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Simbologia da mensagem
Brasão – simboliza a nobreza imutável do passado;
Castelo – dada a sua habitual localização num lugar mais elevado, simboliza a
segurança, a protecção e a transcendência;
Mitologia
Os seguintes tópicos pretendem fazer um resumo sobre o porquê da presença
da mitologia em Os Lusíadas:
. É um dos traços inerentes a qualquer epopeia e que, como tal, Camões não
ousou dispensar;
Depois de tudo o que foi dito, resta-nos apenas acrescentar uma ideia. Para
além de incluir na sua obra a presença e a actuação dos deuses antigos, naquilo
a que designamos por maravilhoso pagão, o poeta fez também questão de focar
o maravilhoso cristão. Este é evidente em pelo menos duas passagens do texto
(uma no Canto II, estrofe 30; outra no Canto VI, estrofe 81), quando Vasco da
Gama dirige súplicas à sua Divina Guarda.
Júpiter: na mitologia latina era o soberano dos deuses. Sendo também o deus
dos trovões. Filho de Saturno e de Cibele, conseguiu sobreviver à ambição
implacável do seu pai (que devorava todos os filhos que Cibele dava à luz).
Neptuno – Deus supremo do mar. Era invocado pelos navegadores antes das
expedições marítimas e estes ofereciam-lhe sacrifícios. Irmão e Júpiter. Aparece
nu, de barba, com um tridente na mão e sobre um coche.
Baco: ainda antes de nascer, Baco foi retirado do ventre da mãe (Sémele) por
Júpiter, que o colocou na barriga da sua perna. Aí viria a completar o período de
gestação. Mais tarde, Baco haveria de dominar o Egipto e a Índia, tendo lá
introduzido a agricultura e a vinha. Era por isso venerado como o deus do vinho.
Próteu: deus marinho e protector dos peixes. Tinha o dom de tomar todas as
formas possíveis.
Calíope: musa da eloquência e da poesia épica. Era filha de Júpiter, tal como
Clio (musa da História), Éroto (musa da poesia lírica), Euterpe (musa da dança).
Orfeu: filho de Calíope e Apolo. Tocava lira, e as suas melodias eram tão belas
que até as árvores e as pedras se moviam para o escutar.
Thetis - Thetis é uma das Nereidas, filha de Nereu, o velho do mar, e de Dóris.
É por consequência uma divindade marinha e imortal e é a mais célebre de
todas as Nereidas.
Mitificação do herói
Reflexões do poeta
Na primeira reflexão d’Os Lusíadas, sobre a insegurança da vida, Camões reage
à traição protagonizada por Baco, lamentando-se da personalidade escondida
dos seres humanos. Estabelece um paralelismo entre os perigos encontrados no
mar e em terra, verificando que em nenhum dos ambientes há segurança
12Ano Prof: Isabel Alves
Na reflexão que faz no início do canto VII, Camões faz um elogio ao espírito de
cruzada e critica os que não seguem o exemplo português. Isto porque, para
Camões, a guerra sem pretensões religiosas não faz sentido, visto ser apenas
movida pela ambição da conquista de território. Assim, recorre ao exemplo do
Luteranismo alemão.
Dirige-se depois aos ingleses, que deixam que os Muçulmanos tenham sob
controlo a cidade de Jerusalém e preocupa-se apenas em criar a sua nova forma
de religião (anglicanismo). Também os franceses, ao invés de combaterem os
infiéis, aliaram-se aos turcos para combater outros cristãos. Nem os próprios
italianos passam impunes, ao ser-lhes criticada a corrupção. Para incitar à
conquista de povos não - cristãos, visto esta causa não ser suficiente, Camões
lembra as riquezas da Ásia Menor e África, incitando desta forma a expansão.
Termina elogiando os portugueses, que se expandiram por todo o mundo tendo
como fim primário a divulgação da fé.
12Ano Prof: Isabel Alves
No final do canto VIII, Camões centra a sua reflexão nos efeitos perniciosos do
ouro. Lista todos os efeitos do metal precioso, desde traições à corrupção da
ciência, ao afirmar que o ouro pode fazer com que os juízes dêem demasiada
importância a uma obra pelo facto de terem sido remunerados para tal.
Através de seus feitos valorosos tornam-se eternos, pois o amor “sanciona a coragem e
o trabalho”, tornando-os virtuosos e felizes durante a vida e após a morte, como já dito no
primeiro capítulo. Mas como se dá a passagem, o caminho para a divindade, para a
imortalidade? Através do amor, ponte entre homens e deuses, que supera a morte e é
representado poeticamente na figura da mulher (pelo que nela reflete é capaz de superar a
transitoriedade da vida). O corpo belo das ninfas une-se aos feitos valorosos dos portugueses e
os tornam divinos. Os amantes
Com palavras formais e estipulantes
Se prometem eterna companhia,
Em vida e morte, de honra e alegria.
(Os lusíadas, canto IX, 84,vv.6-8)
Tétis e as ninfas que recebem Vasco da Gama e os outros lusos são um símbolo das
honras e glórias que dignificam a vida. Os heróis antigos, explica Camões nas estrofes 90 e 91
do canto IX d’Os lusíadas, eram imortalizados no Olimpo, como prêmio por “feitos imortais e
soberanos” que “divinos os fizeram, sendo humanos”. O amor eleva o homem e “faz descer” os
deuses: [Cupido] “Os deuses faz descer ao vil terreno/E os humanos subir ao céu sereno” (Os
lusíadas, canto IX, 20, vv. 7-8).
A “Ilha de Vénus” é a representação poética do locus amoenus, uma natureza
paradisíaca, pacífica, amorosa1. É nesse locus, que lembra o Paraíso, onde há a conjunção
entre o humano e o divino. A ilha é um prêmio pelos valorosos feitos lusitanos, é o lugar da
perfeição – lembrando-nos o Mundo das Ideias de Platão ou o Paraíso cristão. Camões
emprega o erotismo nos versos do canto: a perseguição às ninfas é descrita com grande
sensualidade, quando os ventos vão descobrindo suas alvas carnes e levando seus cabelos de
ouro. Elas “Nuas por entre o mato, aos olhos dando/ O que às mãos cobiçosas vão negando”
(Os lusíadas, canto IX, 72, vv. 7-8). Mas, assim como em outros poemas líricos, o amor do
corpo é ponto de partida para o Amor divino. Camões, como recurso estilístico, também
sublima a passagem usando uma elocução das mais elevadas, que a forma do poema épico
exige.
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12Ano Prof: Isabel Alves
Finalmente, em sexto lugar, Os Lusíadas atinge um dos mais altos graus estéticos
de toda a poesia portuguesa, fundindo o espírito lírico presente nas cantigas de
amigo e de amor, o espírito trágico presente em Castro, de António Ferreira, e o
espírito épico presente nas gestas medievais de cavalaria da “matéria da
Bretanha”, evidenciando-se na época como a mais bela e a rica síntese da
totalidade da cultura portuguesa.