Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
PERSPECTIVA DO ACESSO E
COMPARTILHAMENTO DA
INFORMAÇÃO E DO
CONHECIMENTO
CURADORIA DIGITAL SOB A
PERSPECTIVA DO ACESSO E
COMPARTILHAMENTO DA
INFORMAÇÃO E DO
CONHECIMENTO
Autores 06
Apresentação 14
Karen Kahn
5
Graduada em Letras - Português/Hebraico na FFLCH da Universidade de São Paulo
(USP); licenciada pela Faculdade de Educação - FE, da Universidade de São Paulo
(USP); e pós-graduada em Jornalismo Literário pela ABJL (Lato Sensu). Coordenou
Núcleos de Ação Educativa de museus - casas geridos pela Secretaria do Estado da
Cultura (SEC), como o a Casa das Rosas e o museu Casa Guilherme de Almeida, e
coordena o Projeto Escrevivendo - oficinas de escrita e leitura com interface para
blogagem, em museus e bibliotecas como a Biblioteca de São Paulo (Carandiru), a
Biblioteca Temática de Poesia Alceu Amoroso Lima e o Museu da Língua Portuguesa,
entre outras unidades de informação e memoria na cidade de São Paulo. Em 2016,
realizou a curadoria do Projeto de oficinas de leitura e escrita Nossas Letras no SESC
Belenzinho. Atualmente é mestranda em Ciência da Informação (CAPES 6) na
Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho (Unesp- Campus de Marília) e
desenvolve projeto de pesquisa sobre Curadoria Digital de Sistemas Memoriais e
Design da Informação em ambiências digitais no âmbito da Ciência da Informação,
como o Museu da Pessoa. Desde 2015 pertence ao Grupo de Pesquisa Novas
Tecnologias em Informação (GPNTI) do Laboratório de Design e Recuperação da
Informação (LADRI).
Natalia Nakano
Doutoranda pelo Programa de Pós Graduação em Ciência da Informação (PPGCI) da
Unesp, campus de Marilia. Mestre pelo mesmo programa, integrante do Grupo de
Pesquisa "Novas Tecnologias da Informação"(GPNTI) e coordenadora discente do
Laboratório de Pesquisa em Design e Recuperação da Informação (LADRI), líder do
grupo Oficina do Texto Científico sob supervisão da Prof. Dra. Maria José Vicentini
Jorente. Representante discente eleita do Programa de Pós Graduação em Ciência da
Informação. Participa atualmente dos Projetos de Pesquisa, Descrição e Digitalização
dos Acervos Documentais do Pesquisador William Nava. Trabalha com foco nas
questões de acesso a informação, inclusão digital, serviços de informação na era digital,
bem como plataformas de Serviço de Referência Virtual em bibliotecas universitárias.
Estuda o papel das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) nas mudanças
8
relacionadas à transformação do paradigma custodial e sua ampliação nas sociedades
pós modernas e como essas tecnologias têm influenciado o mundo das bibliotecas,
arquivos e museus na atualidade. Recentemente o foco de estudo se expande e inclui as
plataformas digitais de disseminação da informaçao e formação, as plataformas EaD, e
como a Ciência da Informação, e nela o Design da Informação podem contribuir para
que o acesso nessas plataformas seja eficiente no contexto da complexidade brasileira.
Além dos estudos e pesquisas em Ciência da Informação, possui larga experiência em
ensino de Língua Inglesa e tradução de textos científicos.
9
APRESENTAÇÃO
colaborativos convergentes.
escrita, para as interfaces icônicas da tela, constituídas por simulação e por elementos de
10
linguagem imagética.
século XXI, como plataforma, com um desenho de novos recursos Web 2.0 dispostos
específicas para a preservação e acesso à informação nas plataformas digitais Web 2.0, e
interdisciplinar da informação digital, durante todo o ciclo de vida dos objetos digitais,
11
conceito e como um conjunto de processos para além da preservação digital, ao
considerar todas as etapas de tratamento dos objetos digitais com o fim de preservá-los
produção dos objetos digitais, para evitar a fragmentação das etapas envolvidas no
tratamento de documentos.
Internet e nela da Web 2.0, os objetos digitais gerados deverão, como os documentos em
papel, passar por ações que visem a preservação e o acesso à informação em todo o seu
ciclo de vida. Isso significa prover para que, antes mesmo de sua criação, desenvolvam-
preservação dos dados digitais a longo prazo. Isso envolve o planejamento da sua
bem como o gerenciamento de dados para uso diário, com a segurança de que eles
possam continuar legíveis no tempo. Maureen Pennok (2007) inclui nas preconizações
12
do DCC os conceitos da manutenção e agregamento de valor a um conjunto confiável
de informação digital curado, ou cuidado, para uso atual e futuro. Destaca-se, assim, o
princípio do ciclo de vida da Curadoria Digital, que facilita a continuidade dos serviços
equipes multidisciplinares para a sua concretização, que muitas vezes estão ausentes nos
vida dos objetos digitais. Para a autora, entre essas primeiras ações localizam-se a
13
formatos. Entre as ações ocasionais situaram-se a eliminação ou descarte, executados de
acordo com as políticas da instituição; a reavaliação, realizada para retornar aos dados
distintos.
ações mais externas, não sendo central. O esquema é claro quanto à sequência das ações
aprendizado e conhecimento.
14
Para dar conta da complexidade emergente dos processos infocomunicacionais,
específicos em que atuará. Esse livro trata da Curadoria digital (CD) com ênfase no
do termo curadoria digital e digital curation nas bases de dados Web of Science e
assunto.
sociedade.
15
Marín-Arraiza, no capítulo quatro, discorre sobre multimodalidade na pesquisa
heterogênea e requer uma atenção diferente nos processos de curadoria. Discute-se, por
dados como metodologias que auxiliam no processo de avaliação dos dados no ciclo de
Europeana.
informação: foco em torno dos efeitos das redes sociais a memória coletiva, Sundström
16
e Apocalypse propõem um diálogo entre os autores que refletem sobre os novos
Museu.
ambientes digitais sobre a temática para a sua atuação com eficiência e eficácia nos
classificação e indexação.
bibliotecas públicas: uma análise no estado de São Paulo aplica metodologia teórica-
17
exploratória e os conceitos da Curadoria Digital e do Design da Informação para fazer
um diagnóstico dos Websites das BP das mesorregiões do Estado de São Paulo e discute
não somente dos conteúdos, mas também das ações de criação de dados e metadados, o
comunidades de interesse.
18
1
CURADORIA DIGITAL NAS BASES WEB OF
SCIENCE E SCOPUS
João Augusto Dias Barreira e Oliveira
Maria José Vicentini Jorente
1 INTRODUÇÃO
suportes digitais. O termo curadoria digital emerge com o intuito de lidar com a
dados, conteúdos e artefatos digitais. Por tratar de questões relevantes para a gestão
19
científica de dados e informações, o termo vêm sendo utilizado por diversas áreas do
conhecimento.
curar, de se ter cuidado. No âmbito das artes, o termo curador refere-se à função de
que apenas preservar as obras, o curador atua com a seleção dos trabalhos artísticos,
articulando as obras com o espaço e a proposta. Para Obrist (2010) o papel do curador
a longo prazo dos dados ao torná-los disponíveis para futuras pesquisas. A curadoria
digital exprime a ideia de manter e agregar valor à informação digital, tanto para uso
atual quanto futuro e envolve a gestão ativa e a preservação de recursos digitais durante
todo o ciclo de vida do dado digital, enquanto houver interesse do mundo acadêmico e
científico.
como fitas cassete e CDs, fotografias e outros. Desse modo, a gestão desse material e
outros materiais digitais em todo seu ciclo de vida. O ciclo de vida de curadoria digital
20
compreende as seguintes etapas: A Conceitualização concebe e planeja a criação de
ações sobre objetos digitais que requerem curadoria e preservação de longo prazo.
Disposição: visa livrar os sistemas de objetos digitais não selecionados para curadoria e
ações para garantir a preservação e retenção a longo prazo da natureza autoritativa dos
objetos digitais. Reavaliar objetos digitais de retorno que falham nos procedimentos de
garantem que os dados sejam acessíveis aos internautas designados para uso e
reutilização pela primeira vez. Alguns materiais podem estar disponíveis publicamente,
enquanto outros dados podem ser protegidos por senha. Transformar e criar novos
objetos digitais a partir do original, por exemplo, migrando para uma forma diferente.
21
termo “curadoria digital” para que seja possível traçar um panorama do cenário que
temática, analisar a sazonalidade histórica das publicações visando obter uma melhor
2 A CURADORIA DIGITAL NA CI
visibilidade científica.
conhecimento científico.
22
conhecer as técnicas da bibliometria, assim como compreender basicamente o
analisada.
exploratória é útil quando o tema estudado é pouco conhecido do pesquisador. Ela tem
informações disponíveis, descobrir os pesquisadores do tema. Ela pode ser realizada por
pesquisador, ou seja, ele não manipula o objeto de pesquisa, apenas observa, registra,
curadoria digital e digital curation. O período pesquisado tem início em 2001 e termina
23
3 ANÁLISE DO TERMO CURADORIA DIGITAL NA BASE WEB OF
Os dados para realização desta pesquisa foram coletados por meio da base de
dados Web of Science do Institute for Scientific Information (ISI). O ISI foi fundado por
citações, informando, para cada artigo, os documentos por ele citados e os documentos
Nesse caso é possível notar um crescimento contínuo a cada ano após a primeira
24
utilização do termo, esse indicador também aponta para um futuro em que as questões
que envolvem a curadoria digital ganham cada vez mais importância quanto à gestão,
sua maior parte são artigos de periódicos (238) e artigos de anais de conferências (130).
Outras publicações que tratam sobre o tema, são resenhas de livro (19), review (8),
material editorial (2) e artigo de dados (1). A divisão dos formatos de publicações está
na Figura 2 abaixo. Não foram recuperados livros que tratam sobre o assunto nessa base
de dados.
analisado são divididas pela base de dados nas seguintes áreas: Biblioteconomia e
total de 224 registros frente aos 140 registros da Ciência da Informação. A divisão pode
25
ser visualizada na figura 3 abaixo.
digital, no período de 2001 a 2017 foram: estados Unidos (165), Inglaterra (58),
Australia (30), Escócia (26), Alemanha (17), Espanha, (17), Canada (16), Italia (13),
Africa do Sul (12), Suica (11), Dinamarca (9), Holanda (8), Austria (7), Brasil (7),
Grecia (7).
literatura científica mundial revisada, com cobertura desde 1960, com mais de 18.500
26
títulos de aproximadamente 5.000 editoras internacionais e conta com atualizações
diárias.
Na base Scopus uma busca pelo termo "digital curation", nos campos de título,
recuperados por essa base nos anos anteriores e é possível verificar o desenvolvimento
da temática, especialmente de 2008 até 2013 e atingindo o seu ápice no ano de 2015.
27
Figura 5 – Formato de publicações sobre curadoria digital na Scopus
Nessa base de dados recuperamos dois livros publicados no período que tratam
diretamente com curadoria digital como pode ser visto nos títulos das obras. São duas
obras publicadas no ano de 2015 sendo “Digital Curation in the Digital Humanities:
Data and Information, Policy and Global Affairs, National Research Council.
Uma busca pelo termo no campo título retornou um total de 109 publicações.
Destes 109, foram publicados nos Estados Unidos (50), no reino Unido (24), Itália (6),
Grecia (5), Austrália (4), Canadá (4), Alemanha (4), Portugal (3). São 49 artigos em
publicações 169 publicações são da área de Ciência da Computação, 163 da área das
Figura 6 abaixo.
Tal divisão denota uma preponderância de resultados de busca que apontam para
5 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
cada vez mais necessária para evidenciar pesquisas das diversas áreas do conhecimento.
perceber que por tratar-se de um campo com outras preocupações que vão além da
29
preservação digital o termo apresenta crescimento de uso em diferentes áreas do
Outros fatores que apontam para uma maior preocupação com as questões que
em 2015 “Database: the journal of biological databases and curation”. Este último,
das Ciências Naturais, aponta para uma crescente necessidade dessas áreas em
Por fim, pode-se concluir que este estudo foi capaz de produzir dados
bibliométricos capazes de nos mostrar uma visão mais apurada da realidade com a
bibliométricos como relação de autoria, redes de citação, tendências da área por meio de
Humanas que tem publicado sobre o assunto e que denota maior aproximação, pela sua
30
REFERÊNCIAS
31
2
O DESIGN DA INFORMAÇÃO E A
EXPERIÊNCIA DO USUÁRIO COMO
ESTRATÉGIAS PARA A CURADORIA
DIGITAL SOB A ÉGIDE DA CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO
Natalia Nakano
Mariana Cantisani Padua
Laís Alpi Landim
Maria José Vicentini Jorente
1 INTRODUÇÃO
A Sociedade da Informação tem sido moldada por uma série de novos fatores:
32
A Ciência da Informação (CI), área que se preocupa com os processos e
configurações pelos quais passa a informação a partir do momento em que ela é criada
inter e transdisciplinares, uma vez que o objeto informação não é exclusivo somente
dessa ciência.
Orna e Stevens (1991, p. 197, tradução nossa), o Design da Informação (DI) pode ser
amplamente entendido como "tudo o que fazemos para tornar as ideias visíveis para que
outras possam torná-las próprias e usá-las para seus próprios propósitos". Essa forma de
philosophical reflection, que o foco dos estudos da CI, a partir de estudos de tecnologia
33
da informação, está intimamente relacionado às possibilidades que essas tecnologias
têm em relação às capacidades corporais dos sujeitos, o que não implica em avaliar
dimensões da existência humana, que vão além das questões estéticas e corporais,
como uma disciplina que aborda questões projetuais anteriores aos problemas
compreensão por meio da linguagem, dos sinais, das palavras e formas – o DI busca
material com os alunos da sua escola (KELLY, 2014). Para esse grupo de estudiosos a
curadoria digital busca primordialmente agregar valor, pois se trata de uma necessidade
bem como agregação de valores aos dados digitais de pesquisas científicas por todo seu
ciclo de vida, uma vez que o gerenciamento ativo de dados de pesquisa reduz as
Além disso, o dado curado em repositórios digitais confiáveis pode ser compartilhado
O modelo de ciclo de vida proposto pelo DCC prevê ações de curadoria digital
genéricas que podem ser aplicadas em diferentes contextos, com o foco em ações de
Digital emerge "como uma área de pesquisa e prática interdisciplinar que reflete uma
O ciclo de vida da Curadoria Digital está ilustrado por Higgins (2008) e adotado
pelo DCC. De acordo com o Digital Curation Center (DCC), o ciclo de vida da
usar, que assegura, aos indivíduos, fácil acesso a objetos digitais rotineiramente; 4)
avaliar e selecionar, que envolve avaliação de objetos digitais e seleção daqueles que
e retenção dos objetos digitais a longo prazo; 8) re-avaliar, ou seja, re-avaliar objetos
35
digitais que falharam no procedimento de validação; 9) armazenar, que envolve manter
os dados de maneira segura; 10) acessar e re-usar, de maneira a assegurar que os objetos
digitais sejam acessíveis para os sujeitos uma primeira vez e também quando retornarem
ao ambiente digital; 11) transformar, que significa criar novos objetos digitais a partir
36
Os estágios do ciclo de vida da Curadoria Digital proposto pelo DCC não são
SALES, 2013), nós optamos, neste estudo, por um recorte que enfatize a necessidade da
informação.
Nesse contexto das fases de curadoria digital, a proposta desse estudo é sugerir
USUÁRIO
37
acesso e socialização da informação e do conhecimento objetivado em ambientes
O Design, entendido como grande área, traz em seu bojo diversas disciplinas
outras. Vale notar que no centro do Design e convergente a todas as suas disciplinas e
metodologias está o humano. Vale notar que não são apenas centradas no humano, elas
são o humano, contam com nossa habilidade de sermos intuitivos, nossa habilidade
nos expressarmos. Obviamente contar apenas com o lado emocional não é o ideal, mas
considerar apenas o lado racional e analítico dos problemas pode ser ineficiente
(BROWN, 2009).
ambientes digitais, elas podem ser positivas ou negativas de acordo com as experiências
que esses ambientes proporcionam, pois, ambientes digitais são capazes de suscitar as
experiência com aquele determinado ambiente foi negativa. Destaca-se que esse
ruim, que se torna imprescindível para determinar as ações futuras. Por exemplo, se as
38
ele não voltará àquele ambiente. De acordo com Hassenzahl (2010, p. 8) as experiências
nossas ações têm se transformado em razão das nossas experiências. Nós estamos
estudos comprovam que as pessoas ficam mais felizes e valorizam situações que possam
teatro e viagens do que investir seu dinheiro em aquisição de coisas materiais com valor
similar, como roupas ou joias. Por outro lado, os artefatos, as coisas não são opostas às
um local – esses artefatos tecnológicos por sua vez dão forma, mediam e garantem uma
boa experiência.
disciplina User Experience (UX), que centraliza seu foco em produtos (digitais)
ambiente digital não pode ser garantida, mas a aplicação de conhecimentos e princípios
39
Hassenzahl (2010) criou um modelo conceitual de três níveis com o objetivo de
Por quê?, O quê?, e Como? o por quê? compreendem as ações que as pessoas realizam
por meio de um produto interativo, por exemplo, comprar um livro. O o que? está
do objeto e seu contexto de uso, por exemplo, menus navegados, botões clicados, etc.
Assim, no Design de Experiência, o autor afirma que os três níveis devem estar
desenho proposto por Hassenzahl (2010) objetiva criar produtos, no caso ambientes
complexidade.
Figura 1 – Elementos da UX
40
Fonte: (PADUA, 2014)
Figura 2 – Diagrama original de Garrett, documentando a Web como hiperlink e a Web como
software
41
Fonte: (GARRETT, 2002; traduzido por LABATE, 2000).
interdisciplinares, e os vários atores envolvidos com cada uma das etapas relacionadas.
com o Design Visual no topo, que pode ser também entendido como a interface gráfica
(GUI), por meio da qual ocorre a interação dos sujeitos com o sistema. Destaca-se que
42
Web como hipertexto, colocada à sua direita, permeiam e atravessam todos os patamares
tecnologia, segundo Hassenzahl, é uma responsabilidade dos atores que interagem com
dos pontos apontados por Hassenzahl, elas não podem ser projetadas,
objetivos do ambiente digital, deve-se fazer uma análise dos concorrentes do mercado
objetivos dos indivíduos que irão interagir com o ele e os cenários em que as interações
ocorrerão.
3 CONCLUSÕES PARCIAIS
43
Considerando o ciclo de vida da Curadoria Digital, o Design da Informação e os
disponibilizado.
Para que a comunicação nas interfaces dos ambientes digitais seja transparente,
ou seja, não cause uma sobrecarga cognitiva ao visitante, os recursos de DI (planejados
Ciência da Computação.
REFERÊNCIAS
CAPURRO, R. What is information science for? In: VAKKARI, P.; CRONIN, B. (ed.).
Conceptions of Library and Information Science: Historical, empirical and
theoretical perspectives. London: Taylor Graham, 1992. p. 82-98.
44
GARRETT, J. J. The elements of user experience: user-centered design for the web.
Berkeley, CA: Aiga, New York e New Riders, 2002.
HASSENZAHL, M. Experience design: technology for all the right reasons. In:
CARROLL, J. M. (Ed.). Synthesis lectures on human-centered informatics. San
Rafael, CA: Morgan and Claypool Publishers, 2010. [online]. Disponível em:
<https://doi.org/10.2200/S00261ED1V01Y201003HCI008>. Acesso em: 16 mar. 2018.
46
3
DESIGN THINKING NA CURADORIA
DIGITAL DE DADOS DE PESQUISA
Anahi Rocha Silva
Laís Alpi Landim
Maria José Vicentini Jorente
1 INTRODUÇÃO
Data, são algumas metáforas utilizadas para explicar a quantidade massiva de dados que
representa.
ideia, estima-se que até 2020 serão produzidos e acumulados mais de 16 zetabytes (16
com que os dados fossem considerados o petróleo da era digital, tornando-se um fator
representaram um dia.
Esse fenômeno de valorização dos dados digitais ocorre pelo fato de permitirem
insights.
tecnológica, e possuir uma estrutura organizacional correta são fatores essenciais para
Este contexto, marcado pela produção massiva de dados e seu potencial para
dados de pesquisa (HEY; TANSLEY; TOLLE, 2009), permitindo uma nova ordem de
Gordon Bell afirma que, até o século XX, os dados em que as teorias científicas
48
armazenados em meios magnéticos que eventualmente se tornam ilegíveis. Essa
condição limitava o acesso e sua preservação para outros pesquisadores (BELL, 2009).
relatos de que Jim Gray descrevia o cenário da pesquisa científica do século XXI como
computacional). Para esse pesquisador, esse novo modelo está baseado nas novas
Além disso, tão importante quanto produzir, ter e manter os dados, é o que fazer
cientistas da computação sobre como pensar e abordar a análise de dados, assim como o
49
conhecimento de ambientes de computação por estatísticos, são limitados, e é aí que
2 CURADORIA DIGITAL
e esse debate.
Houaiss (2009), é o “ato, processo ou efeito de curar; cuidado”. Suas origens remetem
ao latim “curator”, “aquele que administra”, “aquele que tem cuidado e apreço”
(SIGNIFICADOS, 2017).
a ser observados após as mudanças nos processos que envolvem a informação ao longo
de seu ciclo de vida. De acordo com Santos (2014), “o termo ‘curadoria’ foi transposto
50
No contexto da Ciência da Informação, observa-se que curadoria digital
PIMENTA, 2015).
assegurando, por exemplo, que eles possam ser buscados e continuar legíveis”
(ABOTT, 2008, p. 01, tradução nossa). Para a autora, a curadoria digital é aplicada a
contextos variados em que a informação necessita ser tratada do início ao fim de seu
por exemplo.
digital para uso atual e futuro” (PENNOK, 2007, p. 01, tradução nossa). Pennok ressalta
que a abordagem de ciclo de vida da Curadoria Digital é necessária por fatores como: a
51
dados de pesquisa carece de recomendações específicas diferentes que exigem os dados
decisões.
atividades humanas em que mais são gerados e manipulados materiais digitais, o que
gera grande fluxo de dados. Assim, surge também a necessidade de práticas que
possibilitem tornar esses dados mais visíveis e acessíveis, sem prejudicar sua
52
Dessa forma, os dados de pesquisa podem ser representados por meio de
quaisquer caracteres, como números, letras e símbolos; podem ser a coleção de objetos
dados, o próprio objeto, uma ideia, condição, ou situação, como fotografia, vídeos,
ciências sociais, produz dados e recursos digitais em toda sua pesquisa acadêmica,
qualquer que seja a disciplina. O que ocorre é que a natureza, o formato, a forma e o
por exemplo, o Projeto Genoma Humano (PGH) foi uma pesquisa científica que contou
genoma humano foram estimados em 28,8 terabytes, o que está se aproximando 30.000
internacional.
curto e longo prazo: alguns dados coletados são únicos e não reprodutíveis; o volume do
53
possibilita a reutilização de dados confiáveis em outras pesquisas (PRYOR, 2012;
PENNOCK, 2006).
informacionais.
duração dos resultados da pesquisa. Prática essa que já vinha acontecendo há mais de
termina com a publicação dos trabalhos, artigos e ensaios. Mesmo após a publicação
dos resultados das pesquisas, por exigência de editores e revisores dos periódicos, os
54
arquivista e o bibliotecário, principalmente, ganham papel de destaque na gestão do
valor como ativos que desfrutam de um uso muito mais amplo do que seus criadores
curadoria de dados é mais específico e direcionado aos dados, como o próprio nome
autenticidade e metadados, tudo isso para garantir que os dados armazenados no banco
2, 2017). Além disso, muitas outras questões também estão envolvidas nesse processo,
quando a noção de curadoria em relação aos dados digitais de pesquisa emergiu como
informação. No entanto, o campo de curadoria de dados ainda é bastante novo, além das
55
humanos atuem ativamente nesse processo.
apoiar a investigação e por promover o acesso; por organizar os dados de acordo com o
representação da informação; e pela gestão das coleções e fundos. Essas funções podem
informação.
promoção do acesso para uso e reutilização dos dados, para que outros pesquisadores
face não apenas do volume, mas também pela heterogeneidade de dados de pesquisa em
diversos campos do conhecimento, que pode ser subsidiado pela abordagem do Design
Thinking.
56
4 METODOLOGIA DO DESIGN THINKING
profissional de designers, seus conceitos, princípios e práticas podem ser praticados por
todos e estendidos a todos os campos de atividade, isto é, essa abordagem não está
Visto que os desafios postos pelos problemas complexos não podem ser
que responde tais emergências. O DT consiste numa metodologia não linear, com
resultado final.
57
Portanto, uma das intersecções possíveis está em auxiliar os curadores a avaliar
adequadamente, visando acesso tanto a curto, como a longo prazo, a importantes fontes
hoje, mas para a finalidade de reutilização dos dados de pesquisa, optamos pelo modelo
etapas já concluídas:
58
5. Nesta etapa final de Implementação, temos a efetiva implementação dos
produto ou serviço.
com uma visão que lhes assegurará seu papel como gestor de dados, com o objetivo de
perceber o que é necessário para que outros pesquisadores possam usar melhor
os dados;
com o menor número de restrições possível, mas que atendam a um alto padrão
59
Os processos de curadoria de dados de pesquisa são heterogêneos devido à
ações previstas ao longo do ciclo de vida dos dados digitais sejam realizadas
adequadamente.
das etapas propostas pelo Design Thinking para favorecer a elaboração desse plano e,
6 CONCLUSÕES
Neste trabalho, foi possível constatar que a produção massiva de dados digitais
60
científica. Trata-se de dados registrados em diferentes caracteres, formatos e linguagens
dos processos de curadoria de acordo com as especificidades dos dados de pesquisa que
necessitam de tratamento.
Design Thinking instrumental, para curadoria de dados, visando sua reutilização, resulta
REFERÊNCIAS
ABBOT, D. What is digital curation? Digital Curation Centre, 2008. Disponível em:
<https://www.era.lib.ed.ac.uk/bitstream/handle/1842/3362/Abbott%20What%20is
%20digital%20curation_%20_%20Digital%20Curation%20Centre.pdf?sequence=2>.
Acesso em: 18 maio 2016.
BELL, G. Foreword. In: HEY, T., TANSLEY, S., TOLLE, K. (Org.). The fourth
paradigm: data-intensive scientific discovery. Redmond, WA: Microsoft Research,
2009. Disponível em: <http://research.microsoft.com/en-
us/collaboration/fourthparadigm/>. Acesso em: 06 abr. 2018.
BROWN, T. Design thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das
velhas ideias. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
61
BUSCHBECK, A.; SOUSA, V. Caderno perfis profissionais em ciência da
informação. Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto e Faculdade de
Engenharia da Universidade do Porto, 2013.
HEY, T., TANSLEY, S., TOLLE, K. The fourth paradigm: data-intensive scientific
discovery. Redmond, WA: Microsoft Research, 2009. Disponível em:
<http://research.microsoft.com/en-us/collaboration/fourthparadigm/>. Acesso em: 06
abr. 2018.
HILBERT, M.; LOPEZ, P. The world’s technological capacity to store, communicate,
and compute information. Science Express, v. l332, apr. 2011. Disponível em:
<http://science.sciencemag.org/content/332/6025/60/tab-pdf>. Acesso em: 06 abr. 2018.
HOLLOWAY, M. How tangible is your strategy? How design thinking can turn your
strategy into reality. Emerald Insight, 2009. Disponível em:
<https://www.emeraldinsight.com/doi/abs/10.1108/02756660910942463>. Acesso em:
06 abr. 2018.
MANYIKA, J. et al. Big data: the next frontier for innovation, competition, and
productivity. McKinsey Global Institute, 2011. Disponível em:
<https://www.mckinsey.com/business-functions/digital-mckinsey/our-insights/big-data-
the-next-frontier-for-innovation>. Acesso em: 06 abr. 2018.
SHIN, D.; CHOI, M. Ecological views of big data: perspectives and issues. Telematics
and Informatics, v. 32, n. 2, p. 311-320, mai. 2015. Disponível em:
<http://daneshyari.com/article/preview/464423.pdf>. Acesso em: 06 abr. 2018.
TURNER et al. The digital universe of opportunities: rich data & the increasing value
of internet of things. 2014. Disponível em: <https://www.emc.com/leadership/digital-
universe/2014iview/index.htm>. Acesso em: 06 abr. 2018.
63
5
QUALIDADE DE DADOS E AVALIAÇÃO NO
CICLO DE VIDA DA CURADORIA DIGITAL
DA INFORMAÇÃO PRODUZIDA EM
AMBIENTES WEB COLABORATIVOS
Laís Alpi Landim
Maria José Vicentini Jorente
1 INTRODUÇÃO
64
conhecimento. Para a Ciência da Informação, área cujo foco gira em torno dos diversos
disseminação, o acesso e o uso, por exemplo, tais questões são especialmente caras.
Pergunta-se simplesmente o que fazer com tamanho volume de dados. Como selecionar
organizada e separar do que pode ser descartado? Como tornar mais eficientes os
automatizar processos?
textos, imagens e vídeos, que representam muito do que temos produzido em termos de
65
eficientes, e ações de prevenção para proteger esses materiais da fragilidade dos meios
Web colaborativa, traz ainda novos problemas. A Web 2.0 caracteriza-se por seu
uma proposta de visão holística e sistematizada, em longo prazo, dos processos que
envolvem todo o ciclo de vida dos artefatos digitais, que vão desde o momento anterior
buscam.
de dados. Para Daisy Abbot (2008), uma de suas pesquisadoras, a Curadoria Digital traz
1
Digital Curation Center (DCC). Disponível em: <http://www.dcc.ac.uk/>. Acesso em: 14 abr. 2018.
66
benefícios de curto e longo prazo aos dados digitais. Em curto prazo, ela facilita o
autenticidade, entre outros. E em longo prazo, ela assegura o valor dos dados,
Tendo em vista tais características da Curadoria Digital, pode-se afirmar que ela
deve contribuir para uma Web tal como pensada por seu criador, Tim Berners-Lee.
Desde o início, Berners-Lee advoga por uma Web livre, gratuita e utilizável por
lugar a novas abordagens, com um fim de mudar a sociedade e a política para melhor,
como os movimentos pelos dados abertos (Open Data), ciência aberta (Open Science) e
Web, ou seja, que os documentos na web não estivessem estruturados de forma que
hipertexto, em que links são relações entre documentos escritos em HTML (BERNERS-
LEE, 2006). Uma abordagem de Curadoria Digital ao longo do ciclo de vida dos dados
digitais pode contribuir para a atribuição adequada das estruturas recomendadas por
67
A primeira publicação em que o termo Web Semântica apareceu foi o livro
Weaving the Web, publicado em 1999 por Berners-Lee. Porém, a pesquisa em Web
conteúdo para a Web que tem significado para computadores vai iniciar uma revolução
autores tratam das características e camadas da Web Semântica, bem como sua forma de
Bittencourt (2015), a Web Semântica procura automatizar atividades na Web por meio
Computação Distribuída. Ela seria uma extensão da Web clássica, em que seria possível
nas páginas Web. Nela, é possível que agentes de software naveguem pelas páginas e
interpretadas por máquinas, de forma a possibilitar que esses agentes processem, reusem
conectados (Linked Data), uma de suas aplicações mais conhecidas e que, para Bizer,
Heath e Lee (2009), refere-se a um conjunto de boas práticas que devem ser adotadas
para a publicação e conexão dos dados na Web, a fim de torná-la um espaço global de
filmes, comunidades online, etc. Essas práticas tornariam possível o avanço rumo à
forma automatizada, como iniciar a navegação em uma fonte de dados e navegar por
outras relacionadas por meio de links, além da recuperação de respostas mais completas
A partir dessas discussões, é criado também o projeto Linked Open Data (LOD),
68
cujo objetivo é alimentar a Web com conjuntos de dados estruturados por meio de
padrões como o RDF (Resource Description Framework), e estabelecer links entre itens
de diferentes fontes de dados (W3C, 2017). No entanto, para que esses processos sejam
possíveis num contexto de Web semântica, é necessário que seja assegurada a qualidade
dos dados que estão disponibilizados nos conjuntos de dados, visto que problemas de
qualidade nos conjuntos publicados podem resultar em obstáculos para sua utilização
por humanos e agentes de software que deles necessitam, bem como para a conexão
apontam para dimensões e metodologias de avaliação da qualidade dos dados, que são
requisitos que devem ser avaliados para se determinar a qualidade de dados publicados
Para tanto, foi realizada uma pesquisa de natureza qualitativa, do tipo exploratória, visto
teoricamente sobre seus conceitos e estabelecer relações entre eles. Foram realizadas
torno dos termos “curadoria digital”, “digital curation”, “web colaborativa” “web
69
2 CURADORIA DIGITAL NA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
pessoa responsável pela manutenção das obras de artes em museus, galerias etc.:
curadoria de artes”.
das ordens monásticas. No entanto, com o tempo passou a ser usado em relação aos
cuidados dos acervos museológicos e das galerias de artes, para designar o trabalho de
relação entre as obras e o público (WEBER, 2015). Por esse motivo, trata-se de um
informação ao longo de seu ciclo de vida, novas concepções têm sido observadas na
área da Ciência da Informação. Para Santos (2014), “o termo ‘curadoria’ foi transposto
longo de seu ciclo de vida, o que reduz os riscos ao seu valor em longo prazo e os
70
investimentos de tempo e recursos adequados para realizá-los em todo o ciclo de vida
as seguintes etapas:
Reavaliação: devolução dos objetos digitais que não tenham atendido aos
relevantes;
Esses processos devem ser realizados ativamente por pessoas qualificadas e por
digital é frágil, facilmente modificável e sujeita a exclusão acidental. Para isso, deve
colaborativos deve abarcar todas as etapas de seu ciclo de vida, a fim de evitar
informacionais. Além disso, deve haver uma avaliação e reavaliação apropriadas para
72
que conteúdos de qualidade estejam disponíveis, e conteúdos que não atendam aos
do domínio ou tipo de informação a ser curada, é a avaliação. Nesta etapa, devem ser
Linked Data podem contribuir para essa etapa da Curadoria Digital, especialmente para
COLABORATIVOS
sua necessidade de avançar em direção a uma Web Semântica, em que dados sejam
Qualidade dos dados foi definida por Richard Y. Wang (1998), um dos
principais pesquisadores do assunto, como fitness for use, ou seja, adequação para o uso
qualidade dos dados tem sido reconhecida porque sua ausência pode acarretar
73
consequências diversas.
dados está por trás de problemas cotidianos, como atrasos em entregas pelos correios e
bases de dados. Para os autores, muitas vezes a qualidade de dados é vista apenas como
domínio.
qualidade, como a completude e a precisão, que são duas das mais presentes nos estudos
sobre o tema.
74
A completude diz respeito a quanto um dado encontra-se completo em relação
ao esperado. Isso pode significar a presença de valores nulos, por exemplo, que seriam
demanda o questionamento sobre o porquê dessa ausência. Caso seja constatado que a
informação não existe no mundo real, a presença de valores nulos não é considerada um
nossa), refere-se a:
metadados de descrição e autoria, como título, descrição, autor, data, etc., para avaliar o
Wang (1996) não definem a precisão, mas afirmam que a imprecisão ocorre quando um
sistema de informação não representa algo do mundo real da forma como deveria.
relevantes para a avaliação dos dados no contexto do Linked Data, mas também na
75
Para a informação produzida no âmbito de projetos colaborativos em ambientes Web, a
para a sua Curadoria Digital. A verificação de metadados, por exemplo, essenciais para
4 CONSIDERAÇÕES
dados, isto é, aspectos que os dados digitais devem ter para que realizem
76
dados é um atributo essencial para que os ideais da Web semântica se concretizem da
Neste artigo, buscou-se elencar as relações que podem ser estabelecidas entre as
por sua vez, indica a avaliação de quanto um dado está representado corretamente e
precisão podem ser aplicadas à fase de avaliação na Curadoria Digital das informações
produzidas em projetos no domínio da web. Neste caso, a completude dos dados poderia
que se encontra preenchida. A precisão poderia ser aplicada para avaliar a adequação da
na Web.
77
caminhos para outras pesquisas, que envolvam as demais dimensões de avaliação da
REFERÊNCIAS
ABBOT, D. What is digital curation? Digital Curation Centre, 2008. Disponível em:
<https://www.era.lib.ed.ac.uk/bitstream/handle/1842/3362/Abbott%20What%20is
%20digital%20curation_%20_%20Digital%20Curation%20Centre.pdf?sequence=2>.
Acesso em: 8 abr. 2018.
BIZER, C.; HEATH, T.; BERNERS-LEE, T. Linked Data: the story so far.
International Journal on Semantic Web and Information Systems, v. 5, n. 3, p. 1-
22, 2009. Disponível em: <http://eprints.soton.ac.uk/271285/1/bizer-heath-berners-lee-
ijswis-linked-data.pdf.>. Acesso em: 5 abr. 2018.
WANG, R. Y.; STRONG, D. M. Beyond accuracy: what data quality means to data
consumer. Journal of Management Information Systems, v. 12, n. 4, p. 5-33, 1996.
YAKEL, E., et al. Digital Curation for Digital Natives. Journal of Education for
Library and Information Science, v. 52, n. 1, p.23-31, jan. 2011.
79
80
81
9
DESIGN DA INFORMAÇÃO E CURADORIA
DIGITAL NO MUSEU DA PESSOA
Karen Kahn
Maria José Vicentini Jorente
1 INTRODUÇÃO
82
capacitados aos desafios propiciados pela Web Social ou Web 2.0 (FUMERO, 2007).
Ainda que haja polêmica em torno do conceito Web 2.0, O’Reilly (2005) aponta
diferenças entre a Web 1.0 e a Web 2.0, esta última vertida em plataforma para serviços
profissionais ou não - que nela adentram e interagem, como ocorre em blogs e sites
(JOHNSON, 2003).
ambiência digital do Museu da Pessoa, um museu híbrido, tendo em vista seu acesso e
utilizada por pessoas de modo eficaz, tendo em vista uma comunicação eficiente por
Nota-se que, além de organizar e estruturar a apresentação visual, ele atua também em
informação.
custodiais em ambiência digital exigem dos novos agentes informacionais que atuem
Jorente (2015), entre tais saberes estão os recursos do Design da Informação, tanto para
2
Link para Digital Curation Centre. Disponível em: <http://www.dcc.ac.uk/digital-curation/what-digital-
curation>. Acesso em: 20 mar. 2018.
83
a organização da apresentação da informação em interfaces do sistema quanto para a
armazenamento e preservação.
adotado pelo DCC. Trata-se de um gráfico que indica as etapas das boas práticas de
reuso3 e transformação.
3
Observa-se que, no paradigma da pós-custodialidade (RIBEIRO, 2010), reflete-se sobre conceitos tais
como usuário, uso e reuso no que concerne à informação. Verifica-se que, em ambiências digitais, o
termo internauta tem sido uma alternativa ao termo usuário; e, compartilhamento, uma alternativa a uso e
reuso da informação.
84
Figura 1 - DCC Curation Lifecycle Model
Apache Shiro 1.0, plataforma Open Source que suporta o Museu da Pessoa, processo
85
padrões.
2014).
portal do Museu.
participativa direta por imersão na interface Conte sua História (CSH), verificam-se
86
estratégias ou recursos de DI para emergências online de novos acervos, frutos da
que podem moldar e serem moldados no e pelo simulacro que entrelaça homem e
mundo.
Digital do Museu da Pessoa poderá, ainda, ser modelar para Instituições de Informação
eticamente, na crença de que todo ser humano, anônimo ou célebre, tem o direito de
eternizar e integrar sua história à memória social. Para Thompson (2005), editor-
texto motivacional para que internautas postem textos, imagens e vídeos com suas
87
histórias de vida a serem musealizadas e compartilhadas.
e indexarem suas histórias, geram metadados, informações estas que poderão ser
condição para adentrar o sistema para interações na Web 2.0. Observa-se que uma
história ou objeto digital pode ser composta por textos, imagens e vídeos; bastando, para
Como contar uma história; e destaque para a importância da etiquetagem das histórias
folksonomia para inserção dos objetos ou arquivos digitais na base de dados do sistema,
vida pode ser realizada tanto no portal em CSH (front-end) quanto institucionalmente na
colaborativa.
história poderá ser, ainda, sobre a vida de um terceiro. Por motivos legais, antes da
idade.
4
Observa-se que, em sistemas de gerenciamento de conteúdo (CMS), os termos front-end e back-end
referem-se às interfaces visualizadas por internautas visitantes no portal do ambiente digital (frente) e por
internautas administrativos na base de dados do ambiente digital (fundo), respectivamente. Para mais
informações: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Front-end_e_back-end>. Acesso em: 20 mar. 2018.
89
Figura 3 - Captura de tela da seção de cadastro de história no Museu da Pessoa
imagens, sendo que o vídeo deverá, primeiramente, ser postado no YouTube. Observa-se
que, posteriormente, apenas a URL gerada naquela plataforma será indexada na base de
dados do Museu, uma vez que os sistemas interoperam. Verifica-se que o vídeo
completo será assistido apenas no canal do Museu da Pessoa no YouTube; não em seu
portal.
complementação de metadados.
Prosseguir. Destaca-se que o processo não avança para a quinta e última etapa sem o
90
sistema questiona: o que você deseja fazer agora? Publicar a História ou não publicar
ainda? Observa-se que, ainda que não se publique, a história permanece gravada no
cadastrada na Área Pessoal do internauta. Nesta área, histórias e coleções podem ser
Deste modo, a experiência oferecida pelo Museu, por meio do DI de sua Curadoria
Digital, é uma oportunidade, aos sujeitos que em sua ambiência digital adentram, para a
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A plataforma Apache Shiro 1.0 que suporta o Museu, flexível para cadastro,
Neste sentido, observa-se que, por meio do DI previsto em e para sua Curadoria
91
interativamente, atuarem como criadores e colecionadores de memórias próprias e,
Assim, entende-se o Museu da Pessoa como modelo da custódia ampliada, uma mescla
Curadoria Digital e da CI. Por exemplo, um plano institucional que contemple parcerias
plataformas livres e interoperantes para que seu acervo seja acessado e compartilhado
REFERÊNCIAS
92
BICALHO, L. M.; OLIVEIRA, M. Aspectos Contextuais da Multidisciplinaridade e da
Interdisciplinaridade e a Pesquisa em Ciência da Informação. Encontros Bibli: Revista
Eletrônica da Biblioteconomia e Ciência da Informação, Florianópolis, v. 16, n. 32, p.
1-26, 2011. Disponível em:
<https://periodicos.ufsc.br/index.php/eb/article/viewFile/1518-
2924.2011v16n32p1/19336>. Acesso em: 10 mar. 2018.
FUMERO, A. M. Contexto sociotécnico. In: FUMERO, A.; ROCA, G. Redes Web 2.0.
Fundación Orange, 2007, p. 8-64. Disponível em:
<http://www.oei.es/historico/noticias/spip.php?article762>. Acesso em: 20 mar. 2018.
GARRETT, J. J. The elements of user experience: user-centered design for the web.
New York: Aiga, 2003.
HIGGINS, S. The DCC curation life cycle model. International Journal of Digital
Curation, v. 3, n. 1, p. 134-140. 2008.
O’REILLY, T. O que é Web 2.0: padrões de design e modelos de negócios para a nova
geração de software, 2005. Disponível em:
<http://pressdelete.files.wordpress.com/2006/12/o-que-e-web-20.pdf>. Acesso em: 8
mar. 2018.
94
São Paulo: Pinacoteca do Estado: Secretaria de Estado da Cultura: Comitê Brasileiro do
Conselho Internacional de Museus, 2010. v. 1. p. 123-126.
SAYÃO, L.F.; SALES, L.F. Curadoria Digital: um novo patamar para preservação de
dados digitais de pesquisa. Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v. 22, n. 3, p. 179-191,
set./dez. 2012. Disponível em:
<http://www.ies.ufpb.br/ojs/index.php/ies/article/view/12224/8586>. Acesso em: 10
mar. 2018.
95
10
PLATAFORMAS WEB DE TEMÁTICA
AFRO: A APLICAÇÃO DO DESIGN DA
INFORMAÇÃO E WEB 2.0 NO RESGATE E
COMPARTILHAMENTO DE INFORMAÇÃO
E MEMÓRIA
Nandia Leticia Freitas Rodrigues
Maria José Vicentini Jorente
1 INTRODUÇÃO
96
lembrar, e escondendo elementos do passado que não são tão interessantes à narrativa
brasileiro nos livros didáticos de História do Brasil, nas revistas, na televisão, na Web e
plataformas Web nos dias atuais e a necessidade de se construir uma contra narrativa à
ambiente Web pode contribuir para o não apagamento da história e memória do povo
Web de temática afro para que atue com eficiência e eficácia no processo de
97
disseminação de informação?
Nos dias atuais, o ambiente Web tem se tornado um terreno fértil para a
grande potencialidade desse ambiente, vê-se como alternativa pontual – ainda que de
colonial e até pouco tempo atrás eram escritas sobre, por, e para o colonizador. Além
memória.
98
conteúdos. A ideia central é que se crie um espaço no meio digital em que as pessoas,
digital onde a história possa ser contada, recontada e disseminada sob a ótica dos
DIFERENTES
povos.
maneira geral, segundo o antropólogo Roque de Barros Laraia (1988), pode ser
entendida como uma rede de ações cotidianas, composta por hábitos, costumes, valores,
crenças, linguagens, morais, leis e normas que regulam as ações humanas e determinam
a forma como o ser humano percebe e compreende o mundo ao seu redor. Ainda
99
Moles, em sua abra clássica intitulada Sociodinâmica da Cultura (1974, p. 19), a cultura
suportes.
cunhado por Abraham Moles diz respeito a uma complexa junção de fragmentos de
cotidianamente nos meios em que vivem, compondo, dessa maneira, o fenômeno social
exclusão, ideia de soberania de uma cultura sobre outra, dilemas identitários, entre
100
O multiculturalismo não é apenas uma ideia vaga de que a convivência
pacifica entre distintos modos de vida num determinado estado/nação é um
objetivo, em si, positivo, mas uma política governamental distintiva, através
da qual diferenças culturais muitas vezes reificadas são celebradas através de
políticas de representação e distribuição de recursos materiais e simbólicos
(MACAGNO, 2014, p. 15).
cultura de um povo, cidade ou nação, o seu caráter singular. Nesse sentido, salientamos
que não há hierarquias entre as culturas, isto é, em linhas gerais, nenhuma cultura é
superior ou inferior à outra, cada uma possui sua historicidade, singularidade, e suas
complexidade cultural que compõem a sociedade é fundamental para minimizar e/ou até
Portugal, Itália, Japão, China e de vários países do Continente Africano, entre outros.
Somados aos povos originários, que essa terra já habitavam antes da colonização
que, por vezes, violaram os princípios de direitos humanos. A exemplo disso, citemos o
negros, nativos das mais diferentes regiões do Continente Africano, foram retirados
5
Slave Voyages (viagens escravas). O Banco de Dados do Tráfico Transatlântico de Escravos reúne
informações sobre quase 36.000 viagens negreiras. Disponível em:
<http://slavevoyages.org/assessment/estimates>. Acesso em: 10 mar. 2018
101
condição da escravidão em terras brasileiras. Em decorrência da diáspora, sobrevivendo
outros.
Nesse sentido, realizar uma revisão crítica do quadro histórico em que se deu o
O aumento desordenado dos fluxos migratórios dos mais diferentes povos para o
segundo apontam alguns autores como Macagno (2014), Adesky (2005) e Gonçalves e
Silva (2003), por vezes fragmentou, massacrou e até mesmo apagou algumas
longo do tempo, vêm sendo marcadas por significativos conflitos, sobretudo motivados
culturas no Brasil.
102
entanto, na contemporaneidade, com o desenvolvimento e aprimoramento das TIC e,
sobretudo, a alta adesão da Internet e dos ambientes Web 2.0 pelos cidadãos, observa-se
que essa realidade passa por mudanças, ainda que sutis, em direção à desmistificação de
últimas duas décadas, tem se mostrado crescente, e tem impactado de forma direta e/ou
[...] a nova mídia eletrônica não apenas possibilita a expansão das relações
sociais pelo tempo e espaço, como também aprofunda a interconexão global,
anulando a distância entre as pessoas e os lugares, lançando-as em um
contato intenso e imediato entre si, em um "presente" perpétuo, onde o que
ocorre em um lugar pode estar ocorrendo em qualquer parte [...] Isto não
significa que as pessoas não tenham mais uma vida local - que não mais
estejam situadas contextualmente no tempo e espaço. Significa apenas que a
vida local é inerentemente deslocada - que o local não tem mais uma
identidade "objetiva" fora de sua relação com o global (du Gay, 1994).
plataformas Web como um novo local de fala dos indivíduos, principalmente pelas
plurais, visando resgatar a sua história, pois foram silenciados pela história oficial. No
103
Entretanto, salientamos que a produção e disponibilização de informação massiva e
desordenada no ambiente Web pode ser, e muitas vezes é, ineficiente, e até mesmo
complexa torne-se mais facilmente acessada e assimilada pelas pessoas que a procuram
nesses ambientes. As autoras enfatizam, ainda, que o Design não trata somente do
desenho - representação estética - destes ambientes, mas que sua aplicabilidade está
isto é, às tarefas.
mapa das linhas de metrô de Londres, criado por Harry C. Beck, e o outro é o trabalho
104
XX, impulsionado pelos acentuados avanços tecnológicos e científicos. Para os autores,
“nos dias atuais, o design envolve a produção não só de objetos materiais, mas também
ambientes digitais, a atuação dos designers tem se mostrado ainda mais crescente nos
últimos anos, uma vez que sanar as necessidades informacionais do indivíduo de forma
4 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
105
específica de temática afro, e considerando que este trata-se de um estudo ainda em
andamento, a partir dos estudos dos textos da literatura da área disponíveis e nos
resultados parciais levantados até o presente momento, tem-se uma breve construção de
Web voltados à temática afro. Ainda há muito que ser estudado e debatido.
temática, a fim de contribuir com a ampliação dos debates em torno das questões aqui
levantadas.
REFERÊNCIAS
BELL, D. The end of ideology in the West. In: ALEXANDER, J.; SEIDMAN, S. (Ed.).
Culture and society. Contemporany debates. New York: Cambridge University
Press, p. 290-297, 1993.
106
DU GAY, P. Some course themes. Milton Keynes. The Open University, 1994. Não
publicado.
107
11
A FOLKSONOMIA NA CURADORIA
DIGITAL: PERCEPÇÕES DE NOVAS
APLICAÇÕES A PARTIR DA EXPERIÊNCIA
DA BRITISH LIBRARY NA PLATAFORMA
FLICKR
Gabriela de Oliveira Souza
Maria José Vicentini Jorente
1 INTRODUÇÃO
2017). Dessa forma, a quantidade de objetos digitais aumenta a cada dia (SANTOS,
“preservar e agregar valor aos dados de pesquisa digital ao longo de seu ciclo de vida”
108
O termo Curadoria, de acordo com Longair (2015), refere-se ao termo Curare,
do latim, que significa “cuidado para”, e o termo Curador vem de Curator Bonorum,
uma figura de relativa importância no Direito Romano, que em 435 a.C. denominava o
indivíduo que cuidava do patrimônio de um devedor enquanto seu caso passava por
análise no tribunal (RAMOS, 2012). No século XVII, o termo Curadoria era utilizado
preservação de acervos físicos. Nos séculos XVIII e XIX passa a ser utilizado na área
ser utilizado no comércio para nomear o indivíduo que cuidava dos direitos dos
científicos entre 1960 e 1970. Entre os anos de 1980 e 1990 o termo “Curadoria de
Dados” passa a ser utilizado para o tratamento de dados científicos (LEE; TIBO, 2011),
apenas em 2010.
dados digitais ao longo de todo seu ciclo de vida, garantindo uma boa gestão desses
não paginado). Santos (2014) ainda apresenta a Curadoria Digital como um “conceito
109
atividade contínua que visa assegurar a sustentabilidade dos dados digitais ao longo do
de forma colaborativa na Web. O termo é a junção das palavras folk (povo, pessoas) e
taxonomy (taxonomia). Nesse processo, o internauta classifica o objeto por meio de uma
tag, ou etiqueta, e por meio dessa tag é possível recuperar esse objeto informacional
ou seja, de baixo para cima, dos internautas para os profissionais da informação, o que
facilita a recuperação da informação, pois dessa forma pode-se saber como as pessoas
posteriormente esse objeto pode ser recuperado com maior facilidade pelo indivíduo,
(2007), uma Folksonomia possui três princípios: a tag, um objeto marcado por uma tag
110
e a identidade, e segundo ele folksonomy is tagging that works, ou seja, segundo
Folksonomia como:
na Web feita por meio das tags, que ele define como palavras chaves escolhidas
múltiplas em um mesmo objeto, tal como ocorre no cérebro humano, ao invés de utilizar
que as informações presentes nas Folksonomias são formadas pela tríade sujeito –
111
A Folksonomia ocorre no âmbito da Web 2.0, que é um termo introduzido por
delas seria a possibilidade de estender as ações que geravam taxonomias na Web 1.0,
dizer que a Folksonomia está inserida no contexto da Curadoria Digital, podendo, dessa
forma, ser considerada um recurso da Curadoria Digital pois, segundo Yamaoka (2012)
112
Ou seja, a Folksonomia pode ser considerada como um recurso da Curadoria
objetos digitais. Ela se insere na fase de “acesso, uso e reuso” (access, use & reuse) do
ciclo de vida da curadoria do Digital Curation Centre (DCC), de acordo com o modelo
access, use & reuse e transform (acesso, uso & reuso e transformar). A fase de acesso,
uso & reuso implica que os dados estejam disponíveis aos internautas para que as
lado, implica que novos dados podem ser criados a partir dos dados originais (DCC,
2004). Nesse sentido, a Folksonomia possibilita o acesso e o uso dos dados, além de
113
garantir a transformação desses dados, pois os indivíduos têm a possibilidade de criar e
podem ser visualizadas por qualquer indivíduo que esteja utilizando a Internet. No
seu conteúdo (OLIVEIRA; VITAL, 2015). Trata-se de uma plataforma que permite uma
cinco tags a uma imagem, além das tags adicionadas pelo próprio Flickr. O Flickr
determina algumas tags para que, a princípio, a imagem seja facilmente recuperada.
Nesse contexto, as tags funcionam como palavras chave que indicam o conteúdo de
uma imagem, e a partir dessas tags pode-se encontrar a imagem desejada de forma mais
eficiente.
Para adicionar tags a uma imagem no Flickr, o internauta deve estar cadastrado
114
abaixo dela, na parte inferior direita, há uma listagem de tags, e logo acima dessa lista
de tags encontra-se o botão “Adicionar tags”. Ao clicar no botão, uma caixa de texto
para adicionar a tag é mostrada. Deve-se digitar a tag desejada e teclar Enter para
adicionar a tag. A tag adicionada passa a fazer parte da “nuvem” de tags da imagem.
Após adicionada a tag, o internauta pode realizar uma busca por imagens na
plataforma, buscando pela tag que adicionou. A imagem será rapidamente recuperada, e
aparecerá nos primeiros resultados da busca. De acordo com Oliveira e Vital (2015), há
115
“Image taken from page 328 of '[Our Earth and its Story: a popular treatise on
physical geography. Edited by R. Brown. With ... coloured plates and maps, etc.]'” e foi
adicionada a ela a tag “Orquídea”. Uma segunda imagem, intitulada “Image taken from
vale ressaltar que foi utilizado o sinal _ (underline) para separar as palavras para que
não fossem adicionadas como tags isoladas. Uma terceira imagem, “Image taken from
page 113 of 'The Dark Colleen. A love story. By the author of “The Queen of
Connaught” [i.e. Harriet Jay]'”, recebeu a tag “Letra_capitular”. Feito isso, as imagens
foram buscadas separadamente por suas respectivas tags, e todas foram rapidamente
recuperadas.
Folksonomia pode ser utilizada como um recurso da Curadoria Digital, uma vez que
4 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
116
A partir da análise da plataforma Flickr e da revisão de literatura realizadas neste
artigo, pode-se afirmar que a Folksonomia pode ser um importante recurso a ser
utilizado pela Curadoria Digital, já que ela pode ser praticada em duas fases do ciclo de
Por outro lado, o exercício nesse contexto, nos animou a levantar hipóteses sobre
bibliotecas, por exemplo. Os sujeitos que interagem com ambientes de uma biblioteca,
forma que ocorre no Flickr, conseguindo recuperá-los posteriormente por meio das
ponto de vista que entende necessária a revisitação dos ambientes digitais e presenciais
117
REFERÊNCIAS
BRAYNER, Aquiles Alencar. Entrevista com Aquiles Alencar Brayner. Acervo, Rio de
Janeiro, v. 29, n. 2, p. 9-15, 2016. Entrevista concedida a Dilma Cabral, Cláudia
Lacombe Rocha e Rosely Rondinelli. Disponível em:
<http://revista.arquivonacional.gov.br/index.php/revistaacervo/article/view/725>.
Acesso em: 08 dez. 2017.
118
OLIVEIRA, Rafael Alves de; VITAL, Luciane Paula. Análise e indexação de imagens
na rede Flickr. Em Questão, v. 21, n. 2, p. 7-30, 17 set. 2015. Faculdade de
Biblioteconomia Comunicação. DOI: http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245212.7-30.
O'REILLY, Tim. What is web 2.0: design patterns and business models for the next
generation of software. O’Reilly Media, California, 2005. Disponível em:
<http://www.oreilly.com/pub/a/web2/archive/what-is-web-20.html?page=1>. Acesso
em: 10 jan. 2018.
119
12
CURADORIA DIGITAL E DESIGN DA
INFORMAÇÃO NOS WEBSITES DE
BIBLIOTECAS PÚBLICAS: UMA ANÁLISE
NO ESTADO DE SÃO PAULO
Stephanie Cerqueira Silva
Maria José Vicentini Jorente
1 INTRODUÇÃO
sociedade que, ao aderir o uso das TIC e dos recursos que a Internet oferece, pôde
Por outro lado – compreendendo que as Bibliotecas Públicas (BP) têm um papel
os serviços e projetos por elas prestados, informações básicas como a história, o horário
Porém, mais importante é, pensando no papel mediador social e cultural que exercem,
Desse modo, o recurso dos Websites por uma parcela maior de BP no país,
importante para um país que apenas 55% sabe da existência de biblioteca em sua
número de cidadãos com acesso à Internet no Brasil, que somam mais de 105 milhões
6
Disponível em: <http://prolivro.org.br/home/index.php/atuacao/25-projetos/pesquisas/3900-pesquisa-
retratos-da-leitura-no-brasil-48>.
121
de brasileiros, segundo dados do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento
Este artigo faz um diagnóstico nos Websites das bibliotecas públicas das
2 DESENVOLVIMENTO
sua comunidade.
carregam ressalta a importância de estarem inseridas no contexto digital, uma vez que o
122
A BP, para Milanesi (1995, p. 58), “exige, para seu desenvolvimento, uma
consciência da realidade que faz parte da visão geral que os indivíduos têm da
acompanhando o contexto em que a sociedade está inserida, e uma vez que a sociedade
digitais é fundamental.
fosse compartilhada e moldaram toda a sociedade. Para Castells (2003, p. 10), “Nossas
vidas são profundamente afetadas por essa nova tecnologia da comunicação. Por outro
sociedade, os Websites são aliados dessa ascensão. Desde a sua criação no fim da
década de 90 com a World Wide Web (WWW), os Websites são essenciais para a
sons em sua composição, principalmente com o advento da Web 2.0 ou Web Social, que
O conceituador da Web 2.0, O’Reilly (2005, p. 2, tradução nossa), afirma que ela
“não tem fronteiras rígidas, mas pelo contrário, tem um centro gravitacional. [...]
interligam um verdadeiro sistema solar de sites [...]”. Sendo assim, o espaço para se
trabalhar dentro da Web 2.0 é infinito, o que resulta, segundo Jorente (2012), na criação
123
inter e transdisciplinar, que é veiculado por meio dos processos informacionais digitais.
promoção e fornece acesso às coleções digitais, bem como as digitalizadas, a fim dar
seja encontrado por qualquer indivíduo e em qualquer tempo, mas também no apoio à
preocupação diferente, mesmo que todas partam da mesmo objetivo, é vista como um
124
2. Destilação (a ação de curadoria nas informações de maneira mais
simplista): prepara o conteúdo selecionado para que ele tenha uma estrutura
mais clara e transparente [...];
3. Elevação (a ação de curadoria para identificar uma tendência ou maior
percepção): envolve na análise e interpretação de dados e informação
recolhidos por meio da agregação e da destilação;
4. Mashup (a ação de curadoria de justaposição única, mescla e utiliza de
conteúdos já existentes para a criação de um novo ponto de vista): envolve
representações de dados em variados novos contextos;
5. Cronologia (a ação de curadoria que reúne informações históricas baseadas
no tempo): envolve a criação de um cronograma para análise histórica e
representações próximas, ou vagamente, relacionadas a eventos.
(BARGHAVA, 2011 apud SABHARWAL, 2015, p. 20, tradução nossa).
“Níveis de modelos de curadoria online”, é possível traçar diferentes caminhos para que
o trabalho a ser utilizado nos Websites das bibliotecas públicas tenham resultados
internauta.
125
Uma área do design gráfico que objetiva equacionar os aspectos sintáticos,
semânticos e pragmáticos que envolvem os sistemas de informação através
da contextualização, planejamento, produção e interface gráfica da
informação junto ao seu público alvo. Seu princípio básico é o de otimizar o
processo de aquisição da informação efetivado nos sistemas de comunicação
analógicos e digitais. (2006 apud QUINTÃO; TRISKA, 2014, p. 109).
relação do DI com as interfaces está entre as sete caracterizações do design descritas por
artefatos propostos por essa pesquisa e o Design da Informação que irá nortear a
Informação têm diante de possíveis melhorias nos Websites das bibliotecas públicas, e
podendo, assim, contribuir para a aproximação das bibliotecas públicas com a sua
comunidade.
126
Essa pesquisa, ainda em desenvolvimento, objetiva realizar um diagnóstico nos
Websites das BP das mesorregiões do Estado de São Paulo, verificando aquelas BP que
distratais, estaduais e federais, desse total, 1.958 estão localizadas na Região Sudeste do
de 800 bibliotecas públicas estão presentes por todas as regiões de São Paulo. Esse dado
mostra que mais de 40% das bibliotecas localizadas na Região Sudeste pertencem ao
apenas para a cidade que dá nome a mesorregião, que são elas: Araçatuba, Araraquara,
função é avaliar se o Website possui bons princípios do design e, por essa razão, se
127
Sistema; 2) Falar a linguagem do internauta; 3) Saídas claramente demarcadas; 4)
Estética e design minimalista, sendo ela um dos aspectos importantes para a usabilidade,
uma vez que a forma deve se adequar ao conteúdo para que o internauta se sinta bem ao
cidade:
Com esse breve levantamento dos Websites que as bibliotecas públicas dessas
funcionamento - sobre a biblioteca matriz e seus ramais e/ou extensões. Poucas delas
bibliotecas são as que menos possuem Websites próprios ou os recursos oferecidos nos
Websites pode contribuir para que mais pessoas desconheçam a existência das
129
bibliotecas físicas, os serviços e projetos oferecidos por elas e, ao mesmo tempo,
4 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
tecnologias.
A pesquisa que gerou esse artigo encontra-se em fase inicial. Contudo, com base
ações nessa temática a fim de contribuir para a área e para o redesenho das bibliotecas
REFERÊNCIAS
130
BERNES-LEE, Tim. Hearing on the "digital future of the united states: parti I - the
future of the world wide web". Decentralized Information Group, Cambridge, 2007.
Disponível em: <http://dig.csail.mit.edu/2007/03/01-ushouse-future-of-the-web.pdf>
Acesso em: 20 mar. 2018.
FAILLA, Zoara (Org.). Retratos da leitura. 4. ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2016. 296
p. Disponível em:
<http://prolivro.org.br/home/images/2016/RetratosDaLeitura2016_LIVRO_EM_PDF_F
INAL_COM_CAPA.pdf>. Acesso em: 13 mar. 2018.
131
JORENTE, Maria José Vicentini. Impacto das tecnologias de informação e
comunicação: cultura digital e mudanças sócio-culturais. Informação e Sociedade,
João Pessoa, v. 22, n.1, p. 13-25, 2012. Disponível em:
<http://www.periodicos.ufpb.br/index.php/ies/article/view/12672/7357> Acesso em: 24
mar. 2018.
JORENTE, Maria José Vicentini; SILVA, Anahi Rocha; PIMENTA, Ricardo Medeiros.
Cultura, memória e curadoria digital na plataforma SNIIC. Liinc em Revista, Rio de
Janeiro, v. 11, n. 1, p.122-139, 29 maio 2015. Liinc em Revista. Disponível em:
<http://revista.ibict.br/liinc/article/view/3637>. Acesso em: 21 mar. 2018.
MILANESI, Luis. O que é biblioteca. 10. ed. São Paulo: Brasiliense, 1995. 109 p.
Coleção Primeiros Passos, 94.
O’REILLY, T. What is Web 2.0: Design Patterns and Business Models for the Next
Generation of Software. O’REILLY Media, Sebastopol, 2005. Disponível em:
<http://www.oreilly.com/pub/a/web2/archive/what-is-web-20.html> Acesso em: 20
mar. 2018.
133
13
CURADORIA DIGITAL EM REPOSITÓRIOS
INSTITUCIONAIS: CONTRIBUIÇÕES PARA
A VISIBILIDADE DAS TEMÁTICAS LGBT,
DIVERSIDADE DE GÊNERO E
SEXUALIDADE
Simão Marcos Apocalypse
Maria José Vicentini Jorente
1 INTRODUÇÃO
informacionais e o modo de interação dos indivíduos com esses meios têm impactado
134
significativamente na forma com que a informação é compreendida (SÁEZ VACAS,
2007).
mídias, que, por meio delas, circulam, perfazem um meio de tramitação da informação e
2011).
Planella Ribera (2006), as produções científicas acerca dessas temáticas necessitam ser
de interesse social e coletivo, deve-se pensar também nas formas em que essa produção
135
será compartilhada com a comunidade acadêmica e a população como um todo.
conteúdos informacionais.
seguinte questão: de que maneira a Curadoria Digital pode contribuir para a visibilidade
136
abordadas e outras áreas que as perpassam, construindo uma base teórica para a
pesquisa.
digitais podem contribuir para que as produções desse segmento adquiram maior
visibilidade.
DIGITAIS
Internet, criada pela Agência de Projetos de Pesquisa Avançada (ARPA), que fazia parte
desenvolvido por Ted Nelson, idealizou a World Wide Web (CASTELLS, 1999, p. 88).
sociais consideráveis.
137
Em meio ao contexto de desenvolvimento das TIC, surgem os repositórios, que
Boso (2011) subdivide em três tipologias, sendo elas: Repositórios temáticos, que
garantir o acesso à informação, de modo livre e permanente. Nesse sentido, Sayão et al.
universidades.
Sayão et al. (2009) reitera que o papel dos repositórios é de suma importância
138
possibilitando que a população em geral acesse o conteúdo disponibilizado, além de
devem também possibilitar visibilidade ao que é produzido, como apontam Leite et al.
(2012):
Nesse contexto, a busca por meios para que o conteúdo informacional produzido
área da informação devem conhecer seus processos e os recursos existentes para sua
disponibilização e disseminação.
meios de informação que fazem parte do contexto contemporâneo em que vivemos, têm
informação.
Web por pessoas que não possuem qualquer tipo de especialização voltada para áreas
Web e o modo com que esse fenômeno contemporâneo reflete em nossa sociedade.
139
3 CURADORIA DIGITAL
reuso do conteúdo informacional, sendo, desse modo, necessárias diversas ações para
que os dados disponíveis no ambiente digital sejam geridos de forma eficiente e eficaz,
140
[...] centro de especialização internacionalmente reconhecido em curadoria
digital com foco na capacidade de construção e habilidades para
gerenciamento de dados de pesquisa. O DCC fornece assessoria especializada
e ajuda prática para pesquisar organizações que desejam armazenar,
gerenciar, proteger e compartilhar dados de pesquisa digital. (DCC, 2018,
não paginado)
possuam mais qualidade e sejam compartilhados de modo eficaz, evitando que caiam
em desuso.
Santos (2014, p. 130) aponta a Curadoria digital como “as ações necessárias para
141
digitais, pode-se considerar como uma de suas características o compartilhamento da
renegadas pelas camadas dominantes. Contudo, aos poucos essas mesmas camadas vêm
conquistando espaço, representatividade, e direitos mínimos que até então lhes eram
negados.
Planella Ribera (2006) explicita em seu trabalho que o avanço está acontecendo,
perseguidas ou silenciadas ainda perduram. Padrões que distinguem o que pode ser
142
“bom” e homossexual como “ruim”, são reflexos de uma construção que visou
diversidade de gênero e sexualidade, nos deparamos com uma área pouco explorada e
desenvolvimento das tecnologias, pode ser considerado um importante aliado para que
5 DISCUSSÃO
143
Como enfatizado, é necessária a busca de meios para que temáticas pouco
dessas temáticas, nos dias atuais, tenham sido crescentes em ambientes universitários,
convergido seja recuperada de modo eficiente e eficaz, além de possibilitar, por meio da
conteúdos.
6 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
mais ampla que busca identificar meios para que a produção científica acerca das
A Curadoria Digital, de acordo com o DCC, pode contribuir para que o conteúdo
informacional de ambientes digitais seja mais bem gerido, e seu compartilhamento seja
144
melhorado, podendo ser considerada uma importante aliada na busca de visibilidade da
eficiência. Podem-se destacar como parte importante desse processo as ações que vão
Ainda referente ao processo de curadoria, o acesso, uso e reuso são etapas que
outros.
grande impacto social. Em um panorama geral, algumas temáticas ainda possuem pouca
tabus, criar novos comportamentos, informar para formar opiniões; em suma, exercer o
REFERÊNCIAS
ABBOTT, D. What is digital curation? Digital Curation Centre, 2008. Disponível em:
<https://www.era.lib.ed.ac.uk/bitstream/handle/1842/3362/Abbott%20What%20is
%20digital%20curation_%20_%20Digital%20Curation%20Centre.pdf?sequence=2>.
Acesso em: 09 mar. 2018.
145
BOSO, A. K. Repositórios de instituições federais de ensino superior e suas
políticas: análise sob o aspecto das fontes informacionais. 2011. 140 f. Dissertação
(Mestrado em Ciência da Informação) - Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 2011. Disponível em:
<https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/95776/296890.pdf?
sequence=1&isAllowed>. Acesso em: 05 mar. 2018.
146
14
A UTILIZAÇÃO DO ATOM NA
REPRESENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO NA
WEB: UMA ANÁLISE DOS PRINCÍPIOS E
NORMAS DE DADOS ABERTOS
Nandia Leticia Freitas Rodrigues
Lucineia da Silva Batista
Maria José Vicentini Jorente
1 INTRODUÇÃO
acesso à informação para um grupo cada vez mais amplo de indivíduos, por outro,
Davenport et al. (2012) salienta que trabalhar com grandes quantidades de dados,
últimos anos.
dos dados e sua transformação em respostas reais e práticas para as questões do dia a
ambientes digitais que buscam responder também a uma legislação para implementação
conhecida como Lei de Acesso à Informação (LAI), fez crescer as iniciativas para o
acesso aberto da informação pública aos cidadãos, bem como a criação e investimento
também se destacou por fundar, com outras nações, em 2011, a Open Government
148
Partnership, da qual participam vários países na construção de um portal para
2012.
informações públicas. Por conseguinte, o acesso não mais se restringe a somente uma
garantir o acesso e uso dessa crescente massa de dados. A partir delas visualizaram-se,
nesse sentido, sistemas digitais abertos, softwares apropriados para a curadoria, que vêm
149
possibilita o acesso à informação aos internautas, a partir de descrição em níveis,
dados digitais para a sua preservação, com autenticidade e confiabilidade que garantem
o acesso por longo tempo. Por conseguinte, a problemática do artigo se constrói a partir
ABERTO
muitos países têm aprovado Leis de Acesso à Informação Pública. No Brasil, a Lei nº
12.527, conhecida como Lei de Acesso à Informação (LAI), após 23 anos de discursões
NASCIMENTO, 2012).
150
No ano de 2016, segundo informações disponibilizadas no portal da
implementação da LAI.
possibilidades do acesso aberto e do uso dos dados públicos pela sociedade, sem
151
No âmbito da CI, muitos estudos têm surgido no intuito de debater questões
(Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul), no tocante às
uma ordem informacional que está longe de existir no Estado brasileiro” (JARDIM,
2012, p. 3). No entanto, nos dias atuais, (cinco anos após sancionada a LAI), essa
especificações da LAI.
que se debruçam sobre temática da LAI, principalmente no que tange à LAI na prática
da discussão do tema.
152
tecnicista, patrimonialista, custodial e moderno. Esse modelo envolve questões práticas
plena” (RIBEIRO, 2010, p. 65), o que, segundo Ribeiro (2002, p. 2), “significa uma
Segundo alguns estudos desenvolvidos por Cook (1993), Silva (2002) e Ribeiro
modelo francês, por ser oriundo da Revolução Francesa, que propiciou a abertura de
usado para definir instituições que lidam com informação, como Bibliotecas, Arquivos,
imposto pela realidade digital, encontram grandes desafios, pois segundo Canclini
153
(1998), a modernidade não ocorreu como um todo e não alcançou todos os níveis da
(CNPq) de 2014 que tinha por objetivo pesquisar a realidade dos Arquivos Permanentes
estudo global recentemente produzido pela Business Software Alliance (BSA, 2015)
intitulado What’sthe Big Deal With Data?, constatou-se que aproximadamente 2,5
quintilhões de bytes de dados são criados todos os dias no mundo. Porém, grande parte
desses dados não está disponível, e tampouco estruturado para o acesso ao público.
7
Em muitos casos, isso significa entrar na pós-modernidade, ou até mesmo na denominada Sociedade da
Informação, sem antes ter passado pela modernidade, o que se constitui em problemática não tratada neste
artigo e que deve ser tratada em outra ocasião, complementarmente.
8
Trata-se da pesquisa realizada, com fomento do CNPq, pelas bolsistas: Anahí Rocha Silva, Solene Dal
Evedove e Talita Cristina Silva, intitulada: A disponibilização da Informação em Websites de Arquivos
Públicos Permanentes no Brasil.
154
intuito de otimizar a disponibilização de dados a partir da sua estruturação para melhor
contemporâneas.
Nota-se que a abertura dos dados ao acesso pela sociedade é um movimento que
vem ganhando significativa força nas ultimas décadas. Segundo Machado (2015, p.
201), “Há 23 anos, surgia o arXiv.org, que hoje reúne quase 1 milhão de trabalhos,
usuários.
termo acesso aberto foi mencionado pela primeira vez no documento intitulado
segundo Machado (2015, p. 201) “[...] dar mais força ao processo de abertura de dados e
De acordo com a Open Definition (2007), Dados Abertos são: “[...] dados que
155
pelas mesmas licenças em que as informações foram apresentadas”. Diz respeito à
GROUP, 2007).
dados abertos, o OPEN Data Government Working Group definiu também um conjunto
de oito princípios a serem seguidos para que os dados possam ser considerados abertos,
características são:
formas agregadas;
antes, para que seja preservado o seu valor. Quanto mais atual mais útil será para o
156
usuário.
à informação sem restrições, como por exemplo, a exigência de registro para o acesso
aos dados;
acredita-se que algumas barreiras técnicas ainda devem ser superadas para atender com
excelência a esses oito princípios dos dados abertos, embora percebam-se os constantes
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
no ambiente digital, foi criado com base nas normas arquivísticas internacionais, para
dos dados.
157
O software AtoM utiliza-se de metadados arquivísticos para representar e
a. Ser um software de fonte aberta (open source), livre e gratuito, o que torna
não;
b. Estar em beta perpétuo, o que permite que o seu design seja atualizado e
c. Ser multilíngue, com a possibilidade de alterar sua interface para outras línguas,
como inglês, espanhol dentre outras que o administrador do sistema definiu para
ser traduzida;
instituições em seu sistema, como tem sido feito pelo Arquivo Nacional do
Brasil.
com a licença da A-GPL - General Public License (Licença Pública Geral), o que
158
oito princípios de dados abertos e como podem ser atendidos por esse software.
Primeiro princípio: Completos. Dados públicos são aqueles que não estão
dar o acesso completo à informação no ambiente digital. A descrição pode ser geral, isto
é, somente dos fundos arquivísticos preservados pela instituição, ou mais especifica, até
sociedade. Esse processo de descrição pode ser realizado no arquivo permanente, ou até
mesmo a partir do corrente, desde que se tenha uma boa gestão documental. Contudo,
para visualização dos documentos, que ainda são produzidos nas instituições públicas
Archivematica.
159
a garantia de acesso a longo prazo, o que depende da existência de recursos de
documentos para o sistema por meio do AtoM, ele se torna lento no processamento da
informação.
documentos arquivísticos, por si só, são considerados fonte primária, oriundos das
item (o que dependerá, por outro lado, das competências do profissional da informação
Terceiro Princípio: Atuais. Sua disponibilidade deve ser feita tão rapidamente
quanto necessária para preservar o valor dos dados. Neste sentido, a descrição e
administrativo.
ampla gama de usuários e as mais diversas finalidades. Uma vez publicado no AtoM,
160
Machado (2015, p. 218) entende que o sistema, por utilizar o formato PDF:
esquema de cinco estrelas em que é possível ocorrer a abertura de dados; segundo essas
estrelas:
A única exigência para que o dado seja considerado aberto é que os dados
sejam disponibilizados com licenças abertas. Mesmo um documento sendo
publicado em PDF ou PNG, se ele utiliza uma licença aberta, então pode ser
considerado um dado aberto. (ISOTANI, BITTENCOUT, 2015, p. 47)
para que o documento possa ser bem representado no ambiente digital, bem como de
informação, mesmo que esse ainda seja trabalhado de forma apenas sintática.
Além disso, o AtoM também se utiliza do Dublin Core, EAD, EAF, EAC e
SKOS para que as páginas possam ser representadas, de acordo com suas
especificidades. O Dublin Core auxilia na interoperabilidade dos dados, uma vez que é
composto por um conjunto de metadados gerais que descrevem a página Web; a EAD
9
Segundo a Adobe Acrobat DC, criadora do formato PDF, este agora é um padrão aberto mantido pela
International Organization Standardization (ISO). No entanto, a norma ISO 32000-1 alega que o
cumprimento desse formato pode conter uso de patentes relativas à criação, modificação, exibição e
processamento de arquivos PDF. Disponível em:
<https://www.loc.gov/preservation/digital/formats/fdd/fdd000277.shtml>.
Disponível em: <https://acrobat.adobe.com/br/pt/why-adobe/about-adobe-pdf.html>.
161
AtoM auxilia na importação e exportação de XML do vocabulário construído. Mesmo
por máquinas.
qualquer pessoa, sem necessidade de registro. O AtoM permite que a informação seja
exigência nesse sentido. Uma vez publicada, qualquer pessoa poderá acessar a
formato sobre o qual nenhuma entidade tem o controle exclusivo. O AtoM, por ser um
software livre, gratuito e open source, garante que a informação será acessada
gratuitamente, sem a necessidade de se pagar para mantê-la. De acordo com Machado
(2015, p. 219):
construção do AtoM resultou em um sistema de qualidade que pode ser utilizado por
162
Por se tratar de um sistema flexível, o AtoM dispõe de uma área voltada para
estes recursos são utilizados em Bibliotecas, para proteção dos direitos dos autores. Em
direitos sejam garantidos, bem como a liberdade e princípios dos dados abertos.
esclarece que há uma tradução equivocada desse princípio, pois os "[...] dados precisam
estar protegidos com algum tipo de licença para que não sejam apropriados por outra
parte que venha restringir a cadeia de inovação com base nessa informação" (2015, p.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
possa ter livre acesso à informação disponibilizada nestes ambientes. Nesse sentido,
163
muito mais que somente dar acesso, o sistema AtoM permite que a informação seja
indivíduo.
básico para se ter dados abertos disponibilizados por esse sistema. Percebe-se, também,
que o AtoM prepara os dados para uma realidade futura na Web, a Web semântica, em
funciona com sucesso nesse ambiente. Os multiníveis do AtoM permitem que os dados
abertura dos dados, atendendo portanto, aos oito princípios básicos. Ao permitir a
o AtoM pode ser visto como o ponto de partida para que as instituições comecem a se
Neste sentido, sugere-se, finalmente, como parte das considerações desse estudo,
REFERÊNCIAS
164
ABDALA, J.; NASCIMENTO, M. R. Lei de Acesso à Informação: um instrumento de
controle social da Administração Pública. AMOG, Minas Gerais, 2012. Disponível em:
<http://amog.org.br/amogarquivos/TCCPOS-TURMA-2012/Jamylton-Abdala.pdf>.
Acesso em: 13 abr. 2018.
MACHADO, J. Dados abertos e ciência aberta. In: ALBAGLI, S.; MACIEL, M. L.;
ABDO, A. H. (Org.). Ciência aberta, questões abertas. Brasília: IBICT; Rio de
Janeiro: UNIRIO, 2015, p. 201-229.
165
RIBEIRO, F. Gestão da informação/Preservação da memória na era pós-custodial: um
equilíbrio precário? In: MESA REDONDA DE PRIMAVERA: CONSERVAR PARA
QUÊ?, 8., 2015, Porto. Atas... Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto,
2015. Disponível em: <http://repositorio-aberto.up.pt/handle/10216/39365>. Acesso
em: 29 mar. 2018.
166