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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

SAYONARA JOANA IBRAIMO

ANÁLISE JURÍDICA DA PRISÃO ILEGAL E A


RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

NAMPULA

2020
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

SAYONARA JOANA IBRAIMO

ANÁLISE JURÍDICA DA PRISÃO ILEGAL E A


RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

Trabalho de carácter avaliativo,


pertencente a cadeira de Metodologia,
leccionada por Dr. Barbosa Morais,
4ᵒAno, Pós-laboral.

NAMPULA

2020
LISTA DE ABREVIATURAS
Vol. – Volume;

Pág. – página;

Art.º. – Artigo

Ss – seguintes

RC – responsabilidade civil
ÍNDICE
LISTA DE ABREVIATURAS ........................................................................................................ I

Introdução ....................................................................................................................................... 1

1. Descobrimento do problema .................................................................................................... 2

2. Colocação precisa do problema ............................................................................................... 2

3. Procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes do problema .................................. 3

3.1. Noções básicas sobre os direitos fundamentais................................................................ 3

3.2. Direito a liberdade................................................................................................................ 3

3.3. Prisão ................................................................................................................................ 4

3.4. Responsabilidade civil do Estado ..................................................................................... 6

4. Tentativa de solução do problema ........................................................................................... 6

5. Invenção de novas ideias ......................................................................................................... 7

6. Obtenção de uma solução ........................................................................................................ 7

7. Investigação das consequências das soluções obtidas ............................................................. 9

8. Prova ........................................................................................................................................ 9

9. Correcção de hipóteses teóricas ............................................................................................. 10

Conclusão...................................................................................................................................... 11

Bibliografia ................................................................................................................................... 12
Introdução
O presente trabalho de carácter avaliativo, da cadeira de Metodologia de Pesquisa
Cientifica, tem como tema, Análise Jurídica da Prisão Ilegal e a Responsabilidade civil do
Estado. Se Analisa, para tanto, os diversos posicionamentos referentes à questão, a partir de uma
interpretação teleológica e sistemática da liberdade pessoal, do conceito de prisão e do alcance e
aplicabilidade da responsabilidade civil do Estado diante da devida reparação da prisão ilegal,
sem olvidar a utilização de lições doutrinárias e jurisprudenciais.

As conclusões trazem as eventuais formas de responsabilização do ente estatal


responsável pela prisão ilegal admitidas pelo ordenamento e o entendimento do Superior
Tribunal de Justiça acerca da responsabilização do Estado diante da prisão ilegal e sua
consequente reparação, seja pelos danos morais, materiais ou ambos, demonstrando que o
referido instituto da responsabilidade civil objectiva aplica-se aos casos de prisão ilegal.

A prisão preventiva é uma medida de coacção aplicável com vista a se acautelarem os


efeitos úteis da acção, traduzida na captura e recolha do suspeito à prisão, privando o da sua
liberdade ainda no início ou decurso do procedimento criminal respectivo, portanto, antes de
qualquer decisão condenatória, ainda que provisória.

A sua operacionalização, choca, portanto, com o sacro santo princípio da presunção de


inocência, levando a que indivíduos meramente suspeitos sejam vistos – a vista do leigo e da
sociedade no geral – como se verdadeiros culpados se tratassem, ou a que indivíduos inocentes
cumpram penas por crimes ou suspeitas de crimes de que não cometeram.

Nessa ordem de ideia, objectiva-se aqui, fazer uma análise e buscar compreensão das
condições em que, havendo detenção ilegal – entendida esta no sentido amplo de detenção sem
razão de ser e bem assim no de detenção protelada para além dos limites legais – pode o lesado
fazer-se ressarcir pelos danos causados pela privação ilícita da sua liberdade.

Do ponto de vista temático, a presente abordagem enquadra-se na área do processo penal, pelo
que terá por instrumentos base o código de processo penal e o código penal, sem prejuízo do
recurso ao código civil no concernente aos pressupostos da responsabilidade civil e a sua
aplicabilidade ao processo penal, mormente, nos casos da responsabilidade por prisão ilegal.
Em síntese conclusiva, diga-se tratar de uma abordagem reflexiva à propósito da incompetência,
negligência e imputabilidade dos danos derivados da prisão ilegal aos agentes do estado
envolvidos na promoção e efectivação das prisões.
1. Descobrimento do problema
No direito penal moçambicano, vigora o princípio da liberdade como regra e a prisão a
excepção, razão pela qual, os arguidos gozam de presunção de inocência até decisão
condenatória definitiva (n.° 2 do art. 59 da CRM). Não obstante, o instituto legal da prisão
preventiva (art. 243 do CPP) é uma parte obscura do princípio retro mencionado, tanto mais que,
com o mesmo, abre-se espaço à privação da liberdade dos cidadãos antes de decisão final
condenatória definitiva.

Desta feita, na medida em que a prisão preventiva pressupõe a verificação de


determinados pressupostos legais e de facto, nomeadamente, o receio de fuga no decurso da
instrução ou de perturbação desta pelo indiciado, e, está sujeita a prazos peremptórios as quais
não deve ultrapassar, urge a necessidade de analisar os termos e mecanismos em que pode o
cidadão que se sinta lesado, seja por ter sido preso sem que se achassem verificados os
respectivos pressupostos (prisão ilegal) ou por ter ficado mais tempo preso do que o tempo
imposto pela lei (violação dos prazos de prisão preventiva).

2. Colocação precisa do problema


De acordo com o disposto no art. 483 do CC, aquele que com dolo ou mera culta violar
ilicitamente direitos ou disposições legais destinados à tutela de direitos de outrem, será
responsável pelos danos que com tal causar. Por sua vez, o artigo 70 da CRM, consagra o direito
geral dos cidadãos de recurso aos tribunais contra os actos que violam os direitos e interesses
reconhecidos pela constituição e pela lei.

Assim, na medida em que a prisão preventiva ilegal (a que se desencadeia sem que se hajam
preenchidos os respectivos pressupostos ou estando os, entretanto se protele por mais tempo
além do legal) questiona-se: até que ponto é lícito ao cidadão condenado ou ex-condenado
demandar a responsabilidade civil o Estado como tal considerado por erros, omissões,
incompetências e negligências protagonizadas pelos agentes responsáveis pela promoção e
efectivação das prisões?

2
3. Procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes do problema

3.1. Noções básicas sobre os direitos fundamentais


Desde as revoluções liberais dos séculos XVII e XVIII que os chamados direitos
fundamentais começaram a ser formulados e positivados nas constituições dos países em
formação. Hodiernamente, os direitos fundamentais, matéria necessária em quase todas as
constituições do mundo, englobam tanto os direitos inicialmente considerados como tal, agora
direitos individuais, como toda uma nova série de prerrogativas e garantias que buscam assegurar
o exercício da cidadania plena, esta entendida em sua conceituação mais ampla.

Os direitos fundamentais podem ser definidos como, o conjunto institucionalizado de


direitos e garantias do ser humano, que tem por finalidade básica o respeito a sua dignidade, por
meio de sua protecção contra o arbítrio do poder estatal e o estabelecimento de condições
mínimas de vida e desenvolvimento da personalidade humana.

O direito de liberdade, tendo surgido como forma de libertar o homem das amarras do
estado absolutista, é o mais destacado dos direitos fundamentais individuais, sendo que tal direito
não mais poderia ser restrito pelo Estado de forma deliberada e absoluta.

3.2. Direito a liberdade


A liberdade pessoal é um direito natural do homem. “É o único direito nato no qual todos
os outros estão implícitos”2. Ocorre que a vida em sociedade nos impõe determinadas regras de
convivência que, por vezes, limitam nossa liberdade em detrimento da colectividade e do
respeito ao direito de nosso semelhante.

A imposição de um sacrifício ao particular faz incidir a regra da igualdade dos ónus e


encargos, levando à distribuição destes por todos os administrados. Mas a actuação do Estado em
benefício da sociedade implica também a garantia dos direitos que a ordem constitucional
deferiu ao cidadão. A liberdade física implica necessariamente no direito de ir, vir e permanecer.
Todavia, essa liberdade que podemos chamar de natural, não é absoluta, esbarra no poder estatal,
encarregado de manter a ordem e a paz pública.

3
Assim, podemos afirmar que a liberdade pessoal é condicionada pela lei, que regula o que
não se pode fazer, circunscrevendo o arbítrio de cada pessoa. Inexistindo, dessa forma, liberdade
absoluta, pois todos devem agir dentro dos limites impostos pela ordem legal.

A Constituição da República de Moçambique inclui entre os direitos dos cidadãos, o


direito à liberdade (art. 59º da CRM, de acordo com o qual “todos os cidadãos são livre e
ninguém pode ser preso e submetido a julgamento senão nos termos da lei”.

3.3. Prisão
O termo prisão deriva do latim prehensio, de prehendere, que significa "o acto de prender ou o
ato de agarrar uma coisa". Indica "o ato pelo qual se priva a pessoa de sua liberdade de
locomoção, isto é, da liberdade de ir e vir, recolhendo-a a um lugar seguro e fechado, de onde
não poderá sair". Em suma, a prisão indica a perda da liberdade, suprimindo-a mediante o
encarceramento. Aqui vamos mas nos cingir na prisão preventiva.

A prisão preventiva consiste na privação da liberdade física do cidadão antes da sua


condenação por uma sentença do tribunal que seja insusceptível de recurso ordinário, ou seja por
sentença que tenha transitado em julgado.

A prisão preventiva constitui uma, de três medidas de coacção aplicáveis a indivíduos a


contas com a lei, suspeito do envolvimento num determinado tipo legal de crime, sendo esta,
diga-se de passagem, a mais severa de todas, pois, traduzida na privação da liberdade física do
cidadão1, e, como tal, está submetida a um estrito princípio da necessidade, aferida em função
dos fins que a mesma visa acautelar, e daí que só seja admitida quando a liberdade provisória for
insuficiente, quando os meios substitutivos da detenção se revelarem inaptos para assegurar os
referidos fins.

Aqui surge a difícil compatibilização entre a presunção de inocência e a prisão, embora


preventiva, do acusado, denunciada por GARÓFALO (1892). É que, no nosso ordenamento
jurídico, graças a consagração do sacro santo Princípio processual da presunção de inocência do
arguido (n.º 2, do artigo 59.º da CRM), a culpa dos detidos preventivos não está ainda provada,
sendo desejável evitar os chamados «julgamentos da opinião pública».

1
UACHE, Henrique Fernando, Manual Prático de processo penal, 4 Ed., Maputo, 2014, p. 52.

4
Assim, quando a prisão preventiva se reconheça ilegal, haverá que imputar a alguém a
responsabilidade pelos danos em crise, até os mesmos decorrem de factos imputáveis a pessoas
determinadas.

A questão que aqui se coloca é a de saber se a imputação há-de recair imediata e


directamente sobre os agentes responsáveis pela detenção (policiais, procuradores e juízes da
instrução criminal) ou se antes deverá recair sobre a pessoa que lhes conferiu tais poderes (o
Estado).

A propósito escreve, escreve AMARAL, o acto ilegal praticado por servidores públicos
que, ao invés de agirem "como garantidores dos direitos individuais e colectivos, partindo para
a atitude de coactores ou de qualquer outro modo infringindo a obrigação que lhes é conferida,
é de responsabilidade do Estado.2 Vale por isso dizer, que pelos actos, omissões, ilegalidades
perpetradas por agentes da lei, é imputável ao Estado os danos que disso resulte para o cidadão.

No caso particular da prisão preventiva, e tendo presente as consequências que da mesma


podem resultar para a pessoa do detido, a saber: a subtracção do arguido ao seu meio familiar, a
perda do trabalho, a sua subtracção do convívio social e a sua contaminação pelo meio prisional.
Nesse último caso, importa referir que a prisão preventiva pode inviabilizar, por vezes
definitivamente, a possibilidade de ressocialização e reinserção na vida social daquele que esteve
preso preventivamente, desde logo, tempo perdido e as respectivas consequências já referidas,
como também pela reprovação social resultante de uma passagem pela cadeia, ainda que com a
sua inocência provada.

Sustenta-se, portanto, a responsabilização do Estado, a qual ocorre nos mesmos termos


em que o é o comitente3, pelos danos causados pelos comissários – art. 500 do CC, onde, o
Estado seria o comitente e, os agentes encarregados de promover não só a prisão, como também
a sua soltura quando seja esse o caso, os comissários.4

2
Prisão ilegal: a responsabilidade civil do estado e o decorrente dever de indemnizar pelos danos morais:
Quantificação dos valores indemnizatórios, disponível http://egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/13017-
13018-1-PB.pdf, acedido em 13.03.2020.
3
Luís, Manuel Teles de Menezes leitão, Direito das Obrigações, vol. I, 1a Ed, Almedina, 2005, PP. 84.
4
Ana prata (Coord.) Código Civil anotado, V. 1, almedina 2017, ano. Artigo 500.

5
Ora, assim posta a teoria da imputação dos danos, ergue-se outra questão: como fica as
agentes responsáveis pela detenção ilegal dom lesado? Qual é o foro competente para dirimir a
questão? Estas e outras questões, são matérias que constituem o fundo da presente abordagem, a
qual girará em torno das consequências e responsabilidade pela privação da liberdade física do
cidadão antes da sua condenação por uma sentença do tribunal que seja insusceptível de recurso
ordinário, ou seja por sentença que tenha transitado em julgado (COSTA 1960).

3.4. Responsabilidade civil do Estado


A responsabilidade descrita é objectiva, tendo em vista que não precisa provar a
ocorrência do dano, somente a relação de causalidade entre aquele e seu causador. Desta
forma, a culpa do Estado é decorrente do ato lesivo da Administração. Tendo a vítima
comprovado o fato danoso e injusto decorrido de acção ou omissão do agente estatal para que o
Estado seja obrigado a indemnizar o dano causado. No ordenamento jurídico Moçambicano a
responsabilidade civil do Estado encontra-se regulado pelo código civil, concretamente no
artigo 501.

A responsabilidade civil do Estado, por actos omissivos ou omissivos de seus agentes, é


de natureza objectiva, isto é, prescinde da comprovação de culpa. Neste particular, houve uma
evolução da responsabilidade civilística, que não prescinde da culpa subjectiva do agente, para a
responsabilidade pública, isto é, responsabilidade objectiva. Esta teoria é a única compatível com
a posição do Poder Público ante os seus súbditos, pois, o Estado dispõe de uma força
infinitamente maior que o particular. Aquele, além de privilégios e prerrogativas que o cidadão
não possui, dispõe de toda uma infra-estrutura material e pessoal para a movimentação da
máquina judiciária e de órgãos que devam actuar na apuração da verdade processual. Se
colocasse o cidadão em posição de igualdade com o Estado, em uma relação jurídica processual,
evidentemente, haveria um desequilíbrio de tal ordem que comprometeria a correta distribuição
da justiça.

4. Tentativa de solução do problema


A busca pela responsabilidade civil do Estado pelos danos decorrentes da prisão ilegal
gerada pela inércia, omissão, incompetência e negligência de seus agentes, constitui a causa da
presente abordagem. Na tentativa de solucionar este problema, Pela inércia, negligência, omissão

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e incompetência dos seus agentes pode-se demandar o Estado nos mesmos termos em que se
pode demandar o comitente pelos danos causados pelo comissário – art. 500 do CC. Dada a
natureza administrativa da relação arguido e os órgãos de administração da justiça, a instância
competente para conhecer do conflito gerado nessa relação é a administrativa, sem prejuízo da
aplicação dos pressupostos gerais da responsabilidade civil previstos nos termos do art. 483 do
CPC, no que ao fundo diz respeito.

Por outro lado, pode se adoptar a teoria da responsabilidade civil objectiva para apuração
do nexo causal entre a conduta do agente estatal e dano sofrido pelo particular, bastando a
aferição de sua ocorrência in concreto para a imposição da obrigação ao Estado.

Deste modo, a responsabilidade estatal, como já expresso, funda-se na obrigação de


reparar do Estado ao dano que causou a bens juridicamente protegidos pertencentes a seus
administrados, no desempenho de seus actos ou omissões, tanto lícitos quanto ilícitos. De tal
forma, incumbe ao Estado o dever constitucional de indemnizar terceiros lesados por actos
praticados por seus agentes pela deficiente consecução das actividades da administração, sem
suprimir o direito de regresso estatal contra o causador directo do dano.

5. Invenção de novas ideias


Hipóteses

 Criar um artigo que responsabiliza o Estado pelos danos causados a outrem nos casos de
prisão ilegal por culpa exclusiva do Estado;
 Implementação de novos pressupostos para prisão e as respectivas penas do seu não
cumprimento;
 Criação de medidas cautelares alternativas a prisão.

6. Obtenção de uma solução


A presunção de inocência do arguido (n.° 2 do art. 59 da CRM) é um princípio geral e
estrutural que perpassa todo o ordenamento jurídico penal pátrio. É dele que decorre a certeza
jurídica aos cidadãos de que estes não só são livres e iguais perante a lei, como também a de que

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essa liberdade é inviolável, dela gozando mesmo estando em curso ou pendente um processo
crime sobre si, pois, até decisão definitiva em contrário, a pessoa presume se inocente.

Nesse contexto, a consagração excepcional, porém com recurso recorrente e regrado


pelos órgãos da administração da justiça criminal, pode i.e. muitas vezes vista como uma aversão
ao princípio da liberdade e segurança, já que, de forma arbitrária e sem culpa formada, as
pessoas vêm se agora na iminência de a qualquer altura verem-se privadas da sua liberdade.
Outrossim, que dizer se essa detenção ou prisão é movida por razões alheias ao sistema jurídico
pátrio, ou, ainda que presididas por razoes legais, não se coadunam com os prazos respectivos?
Verifica-se aqui, portanto, uma situação de violação injustificada e desproporcional do direito “o
direito à liberdade” e bem assim das normas para tanto destinadas a tutelá-la: quando se diz
“ninguém pode ser detido ou submetido a julgamento senão nos termos da lei (n.° 1 do art. 59 in
fine da CRM” prevê-se norma de tutela do direito à liberdade das pessoas, sendo dela violadora
todas as detenções que tenham lugar à sua margem.

Em decorrência dos riscos trazidos pela prisão ilegal, causando lesão à honra, dignidade e
também lesão patrimonial do indivíduo não se pode admitir que a mesma permanecesse impune.
Deve-se por tanto aplicar-se em decorrência da teoria do risco por estar os indivíduos submetidos
ao poder estatal, podendo sofrer penalidades, regras por ele imposta, cabe também entender que
também devam ser responsabilizados pelos danos causados, devendo apenas ser comprovado o
nexo de causalidade entre a conduta estatal e a lesão causada a vítima.

Qualquer irregularidade ocorrida poderá decorrer em prisão ilegal e uma vez constatado
tal fato e resultado disso alguma lesão o Estado deve ser responsabilizado e deve reparar o
prejuízo causado.

Portanto, se não houver motivos suficientes, bem como se não for extremamente
necessário, a prisão não deve ser a medida utilizada.

Importa lembrar que o Estado, como pessoa jurídica, é um ser intangível. Somente se faz
presente no mundo jurídico através de seus agentes, pessoas físicas cuja conduta é a ele
imputada. O Estado, por si só, não pode causar danos a ninguém. Sendo assim, o cenário
concernente ao tema que estudamos se compõe de três sujeitos: o Estado, o lesado e o agente do
Estado. Nesse cenário, o Estado, segundo o direito positivo, é civilmente responsável pelos

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danos que seus agentes causarem a terceiros. Sendo-o, incumbe-lhe reparar os prejuízos
causados, ficando obrigado a pagar as respectivas indemnizações.

7. Investigação das consequências das soluções obtidas


Se afirma uma responsabilidade universal do Estado, que deixa de ser, grosso modo,
irresponsável, para passar a ser um ente responsável pelas actuações dos titulares dos seus
órgãos. No entanto, indiciando um aparente reforço das garantias do lesado, o dispositivo acaba
por revelar um modelo de responsabilidade diverso daquele que constitui a actual opção
dogmática em sede de responsabilidade da pessoa colectiva pelos actos dos titulares dos seus
órgãos, em que o Estado é directamente responsável pelos actos dos titulares dos seus órgãos,
ainda que estes sejam lícitos.

A solução do texto constitucional parece tomar em consideração o regime processual


então vigente. Uma vez que este ancorava a responsabilidade por danos causados pelo exercício
da função jurisdicional ao magistrado, a Constituição, aumentando as garantias do lesado,
limitou-se a estender a obrigação de indemnizar ao Estado. Pode-se dizer ainda que o direito
português adoptou o modelo da responsabilidade objectiva, temperado com mecanismos de
aferição de alguma forma de subjectividade. No ordenamento brasileiro, contudo, o espaço
reservado à subjectividade se cinge ao direito de regresso, e assim, a responsabilidade do Estado
é sempre objectiva, tanto quando a lesão ao direito vem perpetrada pela via da acção ou da
omissão

8. Prova
A liberdade é um direito indisponível, sendo evidente que o ato praticado diante do
cerceamento da liberdade individual de maneira arbitrária, além de ilegal, representa grave lesão
ao status de dignidade e liberdade constitucionalmente protegidos. Não havendo razões
contundentes para privar a liberdade pessoal, não deve ocorrer a prisão.

Ainda que a liberdade pessoal não seja irrestrita, ficando limitada em razão da
necessidade de se manter o equilíbrio do convício social, o limite ao exercício da liberdade
pessoal é imposto pelo ordenamento jurídico, que por sua vez é formulado pelo próprio corpo
social por intermédio de seus representantes, como reflexo de seus anseios, o que legitima a

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acção do Estado sempre que for necessário actuar no sentido de restringir a liberdade pessoal, o
que somente poderá ser efectuado pelo modo determinado pela lei, de maneira que seja
restabelecida a paz e a ordem social.

Qualquer irregularidade que ocorra na prisão estará configurando a prisão indevida. Desta
forma, sobressai-se que ante qualquer irregularidade face à restrição da liberdade pessoal,
especialmente pela prisão ilegal, o Estado deve ser responsabilizado para que os danos causados
ao indivíduo sejam integralmente reparados.

9. Correcção de hipóteses teóricas


Pese em bora a liberdade é um direito indisponível, mas a responsabilidade civil do
Estado é um instituto que se coloca como garantia, embora de natureza secundária, dos cidadãos.
É uma protecção jurídica dos particulares contra as acções lesivas levadas a cabo pelos poderes
do Estado. O topo do dispositivo constitucional indica que se trata de um princípio geral dos
direitos fundamentais do cidadão, um verdadeiro princípio, articulado com várias outras normas
que condensam valores constitucionais. A natureza do princípio e lógica dessa norma
constitucional não afasta, contudo, sua feição de direito subjectivo. Afinal, não se está diante de
uma mera liberalidade do Estado no reconhecimento de um erro de seus agentes e funcionários
que causa danos ao cidadão.

Os eventuais danos causados pela prisão ilegal por parte do Estado e no âmbito do
processo não se limitam às medidas cautelares de privação da liberdade e à sentença
condenatória injusta. A administração da justiça pode provocar danos ao arguido que é sujeito a
qualquer outra medida de coacção distinta da detenção, prisão preventiva ou da obrigação de
permanência na habitação, ou medida cautelar de garantia patrimonial ou meio de obtenção de
prova - exame, revista, busca, apreensão ou escuta telefónica - e que, neste último caso, também
pode atingir terceiros.

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Conclusão
Em cede de conclusão importa referir que, a liberdade individual, sendo direito
fundamental e indisponível, fica claro que um acto abusivo ou descuidado por parte do Estado,
manifestada na forma da prisão ilegal fere direitos fundamentais, lesando a dignidade e a
liberdade prevista na constituição.

Apesar da liberdade não ser ilimitada em razão da vivência em sociedade, para


manutenção do convívio social, da paz na sociedade, ela deve ter o mínimo possível de
cerceamento, o judiciário não pode agir de maneira arbitrária, ou os agentes estatais com abuso
de poder. O Estado tem legitimidade para agir cerceando a liberdade caso seja necessário, porém
deve respeitar o disposto em lei e ser responsabilizado por seus actos. Em decorrência dos riscos
trazidos pela prisão ilegal, causando lesão à honra, dignidade e também lesão patrimonial do
individuo não se pode admitir que a mesma permanecesse impune. Deve-se por tanto aplicar-se
em decorrência da teoria do risco por estar os indivíduos submetidos ao poder estatal, podendo
sofrer penalidades, regras por ele imposta, cabe também entender que também devam ser
responsabilizados pelos danos causados, devendo apenas ser comprovado o nexo de causalidade
entre a conduta estatal e a lesão causada a vítima. Qualquer irregularidade ocorrida poderá
decorrer em prisão ilegal e uma vez constatado tal fato e resultado disso alguma lesão o Estado
deve ser responsabilizado e deve reparar o prejuízo causado.

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Bibliografia
Doutrina

- PRATA, Ana, et. All, código civil anotado, volume I, Almedina, 2017.

-VARRELA, João de matos Antunes, das obrigações em Geral, volume I, 10o edição,
Almedina, 2000.

- UACHE, Henrique Fernando, Manual prático de processo penal, alcance editores, 4a


edição, Maputo 2014.

- AMARAL, Sylvia Maria Mendonça, Prisão ilegal: a responsabilidade civil do estado e


o decorrente dever de indemnizar pelos danos morais. Quantificação dos valores
indemnizatórios.

Legislação

- REPÚBLICA DE MOCAMBIQUE, Constituições da republica de Moçambique, 2018

- REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Código de Processo Penal, Decreto nº 19 271, de


24 de Janeiro, in Boletim da República, 1931.

- REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, código civil, 3ª ed. Maputo 2004.

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