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SUMÁRIO
1. Módulo: Legislação educacional
1.1 LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação – 9394/96)............................................................. 3
1.2 Plano Nacional de Educação (PNE – 2014/2024)............................................................................ 21
1.3 Sistema Nacional de Educação ................................................................................................................ 23
1.4 Lei Municipal 4.203/2008.......................................................................................................................... 35
1.5 Diretrizes Educacionais de Contagem.................................................................................................. 41
1.6 Portaria Municipal 48/2017..................................................................................................................... 45
2. Módulo: Educação em uma perspectiva inclusiva e multicultural
2.1 O que é educação?.......................................................................................................................................... 52
2.2 História da Educação e da Pedagogia: geral e do Brasil................................................................ 53
2.3 Ética e Educação............................................................................................................................................. 62
2.4 Lei Federal n. 8.069/1990: Estatuto da Criança e do Adolescente........................................... 76
2.5 DCN- Educação das Relações Étnico Raciais...................................................................................... 92
2.6 Resolução SEE nº 3658............................................................................................................................... 93
2.7 Os sete saberes necessários à educação do futuro.......................................................................... 100
3. Módulo: Inclusão
3.1 Introdução......................................................................................................................................................... 106
3.2 Fundamentação Teórica.............................................................................................................................. 106
3.3 Marco Mundial: A Declaração de Salamanca...................................................................................... 107
3.4 A proposta da educação inclusiva........................................................................................................... 109
3.5 Necessidades Educativas Especiais: avaliação.................................................................................. 112
3.6 Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva................. 114
3.6.1 Evolução da Legislação..................................................................................................................... 114
3.6.2 A Educação Especial e o serviço de Atendimento Educacional Especializado......... 121
3.7 A Escola Comum Inclusiva.......................................................................................................................... 126
3.7.1 A articulação entre Escola Comum e Educação Especial................................................... 127
3.7.2 Salas de Recursos Multifuncionais.............................................................................................. 130
3.8 As especificidades do público-alvo da Educação Inclusiva.......................................................... 130
3.8.1 Currículo funcional e o atendimento ao deficiente intelectual acentuado................. 130
3.8.2 A escola inclusiva para surdos: o papel do intérprete educacional.............................. 131
3.8.3 As especificidades do deficiente visual...................................................................................... 132
3.8.4 Caracterizando os alunos com altas habilidades/superdotação.................................... 133
Referências
Art. 1º A Lei de Diretrizes de Bases da Educação – Lei 9394/1996 – em seu primeiro artigo define a
educação de forma abrangente e considera como processos formativos tanto os que se desenvolvem na
vida familiar, na convivência humana, no trabalho, como aqueles que ocorrem nas instituições de ensino
e pesquisa, nos movimentos sociais, nas organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.
Esta Lei, no entanto, disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do
ensino, em instituições próprias.
Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais
de solidariedade humana, tem por finalidade: [Const. Federal/88 (art. 205)]
Art. 3º O ensino deverá ser ministrado com base nos seguintes princípios:
[Const. Federal/88, art. 206]
Art. 4º É dever do Estado garantir, mediante oferta de educação pública: [Const. Federal/88, art.
208]
1. Educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, nas etapas
da pré-escola, ensino fundamental e ensino médio;
2. Educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco)
anos de idade;
3. Atendimento educacional especializado (AEE) gratuito
aos educandos com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação,
transversal a todos os níveis, etapas e modalidades,
preferencialmente na rede regular de ensino;
4. Acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e
médio para todos os que não os concluíram na idade
própria;
5. Acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e
da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
6. Oferta de ensino noturno regular, adequado às condições
do educando;
7. Oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e modalidades
adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as
condições de acesso e permanência na escola;
8. Atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas
suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde;
9. Padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e quantidade mínimas, por
aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.
10. Vaga na escola pública de educação infantil ou de ensino fundamental mais próxima de sua
residência a toda criança a partir do dia em que completar 4 (quatro) anos de idade.
1. Recensear anualmente as crianças e adolescentes em idade escolar, bem como os jovens e adultos
que não concluíram a educação básica;
2. Fazer-lhes a chamada pública;
3. Zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola.
Em todas as esferas administrativas, o Poder Público assegurará em primeiro lugar o acesso ao ensino
obrigatório, nos termos deste artigo, contemplando em seguida os demais níveis e modalidades de
ensino, conforme as prioridades constitucionais e legais.
Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de ensino, o Poder Público criará formas alternativas
de acesso aos diferentes níveis de ensino, independentemente da
escolarização anterior.
Art. 7º-A Ao aluno regularmente matriculado em instituição de ensino pública ou privada, de qualquer
nível, é assegurado, no exercício da liberdade de consciência e de crença, o direito de, mediante
prévio e motivado requerimento, ausentar-se de prova ou de aula marcada para dia em que,
segundo os preceitos de sua religião, seja vedado o exercício de tais atividades, devendo atribuir, a
critério da instituição e sem custos para o aluno, uma das seguintes prestações alternativas:
Informar pai e mãe conviventes ou não com seus Colaborar com as atividades de articulação da
filhos e, se for o caso, os responsáveis legais: escola com as famílias e a comunidade.
frequência, rendimento e sobre a proposta
pedagógica da escola.
Art. 15 Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os
integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira,
observadas as normas gerais de direito financeiro público.
I. Educação Básica
Art. 22
Art. 23 A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos,
alternância regular de períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na
competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do
processo de aprendizagem assim o recomendar.
O calendário escolar deverá adequar-se às peculiaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a
critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir o número de horas letivas previsto nesta
Lei.
Art. 24 A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes
regras comuns:
A carga horária mínima anual será de oitocentas horas para o ensino fundamental e para o ensino
médio, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo
reservado aos exames finais, quando houver;
Carga Horária do Ensino Médio
A carga horária mínima anual deverá ser ampliada de forma progressiva, no ensino médio, para mil e
quatrocentas horas, devendo os sistemas de ensino oferecer, no prazo máximo de cinco anos, pelo menos
mil horas anuais de carga horária, a partir de 2 de março de 2017. Os sistemas de ensino disporão sobre a
oferta de educação de jovens e adultos e de ensino noturno regular, adequado às condições do educando.
c) Independentemente de escolarização
anterior, mediante avaliação feita pela escola
As artes visuais, a dança, a música e o teatro são as linguagens que constituirão o componente
curricular de Arte.
No currículo do ensino fundamental, a partir do sexto ano, será ofertada a língua inglesa.
O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para
a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia.
Art.26-A Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de
ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o
estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.
A integralização curricular poderá incluir, a critério dos sistemas de ensino, projetos e pesquisas
envolvendo os temas transversais.
Conteúdos relativos aos direitos humanos e à prevenção de todas as formas de violência contra
a criança e o adolescente serão incluídos, como temas transversais, observada a produção e
distribuição de material didático adequado.
O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública,
iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante:
I. o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da
leitura, da escrita e do cálculo;
II. a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes
e dos valores em que se fundamenta a sociedade;
III. o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de
conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;
IV. o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância
recíproca em que se assenta a vida social.
Regras comuns para o Ensino Fundamental
Art. 74. A União, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, estabelecerá
padrão mínimo de oportunidades educacionais para o ensino fundamental, baseado no cálculo do
custo mínimo por aluno, capaz de assegurar ensino de qualidade.
O custo mínimo de que trata este artigo será calculado pela União ao final de cada ano, com validade
para o ano subsequente, considerando variações regionais no custo dos insumos e as diversas
modalidades de ensino.
Art. 77 Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas
comunitárias, confessionais ou filantrópicas que: [Const. Federal/88, art. 213]
I. comprovem finalidade não-lucrativa e não distribuam resultados, dividendos, bonificações,
participações ou parcela de seu patrimônio sob nenhuma forma ou pretexto;
II. apliquem seus excedentes financeiros em educação;
III. assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou
confessional, ou ao Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades;
IV. prestem contas ao Poder Público dos recursos recebidos.
Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados a bolsas de estudo para a educação básica,
na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos, quando houver falta de vagas e
cursos regulares da rede pública de domicílio do educando, ficando o Poder Público obrigado a
investir prioritariamente na expansão da sua rede local.
O que é o FUNDEB?
Disposições Gerais
Art. 78 O Sistema de Ensino da União, com a colaboração das agências federais de fomento à cultura e
de assistência aos índios, desenvolverá programas integrados de ensino e pesquisa, para oferta
de educação escolar bilingue e intercultural aos povos indígenas, com os seguintes objetivos:
Diretrizes:
I. erradicação do analfabetismo;
II. universalização do atendimento escolar;
III. superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na
erradicação de todas as formas de discriminação;
IV. melhoria da qualidade da educação;
V. formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que se
fundamenta a sociedade;
VI. promoção do princípio da gestão democrática da educação pública;
VII. promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do País;
VIII. estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do
Produto Interno Bruto - PIB, que assegure atendimento às necessidades de expansão, com
padrão de qualidade e equidade;
IX. valorização dos (as) profissionais da educação;
X. promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade
socioambiental.
Metas:
Educação META 1: Universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças
Infantil. de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em
creches de forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das crianças de até
3 (três) anos até o final da vigência deste PNE.
Ensino META 2: universalizar o ensino fundamental de 9 (nove) anos para toda a população
Fundamental. de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos e garantir que pelo menos 95% (noventa e cinco por
cento) dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano de
vigência deste PNE.
Ensino Médio. META 3: universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15
(quinze) a 17 (dezessete) anos e elevar, até o final do período de vigência deste PNE, a
taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85% (oitenta e cinco por cento).
Atendimento META 4: Universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com
Educacional deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
Especializado superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado,
para a preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional
população de 4 inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços
a 17 anos. especializados, públicos ou conveniados.
1.3 Sistema Nacional de Educação: desafio para uma educação igualitária e federativa
Carlos Roberto Jamil Cury
RESUMO: Este artigo pretende indicar, seja do ponto de vista histórico-social, seja do ponto de vista
jurídico-político, as barreiras pelas quais o Brasil jamais logrou êxito em instituir um sistema nacional
de educação tal como outros países o fizeram. Do ponto de vista histórico-social, a barreira nasce da
atávica desigualdade social cujo peso se fez presente na educação e, do ponto de vista jurídico-político,
a forma histórica com que se revestiu nosso federalismo gerou uma interpretação de que tal sistema
ofenderia a autonomia dos entes federativos estaduais e municipais. A busca por um sistema nacional
de educação deve enfrentar, sobretudo, a barreira jurídico-política.
Os três pequenos trechos a seguir pretendem expressar aqueles que podem ser considerados os
grandes desafios para a construção de um sistema nacional de educação que contenha a virtude da
igualdade e a execução federativa. Afinal, tal sistema (nacional) não teve sucesso em sua inscrição legal
em nosso país, ainda que muitos educadores e muitos movimentos o tivessem como meta para uma
melhor qualidade da educação nacional. Tais desafios se impõem como verdadeiras barreiras.
Quero trazer-vos, com a minha presença e com a minha palavra, a afirmação de que o
governo, mais do que nunca, se há de interessar pelo problema da educação nacional.
Estais agora aqui congregados, sois todos profissionais e técnicos. Pois bem: estudai
com dedicação; analisai com interesse todos os problemas da educação; procurai
encontrar a fórmula mais feliz de colaboração do Governo Federal com o dos estados
– que tereis na atual administração todo o amparo ao vosso esforço (Vargas, 1931, p.
5). (Getúlio Vargas, chefe do governo provisório, na sessão inaugural da IV
Conferência Nacional de Educação, Palácio Tiradentes, 13 de dezembro de 1931)
O primeiro desafio está posto pelo caráter de nossa sociedade, evidenciado no texto do
Manifesto. A expressão “estratificação social”, de algum modo, está apontando para o sistema social que
subjaz aos dois sistemas escolares paralelos... Com efeito, o capitalismo é uma forma histórica de
organização da existência social na qual se radica um sistema de produção de tal modo que os
capitalistas, proprietários dos meios de produção, mesmo competindo entre si, regulamentam a
organização do trabalho. De outro lado, os trabalhadores, também concorrendo entre si na busca por
trabalho, não possuem o direito institucional à alocação ou distribuição dos produtos da organização do
trabalho (Przeworski, 1989, p. 24). Resulta daí uma desigualdade sistêmica que é congênita à sociedade
capitalista ainda que dentro de um movimento contraditório.
Dessa forma, o conceito de sistema único de educação ou mesmo o de sistema unificado de
educação tem como desafio maior o horizonte da igualdade, cujo motor maior não se radica na escola,
mas no próprio sistema social.
A participação política, mesmo sendo uma oportunidade limitada (ainda que não fechada) de
ampliação de direitos, foi e continua a ser a via institucionalizada da democracia política de defesa de
interesses dos trabalhadores no sentido da redução das desigualdades.
Nesse movimento, é crucial o papel de um Estado capaz de garantir (ou não) um espaço para a
defesa de direitos importantes para a participação política na vida social. E a educação, como afirma
Marshall (1967), é um direito que abre o campo para se ter novos direitos.
Ora, essa desigualdade, própria da dualidade social, repercutiu e ainda repercute, a partir de
nossa história nacional, na educação, mesmo que esta última, proclamada direito social, tenha sido fruto
de longa conquista democrática. O ordenamento jurídico pode ser um bom patamar de leitura e de
compreensão de como a desigualdade impactou a educação escolar.
Nossa Constituição Imperial de 1824, no capítulo das Garantias dos Direitos Civis e Políticos dos
Cidadãos Brasileiros, reconhece, no artigo179, XXXII, como direito desses cidadãos a instrução primária
gratuita. Certamente é admirável esse capítulo, 35 anos após a Revolução Francesa e a proclamação dos
direitos do homem e do cidadão. Contudo, essa admiração deixa de ser ingênua quando se lêem outros
artigos da mesma Constituição. O artigo 6º desta, ao destinar o para quem dessa cidadania, define como
cidadãos brasileiros os que no Brasil tiverem nascido, quer sejam ingênuos ou libertos. Ora, os ingênuos
são os que nasceram livres, filhos de pais livres, e naturais do país. São cidadãos ex generatione e ex jus
soli. Já os libertos são aqueles alforriados que, libertando-se da escravidão, recuperaram a sua condição
de homens livres. Assim, por oposição, a Constituição Imperial não reconhece os escravos como
(...) desprendendo-se dos interesses de classes, a que ela tem servido, deixa de
constituir um privilégio determinado pela condição econômica e social do indivíduo,
para assumir um “caráter biológico”, com que ela se organiza para a coletividade em
geral, reconhecendo a todo o indivíduo o direito a ser educado até onde o permitam
as suas aptidões naturais, independente de razões de ordem econômica e social.
(1932, p. 33)
O Manifesto buscou combater essa dualidade de redes por meio de uma estrutura educacional
sob a égide da escola pública. Com currículos e normas comuns, tendo o Estado como articulador e
legislador, o sistema só se diversificaria após uma escolaridade fundamental comum e para todos. E essa
diversificação deveria permitir a todos os seus concluintes o prosseguimento de estudos, mormente no
ensino superior.
Essa dialética, expressão do conflito social privilégio (das elites) x direito (aberto a todos e a cada
um), fará comparecer na Constituição de 1934 a educação como direito, a obrigação dos poderes
públicos em prestá-la gratuita no ensino primário e obrigatoriamente nas escolas oficiais, a vinculação
1
De acordo com Martins (1997, p. 30-31), “(...) tivemos duas escravidões: a indígena e a negra, cada uma regulada
por um estatuto jurídico diferente. (...) É no século dezoito, porém, que se dá uma cessação mais ou menos eficaz
da escravidão indígena. O Diretório dos Índios do Maranhão e do Grão-Pará liberta os índios administrados, nome
que tinha a sua escravidão. Eles passam, então, à condição de teoricamente livres e, na prática, mais ou menos
servos dependentes do grande proprietário. Milhões de indígenas foram vítimas de extenso genocídio”.
2 A Corte, no ano de 1849, era habitada por 78.855 escravos e 10.732 libertos, representando 43% da população
expressa uma suspeição preconceituosa quanto aos libertos, decorrer-te de sua origem, e desconfiança com
relação aos seus comportamentos.
A infância e a juventude devem ser objeto de cuidados e garantias especiais por parte
do Estado, que tomará todas as medidas destinadas a assegurar-lhes condições físicas
e morais de vida sã e de harmonioso desenvolvimento das suas faculdades.
À infância e à juventude a que faltarem os recursos necessários à educação em
instituições particulares, é dever da Nação, dos estados e dos municípios assegurar,
pela fundação de instituições públicas de ensino em todos os seus graus, a
possibilidade de receber uma educação adequada às suas faculdades, aptidões e
tendências vocacionais.
Do ponto de vista dessa formulação, a escola privada, extensão da própria família, é a principal
rede constitutiva do sistema de ensino. Neste sentido, a constituição de um sistema de educação
inverteria a relação público/privado. A rede pública ganharia sua constituição no e a partir do sistema
privado.
Aqui fica evidenciada a teoria dos dois sistemas paralelos, segundo o trecho do texto de Anísio
Teixeira posto no Manifesto, ou como prefere a sociologia educacional francesa: a teoria das duas redes 6
não poderia ser mais clara.
E tal teoria teve um novo reforço legal ao mostrar o outro lado da moeda. Trata-se do Decreto n.
4.244/42, em seu artigo 22, relativo aos “herdeiros” da Reforma do Ensino Secundário, afirmando: “(...)
é finalidade da educação secundária formar as individualidades condutoras pelo que força é desenvolver
nos alunos a capacidade de iniciativa e de decisão e todos os atributos fortes da vontade”.
Por oposição, os destinatários do ensino profissional são os que a Constituição de 1937
denominava, no artigo 129, de classes menos favorecidas.
4
A gratuidade no ensino primário, presente na Constituição Imperial, não consta da primeira Constituição
Republicana, de 1891. Tal possibilidade seria da jurisdição das constituições estaduais.
5
Para uma visão do modelo organicista, cf. Bobbio e Bovero (1986).
6
Referência ao livro de Baudelot e Stablet (1977).
7
A Lei n. 5.692/71 nomeia o ensino primário de 8 anos como ensino de 1º grau e mantém a faixa etária de 7 a 14
anos.
8
Considere-se, por exemplo, os vetos à ampliação do financiamento público para a educação escolar impostos ao
Plano Nacional de Educação pelo Poder Executivo, em 2001, ou, então, os vetos para que a Educação de Jovens e
Adultos se beneficiasse do esquema do FUNDEF.
9
No âmbito do direito à saúde, o artigo 198 da Constituição confirma um sistema único das ações e serviços
públicos da saúde.
10Em 1840, a Lei n. 105, de 12 de maio de 1840, interpreta, de modo conservador e centralizador, o Ato Adicional
de 1834. Em 1841, com a Lei n. 234, de 23 de novembro, há o retorno do Conselho de Estado com conselheiros
vitalícios, nomeados pelo imperador.
11 Esta é a primeira intervenção direta e financiada da União no ensino primário, por meio do Ministério da Justiça,
nos estados do Paraná, do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, respectivamente, mediante os decretos: n. 13.175,
de 6/9/1918, n. 13.390, de 8/1/1919, e n. 13.460, de 5/2/1919.
12 Sobre federalismo e educação, cf. Cury (2006). Sobre essa Constituição, cf. Oliveira (2001).
13 O retorno da vinculação dá-se, primeiro, na emenda da Junta Militar de 1969, exclusivamente para os municípios,
Saviani, 1999).
15 A Constituição de 1988 adota a expressão sistema nacional para o emprego no artigo 22, IX, e fala no sistema
financeiro nacional no Título VII, capítulo IV. Pode-se dizer que boa parte do artigo 21 e do artigo 22, salvo casos
de autorização, permissão e concessão, possui uma dimensão nacional.
16 Cf., a esse respeito, o Parecer CNE/CEB n. 30/00.
17 Mesmo com a indicação de uma lei complementar que traduza o regime de cooperação recíproca, posta no §
único do artigo 23 da Constituição de 1988, até hoje essa lei não foi efetivada.
18 A Constituição de 1988, no Título VIII, capítulo II, seção II, artigo 198, versando sobre a saúde, diz que “as
ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema
único (...)”.
19 Cf., sobre o assunto sistemas de ensino e sistemas municipais, o Parecer CNE/CEB n. 30/00.
20
Essa lei tem sido articulada, até o presente, com as diretrizes nacionais de saneamento básico, conforme a Lei n.
11.445/07, e com o programa de cooperação federativa para a constituição da força nacional de segurança pública,
conforme o Decreto n. 5.289/04.
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CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1º Fica instituído o Sistema Municipal de Ensino de Contagem, com ênfase na educação escolar que
se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias.
Art. 2º São objetivos da educação municipal, inspirados nos princípios e fins da educação nacional:
I - formar cidadãos participativos capazes de compreender criticamente a realidade social, conscientes
de seus direitos e responsabilidades;
II - garantir aos educandos igualdade de condições de acesso, reingresso, permanência e sucesso na
escola;
III - assegurar padrão de qualidade na oferta da educação escolar;
IV - gratuidade do ensino público municipal nos estabelecimentos de ensino oficiais do Município;
V - valorização dos trabalhadores em educação;
VI - valorização da experiência extraescolar, garantindo a vinculação entre a educação escolar, o
trabalho e as práticas sociais; e
VII - ampla participação dos pais, educadores e educandos.
CAPÍTULO II
DA ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA MUNICIPAL DE ENSINO
CAPITULO III
DO ENSINO MUNICIPAL
Seção I
Das Instituições Educacionais e suas Responsabilidades
Art. 5º A educação escolar será oferecida, predominantemente, em instituições próprias, mediante as
formas, modalidades ou políticas educacionais definidas.
Art. 8º As instituições municipais de educação infantil e de ensino fundamental serão criadas pelo Poder
Público
Municipal de acordo com as necessidades de atendimento à população escolar, respeitadas as normas
do Conselho Municipal de Educação.
Parágrafo único. O Município somente poderá criar estabelecimentos para atender outras etapas da
educação básica quando estiverem plenamente atendidas as necessidades de sua área de competência
e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção e
desenvolvimento do ensino.
Art. 9º As instituições de educação infantil, mantidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas
de direito privado, integrantes do Sistema Municipal de Ensino, atenderão as seguintes condições:
I - cumprimento das normas gerais da Educação Nacional e do Sistema Municipal de Ensino;
II - autorização de funcionamento e avaliação de qualidade pelo Poder Público Municipal;
III - capacidade de autofinanciamento, ressalvado o previsto no art. 213 da Constituição Federal.
Seção II
Da Secretaria Municipal de Educação, Esportes e Cultura
Art. 12 O Conselho Municipal de Educação tem por objetivo assegurar aos grupos representativos da
comunidade o direito de participar da definição das diretrizes da educação, no âmbito do Município,
concorrendo para elevar a qualidade dos serviços educacionais.
Art. 14 O mandato dos conselheiros será de 03 (três) anos, permitida 01 (uma) única recondução,
mesmo nos casos em que o representante mudar de órgão ou entidade.
Parágrafo Único A recondução definida no caput deste artigo terá limites e critérios definidos pelo
regimento interno do Conselho, de forma a garantir anualmente a renovação em 1/3 (um terço) de seus
membros conselheiros e de forma paritária.
Art. 15 A função de conselheiro não será remunerada, sendo considerada de relevante interesse social,
e o seu desempenho tem prioridade sobre o de qualquer cargo público municipal de que seja titular.
Art. 17 A Secretaria Municipal de Educação, Esportes e Cultura garantirá a estrutura de apoio técnico,
jurídico e administrativo, bem como as condições materiais necessárias ao funcionamento do Conselho.
Art. 18 O mandato de Conselheiro será considerado extinto antes do término do prazo nos seguintes
casos de:
I - morte;
II - renúncia;
III - abandono de cargo pela ausência injustificada a 3 (três) reuniões plenárias consecutivas ou a 6 (seis)
intercaladas no período de 1 (um) ano.
IV - licenciamento por mais de um ano;
V - falta de decoro durante as reuniões;
VI - atitudes incompatíveis com as funções de conselheiro;
VII - condenação por crime comum ou de responsabilidade;
VIII - desvinculação do órgão ou entidade que indicou ou elegeu o conselheiro.
§1º A perda do mandato deverá ser aprovada por 2/3 (dois terços) dos membros do Conselho.
§2º A perda do mandato será comunicada, pelo Presidente, ao órgão ou entidade representada, e ao
Chefe do Executivo Municipal, para as medidas cabíveis.
§3º O mandato de conselheiro não pode ser revogado ou extinto por iniciativa do Poder Executivo
Municipal por razões não previstas no caput do artigo.
CAPÍTULO IV
DO PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
Art. 20 O Sistema Municipal de Ensino será implementado em consonância com o Plano Municipal de
Educação, que será elaborado de forma participativa, sob a coordenação da Secretaria Municipal de
Educação, Esportes e Cultura, subsidiada pelo Conselho Municipal de Educação, em conformidade com
os Planos Nacional e Estadual de Educação.
CAPÍTULO V
DA GESTÃO DEMOCRÁTICA DO ENSINO PÚBLICO MUNICIPAL
Art. 21 A Secretaria Municipal de Educação, Esportes e Cultura adotará a gestão democrática do ensino
público municipal, definindo-a, mediante ato administrativo próprio, com observância dos seguintes
princípios:
I - participação dos profissionais da educação e dos pais ou responsáveis pelos alunos na elaboração da
proposta pedagógica da escola;
II - participação da comunidade escolar local em órgãos colegiados;
III - autonomia das escolas na gestão pedagógica, administrativa e financeira;
IV - liberdade de organização dos segmentos da comunidade escolar, em associações, grêmios ou outras
formas;
V - transparência dos procedimentos pedagógicos, administrativos e financeiros;
VI - descentralização das decisões sobre o processo educacional.
Parágrafo único. Integram a comunidade escolar os estudantes, seus pais ou responsáveis,
trabalhadores em educação em exercício na unidade escolar.
Art. 22 As escolas públicas municipais constam, na sua estrutura e organização, com Colegiados
Escolares de que participam o diretor da escola e representantes da comunidade escolar, local e os
trabalhadores em educação.
Parágrafo único. A composição, atribuições e funcionamento dos Colegiados Escolares submetem à
apreciação e aprovação, mediante parecer técnico do Conselho Municipal de Educação, de seus
Estatutos, de acordo com a regulamentação.
Art. 23 A escolha dos dirigentes das escolas públicas Municipais deve ser realizada por processo de
consulta à comunidade escolar, cuja regulamentação será definida pelos segmentos que compõem a
gestão democrática.
Art. 24 A autonomia financeira das unidades escolares públicas, tanto da educação infantil quanto do
ensino fundamental, será assegurada por lei, permitindo-se a transferência periódica de recursos,
através do Programa de Fomento às Caixas Escolares, com vistas ao seu funcionamento e à melhoria do
padrão de qualidade do ensino, cuja prestação de contas se submete à apreciação da Secretaria
Municipal de Educação, Esportes e Cultura.
CAPÍTULO VI
DA ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO ESCOLAR
Art. 26 As questões relativas ao funcionamento das etapas da educação básica identificadas no artigo
anterior serão definidas mediante Resolução Específica da Secretaria Municipal de Educação, Esportes
e Cultura.
CAPÍTULO VII
DO REGIME DE COLABORAÇÃO
Art. 27 O Município definirá com o Estado, formas de colaboração para assegurar a universalização do
ensino fundamental obrigatório.
§1º A colaboração de que trata o caput deste artigo deve garantir a distribuição proporcional das
responsabilidades, de acordo com a população a ser atendida e os recursos financeiros disponíveis em
cada esfera.
§2º Para implementar, acompanhar e avaliar o regime de colaboração, poderá ser constituída uma
comissão paritária, com participação de representantes do Estado e da municipalidade.
Art. 28 O Município poderá atuar, em colaboração com o Estado, por meio do planejamento integrado
com as ações de:
I - elaboração de políticas e plano educacionais;
II - recenseamento de chamada pública da população e de controle de frequência dos alunos do ensino
fundamental;
III - definição de padrões mínimos de qualidade do ensino, de avaliação institucional, de organização da
educação básica, de padrão referencial de currículo e do calendário escolar;
IV - valorização dos recursos humanos da educação;
V - expansão e utilização da rede escolar de educação básica.
Art. 29 O Sistema Municipal de Ensino buscará atuar em articulação com o sistema Estadual na
elaboração de normas complementares, com vista à unidade normativa, respeitadas as peculiaridades
das redes de ensino dos respectivos sistemas.
Art. 30 O Poder Público Municipal estabelecerá colaboração com outros municípios por meio de
parcerias ou outras formas de cooperação, com vistas a qualificar a educação pública de sua
responsabilidade.
Art. 32 O Poder Público Municipal poderá desenvolver programas permanentes de capacitação dos
servidores públicos que atuam em funções de apoio administrativo e serviços gerais nas instituições
educacionais e órgãos pertencentes ao Sistema Municipal de Ensino.
Art. 34 Revogam-se a Lei nº 1609, de 20 de dezembro de 1983, a Lei nº 1643, de 17 de outubro de 1984,
a Lei nº 1765, de 02 de setembro de 1986, a Lei nº 2434, de dezembro de 1992, a Lei nº 2975, de 25 de
agosto de 1997, a Lei nº 2998, de 17 de outubro de 1997 e a Lei nº 3371, de 1º de dezembro de 2000.
Diretrizes Norteadoras
Diretriz 1 Melhoria dos resultados educacionais do Município de Contagem por meio da promoção de
um processo de ensino e aprendizagem de alto padrão, com efetivo e contínuo progresso acadêmico
dos alunos.
AÇÕES
Universalizar a oferta de Educação Infantil comprometida com o desenvolvimento integral das
crianças em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social.
Ampliar o atendimento educacional a crianças de 0 a 3 anos.
Reorganizar a Rede Municipal de Ensino com focos em eficiência e eficácia e enfoque na
efetividade.
Elevar as expectativas dos alunos, pais, professores, pedagogos e diretores municipais com
relação à escola e a sua função de promover alto padrão de aprendizagem aferido por meio de
avaliações internas e externas, tendo como parâmetros a Base Nacional Curricular Comum e o
currículo estabelecido pela SEDUC.
Elevar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) da Rede Municipal de Ensino de
Contagem, considerando, para os anos iniciais, as metas de 7,0 na avaliação da Prova Brasil em
2017 e 8,0 na avaliação prevista para 2019.
Instituir o “Compromisso de Gestão” no âmbito da Rede Pública Municipal de Contagem, a contar
do início do ano letivo de 2017, com foco na gestão/monitoramento dos processos de ensino e
aprendizagem.
Desenvolver a metodologia de monitoramento contínuo dos processos de ensino e
aprendizagem, numa articulação entre SEDUC e escolas, com a participação efetiva de diretores
e pedagogos.
Ampliar gradualmente o tempo da aprendizagem dos conteúdos curriculares (escola de tempo
integral).
AÇÕES
Organizar a unidade escolar como um ambiente de aprendizagem, com autonomia pedagógica,
administrativa e financeira, com responsabilidade, e como instrumento comunitário de
prestação de serviço educacional público.
Reestruturar o Projeto Pedagógico das unidades escolares.
Estabelecer metas educacionais para as escolas de ensino fundamental e para as CEMEI's a cada
ano letivo.
Reorganizar os tempos e espaços escolares de modo que estejam integralmente direcionados
aos processos de ensino e aprendizagem.
Melhorar a estrutura dos prédios escolares que necessitarem de intervenções.
Instituir e fortalecer práticas pedagógicas e rotinas de sala de aula que favoreçam as
aprendizagens, bem como procedimentos de avaliação e registros do desempenho dos alunos
que permitam a regulação dos processos de aprendizagem.
Desenvolver estratégias variadas e fazer uso de recursos pedagógicos diversificados tendo em
vista a consolidação das aprendizagens planejadas.
Elaborar instrumentos de planejamento e monitoramento dos processos de ensino e
aprendizagem.
Adotar novos procedimentos de divulgação do trabalho pedagógico e dos resultados de
aprendizagem.
Organizar um banco de informações da escola com foco no desenvolvimento dos alunos e nos
resultados alcançados nas avaliações.
Identificar, divulgar, apoiar e fortalecer práticas pedagógicas exitosas.RETARIA DE EDUCAÇÃO
AÇÕES
AÇÕES
Organizar e promover o funcionamento do Colegiado Escolar, presidido por um membro da
comunidade, com a participação de representantes dos segmentos de profissionais da escola,
dos pais de alunos, dos líderes comunitários locais e de representantes dos parceiros da escola.
Promover ações que incrementem a participação dos pais/responsáveis nas reuniões escolares,
nas atividades pedagógicas e festivas da escola.
Implantar aplicativo de acompanhamento da vida escolar do estudante via celular, integrado ao
Sistema Informacional da Seduc, facilitando o acesso a informações (boletim escolar, cardápio
da merenda, hora de chegada e saída do estudante etc.) e a comunicação entre
pais/responsáveis, estudantes e escola.
Desenvolver atividades em parceria com instituições e serviços públicos municipais,
universidade e instituições de ensino superior (pesquisas, estudos, campanhas etc.) para a
melhoria do atendimento ao aluno e da qualidade da educação na escola.
AÇÕES
Ofertar, em caráter contínuo, oportunidades de formação continuada para os profissionais do
magistério, utilizando as novas tecnologias.
Implantar o Portal de Formação Permanente dos Professores e Educadores.
Institucionalizar um Plano de Carreiras de Professores e Educadores, com progressão funcional
determinada através da verificação e de incentivos meritocráticos.
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO
Diretriz 6 - Formação dos profissionais do magistério com foco na prática pedagógica.
AÇÕES
Implementar ações de formação continuada para a equipe gestora das escolas (diretores e
pedagogos), com periodicidade mensal, através do “Pró-Escola: Programa de Formação
Continuada de Diretores e Pedagogos”.
Promover a formação continuada dos professores de educação infantil para melhor qualificar o
processo educacional.
Promover a formação continuada dos professores alfabetizadores com designação para o 1º e
2º anos iniciais do ensino fundamental, com ênfase na alfabetização em Linguagem, na
alfabetização Matemática e na operacionalização didática do Ciclo de Alfabetização em dois
anos.
Promover a formação continuada dos professores de 3º, 4º e 5º anos iniciais do ensino
fundamental para melhor qualificar o processo educacional de Letramento, através das Horas-
Atividade semanais, do funcionamento contínuo do PIP e de outras ações focadas na organização
e funcionamento do Ciclo de Desenvolvimento do Letramento e no ensino da Matemática.
Estruturar o Centro de Formação de Professores da Rede Municipal de Contagem.
AÇÕES
Fortalecer as relações de reciprocidade, solidariedade e cooperação entre a escola e a SEDUC,
tornando evidentes a responsabilidade e a responsabilização compartilhadas entre Secretaria e,
na escola, o diretor, o pedagogo e os professores quanto à qualidade do ensino e da
aprendizagem alcançada pelos alunos e observável nos resultados de avaliações internas e
externas da aprendizagem.
Planejar, coordenar e monitorar a implementação das diretrizes, das políticas, dos programas e
projetos educacionais, assegurando a articulação entre a gestão central e a gestão escolar.
Estabelecer, com clareza e transparência, os compromissos anuais da SEDUC com cada
estabelecimento municipal de ensino.
Desenvolver mecanismos de comunicação permanente entre a SEDUC e as unidades escolares,
bem como procedimentos de apoio contínuo às equipes gestoras das escolas.
Alinhar metodologicamente as metas gerais da rede de ensino e as metas de cada unidade
escolar.
CONSIDERANDO o disposto na Lei 4.203, de 18 de dezembro de 2008, que institui e organiza o Sistema
Municipal de Ensino de Contagem; o disposto na Lei Complementar 090, de 30 de julho de 2010, que
institui o Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos do magistério e demais servidores públicos dos
quadros setoriais da Educação e da FUNEC do Poder Executivo Municipal de Contagem;
CONSIDERANDO, ainda, que o Plano Nacional de Educação para o decênio 2014-2024 estabeleceu como
meta a universalização da Educação Infantil para crianças de 4 e 5 anos até o ano de 2016 e o
atendimento, em até 50%, de crianças de 0 a 3 anos, até 2024, o que demanda dos Municípios mudanças
na gestão da Rede de Educação Infantil, em particular, e de toda a Rede de Educação Fundamental, de
forma geral, a necessidade de organização e funcionamento das Unidades Municipais de Educação
Infantil e Unidades de Ensino da Rede Municipal de Contagem a partir de 2018,
RESOLVE:
Art. 1º A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, pautada pela indissociabilidade entre
cuidar, educar e brincar, atenderá crianças de 0 a 5 anos em Unidades Municipais de Educação Infantil
(UMEIs), em Escolas de Ensino Fundamental e em instituições privadas que desenvolvam serviços de
interesse público na área de educação e firmem parcerias com a Administração Pública.
Parágrafo único: A matrícula na Educação Infantil é obrigatória para todas as crianças com idade de 4
e 5 anos, sendo o ingresso realizado por meio do Cadastro Escolar, promovido anualmente pela
Administração Pública, integrando Município e Estado.
§ 1º O atendimento de crianças de 0 a 3 anos poderá ser feito por Agentes de Educação Infantil, por
Professores de Educação Infantil – PEI e por Professores de Educação Básica – PEB 1. O atendimento de
crianças de 4 e 5 anos será feito apenas por Professores de Educação Infantil – PEI e por Professores de
Educação Básica – PEB 1.
§ 2º O número de crianças nas turmas de Educação Infantil será definido por Resolução Conjunta da
Secretaria de Educação e do Conselho Municipal de Educação.
Art. 3º A organização da Educação Infantil de Contagem terá como referência o documento Currículo da
Educação Infantil de Contagem: experiências, saberes e conhecimentos, em conformidade com as
diretrizes da Educação Infantil e com a Base Nacional Comum Curricular.
Art. 4º A avaliação na Educação Infantil é um dos elementos do processo educativo e está articulada ao
planejamento, à observação e ao registro, constituindo-se em um importante processo de trabalho para
o profissional da Educação Infantil.
Parágrafo único – A avaliação, nessa etapa, caracteriza-se como mediadora e acolhedora, devendo
possibilitar a criação de novas estratégias que garantam o desenvolvimento integral das crianças, não
assumindo, em hipótese alguma, o caráter de julgar, reprovar, selecionar, promover ou classificar a
criança. Ela subsidia-se em instrumentos de registros a partir das pautas de observação, do relato do
trabalho desenvolvido com a turma, do relatório individual e recursos que permitam a reflexão sobre o
desenvolvimento de cada criança através do portfólio individual.
Art. 5º A carga horária anual na Educação Infantil será de, no mínimo, 800 horas, distribuídas em 200
dias letivos, sendo a jornada diária mínima de 4 (quatro) horas, excluído o tempo destinado ao recreio.
§ 1 º A Educação Infantil no período parcial funcionará em dois turnos, sendo o primeiro das 7:00h às
11:30h, e o segundo, das 13:00h às 17:30h. Em período integral, ela funcionará das 7:00h às 17:30h.
§ 2º Não será autorizada a dispensa das crianças durante o horário regular de aula.
§ 3º O monitoramento da frequência das crianças será realizado por responsável indicado pelo
dirigente, preferencialmente o secretário escolar.
§ 4º A equipe pedagógica deverá marcar reuniões com a família da criança infrequente, visando
esclarecer as razões da ausência e reestabelecer a frequência regular.
§ 5º Demais procedimentos relativos à frequência escolar serão disciplinados em Resolução própria.
Art. 6º Para o desenvolvimento das atividades pedagógicas e para efeito de avaliações, o ano escolar na
Educação Infantil será estruturado em semestres, conforme calendário escolar elaborado pela unidade
escolar e aprovado pela SEDUC.
Art. 7º O Ensino Fundamental, com duração de nove anos, será organizado em quatro etapas
denominadas CICLOS DE APRENDIZAGEM, visando estruturar o trabalho educativo de modo a garantir
as aprendizagens básicas dos estudantes no âmbito de uma proposta educacional que reconhece a
pluralidade econômica e sociocultural da população de Contagem, as características e particularidades
das diferentes fases do desenvolvimento humano, bem como as especificidades curriculares de cada
etapa e ano escolar.
§ 1º Os ciclos correspondem aos Anos Iniciais (1º e 2º Ciclos) e aos Anos Finais (3º e 4º Ciclos).
Art. 8º A matrícula no Ensino Fundamental é obrigatória para todas as pessoas com idade entre 6 e 14
anos, sendo o ingresso realizado por meio de chamada pública para o Cadastro Escolar, promovido
anualmente pelo poder público integrando Município e Estado.
Art. 9º A carga horária anual no Ensino Fundamental Regular será de 800 horas, distribuídas em 200
dias letivos, sendo a jornada diária mínima de 4 (quatro) horas, excluído o tempo destinado ao recreio.
§ 1 º O Ensino Fundamental Regular funcionará em dois turnos, sendo o primeiro das 7:00h às 11:30h,
e o segundo, das 13:00h às 17:30h.
§ 2º Não será autorizada a dispensa dos estudantes durante o horário regular de aula.
§ 3º A frequência mínima anual do estudante deverá ser de 75% (setenta e cinco por cento).
§ 4º O monitoramento da frequência dos estudantes será realizado por responsável indicado pelo
dirigente, preferencialmente o secretário escolar.
§ 5º A equipe pedagógica deverá marcar reuniões com a família do estudante infrequente, visando
esclarecer as razões da ausência e reestabelecer a frequência regular.
§ 6º Demais procedimentos relativos à frequência escolar serão disciplinados em Resolução própria.
Art. 10 Para o desenvolvimento das atividades pedagógicas e para efeito de avaliações, o ano escolar no
Ensino Fundamental Regular será estruturado em 3 (três) trimestres, cada um com cerca de 67 dias
letivos, conforme calendário escolar elaborado pela unidade escolar e aprovado pela SEDUC.
Art. 11 A Educação de Jovens e Adultos (EJA), modalidade de ensino com projeto pedagógico próprio,
destina-se à população não alfabetizada ou com escolaridade incompleta, preferencialmente na faixa
etária acima dos 18 anos.
Art. 13 De acordo com o art. 11 da resolução CNE/CEB nº 3, de 15 de julho de 2010, aos estudantes
matriculados na EJA – 1º e 2º Segmentos, será garantido o aproveitamento de estudos e conhecimentos
realizados anteriormente.
Art. 15 O currículo do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Contagem será composto pelas
seguintes disciplinas: Arte, Ciências, Educação Física, Ensino Religioso, Geografia, História, Língua
Inglesa, Língua Portuguesa e Matemática.
§1º A Língua Inglesa será ofertada em caráter obrigatório nos 9 (nove) anos do Ensino Fundamental.
§2º Atuarão nos Anos Iniciais (1º e 2º Ciclos) lecionando Arte, Educação Física e Língua Inglesa
professores PEBII dessas disciplinas específicas. Sua atuação deverá ser referenciada no projeto
educativo concernente a cada um desses Ciclos, respeitando os pressupostos teórico-metodológicos do
trabalho educativo próprio ao desenvolvimento e à aprendizagem dos estudantes dos Anos Iniciais.
Art. 17 A avaliação no Ensino Fundamental será realizada com base nos seguintes princípios
pedagógicos:
I – orientar a prática do professor no sentido de oferecer ao estudante o devido suporte no seu caminho
de aprender e desenvolver-se;
II – organizar-se como um processo dinâmico, de caráter diagnóstico, formativo e contínuo, que abrange
as diversas dimensões da prática educativa, tendo como objetivo fundamental a consolidação das
aprendizagens de todos os estudantes;
III – ajustar-se aos objetivos de aprendizagem, aos conteúdos de ensino planejados e trabalhados e aos
procedimentos pedagógicos utilizados, permitindo ao professor obter dados consistentes sobre as
aprendizagens de cada um de seus estudantes.
Art. 18 O registro final do desempenho escolar anual no Ensino Fundamental Regular será constituído
do somatório das 3 (três) notas trimestrais.
§ 1º O primeiro trimestre valerá 30 (trinta) pontos e o segundo, bem como o terceiro trimestres, 35
(trinta e cinco) pontos.
§ 2º Em cada trimestre, os pontos serão distribuídos em, no mínimo, 3 (três) diferentes instrumentos
de avaliação, observando o equilíbrio da atribuição de pontos em cada instrumento, conforme
orientação da equipe pedagógica da unidade escolar.
§ 3º O estudante que estiver cursando o ano final do Ciclo (2º, 5º, 7º e 9º anos) deverá alcançar, para a
sua progressão entre os Ciclos, o mínimo de 60% dos pontos distribuídos ao longo do ano e 75% de
frequência anual.
§ 4º O estudante que não alcançar 60% (sessenta por cento) de rendimento nos anos iniciais e
intermediário dos ciclos (1º, 3º, 4º, 6º e 8º) dará continuidade à sua trajetória escolar no Ciclo, amparado
por um Plano de Estudos a ser elaborado pelo professor e pelos pedagogos de cada unidade de ensino.
§ 5º Em cada trimestre, se o estudante, em qualquer ano do ciclo, não alcançar o mínimo de 60% de
aproveitamento (18 pontos no primeiro trimestre, e 21 no segundo e no terceiro trimestres), deverá
Art. 19 O Conselho de Classe, constituído por todos os professores da turma, pedagogo e dirigentes, é
instância deliberativa integrante da estrutura da escola e tem sob sua responsabilidade:
I – analisar os resultados de aprendizagem da escola, avaliar o desempenho das turmas e dos estudantes,
além de propor ações para superar as dificuldades de aprendizagem;
II – avaliar o processo de ensino e aprendizagem desenvolvido pela escola e propor ações para o seu
aprimoramento;
III – deliberar sobre a progressão dos estudantes e encaminhá-los a projetos específicos de apoio
pedagógico e/ou de correção de fluxo em jornada escolar ampliada.
Art. 20 A evolução das aprendizagens dos estudantes deverá ser monitorada, mensalmente, por
professores e pedagogos, por meio de instrumentos de monitoramento, por ano escolar, por turma e
por componente curricular, permitindo a elaboração de intervenções pedagógicas ajustadas às
necessidades de aprendizagem e desenvolvidas no tempo adequado.
§ 1ª Os dados levantados deverão ser sistematizados, para estudo comparativo. A análise deve ser
realizada pelos professores, pedagogos e dirigentes;
§ 2º Professores e pedagogos deverão realizar reuniões para a elaboração de intervenções pedagógicas
ajustadas às necessidades de aprendizagem identificadas.
Art. 21 Em observância à Lei Federal nº. 11.738/2008, e à Lei Municipal Complementar 090/2010, a
jornada de trabalho semanal do professor da Rede Municipal de Contagem será assim distribuída:
I – O professor cuja jornada de trabalho semanal é de 22h30min (vinte e duas horas e trinta minutos) –
PEB 1 e PEB 2 – terá 15h (quinze) horas-aula, sendo o módulo-aula de 01h (uma) hora, e 07h30min
(sete horas e trinta minutos) para cumprimento das horas-atividade, incluindo o tempo do recreio;
II – O professor cuja jornada de trabalho semanal é de 40h (quarenta horas) – PEI e PEB 3 – terá 27h
(vinte e sete horas) horas-aula, sendo o módulo-aula de 01h (uma hora), e 13h (treze horas) para
cumprimento das horas-atividade, incluindo o tempo do recreio;
III – A carga-horária semanal do professor da Educação de Jovens e Adultos é de 22h30min (vinte e duas
horas e trinta minutos), sendo 15h (quinze horas) horas aula, com módulo-aula de 50 minutos, 2h30min
(duas horas e trinta minutos) de recreio e 7h30min (sete horas e trinta minutos) de horas-atividade e
plantão.
IV – A jornada de trabalho semanal do pedagogo é de 22h30min (vinte e duas horas e trinta minutos),
para aqueles que cumprem trabalho em apenas um turno escolar, e de 40h (quarenta horas), para
aqueles que cumprem trabalho em dois turnos escolares, incluindo o horário do recreio;
§ 2º O professor cuja jornada de trabalho não completar 15 horas semanais completará o tempo da
jornada realizando uma ou mais das seguintes atividades, aprovadas pela equipe gestora da Unidade de
Ensino e acompanhadas pelos gestores de monitoramento da SEDUC:
§ 1º As atividades referidas no caput deste artigo deverão ser realizadas dentro do horário regular de
trabalho, salvo para os diretores, que poderão ser convocados a qualquer momento, conforme previsto
no art. 21, inciso V;
§ 2º A Formação em Serviço dos profissionais da educação é de caráter obrigatório e será oferecida pela
Secretaria Municipal de Educação;
§ 3º As horas-atividade dos professores ocupantes de cargo PEBII, do 1º ao 9º ano, e dos professores da
EJA, serão condensadas em 4 horas organizadas conforme o quadro abaixo:
§ 4º O tempo restante das horas-atividade será definido entre o professor e a equipe pedagógica.
Parágrafo único – São atividades próprias do pedagogo, entre outras, a organização do turno de
trabalho e o atendimento aos pais no que concerne aos processos de ensino e aprendizagem.
Referências
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2.1 O que é Educação?
A educação é parte de um modo de vida dos grupos sociais. Na espécie humana, a educação não
tem a função de apenas continuar o trabalho da vida, ela se instala dentro de um domínio de trocas de
símbolos, intenções, padrões de cultura e de relações de poder. De acordo com Brandão (2007), a
educação do ser humano existe por toda parte e é o resultado da ação mútua dos indivíduos no meio
sociocultural. Nesse sentido, o autor afirma que a escola não é o único lugar em que a educação ocorre,
e o professor não é o único que exerce o papel de ensinar.
O objetivo da educação, de acordo com Brandão (2007), é transformar as pessoas, tornando-as
melhores. Tal objetivo é baseado na imagem que se tem de outros, a qual existe no imaginário das
pessoas e na ideologia dos grupos sociais. Porém, na prática, a educação que ensina também pode
deseducar, obtendo um resultado oposto ao esperado.
Brandão (2007) afirma, que não há apenas ideias opostas ou diferentes a respeito da educação
e seus fins. Há sim, interesses econômicos, políticos que se projetam sobre a educação, pois, essa é a
atividade criadora que visa levar o ser humano a realizar as suas potencialidades físicas, morais,
espirituais e intelectuais. É um processo contínuo que começa nas origens e se estende até a morte.
A educação atua sobre a vida e o crescimento da sociedade em dois sentidos; no
desenvolvimento de suas forças produtivas e no desenvolvimento de seus valores culturais. Por outro
lado, o surgimento de tipos de educação e a sua evolução dependem da presença e do desenvolvimento
de fatores sociais determinantes e de suas transformações.
Como visto, a educação está presente em todos as ações humanas e na experiência de cada um.
E nesse sentido, as pessoas aprendem através de suas relações e interações com o meio no qual estão
inseridas. O ensino formal, por sua vez, é elaborado quando a educação se sujeita à pedagogia, à teoria
da educação, define horários, produz métodos e regras. É nesse momento que a escola surge.
Sérgio Cortella (2011), por seu turno, realça a educação como um direito subjetivo de cidadania
e, portanto, inerente a cada sujeito, a cada pessoa.
Para o autor, o conhecimento é uma construção cultural, portanto social e histórica e a escola,
como veículo que a transporta tem uma comprometimento político de caráter conservador e inovador
que se expressa também no modo como esse mesmo conhecimento é compreendido, selecionado,
transmitido e recriado.
Cortella (2011) destaca o papel da docência e a considera como uma fonte de vida, em que a
esperança é a recusa ao biocídio, a recusa à falência da Vida e, portanto, um modo de existir e esperançar.
Na relação entre docentes e discentes, destaca cinco competências essenciais que necessitam
estar presentes: Humildade, Sinceridade, Integridade, Pluralidade e Solidariedade. Humildade
para saber que somos qualificantes, em vez de já qualificados; Sinceridade para impedir ilusionismos
que inundam as promessas de um mercado que não é sempre acolhedor; Integridade para recusar a
ideia maléfica do “fazemos qualquer negócio”; Pluralidade para favorecer o convívio com as diferenças e
o acolhimento das diversidades: Solidariedade para não abandonarmos a máxima da vida cooperativa:
E pluribus unum (Um por todos; Todos por um).
No longo período que se estende desde os tempos heroicos até o helenismo (323 a.C. – 146 a.C.),
o ideal grego de educação sofreu significativas alterações. Embora, o cuidado com o corpo fosse uma
constante, de início era dada ênfase à habilidade militar do guerreiro; com o tempo, o cidadão da pólis
passou a frequentar os ginásios, onde a educação era predominantemente física e esportiva, até que, por
fim, os assuntos de literatura e retórica se tornaram prioritários.
Quanto à concepção do corpo, de início, o ideal de beleza física era muito valorizado. O ascetismo
da Igreja cristã primitiva21, influenciado por um platonismo impregnado pela visão ascética,
transformou o corpo em obstáculo para a vida espiritual.
Outro aspecto a ser realçado é que, por pertencer a uma sociedade escravista, os gregos
desvalorizam a formação profissional e o trabalho manual. Enquanto a técnica se achava associada à
atividade servil, o cultivo desinteressado da forma física e a atividade intelectual permaneceram
privilégio das classes ociosas.
A Grécia foi ainda o berço das primeiras teorias educacionais, fecundadas pelo embate de
tendências pluralistas. Embora, Sócrates, Platão e Aristóteles não tenham influenciado a educação do
seu tempo tanto quanto os opositores, a contribuição desses filósofos clássicos para a pedagogia
encontra-se na concepção de natureza humana, cuja essência é a racionalidade. Essa visão foi
retomada pela tradição e marcou profundamente a cultura ocidental, sobretudo a partir da Idade
Moderna.
A concepção de natureza humana universal serviu de base para o delineamento da tendência
essencialista da pedagogia. Ou seja, para Platão, a educação é o instrumento para desenvolver no ser
humano tudo o que implica sua participação na realidade ideal, tudo o que define sua essência
verdadeira, embora asfixiada pela existência empírica. Também, segundo Aristóteles, a educação é um
processo de passagem da potência para o ato, pela qual atualizamos a forma humana.
A concepção essencialista durou longo período. Segundo o pedagogo Suchodolski, Rousseau
(século XVIII) representa “a primeira tentativa radical e apaixonada de oposição fundamental à
pedagogia da essência e de criação de perspectivas para uma pedagogia da existência”, processo que
assumiu uma forma mais definida no século XIX e sobretudo no XX.
Por fim, no mundo contemporâneo pressionado pela especialização e pela tecnocracia, renasce
o ideal grego da paideia, isto é, da educação integral.
A ênfase dada à formação integral deu origem a um conceito de complexa definição, ou seja, a paideia,
palavra que teria sido cunhada por volta do século V a.C., mas que exprimia um ideal de formação
constante no mundo grego. O conceito de paideia, entre os gregos, influenciou o que os romanos, nos
tempos de Cícero, iriam chamar de humanitas e que abrangia a formação integral do ser humano. No
entanto, se tratava de uma orientação aristocrática, já que os “bem formados” não se ocupavam com
as “artes servis”, ofício de escravos.
De acordo com Aranha, não é simples destacar em poucas linhas os pontos importantes da longa
história da Antiguidade romana, se a considerarmos desde seus primórdios no século VII a.C. até a
tomada do Império do Ocidente por vários povos, entre eles os germânicos, no século V d.C. Segundo o
historiador Henri-Irénée Marrou, “o papel histórico de Roma não foi criar uma nova civilização, mas
21
Ascetismo: doutrina de pensamento ou de fé que considera a ascese, isto é, a disciplina e o autocontrole estritos
do corpo e do espírito, um caminho imprescindível em direção a Deus, à verdade ou à virtude.
No século XVII, a Europa ainda se debatia na contradição de uma visão aristocrática da nobreza
feudal diante de um mundo que se construía segundo valores burgueses. Essa contradição se refletiu,
portanto, na educação. Por um lado, existia a aspiração a uma pedagogia realista22 e, em alguns casos,
até universal, estendida a todos. Por outro, para além das discussões dos filósofos e teóricos da
educação, de maneira geral, as escolas continuavam ministrando um ensino conservador,
predominantemente nas mãos dos jesuítas e de outras ordens religiosas.
Por isso, ainda era cedo para se falar em educação universal, como pensava Comênio (1592-
1670). O que prevaleceu no século XVII foi a formação do getleman, do honnête homme, do cortesão, do
modelo de uma nobreza aburguesada e também de um burguês que desejava ser fidalgo, baseado no
tríplice desenvolvimento físico, moral e intelectual, destinado à formação dos que iriam governar. Na
realidade, esboçava-se na educação o dualismo escolar, que iria se manifestar claramente no século
seguinte, ao se destinar um tipo de escola para a elite e outro para o povo.
Apesar disso, estava nascendo a escola tradicional, que vai consolidar-se no século XIX. Essa
aparece, por exemplo, nas atenções de Comênio com o método, a organização do conhecimento, o
emprego racional do tempo do estudo, a noção de programa, o cuidado com o material didático e a
valorização do mestre como guia do processo de aprendizagem.
Um olhar crítico sobre o Brasil do século XVII nos revela o profundo fosso entre a vida da colônia
e a da metrópole, devido às intenções de exploração de Portugal. Por isso, manteve-se a economia
agrária dependente, fundada na escravidão e à margem das mudanças implantadas na Europa.
22Na perspectiva de John Locke (XVII), a pedagogia realista recusa a retórica e os excessos da lógica,
ressaltando o estudo da história, geografia, geometria e ciências naturais.
Observamos, por meio do processo histórico, que as mudanças nas relações entre os seres
humanos – sociais, políticas, econômicas – exigem transformações da educação, em vista das diferentes
metas a serem alcançadas. Desde o Renascimento, lutava-se contra a visão de mundo feudal,
aristocrática e religiosa, à qual se opunha a perspectiva burguesa, liberal e leiga. Esse movimento se fez
em meio a ambiguidades e contradições, e muitas vezes a educação ministrada de fato desmentia as
aspirações teóricas. Apesar disso, algumas ideias eram aos poucos incorporadas, alimentando sonhos
de mudança.
O Século das Luzes expressou no pensamento controvertido de Rousseau (1712-1778) anseios
que animaram as reflexões pedagógicas no período subsequente. Atacando o ideal de pessoa “bem-
educada”, de cortesão ou de gentil-homem, Rousseau propõe o desenvolvimento livre e espontâneo,
respeitando a existência concreta da criança. “Deste modo, a pedagogia rousseauniana foi a primeira
tentativa radical e apaixonada de oposição fundamental à pedagogia da essência e de criação de
perspectivas para uma pedagogia da existência”.
O pensamento de Kant também se insere no movimento de crítica à educação dogmática, aberto
pela Ilustração. Embora não concebesse as normas e os modelos conforme a própria existência concreta
e variável, mas de um sujeito universal, nem por isso admite o modelo tradicional de ideal, que se
imporia exteriormente ao indivíduo. Para ele são as leis inflexíveis e universais da razão pura e da razão
prática que constroem o conhecimento e a lei moral, o que significa a valorização definitiva do sujeito
como ser autônomo e livre, para o qual tanto o conhecimento como a conduta são obras suas.
Por fim, as ideias pedagógicas dos “estrangeirados” levaram para Portugal os sopros do
Iluminismo europeu, que deram o substrato teórico para importantes reformas do ensino.
No século XVIII, permanecia grande o contraste entre a Europa e o Brasil. Apesar das grandes
transformações no Velho Mundo – sociais (ascensão da burguesia), econômicas (liberalismo) e políticas
(revoluções para destituir os reis absolutistas) -, o Brasil continuava com sua aristocracia agrária
escravista, a economia agroexportadora dependente e submetido à política colonial de opressão.
As consequências para a cultura e a educação são previsíveis. Persistia o panorama do analfabetismo e
do ensino precário, restrito a poucos, uma vez que a atuação mais eficaz dos jesuítas se fez sobre a
burguesia e na formação das classes dirigentes, além da tarefa dos missionários entre os índios. Uma
sociedade exclusivamente agrária, que não exigia especialização e em que o trabalho manual estava a
cargo de escravos, permitiu a formação de uma elite intelectual, cujo saber universal e abstrato voltava-se
mais para o bacharelismo, a burocracia e as profissões liberais. Resultou daí um ensino
predominantemente clássico, por valorizar a literatura e a retórica e desprezar as ciências e a atividade
manual. Durante esse longo período do Brasil Colônia, aumentou o fosso entre os letrados e a maioria da
população analfabeta.
Após a expulsão dos jesuítas, em 1759, os bens dos padres foram confiscados, muitos livros e
manuscritos importantes destruídos. Segundo alguns historiadores, de início o desmantelamento da
estrutura educacional montada pela Companhia de Jesus foi prejudicial, porque, de imediato, não se
Na Europa, no decorrer do século XIX, com a expansão das escolas públicas, o Estado assumiu,
cada vez mais, o encargo da escolarização. Outro fato importante é a atenção dada à educação elementar,
contrária à tendência até então voltada para o nível secundário e superior. O cuidado com o método de
ensino, baseado na compreensão da natureza infantil, justificava a vontade de aplicar a psicologia à
educação.
Mesmo que tenha persistido a tendência individualista, própria do liberalismo, surgiram nítidas
preocupações com os fins sociais da educação e a necessidade de preparar a criança para a vida em
sociedade. Enfatizou-se a relação entre educação e bem-estar social, estabilidade, progresso e
capacidade de transformação. Daí o interesse pelo ensino técnico ou pela expansão das disciplinas
científicas.
Além disso, ao nacionalizar-se, a educação demonstrava interesse de formar o cidadão.
Pensadores socialistas como Owen e Fourier, destacaram a necessidade da educação integral e
politécnica e a de democratização do ensino.
No entanto, em pleno século de valorização das ciências, do progresso e da exaltação da técnica,
vozes dissonantes, como a de Nietzsche, advertiam sobre o excesso de disciplina e os riscos de uma
civilização excessivamente pragmática.
No Brasil, eram muitas as contradições sociais e políticas de um país, cuja economia consolidava o
modelo agrário-comercial e fazia as primeiras tentativas de industrialização. Debatiam-se os segmentos
renovadores – que aspiravam aos ideias liberais e positivistas da burguesia europeia – e as forças
retrógradas da tradição agrária escravocrata.
O poder da reação manteve o privilégio de classe ao valorizar o ensino superior em detrimento dos
demais níveis, sobretudo o elementar e o técnico, sem falar da desprezada educação da mulher.
Ainda que no final do Império surgissem algumas esperanças de mudança no quadro educacional, por
conta de intenso debate sobre a educação, a situação do ensino continuava muito precária.
Delineou-se, no final do século XIX e início do século XX, um modelo de escolarização baseado
na escola seriada, com normas, procedimentos, métodos, instalações, com a construção de prédios
monumentais para os estabelecimentos, sobretudo os grupos escolares, os quais visavam atestar o
interesse do governo pelo ensino público.
O projeto político republicano visava a implantar a educação escolarizada, oferecendo o
ensino para todos. É bem verdade que se tratava ainda de uma escola dualista, em que para a elite,
era reservada a continuidade dos estudos, sobretudo científicos – já que os republicanos recusavam
a educação tradicional humanista – enquanto o ensino para o povo ficava restrito ao elementar e
profissional.
A Constituição republicana de 1891, ao reafirmar a descentralização do ensino, atribuiu à
União a incumbência da educação superior e secundária, reservando aos estados o ensino
fundamental (primário) e profissional. Desse modo, reforçou o viés elitista, já que a educação
elementar recebia menor atenção. O ensino secundário, privilégio das elites, permanecia acadêmico
e propedêutico – voltado para a preparação ao curso superior – e humanístico, apesar dos esforços
dos positivistas para reverter esse quadro. Persistia, portanto, o sistema dualista e tradicional de
ensino.
Nesse mesmo cenário, os diversos grupos de influência positivista tinham em comum a defesa
do ensino laico, porém divergiam quanto ao papel do Estado com relação à educação pública.
Enquanto, alguns defendiam a prevalência da escola pública mantida pelo Estado, outros
preconizavam o ensino livre, de iniciativa particular e sem privilégios acadêmicos, como a exigência
de diploma, uma vez que isso seria interferir na “liberdade espiritual”, na liberdade de consciência. A
influência positivista da Primeira República, no plano educacional, teve efeitos passageiros, além de
que vários projetos nem sequer foram implantados.
As décadas de 1920 e 1930 foram férteis em discussões sobre a educação e a pedagogia.
Diversos interesses opunham-se, sobretudo entre liberais e conservadores ao lado de grupos de
esquerda socialista e anarquista. Os conservadores eram representados pelos católicos defensores da
pedagogia tradicional e os liberais democráticos eram simpatizantes da Escola Nova, cujos
divulgadores estavam imbuídos da esperança de democratizar e de transformar a sociedade por meio
da escola. Para tanto, procuravam reagir ao individualismo e ao academicismo da educação
tradicional, propondo a renovação das técnicas e a exigência da escola única (não dualista),
obrigatória e gratuita. Diversos estados empreenderam reformas pedagógicas calcadas nas propostas
daqueles que seriam os expoentes do movimento escolanovista. Foram as reformas de Lourenço Filho
(Ceará, 1923); Anísio Teixeira (Bahia, 1925), Francisco Campos e Mário Casassanta (Minas Gerais,
1927); Fernando de Azevedo (Distrito Federal, 1928) e Carneiro Leão (Pernambuco, 1928). Embora,
tenha havido difusão dessas ideias, nem sempre foi possível aplicá-las, ficando suas experiências
restritas a alguns lugares.
Em 1930, no governo provisório de Getúlio Vargas, Francisco Campos foi escolhido como
Ministro da Educação. Adepto da Escola Nova, imprimiu uma orientação renovadora nos diversos
decretos de 1931 e 1932, embora, por seu um conciliador, tivesse atendido também a interesses que
não correspondiam aos anseios dos escolanovistas. Os decretos que efetivaram a reforma Francisco
Campos, além dos que dispunham sobre o regime universitário, trataram da organização da
Universidade do Rio de Janeiro, da criação do Conselho Nacional de Educação, do ensino secundário
e do comercial.
Aranha conclui sua obra, afirmando que começamos o século XX com a lenta mudança do modelo
agrário-exportador, o advento da burguesia industrial urbana e a ampliação da oferta de ensino. Entre
os anos 1950 e 1980, o país urbanizou-se e avançou em vários aspectos sociais e econômicos. O trunfo
de se tornar um dos países mais ricos, no entanto, contrasta com o fato de ser um triste recordista em
concentração de renda, com efeitos sociais perversos: conflitos com os sem-terra, os sem-teto, infância
abandonada, morticínio nas prisões, no campo, nos grandes centros. Persiste na educação (e em outros
setores, como na saúde) uma grande defasagem entre o Brasil e os países desenvolvidos, porque a
população não recebeu até agora um ensino fundamental de qualidade.
Quando os governos passaram a dar um mínimo de atenção à organização nacional do ensino,
ocorreram reformas tumultuadas, aprovadas entre contradições de interesses que mantêm o dualismo
escolar, próprio de uma visão elitista da educação. Isso sem esquecer a longa noite dos vinte anos da
ditadura militar, que obscureceu a vida cultural, silenciando os interesses intelectuais e artísticos e
intimidando professores e alunos.
No campo educacional, é grande a valorização dos estudos pedagógicos. Nas três últimas
décadas, em vários estados brasileiros, educadores tentam implantar projetos inovadores.
Acrescentem-se os núcleos de estudos e pesquisas, fecundando uma geração de educadores e de
historiadores da educação capazes inclusive de elaborar teorias adequadas à compreensão da realidade
brasileira.
Com isso, de acordo com Aranha, é importante continuar exigindo do Estado o cumprimento de
suas obrigações (afinal, a Constituição diz que a educação constitui um direito subjetivo). Aliás, o
movimento tem sido na contramão, devido às práticas neoliberais que cada vez mais desincumbem o
Estado dessa responsabilidade.
Aranha insiste que é preciso que continuemos atuando de forma coerente e intencional, a fim de
reverter o quadro precário da educação e destaca para isso alguns pontos importantes:
1. Instaurar uma política educacional que destine as verbas públicas para o ensino público, com
diretrizes educacionais coerentes e continuidade de implantação, evitando os desencontros das
políticas governamentais;
2. Valorizar o professor (salário, concurso de ingresso, carreira, formação continuada), o que
certamente manteria na ativa os profissionais de qualidade.
3. Instituir escola para todos, sem sucumbir à tentação da monumentalidade: não necessitamos de
grandes prédios, mas de qualidade de ensino, com rede escolar suprida de bibliotecas, obras de
referência, instalações adequadas, condições reais de reuniões educacionais e pedagógicas.
Para a autora, essas seriam as condições mínimas, para implantar a escola pública, universal,
gratuita, democrática e de qualidade.
Convivência democrática
Puig (2000, p.33) entende que uma escola democrática define-se pela participação do
alunado e do professorado no trabalho, na convivência e nas atividades de i ntegração. Uma
escola democrática, porém, deve possibilitar a participação como um envolvimento baseado
no exercício da palavra e no compromisso da ação. Quer dizer, uma participação baseada
simultaneamente no diálogo e na realização dos acordos e dos projetos coletivos. A
participação escolar autêntica une o esforço para entender ao esforço para intervir.
Dessa maneira, a escola precisa construir espaços de diálogo e de participação no dia -
a-dia de suas atividades curriculares e não-curriculares, de forma a permitir que estudantes,
docentes e a comunidade se tornem atores e atrizes efetivos, de fato, da construção da
cidadania participativa. Experiências como as das assembleias escolares, dos grêmios
estudantis e dezenas de outros modelos de práticas de cidadania, que vêm sendo
implementados em escolas públicas e privadas de todo o País, fornecem a matéria -prima para
que, de forma democrática, os conflitos cotidianos sejam enfrentados nas escolas, permitindo
a construção de valores de ética e de cidadania por parte dos membros da comunidade que
vivem dentro e no entorno escolar.
Direitos Humanos
De acordo com Tugendhat (1999, p.362), o comportamento moral e ético consiste em
reconhecer o outro como sujeito de direitos iguais e, dessa forma, as obrigações que temos em
relação ao outro correspondem, por sua vez, a direitos. Complementando, demonstra que
todos os seres humanos, independentemente de suas peculiaridades e papéis específicos na
sociedade, têm determinados direitos simplesmente enquanto seres humanos. Benevides
(2004), ao tratar do tema dos direitos humanos, discute sua universalidade e a concepção de
que são naturais e, ao mesmo tempo, históricos.
Partindo de formas de compreensão como as citadas acima e como resultado do esforço
da comunidade internacional para estabelecer parâmetros que possam balizar as ações das
Inclusão social
De acordo com Barth, (1990, p. 514-515), as diferenças representam grandes oportunidades de
aprendizado. Para ele, o que é importante nas pessoas – e nas escolas – é o que é diferente, não o que é
igual.
Para Stainback (1999), a total inclusão de todos os membros da humanidade, de quaisquer raças,
religiões, nacionalidades, classes socioeconômicas, culturas ou capacidades, em ambientes de
aprendizagem e comunidade, pode facilitar o desenvolvi- mento do respeito mútuo, do apoio mútuo e
do aproveitamento dessas diferenças para melhorar nossa sociedade. É durante seus anos de formação
que as crianças adquirem o entendimento das diferenças, o respeito e o apoio mútuos em ambientes
educacionais que promovem e celebram a diversidade humana.
A construção de sociedades e escolas inclusivas, abertas às diferenças e à igualdade de
oportunidades para todas as pessoas, é um objetivo prioritário da educação nos dias atuais. Nesse senti-
do, o trabalho com as diversas formas de deficiências e uma ampla discussão sobre as exclusões geradas
pelas diferenças social, econômica, psíquica, física, cultural, racial, de gênero e ideológica, devem ser
foco de ação das escolas. Buscar estratégias que se traduzam em melhores condições de vida para a
população, na igualdade de oportunidades para todos os seres humanos e na construção de valores
éticos socialmente desejáveis por par- te dos membros das comunidades escolares é uma maneira de
enfrentar essas exclusões e um bom caminho para um trabalho que visa à democracia e à cidadania.
A escola é uma realidade histórica em processo contínuo. É preciso que seja entendida como
uma instituição voltada para a realização da prática pessoal e social, contextualizada nas dimensões
espacial e temporal, revestida de caráter contraditório e complexo. É preciso privilegiar sua abordagem
como processo, não produto acabado. A escola não é, e, sim, está sendo.
Nesse contexto concreto é que a questão da inclusão escolar e social deve ser pensada. De forma
provocativa, Boaventura Souza Santos assim se expressa: Temos o direito a ser iguais quando a diferença
nos inferioriza; temos o direito a ser diferentes quando a igualdade nos descaracteriza.
Identidades e alteridades são construções históricas e, enquanto oportunizadas no contexto da escola,
precisam ser esmiuçadas. Até que ponto as diferenças são vistas como fator positivo no cotidiano da sala
de aula? Afinal de contas, a provocação pode ser traduzida por uma questão muito forte: todas as
pessoas são realmente bem-vindas à escola?
A resposta pode ter múltiplos aspectos. Um jurista pode trazer a contribuição de todos os
instrumentos legais que dão suporte à garantia de acesso e permanência na escola para todos os
– “Todas as pessoas são bem-vindas?” – passa pela análise de sinais inclusivos existentes ou não
na realidade que aí está.
A transformação da escola, em face das demandas do mundo atual, para atender às diversidades
culturais e à necessidade de novos conhecimentos, não é mera exigência legal, modismo, ou
vontade isolada. É uma responsabilidade inerente à cidadania, porque a escola de qualidade é a
que contempla as diferenças, pois só assim será a escola de todos, sendo a inclusão uma
consequência natural.
As políticas públicas em educação precisam priorizar a abertura de oportunidades para que
todos tenham acesso de fato a um ensino e a uma aprendizagem de boa qualidade.
A discussão de propostas para uma escola inclusiva e, por- tanto, para uma sociedade inclusiva
deve ser preocupação da escola dita regular e não apenas uma prerrogativa da escola especial.
As políticas públicas devem garantir que o atendimento educacional especializado aconteça em
salas multifuncionais nas escolas, em caráter complementar às aulas do turno regular, mas
jamais substituindo a escolarização básica a que todos têm direito.
A formação em serviço e a aprendizagem permanente devem ser ações propulsoras de uma
Escola para Todos, sempre pronta a acolher, de fato, diferenças e deficiências.
A formação em serviço é necessária a cada professor, no coletivo da troca interativa de
experiências. O esquema de utilização de “representantes” ou de “multiplicadores” é inoperante,
porque ninguém pode estudar ou aprender no lugar do outro.
Os investimentos financeiros com formação em serviço são prioridades passíveis de serem
atendidas, por não constituí- rem os gastos que mais oneram o orçamento da educação.
As políticas públicas precisam garantir e dar sustentação pedagógica ao trabalho com a
heterogeneidade, as diferenças e a diversidade, o qual deve ser interpretado como enriqueci-
mento cultural e não como obstáculo às práticas escolares.
As políticas públicas não são meros decretos apriorísticos para manter, de forma abstrata, a
realidade em movimento. Elas só se sustentam na medida em que cada pessoa e cada escola
compreenderem que fazer política é ato individual e coletivo, que não se delega a instâncias
representativas desvinculadas do aqui e do agora.
A escola de qualidade, que todos querem para os próprios filhos e para todos, é aquela que
pratica cidadania e contempla as diferenças; nesse sentido, somente quando a inclusão se der,
de fato, é que a escola regular será realmente a Escola de Todos.
O ser humano vive em sociedade, convive com outros seres humanos e, portanto, cabe-lhe
pensar e responder à seguinte pergunta: “Como devo agir perante os outros?”. Trata-se de uma pergunta
fácil de ser formulada, mas difícil de ser respondida. Ora, essa é a questão central da Moral e da Ética.
Moral e ética, às vezes, são palavras empregadas como sinônimos: conjunto de princípios ou
padrões de conduta. Ética pode também significar Filosofia da Moral, portanto, um pensamento
reflexivo sobre os valores e as normas que regem as condutas humanas. Em outro sentido, ética pode
referir-se a um conjunto de princípios e normas que um grupo estabelece para seu exercício profissional
(por exemplo, os códigos de ética dos médicos, dos advogados, dos psicólogos, etc.). Em outro sentido,
ainda, pode referir-se a uma distinção entre princípios que dão rumo ao pensar sem, de antemão,
prescrever formas precisas de conduta (ética) e regras precisas e fechadas (moral). Finalmente, deve-
se chamar a atenção para o fato de a palavra “moral” ter, para muitos, adquirido sentido pejorativo,
associado a “moralismo”. Assim, muitos preferem associar à palavra ética os valores e regras que
prezam, querendo assim marcar diferenças com os “moralistas”.
Como o objetivo deste trabalho é o de propor atividades que levem o aluno a pensar sobre sua
conduta e a dos outros a partir de princípios, e não de receitas prontas, batizou-se o tema de Ética,
embora frequentemente se assuma, aqui, a sinonímia entre as palavras ética e moral e se empregue a
expressão clássica na área de educação de “educação moral”. Parte-se do pressuposto de que é preciso
possuir critérios, valores, e, mais ainda, estabelecer relações e hierarquias entre esses valores para
nortear as ações em sociedade. Situações dilemáticas da vida colocam claramente essa necessidade. Por
exemplo, é ou não ético roubar um remédio, cujo preço é inacessível, para salvar alguém que, sem ele,
morreria? Colocado de outra forma: deve-se privilegiar o valor “vida” (salvar alguém da morte) ou o
valor “propriedade privada” (no sentido de não roubar)?
Seria um erro pensar que, desde sempre, os seres humanos têm as mesmas respostas para
questões desse tipo. Com o passar do tempo, as sociedades mudam e também mudam os seres humanos
que as compõem. Na Grécia antiga, por exemplo, a existência de escravos era perfeitamente legítima: as
pessoas não eram consideradas iguais entre si, e o fato de umas não terem liberdade era considerado
normal. Outro exemplo: até pouco tempo atrás, as mulheres eram consideradas seres inferiores aos
seres humanos, e, portanto, não merecedoras de direitos iguais (de- viam obedecer a seus maridos).
Outro exemplo ainda: na Idade Média, a tortura era considerada prática legítima, seja para a extorsão
de confissões, seja como castigo. Hoje, tal prática in- digna a maioria das pessoas e é considerada imoral.
Portanto, a moralidade humana deve ser enfocada no contexto histórico e social. Por consequência, um
currículo escolar sobre a ética pede uma reflexão sobre a sociedade contemporânea na qual está inserida
a escola; no caso, o Brasil do século XX.
Tal reflexão poderia ser feita de maneira antropológica e sociológica: conhecer a diversidade de
valores presentes na sociedade brasileira. No entanto, por se tratar de uma referência curricular
nacional que objetiva o exercício da cidadania, é imperativa a remissão à referência nacional brasileira:
a Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988. Nela, encontram-se elementos
que identificam questões morais.
Por exemplo, o art. 1° traz, entre outros, como fundamentos da República Federativa do Brasil,
a dignidade da pessoa humana e o pluralismo político. A ideia segundo a qual todo ser humano, sem
distinção, merece tratamento digno corresponde a um valor moral. Segundo esse valor, a pergunta de
como agir perante os outros recebe uma resposta precisa: agir sempre de modo a respeitar a dignidade,
sem humilhações ou discriminações em relação a sexo ou etnia. O pluralismo político, embora se refira
a um nível específico (a política), também pressupõe um valor moral: os seres humanos têm direito de
ter suas opiniões, de expressá-las, de organizar-se em torno delas. Não se deve, portanto, obrigá-los a
silenciar ou a esconder seus pontos de vista; vale dizer, são livres. E, naturalmente, esses dois
fundamentos (e os outros) devem ser pensados em conjunto. No art. 5°, vê-se que é um princípio
constitucional o repúdio ao racismo, repúdio esse coerente com o valor dignidade humana, que limita
ações e discursos, que limita a liberdade às suas expressões e, justamente, garante a referida dignidade.
O conflito é uma parte natural de nossas vidas. A maioria das teorias interacionistas em filosofia,
psicologia e educação está alicerçada no pressuposto de que nos constituímos e somos constituídos a
partir da relação direta ou mediada com o outro. Nessa relação, nos deparamos com as diferenças e
semelhanças que nos obrigam a comparar, descobrir, ressignificar, compreender, agir, buscar
alternativas e refletir sobre nós mesmos e sobre os demais. O conflito torna-se, portanto, a matéria-
prima para nossa constituição psíquica, cognitiva, afetiva, ideológica e social.
A resolução satisfatória de um conflito exige que nos afastemos do nosso próprio ponto de vista
para contemplarmos, simultaneamente, outros pontos de vista diferentes e, muitas vezes, opostos aos
nossos. Exige-nos, ainda, a elaboração de fusões criativas entre os diferentes pontos de vista. Tal
processo implica, necessariamente, operações de reciprocidade e síntese entre as diferenças. Para tanto,
faz-se necessário analisar a situação enfrentada, expor adequadamente o problema e buscar soluções
que permitam resolvê-lo de maneira satisfatória para os envolvidos. Tudo isso requer um processo de
aprendizagem que nosso sistema educativo parece não contemplar.
Aprender a ser cidadão e a ser cidadã é, entre outras coisas, aprender a agir com respeito,
solidariedade, responsabilidade, justiça, não-violência, aprender a usar o diálogo nas mais diferentes
Artigo 1°
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de
consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.
Artigo 2°
Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração,
sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política
ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além
disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país
ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela,
autônomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.
Artigo 3°
Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo 4°
Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas
as formas, são proibidos.
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre
dezoito e vinte e um anos de idade.
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa
humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por
outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento
físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar,
com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à
educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como
participar da definição das propostas educacionais.
Da Prevenção
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do
adolescente.
Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão atuar de forma articulada
na elaboração de políticas públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso de castigo físico
ou de tratamento cruel ou degradante e difundir formas não violentas de educação de crianças e de
adolescentes, tendo como principais ações: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
I. a promoção de campanhas educativas permanentes para a divulgação do direito da criança e
do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento
cruel ou degradante e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos;
II. a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública,
com o Conselho Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente e com as
entidades não governamentais que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da
criança e do adolescente;
III. a formação continuada e a capacitação dos profissionais de saúde, educação e assistência
social e dos demais agentes que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança
e do adolescente para o desenvolvimento das competências necessárias à prevenção, à
identificação de evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento de todas as formas de violência
contra a criança e o adolescente;
IV. o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica de conflitos que envolvam violência
contra a criança e o adolescente;
V. a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a garantir os direitos da criança e do
adolescente, desde a atenção pré-natal, e de atividades junto aos pais e responsáveis com o
objetivo de promover a informação, a reflexão, o debate e a orientação sobre alternativas ao
uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante no processo educativo;
VI. a promoção de espaços intersetoriais locais para a articulação de ações e a elaboração de
planos de atuação conjunta focados nas famílias em situação de violência, com participação
Da Prevenção Especial
Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e Espetáculos
Art. 74. O poder público, através do órgão competente, regulará as diversões e espetáculos públicos,
informando sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em
que sua apresentação se mostre inadequada.
Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões e espetáculos públicos classificados
como adequados à sua faixa etária.
Parágrafo único. As crianças menores de dez anos somente poderão ingressar e permanecer nos
locais de apresentação ou exibição quando acompanhadas dos pais ou responsável.
Dos Produtos e Serviços
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:
I. armas, munições e explosivos;
II. bebidas alcoólicas;
III. produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica ainda que por
utilização indevida;
IV. fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido potencial sejam
incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida;
V. revistas e publicações a que alude o art. 78;
VI. bilhetes lotéricos e equivalentes.
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel, pensão ou
estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável.
Da Autorização para Viajar
Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor de 16 (dezesseis) anos poderá viajar para fora
da comarca onde reside desacompanhado dos pais ou dos responsáveis sem expressa autorização
judicial. (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
§ 1º A autorização não será exigida quando:
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança ou do
adolescente menor de 16 (dezesseis) anos, se na mesma unidade da
Federação, ou incluída na mesma região metropolitana;
b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis) anos estiver
acompanhado:
1. de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau,
comprovado documentalmente o parentesco;
2. de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe
ou responsável.
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou responsável, conceder autorização válida
por dois anos.
Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é dispensável, se a criança ou
adolescente:
I. estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;
II. viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro através de
documento com firma reconhecida.
Da Política de Atendimento
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á através de
um conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios.
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
I. por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II. por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
III. em razão de sua conduta.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do adolescente à data do fato.
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medidas previstas no art. 101.
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou
por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão,
devendo ser informado acerca de seus direitos.
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão incontinenti
comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.
Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsabilidade, a possibilidade de liberação
imediata.
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de quarenta e cinco
dias.
Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-se em indícios suficientes de autoria e
materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida.
Medidas Socioeducativas
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as
seguintes medidas:
I. advertência;
II. obrigação de reparar o dano;
III. prestação de serviços à comunidade;
IV. liberdade assistida;
V. inserção em regime de semiliberdade;
VI. internação em estabelecimento educacional;
VII. qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
Da Advertência
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que será reduzida a termo e assinada.
Da Obrigação de Reparar o Dano
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se
for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma,
compense o prejuízo da vítima.
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser substituída por outra
adequada.
Da Prestação de Serviços à Comunidade
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse
geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas e
outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas comunitários ou governamentais.
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, devendo ser cumpridas
durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de
modo a não prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de trabalho.
§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que possível, ser utilizados
os recursos existentes na comunidade.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à
internação.
Da Internação
Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios de brevidade,
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
§ 1º Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da entidade, salvo
expressa determinação judicial em contrário.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante
decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses.
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a três anos.
§ 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em
regime de semiliberdade ou de liberdade assistida.
§ 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.
§ 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério
Público.
§ 7o A determinação judicial mencionada no § 1o poderá ser revista a qualquer tempo pela autoridade
judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto
daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e
gravidade da infração.
Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive provisória, serão obrigatórias atividades
pedagógicas.
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os seguintes:
I. entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público;
II. peticionar diretamente a qualquer autoridade;
III. avistar-se reservadamente com seu defensor;
IV. ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada;
V. ser tratado com respeito e dignidade;
VI. permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio de seus pais
ou responsável;
VII. receber visitas, ao menos, semanalmente;
VIII. corresponder-se com seus familiares e amigos;
IX. ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal;
X. habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade;
XI. receber escolarização e profissionalização;
XII. realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
XIII. ter acesso aos meios de comunicação social;
XIV. receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o deseje;
XV. manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para guardá-los, recebendo
comprovante daqueles porventura depositados em poder da entidade;
XVI. receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais indispensáveis à vida em
sociedade.
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsável,
se existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente.
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as
medidas adequadas de contenção e segurança.
Da Remissão
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante
do Ministério Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo, atendendo às
circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e
sua maior ou menor participação no ato infracional.
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela autoridade judiciária importará
na suspensão ou extinção do processo.
Cabe ao Conselho Tutelar zelar pelo cumprimento legal nos casos em que há omissão ou violação dos
direitos da criança e do adolescente. Cada município é responsável pela criação e implantação de no
mínimo 1 Conselho Tutelar, que deve estar devidamente instituído em lei municipal.
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser revistas pela autoridade judiciária a
pedido de quem tenha legítimo interesse.
Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico- Raciais e para o Ensino
de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
O Presidente do Conselho Nacional de Educação, tendo em vista o disposto no art. 9º, § 2º, alínea “c”, da
Lei nº 9.131, publicada em 25 de novembro de 1995, e com fundamentação no Parecer CNE/CP 3/2004,
de 10 de março de 2004, homologado pelo Ministro da Educação em 19 de maio de 2004, e que a este se
integra, resolve:
Art. 1° A presente Resolução institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações
Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, a serem observadas pelas
Instituições de ensino, que atuam nos níveis e modalidades da Educação Brasileira e, em especial, por
Instituições que desenvolvem programas de formação inicial e continuada de professores.
Art. 2° As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino
de História e Cultura Afro-Brasileira e Africanas constituem-se de orientações, princípios e fundamentos
para o planejamento, execução e avaliação da Educação, e têm por meta, promover a educação de
cidadãos atuantes e conscientes no seio da sociedade multicultural e pluriétnica do Brasil, buscando
relações étnico-sociais positivas, rumo à construção de nação democrática.
Art. 8º Os sistemas de ensino promoverão ampla divulgação do Parecer CNE/CP 003/2004 e dessa
Resolução, em atividades periódicas, com a participação das redes das escolas públicas e privadas, de
exposição, avaliação e divulgação dos êxitos e dificuldades do ensino e aprendizagens de História e
Cultura Afro-Brasileira e Africana e da Educação das Relações Étnico-Raciais.
§ 1° Os resultados obtidos com as atividades mencionadas no caput deste artigo serão comunicados de
forma detalhada ao Ministério da Educação, à Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, ao
Conselho Nacional de Educação e aos respectivos Conselhos Estaduais e Municipais de Educação, para
que encaminhem providências, que forem requeridas.
Art. 9º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
2.6 Resolução SEE nº3658, de 24 de novembro de 2017, institui as Diretrizes para a Organização da
Educação Escolar Quilombola no Estado de Minas Gerais.
- que a Educação Escolar Quilombola destina-se ao atendimento das populações quilombolas rurais e
urbanas em suas mais variadas formas de produção cultural, social, política e econômica;
- a necessidade de assegurar que as escolas ,quilombolas e as escolas que atendem estudantes oriundos
dos territórios quilombolas considerem as práticas socioculturais, políticas e econômicas das
comunidades quilombolas, bem como os seus processos próprios de ensino aprendizagem e as suas
formas de produção e de conhecimento tecnológico, admitindo pedagogia própria em respeito à
especificidade étnico-cultural de cada comunidade, observados os princípios constitucionais, a Base
Nacional Comum Curricular e os princípios que orientam a Educação Básica brasileira;
RESOLVE:
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 3º - A Educação Escolar Quilombola deve estabelecer interface com a Educação. do Campo e a
Indígena, reconhecidos os seus pontos de intersecção política, histórica, social e econômica, sem perder
sua especificidade.
CAPÍTULO III
DO ATENDIMENTO DA DEMANDA
Art. 4º - A Educação Escolar Quilombola destina-se ao atendimento das populações quilombolas rurais
e urbanas em suas mais variadas formas de produção cultural, social, política e econômica.
Art. 5º- A Educação Escolar Quilombola será ofertada preferencialmente por estabelecimentos de
ensino localizados em comunidades quilombolas, rurais e urbanas, reconhecidas pelos órgãos públicos
responsáveis.
Parágrafo único. Os estabelecimentos de ensino próximos às comunidades quilombolas poderão ofertar
a Educação Escolar Quilombola desde que mais da metade de seus estudantes sejam oriundos dos
territórios quilombolas.
Art. 6º - A Secretaria de Estado de Educação deve garantir a identificação dos estudantes oriundos dos
territórios quilombolas, no seu sistema de informações educacionais, bem como o monitoramento do
acesso, da permanência, e do aproveitamento escolar desses estudantes.
Art. 7º - A demanda da Educação Escolar Quilombola deve ser identificada no Plano de Atendimento
Educacional da Superintendência Regional de Ensino.
CAPÍTULO IV
DO CALENDÁRIO ESCOLAR
Art. 8º - O calendário da Educação Escolar Quilombola, respeitando as Normas vigentes poderá
adequar-se às especificidades locais, inclusive climáticas, da agricultura de base familiar e
socioculturais.
Parágrafo único. O calendário escolar deve incluir as datas consideradas mais significativas para a
população negra e para cada comunidade quilombola, de acordo com a região e a localidade, consultadas
as comunidades e lideranças quilombolas.
CAPÍTULO II
DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO
Art. 9º - O Projeto Político Pedagógico da instituição escolar deve expressar os princípios da Educação
Escolar Quilombola na Educação Básica, de forma coerente, articulada e integrada com a realidade
histórica, regional, política, sociocultural e econômica das comunidades quilombolas.
Art. IO- A Construção do projeto político-pedagógico deverá ser elaborada de forma autônoma e
coletiva, pautada em diagnóstico da realidade e mediante o envolvimento e participação de toda a
comunidade escolar, em processo dialógico com as lideranças e as diversas organizações existentes no
território.
CAPÍTULO V
DAS ETAPAS E MODALIDADES DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Art. 12 - A Educação Escolar Quilombola no âmbito da Educação Básica deve compreender todas as
etapas é modalidades de ensino, de oferta segundo as competências definidas nos termos da legislação
vigente.
Art. 13 - A Educação Infantil constitui a primeira etapa da Educação Básica, na qual se privilegiam
práticas de cuidar e educar, é um direito das crianças dos povos quilombolas, de oferta obrigatória pelo
poder público municipal para as crianças de 4 (quatro) e 5 (cinco) anos de idade.
§1 º - A decisão pela matrícula e frequência das crianças de 0 (zero) a 3 (três) anos de idade é uma opção
das famílias quilombolas, a partir de suas referências culturais e de suas demandas.
§2º - É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças de 4 (quatro) e 5 (cinco) anos de
idade.
Art. 16 - A oferta da Educação Infantil Quilombola deverá garantir à criança o direito de permanecer,
prioritariamente, no seu espaço comunitário de referência, evitando o seu deslocamento.
Art. 17 - O Ensino Fundamental, direito humano, social. público subjetivo, aliado à ação educativa da
família e da comunidade, deve articular-se, no contexto da Educação Escolar Quilombola, com os
conhecimentos tradicionais, com o direito à identidade étnico-racial, e com a dinâmica própria de
organização de cada comunidade quilombola tendo o respeito à diversidade como valor fundamental.
Parágrafo único. O Estado, em regime de colaboração com os municípios, deve garantir o Ensino
Fundamental, com duração de nove anos, para toda a população quilombola de 6 (seis) a 14 (quatorze)
anos de idade.
Art. 18 - A proposta pedagógica do Ensino Fundamental deverá ser coerente, articulada e integrada com
os modos de ser e de desenvolver das crianças e adolescentes quilombolas nos diferentes contextos
sociais.
Art. 19 - O Ensino Médio na Educação Escolar Quilombola deverá proporcionar aos estudantes:
Art. 20 - O Estado deve garantir a universalização do atendimento escolar do Ensino Médio para toda a
população quilombola de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos.
Art. 21 - A proposta pedagógica do Ensino Médio na Educação Escolar Quilombola deve abrir
perspectivas para os estudantes vislumbrarem seu ingresso no Ensino Superior.
Art. 22 - A Educação Profissional Técnica de Nível Médio na Educação Escolar Quilombola deve articular
os princípios da formação ampla, sustentabilidade socioambiental e respeito à diversidade dos
estudantes, considerando-se as formas de organização das comunidades quilombolas e suas diferenças
sociais, políticas, econômicas e culturais, devendo:
§1º - As escolas poderão solicitar a autorização de oferta de Cursos Técnicos via Plano de Atendimento,
em conformidade com o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos, ressaltando a importância de que essa
modalidade esteja voltada para o estudo aprimorado de tecnologias apropriadas ao contexto
quilombola.
§2º - Para o atendimento das comunidades quilombolas, a Educação Profissional Técnica de Nível Médio
deverá ser realizada preferencialmente em seus territórios, podendo ser ofertada nas escolas estaduais
ou através de parcerias com outras instituições de ensino e organizações do Movimento Negro e
Quilombola.
Art. 23 - A Educação de Jovens e Adultos (EJA) na Educação Escolar Quilombola deve atender às
realidades socioculturais e interesses das comunidades quilombolas, vinculando-se a seus projetos de
vida e trabalho.
§1º - A EJA deve favorecer uma formação ampla aos estudantes, possibilitando a atuação nas atividades
socioeconômicas e culturais de suas comunidades, fortalecendo os laços de pertencimento, o
protagonismo quilombola e em diálogo com o mundo do trabalho.
§2º - Os critérios para autorização de abertura de turmas de EJA em escolas quilombolas ou em escolas
que atendam a maioria dos estudantes oriundos das comunidades quilombolas serão diferenciados e
devem ocorrer em consonância com as demandas das comunidades.
§3º - A oferta de EJA no Ensino Fundamental não deve substituir a oferta regular dessa etapa da
Educação Básica na Educação Escolar Quilombola, independentemente da idade.
Art. 24 - O atendimento da Educação Especial deve ser contemplado nas escolas quilombolas e nas
escolas que atendem estudantes oriundos de territórios quilombolas, em todas as etapas e modalidades
da Educação Básica, conforme orientações específicas.
Parágrafo único. O currículo da Educação Escolar Quilombola deve observar e respeitar as disposições
e orientações da Base Nacional Comum Curricular, do Currículo Básico Comum (CBC) e articulados com
a parte diversificada, a fim de garantir a indissociabilidade entre o conhecimento escolar e os
conhecimentos tradicionais produzidos pelas comunidades quilombolas.
I. garantir ao estudante o direito a conhecer o conceito, a história dos quilombos no Brasil e em Minas
Gerais, o protagonismo do movimento quilombola e do movimento negro, assim como o seu histórico
de lutas;
II. implementar a Educação das Relações Étnico-Raciais e o Ensino de História e Cultura afrobrasileira,
Africana e Indígena, nos termos da legislação em vigor;
III. reconhecer a história e a cultura afrobrasileira como elementos estruturantes do processo de
formação nacional e regional, considerando as mudanças, as recriações e as ressignificações históricas
e socioculturais que fundamentam as concepções de vida dos afrobrasileiros na diáspora africana;
IV. promover o fortalecimento da identidade étnico-racial, da história e cultura afrobrasileira e africana
ressignificada, recriada e reterritorializada nos espaços quilombolas;
V. garantir as discussões sobre a identidade, a cultura e a linguagem, como eixos norteadores do
currículo;
VI. considerar a liberdade religiosa, a diversidade a inclusão como princípios jurídicos, políticos e
pedagógicos atuando de forma a superar preconceitos em relação às práticas religiosas e culturais das
comunidades quilombolas, de matriz africana ou não, e a proibir toda e qualquer prática de proselitismo
religioso nas escolas.
Art. 27 - Na construção dos currículos da Educação Escolar Quilombola, devem ser consideradas as
particularidades de aprendizagens dos estudantes quilombolas em ada etapa e modalidade de ensin07
os espaços e tempos da escola e de outras instituições educativas da comunidade e fora dela, tais como
museus, centros culturais, laboratórios de ciências e de informática, associações comunitárias,
cooperativas locais, entre outros espaços comunitários e educativos.
Art. 28 - A organização curricular da Educação Escolar Quilombola deverá se pautar em ações e práticas
político-pedagógicas que visem:
CAPÍTULO VIII
DA AVALIAÇÃO
Art. 29 - A avaliação, entendida como um dos elementos que compõem o processo de ensino e
aprendizagem deverá garantir o direito do estudante a ter considerados e respeitados os seus processos
próprios de aprendizagem.
CAPÍTULO VII
DA GESTÃO DEMOCRÁTICA
Art. 32 - A Educação Escolar Quilombola deverá atender aos princípios constitucionais da gestão
democrática e ser realizada por meio do diálogo, parcerias e participação das comunidades quilombolas
por ela atendida.
Art. 33 - A gestão democrática será exercida por meio do diálogo entre a gestão da escola, a coordenação
pedagógica, professores, demais profissionais da escola, o Colegiado Escolar e as organizações do
movimento quilombola nos níveis local e regional.
Art. 34 - A avaliação coletiva do desempenho da escola, deverá ser desenvolvida periodicamente, com
ampla participação da comunidade escolar e da comunidade quilombola.
CAPÍTULO IX
Art. 36 - A composição do quadro de pessoal das Escolas Quilombolas deverá observar as normas
específicas da Secretaria de Estado de Educação e o disposto na legislação pertinente à Carreira dos
Profissionais da Educação.
3. Módulo: Inclusão
Referências:
BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. ROPOLI, Edilene Aparecida et al. A Educação Especial na
Perspectiva da Inclusão: a escola comum inclusiva. Coleção “A EducaçãoEspecial na Perspectiva da
Educação Escolar”. Fascículo1. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial;
Fortaleza. Universidade Federal do Ceará,2010.
BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Saberes e práticas da inclusão: avaliação para identificação das
necessidades educacionais especiais. [2. ed.] / coordenação geral SEESP/MEC. Brasília: MEC, Secretaria
de Educação Especial, 2006.
BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL. Política nacional de
educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília: SEE/MEC, 2008.
3.1 Introdução
O movimento mundial pela educação inclusiva é uma ação política, cultural, social e
pedagógica, desencadeada em defesa do direito de todos os estudantes de estarem juntos, aprendendo
e participando, sem nenhum tipo de discriminação.
A educação inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção de
direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis, e que avança em
relação à ideia de equidade formal ao contextualizar as circunstâncias históricas da produção da
exclusão dentro e fora da escola.
3.2 Fundamentação Filosófica
A educação inclusiva tem como objetivo garantir o acesso universal à escolaridade básica e a
satisfação das necessidades de aprendizagem para todos os cidadãos.
BRASIL. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: UNESCO,
1994.
Como princípio orientador entende-se que as escolas deveriam acomodar todas as crianças
independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras.
Escolas inclusivas devem reconhecer e responder às necessidades diversas de seus alunos, acomodando
diferentes ritmos e estilos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos através
de currículo apropriado, arranjos organizacionais, estratégias de ensino, uso de recurso e parceria com
as comunidades. Argumenta que as escolas regulares com orientação inclusiva constituem os meios
mais eficazes de combater atitudes discriminatórias e que estudantes com necessidades educacionais
especiais devem ter acesso à escola regular.
Disponível em:
<https://www.flickr.com/photos/15056
4452@N04/25705268897>. Acesso em
17 de outubro de 2019.
CARVALHO, Rosita Edler. Educação Inclusiva com os Pingos nos Is. 2. ed. Porto Alegre: Mediação, 2005.
A escola historicamente se caracterizou pela visão da educação que delimita a escolarização como
privilégio de um grupo, uma exclusão que foi legitimada nas políticas e práticas educacionais
reprodutoras da ordem social.
BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Saberes e práticas da inclusão: avaliação para identificação das
necessidades educacionais especiais. [2. ed.] / coordenação geral SEESP/MEC. Brasília: MEC, Secretaria de
Educação Especial, 2006.
A Educação Especial, como uma modalidade de educação escolar que perpassa todas as etapas e
níveis de ensino, está definida nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica
que regulamenta a garantia do direito de acesso e permanência dos alunos com necessidades
educacionais especiais e orienta para a inclusão em classes comuns do sistema regular de ensino.
No decorrer do processo educativo deverá ser realizada uma avaliação pedagógica dos alunos que
apresentam necessidades educacionais especiais, objetivando identificar barreiras que estejam
impedindo ou dificultando o processo educativo em suas múltiplas dimensões. Mas identifica-las,
apenas, não basta. É preciso construir propostas e tomar as providências que permitam, concretamente
satisfazê-las.
O objetivo do documento “Saberes e práticas da inclusão: avaliação para identificação das
necessidades educacionais especiais” é subsidiar os sistemas de ensino quanto às práticas avaliativas.
Apresenta, assim, o indicativo de ações passíveis de serem desenvolvidas pelas equipes de avaliadores,
em busca do sucesso na aprendizagem de qualquer aluno, com ênfase para aqueles com necessidades
educacionais especiais.
As práticas avaliativas além de servirem para identificação das necessidades educacionais especiais
devem oferecer subsídios para a indicação dos apoios e recursos pedagógicos que contribuam para a
remoção das barreiras para a aprendizagem e para a participação de todos os alunos. Portanto, fazem-
se necessárias, na escola providências para: (a)reorientar o processo de ensino-aprendizagem;
(b)garantir formação continuada de todos os que trabalham na comunidade escolar; (c)encaminhar os
educandos aos atendimentos de que necessitam, em benefício de sua aprendizagem e participação;
(d)prover os recursos necessários à melhoria da qualidade de sua resposta educativa e (e)criar as
condições necessárias à inclusão, a partir da mudança de atitudes frente às diferenças, pois a valorização
da diversidade está na base de todos os movimentos pela inclusão.
A avaliação no campo da Educação Especial tem se constituído historicamente como prática
discriminatória, operando na lógica da exclusão. Abaixo são apresentadas algumas características do
trabalho que vem sendo desenvolvido por muitas equipes de avaliadores da educação especial (breve
retrospectiva histórica):
2. O aluno
BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL. Política nacional de educação especial
na perspectiva da educação inclusiva. Brasília: SEE/MEC, 2008.
Observa-se na atualidade que o direito de todos a escola regular, por si só, não promoveu a
organização de um sistema de ensino capaz de atender as singularidades de aprendizagem dos alunos
da Educação Especial. Faz-se necessárias mudanças nos sistemas educacionais para se garantir o acesso,
participação e aprendizagem de todos os educandos.
“Redes de escolas especiais privadas filantrópicas para aqueles que sempre estiveram excluídos
das escolas comuns” (JANNUZZI, 2004 apud MENDES, 2006, p. 397).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, no artigo 59, preconiza
que os sistemas de ensino devem assegurar aos estudantes currículo, métodos, recursos e organização
específicos para atender às suas necessidades; assegura a terminalidade específica àqueles que não
atingiram o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências; e
assegura a aceleração de estudos aos superdotados para conclusão do programa escolar. Também
define, dentre as normas para a organização da educação básica, a “possibilidade de avanço nos cursos
e nas séries mediante verificação do aprendizado” (art. 24, inciso V) e “[...] oportunidades educacionais
apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de
trabalho, mediante cursos e exames” (art. 37).
Fonte: FUNDAÇÃO VALE. Educação Inclusiva: experiências de estruturação de salas de recursos multifuncionais
em Minas Gerais. Belo Horizonte: FUNDAÇÃO VALE/Associação Imagem Comunitária (AIC), 2019.
Fonte: FUNDAÇÃO VALE. Educação Inclusiva: experiências de estruturação de salas de recursos multifuncionais
em Minas Gerais. Belo Horizonte: FUNDAÇÃO VALE/Associação Imagem Comunitária (AIC), 2019.
Lei 10.048/00 – estabelece o atendimento prioritário para pessoas com deficiência, os idosos
com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as lactantes, as pessoas com
crianças de colo e os obesos.
Lei 10.098/00 – estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da
acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
Decreto n°7612/2011 – Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Viver
sem Limite. O Plano trata de assuntos como acesso à educação, inclusão social,
acessibilidade e atenção à saúde.
Lei nº 13.005/2014 – Plano Nacional de Educação (PNE) – no inciso III, parágrafo 1º, do
artigo 8º, determina que os Estados, o Distrito Federal e os Municípios garantam o
atendimento as necessidades específicas na educação especial, assegurado o sistema
educacional inclusivo em todos os níveis, etapas e modalidades. Com base neste
pressuposto, a meta 4 e respectivas estratégias objetivam universalizar, para as pessoas
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação,
na faixa etária de 04 a 17 anos, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional
especializado. O AEE é ofertado preferencialmente na rede regular de ensino, podendo ser
realizado por meio de convênios com instituições especializadas, sem prejuízo do sistema
educacional inclusivo.
Parte-se de um diagnóstico da Educação Especial por meio dos dados do Censo Escolar MEC/INEP,
realizado anualmente em todas as escolas da educação básica:
Dados da educação especial – evolução nas matrículas, de 337.326 em 1998 para 843.342
em 2013, expressando um crescimento de 150%. No que se refere ao ingresso em classes
comuns do ensino regular, verifica-se um crescimento de 1.377%, passando de 43.923
estudantes em 1998 para 648.921 em 2013.
Distribuição das matrículas por etapa de ensino (2013): 59.959 (7%) estão na educação
infantil, 614.390 (73%) no ensino fundamental, 48.589 (6%) no ensino médio, 118.047
(13%) na educação de jovens e adultos, e 2.357 (1%) na educação profissional e tecnológica.
O Censo da Educação Superior registra que, entre 2003 e 2012, o número de estudantes passou
de 5.078 para 26.663 estudantes, representando um crescimento de 425%.
Municípios com matrículas de estudantes público alvo da educação especial – Em
1998, registram-se 2.738 municípios (50%), chegando a 2013, com 5.553 municípios (99%)
– Crescimento de 81%.
Número de escolas com matrícula, que em 1998 registra 6.557 escolas com matrícula de
estudantes público alvo da educação especial e, em 2013 passa a registrar 104.000,
representando um crescimento de 1.486%. Dentre as escolas com matrícula de estudante
público alvo da educação especial, em 2013, 4.071 são escolas especiais e 99.929 são escolas
de ensino regular com matrículas nas turmas comuns.
Acessibilidade arquitetônica em prédios escolares, em 1998, aponta que 14% dos 6.557
estabelecimentos de ensino com matrícula de estudantes com deficiência e altas
habilidades/superdotação apresentam acessibilidade arquitetônica. Em 2013, das 104.000
escolas com matrículas de estudantes público alvo da educação especial, 24% possuem
acessibilidade arquitetônica.
Formação dos professores que atuam na educação especial, o Censo Escolar de 2013
registra 93.371 professores com curso específico nessa área de conhecimento.
Acessibilidade - É a possibilidade de qualquer pessoa, com ou sem deficiência, acessar um lugar, serviço,
produto ou informação de maneira segura e autônoma. Sem nenhum tipo de barreira.
educação superior;
Delimita os alunos atendidos pela Educação Especial, sendo compreendidos em três grupos:
pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental ou
sensorial que, em interação com diversas barreiras, podem ter restringida sua participação plena e
efetiva na escola e na sociedade; os alunos com transtornos globais do desenvolvimento são aqueles que
apresentam alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e na comunicação, um repertório
de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo; alunos com altas
habilidades/superdotação demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas,
isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes, além de apresentar
grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas do seu interesse.
A Educação Especial direciona suas ações para o atendimento às especificidades desses alunos
no processo educacional, e no âmbito de uma atuação mais ampla na escola, orienta a organização de
redes de apoio, a formação continuada, a identificação de recursos, serviços e o desenvolvimento
de práticas colaborativas.
A Educação especial deve integrar a proposta pedagógica da escola regular, promovendo o
atendimento aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação. Nestes casos e em outros, como os transtornos funcionais específicos, a
educação especial atua de forma articulada com o ensino comum, orientando para o atendimento
desses estudantes.
O Atendimento Educacional Especializado (AEE), como um dos serviços da Educação
Especial, tem como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que
eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas.
O Atendimento Educacional Especializado:
1. Apoia o desenvolvimento do aluno com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação;
2. Disponibiliza o uso de linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização;
3. Oferece tecnologia assistiva;
Tecnologia assistiva é um termo utilizado para identificar todo e qualquer recurso que facilita ou amplia
habilidades de uma pessoa com deficiência. Elas podem ser usadas tanto para mobilidade, quanto para
acessar uma informação.
São todo o arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades
funcionais de pessoas com deficiência e, consequentemente promover vida independente e inclusão.
Os Recursos são todo e qualquer item, equipamento ou parte dele, produto ou sistema fabricado em série
ou sob medida utilizado para aumentar, manter ou melhorar as capacidades funcionais das pessoas com
deficiência. Os Serviços são definidos como aqueles que auxiliam diretamente uma pessoa com deficiência
a selecionar, comprar ou usar os recursos acima definidos.
O objetivo da tecnologia assistiva é proporcionar à pessoa com deficiência maior independência, qualidade
de vida e inclusão social, através da ampliação de sua comunicação, mobilidade, controle de seu ambiente,
habilidades de seu aprendizado, trabalho e integração com a família, amigos e sociedade.
O AEE complementa e/ou suplementa a formação do aluno visando a sua autonomia na escola e fora
dela, constituindo oferta obrigatória pelos sistemas de ensino. O AEE não se confunde com reforço
escolar. Esse atendimento tem funções próprias do ensino especial, as quais não se destinam a substituir
o ensino comum e nem mesmo a fazer adaptações aos currículos, às avaliações de desempenho e outros.
Dentre as atividades de atendimento educacional especializado são disponibilizados programas de
enriquecimento curricular, o ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e
sinalização e tecnologia assistiva. Ao longo de todo o processo de escolarização esse atendimento
deve estar articulado com a proposta pedagógica do ensino comum. O atendimento educacional
especializado é acompanhado por meio de instrumentos que possibilitem monitoramento e avaliação
da oferta realizada nas escolas da rede pública e nos centros de atendimento educacional especializados
públicos ou conveniados.
São apresentadas as Diretrizes da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva nos tópicos a seguir:
Educação Especial na Educação Infantil – se desenvolvem as bases necessárias para a
construção do conhecimento e desenvolvimento global do aluno. Nessa etapa, o lúdico, o acesso
às formas diferenciadas de comunicação, a riqueza de estímulos nos aspectos físicos,
emocionais, cognitivos, psicomotores e sociais e a convivência com as diferenças favorecem as
relações interpessoais, o respeito e a valorização da criança.
Para atuar na educação especial, o professor deve ter como base da sua formação, inicial e
continuada, conhecimentos gerais para o exercício da docência e conhecimentos específicos da
área. Essa formação possibilita a sua atuação no atendimento educacional especializado,
aprofunda o caráter interativo e interdisciplinar da atuação nas salas comuns do ensino regular,
nas salas de recursos, nos centros de atendimento educacional especializado, nos núcleos de
acessibilidade das instituições de educação superior, nas classes hospitalares e nos ambientes
domiciliares, para a oferta dos serviços e recursos de educação especial.
Os espaços para organização desse serviço poderão ser as “Salas de Recursos Multifuncionais”.
BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. ROPOLI, Edilene Aparecida et al. A Educação Especial na Perspectiva
da Inclusão: a escola comum inclusiva. Coleção “A Educação Especial na Perspectiva da Educação Escolar”.
Fascículo1. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial; Fortaleza. Universidade
Federal do Ceará,2010.
A escola comum se torna inclusiva quando reconhece as diferenças dos alunos diante do
processo educativo e busca a participação e o progresso de todos, adotando novas práticas pedagógicas.
Quando o espaço da sala de aula comum é um espaço de todos os alunos, sem exceções. A adoção dessas
novas práticas depende de mudanças que vão além da escola e da sala de aula, pressupondo uma
articulação com a educação especial e seus serviços, especialmente o Atendimento Educacional
Especializado.
As mudanças necessárias fazem parte da vontade política do coletivo da escola, explicitadas no
seu Projeto Político Pedagógico – PPP e vividas a partir de uma gestão escolar democrática. Todas as
intenções da escola, reunidas no Projeto Político Pedagógico, conferem-lhe o caráter POLÍTICO, porque
ele representa a escolha de prioridades de cidadania em função de demandas sociais. O PPP ganha status
PEDAGÓGICO ao organizar e sistematizar essas intenções em ações educativas alinhadas com as
prioridades estabelecidas.
A democracia, frequentemente proclamada, mas nem sempre vivenciada nas redes de ensino,
tem no PPP a oportunidade de ser exercida, e essa oportunidade não pode ser perdida, para que consiga
espalhar-se por toda a instituição.
Muitas decisões precisam ser tomadas pelas escolas ao elaborarem seus Projetos Político
Pedagógicos, entre as quais destaca-se algumas, que estão diretamente relacionadas com as mudanças
que se alinham aos propósitos da inclusão:
Fazer da aprendizagem o eixo das escolas, garantindo o tempo necessário para que todos
possam aprender;
Reprovar a repetência;
Abrir espaço para que a cooperação, o diálogo, a solidariedade, a criatividade e o espírito crítico
sejam praticados por seus professores, funcionários e alunos, pois essas são habilidades
mínimas para o exercício da verdadeira cidadania;
São práticas educacionais inclusivas que derivam dos propósitos de se ensinar a turma toda, sem
discriminação:
Fazer Tecnologia Assistiva na escola é buscar, com criatividade, uma alternativa para que o aluno realize
o que deseja ou precisa. É encontrar uma estratégia para que ele possa “fazer” de outro jeito. É valorizar
o seu jeito de fazer e aumentar suas capacidades de ação e interação, a partir de suas habilidades. É
prover meios para que o aluno possa desfiar-se a experimentar e conhecer, permitindo assim que
construa individual e coletivamente novos conhecimentos. É retirar do aluno o papel de espectador e
atribuir-lhe a função de ator.
Agora, podemos retomar o conceito da TA e reafirmar que ela significa “resolução de problemas
funcionais”. Para implementação desta prática no contexto educacional, necessitamos de criatividade
e disposição de encontrarmos, junto com o aluno, alternativas possíveis, que visam vencer as barreiras
que o impedem de estar incluído em todos os espaços e momentos da rotina escolar.
Será no espaço das salas de recursos, que é destinado ao atendimento especializado, na escola, que o
aluno experimentará várias opções de equipamentos, até encontrar o que melhor se ajusta à sua
condição e necessidade. Após identificar que o aluno obteve sucesso com a utilização do recurso de
TA, o professor especializado deverá providenciar que esse recurso seja transferido para a sala de aula
ou permaneça com o aluno, como um material pessoal.
FÁVERO, Osmar et. al. Tornar a educação inclusiva. Brasília: UNESCO, 2009.
O material “Tornar a educação inclusiva” apresenta entre os seus artigos discussões com ênfases
em públicos específicos da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, a saber: deficiente
intelectual acentuado, deficiente auditivo, deficiente visual, pessoa com altas habilidades/superdotação.
Nos itens a seguir serão discutidos os principais apontamentos sobre cada uma dessas temáticas.
COSTA, A.M.B. Currículo funcional no contexto da educação inclusiva. In: FÁVERO, Osmar et. al. Tornar
a educação inclusiva. Brasília: UNESCO, 2009.
O artigo discute os programas educativos funcionais que tem como público-alvo a população
com deficiência mental moderada, severa ou profunda, cujo Quociente de Inteligência (QI) seja de 50 ou
inferior e que manifestam com frequência uma gama variada de deficiências adicionais.
São consideradas dificuldades apresentadas por alunos com deficiência intelectual acentuada:
Levam mais tempo para aprender qualquer atividade ou dominar qualquer competência
(selecionar cuidadosamente aquilo que se ensina);
Esquecem mais facilmente o que aprenderam (oportunidade de praticar com frequência o que
aprenderam);
Dificuldades em realizar operações de generalização e transferência (usar espaços e situações
reais em que os conhecimentos são aplicados, isto é, na vida prática);
Dificuldades na aquisição de conceitos abstratos (conteúdos curriculares sejam concretizados e
tenham significado).
LACERDA, C.B.F; POLETTI, J.E. A escola inclusiva para surdos: a situação singular do intérprete de língua de
sinais. In: FÁVERO, Osmar et. al. Tornar a educação inclusiva. Brasília: UNESCO, 2009.
SILVA, L.G. Múltiplas representações de docentes acerca da inclusão de aluno cego. In: FÁVERO, Osmar et.
al. Tornar a educação inclusiva. Brasília: UNESCO, 2009.
Tem-se como pressuposto que alunos cegos são capazes de participar do processo de ensino no
mesmo espaço em que estão inseridos alunos videntes, sendo respeitados em sua individualidade, em
seu comprometimento visual, havendo a adequação de alguns materiais quando necessário. Uma
criança cega não é uma criança menos desenvolvida que as videntes, apenas estabelece relação com o
mundo que a cerca de forma específica, pois para isto utiliza com mais frequência meios e instrumentos
próprios, como habilidades perceptivas táteis e sinestésicas, sistemas simbólicos alternativos e recursos
materiais, entre eles, a bengala, o Sistema Braille de escrita e materiais didáticos voltados para as
pessoas videntes, em certos casos com pequenas alterações.
Sobre as estratégias de ensino e atividades facilitadoras para a aprendizagem de alunos cegos
destaca-se:
Em uma perspectiva inclusiva a proposta pedagógica deverá ser adequada aos diferentes estilos
de aprendizagem e, em particular, dos alunos cegos. São elencados instrumentos e recursos didáticos
facilitadores da aprendizagem: pesquisa, observação e registro, aula expositiva dialogada, instrução
unificada, auto-atividade, aprendizagem concreta, aulas de campo, dramatização, desenho, expressão
verbal, jogos cooperativos, atendimento individualizado, trabalhos em grupo, seminários, avaliações
orais e escritas; registros de acompanhamento do desempenho do aluno durante os bimestres; uso da
Por fim, a autora sugere caminhos para uma prática educativa inclusiva:
Que as instituições onde há alunos cegos ou que apresentem outras necessidades especiais
primem pela formação de seus docentes em todas as áreas relativas às deficiências ou às
dificuldades encontradas (atualização constante e sistemática e ressignificação de suas
práticas pedagógicas).
Que os educadores sejam preparados continuamente para atuar com a diversidade do alunado
[...] adquiram mais conhecimentos para planejar suas proposições didáticas, considerando as
possíveis necessidades de adaptações e adequações de materiais, recursos didáticos e
estratégias de ensino que deem ao aluno o direito de participar de todas as atividades
propostas em classe.
Que as escolas priorizem com os alunos cegos a aprendizagem multissensorial e que não
estimulem apenas um único canal sensorial – o da audição, por exemplo, como muitas vezes
ocorre (estimulação do conjunto dos canais sensoriais remanescentes).
FLEITH, D.S. Mitos e fatos sobre o superdotado. In: FÁVERO, Osmar et. al. Tornar a educação inclusiva.
Brasília: UNESCO, 2009.
O aluno com altas habilidades/superdotação pode ser considerado um aluno com necessidades
educativas especiais. Em alguns casos, será necessário pensar e implementar estratégias de inclusão
para este educando a depender do contexto educacional no qual esteja inserido e suas características
individuais.
A superdotação não se refere a um grupo homogêneo. Em termos de características em cognitivas,
sociais e emocionais há algumas que são comumente encontradas: