Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Quando a quarentena acabar, o roteirista P.N., 28, que pede para não
ser identificado por motivos que serão conhecidos a seguir, terá que
bloquear alguns contatos de sua lista no WhatsApp. “Acho que uns 40”,
diz ele, brincando com a situação. “É tanta gente que combinei de fazer
sexo que é melhor nem ver depois.”
Lá se vai quase um mês desde que ele transou com alguém, “apesar de
não ter sido exatamente... bom”.
A não ser, claro, que sexo virtual também conte. E, para ele, contou.
O mesmo não pode dizer o barista Rafael Facury, 25. Apesar das regras
e recomendações, ele saiu nesta semana com uma moça que conheceu
no aplicativo Tinder.
Importante dizer que todos com quem ele transou pela internet ou pelo
celular eram de alguma forma conhecidos. “São caras que ou eu
conheço ou pelo menos sei quem são, tenho atração. Tem uma questão
de segurança, porque tem muita gente louca por aí”, diz.
1.
A queda de interesse por esse tipo de sexo não se deve a uma lista de
conhecidos restrita, mas ao fato de que, em um determinado instante,
para ele, o esforço estava sendo maior do que o prazer obtido.
A questão para ele recai mais sobre o afeto ou a falta dele. “Claro que é
legal ver uma pessoa diferente pelada, mas é muito melhor quando é
alguém que você conhece e tem uma relação, carinho.”
É exatamente o caso da estudante de psicologia M.A., 27. Após um
namoro de pouco mais de um ano, ela rompeu a relação há uma
semana, bem no meio da quarentena. Há poucos dias transou
virtualmente com...seu agora ex-namorado.
Ela conta que nunca foi muito entusiasta da prática, a não ser em
ocasiões em que a distância falou mais alto, como durante viagens dela
ou do ex. "Manter o contato é importante. Você não vai sentir o cheiro
da pessoa, mas vai compartilhar um momento íntimo", afirma.
Entra nessa equação também a confiança no parceiro. Mas, mesmo
assim, ela diz, a mulher sempre está mais exposta às consequências de
ter um nude ou um vídeo vazado. "Um homem não perde o emprego
quando isso acontece. A mulher, sim", diz.
Outro ex-namorado da jovem tem vídeos dela, feitos quando estavam
juntos. Apesar de conhcer e confiar no antigo companheiro, ela diz se
sentir insegura até hoje. "Não tem como ter confiança absoluta em um
individuo que faz parte de um problema estrutural maior: o
machismo", afirma.
Experiências como a dela mostram que o sexo pode até ser mais uma
das carências que saltam aos olhos durante um período de
confinamento, mas é o mais difícil de se lidar. “É a grande prova de
fogo. Outras privações são mais toleráveis, principalmente para os
mais jovens”, diz o psicanalista Flávio Carvalho Ferraz, professor do
Instituto Sedes Sapientiae.
Nesse contexto, a saída virtual parece inevitável e lógica, mas tem seus
limites, diz Ferraz. “Tenho dúvidas se isso pode dar conta. Tem coisas
que são mais pungentes e só o contato físico pode suprir”, afirma. “Não
estou dizendo que é melhor ou pior, apenas que pode haver um limite.”
Essa relação marcada pelo fator espaço embute em si algo que pode se
revelar um problema com o passar do tempo.
“Como há esse limite, podemos ver uma reação extrapolada após o
final da quarentena”, diz o psicanalista.
Para o psiquiatra e psicanalista Ricardo Biz, casos em que o sexo
virtual é uma forma de defesa podem causar problemas. “Toda defesa
psicológica chega uma hora que satura. E os sintomas podem vir das
mais variadas maneiras.”
Apesar das dificuldades, há quem consiga lidar com a abstinência e
mesmo assim começar um relacionamento em meio à quarentena. A
administradora de empresas, T.O., 23, conheceu seu “crush”, no
Tinder, em meio à pandemia. Desde então, há 15 dias, um faz parte da
vida do outro. Até filmes assistem juntos.
“Juntos” é força de expressão. Eles assistem separados, cada um em
sua casa, mas combinam de apertar o play no mesmo instante e não
param de trocar impressões sobre o filme no WhatsApp. O último foi,
claro, um romântico: “Como eu era antes de você” —sobre o
relacionamento amoroso entre um homem paraplégico e sua
cuidadora.
1.
conhece
Cenapessoalmente
de 'Casamento
Divulgação
às Cegas', reality show da Netflix, em que o casal enfim se
A quarentena, para ela, que não gosta de fazer sexo virtual, impediu
que qualquer coisa mais quente acontecesse. Não por falta de vontade.
“Com certeza! Se a gente tivesse nessa intensidade ao vivo, já teria
acontecido alguma coisa.”
GAROTAS DE PROGRAMA FAZEM PROMOÇÃO
Nem precisou a ministra Damares Alves pedir duas vezes: garotas e
garotos de programa entenderam o recado da titular da pasta da
Mulher, Família e Direitos Humanos e estão em home office online.