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PROPOSTA DE PEÇA A SER FEITA NO CEU – ATO ARTÍSTICO

TEXTO: WELINGTON MORAES

Cena 1 –

Uma GAIOLA se encontra à frente do CEU. Permanece por 03


(três) dias ali, mantendo dentro um HOMEM preso por grilhões,
com aparência de debilitado e seminu (PERFORMANCE
ARTÍSTICA). Na GAIOLA há placas penduradas com os dizeres:
NÃO ALIMENTE OS ARTISTAS e DIA XX/XX/XXXX, AS XX:XX
HORAS, SAIBA O PORQUE DESSE HOMEM ESTAR PRESO. No dia
da apresentação, a peça começa com toque solene do SILÊNCIO
tocado por um alto-falante. Ao fim o HOMEM inicia a gritar.

HOMEM: (gritando) O que eu to fazendo aqui? Por favor, alguém


me ajuda! Eu to com fome, eu vou morrer aqui... Eu não posso
morrer tão entendendo? Eu preciso ver alguém, eu preciso
conversar com alguém, (chorando) eu preciso ser alguém... Eu
nunca quis ser diferente, eu nasci assim!

O MARACATU começa a tocar uma batida militar. Durante a


batida vão indo em direção a gaiola, todos usando roupas
iguais, assim como uma mesma máscara, numa cor sombria e
sem personalidade. A frente está a COMANDANTE, usando a
mesma roupa dos guardas, com a mesma máscara, a única
coisa que a difere é um símbolo em seu antebraço, remetendo
a suástica nazista. Num gesto austero, ordena que os guardas
se retirem. Após verificar que está realmente sozinha, retira a
máscara, demonstrando ser uma mulher.

COMANDANTE: (dá um tapa no HOMEM) Você não percebeu


que não adianta gritar? Quanto mais você grita, mais apanha.
Deve ser esta maldita personalidade! Ser alguém, e quem disse
que você tem o direito de ser alguém? Aqui sob os meus
domínios, o pensamento pode matar (gargalha). Mas sabe que
eu me divirto com você? Tão patético...

HOMEM: Por favor, me dá alguma coisa para comer, eu to


faminto...

COMANDANTE: É tão fácil dominar vocês, “Panis at circenses”.

Entra a música Panis at cincenses, do grupo Os Mutantes pelo


alto-falante. A COMANDANTE retira um pão do bolso e o joga
no chão. O homem devora o pão feito um animal. A música
segue.

COMANDANTE: Às vezes eu sinto até um pouco de pena, mas


logo depois passa. Agora eu quero saber: quem lhe ensinou a
pensar?

HOMEM: (engasgando por comer tão depressa) Ninguém me


ensinou, eu nasci assim.

COMANDANTE: Não me faça perder a paciência! Eu sei que


vocês foram instruídos a dar esta resposta. Saiba que os outros
não resistiram tanto quanto você. Agora irei repetir: quem lhe
ensinou a pensar?

HOMEM: Você diz que eu sou patético, porem se esquece de


olhar pra si próprio. O pensamento é livre, ele surge onde menos
se espera, é um paiol prestes a explodir e é só preciso uma
fagulha.

COMANDANTE: Serei obrigado a usar de métodos mais


ortodoxos.

Retira do bolso um aparelho com um botão e o aperta. A


música Panis at cincenses para de súbito. A COMANDANTE
recoloca a máscara. Logo após outros dois guardas trazem uma
TV e a colocam na frente do HOMEM, o pegam e lhe colam as
pálpebras (fita adesiva), de modo que os olhos fiquem
arregalados. Saem os guardas. Inicia-se uma sequência de
imagens de programas estúpidos da TV. Homem se debate por
alguns minutos até sucumbir. Comandante ri.

Cena 2 –

Quatro tambores do MARACATU iniciam a batida militar,


seguindo em direção ao campo de futebol, escoltando nove
atores representando “pessoas normais” (POVO). O POVO usa
uma capa negra, assim como uma máscara sem personalidade,
os igualizando. Por baixo vestem roupas coloridas em contraste
a capa. Nesse primeiro momento a capa deve cobrir tudo, não
demonstrando as roupas por baixo. Cada um dos integrantes
do MARACATU vai a uma ponta do campo (corner). Ficam
tocando a batida militar enquanto o POVO fica marchando de
um lado ao outro num compasso marcado. Paralelo a isso inicia
(em OFF) um discurso no alto-falante.

Alto-falante – OFF: Cidadãos do CEU, devemos trabalhar duro


neste dia, a produção está abaixo de níveis aceitáveis, e vocês
são os culpados. Iremos diminuir a quantidade da ração diária,
para com isso nivelar o déficit. Saibam que desde que assumi o
poder não existe mais violência, nem fome nesta nação. Para
chegar onde estamos, trabalhei duro contra aqueles que querem
promover a discórdia e a anarquia. Sem o meu senso de
administração, o que restaria ao CEU seria o caos que reina por
fora dos muros de proteção que protegem nosso espaço. Graças
ao meu governo não temos mais materiais subversivos, tais
como livros ou filmes. Este tipo de material só nos leva a
degradação. Hoje nossa nação está limpa de (estática)...
Podemos (estática)... (estática) revendo...

O som do discurso emudece ao passo que entram dois


DESPERTOS, vestindo roupas coloridas. Com seus tambores
iniciam uma batida pulsante de maracatu, “duelando” com a
batida militar dos outros quatro guardas. Com o tempo a batida
pulsante vai sucumbindo a militar, um de cada vez. Alguns dos
integrantes do POVO vão se “transformando” também.
Retirando a máscara e a capa, começam a dançar no compasso
do maracatu. Quando sobrar apenas um integrante do POVO
vestido com a capa e a máscara, toca uma sirene. No alto
falante inicia a Cavalgada das Valquírias de Richard Wagner, ao
mesmo tempo que soldados invadem o campo e fazem o POVO
voltar ao estado inicial de submissão, usando de força
excessiva. Um daqueles que despertaram como POVO consegue
escapar, ele será o líder da resistência: ALEX. Ele vai até a frente
da porta de entrada do teatro do CEU, onde haverá um pano
esticado para que se faça uso da técnica de teatro de sombras.
Na sombra ALEX se despe das roupas e grita.

ALEX: Liberdade!

Cena 3 –

MARACATU volta a tocar a batida militar. A COMANDANTE


segue a frente, até o local onde está colocado um tecido
acrobático onde se encontra a MAJESTADE.

COMANDANTE Contando com o incidente de ontem já são 40 o


número de despertos, só nesta semana. Por que eles não se
acomodam? Está cada vez mais difícil controlá-los.
MAJESTADE: Estou muito desapontado senhor comandante. A
minha visão de um mundo perfeito está sendo abalada por uma
série de acontecimentos, os quais o senhor deveria estar
cuidando.

COMANDANTE: Majestade, eu creio que este laesa maiestatis


não acontecerá mais. Eu tenho o nome do desperto que está
comandando toda esta anarquia.

MAJESTADE: Então fale qual o nome, não vejo a hora de vê-lo


subjugado.

COMANDANTE: O nome é Alex. Ele era o número 1984 da


fábrica mestra. Seus dados o davam como morto, mas o homem
que estava na prisão o delatou após uma sessão do método
Ludovico. Os dados obtidos após o uso deste método são de
máxima veracidade. Coloquei alguns de meus guardas mais
eficientes a procura e espero dentro de pouco tempo saber seu
paradeiro.

MAJESTADE: Será muito vital a sua saúde que este verme seja
encontrado e exilado...

Um berro interrompe MAJESTADE.

GUARDA: Pegamos o líder deles!

MARACATU volta ao som marcial. A frente dois guardas


carregam o líder DESPERTO ALEX. O levam até a gaiola da
primeira cena, onde o HOMEM que lá estava preso, se encontra
morto. Os guardas soltam o HOMEM, o colocando num
carrinho de mão, despejando-o próximo dali, em pleno chão.
Prendem ALEX em seu lugar, usando do mesmo método para
deixá-lo de olhos arregalados (fita adesiva).
CENA 4 –

Mesma prisão da primeira cena. ALEX está com a aparência de


debilitado, está sendo vitima do método Ludovico, porem
resiste. A COMANDANTE está ali próximo observando, sem
máscara. Após ver que é inútil desliga o aparelho. Retira a TV
da frente de ALEX e os adesivos que mantinham seus olhos
arregalados. ALEX desmaia. Comandante fica a olhar
impressionada para ele, se sente atraída.

COMANDANTE: Impressionante! Nunca nenhum outro


prisioneiro resistiu ao método Ludovico.

Comandante passa a mão pelo corpo de ALEX. Se certifica de


que ninguém a observa e retira o livro de dentro de seu
uniforme.

COMANDANTE: (olhando para o livro) Um punhado de papel e


algumas centenas de letras... Como pode isso transformar tanto
as pessoas.

ALEX: (voltando a si) Se você se pergunta é porque já se


transformou também.

Comandante se assusta e guarda o livro.

COMANDANTE: Ora essa, que petulância. Quem lhe deu o


direito de julgar o que eu sinto ou o que eu penso.

ALEX: Sentir ou pensar... Você está duplamente em vantagem a


milhares de pessoas neste local, que foram impedidas de
usufruir de tais dádivas.

COMANDANTE: Dádivas? Ah! Não me faça rir. Saiba que aqui


onde estamos o pensamento pode matar!
ALEX: Viver sem pensar já é um tipo de morte!

Comandante se abala com esta afirmação.

ALEX: Você leu o livro não leu? É claro que leu, olha o seu
estado... Você está quase despertando.

Comandante dá um tapa em ALEX.

ALEX: (sorrindo) A liberdade de pensamento sempre foi


combatida assim com violência. Não adianta resistir em breve
você será uma Desperta.

COMANDANTE: Eu li sim, mas no começo foi apenas por


curiosidade. Eu queria saber o que poderia ser tão interessante
ao ponto de pessoas morrerem pela defesa do direito de usufruir
dessa tal dádiva que você fala. Depois eu não consegui mais
parar de ler, estava atraída e algo foi mudando em mim... Está
mudando em mim... Mas eu não posso mudar!

ALEX: E por que não?

COMANDANTE: Porque não está certo! Eu cresci sabendo que


pensar é errado, a individualidade é perigosa. Durante minha
vida toda lutei para que a coletividade fosse resguardada.

ALEX: Mas por que não está certo? Você deve ter um motivo
para achar que pensar é errado. Ou apenas porque uma massa
quer que isso seja errado, apenas porque você cresceu ouvindo
que isso seja errado, você aceita essa afirmação sem questionar?

COMANDANTE está visivelmente abalada. Toca uma sirene,


alerta de invasão. Alguns despertos invadem a prisão munidos
também de tambor. Há um “duelo” entre o ritmo pulsante do
maracatu, contra a batida militar. Ao fim todos os guardas são
rendidos e começam a tocar no ritmo do maracatu em conjunto
aos DESPERTOS. O HOMEM, que estava morto ao chão, com a
música “renasce” e dança. A COMANDANTE, finalmente, é
liberta e dança ao som dos tambores. ALEX é solto e dança em
duo com a COMANDANTE. ALEX sobe num púlpito e começa a
ler o Manifesto dos Artistas do CEU Contra a Barbárie do Não
Pensar (escrever o manifesto em conjunto aos artistas). Após a
leitura a peça pode terminar com uma apresentação de alguma
banda ao vivo.

FIM (do texto, mas pode ser o começo de algo grande dentro da
cultura palhocense.)

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