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FACULDADE DE DIREITO
NAMPULA
2020
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE DIREITO
NAMPULA
2020
LISTA DE ABREVIATURAS
Vol. – Volume;
Pág. – página;
Art.º. – Artigo
Ss – seguintes
RC – responsabilidade civil
ÍNDICE
LISTA DE ABREVIATURAS ........................................................................................................ I
Introdução ....................................................................................................................................... 1
8. Prova ........................................................................................................................................ 9
Conclusão...................................................................................................................................... 11
Bibliografia ................................................................................................................................... 12
Introdução
O presente trabalho de carácter avaliativo, da cadeira de Metodologia de Pesquisa
Cientifica, tem como tema, Análise Jurídica da Prisão Ilegal e a Responsabilidade civil do
Estado. Se Analisa, para tanto, os diversos posicionamentos referentes à questão, a partir de uma
interpretação teleológica e sistemática da liberdade pessoal, do conceito de prisão e do alcance e
aplicabilidade da responsabilidade civil do Estado diante da devida reparação da prisão ilegal,
sem olvidar a utilização de lições doutrinárias e jurisprudenciais.
Nessa ordem de ideia, objectiva-se aqui, fazer uma análise e buscar compreensão das
condições em que, havendo detenção ilegal – entendida esta no sentido amplo de detenção sem
razão de ser e bem assim no de detenção protelada para além dos limites legais – pode o lesado
fazer-se ressarcir pelos danos causados pela privação ilícita da sua liberdade.
Do ponto de vista temático, a presente abordagem enquadra-se na área do processo penal, pelo
que terá por instrumentos base o código de processo penal e o código penal, sem prejuízo do
recurso ao código civil no concernente aos pressupostos da responsabilidade civil e a sua
aplicabilidade ao processo penal, mormente, nos casos da responsabilidade por prisão ilegal.
Em síntese conclusiva, diga-se tratar de uma abordagem reflexiva à propósito da incompetência,
negligência e imputabilidade dos danos derivados da prisão ilegal aos agentes do estado
envolvidos na promoção e efectivação das prisões.
1. Descobrimento do problema
No direito penal moçambicano, vigora o princípio da liberdade como regra e a prisão a
excepção, razão pela qual, os arguidos gozam de presunção de inocência até decisão
condenatória definitiva (n.° 2 do art. 59 da CRM). Não obstante, o instituto legal da prisão
preventiva (art. 243 do CPP) é uma parte obscura do princípio retro mencionado, tanto mais que,
com o mesmo, abre-se espaço à privação da liberdade dos cidadãos antes de decisão final
condenatória definitiva.
Assim, na medida em que a prisão preventiva ilegal (a que se desencadeia sem que se hajam
preenchidos os respectivos pressupostos ou estando os, entretanto se protele por mais tempo
além do legal) questiona-se: até que ponto é lícito ao cidadão condenado ou ex-condenado
demandar a responsabilidade civil o Estado como tal considerado por erros, omissões,
incompetências e negligências protagonizadas pelos agentes responsáveis pela promoção e
efectivação das prisões?
2
3. Procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes do problema
O direito de liberdade, tendo surgido como forma de libertar o homem das amarras do
estado absolutista, é o mais destacado dos direitos fundamentais individuais, sendo que tal direito
não mais poderia ser restrito pelo Estado de forma deliberada e absoluta.
3
Assim, podemos afirmar que a liberdade pessoal é condicionada pela lei, que regula o que
não se pode fazer, circunscrevendo o arbítrio de cada pessoa. Inexistindo, dessa forma, liberdade
absoluta, pois todos devem agir dentro dos limites impostos pela ordem legal.
3.3. Prisão
O termo prisão deriva do latim prehensio, de prehendere, que significa "o acto de prender ou o
ato de agarrar uma coisa". Indica "o ato pelo qual se priva a pessoa de sua liberdade de
locomoção, isto é, da liberdade de ir e vir, recolhendo-a a um lugar seguro e fechado, de onde
não poderá sair". Em suma, a prisão indica a perda da liberdade, suprimindo-a mediante o
encarceramento. Aqui vamos mas nos cingir na prisão preventiva.
1
UACHE, Henrique Fernando, Manual Prático de processo penal, 4 Ed., Maputo, 2014, p. 52.
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Assim, quando a prisão preventiva se reconheça ilegal, haverá que imputar a alguém a
responsabilidade pelos danos em crise, até os mesmos decorrem de factos imputáveis a pessoas
determinadas.
A propósito escreve, escreve AMARAL, o acto ilegal praticado por servidores públicos
que, ao invés de agirem "como garantidores dos direitos individuais e colectivos, partindo para
a atitude de coactores ou de qualquer outro modo infringindo a obrigação que lhes é conferida,
é de responsabilidade do Estado.2 Vale por isso dizer, que pelos actos, omissões, ilegalidades
perpetradas por agentes da lei, é imputável ao Estado os danos que disso resulte para o cidadão.
2
Prisão ilegal: a responsabilidade civil do estado e o decorrente dever de indemnizar pelos danos morais:
Quantificação dos valores indemnizatórios, disponível http://egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/13017-
13018-1-PB.pdf, acedido em 13.03.2020.
3
Luís, Manuel Teles de Menezes leitão, Direito das Obrigações, vol. I, 1a Ed, Almedina, 2005, PP. 84.
4
Ana prata (Coord.) Código Civil anotado, V. 1, almedina 2017, ano. Artigo 500.
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Ora, assim posta a teoria da imputação dos danos, ergue-se outra questão: como fica as
agentes responsáveis pela detenção ilegal dom lesado? Qual é o foro competente para dirimir a
questão? Estas e outras questões, são matérias que constituem o fundo da presente abordagem, a
qual girará em torno das consequências e responsabilidade pela privação da liberdade física do
cidadão antes da sua condenação por uma sentença do tribunal que seja insusceptível de recurso
ordinário, ou seja por sentença que tenha transitado em julgado (COSTA 1960).
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e incompetência dos seus agentes pode-se demandar o Estado nos mesmos termos em que se
pode demandar o comitente pelos danos causados pelo comissário – art. 500 do CC. Dada a
natureza administrativa da relação arguido e os órgãos de administração da justiça, a instância
competente para conhecer do conflito gerado nessa relação é a administrativa, sem prejuízo da
aplicação dos pressupostos gerais da responsabilidade civil previstos nos termos do art. 483 do
CPC, no que ao fundo diz respeito.
Por outro lado, pode se adoptar a teoria da responsabilidade civil objectiva para apuração
do nexo causal entre a conduta do agente estatal e dano sofrido pelo particular, bastando a
aferição de sua ocorrência in concreto para a imposição da obrigação ao Estado.
Criar um artigo que responsabiliza o Estado pelos danos causados a outrem nos casos de
prisão ilegal por culpa exclusiva do Estado;
Implementação de novos pressupostos para prisão e as respectivas penas do seu não
cumprimento;
Criação de medidas cautelares alternativas a prisão.
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essa liberdade é inviolável, dela gozando mesmo estando em curso ou pendente um processo
crime sobre si, pois, até decisão definitiva em contrário, a pessoa presume se inocente.
Em decorrência dos riscos trazidos pela prisão ilegal, causando lesão à honra, dignidade e
também lesão patrimonial do indivíduo não se pode admitir que a mesma permanecesse impune.
Deve-se por tanto aplicar-se em decorrência da teoria do risco por estar os indivíduos submetidos
ao poder estatal, podendo sofrer penalidades, regras por ele imposta, cabe também entender que
também devam ser responsabilizados pelos danos causados, devendo apenas ser comprovado o
nexo de causalidade entre a conduta estatal e a lesão causada a vítima.
Qualquer irregularidade ocorrida poderá decorrer em prisão ilegal e uma vez constatado
tal fato e resultado disso alguma lesão o Estado deve ser responsabilizado e deve reparar o
prejuízo causado.
Portanto, se não houver motivos suficientes, bem como se não for extremamente
necessário, a prisão não deve ser a medida utilizada.
Importa lembrar que o Estado, como pessoa jurídica, é um ser intangível. Somente se faz
presente no mundo jurídico através de seus agentes, pessoas físicas cuja conduta é a ele
imputada. O Estado, por si só, não pode causar danos a ninguém. Sendo assim, o cenário
concernente ao tema que estudamos se compõe de três sujeitos: o Estado, o lesado e o agente do
Estado. Nesse cenário, o Estado, segundo o direito positivo, é civilmente responsável pelos
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danos que seus agentes causarem a terceiros. Sendo-o, incumbe-lhe reparar os prejuízos
causados, ficando obrigado a pagar as respectivas indemnizações.
8. Prova
A liberdade é um direito indisponível, sendo evidente que o ato praticado diante do
cerceamento da liberdade individual de maneira arbitrária, além de ilegal, representa grave lesão
ao status de dignidade e liberdade constitucionalmente protegidos. Não havendo razões
contundentes para privar a liberdade pessoal, não deve ocorrer a prisão.
Ainda que a liberdade pessoal não seja irrestrita, ficando limitada em razão da
necessidade de se manter o equilíbrio do convício social, o limite ao exercício da liberdade
pessoal é imposto pelo ordenamento jurídico, que por sua vez é formulado pelo próprio corpo
social por intermédio de seus representantes, como reflexo de seus anseios, o que legitima a
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acção do Estado sempre que for necessário actuar no sentido de restringir a liberdade pessoal, o
que somente poderá ser efectuado pelo modo determinado pela lei, de maneira que seja
restabelecida a paz e a ordem social.
Qualquer irregularidade que ocorra na prisão estará configurando a prisão indevida. Desta
forma, sobressai-se que ante qualquer irregularidade face à restrição da liberdade pessoal,
especialmente pela prisão ilegal, o Estado deve ser responsabilizado para que os danos causados
ao indivíduo sejam integralmente reparados.
Os eventuais danos causados pela prisão ilegal por parte do Estado e no âmbito do
processo não se limitam às medidas cautelares de privação da liberdade e à sentença
condenatória injusta. A administração da justiça pode provocar danos ao arguido que é sujeito a
qualquer outra medida de coacção distinta da detenção, prisão preventiva ou da obrigação de
permanência na habitação, ou medida cautelar de garantia patrimonial ou meio de obtenção de
prova - exame, revista, busca, apreensão ou escuta telefónica - e que, neste último caso, também
pode atingir terceiros.
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Conclusão
Em cede de conclusão importa referir que, a liberdade individual, sendo direito
fundamental e indisponível, fica claro que um acto abusivo ou descuidado por parte do Estado,
manifestada na forma da prisão ilegal fere direitos fundamentais, lesando a dignidade e a
liberdade prevista na constituição.
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Bibliografia
Doutrina
- PRATA, Ana, et. All, código civil anotado, volume I, Almedina, 2017.
-VARRELA, João de matos Antunes, das obrigações em Geral, volume I, 10o edição,
Almedina, 2000.
Legislação
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