, o Banco vai debitar o valor da prestação directamente da conta do
mutuário. Portanto, nesta situação, o Banco envia uma Nota de Débito ao mutuário que será logiacmente
contabilizada da seguinte forma:
Ou
A capitalização dos custos dos empréstimos obtidos deve cessar quando substancialmente todas as
actividades necessárias para preparar o activo elegível para o seu uso pretendido ou para a sua venda
estejam concluídas. Assim, após cessão de capitalização, o juro posterior devera ser debitado na conta
6.9 Gastos e Perdas Financeiras.
3.3 DIVULGAÇÃO
Dalva BRITO e Paula FERREIRA. Sistema de Contabilidade para o Sector Empresarial em Moçambique. Maputo:
Texto Editores, 2014 [páginas: 136 e 169 a 174];
IASB. International Accounting Standard 23 – Custos de Empréstimos Obtidos;
Decreto 70/2009 – Sistema de Contabilidade Empresarial: Norma de Contabilidade e de Relato Financeiro nº 27.
Sistema de Contabilidade para Sector Empresarial em Moçambique RODRIGUES, João. Maputo: Plural Editores
2015
EXERCÍCIO PRÁTICO
Pressuposto: as empresas aplicam a política de tratamento alternativo permitido para o registo de custos
de empréstimos obtidos.
Uma empresa têxtil denominada TextilÁfrica Lda, adquiriu 60 teares por 2 milhões de Meticais em 02-01-
2015 através de Transferência bancária. No dia 25-12-2015 os teares estavam já em funcionamento. O
valor aplicado na compra de teares foi obtido a título de empréstimo específico no MBIM, em 01-01-2015,
amortizável por sistema americano em 15 meses. Em 31-12-2015, a TextilAfrica pagou o juro de
200,000.00MT referente ao ano 2015.
Proceda à contabilização das operações dos dias: 01-01-2015; 02-01-2015; 05-01-2015; 31-12-2015, no
diário da TextilÁfrica Lda, sabendo que na conta 1.2 Bancos tinha um saldo inicial de 250,000.00.
A ImobTete, Lda é uma sociedade que se dedica a construção e venda de apartamentos luxuosos na
“Cidade de Nampula”.
Pretende-se:
Registo dos factos patrimoniais ocorridos em 01/01/2010; 31/12/2010; 05/01/2011; 31/12/2011; 02/01/2012
e 31/12/2012 no Diário Geral da ImobTete, Lda assumindo que a sociedade aplica a política de tratamento
alternativo permitido para a contabilização de custos de empréstimos obtidos.
A HOLYHOME, LDA é uma sociedade que se dedica a venda de apartamentos luxuosos no corredor de
desenvolvimento da Cidade de Tete. Os apartamentos são construidos por empresas de construção civil
contratadas para o efeito. A HolyHome, Lda aplica a política de tratamento alternativo permitido para a
contabilização de custos de empréstimos obtidos.
Factos patrimoniais ocorridos na HolyHome em 2016, 2017 e 2018:
PRETENDE-SE:
Registo dos factos patrimoniais ocorridos em 01 de Janeiro de 2016; 30 de Novembro de 2016; 31 de
Dezembro de 2016; 05 de Janeiro de 2017; 31 de Dezembro de 2017; 01 de Janeiro de 2018; 20 de
Janeiro de 2018; 25 de janeiro de 2018 e 31 de Dezembro de 2018, no Diário Geral da Holy Home, Lda.
FIM!