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7 DEUS É LUZ
O Pentagrama sempre foi, em todos os tempos,
11 O CAMINHO INTERIOR
o símbolo do homem renascido, do novo DAGNOSIS: O LIBRUM
NATURÆ
homem. Também é o símbolo do universo
16 A AURORA DE UMA
e de seu eterno devir, por meio do qual
NOVA CONSCIÊNCIA
acontece a manifestação do plano divino.
19 “POIS EXISTE UM
SÓ DEUS”
30 A FORÇA DE AÇÃO DA
A revista Pentagrama convida o leitor para GNOSIS NO MUNDO
operar esta revolução espiritual em si mesmo. 34 A VERDADE SOBRE
O GNOSTICISMO
40 GNOSIS FALSA E
GNOSIS VERDADEIRA
42 DESENVOLVIMENTO DE
UM NOVO PODER MENTAL
1997
ANO DEZENOVE
NÚMERO 2
2
A GNOSIS DO SÉCULO XX
Bibliotecas inteiras estão cheias de uma série de programas sob o título “Os
publicações sobre a Gnosis e o Gnósticos”. Foram publicados inúmeros
livros e artigos em jornais e revistas.
Gnosticismo. Desde a descoberta,
Em março de 1993, realizou-se um con-
em 1945, de quarenta e oito textos gresso, em Moscou, na Biblioteca M.I.
gnósticos em Nag-Hammadi, no Alto Rudomino, sobre o tema: “Quinhentos
Egito, assistimos a um verdadeiro anos de Gnosis na Europa”, enquanto
renascimento da Gnosis, que já fez em São Petersburgo acontecia uma ex-
posição sobre o mesmo assunto. O fe-
correr muita tinta em nossa era. De-
minismo tirou elementos de textos
pois das primeiras publicações dos gnósticos que dão à mulher um papel
manuscritos de Nag-Hammadi, em importante. Até o momento, a Ro-
1977, surgiu uma onda de conside- zekruis Pers, em Haarlem, na Holanda,
rações sobre este assunto tão cati- editou cinqüenta obras de Jan van
Rijckenborgh e Catharose de Petri so-
vante.
bre a Gnosis, traduzidas em quinze lín-
guas.
Mas que a Gnosis não tem apenas
simpatizantes é o que mostram as po-
J á em 1956, comentávamos O Evan- lêmicas muitas vezes violentas que
gelho da Verdade, em Renova, e a surgem nos jornais diários ou sema-
Carta a Reginos foi o assunto de uma nais, em reação ao novo interesse que
conferência de renovação. Foi em este assunto desperta. Mas não se po-
1952 que começou uma série de con- de lutar contra esta nova corrente, pois
ferências de renovação sobre o E- não é por acaso que a Gnosis faz nova-
vangelho da Pistis Sophia para os alu- mente bater os corações. Realmente, a
nos da Rosacruz Áurea, e que a Ro- Gnosis toca o coração dos buscadores
zekruis Pers, em Haarlem, publicou A e faz com que eles compreendam que
Gnosis Universal, de Jan van Rijcken- existe um pensamento religioso com-
borgh. pletamente diferente daquele que foi
Atualmente, a Gnosis já não é um imposto durante séculos pelo dogma-
conceito obscuro. A palavra “Gnosis” tismo que domina as igrejas. O interes-
surge em dezenas de publicações teo- se pela Gnosis coincide com uma crise
lógicas e esotéricas, e o interesse pela mundial que também é uma crise espi-
Gnosis não pára de crescer. Muitos ritual.
congressos e debates são realizados A Gnosis autêntica abre os olhos
sobre este assunto. Em Amsterdam, por do buscador para um caminho, uma
exemplo, foram abordados alguns te- senda de transformação que deve co-
mas como “A Gnosis, terceiro compo- meçar dentro dele mesmo. A Gnosis
nente da tradição cultural européia” ilumina com sua luz este caminho in-
(1986) e “A Gnosis hermética no decor- terior: isto constitui para o buscador
rer dos séculos” (1990), enquanto a te- uma descoberta íntima de primeira
levisão holandesa programava em 1987 ordem.
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ESCLARECIMENTO DA GNOSIS COMO tro dele, de seu verdadeiro ser interior,
VERDADE UNIVERSAL que provém do divino campo de luz ori-
ginal para onde ele deve, portanto, re-
tornar. Aquele que se consagra a este
caminho de retorno alcança a transfigu-
A Gnosis é uma realidade viva que ração por um processo de cura da alma
corresponde a um profundo encaminha- vivente, imortal.
mento interior. É uma experiência inte- É por isso que os antigos gnósticos
rior provocada pela atividade da cente- diziam: “O homem é um deus decaído”
lha-do-espírito presente no coração hu- que, na realidade, não encontra seu lu-
mano, centelha de Luz a respeito da gar no mundo. Sua pátria original é um
qual falavam os antigos gnósticos que outro mundo, que não pertence ao uni-
designavam assim o núcleo, a semente verso visível. Aí está um dado funda-
espiritual original oculta no coração, no mental, um conceito secular, tão velho
centro do microcosmo. A experiência in- quanto a humanidade: a idéia da exis-
terior da ação desta centelha-do-espíri- tência de duas ordens de natureza com-
to provoca um choque: é o despertar pletamente diferentes. O homem dotado
mediante a “força” da Gnosis, de onde do átomo-centelha-do-espírito em seu
emanam, irresistivelmente, uma nova microcosmo fica vagando pelo mundo
orientação de vida e um comportamen- do bem e do mal, sempre atormentado
to diferente. Desencadeia-se um pro- pelas forças contrárias.
cesso de transformação interior que for- Um dos aspectos mais importantes
ça a pessoa a tomar consciência de si para o qual a Gnosis conduz, aspecto
mesma, o que provoca uma nova com- dado como critério luminoso do fim de
preensão espiritual que revela ao bus- uma longa busca, é a paz do retorno ao
cador, que está no caminho da Gnosis, lar. É o retorno ao equilíbrio verdadeiro
sua origem e seu destino. em Deus. Esta paz não é a de um ho-
É por isso que é dito no Evangelho da mem que se senta no final de um dia
Verdade: cansativo, mas a de um homem que al-
“Aquele que sabe é, portanto, um ser cançou a harmonia com a corrente divi-
do alto. Se é chamado, ouve; e respon- na que emana da Gnosis. Quem seguir
de; e volta-se para aquele que o chama esta corrente não sofrerá nenhum mal.
e retorna para ele. Ele compreende co- Ele ultrapassou-se, elevando-se até o
mo foi chamado. De posse do Conhe- “Outro” que está dentro dele. Bem e mal
cimento, ele faz o que quer e o que se dissolvem no Uno, que é Deus.
agrada àquele que o chamou. E recebe Assim ecoa uma palavra muito anti-
a paz”. ga, mas sempre atual: “Nosso coração
Quem possui este Conhecimento sa- estará inquieto enquanto não encontrar
be de onde veio e para onde vai. Com- a paz em ti”. Paz e silêncio interior são
preende como se fosse alguém que se as duas únicas colunas sobre as quais
libertasse e despertasse da embriaguez se edifica a vida espiritual libertadora.
em que estava, e então volta para si
mesmo.
O gnóstico vivencia a Gnosis como
libertação: a libertação da ilusão deste
mundo. Portanto, a Gnosis oferece à-
quele que busca um conhecimento li-
bertador. Contrariamente do que muitos
sugerem, a Gnosis é uma forma de pen-
samento e de experiência religiosa oti-
mista, pois o gnóstico tem o conheci-
mento da centelha divina que mora den-
5
DEUS É LUZ
7
A mais curta definição da natureza da se trata desta luz? Desta luz que ele
divina Fonte universal, que é a mais to- percebe com seus olhos, ou da que ele
cante e profunda, surge na Primeira E- percebe também com seus outros senti-
pístola de João: “Deus é Luz!”. E quanta dos?
coisa precisa acontecer na vida de um
homem para que ele possa pronunciar
estas três palavras com toda a sua UMA DISTINÇÃO A SER FEITA
consciência! Entretanto, apenas pro-
nunciá-las não faz nenhum sentido, pois
o homem é chamado a construir, ele Quando vos levantais pela manhã e
mesmo, uma realidade vivente. A finali- abris as cortinas, a luz flui por todo o
dade de todos os seres humanos é, um quarto. Esta luz leva mais ou menos 8
dia, manifestar por si mesmo a “verda- minutos para percorrer a distância entre
de” transmitida por estas três palavras. o sol e a terra, e a parte que nos atinge
é muito pequena. Antigamente, um pro-
fessor muito sábio suspirava com a idé-
ONDE ENCONTRAR A LUZ DE DEUS? ia do desperdício que representam os
95% de energia solar que nos escapam.
Esta energia solar divide-se em nu-
O que sabe o ser que faz girar a roda merosos grupos de irradiação, cada um
do moinho sobre “o Deus dentro dele, com sua natureza, sua estrutura e sua
que é Luz”? Será que ele conhece esta função:
realidade? Como ele poderia conhecê- • a luz visível, que se divide nas mes-
-la, ele que, passo a passo, dia após mas cores do espectro;
dia, ano após ano, deixa na roda de sua • a luz invisível, como por exemplo o
existência as pegadas de seus pensa- calor, o som, os raios X, a radioativi-
mentos, de suas emoções e de seus dade etc.;
atos? Ele reage, ele deve reagir, às ve- • energias ainda desconhecidas e inde-
zes no próprio dia, às vezes durante a finíveis.
próxima existência. Assim como a criança se forma no ú-
Por mais que ele pense que está cri- tero da mãe a partir do programa here-
ando algo novo e pessoal a cada passo ditário concebido especialmente para a
que vai dando, na realidade ele está futura vida, os processos vitais da natu-
passando pelo mesmo lugar até que a reza são programados pela energia que
morte o alcance. Mas, antes disso, o irradia do sol Em outras palavras: todas
chamado de Deus atravessa algumas as formas terrestres emanam da ener-
vezes seu pensamento. Deus é Luz! Se- gia solar; ou de uma forma desta ener-
rá que ele vai segurar esta corda de luz, gia mais ou menos densa; ou ainda, de
ou a deixará passar porque tantas ou- uma forma de energia “mais lenta”.
tras coisas importantes sempre estão
solicitando sua atenção? Deus é Luz!
Será que a luz toca seu coração e lhe CORRENTES DE ENERGIA QUE SE
mostra seu aprisionamento na roda do EXPRESSAM SOB A FORMA DE MATÉRIA
moinho? Será que ele não está cansado
de girar como um louco? Será que ele já
não se excedeu tanto que até chegou A energia solar traz dentro dela várias
O carro solar ao limite? Chega! Chega! Quero Luz! espécies de radiações que, em certas
de Surya. Meu Deus, concede-me tua Luz! condições, ficam mais densas e tornam-
(Miniatura
indiana da
O que é esta Luz? Será que ela é vi- -se formas vitais. Por exemplo: formas
Escola de sível, sensível? Qualquer pessoa que humanas, animais, vegetais, e terrestres
Mewar, no fala da “luz” pensa, geralmente, na luz – seu biotipo1. Cada forma é, portanto,
século XVIII). do sol, na luz perceptível. Mas será que uma manifestação e um receptáculo
8
desta energia solar, que aflui nesta dire-
ção para manter a vida. Os traços e as
cores maravilhosas de certas plantas e
flores são um testemunho desta estreita
ligação. O campo eletromagnético em
que se manifesta a energia solar é, por-
tanto, uma expressão da força solar. É a
energia que escreve o livro da natureza,
revelando seu reino e sua força em miría-
des de formas, de cores e de sons.
Os efeitos da energia solar depen-
dem do tempo e do lugar. Aquilo que
não consegue ir adiante em um lugar,
prolifera em outro. As condições que
fundamentam a vida em nosso planeta
impossibilitam que outros planetas te-
nham as formas vitais que conhecemos.
Estas condições foram criadas a partir
de um plano inscrito na forma original da
energia solar.
10
O CAMINHO INTERIOR DA GNOSIS:
O “LIBRUM NATRUÆ”
Em 1950, Robert Jungk publicou um então a vida na terra irá piorar e se ex-
livro cujo título era: “O futuro já co- tinguir.
meçou”. Atualmente, a humanidade
já se encontra neste futuro e nós fa- A GRANDE VIRADA
zemos a seguinte pergunta: Que
conclusão devemos tirar disto? O
que a escola Espiritual da Rosacruz A Escola Espiritual da Rosacruz Áu-
rea considera que estes fatos são a
Áurea pode e deve fazer neste con-
prova de que chegou a hora da grande
texto? virada. A humanidade encontra-se no
início de uma nova fase de desenvolvi-
A tualmente, tudo é possível: hoje, há mento. É uma crise que provoca gran-
fenômenos que despertam os temores des reviravoltas, a confusão e o caos.
mais terríveis; mas também é a época A insegurança ganha todos os que
das revelações. Tudo é revelado (muitas perderam o rumo. É por isso que a
vezes sem escrúpulo). A mídia mostra Escola Espiritual chama por uma reto-
que dirigentes doentes tomam decisões mada ou, melhor dizendo, para uma
duvidosas, e, portanto, estes doentes revolução espiritual interna, para uma
determinam o destino de milhões de se- transformação interior total e funda-
res humanos. Quem não sente pavor mental.
sabendo das ações dementes e deses- Qualquer pessoa que refletir sobre a
peradas de um líder religioso que, sob a situação embaraçosa na qual se encon-
influência de drogas e por isso mesmo tram o mundo e a humanidade, haverá
sob a influência das forças da esfera re- de render-se à evidência: somente uma
fletora, se suicida levando seus adeptos transformação fundamental da consci-
com ele? A corrupção e a criminalidade ência lhe permitirá seguir positivamente
se propagam rapidamente e quase ao encontro dos novos tempos. É por
sempre são o alicerce de um sistema esta razão que a Escola Espiritual incita
social mantido contra o bom- todo o homem (seja dentro da Escola ou
-senso. Mais uma vez fechamos os olhos não) a descobrir que ele tem ascendên-
para crimes contra a humanidade, que, cia divina e por que ele é chamado de
no entanto, já haviam sido condenados microcosmo.
durante o processo de Nuremberg pelos Nesta segunda parte do artigo, cha-
vencedores da Segunda Guerra Mun- mado “Karma, Reencarnação e Rosa-
dial. cruz” que saiu na revista Pentagrama
O desespero toma conta de um gran- nº 1 de 1997, vamos examinar o método
de número de pessoas e a revolta con- perfeito de todas as artes, isto é, vamos
tra esta fatalidade que se espalha pela ver de que se compõe o Librum Naturæ,
humanidade cresce a cada dia. São inú- tal como foi indicado pelos antigos rosa-
meros os que chamam à reflexão, como cruzes na Fama Fraternitatis R.C., o
Robert Jungk, há 47 anos. Se a humani- Testamento Espiritual da Ordem da Ro-
dade não conseguir mudar de rumo, sa-Cruz, publicado em 1614.
11
CONSCIÊNCIA DO TESOURO OCULTO cessão de vidas no mundo da matéria,
NO CORAÇÃO constitui um livro volumoso colocado no
microcosmo. Ora, este livro deve fazer-
-nos compreender claramente que toda
O plano divino está oculto como uma a evolução, qualquer que seja o plano
semente no coração de todos. Trata-se, em que ela se dê, é carregada por uma
agora, de fazer esta semente germinar onda que se manifesta de acordo com
e florescer. Todos devem tomar consci- certas leis. Trata-se de um ritmo, de um
ência desta inestimável posse do micro- movimento universal, que opera de a-
cosmo e chegar a vivenciá-la, graças a cordo com períodos que correspondem
um comportamento totalmente novo! E, às leis, em durações inimaginavelmente
quando nossa consciência for um pouco longas chamadas “eões”. Estas leis car-
mais esclarecida, desejaremos, conse- regam a vida, de uma onda a outra.
qüentemente, nos devotar inteiramente Quando começamos a estudar estas
ao plano divino, e nos entregaremos to- leis, elas se apresentam com todo o seu
talmente às intenções divinas e, a partir imenso poder e com uma amplitude in-
daí, poderemos entrar em fusão com a concebível. Elas governam o Todo e cui-
Vida Universal. É assim que nossa dam para que o plano seja executado
Para impedir consciência se fundirá com a Consci- em todos os tempos.
Phaeton ência Universal.
de perder o Entre o momento em que o interesse
controle do por estes assuntos é despertado, logo A ELEVAÇÃO ATÉ O ÁPICE
carro do sol,
que aparece vagamente a idéia do ver-
Zeus o toca
com seu raio.
dadeiro objetivo da vida, e o momento
Sua queda da percepção e da experiência consci- Estas ondas periódicas fluem e re-
simboliza entes, há um caminho a ser percorrido. fluem igualmente em todos os indivídu-
o curso É um caminho que parece longo, duran- os, em todos os microcosmos. Todos os
cíclico da luz te o qual atravessamos um oceano de que buscam devem tornar-se conscien-
(Sarcófago
de mármore
experiências enquanto nosso barco va- tes delas, pois este movimento ondula-
do século III. gueia por todas as direções no meio das tório nos conduz até o ponto em que o
Erimetério, São tempestades. O acúmulo de todas estas microcosmo possa atingir uma espiral
Petersburgo). experiências, no decorrer da infinita su- superior de desenvolvimento e um novo
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rumo. Esta fase faz parte do que chama- fletimos sobre ele e, na medida de nos-
mos de “ordem de socorro”. sas possibilidades, já o experimenta-
Este novo período se mantém sob o mos, em nossa vida, em nossa perso-
signo da constituição de um novo tipo nalidade! Já se desenvolveu em nós
humano: a de um homem que se tornou uma força-alma que conduziu nossa
consciente da “razão pela qual ele é consciência até uma certa compreen-
chamado de microcosmo, a fim de po- são. Graças a esta força-alma e ao fato
der alcançar seu verdadeiro destino no de a colocarmos em prática, as expe-
plano divino, como “microcosmo”. Quan- riências da vida foram conduzidas a um
to tempo ainda temos?” nível superior e um pouco acima das ex-
periências dialéticas.
Um certo conhecimento e alguma
QUANTO TEMPO NOS RESTA? compreensão foram assim germinando
em nossa consciência. Mas de que
consciência e de que compreensão es-
Quem pode dizer quanto tempo leva- tamos falando? Estamos falando sobre
rá a colheita? E quem poderá dizer qual a consciência e a compreensão que nos
será sua amplitude? As condições evo- dão a sublime “razão de sermos chama-
luem com uma rapidez incrível e os a- dos de microcosmo”. Expliquemos esta
contecimentos tornaram-se imprevisí- frase.
veis, como testemunham as conjunturas A centelha divina, a mônada, está no
políticas, econômicas e climáticas. A hu- centro do plano divino. Esta mônada e-
manidade se lança para a crista desta mite uma radiação espiritual que forma
onda que sobe como um vagalhão do o- uma estrutura de linhas de força que ge-
ceano divino; e, na vinha de Deus, os ram um sistema eletromagnético: o mi-
trabalhadores se perguntam, insistente- crocosmo. O centro deste sistema mi-
mente: “Quanto tempo ainda temos?” crocósmico é o ser monádico, que inin-
Impõe-se uma única resposta: “O tempo terruptamente envia um chamado para
é expressamente curto”. Então, aqueles o átomo refletor situado no coração (es-
que estão sentindo, que reconhecem e te átomo é o que chamamos de rosa-
compreendem, perguntam: “O que eu -do-coração). É por isso que falamos de
posso e devo fazer?” Deus em nós, ou dizemos que Deus nos
Podemo-nos sentir felizes e gratos fala. Na realidade, o plano divino está
por termos encontrado a Escola Espiri- sempre impulsionando a mônada para
tual atual, onde nos são reveladas as que ela realize este plano.
obras prodigiosas que jamais foram vis-
tas. Sabemos que existe o Librum Na-
turæ. O método perfeito, a serviço da li- TODA ESTAGNAÇÃO LEVA À FORMAÇÃO DE
bertação dos seres humanos! Nós o UM SER CÁRMICO
possuímos, ele nos é revelado pela me-
tade desconhecida e oculta do mundo.
Ora, nós chegamos a este ponto. Ora, a realidade de nosso atual esta-
Conhecemos o plano. Pelo menos já re- do microcósmico nos mostra que a
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manifestação da idéia divina estagnou;
o que faz com que, ao lado do ser mo-
nádico apareça uma consciência-eu, ou
eu-cármico, que condiciona bastante a
vida no microcosmo. Mas o plano divino
impulsiona a mônada para a realização.
O ser monádico envia suas sugestões
através do conjunto do sistema micro-
cósmico, e, portanto, também as envia
para o eu da personalidade humana a-
tual. O ser cármico grava cada fato e a-
ção desta personalidade: toda a sua e-
xistência. A soma das experiências vivi-
das até então confere uma espécie de
consciência ao ser cármico, que irradia
possantemente na consciência-eu. É
assim que se explicam os terríveis sofri-
mentos psíquicos e corporais da perso-
nalidade humana.
Em nossa época, no fim de um perío-
do de desenvolvimento, o ser cármico
conduz inúmeros seres humanos a um
ponto culminante: é aí que eles se tornam
buscadores. O ser astral, o ser cármico,
os coloca face a face com os erros do
passado e suas conseqüentes reações.
Mas, no microcosmo, e portanto tam-
bém na personalidade que aí se mani-
Ao alto: festa, a mônada está sempre emitindo
O dragão as sugestões do Espírito, que impulsio-
representa a nam para a realização do plano divino. É
Matéria Original por essa razão que é preciso esperar o
ou a Pedra dos
momento em que o desejo fundamental
Sábios.
Suas duras desperte para que a personalidade pos- eu e a voz do ser cármico cobrem este
escamas, seu sa reagir de maneira correta. No fundo, a murmúrio, esta voz do coração. Será
corpo sinuoso vida, em toda a sua extensão, não é re- que estamos prontos para ouvir e para
e seu veneno almente um confronto ininterrupto com o escutar bem, de verdade, este murmú-
simbolizam as rio? É nesta hora que a força da alma se
passado e seus erros? Vede como os
características
terrestres
homens são sempre remetidos ao pas- torna indispensável, pois é por ela que
que são sado, um passado que determina, em podemos encontrar o único comporta-
transformadas grande parte, o presente e todas as mento correto. Neste caso, o aluno chega
em elixir de esperanças projetadas para o futuro. à fase seguinte do plano divino: ele se
vida pelos É por isso que a Escola da Rosacruz confia e se entrega inteiramente ao
sábios.
Áurea diz aos alunos que já adquiriram plano de Deus.
Embaixo:
Na floresta conhecimento e compreensão graças a
do Opus suas experiências e que, portanto, es-
Magnum as tão despertados, em um certo sentido: DEIXAR PARA MAIS TARDE? JÁ NÃO É
duas naturezas “Escutai sem cessar a voz da mônada, POSSÍVEL!
se encontram
na rosa-do-coração, esta voz que nos
(De lapide phi-
losophico, deve perpassar completamente como
Lambsprinck, um desejo do coração”. De uma certa forma, nós conhece-
1625). Mas em muitos buscadores a voz do mos o plano. De um ponto de vista mi-
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crocósmico, vivenciamos a idéia, a ver- cosmos que somos. É assim que estare-
dade universal deste plano e a neces- mos diretamente a serviço real da hu-
sidade de sua execução. Se hoje deci- manidade”.
dimos que vamos realizá-lo em nós,
nesta vida, é preciso que nos consa- A Direção Internacional A.H. van den Brul
gremos inteiramente a ele. O tempo já
chegou e deixar para mais tarde só po-
deria ser muito nocivo. Por quê? Por-
que, primeiramente, as ondas do ritmo
universal não permitem que paremos
antes de chegar ao ápice de nosso pro-
cesso de desenvolvimento. Devemos
submeter-nos completamente a esta e-
volução microcósmica, o que significa
o abandono do eu e a neutralização do
ser cármico.
Em segundo lugar, supondo que os
alunos da Escola Espiritual atual da Ro-
sacruz Áurea tenham encontrado o ob-
jetivo de suas vidas, o Lectorium Rosi-
crucianum tornou-se um campo de tra-
balho: ele se ergue como uma baliza em
meio ao mundo; é um campo de ativida-
de muito movimentado, pelo menos de-
veria sê-lo, no sentido específico da pa-
lavra. Aí operam duas forças que se en-
contram em todo o aluno que vive no
Corpo-Vivo e para ele:
15
A AURORA DE UMA NOVA CONSCIÊNCIA
16
Esta consciência “substitutiva” em um CADA ELEMENTO CRIA UMA CERTA
corpo perecível constitui o meio que CONSCIÊNCIA
permite ao microcosmo reintegrar, no
momento oportuno, o plano de criação
original. Como a consciência humana desen-
O ser humano que assim é formado volve-se gradualmente, é preciso distin-
– tão bem representado pelo persona- guir quatro formas que correspondem
gem Enkidu na epopéia de Gilgamesh aos quatro elementos de base da parte
(cf. Pentagrama nº 4 de 1996) – conti- perecível da criação. Estas formas de
nuou seguindo até o século XX um base determinam a atividade, o pensa-
longo e doloroso caminho. Ele apren- mento e a emotividade de cada um em
deu a obedecer às leis que ele mesmo particular e da humanidade em geral. A
criou, e agora chega o momento em forma mais antiga assemelha-se muito
que se apresenta uma nova etapa na ao sono. É um estado de vida impessoal
curva de evolução. Ora, esta etapa ne- e inconsciente, em que não se faz a dis-
cessita da posse da alma imortal. tinção entre sujeito e objeto, interior e A nova
Realmente, é preciso poder vencer a exterior. Nesta época, o homem ainda consciência
morte para entrar na vida eterna! É por não tinha forma definida. O éter químico poderá, com
isso que um quinto elemento vem jun- devia constituir, com o éter de vida, a toda a liberdade,
elevar-se para
tar-se aos quatro éteres: um elemento matriz de um uma forma mais densa.
além da existência
conhecido nas ciências como “eletrici- Podemos considerar a materialização dialética
dade”, e em esoterismo como o “quinto do corpo e a evolução da consciência (Ilustração
éter” ou “éter de fogo”. do mundo exterior como um primeiro Pentagrama).
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“salto”. O primeiro homem material tinha que um violento combate agita a huma-
a capacidade de fazer a distinção entre nidade. Alguns dizem que tudo vai dar
ele mesmo e o mundo que o cercava. certo, um dia; outros estão extremamen-
Ele sentia e experimentava as coisas e te nervosos e inquietos, e buscam solu-
os seres exteriores a si mesmo como ções a qualquer preço. O “Deus neles” –
“pólos” opostos, e daí concebia o dese- se já não morreu! – os chama e os im-
jo. Ele ainda não tinha consciência do pulsiona a dar o passo seguinte. E, se
espaço e do tempo e a moral não exis- Deus está morto há muito tempo ...
tia. Podemos qualificar esta forma de quem será atormentado? Por isso, o
consciência como “natural e mágica”. quinto éter é enviado, a força que pre-
serva o que ainda vive e destrói o que
não tem nenhuma chance de sobrevi-
A SEGUNDA QUEDA ver, pois o que pertence ao “Deus em
vós” deve voltar para Deus. E quem não
quer “reconhecer o reino de Deus” esta-
Um efeito secundário desta queda na rá perdido.
matéria é uma ligação que cresce com Então desenrola-se uma terrível luta
a força do desejo, que aumentou ainda entre “o bem e o mal” no coração huma-
mais à medida que as forças diretoras no. Quem puder compreender, que
começaram a se retirar para que a jo- compreenda! Aquele que quiser esco-
vem humanidade se tornasse adulta. Os lher, que não demore, pois, neste perío-
que estavam à frente desta evolução to- do tão agitado em que vivemos, trata-se
maram a direção, e este foi um momen- de saber se temos o poder de ouvir o
to crítico para a jovem humanidade, pois “Deus em nós” e de agarrar a corda sal-
surgiu nesta época a possibilidade de vadora que ele nos envia!
deturpar os mistérios, de utilizá-los mal,
o que provocou um processo de desen-
volvimento centrado no ego. A consciên-
cia de “Deus no homem” foi sendo cada
vez mais deixada para trás e a matéria
tomou o seu lugar. O ser humano atin-
giu, assim, a última fase do desenvolvi-
mento no interior da natureza perecível.
A personalidade quádrupla encontra-se
totalmente terminada e pode agora tra-
balhar com as forças da natureza. Ela já
está pronta, também, para adquirir a
compreensão de seu próprio estado. A-
madurecida pelas experiências interio-
res, ela finalmente atinge o limite de su-
as possibilidades. Então, é preciso que
ela faça uma escolha: ou se mantém na
fase anterior e aí se cristaliza; ou deixa
esta fase e entra em uma nova fase.
Quem explorará e seguirá a nova sen-
da? Quem será capaz de jogar fora tudo
o que adquiriu para seguir “Deus dentro
de si”?
Para dar este passo, é preciso uma
compreensão totalmente nova e uma
consciência que já esteja amadurecida.
Os sinais de nosso tempo mostram
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“POIS EXISTE UM SÓ DEUS”
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intencionada e sublime que seja, não O CANTO DE LOUVOR DE HERMES
passa de uma parcela da Verdade. Por-
tanto, quem quiser dar sua opinião,
deve sempre se perguntar: Sou eu que Quem poderia louvar-te o bastante
estou falando isto ou é o “Deus em segundo o teu valor?
mim”? Para onde dirigirei os meus olhos
Baseando-se no canto de louvor de para louvar-te?
Hermes e nas palavras de Lao-Tsé, os Para cima, para baixo, para dentro,
gnósticos chegaram a compreender que ou para fora?
o ser humano era duplo. Que existe um Não há nenhuma via, nenhum lugar
homem natural, nascido da carne, total- nem criatura alguma fora de ti;
mente da terra, terrestre; e que existe tudo está em ti, de ti tudo provém.
um homem espiritual, nascido do Espíri- Tudo concedes e nada tomas,
to de Deus. porque tudo possuis, e não há nada
Deste homem espiritual, resta ape- que não te pertença.
nas um princípio rudimentar, chamado Quando te entoarei louvor?
pela Doutrina Universal de lótus, a rosa- Pois é impossível saber a tua
-do-coração, o átomo original: Deus no hora e o teu tempo.
homem. Assim que este princípio des- E por que deveria eu entoar
perta, pode-se dizer que a força da louvores?
Gnosis se libera. Pelo que criaste ou pelo que não
No decorrer deste processo, a alma criaste?
renasce e vai sendo capacitada para re- Pelo que manifestaste ou pelo
ceber e transmitir a Gnosis em todas as que conservas oculto?
circunstâncias. A alma biológica ajuda E com que te entoaria louvor?
na preparação deste processo, mas ela Como se algo me pertencesse,
não toma parte na ressurreição, pois o como se possuísse algo próprio,
mistério da eternidade não pode ser ca- ou fosse outra coisa senão tu!
ptado por normas dialéticas. Porque tu és tudo o que eu possa
ser; és tudo o que possa fazer;
tudo quanto eu possa dizer.
Porque tu és tudo, e nada há
PENETRAR NO ANTIGO TAO além de ti.
Mesmo o que não existe, tu és.
És tudo o que veio a ser e tudo o
que ainda não foi manifestado:
No Tao Te King 2 , capítulo 14, é dito: Espírito, quando contemplado
Deves penetrar no antigo Tao para pela Alma-Espírito;
poder dominar a existência presente. Pai, quando dás forma ao
Quem conhece o princípio do original universo todo.
tem em mãos o fio de Tao. A animação, Deus, quando te revelas como força
a alma original, deve voltar à vida no ho- ativa universal; o Bem, porque
mem e pelo homem, graças ao Espírito criaste todas as coisas.
divino. Na Primeira Epístola aos Corín- O mais sutil da matéria é o ar;
tios (2: 10), Paulo diz: Pois o Espírito tu- O mais sutil do ar é a alma; o mais
do sonda: até mesmo as profundezas sutil da alma é o Espírito;
de Deus. Mas o homem não-espiritual O mais sutil do Espírito é Deus 1.
Lao-Tsé é
não aceita nada do que venha do Espí-
considerado o
pai do Taoísmo rito de Deus. Para ele, a Sabedoria Divi-
(século XVII, na é loucura porque a Gnosis somente
Biblioteca pode ser vivenciada quando se vive no
Nacional, Paris). Espírito.
20
O NÚMERO DE BUSCADORES SÉRIOS ESTÁ LAO-TSÉ, O SÁBIO CHINÊS QUE VIVIA
CRESCENDO RAPIDAMENTE ANTES DA ERA CRISTÃ DIZ NO TAO TE
KING:
22
coração da terra, ele a envolve inteira- O CÁLICE CIRCULA
mente e derrama, para o exterior, sua
Luz que constitui verdadeiramente o
cálice do Graal. Este cálice nos é esten- A porta do salão superior onde acon-
dido, atmosfericamente, dia após dia. tece a Ceia está aberta. Podemos entrar
Não importa o número daqueles que e tomar lugar à mesa. Por quanto tempo
dele bebem, ele sempre continua cheio. ainda? A mesa está posta, o cálice cir-
Às vezes, ele se eleva de novo ao cula e todos podem beber dele. Mas a
mundo divino, mas sempre desce para ordem secular diz que somente podem
buscar o que está perdido. beber deste cálice aqueles que estão
É dito que a última descida da Luz de prontos a renunciar a tudo o que é anti-
Cristo, no tempo de Jesus, foi a trigési- go, a tudo o que pertence ao eu e dele
ma terceira. Esta cratera, este cálice, provém. Beber do cálice significa res-
está sempre presente e sempre continu- surreição, ou queda ainda mais profun-
ará, até que todas as almas que podem da! Antes que a cruz de Luz possa er-
ser salvas o sejam, efetivamente. Para guer-se, é preciso esvaziar o cálice de
as outras, a roda do nascimento e da dor. Tudo o que é antigo deve ser despe-
morte não parará de girar, até a hora em daçado e deve desaparecer; então o
que elas tenham vivido experiências su- Novo surgirá, resultando em um com-
ficientes para poderem ser colhidas. portamento totalmente novo.
Que alegria! Sabendo disso, o sacrifí-
cio já não conta. Ainda é e sempre será
O QUE PODEMOS FAZER? a véspera de Páscoa! O cálice nos é o-
ferecido! Bebei, então, vós, as almas
que podeis!
Estamos em uma véspera de Pásco-
a, à véspera de uma ressurreição. O cá-
lice, que ficou tanto tempo aprisionado
na terra, novamente está libertado e se
eleva de novo para o lugar de onde des-
ceu, para levar consigo todos os que es-
tão preparados para isso. Que estamos
fazendo com nosso cálice? Ele está pu-
rificado e cheio de forças do Espírito?
Ou ele não passa de um poço de con-
tradições? O que nos adiantou dois mil
anos de cristianismo? Compreendemos
que a vida de Cristo é um símbolo a ser
imitado? Que na gruta de nosso cora-
ção a Luz deve nascer? Que no Gólgota
– o lugar do crânio – o velho homem de- * Jan van Rijckenborgh, A Gnosis Egípcia,
ve morrer a fim de que se erga a cruz de Tomo II, Sétimo Livro, versículo 8,
Luz, Cristo, a Alma-Espírito vivente? Lectorium Rosicrucianum, 1ª edição, 1986.
23
A DOUTRINA GNÓSTICA DE VALENTINO
Valentino surge como o mais impor- câmara nupcial”. O batismo pela água
tante dos gnósticos do início de nos- religa o ser que aspira à Verdade, à
força da Gnosis. Ele reage a este batis-
sa era. Ele nasceu em Alexandria,
mo pela convicção interior de que agora
fez seus estudos primeiro no Egito, o caminho de libertação está-se abrindo
depois em Roma, onde trabalhou de para ele e que ele pode percorrê-lo com
135 a 160. A ele é atribuída a auto- a força da Gnosis.
ria do Evangelho da Verdade e tam- Esta convicção também lhe dá,
entretanto, a sofrida sensação de que
bém do Evangelho de Felipe, encon-
o homem terrestre está fundamental-
trados em Nag Hammadi. mente separado de Deus, o que faz
crescer seu desejo de unir-se a ele.
D e onde Valentino tirou sua doutrina? Sobre esta base, durante a Santa Ceia,
Ele próprio disse que, em uma visão ele recebe as forças da nova esperan-
havia contemplado um recém-nascido ça e torna-se capaz de seguir a lei inte-
que lhe mostrava o Logos. Estimulado rior e de conformar sua vida ao apelo
por esta experiência, ele partiu em da Gnosis. Pelo fato de ser assim ungi-
busca da Verdade. Ele desenvolveu do pela força do Espírito Santo, ele tem
sua doutrina e criou uma escola que a capacidade de religar a outros
cresceu rapidamente, atraindo muitos homens com o Espírito de Deus. Todos
alunos. Não se sabe se o Evangelho os que são receptivos a ela adquirem
de Felipe é realmente de sua autoria, esta convicção; eles devolvem à huma-
mas é certo que Valentino passou por nidade tudo o que receberam de Deus
uma evolução interior semelhante à de e recebem um conhecimento crescente
qualquer pessoa que percorre a senda do mistério do Espírito. Na “câmara
libertadora; e é este caminho que é nupcial”, a sala das núpcias, a esposa
descrito no Evangelho de Felipe. — a alma purificada — espera por seu
esposo – o Espírito. Ela é tocada e
penetrada pelo Conhecimento divino.
Ela é conhecida como ela conhece a si
RESTABELECIMENTO DA LIGAÇÃO COM mesma. A Luz divina a faz sair das tre-
A FONTE ORIGINAL DO TODO vas e lhe revela sua atividade. A parte
do cérebro que permite a visão espiri-
tual é, para os gnósticos atuais, os
“thalami optici”. “Thalamos”, em grego,
O Evangelho de Felipe comporta 127 significa “câmara nupcial”. Segundo
versículos que explicam de modo deta- Valentino, é neste local que acontece o
lhado o restabelecimento da ligação grande mistério da união com Deus.
com Deus. Os momentos mais impor- Por este fato, sua doutrina vai ao en-
tantes deste caminho são “o batismo contro dos mais antigos mistérios egíp-
pela água, a santa ceia, o batismo de cios, que utilizavam os templos como
fogo, ou unção do Espírito, e o grande representações do santuário da cabe-
mistério do esposo e da esposa na ça.
24
A RESSURREIÇÃO PODE ACONTECER bertador da alma são descritos da se-
COM TODOS guinte maneira:
“A colaboração de quatro forças é
necessária para recolher os frutos do
Todo o gnóstico deve realizar interior- campo deste mundo. É somente pela
mente esta ressurreição. Um dos rituais colaboração da água, da terra, do ar e
de Valentino descreve esta fase impor- da luz que a colheita pode ser guarda-
tante da seguinte forma: “Devemo-nos da no celeiro. Assim, o fruto divino con-
encontrar no Único. Que a graça venha siste em quatro forças: a fé, a esperan-
sobre vós, primeiro de mim e por mim. ça, o amor e o conhecimento. A terra é
Trajai-vos como a esposa que aguarda a fé onde nos enraizamos; a água é a
seu esposo, a fim de que vos torneis eu esperança que nos alimenta; o ar é o
e eu me torne vós. Que a semente de amor pelo qual nós crescemos; e a luz
Luz penetre na câmara nupcial. Recebei é o conhecimento, que permite o ama-
o esposo: fazei-o entrar e deixai que ele durecimento”.
vos tome!“ Em sua visão, Valentino percebeu o
Tais rituais representavam um auxílio Logos, que é o começo e o fim, como
poderoso, pois, quando bem utilizados, uma unidade. Ele considerou como sua
A salamandra:
liberavam forças e estimulavam os que missão revestir estas experiências e es-
símbolo do fogo
buscavam a verdade na senda. tas forças com palavras e imagens com- oculto (Atalanta
No Evangelho de Felipe, as forças e preensíveis para as outras pessoas. A Fugiens, Michael
os processos essenciais do caminho li- força que emana destes escritos são Maier, 1618).
25
testemunho da realidade e da claridade
destas experiências.
O QUE OS ROSA-
Existe um princípio gnóstico segundo
o qual aquele que foi tocado uma vez
pelo Espírito dele deve testemunhar.
Desta visão nasceu uma ligação indis- Astral - A esfera astral da terra é a região
solúvel que lhe permitiu conduzir seus onde estão gravadas todas as experiên-
alunos do batismo de água até o misté- cias da humanidade. Por esta razão, ela
rio da câmara nupcial. A vida e as obras está profundamente suja e deteriorada.
de Valentino mostram que ele seguiu Ela rege, principalmente, o sangue e o
este caminho de auto-iniciação. sistema nervoso automático, conserva o
Imaginamos que sua época, em que estado de todas as formas e influencia a
proliferavam os sistemas filosóficos e consciência e a mentalidade.
crenças muito diversos, não lhe facilitou
muito as coisas. Mas suas palavras dei-
Campo de respiração - É o campo de
xaram um rastro luminoso através dos
força da personalidade, intermediário
séculos, e ainda hoje transmitem uma i-
entre o ser aural e a personalidade.
magem fiel da verdade ao buscador que
Neste campo estão concentradas as
está a caminho. Elas estão sempre
forças e as substâncias que correspon-
prontas a conduzir, a guiar e a sustentar
dem perfeitamente à personalidade e
este buscador, para que ele aprenda a
mantêm o estado em que ela se encon-
compreender suas próprias experiên-
tra.
cias, a fim de que o homem atual tam-
bém consiga, realmente, conquistar a li-
bertação da alma. Consciência - O homem dispõe de uma
Sobre a ressurreição da alma, Valen- consciência biológica e de uma cons-
tino diz: ciência espiritual. A consciência biológi-
“Aqueles que dizem que, antes de tu- ca é constituída pelos centros de cons-
do, é preciso morrer para em seguida ciência da personalidade. A consciência
ressuscitar, estão enganados. Se não espiritual encerra a estrutura de linhas
conseguirmos ressuscitar durante a de força do homem espiritual perfeito.
vida, não conseguiremos fazê-lo depois Logo após a queda, a consciência
da morte”. espiritual ficou presa à consciência bio-
lógica.
26
CRUZES ENTENDEM POR ...
27
A FORMAÇÃO DE UM MICROCOSMO
Estas três
fontes podem
ser vistas como
símbolos dos
três núcleos do
microcosmo Extraído de A Gnosis Egípcia, tomo III, p. 168,
(Jardim de Fin, Jan van Rijckenborgh, Lectorium Rosicrucianum,
Irã, século XVI). 1ª edição, 1989.
29
A FORÇA DE AÇÃO DA GNOSIS NO MUNDO
30
Gnosis toca todos os homens no cora- campo da Gnosis, o que faz com que ele
ção e envia mensageiros para formar precise estar sempre escolhendo. Como
uma ponte temporária entre o campo a tentação e o engano são muito gran-
gnóstico e o mundo decaído, a fim de des, a escolha nem sempre é fácil e – na
que exista, se possível, uma ligação agitação deste mundo – é preciso que
entre eles. Esta ponte constitui um cam- um campo puramente gnóstico traga
po intermediário que permite uma inte- seu auxílio para operar a ligação com a
ração de um com o outro. Graças a esta Fonte da Vida. Aquele que reconhece
ponte, a Fraternidade Universal pode este campo e prova desta fonte, está
socorrer a humanidade que está sem pronto para fazer sua escolha e, em se-
rumo. Esta operação de “salvamento” já guida, ser socorrido.
aconteceu um número incalculável de
vezes, e ainda é o que acontece hoje.
Portanto, formou-se um campo seguro e QUANTO MAIS INTENSA A FONTE, MAIS
nutritivo, que se estendeu sobre o mun- FORTE É O CAMPO
do; e a força libertadora que daí emana
toca numerosos buscadores no coração
e os atrai irresistivelmente. Na fonte se concentram todas as for-
ças. Quanto mais densa for a fonte, mais
forte será a ação. Quanto mais densa for
SEMELHANTE ATRAI SEMELHANTE a fonte de um campo gnóstico, mais for-
tes serão suas atividades e o auxílio ofe-
recido. Como o campo da natureza e o
Independentemente da intensidade campo da Gnosis são completamente
de sua fonte, um campo magnético so- distintos, a Gnosis não fala ao homem
mente irá atrair o que tem uma polarida- natural, mas ao homem espiritual que
de com suas propriedades. Assim, um ainda está adormecido dentro de seu
ímã somente atrai o ferro e a Gnosis so- coração. É por isso que um campo gnós-
mente atrai o que é de natureza gnósti- tico não gera nenhuma força natural,
ca. Ora, a semente espiritual do coração mas libera a força que sai da semente
é gnóstica por natureza, pois ela provém espiritual no homem. Enquanto isso, é
do campo da Gnosis. O homem dialético perfeitamente possível que ele tome
não é gnóstico, portanto, não pode ser consciência da existência de um campo
atraído pelas forças gnósticas. Isto não gnóstico, mas com a condição de que o
tem nada a ver com falta de amor; trata- buscador aí penetre sem nenhum pre-
se da ação de uma lei universal: seme- conceito e com intenso desejo, para
lhante atrai semelhante. Esta lei garante descobrir e perceber a fonte deste cam-
a ligação entre Deus e o princípio de luz po. “Sem prejuízo”, evidentemente, não
no homem, onde quer que este se significa “sem reflexão” e sem exame
encontre. pessoal, mas implica uma reflexão e um
Por um lado, o ser humano participa exame independentes de critérios con-
do campo terrestre, e de outro, a semen- vencionais, com o coração aberto e re-
te espiritual dentro dele o religa ao ceptivo.
31
UMA PROFUNDA TRANSFORMAÇÃO cias da antiga natureza e dar prioridade
E RENOVAÇÃO à vida gnóstica. Pensamento, sentimen-
to e ação orientam-se sem nenhum
constrangimento rumo ao objetivo gnós-
Quando a Gnosis vai ao encontro de tico.
um ser humano, desenvolvem-se idéias É assim que o chamado da Gnosis
e influxos que transformam radicalmen- ecoa no mundo. É um grande privilégio,
te a vida comum deste ser. Por suas em nossa época, poder falar da Gnosis,
próprias experiências, o buscador já mas principalmente de receber sua for-
chegou ao ponto de compreender a ne- ça para a renovação da vida. A eternida-
cessidade de uma transformação como de desceu no tempo. Passo a passo o a-
esta e a aceita de todo o coração. As- luno sério pode aproximar-se dela e aí
sim, ele começa a seguir o caminho de adentrar. Pela porta aberta do campo in-
libertação, e é a Verdade que o guia na termediário, o toque da Gnosis torna-se
senda da Luz, por um processo de uma experiência vivida. O amor divino
transformação e de regeneração funda- conduz o candidato à compreensão e,
mentais, capaz de libertar a alma imor- se ele reagir de maneira correta, conduz
tal. O exemplo que se segue sem dúvi- também a uma transformação funda-
da esclarecerá este processo: um ímã é mental.
envolvido por um campo magnético; em
seu interior se encontra um fio de cobre
isolado, formando uma curva; ele se
mantém imóvel. Neste fio não circula
nenhuma corrente e nada acontece.
Mas, se mexermos neste fio, uma cor-
rente é induzida e aí se manifesta, pro-
duzindo seu próprio campo magnético
em interação com o campo-mãe. O mo-
vimento do fio gera um movimento den-
tro do fio. Esta imagem mostra a ação
de um campo eletromagnético em geral
e do campo gnóstico, em particular: o
que penetra neste campo sem dele to-
mar parte não se transforma. Quem aí
penetra e participa de seu movimento
sofre transformação. Não há interação
entre um ser inativo e o campo que o
contém. O ser nem sequer percebe o
campo. Mas, se este ser começa a agir
e seu movimento sintoniza com a força,
ele toma parte desta nova vida. Com-
Foto portar-se em conformidade com a
Pentagrama Gnosis significa libertar-se das exigên-
32
Para muitos, a vida cotidiana
é um caminho solitário onde
o coração vai-se tornando frio,
se cristaliza, se endurece e se
transforma em uma pedra de gelo,
a ponto de rejeitar a luz aquece-
dora do sol. Mas,
ó maravilha!, a fonte que alimenta
este coração interiormente está
sempre viva. Ela apenas espera
o momento em que sua camada
de gelo se quebre e daí
jorre a água que confere a
Vida. Então, a fonte correrá
livremente e expandirá
sua beleza e a pureza
que o Criador
aí depositou.
A VERDADE SOBRE O GNOSTICISMO
34
No Evangelho de Felipe está escrito: sempre foram mal compreendidos. Pen-
Neste mundo, a luz e as trevas, sava-se (e sempre se pensa) que eles
a vida e a morte, diziam que Jesus tinha um corpo apa-
a esquerda e a direita rente e não um corpo de carne e san-
são irmãs gêmeas... gue. Para o gnóstico, este ponto não é
O que for libertado do mundo importante. Para ele, Jesus é o Homem
será incorruptível, de luz, o símbolo do ser que se doa to-
será eterno. talmente aos outros na senda da liberta-
ção interior.
Jesus tomou a forma de um servidor
A SENDA GNÓSTICA REPRESENTADA (Epístola aos Filipenses, 2:7). Apesar de
SIMBOLICAMENTE viver no mundo espiritual, ele nasceu no
mundo perecível, onde cumpriu sua tare-
fa em um corpo terrestre. Em sua vida de
O gnóstico não considera o Novo Tes- todos os dias ele mostrou aos homens
tamento acima de tudo uma narração de seu tempo como empreender o pro-
histórica. Para ele, todas as situações e cesso de libertação e como realizá-lo.
todos os acontecimentos têm, principal- No fundo, o corpo terrestre não é o
mente, um significado simbólico. Como verdadeiro corpo do homem, mas so-
ele sente seu corpo natural como uma mente uma aparência, pois o homem
prisão e um obstáculo, ele se esforça verdadeiro é o homem espiritual, e para
para libertar-se das influências deste o homem espiritual o corpo terrestre
corpo, que não é um instrumento apro- não é sua morada eterna.
priado para o Espírito. Quando o ho-
mem espiritual desperta e volta à vida, o
gnóstico constitui para si, concretamen- SENDA GNÓSTICA E ASCESE
te, um novo corpo, para que ele possa
servir de intermediário entre a vida mor-
tal e a imortal. Os gnósticos sempre foram reprova-
Este processo é descrito de modo dos por não se interessarem em outra
muito detalhado no Novo Testamento. coisa a não ser sua própria libertação e
Jesus demoliu conscientemente o anti- por quererem fugir do mundo. Não é Je-
go templo de seu corpo terrestre e cons- sus quem diz: Aquele que não odeia o
truiu um novo templo no qual o Espírito mundo não pode ser meu discípulo?
pudesse habitar. É por isso que os Ora, quando o homem natural ama o
gnósticos diziam que o corpo de Jesus mundo e se consagra a seu próximo, is-
não estava morto na cruz. to não o liberta, nem liberta o mundo,
Eles queriam dizer que corpo terres- nem liberta seu próximo. Quem quiser
tre de Jesus não era seu verdadeiro cor- ser um discípulo de Jesus e quiser imi-
po, aquele que correspondia a seu ser tá-lo compreenderá que deve começar
interior. Seu verdadeiro corpo é o corpo por romper todas as suas ligações com
da ressurreição, o corpo que venceu a a natureza antes de poder ter a revela-
morte. Sobre este ponto, os gnósticos ção da verdade. Deve também perder a
35
ilusão de que o humanitarismo pode li- “secretos”. Na realidade, é a ignorância
bertar o mundo e a humanidade. Cer- que os oculta e os dissimula. O saber in-
tamente, ele deve cumprir seus deveres telectual não pode dissipar esta igno-
de modo direito e correto, mas sem que rância; ela deve desaparecer interior-
eles o desviem da Verdade. mente. Não se trata também de realizar
Se dentro dele todos estes obstácu- a libertação pessoal do homem natural,
los forem aniquilados e aí começar a mas sim uma libertação coletiva. Um in-
agir o Amor divino, então poderá ser es- divíduo cuja personalidade foi renovada
tabelecida uma relação completamente deve, portanto, ser considerado como
diferente com a natureza, pois ele co- um precursor da nova humanidade.
nhece a única base sobre a qual se de- É preciso, portanto, que o homem di-
senvolve o verdadeiro e libertador amor alético torne-se consciente de ser o por-
ao próximo. Aos olhos daqueles que fa- tador do princípio fundamental da vida
zem tudo para melhorar a vida terrestre, divina original, o “Deus dentro dele”. Por
este comportamento gnóstico pode fa- si só, a fé não é suficiente: é a compre-
cilmente parecer insociável, e pode pa- ensão e, principalmente o desejo de re-
recer uma fuga do mundo. Mas o inver- tornar ao divino que estimulam o aluno
so é verdadeiro: quem se deixa guiar na senda. Aquele que não conhece esta
pelo Amor divino vê o mundo e suas cri- inquietude, nada pode imaginar a res-
aturas aprisionadas na ignorância e nas peito desta poderosa motivação. Conse-
trevas. O “deus dentro dele” ama o mun- qüentemente, os julgamentos emitidos
do, não para servir aos interesses do sobre os gnósticos são errôneos:
mundo, mas para fazer com que tudo o “Eles são arrogantes”.
que é divino neste mundo possa voltar a “Eles são frios e indiferentes.”
Deus. “Eles formam um grupo elitista.”
Desta forma, o gnóstico é uma prova Mas, quem avança na senda gnóstica
viva das palavras do Evangelho de João: não pode ser arrogante e falar como se
pertencesse a uma seita; é com muita
Pois Deus amou tanto o mundo, que lhe modéstia que ele aprende a se calar pa-
deu seu Filho único, a fim de que todo ra que “o Espírito de Deus dentro dele”
aquele que nele crê não pereça, mas possa falar. Ele transmite suas idéias re-
que tenha a vida eterna. novadoras a quem quer que seja, sem
exceção, a todos os que buscam o mes-
mo caminho. Seu maior desejo é o de
A SENDA GNÓSTICA É ABERTA A TODOS que seus semelhantes se libertem para
seguir a voz da Gnosis. O grau de rece-
ptividade é o que importa e é determi-
Dizem também que os gnósticos dis- nante. Quem não quiser e não puder
põem de métodos e conhecimentos se- abrir-se à luz interior é incapaz de viven-
cretos. Na medida em que o buscador ciar o Espírito de Deus. O aprisiona-
sério ainda não descobriu dentro de si mento espiritual significa não estar
mesmo estes recursos, em um certo consciente do “Deus dentro de si”; reco-
sentido estes conhecimentos ainda são nhecer a Luz interior é tornar-se consci-
36
ente do “Deus dentro de si” e esta com-
preensão ajuda a romper suas próprias
correntes e as dos outros. Aqui, a liber-
dade de um é a liberdade de todos!
37
P rece ao Pai das Luzes
pela iluminação final do gênero humano
Ó Luz invisível,
dá-nos olhos para te ver!
Ó Luz eterna,
tu, que participas da eternidade,
ilumina nossos espíritos
a fim de que eles te compreendam e te queiram bem
pois haveriam as trevas de te louvar,
Luz eterna?
Detalhe do Jardim
das Delícias
(Jerônimo Bosch,
1450-1516, Museu
do Prado, Madri). Jan Amos Comenius, 1657.
38
GNOSIS FALSA E GNOSIS VERDADEIRA
40
41
DESENVOLVIMENTO DE UM NOVO PODER MENTAL
42
nascer a ambição. Os humanos bus-
cam satisfazer seus desejos. Esta avi-
dez é a raiz dos inúmeros problemas
da sociedade.
O pensamento dialético é um produto
das percepções sensoriais. Ele aconte-
ce a partir das informações consegui-
das pelos sentidos. Se os sentidos são
baseados sobre a conservação do eu (e
eles o são, forçosamente) então o pen-
samento também o é. Se o pensamento
está voltado para a sabedoria divina,
então, ele terá diante dos olhos o bem
estar das criaturas e aí trabalhará. Sem
nomear ninguém, é preciso constatar
que não é este o caso.
43
TEXTO EXTRAÍDO DA LENDA DO REI Ele abandona, assim, o que não per-
MACACO POR WU CHENG’EN tence à Nova Vida; então o eu, o guia da
personalidade mortal, retira-se em pro-
veito do Novo Homem imortal, cujo po-
O rei Macaco acreditava que der mental tem a faculdade de seguir os
podia medir-se com Buda. Este o impulsos do Espírito divino. Este proces-
desafiou para saltar embaixo da so de desenvolvimento não é, absoluta-
palmeira a sua direita. Se ele mente, uma invenção dos rosa-cruzes,
conseguisse, iria tornar-se habitante mas uma verdade secular, oculto como
do Palácio celeste. O rei Macaco uma semente em cada ser humano.
tomou fôlego, saltou, correu como
um corisco através dos ares e
chegou após certo tempo, diante
de cinco colunas rosas. “Este deve
ser o fim do mundo”, pensou ele.
E, para testemunhar sua passagem
por este local, escreveu sobre a
coluna do meio: “O grande Sábio,
semelhante ao Céu, passou por
aqui”. Depois, urinou com desdém
na primeira coluna e voltou-se para
Buda. “Cheguei ao fim do mundo”,
falou ele, contando vantagem, “Vem,
Gravura em que eu te mostro!” Mas Buda lhe
madeira de mostrou os cinco dedos de sua mão
Hokusai (1760- que o Macaco havia pensado que Redação: C. Bode,
1849), da eram colunas. Depois, jogou-o para A. H. van den Brul, I. van den
edição japonesa
da Legenda do
baixo e ligou-o aos cinco Brul-Doerk, R.
rei Macaco in A elementos que o mantiveram Bürmann, B. Klijnveld, H. P. Knevel,
Peregrinação prisioneiro à terra. Foi assim que H. Ch. Steinhart.
para o Oeste o rei Macaco, em toda a sua
(Rijksmuseum, grandeza ilusória, foi submetido. Secretaria: C. Bode, G. Uljee.
Leyde, Holanda)
44