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Distúrbios metabólicos em pacientes críticos: Um estudo de


revisão integrativa da literatura

Giselle Ribeiro Barbosa


Fernanda Alves Ferreira Gonçalves.

Resumo –
Distúrbios acidobásicos estão presentes em grande escala em pacientes
críticos. Podendo ser classificados em acidose e alcalose respiratória ou
metabólica, os distúrbios do equilíbrio acidobásico possuem diversas causas e
consequências, exigindo uma atenção especial da equipe que o manuseia. Por
ser um equilíbrio delicado e ao mesmo tempo complexo, os distúrbios devem
ser analisados não apenas através de gasometria arterial, mas também em
conjunto com o caso clínico de cada paciente, pois é fundamental tratar a
causa que gera o distúrbio. Diante disso, esse estudo teve como objetivo
caracterizar por meio da literatura os distúrbios metabólicas e ainda indicar
intervenções em cada caso. Trata-se de um estudo de revisão integrativa da
literatura referente ao tema “distúrbios acidobásicos”. Tem como objetivo
sintetizar estudos já concluídos na área de interesse. A amostra foi composta
pelas publicações em bases de dados indexadas na biblioteca virtual de saúde
(BVS) disponíveis na LILACS, incluídos os artigos publicados entre os anos
2000 a 2011, que estavam disponíveis na íntegra eletronicamente utilizando os
descritores (DECs): “equilíbrio ácido base”, “desequilíbrio ácido base”. O
Enfermeiro deve estar sempre atento, monitorando o paciente crítico, a fim de
obter precocemente qualquer sinal ou sintoma do paciente que indique
alteração do seu estado normal. A maioria dos artigos estudados destacaram
os distúrbios metabólicos, e apontaram a acidose metabólica como sendo o
mais grave dentre os distúrbios acidobásicos. O paciente grave é de
responsabilidade do enfermeiro e o mesmo deve estar monitorando-o a todo o
momento a fim de perceber fatores de risco e antecipar estratégias de
cuidados.

Palavras chaves: equilíbrio acidobásico, desequilíbrio acidobásico, UTI


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1. Introdução

A unidade de terapia intensiva (UTI) é uma área crítica voltada a pacientes


graves que requerem cuidados de forma integral, ininterrupta e especializada
(FARIAS MACHADO, 2004). Diversas são as causas de internações em UTI,
no entanto a insuficiência respiratória aguda (IRpa) é na atualidade a principal
causa de internação (NISHIMURA, ZUNIGA, 2004). As causas que propiciam o
aparecimento de IRpa e acidose estão ligados com fatores relacionados ao
sistema nervoso, disfunções estruturais ou funcionais relacionadas ao sistema
respiratório (VIANA, 2011), que podem se associar ou não aos distúrbios
metabólicos, visto que o sistema renal trabalha conjuntamente com o sistema
respiratório para a manutenção do equilíbrio acidobásico no organismo
(GUYTON, HALL, 1988; TERZI, 1992).
A gasometria arterial é um exame invasivo que tem por objetivo diagnosticar
os distúrbios acidobásicos. O conhecimento fisiopatológico de cada distúrbio é
de grande importância, pois oferece informações a respeito da função
respiratória e metabólica (SALES, 2005; ÉVORA, et al., 1999).
Os distúrbios respiratórios podem ser classificados em acidose ou alcalose
e estão ligados diretamente com a concentração do dióxido de carbono no
sangue (PaCO2), enquanto que os distúrbios metabólicos estão interligados
com a concentração da base bicarbonato (HCO3) no organismo, podendo
indicar alcalose ou acidose se esta estiver aumentada ou diminuída
respectivamente (MOTA, QUEIROZ, 2010; ÉVORA et al., 1999).
Saber interpretar a gasometria arterial, bem como conhecer o mecanismo
fisiológico que desencadeou cada distúrbio, é de grande importância ao
Enfermeiro, já que a equipe de enfermagem mantém o maior contato com o
paciente e deve então perceber alterações mais precocemente e assim
antecipar estratégias de tratamento que possam ser implementadas
rapidamente (SMELTZER et al., 2009).
O conhecimento da equipe de Enfermagem é um fator fundamental em
pacientes de UTI, visto que estes pacientes necessitam de uma atenção
cautelosa voltada para detalhes muito das vezes encobertos. Saber o que fazer
em determinada situação não é o mesmo de saber por que fazer. O
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conhecimento teórico, fundamentada em estudos científicos é fundamental


para um cuidado de qualidade.
Distúrbios acidobásicos estão presentes em grande escala tanto em UTI
como em emergências. Assim, vale destacar que a Enfermagem como
profissão requer uma atenção especial aos detalhes que regem cada situação.
Devem-se conhecer causas e mecanismos fisiopatológicos com o intuito de
direcionar cuidados ao atender cada caso. É necessário considerar que um
simples distúrbio no equilíbrio acidobásico que passa despercebido poderá
acarretar complicações que podem ser fatal. Diante disso esse estudo teve
como objetivos caracterizar por meio da literatura os distúrbios acidobásicos de
causa metabólica e ainda, indicar as intervenções em cada situação.

2. Metodologia

Trata-se de um estudo de revisão integrativa da literatura nacional referente


ao tema “distúrbios acidobásicos”. Tem como objetivo sintetizar estudos já
concluídos na área de interesse. A amostra foi composta pelas publicações em
bases de dados indexadas na biblioteca virtual de saúde (BVS) disponíveis na
LILACS, incluídos os artigos publicados entre os anos 2000 a 2011, que
estavam disponíveis na íntegra eletronicamente utilizando os descritores
(DECs): “equilíbrio ácido base”, “desequilíbrio ácido base”.

3. Resultados

a. Método de busca
Após a busca das publicações, foram selecionadas as compatíveis com
o estudo. Com o descritor “equilíbrio ácido base” foi possível localizar 84
artigos, dos quais 30 estavam completos. Foram incluídos no presente estudo
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8 artigos e excluídos 25, visto que eram estudos feitos com animais, pacientes
gestantes e neonatais.
Utilizando o descritor “desequilíbrio ácido base” foi possível encontrar 30
artigos publicados, sendo apenas 5 completos. Os mesmos estavam incluídos
também no descritor anterior.
Diante disso foram incluídos 06 artigos nessa revisão e serão
apresentados por meio de quadro sinóptico.

b. Quadro Sinóptico

Artigo 1
Autores e ano GARCÍA, 2011.
Titulo do artigo Disturbios del estado ácido-básico em el paciente crítico

Nome da revista Acta Med Per


Objetivos Descrever a importância dos distúrbios acidobásicos em pacientes críticos
ressaltando as suas consequências em 3 níveis, além de descrever formas para
a interpretação dos distúrbios e oferecer estratégias de cuidados em cada caso.
Método Estudo de revisão do tipo atualização
Resultados Nesse estudo foram destacados conceitos, o impacto dos distúrbios nos
pacientes críticos, os métodos de interpretação do exame de gasometria, anion
gap, sistema de compensação e pontos chaves no manuseio dos transtornos.
Considerações finais O estudo estabelece alguns pontos críticos. Entre eles a detecção precoce do
distúrbio acidobásico como uma estratégia de tratamento eficaz. O autor
também cita alguns fatores que desencadeiam os distúrbios, como a
fluidoterapia além de destacar a importância da acidose metabólica, que ele
define como o distúrbio mais perigoso.

Artigo 2
Autores e Ano ÉVORA, GARCIA, 2008

Título do Artigo Equilíbrio ácido-base

Nome da revista Medicina, Ribeirão Preto

Objetivo Abordar a causa, os efeitos e o tratamento da alcalose e da acidose, respiratória


e metabólica, afim de uma compreensão do diagnóstico e do tratamento das
alterações do equilíbrio ácido-base.
Método Estudo de revisão do tipo atualização

Resultados Nesse estudo foram destacados alguns conceitos fisiológicos bem como
diagnósticos dos distúrbios do equilíbrio acidobásico (EAB) através da análise
gasométrica. São destacadas as causas mais comuns e o tratamento dos
distúrbios do EAB e os efeitos indesejáveis dos mesmos.
Considerações finais Ao final do estudo são apresentados alguns efeitos indesejáveis referentes aos
distúrbios do EAB. Dentre esses efeitos a alcalose metabólica ganha destaque
por estar inserido nos distúrbios da homeostase, além de ter relação com os
pacientes vítimas de morte súbita, por estar relacionado com arritmias
cardíacas.
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Artigo 3

Autores e ano CALVETE, SCHONHORST, FRIEDMAN, 2008


Titulo do artigo Acid-base dissarrangement and gastric intramucosal acidosis predict outcome
from major trauma
Nome da revista Rev. Assoc. Med Bras

Objetivos Investigar o valor prognóstico da PCO2 em um grupo de pacientes gravemente


traum atizados e comparar com marcadores metabólicos de hipoperfusão
tecidual.
População estudada e amostra 40 pacientes gravemente traumatizados
Método Ao admitir o paciente na UTI, foram instalados em cada um deles cateter venoso
central e sonda nasogástrica. Foi realizada coleta sangue arterial para análise
dos gases arteriais, lactato intramucoso e a fim de obter um estudo a cada 6, 12
e 24 horas.
Período da coleta de dados Não evidenciado no artigo
Resultados Esse estudo foi feito com 40 pacientes internados em uma UTI com tempo
médio de cinco dias. 36 desses pacientes eram do sexo m asculino e a média de
idade entre todos era 35 anos. Após 24 horas observou-se que entre
sobreviventes predominou a taquicardia e entre os não sobreviventes
predominou a diminuição da pressão arterial. Também foi testada a variável
metabólica para prever a morte por disfunções múltiplas de órgãos em menos
de 24 horas.
Conclusões A acidose gástrica nas primeiras 24 horas do paciente é um grande fator de
risco para o desenvolvimento de disfunções múltiplas de órgãos, porém a
acidose sistêmica não tem um prognóstico melhor. Outros estudos são
necessários para indicar o tratamento para a acidose gástrica e demonstrar que
ele é importante para diminuir a disfunção de órgãos e a mortalidade em
pacientes com trauma severo.

Artigo 4

Autores e ano CORTEGUERA, MIRANDA, 2000.


Titulo do artigo Desequilíbrio hidroelectrolítico y ácido-base em la diarrea
Nome da revista Rev Cubana Pediatr
Objetivos Realizar uma revisão dos distúrbios acidobásicos destacando os mecanismos
causadores mais frequentes associados com a pediatria. Destacar causas,
fisiologia e tratamento e citar ainda a flora bacteriana normal com o possível
aumento dos fatores de risco.
Método Estudo de revisão do tipo atualização
Resultados O estudo iniciou-se com uma apresentação dos transtornos hidroeletrolíticos, e
relacionou a quantidade de água presente no nosso organismo com a sua
distribuição nos diferentes compartimentos do corpo. Depois de estabelecidos
esses conceitos, explicou-se a relação da água, do sódio, do potássio e do
equilíbrio acidobásico como forma de manter a homeostase do organismo.

Considerações finais Em relação à regulação do equilíbrio acidobásico os autores destacam a


hipovolemia que causa a acidose metabólica como um fator causador da diarreia,
visto que a diminuição da filtração glomerular rompe a integridade estrutural das
células intestinais, fazendo com as bactérias se desloquem da sua microbiota
normal causando assim a diarreia-translocação bacteriana. Outro ponto destacado
é a acidose lática causada por enfermidade intestinal.
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Artigo 5
Autores e ano ROCHA, 2009.
Titulo do artigo Uso de bicarbonato de sódio na acidose metabólica do paciente gravemente
enfermo.

Nome da revista J Bras Nefrol


Objetivos Abordar a controvérsia em torno do uso de bicarbonato de sódio na acidose lática.
Método Estudo de revisão
Resultados Foram feitas análises das principais diferenças entre as acidoses hiperclorêmicas
e as acidoses orgânicas com âmion gap (AG) elevado e constatou-se que as
acidoses metabólicas com AG elevada se caracteriza por uma produção excessiva
de ácidos orgânicos enquanto que nas acidoses hiperclorêmicas há um déficit de
bicarbonato, o que implica condições terapêuticas, pois depende da capacidade
dos rins de metabolizar bicarbonato e excretar íons.
Os riscos associados à persistência de níveis críticos de acidemia foram avaliados
e constratados com o uso de bicarbonato de sódio e constatou-se que embora
haja controvérsias com o uso de bicarbonato, esperar até que o organismo do
paciente haja tamponando a acidose, essa não é a melhor opção, visto que a
resposta orgânica é lenta e isso estaria expondo o paciente a diversos riscos
respiratórios, metabólicos, cerebrais e cardiovasculares.
Ao analisar as evidências da literatura sobre o uso do bicarbonato de sódio no
paciente grave, com ênfase em ensaios clínicos randomizados em seres
humanos, observou-se que o emprego do uso de bicarbonato é neutro, no entanto
devido a escassez de estudos, foram analisados apenas dois que foram
realizados há mais de 20 anos, o que não transmite segurança visto que há uma
série de implicações que influenciaram os estudos, como o uso de poucas
evidências científicas, e muitas teorias.
Ao oferecer um fundamento judicioso do uso de bicarbonato de sódio na acidose
severa, o autor contradiz a diretriz Surviving Sepsis de 2008, que é contraria ao
uso de bicarbonato de sódio na acidose lática, afirmando que se o paciente estiver
sendo tratado com a doença base desencadeadora do distúrbio e continuar
apresentando pH m enor que 7,15mmHg o tratamento com bicarbonato está
justificado, afim de prevenir riscos de efeitos adversos provocados pela acidemia
severa.
Considerações finais O autor oferece sugestões para a utilização de bicarbonato de sódio na acidose
lática do paciente com choque séptico. O tratamento está em estabelecer um
tratamento primário à doença base, e somente se o pH permanecer menor que
7,15mmHg iniciar o uso de bicarbonato de sódio.
A solução isotônica deve ter preferência e deve se utilizar a seguinte fórmula para
calcular a quantidade: (Bicarbonato desejado-bicarbonato encontrado) x 0,5 x
peso em kg
Outros fatores devem ser avaliados, como a velocidade de administração, a
reavaliação laboratorial 30 minutos após infusão, checagem de cálcio ionizado e
adequar ventilação para excretar sobrecarga de CO2.

Artigo 6
Autores e ano MORIYA et al.
Titulo do artigo Hidratação e equilíbrio ácido-base em pacientes cirúrgicos.
Nome da revista Acta Cir. Bras.

Objetivos Verificar em pacientes sem problemas metabólicos subm etidos a cirurgia os


efeitos dos diferentes regimes de hidratação sobre equilíbrio ácido-base.
Método Ensaio clínico randomizado

População do estudo 30 pacientes distribuídos de maneira aleatória da seguinte forma: PI (pequena


cirurgia com restrição de hidrossalina); PII (pequena cirurgia com reposição
conforme balanço hidroeletrolítico diário); PIII (pequena cirurgia com sobrecarga
de hidrossalina); GI (grande cirurgia com restrição de hidrossalina); GII (grande
cirurgia com reposição conforme balanço hidroeletrolítico diário); GIII (grande
cirurgia com sobrecarga de hidrossalina).
Resultados No período pré-operatório houve uma incidência maior de pacientes com
alcalose respiratória. Já no pós-operatório houve uma incidência maior de
acidose respiratória se relacionado com a quantidade de pacientes com
alcalose. Os pacientes que apresentaram alcalose metabólica ou mista estavam
no 1º, 2º e 3º dia pós-operatório. No entanto nenhum resultado foi grave de
maneira que precisasse de correção.
Conclusões Há uma alteração do equilíbrio acidobásico devido à cirurgia. No pré-operatório
predomina a alcalose. No pós-operatório imediato há acidose respiratória,
metabólica ou mista. Nos 3 primeiros dias a alcalose metabólica é predominante.
Porém a hidratação com sobrecarga hidrossalina reduz a alcalose metabólica.
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4. Discussão

Após a leitura e síntese verificou-se que na maioria dos artigos foram


destacados os distúrbios metabólicos que serão enfatizados nessa discussão.

4.1. Causas de distúrbios metabólicos

Diversas são as causas que propiciam o organismo a desenvolver uma


acidose metabólica, no entanto o mecanismo que desenvolve esse distúrbio
está associado basicamente com a perda excessiva de base, seja pelo
aumento da diluição ou do consumo de bicarbonato, ou o aumento significativo
da quantidade de ácidos fixos pelo organismo (GARCÍA, 2011). O inverso
ocorre na alcalose metabólica que se desenvolve a partir de fatores que geram
a perda de ácido forte pelo organismo, ou o ganho de bicarbonato, que pode
ser tanto farmacológico que é a infusão do próprio bicarbonato quanto
fisiológica que pode ser gerado pelo estresse (ÉVORA, GARCIA 2008). Dentre
esses mecanismos estão associadas alguns fatores causadores que merecem
atenção e que serão abordados.
Dentre os artigos revisados, a hipovolemia ganha destaque como uma das
principais desencadeadoras da acidose lática. Segundo Corteguera (2000), a
hipovolemia com duração acima de 8 horas tem como consequência a diarreia
por deslocação da microbiota normal do organismo. Tal fenômeno ocorre
devido à diminuição do bicarbonato (HCO3) pelo filtrado glomerular
prejudicando assim a integridade celular do intestino e causando diarreia
devido a esse deslocamento.
Um estudo realizado por Calvete (2008) com pacientes críticos vítima de
trauma internados em uma UTI, verificou a perfusão inadequada como fator
determinante gerador da acidose metabólica. Entre os pacientes estudados,
sobreviventes e não sobreviventes, o risco de óbito pelo distúrbio é maior após
as primeiras 24 horas de internação, visto que com a perfusão inadequada do
organismo, há um déficit de bicarbonato bem como um aumento significativo
dos níveis de dióxido de carbono, prejudicando assim tanto a função
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respiratória quanto a função metabólica. Com a acidose gástrica persistente o


paciente tem uma maior predisposição para desenvolver disfunção múltipla de
órgãos, que foi predominante nos pacientes estudados.
Em pacientes cirúrgicos também é possível observar alterações do
equilíbrio acidobásico como mostra o estudo de Moriya et al.,(2000). Durante a
cirurgia o paciente está sujeito a uma hiperventilação o que causa uma
alcalose respiratória. Esse distúrbio respiratório dura somente durante a
cirurgia, tornando-se uma acidose respiratória logo no pós-operatório devido à
iniciação do centro respiratório do organismo pela reversão da anestesia que
faz com que o organismo inicie o metabolismo anaeróbio.
A alcalose metabólica ou mista tem uma maior incidência a partir do
primeiro dia do pós-operatório, e sugere-se que a causa seja a sondagem
nasogástrica, no entanto os autores não puderam explicar a causa da alcalose
metabólica no período pré-operatório, visto que a coleta de sangue para
gasometria arterial foi feita antes da administração de qualquer medicamento e
que os pacientes estudados não tinha qualquer patologia que pudesse explicar
o distúrbio (MORIYA et al.,2000).

4.2. Tratamento dos distúrbios metabólicos

O tratamento dos distúrbios metabólicos tem como princípio básico analisar


a causa primária que desencadeou cada distúrbio, para então direcionar um
tratamento eficaz. García (2011) direciona o tratamento da alcalose metabólica
baseada na reposição de potássio e observação da necessidade de utilizar
cloreto de sódio (NaCL) caso esse seja o causador do distúrbio.
Já Évora e Garcia (2008) afirmam que o tratamento pode ser feito baseado
em reposição de cloretos, acetazolamia que também pode ser feita em
associação com o cloreto de potássio aumentando a excreção urinária de
bicarbonato e consequentemente elevando assim o pH sanguíneo.
Apesar da eficácia da acetazolamida associada com o cloreto de potássio,
há controvérsias, como afirma García (2011), se o distúrbio estiver associado
com edemas relacionados a causas como problemas cardíacos, hepáticos ou
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renais, o tratamento não deve ser feito com hidratação e nem com o uso de
diuréticos, pois pode se tratar de um edema secundário a uma patologia, não
haverá melhora e sim uma piora do mesmo.
O tratamento da acidose metabólica também deve ser feito baseado na
causa primária que desencadeou o distúrbio. Um tratamento bastante
empregado é a administração do bicarbonato de sódio, no entanto a sua
utilização direta só tem indicação quando o pH é menor que 7,10 mmHg, pois o
excesso dessa substância no organismo pode gerar uma alcalose metabólica,
o que pode acarretar consequências como dificuldade de homeostase ou
mesmo geração de arritmias (GARCÍA, 2011; ÉVORA, GARCIA, 2008).
O tratamento com administração de bicarbonato de sódio deve ser feita de
acordo com a fórmula de Astrup Siggaard Andersen, uma relação matemática
que determina a quantidade de bicarbonato que deve ser administrado. A
equação é dada por: (0,03 x kg x BE)/ 2 ou 3. No entanto o tratamento também
pode ser feito por estimativa, onde a dosagem inicial será de 2mEq/kg seguida
por aumento criterioso da dose. Porém esse tratamento por estimativa é feito
quando não se há dados gasométricos podendo então estar sujeito a erros pela
administração em excesso do bicarbonato (ÉVORA, GARCIA, 2008).

4.3. O uso do bicarbonato de sódio na acidose metabólica e suas


controvérsias

A acidose metabólica merece uma atenção especial, pois ela é considerada


o distúrbio mais perigoso como afirma García (2011), além de estar relacionada
com um aumento significativo da mortalidade por distúrbios acidobásicos
(ROCHA, 2009). O organismo por si só, recorre a diversas linhas de defesas
para o tamponamento do problema, no entanto, quando esses recursos são
insuficientes, é necessária a intervenção farmacológica por meio da
administração de agentes alcalinizantes para a correção do problema. Porém
há controvérsias na utilização do bicarbonato como tratamento escolha, visto
que o excesso pode gerar uma alcalose metabólica. (ROCHA, 2009; ÉVORA,
GARCIA, 2008).
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Rocha (2008) faz uma relação com o uso de bicarbonato em duas


situações, na acidose lática e na acidose provocada pela diarreia. Na acidose
provocada pela diarreia, o uso do bicarbonato é aceitável, visto que há uma
perda intestinal significativa de bases, e a reposição fisiológica do bicarbonato
será feito por via renal, porém lentamente. Já na acidose lática severa, o ácido
lático acaba sendo convertido em bicarbonato a nível hepático, tornando assim
a administração de HCO3 controvérsia, pois a mesma pode gerar um excesso
de base no organismo convertendo a acidose em alcalose.
Há muitos riscos associados com o uso de bicarbonato, a hipernatremia e a
hiperosmolaridade podem ser consequências da administração sem a devida
diluição. Outro problema é a sobrecarga de volume no organismo, visto que há
uma administração de sódio (ROCHA, 2008).
A hipercapnia pode ser gerada também, visto que com o aumento do
bicarbonato, haverá também um aumento da produção de ácido carbônico pelo
tampão bicarbonato que se combina com o hidrogênio em excesso. O aumento
do ácido carbônico no organismo gera uma hipoventilação, que causa acidose
respiratória. A alcalose de rebote é outro problema, pois o aumento de
bicarbonato eleva o pH sem resolver o problema primário, ou seja, o distúrbio é
corrigido, no entanto apenas temporariamente, visto que a causa primária
continua intacta podendo causar outros distúrbios novamente (ROCHA, 2008).

5. Considerações finais

Ao estudar os distúrbios acidobásicos com enfoque nos distúrbios


metabólicos, foi possível observar que a acidose metabólica é a mais grave e
por isso merece uma atenção especial. É fundamental avaliar os valores
gasométricos em conjunto com o caso clínico apresentado pelo paciente,
procurando sempre buscar a causa primária que desencadeou cada distúrbio.
Outro fator importante a ser considerado são as controvérsias no tratamento
com o uso de bicarbonato injetável. Deve-se estudar minuciosamente a causa
dos distúrbios já com a intenção de prever futuras consequências do
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tratamento. O estudo do caso e a sua relação com valores gasométricos são


fundamentais para evitar erros preveníveis.
Embora o tratamento dos distúrbios metabólicos seja médico, a
enfermagem deve estar sempre atenta ao paciente crítico, observando fatores
de risco que podem acarretar um distúrbio. O paciente grave é de
responsabilidade do Enfermeiro, e o mesmo deve estar monitorando cada
paciente, observando a gasometria arterial juntamente com a clínica do
paciente a fim de obter um melhor direcionamento além de planos de cuidados.
Vale lembrar que a equipe de enfermagem é a equipe que passa o maior
tempo com o paciente devendo assim estar atenta a qualquer sinal de
alterações. A partir do momento que o Enfermeiro tem um conhecimento da
complexidade fisiopatológica dos distúrbios que envolvem seu paciente, ele
adquire uma autonomia profissional, além de poder direcionar um cuidado de
qualidade de acordo com a sua competência.
A educação continuada deve estar sempre presente no dia a dia do
Enfermeiro, visto que com o avanço da tecnologia, as inovações são
constantes. Os cuidados prestados devem estar sempre justificados por
evidências científicas em qualquer situação, e são essas evidências que dão
ao Enfermeiro autonomia e competência para agir em cada situação.
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6. Referências

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