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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO

DANIELLE CHAVES GOMES DE OLIVEIRA

Estudo dos efeitos da ocitocina em modelos de ansiedade


generalizada e de pânico em ratos e em voluntários
saudáveis

Ribeirão Preto
2011
DANIELLE CHAVES GOMES DE OLIVEIRA

Estudo dos efeitos da ocitocina em modelos de ansiedade


generalizada e de pânico em ratos e em voluntários saudáveis

Tese apresentada a Faculdade de Medicina de


Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
para obtenção do título de Doutora em
Ciências.

Área de Concentração: Saúde Mental


Orientador: Prof. Dr. Antônio Waldo Zuardi

Ribeirão Preto
2011
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a
fonte.

Oliveira, Danielle Chaves Gomes de


Estudo dos efeitos da ocitocina em modelos de ansiedade
generalizada e de pânico em ratos e em voluntários saudáveis.
Ribeirão Preto, 2011.
139 p. : il. ; 30 cm

Tese de doutorado, apresentada à Faculdade de Medicina de


Ribeirão Preto/USP. Área de concentração: Saúde Mental.
Orientador: Zuardi, Antônio Waldo.

1. Ocitocina. 2. Ansiedade Generalizada. 3. Pânico. 4. Ratos.


5. Voluntários saudáveis.
FOLHA DE APROVAÇÃO

de Oliveira, Danielle Chaves Gomes


Estudo dos efeitos da ocitocina em modelos de ansiedade generalizada e de
pânico em ratos e em voluntários saudáveis

Tese apresentada a Faculdade de Medicina de


Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
para obtenção do título de Doutora em
Ciências

Área de Concentração: Saúde Mental

Aprovado em: _____/_____/_____

Banca Examinadora

Prof. Dr. ___________________________________________________________________

Instituição: ______________________________ Assinatura: _________________________

Prof. Dr. ___________________________________________________________________

Instituição: ______________________________ Assinatura: _________________________

Prof. Dr. ___________________________________________________________________

Instituição: ______________________________ Assinatura: _________________________

Prof. Dr. ___________________________________________________________________

Instituição: ______________________________ Assinatura: _________________________

Prof. Dr. ___________________________________________________________________

Instituição: ______________________________ Assinatura: _________________________


DEDICATÓRIA

Ao meu querido marido, Rafael, e à minha linda e doce filha, Ana Laura, dedico esta

conquista que se torna ainda mais feliz e especial por ter vocês ao meu lado.

“Filho é um ser que nos emprestaram para um curso


intensivo de como amar alguém além de nós mesmos,
de como mudar nossos piores defeitos para darmos os
melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem.
Isto mesmo! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem
que alguém pode ter, porque é se expor a todo tipo de
dor, principalmente da incerteza de estar agindo
corretamente e do medo de perder algo tão amado.
Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi
apenas um empréstimo.”
José Saramago
AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Antônio Waldo Zuardi, pela orientação, apoio, respeito, paciência e por todos

os ensinamentos e suporte ao longo desses anos.

Ao Prof. Dr. José Alexandre de Souza Crippa, grande incentivador, pela confiança que

sempre depositou em meu trabalho e pelo constante apoio, do qual serei sempre grata.

Ao Prof. Dr. Hélio Zangrossi Júnior, pela co-orientação, ensinamentos e suporte ao longo

desses anos.

Ao Prof. Dr. Francisco Silveira Guimarães, por todas as sugestões e contribuições como

assessor do projeto.

Ao Prof. Dr. Ayrton Custódio Moreira, pela contribuição nas análises laboratoriais.

Ao Prof. Dr. Luis Vicente Garcia, pela atenção e contribuição na execução do projeto.

Ao Prof. Dr. Frederico Guilherme Graeff pelo apoio durante o processo de definição do

projeto.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela

concessão de bolsa de doutorado.


AGRADECIMENTOS

Aos voluntários, pela contribuição e paciência.

À Selma Pontes, pela constante colaboração sempre realizada com muito carinho e

competência.

À Sandra Bernardo, pelo apoio técnico e pela ajuda na execução deste trabalho.

Ao Afonso Padovan, pelo apoio técnico e pelos primeiros ensinamentos no laboratório.

À Lucimara Bueno e José Roberto da Silva, pelo apoio técnico e execução das análises

laboratoriais.

À Thatiane de Oliveira Sérgio, pela ajuda constante no laboratório, pela colaboração neste

trabalho, por tudo que me ensinou e pela amizade.

À Maria Adrielle Vicente, pela amizade, por ter me recebido de braços abertos no

laboratório e por ter me ensinado muito desde o primeiro momento.

À Carolina de Meneses Gaya, minha grande companheira de “pós”, pela amizade e pelo

constante apoio e torcida.

Ao Roberto Molina de Souza, pela amizade e pelo constante auxílio nas análises estatísticas.
Às amigas e colegas de laboratório Thati, Dri, Bia, Paula, Plínio, Vanis e Val, pela amizade,

por tudo que me ensinaram e por tornarem esta caminhada tão divertida.

Aos amigos e colegas de laboratório Marcos Hortes, Ila, Flávia Osório, João Paulo e

Kátia, pela constante colaboração e carinho.

À amiga Gal, pela amizade, carinho e dedicação à minha família, em especial à Ana Laura.

Seu constante apoio permitiu com que eu pudesse concluir este trabalho com tranqüilidade.

Aos amigos do coração Camila Azenha, Raquel Cocenas, Emílio e Renato Menezes, pela

amizade, carinho e momentos compartilhados.


AGRADECIMENTOS

Ao meu marido, Rafael, por todo amor, carinho, confiança, apoio incondicional e
companheirismo. Ao seu lado tenho paz no coração, tranquilidade nas minhas decisões e, com
seu apoio, sinto-me ainda mais forte para buscar os meus e os nossos sonhos. Tenho grande
admiração pelo marido, pai e ser humano que você é.

À minha amada filha, Ana Laura, que trouxe à minha vida muita alegria e que, ainda tão
pequena, me ensina todos os dias a ser hoje um ser humano melhor que ontem. Ao seu lado
vivo a experiência mais emocionante, intensa, verdadeira e apaixonante da minha vida, SER
MÃE. Esse é o melhor título que poderia ter conquistado!!

Aos meus pais, Isabel e Gilmar, pelo amor e por tudo que sempre fizeram por mim para que
eu pudesse concluir mais esta etapa. Agradeço também todo o amor pela minha filha e por me
ajudar a cuidar dela nos momentos que precisei. A ajuda de vocês foi muito importante para
que eu pudesse concluir este trabalho.

À minha irmã, Michelle, pela amizade, carinho, amor, por me ouvir nos momentos difíceis e
por sempre torcer por mim.

À minha avó Nena e ao meu avô Quico (in memoriam), pela dedicação e amor que sempre
me deram durante toda a vida. Levarei sempre comigo o exemplo de força e luta da minha
avó e de amor à vida do meu avô.

Às minhas tias Vera e Regina, por terem sempre participado da minha vida torcendo e

vibrando com as minhas conquistas.


À minha sogra, Maria Amália, e ao meu sogro, Gentil, pelo constante apoio à minha família

e por tudo que já fizerem por nós. O apoio de vocês em diversos momentos foi muito

importante para que eu pudesse seguir com este trabalho.

Agradeço a Deus, pelas pessoas que fazem parte da minha vida, por tudo que tenho, por mais
essa conquista e por ter me ensinado a ter fé.
“A Ciência não pode resolver o mistério definitivo da
natureza, porque, em última análise, nós mesmos
somos parte do mistério que estamos tentando
resolver”.
(Max Planck)
“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo
começo, qualquer um pode começar agora e fazer um
novo fim.”
(Chico Xavier)
RESUMO

de OLIVEIRA, D. C. G. Estudo dos efeitos da ocitocina em modelos de ansiedade


generalizada e de pânico em ratos e em voluntários saudáveis. 2011. 139f. Tese
(Doutorado) – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo,
Ribeirão Preto, 2011.

A ocitocina (OT) é um nonapeptídeo sintetizado nos núcleos paraventricular e supraóptico do


hipotálamo, com ação periférica e no Sistema Nervoso Central. Atua como neuromodulador
em diversos processos, incluindo uma possível ação ansiolítica, embora não esteja claro se
este efeito é específico para alguma condição ou transtorno de ansiedade. Desta forma,
objetivamos avaliar a ação da OT em: a- modelos de ansiedade generalizada e pânico em
ratos; b. modelo de ansiedade generalizada em voluntários saudáveis. Nos estudos com ratos,
utilizamos o modelo do labirinto em T elevado como modelo de ansiedade generalizada e
pânico, e a estimulação elétrica da substância cinzenta periaquedutal dorsal (SCPd) como
modelo de pânico. No estudo com voluntários saudáveis utilizamos a inalação de 7,5% de
CO2 durante 20 minutos como modelo de ansiedade generalizada. Os resultados em animais
indicaram que a OT, quando administrada agudamente no ventrículo lateral, possui efeito do
tipo ansiogênico sobre as latências de esquiva inibitória no labirinto em T elevado. No
entanto, quando administrada na SCPd possui efeito ansiogênico sobre as latências de esquiva
e efeito panicolítico sobre a latência de fuga. De maneira similar, quando a OT é administrada
na SCPd possui um efeito inibitório tônico sobre a aversão gerada pela estimulação elétrica
desta região, o que também sugere um efeito do tipo panicolítico. Em humanos, nossos dados
demonstraram que, possivelmente, a OT tenha alguma função na modulação da ansiedade
generalizada, uma vez que a sua administração preveniu o aumento da ansiedade induzida
pela inalação de 7,5% de CO2. Os resultados alcançados mostraram que o estudo da ação da
OT em modelos do transtorno de ansiedade generalizada e do transtorno do pânico dependeu
da rota de administração e do modelo em questão. Em conjunto, os resultados desse estudo
são inconclusivos em relação aos efeitos da OT em modelos de ansiedade generalizada,
porém sugerem um efeito da OT do tipo panicolítico em modelos de pânico em animais.

Palavras-chaves: Ocitocina. Ansiedade Generalizada. Pânico. Ratos. Voluntários Saudáveis.


ABSTRACT

de OLIVEIRA, D. C. G. Study on the effects of oxytocin in models of generalized anxiety


disorder and panic disorder in rats and healthy volunteers. 2011. 139f. Tese (Doutorado)
– Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto,
2011.

OT (OT) is a nonapeptide that is synthetized within the paraventricular and supraoptic nuclei
of the hypothalamus. It acts in both the central and peripheral nervous systems. Since OT
acts as a neuromodulator on a range of processes, it may be possible for OT to have an
anxiolytic activity. Nevertheless, it is not clear whether this effect depends on a specific
condition or anxiety disorder. Thus, we aimed to evaluate the actions of OT in: a. a model of
generalized anxiety disorder and panic disorder in rats; b. a model of generalized anxiety
disorder in healthy volunteers. We used an elevated T-maze as an animal model of
generalized anxiety disorder and panic disorder. Electrical stimulation of the dorsal
periaqueductal gray matter has been used as an experimental model of panic. On the other
hand, we used a 20-minute inhalation of 7.5% CO2 in healthy volunteers so as to induce
generalized anxiety disorder. Results with animals indicated that OT has an anxiolytic-like
effect on inhibitory avoidance latencies in the elevated T-maze when administered acutely
into the lateral ventricle. Nevertheless, when administered into the dPAG, it has anxiogenic
effects on avoidance latencies and panicolytic-like effects on escape latency. Likewise, when
OT is administered into the dPAG, it has tonic inhibitory effect on aversion induced by
electrical stimulation of this region. It thus suggests a panicolytic-like effect. Our data show
that OT may modulate generalized anxiety disorder in humans. This is due to the fact that OT
administration prevented the increase in anxiety induced by inhalation of 7.5% CO2. The
results obtained showed that the effects of OT depended on the administration route and the
models of generalized anxiety disorder and panic disorder. Although the results are
inconclusive with regard to the effects of OT on the model of generalized anxiety disorder,
OT has a panicolytic-like effect on animal models of panic disorder.

Keywords: Oxytocin. Generalized Anxiety. Panic. Rats. Health Volunteers.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Efeito (Média ± EPM) da injeção intraventricular de salina e ou ocitocina (0,05;


0,5 e 5 µg / 5µL) sobre as respostas de esquiva inibitória (A) e fuga (B) de ratos
submetidos ao teste do labirinto em T elevado (n = 8 por grupo).. * p < 0,05 em relação
aos demais grupos; #p <0,05 em relação à salina e ao grupo que recebeu 0,05µg / 5µL de
ocitocina ................................................................................................................................... 47

Figura 2: Efeito (Média ± EPM) da injeção intraventricular de salina ou ocitocina (0,05;


0,5 e 5 µg / 5µL) sobre a porcentagem de tempo de permanência no compartimento claro
(A) e o número de transições (B) realizadas no teste de transição claro-escuro (n = 8 por
grupo). ...................................................................................................................................... 50

Figura 3: Efeito (Média ± EPM) da injeção intraventricular de salina ou ocitocina (0,05;


0,5 e 5 µg / 5µL) sobre a distância percorrida pelos animais na arena durante 5 minutos (n
= 8 por grupo). .......................................................................................................................... 51

Figura 4: Efeito (Média ± EPM) da injeção intra-SCPd de salina ou ocitocina (0,25; 0,5 e
1 µg / 5µL) sobre as respostas de esquiva inibitória (A) e fuga (B) de ratos submetidos ao
teste do labirinto em T elevado (n = 8 por grupo).. * p < 0,05 em relação à salina. ................ 53

Figura 5: Efeito (Média ± EPM) da injeção intra-SCPd de salina ou ocitocina (0,25; 0,5 e
1 µg / 5µL) sobre a porcentagem de tempo de permanência no compartimento claro (A) e
o número de transições (B) realizadas no teste de transição claro-escuro (n = 8 por grupo). .. 55

Figura 6: Efeito (Média ± EPM) da injeção intra-SCPd de salina ou ocitocina (0,25; 0,5 e
1 µg / 5µL) sobre a distância percorrida pelos animais na arena durante 5 minutos (n = 8
por grupo). ................................................................................................................................ 56

Figura 7: Quimitrodo............................................................................................................... 59

Figura 8: Arena para avaliação comportamental..................................................................... 60

Figura 9: Efeito (Média ± EPM) da injeção intra- SCPd de salina ou ocitocina (0,25; 0,5 e
1 µg / 0,2µL) sobre a variação do limiar de fuga (n= 8-10 por grupo). * p<0,05 em
relação à salina.......................................................................................................................... 63

Figura 10: Efeito (Média ± EPM) da injeção intra- SCPd de salina ou Atosiban (0,05; 0,5
e 5 µg / 0,2µL) sobre a variação do limiar de fuga (n= 8-10 por grupo). * p<0,05 em
relação à salina.......................................................................................................................... 64

Figura 11: Efeito (Média ± EPM) da injeção intra- SCPd de Atosiban (0,01µg / 0,2µL) ou
salina 10 minutos antes da microinjeção de OT (0,5 / 0,2µL) na variação do limiar
necessário para que ocorra fuga em ratos (n=11-13 por grupo). * p < 0,05 em relação aos
demais grupos. .......................................................................................................................... 65
Figura 12: Efeito da ocitocina, do lorazepam e do placebo na ansiedade (A) e sedação (B)
subjetiva avaliada pela Escala Analógica de Humor (EAH) em voluntários saudáveis
submetidos ao Teste de Inalação de 7,5% de CO2. Os resultados estão expressos por
média ± epm (mm). Fases da sessão experimental: inicial (I), pós-inalação de ar medicinal
(A), pós-inalação de 7,5% de CO2 (CO2) e pós-teste (PT). * p < 0,05 em relação ao
placebo; # p < 0,05 em relação à ocitocina; ** p<0,05 em relação à fase anterior. ................. 80

Figura 13: Efeito da ocitocina, do lorazepam e do placebo no prejuízo cognitivo (A) e


desconforto (B) subjetivo avaliada pela Escala Analógica de Humor (EAH) em
voluntários saudáveis submetidos ao Teste de Inalação de 7,5% de CO2. Os resultados
estão expressos por média ± epm (mm). Fases da sessão experimental: inicial (I), pós-
inalação de ar medicinal (A), pós-inalação de 7,5% de CO2 (CO2) e pós-teste (PT). .............. 81

Figura 14: Efeito da ocitocina, do lorazepam e do placebo na condutância da pele (log)


(A) e no número de flutuações (B) em voluntários saudáveis submetidos ao Teste de
Inalação de 7,5% de CO2. Os resultados estão expressos por média ± epm. Fases da sessão
experimental: inicial (I), pós-inalação de ar medicinal (A), pós-inalação de 7,5% de CO2
(CO2) e pós-teste (PT). * p < 0,05 em relação ao placebo ....................................................... 83

Figura 15: Efeito da ocitocina, do lorazepam e do placebo na freqüência cardíaca em


voluntários saudáveis submetidos ao Teste de Inalação de 7,5% de CO2. Os resultados
estão expressos por média ± epm (bpm). Fases da sessão experimental: inicial (I), pós-
inalação de ar medicinal (A), pós-inalação de 7,5% de CO2 (CO2) e pós-teste (PT). *
p<0,05 em relação à fase anterior ............................................................................................. 84

Figura 16: Efeito da ocitocina, do lorazepam e do placebo na pressão arterial sistólica (A)
e diastólica (B) em voluntários saudáveis submetidos ao Teste de Inalação de 7,5% de
CO2. Os resultados estão expressos por média ± epm (mmHg). Fases da sessão
experimental: inicial (I), pós-inalação de ar medicinal (A), pós-inalação de 7,5% de CO2
(CO2) e pós-teste (PT). ............................................................................................................. 86

Figura 17: Efeito da ocitocina, do lorazepam e do placebo no cortisol salivar em


voluntários saudáveis submetidos ao Teste de Inalação de 7,5% de CO2. Os resultados
estão expressos por média ± epm (ng/dl). Fases da sessão experimental: inicial: logo após
o consentimento (B), inicial (I), imediatamente antes da inalação de ar medicinal (A0),
pós-inalação de ar medicinal (A), pós-inalação de 7,5% de CO2 (CO2) e pós-teste (PT). *
p<0,05 em relação às demais fases; + p<0,05 em relação às fases A1, A2, CO2 e PT.. .......... 87
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Avaliação do número e da porcentagem de tempo de grooming durante a


esquiva inibitória de ratos submetidos ao labirinto em T elevado .......................................... 48

Tabela 2: Protocolo da coleta de dados .................................................................................. 76

Tabela 3: Características dos sujeitos ..................................................................................... 78


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANOVA análise de variância

ANOVAmr análise de variância de medidas repetidas

CO2 dióxido de carbono

HPA hipotálamo-hipófise-adrenal

i.c.v. intracerebroventricular

LZP lorazepam

NPV núcleo paraventricular

NOS núcleo supraóptico

OT ocitocina

PL placebo

SCL nível de condutância da pele

SCPd substância cinzenta periaquedutal dorsal

SF número de flutuações do nível de condutância da pele

SNC sistema nervoso central

TAG transtorno de ansiedade generalizada

TP transtorno do pânico
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 21
1.1 Revisão da literatura ........................................................................................................... 21
1.1.1 Ansiedade ........................................................................................................................ 21
1.1.2 Modelos de ansiedade em animais .................................................................................. 24
1.1.3 Matéria Cinzenta Periaquedutal (SCP) e sua relação com o pânico................................ 27
1.1.4 Inalação de 7,5% de CO2 em humanos como modelo de transtorno de ansiedade
generalizada .............................................................................................................................. 29
1.1.5 Participação da ocitocina na ansiedade ........................................................................... 30
1.1.5.1 Ocitocina....................................................................................................................... 30
1.1.5.2 Ocitocina na modulação da ansiedade .......................................................................... 32
1.1.5.3 Ação da ocitocina na regulação neuroendócrina .......................................................... 33
1.2 Justificativa do estudo ........................................................................................................ 35

2. OBJETIVO GERAL .......................................................................................................... 37

3. EXPERIMENTOS COM RATOS .................................................................................... 39


3.1 Experimento 1: Efeito da ocitocina em animais submetidos ao Teste do labirinto em T
elevado, Teste do Campo Aberto e Teste de transição Claro-Escuro ...................................... 39
3.1.1 Objetivo ........................................................................................................................... 39
3.1.2 Materiais e Métodos ........................................................................................................ 39
3.1.2.1 Animais......................................................................................................................... 39
3.1.2.2 Drogas........................................................................................................................... 40
3.1.2.3 Aparatos ........................................................................................................................ 40
3.1.2.4 Procedimentos experimentais ....................................................................................... 41
3.1.2.5 Análise Estatística ........................................................................................................ 45
3.1.3 Resultados........................................................................................................................ 46
3.2 Experimento 2: Estimulação elétrica da substância cinzenta periaquedutal dorsal............ 57
3.2.1 Objetivos.......................................................................................................................... 57
3.2.2 Materiais e Métodos ........................................................................................................ 57
3.2.2.1 Animais......................................................................................................................... 57
3.2.2.2 Drogas........................................................................................................................... 57
3.2.2.3 Aparatos ........................................................................................................................ 58
3.2.2.4 Procedimentos Experimentais ...................................................................................... 60
3.2.2.5 Análise Estatística ........................................................................................................ 62
3.2.3 Resultados........................................................................................................................ 62
3.2.4 Discussão ......................................................................................................................... 66

4. EXPERIMENTO COM VOLUNTÁRIOS SAUDÁVEIS .............................................. 72


4.1 Objetivos............................................................................................................................. 72
4.2 Métodos .............................................................................................................................. 72
4.2.1 Delineamento do estudo .................................................................................................. 72
4.2.2 Sujeitos ............................................................................................................................ 72
4.2.3 Drogas.............................................................................................................................. 73
4.2.4 Medidas de Avaliação ..................................................................................................... 74
4.2.5 Procedimento ................................................................................................................... 75
4.2.6 Análise Estatística ........................................................................................................... 76
4.2.7 Aspectos Éticos ............................................................................................................... 77
4.3 Resultados........................................................................................................................... 78
4.4 Discussão ............................................................................................................................ 88

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES ............................................................ 92

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 94

ANEXOS ............................................................................................................................... 110

ANEXO DE PUBLICAÇÃO ............................................................................................... 116


1. INTRODUÇÃO
Introdução | 21

1. INTRODUÇÃO

1.1 Revisão da literatura

1.1.1 Ansiedade

O interesse pelo estudo das emoções deve-se, em grande parte, ao entendimento de


que desempenham diversas funções importantes (AMSTADTER, 2008). Dentre estas,
destacam-se as funções: evolutiva, que está relacionada com a sobrevivência do indivíduo
(TOOBY e COSMIDES, 1990); social e comunicativa, que permite a comunicação com
animais da mesma ou diferente espécie (EKMAN, 1993); e de tomada de decisões, que
favorece a execução de tarefas (OATLEY e JOHNSON-LAIRD, 1987).
A ansiedade e o medo, exemplos de emoções, são estados relacionados ao
desempenho e à sobrevivência, possuindo um importante valor adaptativo. Até uma
determinada intensidade, a ansiedade favorece o desempenho de tarefas de natureza motora e
cognitiva necessárias em situações estressantes. No entanto, em níveis mais elevados passa a
interferir no cotidiano do indivíduo, prejudicando seu desempenho devido a alterações
comportamentais e fisiológicas exacerbadas. Neste caso, trata-se de doenças do sistema de
defesa humano. Dentro deste contexto, torna-se importante o estudo de respostas defensivas
para a compreensão da neurobiologia do medo e da ansiedade (GRAY e MCNAUGHTON,
2000; BLANCHARD et al., 2001)
A Associação Psiquiátrica Americana (APA) classificou e descreveu os transtornos de
ansiedade primários em sua quarta versão do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Doenças
Mentais (DSM-IV-RT, 2000) em:
• Transtorno de Ansiedade Generalizada
• Transtorno do Pânico sem agorafobia
• Transtorno do Pânico com Agorafobia
• Agorafobia sem histórico de Transtorno do Pânico
• Transtorno Obsessivo-Compulsivo
• Fobia Específica
Introdução | 22

• Fobia Social
• Transtorno de Estresse Pós-Traumático
• Transtorno de Estresse Agudo
• Transtorno de Ansiedade induzido por substâncias
• Transtorno de Ansiedade sem outra especificação
Estudos epidemiológicos recentes mostram que os transtornos de ansiedade são os
mais comuns dentre as doenças mentais e, frequentemente, estão associados a outras
condições médicas ou psiquiátricas (SWENDSEN et al., 2010; KESSLER, 2007; KESSLER
et al., 2005a). Em um estudo realizado em 6 países europeus, foi demonstrado que
aproximadamente 1 em 4 participantes reportou a presença de algum transtorno mental
durante a vida, e 1 em 10 teve pelo menos um transtorno mental nos 12 meses que
precederam a pesquisa. Verificou-se, também, que 14,5% reportaram ter tido um transtorno
de ansiedade durante a vida, sendo que 8,4% viveram um episódio durante o ano anterior
(ALONSO e LÉPINE, 2007).
É importante ressaltar os prejuízos pessoais, sociais e econômicos que podem ser
ocasionados pelos transtornos de ansiedade (KESSLER e FRANK, 1997; KOUZIS e
EATON, 1994; DUPONT et al., 1996; GREENBERG et al., 1999). Por exemplo, crianças
com Transtornos de Ansiedade apresentam maior probabilidade de expulsão e evasão da
escola e de fuga de casa (KATZELNICK e GREIST, 2001). Com relação aos adultos, os
Transtornos de Ansiedade têm sido associados ao desemprego (LEON et al., 1995), ausência
no trabalho, instabilidade financeira (KATZELNICK e GREIST, 2001) e relacionamentos
prejudicados (SCHNEIER et al., 1994).
Além dos prejuízos já citados, são diversos os efeitos que a ansiedade gera sobre o
cérebro e o corpo. Por exemplo, a ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal ocasionando
liberação de cortisol, prejuízo em funções cognitivas, aumento da ativação dos sistemas
respiratório e autônomo, ativação de citocinas, dente outros. Desta forma, são freqüentes
múltiplas comorbidades em pacientes com transtornos de ansiedade (ROY-BYRNE et al.,
2008; STERNBERG e GOLD, 2002; HARTER et al. 2003).
Nesta seção serão discutidos de forma mais detalhada o Transtorno de Ansiedade
Generalizada e o Transtorno do Pânico, os quais estão relacionados com o presente estudo.
O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é caracterizado por pelo menos 6
meses de ansiedade e preocupações excessivas e persistentes acerca de questões diárias ou
circunstâncias da vida. Essas preocupações são desproporcionais à real probabilidade de
Introdução | 23

ocorrência do evento desencadeante e são dificilmente controladas pelo indivíduo, além de


serem acompanhadas por alguns dos seguintes sintomas: tensão muscular, fadiga,
irritabilidade, dificuldade de concentração e distúrbios do sono (DSM-IV-RT, 2000).
Nos Estados Unidos, o TAG apresenta uma prevalência de 5,7% ao longo da vida e de
3,1% nos últimos 12 meses (KESSLER et al., 2005A; KESSLER et al., 2005B). Na Europa, a
prevalência ao longo da vida varia de 0,1% a 6,9% de acordo com um estudo de meta-análise
(LIEB et al., 2005). Um amplo estudo na Europa com 21000 participantes indicou uma
prevalência de 2,8% ao longo da vida (ALONSO e LÉPINE, 2007).
A prevalência de TAG parece ser maior em mulheres, adultos, brancos, em pessoas
com baixos salários e em viúvos, separados ou divorciados. Além disto, a reduzida
probabilidade de recuperação e remissão da doença está associada com relações familiares
pobres e em mulheres (para revisão, ver WEISBERG, 2009).
Pacientes com TAG comumente apresentam múltiplas comorbidades. Harter et al.
(2003) encontraram maiores taxas de outras condições médicas em sujeitos com história de
TAG e Transtorno do Pânico em relação aos sujeitos sem transtorno de ansiedade. São
diversas as conseqüências, do ponto de vista médico, para pacientes com TAG que não
recebem tratamento durante um longo tempo. Estes sujeitos podem apresentar hiper ou
hipocortisolemia, neurodegeneração hipocampal, hipertensão, doenças coronarianas,
obesidade, diabetes tipo II, disfunção imunológica e hiperlipidemia (para revisão ver
CULPEPPER, 2009).
Além destes problemas médicos, pacientes com TAG apresentam alta taxa de
comorbidade com outros transtornos psiquiátricos, como depressão maior, transtorno bipolar
e outros transtornos de ansiedade. Destaca-se ainda, o uso abusivo e dependência de drogas de
abuso e álcool (SIMON, 2009).
O Transtorno do Pânico (TP), pode ser classificado em:
• Transtorno do Pânico sem agorafobia, que é caracterizado por ataques de
pânico inesperados e recorrentes acerca dos quais o indivíduo se sente persistentemente
preocupado. Define-se como ataque de pânico um período no qual há intensa apreensão,
temor ou terror acompanhado de sintomas neurovegetativos.
• Transtorno do Pânico com Agorafobia, que é caracterizado por ataques de
pânico recorrentes e inesperados e agorafobia, que é a ansiedade ou esquiva de locais ou
situações nos quais o auxílio poderia não estar disponível no caso de ter um ataque de pânico,
ou sintomas do tipo pânico.
Introdução | 24

Nos Estados Unidos, a prevalência ao longo da vida para o TP é de 4,7% e de 2,7%


em relação aos 12 meses anteriores à pesquisa (KESSLER et al., 2005a). Na Europa, essa
prevalência é de 1,6% e 0,7%, respectivamente (ALONSO e LÉPINE, 2007).
Dentre as comorbidades associadas ao TP, destacam-se, problemas respiratórios, prolapso
da válvula mitral, convulsões e a Síndrome de Kluver-Bucy (MULLER e STEIN, 2005), embora
estudo recente coloque em dúvida a associação com o prolapso da válvula mitral (FILHO et al.,
2011) Uso abusivo de álcool e drogas, TAG, transtorno de ansiedade social e depressão também
são comorbidades associadas ao TP (para revisão, ver ROY-BYRNE et al., 2006).
Conforme descrito, os prejuízos ocasionados pelos transtornos de ansiedade são os
mais diversos. Estes não são somente de ordem pessoal, como também de ordem social e
econômica. Sendo assim, torna-se muito importante o estudo das bases neurais desses
transtornos, uma vez que seu entendimento facilita o desenvolvimento de novos fármacos e
tratamentos que minimizem esses problemas.

1.1.2 Modelos de ansiedade em animais

Os modelos aninais de ansiedade têm sido amplamente utilizados em virtude de fatores


éticos, econômicos e metodológicos que restringem os estudos dos processos neurobiológicos em
seres humanos. Esses modelos contribuem no entendimento dos mecanismos de ação e da eficácia
dos psicofármacos, assim como na compreensão dos mecanismos cerebrais que envolvem os
transtornos psiquiátricos (GRAEFF e ZANGROSSI, 2002).
Uma breve revisão sobre os comportamentos defensivos ajuda na compreensão dos
modelos de ansiedade em animais. A correlação das emoções humanas com as respostas
comportamentais emitidas pelos animais baseia-se na proposta evolutiva de Charles Darwin,
publicada em 1872 em seu livro The expression of emotions in man and animals. Darwin
sugere que o homem compartilha com os animais não somente características físicas, como
também características comportamentais. Sob esta perspectiva evolutiva, o medo e a
ansiedade experimentados por seres humanos são emoções que possuem suas origens nas
reações de defesa que os animais possuem frente a situações de ameaça que possam
prejudicar sua integridade física, bem estar e sobrevivência (1872 apud GRAEFF, 1994).
As fontes ameaçadoras são diversas, como confrontos com o predador, competições entre
animais da mesma espécie, estímulos ambientais, estímulos dolorosos e objetos ou ambientes
Introdução | 25

desconhecidos. Sendo assim, baseados em uma série de experimentos que estudaram as respostas
defensivas comportamentais de ratos e camundongos, quando expostos ao predador, Blanchard &
Blanchard (1988) propuseram que as estratégias defensivas que os animais podem fazer uso frente
a um estímulo ameaçador são a inibição comportamental, fuga, luta defensiva e submissão. A
escolha por uma dessas estratégias depende de alguns fatores, tais como presença ou não da fonte
de perigo, bem como a distância desta, presença ou não de rota de fuga e experiência prévia com
o ambiente ou estímulo ameaçador. Robert e Caroline Blanchard propuseram uma classificação
para as estratégias defensivas, baseados no nível de ameaça que o estimulo representa para o
animal, que pode ser potencial ou incerto, distal e proximal. No primeiro nível de defesa (ameaça
potencial), se observam comportamentos de avaliação de risco, nos quais o animal adota as
estratégias de comportamentos exploratórios cautelosos e hesitantes, sendo que se aproximam
para investigar uma possível ameaça. No segundo nível de defesa (distal) prevalecem os
comportamentos de fuga e congelamento, onde o animal tenta evitar um possível confronto com o
predador caso exista uma rota de fuga, ou permanece imóvel no caso da fuga não ser viável e/ou o
predador ainda estiver a certa distância. No último nível (proximal), os comportamentos
observados são tentativas descontroladas e não direcionadas de fuga ou luta defensiva (postura de
ameaça e mordidas no predador) (BLANCHARD e BLANCHARD, 1988; BLANCHARD et al.,
1997).
Baseados nestas observações, esses mesmos pesquisadores, tentaram diferenciar os
comportamentos relacionados com o medo e com a ansiedade. Eles sugerem que quando a
ameaça é real, como, por exemplo, a presença do predador, os comportamentos de fuga e luta,
que são os predominantes, seriam representativos de medo, enquanto que a avaliação de risco,
desencadeada por situações potencialmente ameaçadoras, como o odor do predador, seria
comportamento representativo de ansiedade (BLANCHARD et al., 1993). Mais tarde, Gray e
McNaughton (2000), no livro Neuropsychology of Anxiety, incluíram a importância do
conflito esquiva-aproximação e da direção da resposta para a distinção entre medo e
ansiedade. Sendo assim, quando há a possibilidade de aproximação do estímulo ameaçador,
caracterizando tal conflito, os comportamentos observados de avaliação de risco e inibição
comportamental estariam relacionados à ansiedade. No entanto, quando somente a fuga e
esquiva ativa são as estratégias utilizadas, os comportamentos estariam relacionados com o
medo. Além disto, a diferenciação entre ansiedade e medo pode ser feita farmacologicamente,
ou seja, os comportamentos relacionados ao estado de medo são insensíveis a ansiolíticos,
enquanto os relacionados à ansiedade são sensíveis.
Introdução | 26

Neste sentido, no modelo animal de ansiedade do tipo teste de conflito mais amplamente
utilizado, os ratos são privados de alimentos durante 24 horas e treinados a pressionar uma
alavanca para obter leite açucarado que é disponibilizado por tempo limitado. Durante o teste, as
respostas de pressionar a alavanca são recompensadas com alimentos, mas punidas com choques
nas patas. Em função do conflito, o animal diminui a freqüência com que pressiona a alavanca.
Ansiolíticos benzodiazepínicos aumentam a freqüência de pressões na alavanca, isto é, liberam as
respostas punidas de supressão (GELLER E SEIFTER, 1960, apud GRAEFF, 1999).
Os testes de conflito têm sido contestados porque frequentemente não detectam efeito
ansiolítico de drogas que não atuam sobre a transmissão gabaérgica. Além disto, nos testes de
punição, a fome, a sede e a dor podem influenciar nos resultados (TREIT, 1985 apud
GRAEFF et al., 2007). Na tentativa de resolver este problema, Handley e Mithani (1984)
desenvolveram o labirinto em X, que se baseia no medo natural que os ratos possuem de
altura. Em seguida, Pellow et al. (1985) fizeram algumas modificações nas medidas do
aparelho que foi então chamado de labirinto em mais ou “plus maze”, que é o modelo animal
de ansiedade mais utilizado nas últimas duas décadas. Neste trabalho, o labirinto em X será
denominado como labirinto em cruz.
O labirinto em cruz é elevado em relação ao solo e possui dois braços fechados (que
protege da percepção da altura) e dois braços abertos. Em virtude do medo inato de altura dos
ratos, eles entrarão e permanecerão menos nos braços abertos em relação aos fechados.
Comumente, ansiolíticos benzodiazepínicos aumentam o número de entradas e de tempo
gasto nos braços abertos. Entretanto, os resultados com ansiolíticos não benzodiazepínicos
têm sido inconsitentes (para revisão ver PINHEIRO et al., 2007). Handley et al. (1993)
acreditam que as inconsistências encontradas com drogas que alteram a neurotransmissão
serotoninérgica são explicadas pelo fato de o labirinto em cruz elevado ser um modelo misto,
ou seja, provoca diferentes estratégias de defesa. Enquanto o animal explora o aparato
observa-se a estratégia de esquiva dos braços abertos e a de fuga do braço aberto em direção
ao braço fechado. Essa observação levou Graeff et al. (1993) a criarem o labirinto em T
elevado, no qual é permitido mensurar esses dois tipos de respostas comportamentais de
defesa em um mesmo animal.
O labirinto em T elevado consiste de três braços de dimensões iguais, sendo que um
deles é fechado lateralmente e perpendicular aos outros dois braços que são abertos. Durante a
sessão experimental, o rato executa duas tarefas consecutivas: esquiva inibitória e fuga
unidirecional. Inicialmente, o animal é colocado na parte distal do braço fechado e poderá ver
o braço aberto somente se colocar a cabeça para fora do braço fechado. Os ratos possuem
Introdução | 27

medo inato de altura e de lugares abertos de forma que estar no braço aberto é uma
experiência aversiva. Desta forma, se o animal for colocado repetidamente no braço fechado
ele aprenderá uma esquiva inibitória. O comportamento de fuga do animal é observado
quando ele se move em direção ao braço fechado quando colocado na extremidade de um dos
braços abertos (PINHEIRO et al., 2007).
Estudos de validação farmacológica do labirinto em T elevado sugerem que a esquiva
inibitória pode ser considerada um modelo de transtorno de ansiedade generalizado e a fuga
um modelo de transtorno do pânico (GRAEFF et al., 1998; ZANGROSSI e GRAEFF, 1997).
Dentre os modelos animais de ansiedade generalizada, está o teste de transição claro-
escuro que juntamente com o labirinto em T elevado foram os modelos utilizados neste
trabalho. Este modelo foi desenvolvido no início da década de 80 e usa como medida de
ansiedade o número de transições entre dois compartimentos de uma caixa experimental: um
iluminado e um escuro. A ansiedade é gerada pelo conflito entre explorar a caixa como um
todo e o medo em fazê-lo em virtude da aversão inata que o animal possui de lugares
iluminados (CRAWLEY et al. 1980, 1981; apud ZANGROSSI e GRAEFF, 2004).
O outro modelo animal de ansiedade utilizado neste trabalho, a estimulação elétrica da
substância periaquedutal dorsal, será abordado a seguir no próximo capítulo.

1.1.3 Matéria Cinzenta Periaquedutal (SCP) e sua relação com o pânico

Algumas estruturas cerebrais que participam das reações de defesa, tais como regiões
pré-frontais, amígdala, hipocampo, região para-hipocampal, hipotálamo, tálamo e a SCP,
representam substratos neurais do medo e da ansiedade e têm sido implicadas na
neuroanatomia do transtorno do pânico (DEL-BEN e GRAEFF, 2009).
A SCP é uma estrutura longitudinalmente organizada, que circunda o aqueduto
mesencefálico até a comissura posterior, onde margeia o terceiro ventrículo no diencéfalo. É
anatômica e funcionalmente subdividida, ao longo do eixo rostrocaudal, de acordo com a
posição em relação ao aqueduto, em dorsomedial, dorsolateral, lateral e ventrolateral
(BANDLER e SHIPLEY, 1994; CARRIVE, 1993).
Estudos em animais têm demonstrado que estimulações elétricas e químicas da SCP
promovem reações de defesa, tais como congelamento, fuga e luta. Essas reações são
acompanhadas por alterações neurovegetativas como midríase, piloereção, micção, defecação,
Introdução | 28

hiperventilação e aumento da freqüência cardíaca e da pressão arterial (SCHIMIDT et al.,


1986). As mesmas respostas são observadas quando o animal é colocado frente a uma ameaça
proximal, como um predador (BLANCHARD et al., 1986).
A primeira evidência do envolvimento de estruturas mesencefálicas, tal como a SCP,
com o transtorno do pânico, veio de estudos com humanos. Foram demonstrados sintomas
semelhantes aos observados em um ataque de pânico quando a SCP era estimulada
eletricamente em pacientes submetidos à neurocirurgia. Estes pacientes relataram sentimentos
de terror, morte iminente, desejo de fugir, palpitação e hiperventilação (NASHOLD et al.,
1974). As semelhanças entre os efeitos observados por estes pacientes e os sintomas que
ocorrem durante um ataque de pânico levou o psiquiatra brasileiro Valentil Gentil (1988) a
sugerir a participação da SCP na neurobiologia dos ataques de pânico.
As semelhanças entre os sintomas de ataques de pânico espontâneos e os efeitos da
estimulação elétrica da SCP, em humanos e animais, têm sido sistematicamente estudadas
(para revisão ver SCHENBERG et al., 2001). Tais reações defensivas são promovidas, mais
especificamente, pela estimulação da porção dorsal da SCP, que compreende às porções
dorsolateral e dorsomedial (para revisão ver GRAEFF, 2003).
Estudos de neuroimagem reforçam a teoria de que alterações da SCP estão ligadas ao
transtorno do pânico (para revisão ver GRAEFF e DEL-BEN, 2008; DEL-BEN e GRAEFF,
2009). Neste sentido, estudos de neuroimagem funcional mostraram, em pacientes com ataque de
pânico induzido por lactato de sódio, a ativação do lobo temporal anterior e uma área subjacente
ao colículo superior, provavelmente a SCP (REIMAN et al., 1989). Em outro estudo semelhante,
com indução de ataque de pânico por CCK-4, houve ativação do hipotálamo e SCP
(JAVANMARD et al., 1999). Em estudo com pacientes com transtorno do pânico observou-se
um aumento no volume da substância cinzenta na região da SCP (UCHIDA et al., 2008)
Recentemente, Mobbs et al. (2007) investigaram a influência, em humanos, da
distância do predador na ativação de regiões cerebrais envolvidas na modulação de respostas
defensivas. Neste estudo, voluntários sadios podiam controlar os movimentos da presa virtual,
em um labirinto, a fim de evitar o encontro com o predador virtual. Se o predador capturasse a
presa, os sujeitos recebiam choques nos dedos. Os autores observaram que quando o predador
estava distante, as regiões ativadas eram o núcleo lateral do complexo amigdalóide e o córtex
pré-frontal. No entanto, quando o predador estava próximo da presa as áreas ativadas eram
núcleo central do complexo amigdalóide e a SCP. Esses resultados apóiam a idéia da
existência de um sistema de defesa de aproximação e de esquiva, respectivamente,
relacionados à ansiedade e ao pânico (MCNAUGHTON e CORR, 2004).
Introdução | 29

Por fim, é de interesse ressaltar a importância de neurotransmissores que podem atuar


na SCP sobre as respostas defensivas. Dentre estes, estão a serotonina, o GABA, o glutamato
e a colecistocinina (GUIMARÃES et al., 1991; BRANDÃO, 1994; GRAEFF, 2004;
ZANOVELI, 2004).

1.1.4 Inalação de 7,5% de CO2 em humanos como modelo de transtorno de ansiedade


generalizada

O estudo da inalação de dióxido de carbono (CO2) na psiquiatria tem uma longa e


variada história. O CO2 foi inicialmente utilizado como anestésico no final do século XIX e
início do século XX. Entretanto, foi somente na década de 80 que alguns estudos começaram
a utilizar a inalação de CO2 no entendimento da neurobiologia e do tratamento do transtorno
do pânico (GORMAN et al., 1984; VAN DEN HOUT et al., 1987).
Desde então, a inalação de baixas concentrações (5-7%) durante 15-20 minutos de
CO2 (GORMAN et al., 1988) ou de alta concentração (35%) em inalação única
(ARGYROPULOS et al., 2002) passou a ser utilizada como um modelo experimental de
ansiedade. Ambos os modelos vem sendo utilizados principalmente para produzir sintomas de
pânico em pacientes com este transtorno (WOODS et al., 1986, VALENÇA et al., 2002;
CORYELL et al., 2006; MONKUL et al., 2010), uma vez que são mais sensíveis aos efeitos
do CO2 quando comparados com pacientes com outros transtornos e sujeitos saudáveis (para
revisão ver DRACTU, 2000). Estudos recentes mostraram que voluntários saudáveis
submetidos à inalação de 35% de CO2 também são responsivos ao modelo, uma vez que há a
ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e desenvolvem ataque de pânico
(ARGYROPOULOS et al., 2002; KAYE et al., 2004; VAN DUINEN et al., 2005).
Bailey et al. (2005) demonstraram que a inalação de 7,5% de CO2 durante 15 minutos,
por sujeitos saudáveis, produziam sintomas que eram mais semelhantes com o estado de
ansiedade generalizada do que com um ataque de pânico. Esses sujeitos, quando comparados
com o grupo que inalou o ar medicinal, apresentaram aumento da freqüência cardíaca e da
pressão arterial e, ainda, se sentiram mais ansiosos, tensos e com medo.
A validação da inalação de 7,5% de CO2 durante 20 minutos, por sujeitos saudáveis,
como modelo de ansiedade generalizada, foi realizada por Bailey et al. (2007). Os autores
mostraram que o uso agudo de 2 mg de lorazepam e o uso crônico (21 dias) de paroxetina
Introdução | 30

minimizavam os sintomas de ansiedade provocados pela inalação, a semelhança do que ocorre


com os pacientes com o diagnóstico de ansiedade generalizada. Recentemente, o modelo
também foi validado em pacientes com transtorno de ansiedade generalizada, verificando-se
que a inalação de 7,5% de CO2 aumentou o nível de ansiedade nestes sujeitos (SEDDON et
al., 2010).
Os mecanismos pelos quais a inalação de CO2 provoca o aumento da ansiedade,
mesmo em sujeitos saudáveis, e a susceptibilidade de pacientes com transtorno do pânico a
desenvolverem ataques de pânico ainda não estão esclarecidos.
Em 1993, Klein (1993) sugeriu que a susceptibilidade de pacientes com pânico deve-
se ao aumento da sensibilidade de quimioreceptores ao CO2. Sendo assim, esses pacientes
hiperventilariam mais facilmente, haveria um “alarme falso de sufocação” e,
consequentemente, isso levaria ao ataque de pânico. Diversos pesquisadores têm estudado
essa teoria e, recentemente, um estudo conduzido por Gorman et al. (2001) produziu
resultados que contrariam esta teoria.
O trabalho avaliou a resposta ventilatória à inalação de 5% e 7% de CO2 em pacientes
com transtorno do pânico, depressão e transtorno disfórico pré-menstrual. Os resultados
mostraram que, embora pacientes com transtorno do pânico tenham tido maior número de
ataques de pânico em relação aos grupos com depressão e controle, as respostas ventilatórias
entre os grupos não foram diferente (GORMAN et al., 2001).
Atualmente, os mecanismos pelos quais a inalação de CO2 induz ansiedade e ataques
de pânicos continuam pouco esclarecidos. No entanto, estudos recentes têm apontado a
importância dos neurotransmissores noradrenalina (BAILEY et al., 2003), GABA e
serotonina (BAILEY e NUTT, 2008).

1.1.5 Participação da ocitocina na ansiedade

1.1.5.1 Ocitocina

No homem, a hipófise apresenta-se dividida em, basicamente, duas porções: (i)


hipófise anterior ou adeno-hipófise e (ii) hipófise posterior ou neuro-hipófise. As células da
adeno-hipófise são responsáveis pela síntese e secreção do ACTH, hormônio tireotrófico
Introdução | 31

(TSH), gonadotrofinas (hormônio luteinizante – LH – e folículo estimulante – FSH),


hormônio do crescimento (GH) e prolactina (Prl). A neuro-hipófise armazena e libera os dois
hormônios que são produzidos pelo hipotálamo, a vasopressina e a ocitocina (OT) (AIRES,
2000).
A OT, neuropeptídeo composto por nove aminoácidos, foi descoberta por Henry Dale
em 1906 quando observou que um “extrato” proveniente de neuro-hipófise era capaz de
contrair o útero de gatas prenhas. Por essa razão esse mesmo pesquisador nomeou a
substância de ocitocina do grego “nascimento rápido”. Em 1953, a OT foi o primeiro
hormônio peptídico a ser seqüenciado e sintetizado por Vicent Du Vigneaud, que por esta
razão conquistou o prêmio Nobel em 1955 (DU VIGNEAUD, 1956 apud VIERO et al.,
2010).
A OT é sintetizada nos núcleos paraventricular (NPV) e supraótico (NSO) do
hipotálamo. Neurônios magnocelulares localizados nos NSO e NPV são os responsáveis pela
maior fonte de OT. Este hormônio é liberado na neuro-hipófise, local no qual é armazenado e
liberado para a corrente sanguínea para exercer suas ações periféricas, como, por exemplo,
sua participação na ejeção de leite e indução do parto. A OT também é liberada no Sistema
Nervoso Central (SNC) por meio de neurônios parvocelulares, os quais estão localizados no
NPV e se projetam para outras regiões do cérebro (NEUMANN, 2007).
No SNC a OT age em receptores específicos, abundantemente presentes em algumas
regiões cerebrais, tais como em algumas áreas corticais, sistema olfatório, núcleos da base,
sistema límbico, tálamo, hipotálamo, tronco cerebral e medula espinhal. Além disto, sabe-se
que a sua distribuição varia de acordo com a fase do desenvolvimento, é espécie-específica,
não difere na dependência do gênero e que esteróides sexuais, em especial estrógeno,
possuem efeito indireto em sua regulação (para revisão ver GIMPL e FAHRENHOLZ, 2001).
A OT possui inúmeras funções centrais em diversos processos como, por exemplo, no
comportamento maternal (GALBALLY et al., 2011; POINDRON, 2005), ingestão de comida
(VALASSI et al., 2008) e sódio (STRICKER e VERBALIS, 1996), memória social
(FERGUSON, 2000; FERGUSON 2001, GUASTELLA et al., 2008), comportamento sexual
(INSEL et al., 1993), promoção de relações sociais positivas (MEYER-LINDENBERG et
al.2011; HEINRICHS et al., 2002; INSEL e YOUNG, 2001; YOUNG et al., 2001),
modulação de respostas a estímulos estressantes (WINDLE et al., 1997a) e ação ansiolítica
em ratas (BALE et al., 2001; NEUMANN et al., 2000; WINDLE et al., 1997b), camundongos
fêmeas (MCCARTHY et al., 1996; MANTELLA et al., 2004) e, mais recentemente, em
humanos (de OLIVEIRA et al., 2011; HEINRICHS et al., 2003). Além disto, Kosfeld et al.
Introdução | 32

(2005) demonstraram que a OT promove o comportamento pró-social de confiança em


humanos.

1.1.5.2 Ocitocina na modulação da ansiedade

Inicialmente, a presença de vias e receptores ocitocinérgicos em regiões cerebrais


envolvidas no circuito da ansiedade, fundamentou a hipótese de que a OT poderia estar
envolvida na modulação da ansiedade. As regiões identificadas incluem o núcleo leito da
estria terminal (INGRAM e MOOS, 1992; MANTELLA et al., 2003), núcleos central e
medial da amígdala (CONDES-LARA et al., 1994; KREMARIK et al., 1993; MANTELLA et
al., 2003), septo (INSEL et al., 1993; MANTELLA et al., 2003; McCARTHY et al., 1996),
hipotálamo e hipocampo (MANTELLA et al., 2003; SOFRONIEW, 1983), núcleos dorsal e
mediano da rafe, SCP, dentre outras (YOSHIDA et al., 2009).
Investigações sobre a ação da OT, sob o ponto de vista fisiológico e comportamental,
na elaboração de respostas defensivas em animais estão sendo realizadas nos últimos anos.
Inúmeros estudos utilizando diversos modelos de ansiedade em animais têm demonstrado,
liberação periférica de OT frente à estímulos aversivos e efeito do tipo ansiolítico quando a
OT ou seu agonista é administrado aguda e cronicamente. Além disto, a administração de seus
antagonistas tem confirmado sua ação ansiolítica e de modulação da ativação do eixo
hipotálamo-hipófise-adrenal (para revisão ver ROTZINGER et al., 2010). Por exemplo, foi
demonstrado em roedores que estímulos estressantes, tais como o nado forçado (WIGGER e
NEUMANN, 2002; WOTJAK et al., 1998; WOTJAK et al., 2001), andar em plataformas em
agitação (HASHIGUCHI et al., 1997; NISHIOKA et al., 1998) e afastamento social (EBNER
et al., 2000; ENGELMANN et al., 2000, NEUMANN, 2002) induzem a liberação da secreção
periférica e central da OT. Além disto, estudos em ratas (WINDLE et al., 1997a) e
camundongos (RING et al., 2006) demonstraram diminuição da ansiedade após administração
central de OT. Apesar dessas evidências, este ainda é um campo aberto à investigação
(AMICO et al., 2004).
Camundongos knockouts de OT também têm sido usados no entendimento das
funções desempenhadas centralmente por esse neuropeptídeo. Mantella et al. (2003)
demonstraram que camundongos fêmeas knockouts de OT (OT -/-) apresentaram níveis
maiores de ansiedade quando comparados com o grupo controle (OT +/+) e que este
Introdução | 33

quadro se revertia quando era administrada OT centralmente. Além disto, quando


administrado o antagonista em camundongos OT +/+, houve aumento da ansiedade. Os
autores atribuíram o aumento da ansiedade em camundongos OT -/- à ausência de vias
ocitocinérgicas. Amico et al. (2004) também obteve aumento da ansiedade em
camundongos OT -/-.
Estudos em humanos ainda são escassos e relativamente limitados devido à
dificuldade de administração de neuropeptídeos como a OT, uma vez que, quando
administrada pela via intravenosa, apenas uma pequena parcela atravessa a barreira
hemato-encefálica (KANG e PARK, 2000). Sendo assim, em roedores, a OT é comumente
administrada centralmente. Em humanos, uma alternativa prática e viável é a
administração intranasal de neuropeptídeos, os quais através desta técnica são encontrados
no líquor de humanos, como é o caso de um estudo realizado com a vasopressina (BORN
et al., 2002), e ainda em uma variedade de regiões cerebrais em ratos, como por exemplo,
o interferon-beta (ROSS et al., 2004). Dados iniciais utilizando a administração intranasal
de OT em humanos sugerem que este neuropeptídeo pode reduzir respostas hormonais e
subjetivas ao estresse psicossocial (HEINRICHS et al., 2003). Além disto, estudos
iniciais, controlados por placebo, realizados em nosso laboratório (de OLIVEIRA, 2011)
utilizando o teste de simulação de falar em público, sugeriram que a OT está relacionada
com a diminuição da ansiedade antecipatória de modo semelhante ao observado com o
diazepam, neste modelo.

1.1.5.3 Ação da ocitocina na regulação neuroendócrina

As vias que são ativadas durante estímulos aversivos e que se projetam para o NPV do
hipotálamo são provenientes do tronco cerebral e do sistema límbico (HERMAN et al., 1996;
HERMAN e CULLINAN, 1997; SAWCHENKO et al., 1996). Estas vias parecem ser
ativadas durante o estresse físico (SAWCHENKO et al., 1996) e psicológico (HERMAN et
al., 1996; HERMAN E CULLINAN, 1997). Sabe-se que existem estruturas provenientes do
sistema límbico que inervam diretamente a parte medial parvocelular do NPV, o que indica
que esta região do cérebro está envolvida com a regulação do eixo HPA (CULLINAN et al.,
1993; GRAY et al., 1989; HURLEY et al., 1991; PREWITT et al., 1998). No entanto, os
Introdução | 34

fatores que controlam a regulação dos glicocorticóides (corticosterona em roedores) em


resposta ao estresse são ainda desconhecidos (AMICO et al., 2004).
Sabe-se que vários neurotransmissores e neuropeptídeos influenciam o eixo HPA,
sendo que a OT também parece estar envolvida na sua modulação. Observações feitas durante
a amamentação em ratas, as quais liberam maiores concentrações de OT neste período,
mostraram uma resposta neuroendócrina menor a situações estressantes, como, por exemplo,
atenuação da secreção de ACTH (NEUMANN et al., 1998; WINDLE et al., 1997b),
corticosterona (NEUMANN et al., 1998; WINDLE et al., 1997b) e catecolaminas
(HIGUCHO et al., 1989).
Além disto, a maior parte dos estudos sugere que a administração de OT atenua a
ansiedade e diminui a secreção de glicocorticóides e que essa relação é, possivelmente, dose-
dependente (WINDLE et al., 2006, HEINRICHs et al., 2003; NEUMANN, 2002;, BALE et
al., 2001; NEUMANN et al., 2000; WINDLE et al., 1997a).
Estudos em camundongos fêmeas knockouts em OT também ajudam a esclarecer a
função da OT na modulação do eixo HPA. Pesquisadores demonstraram um aumento
significativo da liberação de corticosterona induzida pelo estresse (AMICO et al., 2004;
BERNATOVA et al., 2004) e da ansiedade nestes animais (MANTELLA et al., 2003).
Mantella et al. (2004) ainda demonstraram que além de níveis maiores de corticosterona, estes
camundongos apresentaram menor expressão de cFOS na amígdala medial quando
submetidos a estresse psicológico. Esta área está envolvida na ativação do eixo HPA e
conseqüente liberação de corticosterona (DUNN e WHITENER, 1986).
Além disso, pesquisas recentes sugerem que a OT está relacionada com a redução dos
níveis de ACTH em macacos (PARKER et al., 2005) e de cortisol em humanos (HEINRICHS
et al., 2003) quando submetidos a estímulos estressantes.
Dessa forma, acredita-se que a liberação central de OT diminui a ansiedade e atenua a
resposta endócrina a estímulos aversivos.
Introdução | 35

1.2 Justificativa do estudo

Os dados da literatura, obtidos até o momento, indicam uma ação ansiolítica da OT,
embora não esteja claro se este efeito ansiolítico é específico para alguma condição ou
transtorno de ansiedade. Algumas indicações sugerem que a OT poderia ter um efeito na
ansiedade social (HEINRICHS et al., 2003). Diante disso, testamos em nosso laboratório os
efeitos da OT no teste de Simulação de Falar em Público, uma vez que esse tipo de ansiedade
é um dos sintomas mais importantes do Transtorno de Ansiedade Social (BRUNELLO et al.,
2000). Os resultados desse estudo mostraram que o grupo que recebeu OT teve níveis
menores de ansiedade antes do teste, ou seja, na ansiedade antecipatória, sugerindo um efeito
ansiolítico não específico (de OLIVEIRA et al., 2011). Esse padrão de resposta no teste de
simulação de falar em público foi muito semelhante ao apresentado por benzodiazepínicos
(ZUARDI et al., 1993). Assim, levantamos a hipótese de que a OT teria efeito ansiolítico no
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG).
Em animais, a OT mostrou efeito do tipo ansiolítico no labirinto em cruz elevado
(MANTELLA et al., 2003; WINDLE et al., 1997a), mas até o momento, ainda não foi testado
no labirinto em T-elevado. O teste do labirinto em T-elevado, com roedores, permite testar
duas estratégias de defesa, a esquiva, modelo de ansiedade generalizada e a fuga, modelo de
pânico, o que não ocorre com o labirinto em cruz elevado, onde as duas estratégias estão
misturadas. Outra maneira de se avaliar um possível efeito de drogas no pânico é utilizar o
modelo de estimulação elétrica da matéria cinzenta periaquedutal dorsal (SCPd), que provoca
reações de fuga, acompanhada por mudanças neurovegetativas. Assim, neste estudo
avaliaram-se, pela primeira vez, os efeitos da OT nestes dois modelos em animais, com o
objetivo de procurar indícios dos efeitos da OT nos Transtornos de Ansiedade Generalizada e
do Pânico.
Em humanos, o modelo de TAG utilizado foi o da inalação de 7,5 % de CO2 (BAILEY
et al., 2007). Esse modelo foi validado recentemente e a ansiedade gerada foi
significantemente atenuada por dois tratamentos eficazes no TAG: o lorazepam, em dose
única, e a paroxetina, após 21 dias de uso. No presente estudo avaliamos os efeitos da OT
nesse modelo de TAG em humanos, bem como seu efeito na modulação da ativação do eixo-
hipotálamo-hipófise- adrenal.
2. OBJETIVO GERAL
Objetivo Geral | 37

2. OBJETIVO GERAL

Avaliar o efeito da ocitocina em modelos de ansiedade generalizada e de pânico em


ratos e em modelo de ansiedade generalizada em humanos.
3. EXPERIMENTOS COM RATOS
Experimentos com ratos | 39

3. EXPERIMENTOS COM RATOS

3.1 Experimento 1: Efeito da ocitocina em animais submetidos ao Teste do Labirinto em


T Elevado, Teste do Campo Aberto e Teste de Transição Claro-Escuro

3.1.1 Objetivo

Avaliar os efeitos da administração da ocitocina no ventrículo lateral e na substância


cinzenta periaquedutal dorsal (SCPd) sobre a esquiva inibitória e a fuga de ratos no labirinto
em T elevado e verificar o efeito da ocitocina sobre a resposta de esquiva gerada por outro
modelo experimental associado à ansiedade generalizada, o teste de transição claro-escuro
(CRAWLEY e GOODWIN, 1980; CRAWLEY, 1985; GRAEFF e ZANGROSSI, 2002).

3.1.2 Materiais e Métodos

3.1.2.1 Animais

Foram utilizados ratos machos, Wistar, provenientes do Biotério Geral do Campus da


Universidade de São Paulo – Ribeirão Preto, com peso médio, no início do experimento, de
280-320 gramas. Os animais foram alojados em caixas comunitárias, até o dia da cirurgia
estereotáxica para a implantação da cânula-guia. Após o implante, os animais foram mantidos
aos pares em gaiolas de acrílico, de 24 x 18 x 35 cm, com serragem no assoalho. No período
entre a chegada ao Biotério Geral do Campus e o término dos experimentos, os animais
permaneceram no biotério do próprio laboratório, com um ciclo claro/escuro de 12 por 12
horas, com início do período claro às 7 horas. A temperatura foi mantida em 22±1°C. Os
animais tiveram livre acesso à água e à ração (Nuvital Nutrientes S/A, Brasil). Todos os
procedimentos foram conduzidos de acordo com as normas estabelecidos pela Sociedade
Brasileira de Neurociências e Comportamento para cuidados de animais de laboratório.
Experimentos com ratos | 40

3.1.2.2 Drogas

Experimento A: Administração de OT no ventrículo lateral

Os animais foram randomicamente alocados para receberem ocitocina ou salina.


Foi administrado, no ventrículo lateral, um volume de 5µl contendo 0,05, 0,5 ou 5 µg
do peptídeo sintético de OT (Bachem, EUA) ou solução salina, no caso do grupo controle.

Experimento B: Administração de OT na SCPd

Os animais foram randomicamente alocados para receberem ocitocina ou salina.


Foi administrado, na SCPd, um volume de 0,2µl contendo 0,25, 0,5 ou 1 µg do
peptídeo sintético de OT (Bachem, EUA) ou solução salina, no caso do grupo controle.

3.1.2.3 Aparatos

Labirinto em T elevado

O labirinto em T elevado é feito de madeira e possui 3 braços de dimensões iguais (50


X 12 cm). Um dos braços é fechado com paredes de 40 cm de altura e encontra-se
perpendicular a 2 braços abertos. Para evitar quedas, os braços abertos são envolvidos com
uma borda de plástico de 1 cm de altura. O aparato é elevado 50 cm do chão. A luminosidade
na sala experimental foi de 40 lux.

Campo Aberto

Este teste foi realizado em uma arena quadrada de madeira medindo 60 x 60 cm, com
paredes laterais de 40 cm de altura. A luminosidade na sala experimental foi de 40 lux.
Experimentos com ratos | 41

Caixa Claro-Escuro

O teste da transição claro-escuro foi realizado em uma caixa confeccionada em


madeira de 47 x 22 x 22 cm, dividida em dois compartimentos de iguais dimensões, um de
cor branca e outro de cor preta. Entre estes compartimentos há um orifício (7 x 6 cm) que
permite a livre movimentação pela caixa experimental. O assoalho é constituído por barras de
aço espaçadas em 1 cm. A caixa possui ainda uma tampa de acrílico, pintada de preto sobre o
compartimento escuro e uma tampa translúcida sobre o compartimento claro. A luminosidade
na sala experimental foi de 40 lux.

3.1.2.4 Procedimentos experimentais

Cirurgia estereotáxica para implantação da cânula

Experimento A: Administração de OT no ventrículo lateral

Os animais foram anestesiados com 2,2,2 tribromoetanol (aldrich, eua) 2,5% (10
ml/kg, i.p.). Após a indução anestésica, uma associação antibiótica de largo espectro
(pentabiótico, fontoura-wyeth-brasil) foi administrada (0,2 ml/animal, i.m.) a fim de prevenir
possíveis infecções. Além disso, no final da cirurgia, foi administrado (2,5 mg/ml/kg, s.c.)
flunixina meglumina (banamine®; schering-plough s/a-brasil), um agente analgésico com
atividade antiinflamatória e antipirética.
Os animais foram então adaptados a um aparelho estereotáxico (David-Kopf, EUA) e,
à seguir, foi realizada a limpeza do campo cirúrgico com uma solução hidroalcoólica
contendo iodo a 2%. Na região da incisão foi administrado, por via subcutânea, o anestésico
local cloridrato de lidocaína associado a um vasoconstritor (Novocol 100, S.S. White-Brasil).
Poucos minutos após, foi realizada a incisão longitudinal a fim de expôr a calvária e remover
o periósteo por raspagem. Na seqüência, um orifício foi perfurado com uma broca dental para
a fixação de um parafuso de aço inoxidável. Este parafuso serviu como âncora da prótese de
acrílico a ser disposta no crânio do animal. Outro orifício foi perfurado para a introdução da
cânula guia no ventrículo lateral a uma distância de 1,2 mm anteroposteriormente e 1,4
Experimentos com ratos | 42

lateralmente ao bregma, a uma profundidade de 3,2 mm a partir da superfície craniana


(Paxinos & Watson, 1997). Em seguida, os animais foram levados ao biotério do laboratório,
onde permaneceram até a realização dos testes comportamentais.

Experimento B: Administração de OT na SCPd

Após os cuidados necessários, acima citados, um orifício foi perfurado para a


introdução da cânula guia na SCPd, em um ângulo de 22º, a uma distância de 1.9 mm
lateralmente ao lambda e 3.2 mm de profundidade (Paxinos and Watson 2007). Em seguida,
os animais foram levados ao biotério do laboratório, onde permaneceram até a realização dos
testes comportamentais.

Procedimentos para realização dos testes comportamentais

Habituação

No quinto e no sexto dia após a cirurgia, cada animal foi levado para a sala de teste a
fim de ser habituado às condições experimentais. No local, o animal foi manuseado pelo
experimentador por 5 minutos e em seguida colocado em uma gaiola de acrílico, com
serragem no assoalho, onde permaneceu por 5 minutos. Esta mesma gaiola foi utilizada como
coadjuvante na execução do teste no labirinto em T elevado. Durante a habituação, bem como
nos dias de pré-exposição e testes, a sala de teste teve um ruído constante fornecido por um
exaustor de ar.

Exposição prévia a um dos braços abertos do labirinto em T elevado

Este procedimento foi realizado 24 horas antes da realização do teste. Para tal, cada
animal foi colocado individualmente, por 30 minutos, em um dos braços abertos do labirinto
em T elevado, que foi isolado do braço fechado e do outro braço aberto por uma parede de
madeira (50 cm de comprimento por 12 cm de largura). Teixeira et al. (2000) demonstraram
que a exposição prévia a um dos braços abertos do labirinto em T elevado potencializa a
expressão do comportamento de fuga, reduzindo reações comportamentais à novidade, tais
como exploração e inibição do comportamento.
Experimentos com ratos | 43

Injeções intracerebrais

No sétimo dia, os animais receberam injeção intracerebral por meio de uma agulha
odontológica (Mizzy) inserida pela cânula guia, até atingir o alvo, localizado 1 mm abaixo da
extremidade da cânula. A agulha odontológica foi conectada a uma microsseringa de 5µL
(Hamilton, 701-RN, EUA), através de um tubo de polietileno (PE-10), o qual foi preenchido
com água destilada. Para controle do volume e do tempo de injeção das drogas, foi utilizada
uma bomba microinjetora digital (Harvard Apparatus, modelo 55-2222). A agulha de injeção
sempre foi retirada da cânula-guia 60 segundos após a microinjeção das drogas. Este
procedimento foi adotado para evitar refluxo das mesmas.
Em ambos os experimentos, os animais foram randomicamente alocados para
receberem ocitocina ou salina. No experimento A, o volume de injeção no ventrículo foi de
5µl e, no experimento B, o volume injetado na SCPd foi de 0,2µl. Dez minutos após a
administração de OT ou salina, os animais foram testados sequencialmente no labirinto em T
elevado, no teste campo aberto e no teste de transição claro-escuro.

Teste no Labirinto em T Elevado

Inicialmente foi verificada a resposta de esquiva inibitória. Para tal, o animal foi
colocado na extremidade distal do braço fechado, sendo registrado o tempo gasto para sair
deste braço com as quatro patas (Linha de base). A mesma medida foi tomada por mais duas
vezes, com intervalos de 30 segundos entre elas (Esquiva 1 e Esquiva 2). Neste intervalo, o
animal permaneceu na gaiola de acrílico, descrita na seção habituação. O tempo máximo de
permanência do animal neste braço foi de 5 minutos. Quando atingido este tempo de corte, o
animal foi retirado do braço fechado do labirinto em T elevado pelo experimentador, colocado
na gaiola de acrílico, sendo dada continuidade ao teste.
Trinta segundos após o término da tomada da Esquiva 2 foi verificada a latência de
fuga dos animais do braço aberto do labirinto. Para tal, cada animal foi colocado na
extremidade do braço aberto ao qual fora pré-exposto e o tempo de saída deste braço, com as
quatro patas, foi registrado (Fuga 1). A latência de saída do braço aberto foi tomada por mais
duas vezes (Fuga 2 e Fuga 3), com intervalos de 30 segundos entre elas, sendo que, neste
intervalo, o animal permaneceu na gaiola de acrílico. Após o teste de cada animal, o labirinto
foi submetido à limpeza com uma solução de álcool a 20%.
Experimentos com ratos | 44

Também foi avaliado o número e a porcentagem de tempo que o animal expressou o


comportamento de grooming durante as latências de esquiva e de fuga.

Teste do Campo Aberto

Imediatamente após o teste no labirinto em T elevado, os animais foram testados,


individulamente, no campo aberto, com a finalidade de verificar se o tratamento adotado
interferiu na atividade locomotora. A distância total percorrida por cada animal durante 5
minutos foi registrada por meio do programa analisador de imagem (Ethovision - versão 1.96;
Noldus, Holanda). Após o teste de cada animal, a limpeza do campo aberto foi realizada com
álcool a 20%.

Teste de Transição Claro-Escuro

Após o teste do campo aberto, os animais foram colocados, individualmente, no


compartimento claro da caixa claro-escuro, com a cabeça voltada para a porta divisória. O
comportamento dos animais no teste do claro-escuro foi filmado e gravado para posterior
análise através do programa Observer (OBS, Software de Domínio Público, Laboratório de
Psicobiologia – FFCLRP, Brasil). Durante os cinco minutos que sucederam a primeira entrada
do animal no compartimento escuro foram registrados o tempo total gasto pelo animal no
compartimento claro do aparato e o número de transições realizadas entre os dois
compartimentos.

Perfusão

Após o término dos testes comportamentais, os animais foram anestesiados com


uretana 25% (10ml/Kg) e submetidos à microinjeção no ventrículo lateral de 5 µL ou na
SCPd de 0,2µl de corante azul de Evans a 1%. Posteriormente, os animais foram perfundidos
transcardiacamente com salina (NaCl a 0,9%) e formol (10%). Após a perfusão os encéfalos
foram retirados e fixados em formol 10% para posterior análise histológica.
Experimentos com ratos | 45

3.1.2.5 Análise Estatística

Os dados experimentais do labirinto em T elevado foram submetidos a uma análise de


variância de dois fatores de medidas repetidas (ANOVAmr), tendo como fator independente o
tratamento efetuado e como medida repetida as latências de saída dos braços fechados (Linha
de Base, Esquiva 1, Esquiva 2) ou as latências de fuga (Fuga 1, Fuga 2, Fuga 3). Nos casos
em que as condições de esfericidade não foram alcançadas, os graus de liberdade foram
corrigidos pelo epsilon de Huynh-Feldt.Quando apropriado, foi realizada uma ANOVA de
uma via para cada tentativa seguida de comparações múltiplas pelo teste de Duncan. Estas
mesmas análises foram realizadas na avaliação do número e porcentagem de tempo de
grooming. Além disto, para avaliar se o comportamento de grooming interferiu na resposta de
esquiva inibitória, foi realizada uma ANOVAmr, tendo como fator independente o tratamento
efetuado, como medida repetida as latências de saída dos braços fechados (Linha de Base,
Esquiva 1, Esquiva 2) e como covariável as respostas de número e porcentagem de tempo de
grooming.
A atividade locomotora no campo aberto e os dados colhidos no teste de transição
claro-escuro foram analisados através da ANOVA de uma via, seguida pelo teste de Duncan
quando apropriado.
Os valores foram expressos em média ± erro padrão da média (epm). O nível de
significância adotado foi de α=0,05.
Experimentos com ratos | 46

3.1.3 Resultados

Experimento A: Administração de OT no ventrículo lateral

Labirinto em T elevado

A figura 1 ilustra o comportamento de animais que receberam injeções de salina ou de


OT nas doses de 0,05; 0,5 e 5µg / 5µl de OT e foram testados no labirinto em T elevado.
Em relação à resposta de esquiva inibitória (Figura 1A), a ANOVAmr mostrou que
houve aquisição desta resposta [fator tentativa: F(1,5;35,5)=9,3; p=0,001] e efeito do
tratamento [fator tratamento: F(3,23)=5,3; p=0,007]. Embora não tenha ocorrido a interação
entre os dois fatores [fator interação: F(4,6;35,5)=1,2; p=0,3], observou-se que a dose maior
de OT aumentou o tempo de latência de saída dos animais do braço fechado na esquiva
inibitória 1 [F(4,23)=3,2; p=0,03] em relação aos demais grupos e na 2 [F(3,23)=4,5; p=0,01]
em relação à salina e ao grupo que recebeu 0,05/ 5µl de OT (p<0,05)
Na figura 1B pode ser observado o comportamento de fuga no labirinto em T elevado.
A ANOVAmr indicou que não houve efeito da tentativa [fator tentativa: F(2;46)=0,4; p=0,6],
efeito do tratamento [fator tratamento: F(3,23)=0,2; p=0,9] ou da interação entre ambos [fator
interação: F(6;46)=1,2; p=0,3].
Experimentos com ratos | 47

A
Esquiva Inibitória

300 Salina
OT 0,05 / 5µl
#
OT 0,5 / 5µl
250 OT 5/ 5µl

200
Latência (s)

*
150

100

50

0
L.base Esquiva 1 Esquiva 2

B
Fuga

20 Salina
OT 0,05 / 5µl
OT 0,5 / 5µl
OT 5 / 5µl

15
Latência (s)

10

0
Fuga 1 Fuga 2 Fuga 3

Figura 1: Efeito (Média ± EPM) da injeção intraventricular de salina e ou ocitocina (0,05; 0,5
e 5 µg / 5µL) sobre as respostas de esquiva inibitória (A) e fuga (B) de ratos submetidos ao
teste do labirinto em T elevado (n = 8 por grupo). * p < 0,05 em relação aos demais grupos; #p
<0,05 em relação à salina e ao grupo que recebeu 0,05µg / 5µL de ocitocina
Experimentos com ratos | 48

Avaliação do grooming

A tabela 1 ilustra o comportamento de grooming durante a esquiva inibitória, expresso


em número e porcentagem de tempo, realizado por animais que receberam injeções de salina
ou OT.
Em relação ao número de grooming efetuado, a ANOVAmr indicou que não houve
efeito significativo na resposta de número de grooming [F(1,9;37,7) = 2,9; p=0,07], que houve
efeito do tratamento [F(3,20)=9,4; p<0,001] e da interação entre ambos os fatores [F(5,6;3,7)=
2,8 p=0,02;].
A tabela também ilustra que houve efeito significativo na porcentagem de tempo de
grooming [F(1,9;39,2)=6,2; p=0,005], do tratamento [F(3,20)=13,6; p<0,001] e da interação
entre ambos os fatores [F(5,9;39,2)=6,7; p<0,001].
O post-hoc de Duncan mostrou que a dose de 5 µg de OT aumentou o número e a
porcentagem de tempo de grooming em relação aos demais grupos.
Não houve comportamento de grooming durante as latências de fuga.

Tabela 1: Avaliação do número e da porcentagem de tempo de grooming durante a esquiva


inibitória de ratos submetidos ao labirinto em T elevado

Número de grooming Porcentagem tempo de grooming


Tratamento
L E1 E2 L E1 E2

Salina 0 0 0 0 0 0

0,05 µg OT 0 0 0 0 0 0

0,5 µg OT 0 0 0,2 ± 0,2 0 0 0,4 ± 0,4

5 µg OT 4,4 ± 2* 6,4 ± 2,3* 8,2 ± 2,3* 27,6 ± 11,6* 32,5 ± 11,6* 65,1 ± 11,3*
* p<0,05 em relação aos demais grupos. L= linha de base; E = esquiva inibitória

Com relação à possibilidade do comportamento de grooming ter influenciado nas


respostas de esquiva inibitória, a ANOVAmr mostrou que o número de groomings realizado
não interferiu nas latências obtidas para que o animal saísse do braço fechado [fator tentativa:
F(1,5;28,6,5)=7,1; p=0,006], [fator tratamento: F(3,19)=2,9; p=0,006] e [fator interação:
F(4,5;28,6)=1,5; p=0,2]. Além disto, a ANOVAmr também mostrou que a porcentagem de
tempo que o animal fez grooming não interferiu nas latências obtidas para que o animal saísse
Experimentos com ratos | 49

do braço fechado [fator tentativa: F(1,4;26,2)=6,9; p=0,008], [fator tratamento: F(3,19)=3,1;


p=0,04] e [fator interação: F(4,1;26,2)=1,8; p=0,15].

Teste de Transição Claro-Escuro

A figura 2 mostra o efeito do tratamento intraventricular com OT ou salina no teste de


transição claro-escuro.
A ANOVA mostrou que a OT nas concentrações de 0,05; 0,5 e 5µg/5µL não alteraram
o tempo no compartimento claro [F(3,22)=2,3; p=0,1] e o número de transições [F(3,22)=2,6;
p=0,07].

Teste do campo aberto

A figura 3 mostra o efeito do tratamento intraventricular com OT ou salina no teste do


campo aberto. A ANOVA mostrou que a OT nas concentrações de 0,05; 0,5 e 5µg/5µL não
alterou a distância percorrida pelos animais no teste do campo aberto [F(3,22)=2; p=0,1].
Experimentos com ratos | 50

A
30
Porcentagem de tempo no claro
Salina
OT 0,05 / 5µl
25 OT 0,5 / 5µl
OT 5 / 5µl

20

15

10

B
14
Salina
12 OT 0,05 / 5µl
Número de transições

OT 0,5 / 5µl
OT 5 / 5µl
10

Figura 2: Efeito (Média ± EPM) da injeção intraventricular de salina ou ocitocina (0,05; 0,5 e
5 µg / 5µL) sobre a porcentagem de tempo de permanência no compartimento claro (A) e o
número de transições (B) realizadas no teste de transição claro-escuro (n = 8 por grupo).
Experimentos com ratos | 51

Claro - Escuro

3500
Salina
OT 0,05 / 5µl
Distância percorrida (cm)

3000 OT 0,5 / 5µl


OT 5 / 5µl

2500

2000

1500

1000

500

Figura 3: Efeito (Média ± EPM) da injeção intraventricular de salina ou ocitocina (0,05; 0,5 e
5 µg / 5µL) sobre a distância percorrida pelos animais na arena durante 5 minutos (n = 8 por
grupo).
Experimentos com ratos | 52

Experimento B: Administração de OT na SCPd

Labirinto em T elevado

A figura 4 ilustra o comportamento de animais que receberam injeções de salina ou


OT nas doses de 0,25; 0,5 e 1µg / 0,2µl de OT na SCPd e foram testados no labirinto em T
elevado.
Em relação à esquiva inibitória (Figura 4A), a ANOVAmr indicou que houve
aquisição da resposta de esquiva inibitória [fator tentativa: F(1,6;38,9)=10,3; p=0,001] e
efeito do tratamento [fator tratamento: F(3,23)=3;6 p=0,03]. Embora não tenha ocorrido a
interação entre os dois fatores [fator interação: F(4,7;38,9)=1,05 p=0,4] , observou-se que a
OT nas três doses administradas aumentou o tempo de saída dos animais do braço fechado nas
esquivas inibitórias 1 [F(3,25)=3,1; p=0,04] e 2 [F(3,25)=3,9; p=0,01] em relação à salina
(p<0,05)
A figura 4B ilustra o efeito da salina ou ocitocina sobre a resposta de fuga. A
ANOVAmr mostrou que não houve efeito da tentativa [fator tentativa: F(1,9;49,1)=2,2;
p=0,1], porém houve efeito do tratamento [fator tratamento: F(3,25)=3,9; p=0,02] na fuga.
Além disto, embora não tenha ocorrido interação entre ambos os fatores [fator interação:
F(5,9;49,1)=0,8; p=0,5], observou-se que a OT nas doses de 0,25 e 0,5µg / 0,2µl aumentou a
latência para a fuga 3 (F3) em relação à salina [F(3,25)=3,9; p=0,03].
Experimentos com ratos | 53

A
Esquiva Inibitória

300 Salina
OT 0,25 µg / 0,2 µl *
OT 0,5 mg µg / 0,2 µl
250 OT 1,0/ 0,2 µl *
** **
200
Latência (s)

150

100

50

0
L.base Esquiva 1 Esquiva 2

B Fuga

30 Salina
OT 0,25 µg / 0,2µl

25
OT 0,5 µg / 0,2 µl *
OT 1,0 µg / 0,2µl

20 *
Latência (s)

15

10

0
Fuga 1 Fuga 2 Fuga 3

Figura 4: Efeito (Média ± EPM) da injeção intra-SCPd de salina ou ocitocina (0,25; 0,5 e 1 µg /
0,2µL) sobre as respostas de esquiva inibitória (A) e fuga (B) de ratos submetidos ao teste do labirinto
em T elevado (n = 8 por grupo).. * p < 0,05 em relação à salina.
Experimentos com ratos | 54

Avaliação do grooming

Não houve comportamento de grooming durante as esquivas inibitórias e fugas em


animais que receberam injeções intra-SCPd de salina ou OT.

Teste de Transição Claro-Escuro

A figura 5 mostra o efeito do tratamento intra-SCPd de salina ou OT no teste de


transição claro-escuro.
A ANOVA indicou que a OT nas concentrações de 0,25; 0,5 e 1µg/0,2µL não
alteraram a porcentagem de tempo que o animal permaneceu no compartimento claro (Figura
5A) [F(3,26)=0,9; p=0,4] e o número de transições (Figura 5B) [F(3,26)=3,4; p=0,08].

Teste do campo aberto

A figura 6 mostra que a administração de OT intra-SCPd nas doses 0,25; 0,5 e


1µg/0,2µL não modificou a distância percorrida pelos animais durante 5 minutos na arena
[F(3,26)=1,2; p=0,3].
Experimentos com ratos | 55

A
12 Salina
Porcentagem de tempo no claro

OT 0,25 µg / 0,2µl
OT 0,5 µg / 0,2µl
10 OT 1,0 µg / 0,2µl

* p < 0,05 em relação à salina


0

B
6 Salina
OT 0,25 µg / 0,2µl
OT 0,5 µg / 0,2µl
5 OT 1,0 µg / 0,2µl
Número de transições

* p < 0,05 em relação à salina


0

Figura 5: Efeito (Média ± EPM) da injeção intra-SCPd de salina ou ocitocina (0,25; 0,5 e 1 µg /
0,2µL) sobre a porcentagem de tempo de permanência no compartimento claro (A) e o número de
transições (B) realizadas no teste de transição claro-escuro (n = 8-10 por grupo).
Experimentos com ratos | 56

Arena
Salina
OT 0,25 µg / 0,2µl
1400
OT 0,5 µg / 0,2µl
OT 1,0 µg / 0,2µl
1200

1000
Distância (cm)

800

600

400

200
* p < 0,05 em relação à salina
0

Figura 6: Efeito (Média ± EPM) da injeção intra-SCPd de salina ou ocitocina (0,25; 0,5 e 1 µg /
0,2µL) sobre a distância percorrida pelos animais na arena durante 5 minutos (n = 8-10 por grupo).
Experimentos com ratos | 57

3.2 Experimento 2: Estimulação elétrica da substância cinzenta periaquedutal dorsal

3.2.1 Objetivos

Avaliar os efeitos da administração de: OT, de seu antagonista e do bloqueio do efeito


da administração de ocitocina sobre a fuga induzida pela estimulação elétrica da substância
cinzenta periaquedutal dorsal.

3.2.2 Materiais e Métodos

3.2.2.1 Animais

Conforme descrito no Experimento 1 (Seção 3.1.2.1).

3.2.2.2 Drogas

Experimento A: Administração de OT na SCP

Foi administrado, na SCPd, um volume de 0,2µl contendo 0,25, 0,5 ou 1µg do


peptídeo sintético de OT (Bachem, EUA) ou solução salina.
Os animais foram randomicamente alocados para receberem as doses de OT ou salina.
Experimentos com ratos | 58

Experimento B: Administração do antagonista de OT na SCPd

Foi administrado, na SCPd, um volume de 0,2µl contendo 0,05, 0,5 ou 5µg do


antagonista de OT (Atosiban - Sigma, EUA) ou solução salina, no caso do grupo controle.
Os animais foram randomicamente alocados para receberem as doses de antagonista
ou salina.

Experimento C: Bloqueio do efeito da OT

Foi administrado, na SCPd, um volume de 0,2µl contendo 0,01µg do antagonista da


OT (Atosiban – Sigma, EUA) seguido, após 10 minutos, da administração de 0,5µg peptídeo
sintético de OT (Bachem, EUA) ou solução salina. Ainda foi administrado na SCPd, um
volume de 0,2µl de salina seguido, após 10 minutos, da administração de 0,5µg peptídeo
sintético de OT (Bachem, EUA) ou solução salina.
Os animais foram randomicamente alocados para receberem os diferentes tratamentos.

3.2.2.3 Aparatos

Quimitrodo

O quimitrodo consiste de um eletrodo conectado a uma cânula-guia (Figura 1). A


cânula-guia foi construída a partir de uma agulha hipodérmica comercial, possuindo 13,0 mm
de comprimento e 0,6 mm de diâmetro externo. A mesma teve em seu interior um mandril de
aço de 0,3 mm de diâmetro e 13,0 mm de comprimento que a manteve desobstruída. Este
mandril foi retirado da cânula-guia apenas durante a sessão experimental. O eletrodo, por sua
vez, foi confeccionado a partir de um fio de aço inoxidável, flexível, de 250 µm de diâmetro,
isolado em toda sua extensão, exceto nas secções transversas das extremidades. Um segmento
desse fio foi soldado a um pino inoxidável e colado paralelamente à metade distal de uma
cânula-guia, ultrapassando-a em 1,0 mm. A extremidade proximal do eletrodo foi soldada a
um pino de aço que juntamente com a extremidade superior da cânula-guia constituem os
Experimentos com ratos | 59

pólos de estimulação. A estimulação elétrica do tecido cerebral ocorria a partir da secção


transversa distal do eletrodo.

Figura 7: Quimitrodo.

Arena para avaliação comportamental

A estimulação elétrica da SCPd foi realizada em uma cuba de acrílico (BAS, mod. MD
1500; 25,5 cm de diâmetro na base, 40 cm de diâmetro na borda e 36 cm de altura) com
serragem em seu assoalho para reproduzir as condições da gaiola-viveiro do animal. Uma tela
de nylon disposta na parte superior da cuba impedia que os animais saltassem para fora da
área de teste durante as sessões de estimulação elétrica. A tela de nylon possuía uma abertura
em seu centro, que permitia a passagem de um conector elétrico giratório de mercúrio ligado a
dois canais de saídas. A primeira saída estava ligada a um estimulador, que gerava corrente
sinoidal de 60 Hz e corrente constante. A corrente elétrica aplicada era monitorada por meio
de um osciloscópio (Pantec – 5205 – 10mHz) ligado em paralelo ao aparelho estimulador. A
segunda saída era conectada a um cabo flexível, que se encaixava ao quimitrodo fixado ao
crânio do animal, permitindo a passagem de corrente elétrica para a SCPD. Este aparato
permitia a livre movimentação do animal na cuba.
Experimentos com ratos | 60

Figura 8: Arena para avaliação comportamental

3.2.2.4 Procedimentos Experimentais

Cirurgia estereotáxica para implantação da cânula

Os animais foram anestesiados, adaptados a um aparalho estereotáxico, conforme


descrito no Experimento 1, com exceção da inserção do quimitrodo. Foi perfurado um orifício
a uma distância de 1,9 mm lateral ao lambda, para a introdução do quimitrodo. O quimitrodo
foi introduzido a uma profundidade de 5,2 mm abaixo da superfície craniana, com uma
inclinação de 22° em relação ao plano sagital, evitando-se, assim, a perfuração do seio
venoso. Após o implante, o quimitrodo foi fixado à calota craniana por meio de resina dental
autopolimerisável.
Após a cirurgia, os animais foram retornados ao biotério do laboratório, onde
permaneceram até a realização dos testes comportamentais.
Experimentos com ratos | 61

Injeções intracerebrais

As drogas utilizadas nos experimentos A, B e C foram administradas conforme


procedimento descrito no Experimento 1.

Estimulação elétrica

O início do teste se deu no sétimo dia após a cirurgia.


Primeiramente, o mandril foi retirado da cânula e uma simulação de microinjeção foi
realizada, a fim de igualar as condições experimentais de pré e pós-injeção de droga durante
10 minutos. Nessa simulação, a agulha dental não ultrapassa o comprimento da cânula-guia e
nenhuma substância foi injetada. A seguir, o cabo flexível foi conectado ao quimitrodo e o
animal foi colocado na cuba por 5 minutos para adaptar-se às condições experimentais e logo
em seguida foi iniciada a determinação do limiar de fuga (limiar aversivo) com a apresentação
de estímulos elétricos de 20 µA e uma freqüência de 50 Hz. Os estímulos elétricos tiveram a
duração de 10 segundos e foram intercalados por períodos de 10 segundos de descanso, onde
não ocorreu estimulação elétrica. Após cada intervalo, um novo estímulo, 4 µA maior que o
precedente, foi aplicado ao animal até que este apresentasse a resposta de corrida na cuba,
caracterizando assim, o comportamento de fuga. O limiar de fuga foi considerado como a
menor intensidade de corrente elétrica capaz de induzir fuga por três tentativas consecutivas.
Caso não tenha sido observado fuga até a intensidade de corrente elétrica de 152 µA, o animal
foi excluído do experimento. Uma vez determinado esse limiar, a OT (experimento A) ou o
seu antagonista (experimento B) foram microinjetados na SCPd. O limiar de fuga foi
determinado novamente 10 minutos após a microinjeção. No experimento C houve um
intervalo de 10 minutos entre a administração dos dois tratamentos.
Para cada animal, a alteração no limiar aversivo (∆ em µA), causada pela microinjeção
da droga ou controle na SCPd, foi considerada como a diferença entre o limiar de fuga
determinado após o tratamento farmacológico e o limiar basal de fuga.
Os animais foram reutilizados durante 4 dias consecutivos, com o objetivo de que
recebessem todos os tratamentos.
Experimentos com ratos | 62

Perfusão

Conforme descrito no experimento 1.

Histologia

Os encéfalos foram cortados em secções coronais de 50 µm de espessura por meio de


um criostato de congelação (Leica CM1850) para verificação microscópica do sítio de
estimulação, segundo as fotomicrografias do Atlas de Paxinos e Watson (1997). Foram
incluídos na análise estatística somente os dados dos animais que tiveram o sítio de
estimulação localizado na SCPd.

3.2.2.5 Análise Estatística

Nos experimentos A e B foi realizada uma análise de variância (ANOVA) de uma via
e, quando apropriado, foi realizado o pós-teste de Duncan. No experimento C foi realizada
uma ANOVA de duas vias e, se apropriado, posteriormente foi feito uma ANOVA de uma via
seguido do pós-teste de Duncan. Nos casos em que as condições de esfericidade não foram
alcançadas, os graus de liberdade foram corrigidos pelo epsilon de Huynh-Feldt. Os dados
foram expressos pela media ± EPM. O nível de significância adotado foi de α=0,05.

3.2.3 Resultados

Experimento A: Administração de OT na SCPd

A figura 8 ilustra a variação de limiar necessário para que ocorra fuga em ratos que
receberam injeção intra-SCPd de salina ou OT.
A ANOVA indicou que houve efeito significativo do tratamento [F(3,28)=14,1;
p<0,001]. Comparações múltiplas pelo teste de Duncan mostraram que a OT, em relação à
salina (p<0,05), nas concentrações de 0,25, 0,5 e 1µg/0,2µL aumentou a variação do limiar
necessário para que o animal apresentasse comportamento de fuga.
Experimentos com ratos | 63

Salina
OT 0,25µg / 0,2µl
40 OT 0,5 µg / 0,2µl
OT 1 µg / 0,2µl

*
Variação do limiar (µA)

30 *
*

20

10
*
*
0

Figura 9: Efeito (Média ± EPM) da injeção intra- SCPd de salina ou ocitocina (0,25; 0,5 e 1 µg /
0,2µL) sobre a variação do limiar de fuga (n= 8-10 por grupo). * p<0,05 em relação à salina.
Experimentos com ratos | 64

Experimento B: Administração do antagonista de OT na SCPd

A figura 8 ilustra a variação de limiar necessário para que ocorra fuga em ratos que
receberam injeção intra-SCPd de salina ou do antagonista de OT (Atosiban).
A ANOVA indicou que houve efeito significativo do tratamento [F (3,28) = 14,1; p<
,001]. Comparações múltiplas pelo teste de Duncan mostraram que o antagonista nas
concentrações de 0,05, 0,5 e 5µg/0,2µL diminuiu a variação do limiar necessário para que o
animal apresentasse comportamento de fuga em relação à salina (p<0,05).

25 Salina
Atosiban 0,05µg / 0,2µl
Atosiban 0,5 µg / 0,2µl
Atosiban 5 µg / 0,2µl
Variação do limiar (µA)

20

15

*
10

*
5
* *
0

Figura 10: Efeito (Média ± EPM) da injeção intra- SCPd de salina ou Atosiban (0,05; 0,5 e 5 µg /
0,2µL) sobre a variação do limiar de fuga (n= 8-10 por grupo). * p<0,05 em relação à salina.
Experimentos com ratos | 65

Experimento C: Bloqueio do efeito da OT na SCPd

A figura 10 ilustra a variação de limiar de fuga de animais que receberam injeções


intra-SCPd do Atosiban previamente a injeção de OT.
A análise de variância de duas vias mostrou o efeito do tratamento com o agonista
[F(1,48) = 10,2; p=0,003], mas não com o antagonista [F(1,48) = 1,5; p=0,2] e que ocorreu
interação entre os tratamentos [F(1,48) = 6,6; p = 0,01].
O teste de comparações múltiplas mostrou que a variação do limiar de fuga foi
significativamente maior no grupo de animais que recebeu sal/OT (p < 0,05). A administração
prévia de atosiban foi capaz de bloquear esse efeito.

35 Salina / Salina
* Salina / Ocitocina
Atosiban / Salina
30 Atosiban / Ocitocina
Variação do limiar (µA)

25

20

15

10

5 *
*
0

Figura 11: Efeito (Média ± EPM) da injeção intra- SCPd de Atosiban (0,01µg / 0,2µL) ou salina 10
minutos antes da microinjeção de OT (0,5 / 0,2µL) na variação do limiar necessário para que ocorra
fuga em ratos (n=11-13 por grupo). * p < 0,05 em relação aos demais grupos.
Experimentos com ratos | 66

3.2.4 Discussão

No presente trabalho, inicialmente avaliamos o efeito da administração


intracerebroventricular (i.c.v.) da OT na modulação das respostas de esquiva inibitória e de
fuga de animais submetidos ao labirinto em T elevado (Experimento 1A).
Nossos dados mostraram que a dose maior de OT aumentou o tempo de latência de
saída dos animais do braço fechado, sugestivo de efeito ansiogênico. Além disto, foi
observado comportamento exacerbado de grooming, indicado pelo número e porcentagem de
tempo na execução deste comportamento, que foi significativamente maior no grupo que
recebeu a maior dose de OT. Uma análise de covariância mostrou que os resultados obtidos
na análise da esquiva inibitória não foram influenciados pelo comportamento de grooming.
Estes dados reforçam os achados sugestivos de efeito do tipo ansiogênico encontrado no
labirinto em T elevado. A expressão exacerbada de grooming observada no nosso estudo está
de acordo com achados prévios de outros laboratórios (VAN WIMERSMA et al., 1990;
AMICO et al., 2004). Por exemplo, foi demonstrado que a administração i.c.v. de OT, em
doses de 0,1-10 µg, induz hipergrooming em fêmeas e machos e que essa relação é dose-
dependente (AYERS et al., 2011; DRAGO et al., 1986). Além disto, a administração de OT
no núcleo central da amígdala para indução de hipergrooming tem sido utilizada como um
modelo de comportamento compulsivo (MARRONI et al., 2007).
Em relação ao teste da caixa claro-escuro, é interessante observar que o resultado do
número de transições entre os dois compartimentos vai na mesma direção aos observados na
esquiva, ainda que tenham sido marginais a significância estatística. Além disto, a OT não
mostrou exercer efeito sobre a distância total percorrida pelo animal na arena, sugerindo
assim que não houve alteração locomotora.
Em conjunto, nossos resultados sugerem que a administração i.c.v. de OT promoveu
um efeito do tipo ansiogênico. De acordo com os nossos conhecimentos, esse é o primeiro
estudo que mostra este tipo de efeito em modelos animais de ansiedade. Os estudos que
avaliam o efeito da OT sobre a ansiedade utilizam, comumente, o labirinto em cruz elevado, a
caixa claro-escuro e a arena. Os resultados são inconclusivos, embora indiquem um provável
efeito ansiolítico (para revisão ver ROTZINGER et al., 2010).
Neste sentido, foi demonstrado que a administração aguda i.c.v. de OT e de seu
antagonista também não produziu efeito sobre a ansiedade em ratos submetidos ao labirinto
em cruz elevado (WINDLE et al., 1997a; SLATTERY e NEUMANN, 2010). No entanto,
Experimentos com ratos | 67

quando Windle et al. (1997a) submeteram os animais à uma situação de estresse (exposição a
um novo ambiente) antes de colocá-los no labirinto em cruz elevado, o peptídeo causou efeito
ansiolítico. A OT também demonstrou efeito ansiolítico, quando administrado agudamente no
ventrículo lateral, em camundongos knockouts submetidos ao labirinto em cruz elevado
(MANTELLA et al., 2003; AMICO et al., 2004). É interessante observar que o labirinto em
cruz trata-se de um modelo misto, ou seja, provoca diferentes tipos de comportamento durante
o tempo que explora o labirinto. Essa questão metodológica pode produzir resultados
inconsistentes e contraditórios. Entretanto, o fato do labirinto em T elevado permitir o
discernimento das estratégias comportamentais, como a fuga e a esquiva, pode explicar o
efeito ansiogênico que até o presente momento ainda não havia sido observado.
As respostas sugestivas de efeito ansiolítico da administração i.c.v. de OT parece
depender não somente de condições metodológicas, conforme descrito acima, como também
do protocolo da administração do peptídeo (agudo x crônico) e do gênero dos animais
avaliados. Assim, foi demonstrado diminuição da ansiedade em ratas, mas não em ratos, que
receberam OT cronicamente, porém não agudamente, quando submetidas ao modelo da caixa
claro-escuro (SLATTERY e NEUMANN, 2010). Além disto, o efeito parece depender da
espécie, uma vez que Ring et al. (2006) demonstraram efeito ansiolítico em camundongos,
submetidos à plataforma em zero elevado, que receberam injeção i.c.v. aguda de OT.
Após esses resultados, avaliamos o efeito da administração da OT na SCPd na
modulação das respostas de esquiva inibitória e de fuga de animais submetidos ao labirinto
em T elevado (Experimento 1B).
Os resultados da esquiva inibitória foram similares aos encontrados no experimento
1A. Observou-se que a OT, nas três doses utilizadas, aumentou o tempo de latência de saída
do animal do braço fechado, sugerindo efeito do tipo ansiogênico. Entretanto, diferentemente
do experimento anterior, a OT administrada na SCPd causou um aumento da latência de saída
do animal do braço aberto na Fuga 3, sugestivo de efeito panicolítico. A análise da distância
total percorrida pelo animal na arena não mostrou diferenças significativas, sugerindo que os
dados obtidos no labirinto em T não são decorrentes de prejuízo locomotor. Em relação ao
teste da caixa claro-escuro, não houve efeito da OT sobre a porcentagem de tempo que o
animal permaneceu no compartimento claro. Entretanto, há uma tendência (p=0,08) em se
observar que as doses de 0,25 e 1µg diminuíram o número de transições entre os dois lados da
caixa, reforçando os achados de efeito ansiogênico na esquiva inibitória.
Contudo, os resultados da administração intra-SCPd de OT apontaram para funções
opostas da OT na regulação de comportamentos defensivos relacionados à ansiedade e ao pânico.
Experimentos com ratos | 68

Condizente com o resultado sugestivo de efeito panicolítico no labirinto em T, a


administração de OT na SCPd aumentou a intensidade de corrente elétrica que, aplicada nesta
mesma estrutura, induz o comportamento de fuga. De maneira inversa, a administração de seu
antagonista diminuiu a intensidade da corrente elétrica, indicativo de efeito do tipo
panicogênico, o que sugere que a OT possui efeito inibitório tônico sobre a aversão gerada
pela SCPd (experimento 2B). Adicionalmente, o antagonista de OT foi capaz de bloquear seu
efeito panicolítico, sugerindo que o efeito da OT foi através de seu receptor (experimento 2C).
De acordo com nossos conhecimentos, esta foi a primeira avaliação da ação da OT na
SCPd sobre a modulação do comportamento defensivo relacionado ao pânico e à ansiedade.
Em um único estudo que avaliou o efeito da OT na SCP na ansiedade, Figueira et al. (2009)
estudaram a participação da OT na SCP ventrolateral na ansiedade de ratas no pós-parto.
Baseados na evidência de que ratas neste período possuem níveis menores de ansiedade
quando comparadas com ratas virgens e que a lesão da SCP ventrolateral elimina essa
diferença (LONSTEIN et al., 1998), demonstraram que a administração do antagonista da OT
nesta região promoveu efeito ansiogênico no labirinto em cruz elevado. Além disto, após a
separação das ratas dos filhotes para aumentar a ansiedade, a administração de OT diminuiu a
ansiedade. Todos estes efeitos foram observados somente em ratas lactantes, mas não em ratas
virgens (FIGUEIRA et al., 2009).
Os mecanismos pelos quais a OT exerceu suas ações na SCPd na modulação das
respostas relacionadas à ansiedade e ao pânico não são esclarecidas. Entretanto, sabe-se que a
SCP contém fibras ocitocinérgicas (BUIJS et al., 1983; ROELING et al., 1993 apud
FIGUEIRA et al., 2009), nela expressam-se receptores de OT (YOSHIMURA et al., 1996;
GIMPL e FAHRENHOLZ, 2001) e é eletrofisiologicamente responsiva à OT (OGAWA et
al., 1992). Além disto, vários neurotransmissores, que potencialmente podem ser afetados
pela OT, podem atuar na SCP sobre as respostas defensivas. Dentre estes, estão a serotonina,
o GABA, o glutamato e a colecistocinina (GUIMARÃES et al., 1991; BRANDÃO, 1994;
GRAEFF, 2004; ZANOVELI, 2004). A interação entre OT e esses neurotransmissores podem
estar relacionados aos achados deste estudo.
Neste sentido, recentemente, foi demonstrada, em camundongos, a co-localização de
receptores de OT em neurônios dopaminérgicos da SCP, em neurônios gabaérgicos no núcleo
septal lateral, no bed núcleo da estria terminalis e núcleo amigdalóide cortical e em neurônios
serotonérgicos nos núcleos dorsal e mediano da rafe (YOSHIDA et al., 2009). Neste mesmo
estudo, a administração de OT no núcleo mediano da rafe induziu a liberação de serotonina
nesta mesma região e, ao ser administrada i.c.v., houve diminuição da ansiedade.
Experimentos com ratos | 69

Adicionalmente, houve bloqueio do efeito ansiolítico quando administrado i.c.v. o antagonista


de receptor 5-HT 2A/2C, sugerindo assim que o efeito ansiolítico exercido pela OT foi
mediado pela ativação de receptores ocitocinérgicos localizados em neurônios serotonérgicos
(YOSHIDA et al., 2009). A relação inversa também é verdadeira. Um estudo realizado em
ratos mostrou que a administração i.c.v. de 5-HT promoveu aumento de OT plasmática e que
essa secreção envolve principalmente os receptores 5HT1A, 5-HT2C e 5HT4 (JORGENSEN
et al., 2003).
Nos últimos 30 anos, pesquisas clínicas e pré-clínicas têm demonstrado uma relação
entre 5-HT e transtorno do pânico, sendo que a SCP seria o principal substrato neural
envolvido. Os resultados de estudos que utilizaram o modelo de estimulação elétrica da SCP,
mostraram que a 5-HT reduz a ansiedade gerada na SCPd (para revisão, ver GRAEFF, 2004).
É interessante observar que os efeitos da ocitocina intra-SCPd, obtidos neste trabalho, sobre a
esquiva e a fuga são os mesmos que ocorrem quando a serotonina é administrada nesta mesma
região, sendo que receptores 5-HT2C estão preferencialmente envolvidos na regulação da
ansiedade, mas não do pânico (YAMASHITA et al., 2011; DE PAULA SOARES e
ZANGROSSI, 2004). Essas evidências associadas ao fato de que há uma ligação entre os
sistemas serotonérgicos e ocitocinérgicos possibilitam levantar a hipótese de que os
resultados, encontrados nos experimentos 1B, 2A, 2B e 2C, possam estar associados à
facilitação de liberação de serotonina promovida pela OT na SCPd.
A possibilidade de que a interação com outros sistemas de neurotransmissão estejam
envolvidos nos efeitos observados, não pode ser descartada. Interneurônios gabaérgicos
exercem um controle inibitório tônico na SCPd sobre a modulação de respostas defensivas
(BRANDÃO et al., 2005), podendo participar do efeito panicolítico observado nestes
experimentos. Algumas evidências existem neste sentido, mesmo que em outras estruturas
que não a SCP. Em um estudo de eletrofisiologia, Zaninetti e Raggenbass (2000)
demonstraram que a administração de agonista ocitocinérgico no hipocampo promoveu um
aumento da freqüência e da amplitude de correntes pós-sinápticas inibitórias espontâneas.
Esse aumento foi bloqueado com bicuculina, um antagonista de receptores GABA-A. No
núcleo central da amígdala, a administração de OT promove liberação de GABA (HUBER et
al., 2005) e, recentemente, foi demonstrado que a OT aumentou o efeito inibitório do
diazepam nesta estrutura (VIVIANI et al., 2010). Embora existam essas evidências em outras
estruturas, é provável que uma possível interação entre a OT e o GABA na SCPd não seja
suficiente para explicar nossos resultados. Existe essa possibilidade porque foi demonstrado,
em ratos submetidos ao labirinto em T elevado, apenas um efeito do tipo panicolítico sem
Experimentos com ratos | 70

qualquer alteração sobre a esquiva inibitória, quando houve administração intra-SCPd de


midazolam, de muscimol (agonista GABA-A) e de baclofem (agonista GABA-B) (BUENO et
al., 2005).
Por fim, cabe mencionar uma possível relação entre a OT e a colecistocinina. Estudos
desenvolvidos em mulheres saudáveis e com transtorno disfórico pré-menstrual em que houve
a administração de CCK-4, para indução de ataque de pânico, mostrou o aumento da
concentração plasmática de OT tanto em mulheres saudáveis quanto nas que possuíam o
transtorno. Esses resultados mostram uma possível atividade da OT durante um ataque de
pânico induzido por CCK-4. No entanto, ainda não é claro se essa liberação se deve à situação
de estresse ou pelo CCK-4 (MELLÉDO et al., 2001).
Em conjunto, os dados mostram que a OT, quando administrada agudamente no
ventrículo lateral, possui efeito do tipo ansiogênico sobre as latências de esquiva inibitória.
No entanto, quando administrada na SCPd, os resultados apontaram para funções opostas da
OT na regulação do comportamento defensivo relacionado à ansiedade e ao pânico. Além do
mais, quando administrada na SCPd, a OT possui um efeito inibitório tônico sobre a aversão
gerada pela estimulação elétrica desta região, o que corrobora o efeito do tipo panicolítico
encontrado no labirinto em T elevado.
Os mecanismos pelos quais a OT produziu este efeito ainda não são esclarecidos,
sendo necessários mais estudos neste sentido.
4. EXPERIMENTO COM VOLUNTÁRIOS SAUDÁVEIS
Experimento com voluntários saudáveis | 72

4. EXPERIMENTO COM VOLUNTÁRIOS SAUDÁVEIS

4.1 Objetivos

Avaliar, em voluntários saudáveis, os efeitos da ocitocina na ansiedade experimental


induzida pela inalação de 7,5% de dióxido de carbono (CO2), bem como seu efeito na
modulação do eixo-hipotálamo-hipófise-adrenal.

4.2 Métodos

4.2.1 Delineamento do estudo

O estudo foi duplo-cego, controlado por placebo e realizado em voluntários saudáveis.


Os sujeitos foram randomicamente alocados em três grupos para receberem: ocitocina por via
intranasal (grupo OT), lorazepam por via oral (grupo LZP) e placebo (grupo PL).

4.2.2 Sujeitos

Foram avaliados 45 voluntários saudáveis do sexo masculino, divididos em três grupos


de 15 sujeitos. Os voluntários selecionados eram alunos da graduação e pós-graduação da
Universidade de São Paulo (USP), campus Ribeirão Preto, recrutados através de cartazes
espalhados pela USP ou abordados diretamente em suas salas de aula. Todo o processo de
triagem foi realizado somente após leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) fornecido pela pesquisadora responsável, a qual aplicou um questionário
(Anexo 1). Os grupos foram emparelhados quanto à idade, índice de massa corporal (IMC),
nível socioeconômico, anos de escolaridade e nível de ansiedade. Os critérios de exclusão
foram: uso de qualquer medicação concomitante, história de doença neurológica, distúrbios
Experimento com voluntários saudáveis | 73

psiquiátricos, problemas renais, pulmonares, hepáticos ou cardiovasculares, fumantes,


hipertensos, alcoolistas, usuários de drogas de abuso e insuficiência hepática. O nível de
ansiedade foi avaliado por meio do Inventário de Ansiedade de Beck (IAB) (BECK et al.,
1988). Para excluir a possibilidade de uso nocivo do álcool foram incluídos apenas sujeitos
com escore menor que 3 na escala FAST (HODGSON et al., 2002). Para se excluir a
possibilidade de transtorno psiquiátrico foram utilizadas as escalas PHQ-2 (KROENKE et al.,
2003) e SRQ (WHO, 1993) como triagem prévia. A classe socioeconômica foi avaliada pelo
Critério de Classificação Sócio-Econômica - Brasil (CCSEB, 2003). Posteriormente, os
sujeitos que não foram excluídos com os instrumentos anteriores, foram submetidos à
entrevista clínica estruturada para o DSM-IV (FIRST et al., 1997 - SCID), versão em
português (DEL-BEN et al, 2001), aplicada por um médico psiquiátrico devidamente treinado
e qualificado no seu uso. Os sujeitos excluídos da pesquisa foram informados sobre as razões
para tal, bem como aconselhados a procurar serviços do Hospital das Clínicas ou de outros
profissionais e instituições. Os voluntários foram instruídos a não comer e a não beber, exceto
água, durante 2 horas antes do experimento e a não fazer exercícios e ingerir bebidas
alcoólicas e xantínicas no período de 24 horas antes do experimento.

4.2.3 Drogas

Todos os voluntários receberam uma cápsula de gelatina contendo LZP ou seu placebo
(amido), 90 minutos antes do teste, e a administração intranasal de OT (24 unidades
®
internacionais (UI) de Syntocinon - Spray Nasal – Novartis, Brasil, através de 6 aplicações
de 4 UI por narina) ou seu placebo (6 aplicações do veículo do Syntocinon ®, Novartis,
Brasil), 30 minutos antes do teste. O grupo OT recebeu a cápsula de placebo (amido) e a
administração intranasal de OT, o grupo LZP a cápsula de LZP e a administração intranasal
de placebo e o grupo placebo, a cápsula e a administração intranasal de placebo. O tempo e
dose para avaliar os efeitos da OT foram baseados em estudos anteriormente realizados
(HEINRICHS et al., 2003; KOSFELD et al., 2005) e também na cinética da administração
intranasal de neuropeptídeos (BORN et al., 2002). A dose de LZP foi baseado no estudo de
Bailey et al, 2007.
Experimento com voluntários saudáveis | 74

4.2.4 Medidas de Avaliação

Medidas psicológicas

Para avaliação dos estados subjetivos durante o teste de inalação de 7,5% de CO2,
foram utilizadas as seguintes escalas de auto-avaliação:
1) Escala Analógica de Humor – EAH (Visual Analogue Mood Scale –VAMS) (NORRIS,
1971). Trata-se de uma escala composta por 16 itens, sendo que cada um destes possui uma
linha reta de 100 mm que liga dois adjetivos opostos. O sujeito deve assinalar como se sente
no momento do preenchimento com relação a cada uma das condições com um traço vertical,
sendo que o centro da linha é como o mesmo se sente habitualmente e, seguindo para os
extremos, aumenta a intensidade de uma ou outra condição. Esta escala foi traduzida por
Zuardi et al. (1991) e a mesma foi dividida em 4 fatores (sedação mental, sedação física,
ansiedade, outros sentimentos e atitudes) semelhantes a versão original. utilizou A
nomenclatura dos fatores utilizada no presente estudo foi a proposta por Parente et al.,
(2005):, (1) ansiedade; (2) sedação (no lugar de sedação mental); (3) prejuízo cognitivo (no
lugar de sedação física) e (4) desconforto (no lugar de outros sentimentos e atitudes). (Anexo
2).
2) Escala de Sintomas Somáticos (ESS) (Bodily Symptoms Scale – BSS) (ZUARDI et al,
1993). Esta escala avalia sintomas somáticos que podem indiretamente afetar a ansiedade e é
composta por 21 itens, nos quais os indivíduos assinalam como se sentem no momento,
variando de nada (0) até extremamente (5) (Anexo 3).

Medidas Fisiológicas

As medidas fisiológicas foram realizadas ao longo de períodos de 2 minutos nos


diferentes pontos de avaliação (Figura 10) e incluem: número de respostas de flutuações
espontâneas de condutância da pele (SF), média do nível de condutância da pele (SCL),
pressão arterial (PA) e freqüência cardíaca (FC). As medidas de condutância da pele foram
gravados por meio de um sistema psicofisiológico totalmente computadorizado (Contact
Precision Instruments, Reino Unido). Um aparelho paramétrico (DX 2022, Dixtal, Brasil) foi
utilizado para avaliar a FC e a PA.
Experimento com voluntários saudáveis | 75

Coleta de saliva e análise de cortisol

A coleta da saliva foi realizada nos tempos determinados (Figura 10) através do
processo de mastigação de um pequeno rolo de algodão (Salivette, Sarstedt, Alemanha). O
cortisol salivar foi mensurado através da técnica de radioimunoensaio (SANTIAGO et al.,
1996).

4.2.5 Procedimento

O teste de inalação de 7,5% de CO2 e a coleta dos dados foi realizada no Laboratório
de Psicofarmacologia Clínica do Departamento de Neurociências e Ciências do
Comportamento da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
(FMRP-USP), localizado no bloco das enfermarias (3º andar) do Hospital das Clínicas da
FMRP-USP. As coletas foram realizadas entre 12:00 – 17:00. Este laboratório é dotado de
fontes de ar comprimido e oxigênio e todas as demais facilidades, comuns a todas as
enfermarias do HC. Durante todo o procedimento houve a presença de um médico
responsável para pronto-atendimento do voluntário, caso o mesmo venha apresentar algum
desconforto ocasionado pela sessão experimental. O procedimento do teste foi similar ao
usado por Bailey et al. (2007). A sessão experimental foi conduzida em uma sala com
atenuação sonora e temperatura controlada. Inicialmente, foi apresentado ao sujeito o Termo
de Consentimento Livre Esclarecido. Após um período de adaptação de 30 minutos, as
medidas iniciais (I) foram realizadas seguidas da administração do LZP ou placebo. Após 1
hora, foi realizada a administração intranasal da OT (Syntocinon ® - Spray Nasal – Novartis,
Brasil) ou de seu placebo. Após 30 minutos, os sujeitos, sentados confortavelmente em uma
poltrona, receberam ar medicinal durante 20 minutos e, em seguida, foram realizadas as
medidas pós-teste de inalação de ar (A). Na sequência, os sujeitos receberam a inalação da
mistura de 7,5% CO2, 21% O2 e 71,5% N durante 20 minutos e então foram realizadas as
medidas pós-teste de inalação de 7,5% CO2 (CO2). Para finalizar, os sujeitos fizeram as
medidas finais do pós-teste (PT). A inalação do gás foi realizada através de uma máscara
facial, que cobria a boca e o nariz. O sujeito não soube a ordem que receberia ar medicinal ou
CO2, mas sempre foi administrado primeiramente ar e depois CO2 As coletas de amostra
salivar, para a dosagem de cortisol, foram realizadas nos momentos citados anteriormente.
Experimento com voluntários saudáveis | 76

Entretanto, houve duas outras amostras além destas, que foram imediatamente após assinar o
termo de consetimento (B) e imediatamente antes da inalação de ar medicinal (A0). (Tabela
2).

Tabela 2: Protocolo da coleta de dados

Horário Fase Procedimento

1.Chegada ao laboratório; 2. Leitura e assinatura do


- 0:45 Adaptação Termo de Consentimento; 3. Coleta de saliva após o
consentimento (B)

- 0:15 Medidas Iniciais (I) EAH, ESS, SCL, SF, FC, PA, coleta de saliva

0 Administração da droga Voluntários receberam Lorazepam ou seu placebo

+ 1:00 Administração da droga Voluntários receberam Ocitocina ou seu placebo

+ 1:25 Coleta de Saliva (A0)

+ 1:30 Inalação de ar medicinal Voluntários inalaram ar medicinal

Medidas pós-inalação de ar EAH, ESS, SCL, SF, FC, PA, coleta de saliva
+ 1:50
medicinal (A)

+ 2:00 Inalação de 7,5% de CO2 Voluntários inalaram 7.5% CO2

Medidas pós-inalação de CO2


+ 2:20 EAH, ESS, SCL, SF, FC, PA, coleta de saliva
(CO2)

+ 2:40 Medidas de pós-teste (PT) EAH, ESS, SCL, SF, FC, PA, coleta de saliva

EAH: Escala Analogica de Humor; ESS: Escala de Sintomas Somáticos; SCL: nível da condutância
da pele; SF: flutuações espontâneas da consutância da pele; FC: freqüência cardíaca; PA: pressão
arterial

4.2.6 Análise Estatística

As características dos sujeitos (idade, IMC, FAST, PHQ, IAB e SRQ) foram
analisados por uma análise de variância de uma via e a análise do CCSE foi realizada através
do teste Kruskal-Wallis.
Os dados da EAH, FC, PA, SCL, SF e FC foram avaliados usando uma análise de
variância de medidas repetidas (ANOVAmr) de dois fatores para comparar os grupos ao longo de
todos os pontos (I, A, CO2 e PT). Os fatores analisados foram tratamento, fases e a interação
Experimento com voluntários saudáveis | 77

tratamento x fases. A análise dos dados do cortisol foi realizada por uma ANOVAmr de dois
fatores para comparar os grupos ao longo das fases (I, B, A1, A2, CO2 e PT). Quando apropriado,
uma ANOVA de uma via foi realizada em cada fase, seguido do pós-teste Duncan, para comparar
o efeito da ocitocina em relação ao placebo e lorazepam. Para a análise intragrupo foi realizada
uma ANOVAmr de um fator, seguido do pós-teste Sidak para comparações múltiplas. Nos casos
em que as condições de esfericidade não foram alcançadas, os graus de liberdade foram corrigidos
pelo epsilon de Huynh-Feldt. Os valores da SCL foram transformados em logaritmos na base 10
para que se alcançasse uma distribuição normal dos dados. Os itens individuais da ESS foram
analisados em cada ponto de avaliação usando o teste de Kruskal-Wallis. Para a análise intragrupo
foi realizado o teste de Friedman. Os resultados foram expressos em média ± erro padrão da
média (µ ± epm). O nível de significância adotado foi de α=0,05.

4.2.7 Aspectos Éticos

Os voluntários receberam informações detalhadas sobre o projeto de pesquisa, tendo


liberdade de optar pela participação no estudo. O procedimento de triagem para a aplicação dos
critérios de exclusão e a participação do voluntário na sessão experimental somente foram
realizadas após os participantes serem informados, em detalhes, sobre o estudo e preencherem
corretamente o TCLE para a triagem e para a participação no experimento (Anexo 1). O protocolo
de estudo foi aplicado aos voluntários somente após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa
do HCFMRP – USP(Anexo 4). Recentemente, uma revisão sistemática mostrou que estudos
prévios em humanos com doses entre 20 e 40 UI têm sido seguros (MAC DONALD et al., 2011).
Além disto, na composição da amostra foram selecionados apenas sujeitos do sexo masculino a
fim de evitar prováveis efeitos indesejáveis nas mulheres como, por exemplo, contração uterina.
Considerando-se a possibilidade dos voluntários apresentarem eventuais desconfortos
devido ao quadro de ansiedade, imediatamente antes do teste de inalação de CO2, foi reafirmado
oralmente aos voluntários, pela pesquisadora responsável, que os mesmos poderiam pedir para
encerrar a inalação a qualquer momento, ainda que esta informação estivesse contida no TCLE
Todos os procedimentos foram conduzidos de acordo com a Declaração de Helsinque
e as normas éticas do Ministério da Saúde (C.N.S. Resolução n° 196 de 10/10/96).
Experimento com voluntários saudáveis | 78

4.3 Resultados

Sujeitos

As características dos sujeitos estão detalhadas na Tabela 3. Não houve diferenças


significativas entre os grupos em nenhuma das características.

Tabela 3: Características dos sujeitos

Característica Placebo Lorazepam Ocitocina p-valor


Idade 26,9 ± 0,7 26,5 ± 1,2 26,6 ± 1,0 0,9
IMC 25,9 ± 0,8 25,7 ± 1,0 26 ± 1,1 0,9
FAST 1,1 ± 0,2 1,5 ± 0,2 1,5 ± 0,2 0,5
PHQ 0,3 ± 0,1 0,3 ± 1,1 0,2 ± 0,1 0,7
IAB 3,2 ± 0,9 4,6 ± 1,2 4,0 ± 1,1 0,6
SRQ 1,5 ± 0,4 2,6 ± 0,5 1,7 ± 0,4 0,2
0,7%A1/A2 0% A1/A2 0% A1/A2 0,2
33% B1/B2 33% B1/B2 27% B1/B2
CCSEB 60% C 60% C 66% C
0% D 0,7% D 0,7% D
0% E 0% E 0% E

Medidas psicológicas

Escala Analógica de Humor (EAH)

A. Fator Ansiedade

A figura 12 A representa as variações do fator ansiedade durante o teste de inalação de


7,5% de CO2.
A ANOVAmr evidenciou efeito da fase [F(3, 111,9) = 3,1; p=0,03], do tratamento
[F(2, 42) = 2,6; p=0,09] e da interação entre fase e tratamento [F(6, 111,9) = 2,7; p = 0,02].
Comparações entre os grupos em cada fase, através do post hoc de Duncan, demonstraram
que o grupo LZP mostrou-se menos ansioso que os grupos OT e PL na fase pós-inalação de ar
e somente em relação ao grupo PL na fase pós-inalação de CO2 . Na comparação intragrupo,
Experimento com voluntários saudáveis | 79

verificou-se que houve aumento da ansiedade da fase pós-inalação de ar para a fase pós-
inalação de CO2 (p=0,002) somente no grupo PL, que se seguiu de uma diminuição para a
fase pós-teste (p=0,03). No grupo LZP houve diminuição da ansiedade da fase inicial para a
fase pós-inalação de CO2 (p=0,04). No grupo OT não houve mudanças significativas do nível
de ansiedade durante as diferentes fases.

B. Fator sedação

A figura 12 B representa as variações do fator sedação durante o teste de inalação de


7,5% de CO2.
A ANOVAmr mostrou apenas efeito da fase [F(2,6; 110,2) = 3,1; p<0,001].
Comparações intragrupo demonstraram que houve aumento da sedação da fase inicial para a
fase pós-inalação de ar (p=0,02) no grupo LZP. No grupo PL houve diminuição da sedação da
fase pós-inalação de ar para a fase pós-inalação de CO2 (p=0,04). No grupo OT não houve
mudanças significativas do nível de sedação durante as diferentes fases.

C. Fator prejuízo cognitivo

A figura 13 A representa as variações do fator prejuízo cognitivo durante o teste de


inalação de 7,5% de CO2.
Não foram encontradas diferenças significativas nos fatores fase, tratamento ou
interação de ambos, bem como nas análises intragrupo.

D. Fator desconforto

A figura 13 B representa as variações do fator desconforto durante o teste de inalação


de 7,5% de CO2. Não foram encontradas diferenças significativas nos fatores fase, tratamento
ou interação de ambos, bem como nas análises intragrupo.
Experimento com voluntários saudáveis | 80

A
60 OCITOCINA
LORAZEPAM
PLACEBO
**
55
Ansiedade (mm)

50
**

*
45
**
*
*
40

#*
**
35
**
I A CO2 PT
Fase
B
65 OCITOCINA
LORAZEPAM
PLACEBO

60 **
Sedação (mm)

55

50
**
*
45
* **
*
40
I A CO2 PT
Fase

Figura 12: Efeito da ocitocina, do lorazepam e do placebo na ansiedade (A) e sedação (B) subjetiva
avaliada pela Escala Analógica de Humor (EAH) em voluntários saudáveis submetidos ao Teste de
Inalação de 7,5% de CO2. Os resultados estão expressos por média ± epm (mm). Fases da sessão
experimental: inicial (I), pós-inalação de ar medicinal (A), pós-inalação de 7,5% de CO2 (CO2) e pós-
teste (PT). * p < 0,05 em relação ao placebo; # p < 0,05 em relação à ocitocina; ** p<0,05 em relação
à fase anterior.
Experimento com voluntários saudáveis | 81

A
60 OCITOCINA
LORAZEPAM
PLACEBO
Prejuízo cognitivo (mm)
55

50

45

40
I A CO2 PT
Fase

B
60
OCITOCINA
LORAZEPAM
PLACEBO
Desconforto (mm)

55

50

45

40
I A CO2 PT
Fase

Figura 13: Efeito da ocitocina, do lorazepam e do placebo no prejuízo cognitivo (A) e desconforto (B)
subjetivo avaliada pela Escala Analógica de Humor (EAH) em voluntários saudáveis submetidos ao
Teste de Inalação de 7,5% de CO2. Os resultados estão expressos por média ± epm (mm). Fases da
sessão experimental: inicial (I), pós-inalação de ar medicinal (A), pós-inalação de 7,5% de CO2 (CO2)
e pós-teste (PT).
Experimento com voluntários saudáveis | 82

Escala de sintomas somáticos (ESS)

A análise entre os grupos nos 21 itens, durante as diferentes fases, mostrou diferença
significante e no ítem “agitado”. O grupo placebo esteve mais agitado do que os demais
grupos na fase pós-inalação de CO2 (p=0,02).
Nas análises intragrupo foram encontradas as seguintes diferenças:
• Grupo Placebo: sentiu-se com mais fome (p<0,01), sede (p=0,02), vontade de
urinar (p=0,01) e agitação (p=0,01) na fase pós-teste em relação à fase inicial.
• Grupo Lorazepam: sentiu-se mais letárgico (p=0,02) na fase pós-inalação de CO2
em relação à fase pós-teste; com mais dor ou peso na cabeça (p=0,01) nas fases pós-inalação
de ar e pós-teste em relação à fase inicial; com mais fome (p=0,03), mais sede (p=0,03) e
vontade de urinar (p<0,01) na fase pós-teste em relação à fase inicial; mais dificuldade de
respirar na fase pós-inalação de CO2 em relação à fase inicial.
• Grupo Ocitocina: sentiu-se com mais fome (p<0,01), sede (p<0,01), vontade de
urinar (p<0,01) na fase pós-teste em relação à fase inicial; com a boca mais seca (p<0,01) nas
fases pós-inalação de ar e CO2 em relação à fase inicial.

Medidas fisiológicas

Nível da condutância da pele

A figura 14 A representa as variações do nível de condutância da pele durante o teste


de inalação de 7,5% de CO2.
A ANOVAmr evidenciou apenas efeito da interação entre fase e tratamento [F(4,5;
95,4) = 2,6; p=0,03]. Comparações entre os grupos em cada fase, através do post hoc de
Duncan, demonstraram que o grupo LZP apresentou menor SCL que o grupo PL na fase pós-
inalação de CO2. Comparações intragrupo demonstraram que não houve mudanças
significativas do SCL durante as diferentes fases.
Experimento com voluntários saudáveis | 83

A
OCITOCINA
1,0 LORAZEPAM
PLACEBO
Condutância da pele (Log)

0,8

0,6

0,4

*
0,2

0,0
I A CO2 PT
Fase

B
16 OCITOCINA
LORAZEPAM
14 PLACEBO
Número de Flutuações

12

10

2
I A CO2 PT
Fase

Figura 14: Efeito da ocitocina, do lorazepam e do placebo na condutância da pele (log) (A) e no
número de flutuações (B) em voluntários saudáveis submetidos ao Teste de Inalação de 7,5% de CO2.
Os resultados estão expressos por média ± epm. Fases da sessão experimental: inicial (I), pós-inalação
de ar medicinal (A), pós-inalação de 7,5% de CO2 (CO2) e pós-teste (PT). * p < 0,05 em relação ao
placebo
Experimento com voluntários saudáveis | 84

Número de flutuações espontâneas do nível de condutância

A figura 14 B representa as variações do número de flutuações espontâneas do nível


de condutância da pele durante o teste de inalação de 7,5% de CO2.
Não foram encontradas diferenças significativas nos fatores fase, tratamento ou
interação de ambos, bem como nas análises intragrupo.

Frequência cardíaca

A figura 15 representa as variações da frequência cardíaca durante o teste de inalação


de 7,5% de CO2.

100
OCITOCINA
Frequência cardíaca (bpm)

LORAZEPAM
PLACEBO
90

80

* *
70
* *
60 * *

50
I A CO2 PT
Fase
* em relação à fase inicial

Figura 15: Efeito da ocitocina, do lorazepam e do placebo na freqüência cardíaca em voluntários


saudáveis submetidos ao Teste de Inalação de 7,5% de CO2. Os resultados estão expressos por média
± epm (bpm). Fases da sessão experimental: inicial (I), pós-inalação de ar medicinal (A), pós-inalação
de 7,5% de CO2 (CO2) e pós-teste (PT). * p<0,05 em relação à fase anterior

A ANOVAmr evidenciou apenas efeito da fase [F(2,5; 107,2) = 29,5; p<0,001]. Na


comparação intragrupo, verificou-se que houve diminuição da FC da fase inicial para a fase
pós-inalação de ar nos grupos OT (p<0,001), LZP (p=0,001) e PL (p=0,003). A FC na fase
Experimento com voluntários saudáveis | 85

inicial também foi superior em relação à fase pós-teste nos grupos OT (p<0,001), LZP
(p<0,001) e PL (p=0,001). Além disto, o grupo PL também mostrou diminuição da FC da fase
pós-inalação de CO2 para a fase pós-teste (p=0,03).

Pressão arterial

A figura 16 representa as variações da pressão arterial sistólica (A) e diastólica (B),


respectivamente, durante o teste de inalação de 7,5% de CO2.
A ANOVAmr evidenciou apenas efeito da fase [F(3; 123) = 4,3; p=0,006] na pressão
arterial sistólica. Nas comparações intragrupo, não se verificou diferenças nas pressões
arteriais sistólica e diastólica no decorrer das fases.

Determinação do cortisol salivar

A figura 17 representa as variações de cortisol salivar durante o teste de inalação de


7,5% de CO2.
A ANOVAmr evidenciou apenas efeito da fase [F(1,7; 73,1) = 38,9; p<0,001] na
dosagem de cortisol salivar. Comparações intragrupos mostraram que nos grupos PLe OT os
níveis nas fases inicial e basal foram superiores em relação às demais. No grupo LZP, os
níveis de cortisol foram maiores nas fases inicial e basal em relação às fases imediatamente
antes da inalação de ar, após as inalações de ar e CO2 e no pós-teste.
Experimento com voluntários saudáveis | 86

A
140
Pressão arterial sistólica (mmHg)
OCITOCINA
LORAZEPAM
PLACEBO
130

120

110

100
I A CO2 PT
Fase

B
100
Pressão arterial diastólica (mmHg)

OCITOCINA
LORAZEPAM
90 PLACEBO

80

70

60

50
I A CO2 PT
Fase

Figura 16: Efeito da ocitocina, do lorazepam e do placebo na pressão arterial sistólica (A) e diastólica
(B) em voluntários saudáveis submetidos ao Teste de Inalação de 7,5% de CO2. Os resultados estão
expressos por média ± epm (mmHg). Fases da sessão experimental: inicial (I), pós-inalação de ar
medicinal (A), pós-inalação de 7,5% de CO2 (CO2) e pós-teste (PT).
Experimento com voluntários saudáveis | 87

1400 PLACEBO
* LORAZEPAM
1200 OCITOCINA

+ *
Cortisol (ng/dl)

1000

800 * +

600 *
400

200

0
B I A0 A1 CO2 PT
Fases
* p<0,05 em relação às demais fases
+ p<0,05 em relação às fases A1, A2, CO2 e PT

Figura 17: Efeito da ocitocina, do lorazepam e do placebo no cortisol salivar em voluntários


saudáveis submetidos ao Teste de Inalação de 7,5% de CO2. Os resultados estão expressos por média
± epm (ng/dl). Fases da sessão experimental: inicial: logo após o consentimento (B), inicial (I),
imediatamente antes da inalação de ar medicinal (A0), pós-inalação de ar medicinal (A), pós-inalação
de 7,5% de CO2 (CO2) e pós-teste (PT). * p<0,05 em relação às demais fases; + p<0,05 em relação às
fases A1, A2, CO2 e PT..
Experimento com voluntários saudáveis | 88

4.4 Discussão

No presente trabalho, investigamos a hipótese de que a OT poderia ter uma função


ansiolítica no modelo de inalação de 7,5% de CO2, que induz sintomas semelhantes aos que
ocorrem no transtorno de ansiedade generalizada (BAILEY et al., 2007). Para tal, avaliamos
seu efeito em medidas subjetivas e fisiológicas.
Com relação às medidas subjetivas, nossos dados mostraram que no grupo PL ocorreu
elevação significativa nos escores de ansiedade após a inalação de CO2, confirmando o efeito
ansiogênico do modelo de inalação de 7,5% de CO2 em sujeitos saudáveis, demonstrado em
outros estudos semelhantes (BAILEY et al., 2005; BAILEY et al., 2007; BAILEY et al.,
2008; PAPADOPOULOS et al., 2010).. O grupo PL também obteve menor sedação da fase
pós-inalação de ar para pós-inalação de CO2, o que é coerente com o aumento da ansiedade
observado neste grupo, após a inalação de CO2. Os sintomas de ansiedade apresentados pelos
sujeitos não satisfizeram os critérios para um episódio de pânico o que reforça a sugestão de
Bailey et al. (2007) de que este é um modelo de ansiedade generalizada.
Nesse modelo, 2mg de LZP produziu um efeito do tipo ansiolítico na fase pós-inalação
de ar em relação aos grupos PL e OT e, na fase pós-inalação de CO2, somente em relação ao
grupo PL. O LZP também produziu um efeito sedativo na fase pós-inalação de ar. A
ocorrência simultânea desses dois efeitos sugerem que eles estejam relacionados e reforçam
as observações de Bailey et al. (2007).
A OT preveniu o aumento da ansiedade promovido pelo teste, sem causar sedação,
todavia, diferente do LZP, os níveis de ansiedade após a inalação de CO2, nos sujeitos que
receberam OT, embora menores do que os que receberam PL, não diferiram
significantemente. O fato de ter sido utilizado apenas uma dose de OT é uma limitação do
estudo e dificulta uma conclusão mais definitiva sobre os efeitos ansiolíticos da OT neste
modelo. A dose utilizada, de 24 UI é a mais reportada na literatura e, no início deste estudo
não havia dados sobre os níveis seguros de doses maiores para a administração intranasal
deste neuropeptídeo. Recentemente, uma revisão sistemática mostrou evidências de que a
administração intranasal de OT é segura nas doses de 18-40 UI (MAC DONALD et al.,
2011), o que possibilita testar-se doses maiores em futuros estudos. Uma diferença
metodológica, na avaliação das medidas subjetivas, em relação aos estudos de Bailey et al.
(2005 e 2007), também pode ter contribuído para a ausência de significância estatística entre
os grupos OT e PL no teste. Nestes estudos, foi solicitado ao participante que preenchesse as
Experimento com voluntários saudáveis | 89

escalas subjetivas de acordo com o momento em que ele mais sentiu os efeitos do CO2,
enquanto no presente estudo o sujeito deveria preencher de acordo com o que ele sentia no
momento do preenchimento (imediatamente após a inalação). Essa diferença metodológica
poderia ter ocasionado o registro de um escore um pouco menor de ansiedade, com o placebo,
uma vez que ao preencher as escalas não estava mais inalando o CO2.
De qualquer forma, o fato do grupo que recebeu OT não ter seu nível de ansiedade
elevado pela inalação de CO2 é um indicativo de que este neuropeptídio pode prevenir um
efeito ansiogênico. O mecanismo pelo qual a OT exerceu esse efeito protetor não é
completamente esclarecido (VAN DEN BURG e NEUMANN, 2011). Entretanto, é possível
que ocorra sua interação com sistemas de neurotransmissores envolvidos na ansiedade
provocada pela inalação de CO2, entre eles os sistemas noradrenérgico, gabaérgico e
serotonérgico (BAILEY e NUTT, 2008). A possibilidade do envolvimento da OT com os
sistemas gabaérgico e serotonérgico são compatíveis com estudos em animais e de
eletrofisiologia que mostram essas possíveis relações no efeito ansiolítico da OT
(JORGENSEN et al., 2003 HUBER et al., 2005; YOSHIDA et al., 2009; VIVIANI et al.,
2010). Os resultados destes estudos foram previamente discutidos na seção de experimentação
animal.
Com relação às medidas fisiológicas de pressão arterial e freqüência cardíaca, não
obtivemos resultados significativos de aumento destes parâmetros após a inalação de CO2 em
nenhum dos grupos. Nossos resultados contrastam com de outros trabalhos que neste mesmo
modelo, mostraram aumento da pressão arterial sistólica (BAILEY et al. 2005) e freqüência
cardíaca (BAILEY et al., 2005; BAILEY et al., 2007). Essa diferença talvez se deva a
diferenças metodológicas. Esses autores monitoraram esses parâmetros durante todo o tempo
de inalação e expressaram seus valores pela média. Nós aferimos esses valores imediatamente
após a inalação de ar ou CO2, podendo deixar de detectar um possível aumento ocorrido em
outro momento.
Essa mesma consideração é válida para a condutância da pele e número de flutuações
da condutância da pele. Nós não obtivemos diferenças significativas no aumento desses
parâmetros em nenhum dos grupos da fase pós-inalação de ar para pós-inalação de CO2. Em
um estudo em que se caracterizaram os sintomas produzidos pela inalação de CO2 em
voluntários saudáveis, houve aumento da condutância da pele, a qual foi monitorada durante
toda a inalação, somente no grupo considerado “responsivo” ao teste (POMA et al., 2005).
Foram considerados “responsivos” os sujeitos que reportaram pelo menos 1 (comparado ao
pré-teste) de 4 sintomas especificados no PSLIII-R durante a inalação de CO2. Nós não
Experimento com voluntários saudáveis | 90

separamos os sujeitos em “responsivos” e “não-responsivos” e coletamos os dados


imediatamente após as inalações. A única diferença encontrada foi na fase de pós-inalação de
CO2, na qual o grupo LZP apresentou valores de condutância da pele significativamente
inferiores ao do grupo PL, o que é compatível com o efeito ansiolítico do LZP.
Nossos dados também demonstraram que a inalação de CO2 não promoveu a ativação
do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal em sujeitos saudáveis submetidos à inalação de 7,5% de
CO2. Esses dados são condizentes com outros estudos também desenvolvidos em voluntários
saudáveis. Em um trabalho que avaliou a resposta endócrina após inalação única de 5%, 25%
e 35% de CO2, mostrou que houve aumento dos níveis de cortisol apenas no grupo que inalou
35% de CO2 (KAYE et al., 2004). Há evidências de que também não há ativação endócrina
em pacientes com transtorno de ansiedade generalizada submetidas ao modelo de 7,5% de
CO2 durante vinte minutos (SEDDON et al., 2010). Com relação ao decaimento dos níveis de
cortisol das fases inicial e basal para as demais, provavelmente isso se deve ao ritmo
circadiano do cortisol (GATTI et al., 2009).
Em conjunto, nossos dados sugerem que possivelmente a OT tenha alguma função na
modulação da ansiedade generalizada, uma vez que a sua administração preveniu o aumento
da ansiedade induzido pela inalação de 7,5% de CO2.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES
Considerações finais e conclusões | 92

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES

Os resultados alcançados mostraram que o estudo da ação da OT em modelos de


transtorno de ansiedade generalizada e de transtorno do pânico, em ratos, dependeu da rota de
administração, da espécie e do modelo em questão. A administração i.c.v. aguda em ratos não
promoveu efeito de tipo ansiolítico nas latências de esquiva inibitória e de fuga no labirinto
em T elevado. Pelo contrário, aumentou a latência de esquiva inibitória, sugerindo um efeito
ansiogênico. Por outro lado, quando administrada na SCPd, o grupo OT apresentou
comportamento do tipo ansiogênico nos braços fechados e do tipo panicolítico nos braços
abertos, sugerindo que a OT atua de maneira oposta na SCPd na dependência da resposta
defensiva.
Os resultados da estimulação elétrica da SCPd, sugestivos de efeito panicolítico, foram
convergentes com os obtidos no labirinto em T elevado quando a OT foi administrada na
mesma região. Além disto, os resultados com o antagonista de OT sugerem que esse
neuropeptídeo possui efeito inibitório tônico sobre a aversão gerada pela estimulação elétrica
da SCPd. Entretanto, os resultados apontaram numa direção diversa dos obtidos com o
labirinto em T elevado quando administrada i.c.v.. Essa divergência deve-se provavelmente
aos modelos que foram diferentes e possivelmente ao local de administração de OT.
Os estudos em humanos, com a administração da OT pela via intranasal, sugerem um
efeito protetor ao prevenir o aumento de ansiedade induzido pela inalação de CO2. Este
resultado difere do encontrado no labirinto em T elevado, no qual houve um efeito do tipo
ansiogênico na esquiva inibitória. Embora os dois modelos sejam de ansiedade generalizada,
as diferenças de espécie, rota de administração e modelo de ansiedade podem ser responsáveis
pelas diferenças de resultado.
Os resultados desse estudo não são conclusivos com relação aos efeitos da OT em
modelos de ansiedade generalizada, porém sugerem um efeito panicolítico da OT em modelos
de pânico em animais.
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ANEXOS
Anexos | 110

ANEXOS

ANEXO 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO


Você está sendo convidado a participar de uma pesquisa clínica intitulada como
“Estudo dos efeitos ansiolíticos da ocitocina em voluntários saudáveis”, a qual será
acompanhada pelos seguintes pesquisadores: Danielle Chaves – doutoranda da Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto - USP, Prof. Dr. Antônio Waldo Zuardi e Prof. Dr. José
Alexandre de Souza Crippa - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP.
Esta pesquisa tem como objetivo avaliar a ação de uma substância chamada ocitocina.
Algumas de suas ações são conhecidas, tais como sua participação na amamentação e no
parto. Além disto, está ligada com o comportamento sexual, promoção de relações sociais
positivas, ingestão de comida, resposta ao estresse, ação ansiolítica e etc. Neste projeto, temos
como objetivo avaliar a ação desta substância na ansiedade. Sua colaboração deverá ser
voluntária e será de grande importância para contribuir no entendimento da ansiedade.
A primeira etapa da pesquisa consiste em uma triagem para saber se você se enquadra
no perfil de voluntário que queremos para a nossa pesquisa, já que temos alguns critérios de
inclusão e exclusão pré-estabelecidos. Esse processo consistirá em você responder algumas
perguntas em um questionário para sabermos se você usa medicamento, se tem ou teve
história de doenças pulmonares, hepáticas e cardíacas, seu nível de ansiedade, qual a
freqüência que faz uso de bebidas alcoólicas e se há alguma possibilidade de doença
psiquiátrica. Uma psiquiatra fará uma entrevista e exame físico, para excluir a possibilidade
de transtorno psiquiátrico.ou físico. Caso você não seja selecionado para a pesquisa, os
motivos e uma orientação lhe serão apresentados.
Sendo selecionado, a sua participação consistirá em preencher escalas para nos dizer
como você está se sentindo no momento do preenchimento. Estas escalas são bastante
simples, mas nós faremos um treinamento antes de iniciarmos os procedimentos. Também
mediremos sua pressão arterial e pulso, além de fazermos coleta de sangue. Serão realizadas 3
coletas de sangue, sendo que serão retirados 15ml de sangue por vez que é o equivalente a 2
medidas de um copo medidor de xarope. Durante a coleta de sangue algumas pessoas podem
se sentir mal. Por isso, se você sentir algum desconforto poderá pedir para interromper a
coleta e um médico estará disponível para auxiliá-lo (a). Em seguida, você irá ingerir uma
cápsula, a qual poderá conter lorazepam ou seu placebo. Após 1 hora, nós administraremos
através de um spray nasal uma solução, a qual pode conter a ocitocina ou outra solução
ausente da substância. Outros estudos já foram desenvolvidos e nenhum prejuízo foi relatado.
Geralmente, quando as pessoas ficam nervosas, as mãos ficam suadas. Por isso,
também iremos verificar o suor da pele, através de um aparelho específico.
Em seguida, através de uma máscara facial você receberá ar medicinal e ar misto
composto de 7,5% de CO2. A inalação de 7,5% de CO2 é um teste realizado para induzir
ansiedade e, por isso, você poderá sentir alguns sintomas como tensão, suor, incapacidade de
relaxar etc. Sendo assim, se você se sentir desconfortável, em qualquer momento, poderá
pedir para encerrar a inalação de CO2. Durante e após a realização do experimento, você
deverá também, responder a alguns questionários a respeito de como está se sentindo no
momento do preenchimento, e nós também mediremos sua pressão arterial, seu pulso, seu
suor da pele e ainda faremos novas coletas de sangue, como fizemos na primeira parte do
estudo. Esta atividade durará em torno de 2 horas e 40 minutos.
A sua participação neste estudo contribuirá para que possamos ampliar a nossa
compreensão a respeito das alterações que ocorrem nas reações normais de ansiedade e sua
relação com a ocitocina. Com estas informações poderemos ajudar pessoas portadoras de
Anexos | 111

transtornos ansiosos, melhorando a forma de tratamento destas pessoas. Caso no decorrer das
atividades desista de participar, poderemos interrompê-las, sem qualquer constrangimento.
Seus dados serão confidenciais e serão unicamente de uso da farmacêutica-
pesquisadora Danielle Chaves para elaboração da tese de doutorado e sua posterior publicação
em forma de artigo, sem sua identificação pessoal. Assumimos a responsabilidade por
qualquer ônus que a participação no estudo possa acarretar.
Qualquer dúvida que você tenha poderá entrar em contato conosco.

Prof. Dr. José Alexandre Prof. Dr. Antônio Waldo Zuardiii Danielle Chaves
Crippa Doutoranda
Telefone: 3602-2703
Eu,

___________________________________________________________________________

___________, RG _____________________________________, tendo lidos as informações

acima, voluntariamente concordo em participar do referido projeto de pesquisa, estando ciente

dos meus direitos e da possibilidade de desistência sem quaisquer ônus ou prejuízo.

______________________________________________________________________

Assinatura
Anexos | 112

ANEXO 2: Escala Analógica de Humor

VAMS

SUJEITO: ........................................................................................... FASE:.....

INSTRUÇÕES: Avalie como você se sente agora em relação aos itens abaixo e marque cada
linha com um traço vertical no ponto que melhor descreve seus sentimentos. O centro de
cada linha indica como você habitualmente se encontra e as extremidades indicam o
máximo de cada condição.

ALERTA ________________________________________________ SONOLENTO


CALMO ________________________________________________ AGITADO
FORTE ________________________________________________ FRACO
________________________________________________ COM IDÉIAS
CONFUSO
CLARAS

________________________________________________ DESAJEITA-
ÁGIL
DO

APÁTICO ________________________________________________ DINÂMICO


________________________________________________ INSATISFEI-
SATISFEITO
TO

PREOCUPADO ________________________________________________ TRANQUILO

RACIOCÍNIO ________________________________________________
PERSPICAZ
DIFÍCIL

TENSO ________________________________________________ RELAXADO


ATENTO ________________________________________________ DISTRAÍDO
INCAPAZ ________________________________________________ CAPAZ
ALEGRE ________________________________________________ TRISTE
HOSTIL ________________________________________________ AMISTOSO
________________________________________________ DESINTERES-
INTERESSADO
SADO

RETRAÍDO ________________________________________________ SOCIÁVEL


Anexos | 113

ANEXO 3: Escala de Sintomas Somáticos

ESCALA DE SINTOMAS SOMÁTICOS


NOME:________________________________ DATA:___________ SCORE:____
Instruções: avalie como você se sente agora
em relação aos itens abaixo e faça um círculo
ao redor do número que melhor expresse este
seu estado atual.

NADA MUITO POUCO MODERA MUITO EXTREMA


POUCO DAMENTE MENTE
(0) (1) (2) (3) (4) (5)

01. Cansado (a) ................................... 0 1 2 3 4 5


02. Fraco (a) ........................................ 0 1 2 3 4 5
03. Letárgico (a) .................................. 0 1 2 3 4 5
04. Com dor ou peso na cabeça........... 0 1 2 3 4 5
05. Com tensão muscular .................... 0 1 2 3 4 5
06. Com temor .................................... 0 1 2 3 4 5
07. Com fome ..................................... 0 1 2 3 4 5
08. Com sede ...................................... 0 1 2 3 4 5
09. Com dificuldade de coordenação .. 0 1 2 3 4 5
10. Suando .......................................... 0 1 2 3 4 5
11. Com palpitação ............................. 0 1 2 3 4 5
12. Com dificuldade de respirar ......... 0 1 2 3 4 5
13. Agitado (a) .................................... 0 1 2 3 4 5
14. Com vontade de urinar .................. 0 1 2 3 4 5
15. Com náusea ou mal-estar gástrico 0 1 2 3 4 5
16. Com boca seca .............................. 0 1 2 3 4 5
17. Com visão turva ............................ 0 1 2 3 4 5
18. Com tonturas ................................. 0 1 2 3 4 5
19. Com vontade de evacuar ............... 0 1 2 3 4 5
20. Com dificuldade de urinar ............ 0 1 2 3 4 5
21. Com formigamento ....................... 0 1 2 3 4 5
Anexos | 114

Anexo 4 – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa


ANEXO DE PUBLICAÇÃO
Anexo de publicação | 116

ANEXO DE PUBLICAÇÃO
Anexo de publicação | 117
Anexo de publicação | 118
Anexo de publicação | 119
Anexo de publicação | 120
Anexo de publicação | 121
Anexo de publicação | 122
Anexo de publicação | 123
Anexo de publicação | 124
Anexo de publicação | 125
Anexo de publicação | 126
Anexo de publicação | 127
Anexo de publicação | 128
Anexo de publicação | 129
Anexo de publicação | 130
Anexo de publicação | 131
Anexo de publicação | 132
Anexo de publicação | 133
Anexo de publicação | 134
Anexo de publicação | 135
Anexo de publicação | 136
Anexo de publicação | 137
Anexo de publicação | 138
Anexo de publicação | 139

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