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Referência: SNOOK, Scott; POLZER, Jefrey T.. Harvard Business School, 406 – P
01, 2004
O estudo de caso em questão traz aspectos de suma importância para a
análise compreensão em um caso prático, de como uma boa gestão de pessoas e
competencias é essencial para que o resultado final seja de sucesso. O contexto
examinado trata-se da magnitude do trabalho em equipe por meio da história dos
treinamentos da equipe de remo dos barcos Varsity e Varsity Jr., da Academia
Militar de Est Point do exército dos Estados Unidos, lideradas pelo coronel, e
treinador, Stas Preczewski.
Tudo começa em mais uma temporada da primavera de 2011-2002 para a
Guarnição de Remo do Exército. Como de costume, o Treinador P. deveria
selecionar 8 remadores para o barco Varsity e outros 8 restantes no barco do
Varsity Jr. Para isto, foram realizados diversos testes, treinos, competições internas
entre os remadores para que o treinador pudesse chegar a uma conclusão dos
melhores remadores e assim distribui-los nos respectivos barcos.
Tais disputas e testes realizados pelo Treinador P. deram a resposta final
para quais remadores seriam selecionados para o barco Varsity e para o Varsity Jr,
sendo o barco Varsity Jr. considerado o mais fraco mediante ao desempenho
inferior dos atletas que nele foram designados a fazer parte.
O último treino realizado logo após as equipes serem selecionadas pelo
Treinador P. teve o resultado conforme o esperado: a equipe do barco Varsity
ganhou facilmente, mas apesar disso, não se via uma posição de contentamento
por parte dos remadores, ao contrário, um criticava o outro por não terem
conseguido um resultado melhor que o obtido 5 dias atrás em um retiro em Atlanta.
Durante o primeiro treino da equipe no rio Hudson depois da folga da
primavera, o barco VJ venceu imediatamente o Varsity na regata de treino. O
Treinador P. considerou este resultado uma aberração, algo completamente
inesperado. Entretanto, o barco VJ voltou a repetir o resultado positivo e passou a
ganhar diversar vezes do barco Varsity. Não demorou para que se estabelecesse
um claro padrão. Tal situação começou a intrigar o Treinador que inicialmente
enxergava a insatisfação dos atletas como indicação de luta por excelência, mas
que apesar disso estava começando a notar que havia algo muito maior e
preocupante na situação.
O treinador começou então a realizar uma análise diária de todos os fatores
que pudessem estar causando estes resultados. Tentou primeiramente anlisar o
desempenho colocando dois remadores do VJ juntos disputando com remadores do
Varsity e dessa forma, o barco VJ sempre perdia, confirmando que de fato os
melhores remadores estavam no Varsity. Não importava quantos teste o treinador P.
realizava pois todos confirmavam novamente para o Treinador P. que o barco
Varsity tinha os melhores remadores individuais.
Utilizando as informações coletadas sobre os membros da equipe, o
Treinador P. elaborou uma matriz dos 16 remadores, relacionando seus pontos
fortes e fracos nos vários fatores. Fatores como as pontuações no ergômetro,
limites de levantamento de peso, técnica de remo e se a pessoa era um líder ou
liderado, otimista ou pessimista, formador ou desagregador de equipe, entre
outros. O padrão que surgiu da observação desta matriz mostrou que os
membros do Varsity tinham a melhor habilidade técnica e condicionamento físico
entre os 16 remadores, mas nenhum deles se classificou como líder e muitos
apareceram como desagregadores da equipe. Por outro lado, entre os membros
da equipe do VJ não havia praticamente nenhum desagregador.
Após o término de cada treino, as equipes realizavam uma autocritica. Foi
observado pelo treinador P. que os membros do Varsity tendiam a criticar uns
aos outros individualmente em relação a desempenho na regata. Já os membros
da equipe do VJ não criticavam uns aos outros individualmente. Se alguma
correção era necessária, eles faziam comentários gerais sobre o que era
necessário melhorar e jamais apontavam os erros individuais de seus colegas.
A partir desta situação, o treinador possuía algumas opções sobre o que
poderia ser feito para tentar solucionar o problema. Faltando poucos dias para o
Campeonato Nacional, uma reunião após uma nova derrota do barco Varsity foi
realizada com os membros dos dois barcos. O Treinador P. expôs os
argumentos lógicos quanto à avaliação objetiva e critérios de seleção. Quando
foi dada a voz para que os atletas pudessem dar suas opiniões sobre os
problemas identificados na equipe, os membros do grupo Varsity começaram a
culpar uns aos outros pelo baixo desempenho mostrando o desalinhamento do
grupo. O treinador P. Terminou dizendo que a resposta estava neles como uma
equipe.
O estudo de caso em análise termina sem dizer as ações tomadas pelo
treinador após a reunião, mas através do que foi exposto acima, algumas
conclusões podem ser tomadas.
Como foi visto na leitura do texto, o remo é um dos poucos esportes
no qual não há recompensa para o desempenho individual. Se um
membro da guarnição tenta superar de repente o desempenho de seus
colegas de equipe em uma regata, o barco pode, na verdade,
reduzir seu ritmo porque os remadores podem perder o sincronismo.
O desalinhamento da equipe é notório e claramente um dos principais fatores
que desagregam e atrapalham o desempenho do barco Varsiy.
As competências individuais neste caso não são suficientes para que o
resultado final seja de sucesso, uma vez que o remo é um esporte coletivo e as
competências coletivas, presentes nas equipes de trabalho ou unidades produtivas,
são fundamentais. Como estudado, cada equipe de trabalho se manifesta com uma
competência coletiva, mais do que o somatório das competências individuais de
seus membros, ou seja, o somatório das habilidades individuais de cada remador
resultava em uma habilidade coletiva que se mostrava fundamental para que todo o
barco pudesse funcionar e chegasse ao resultado esperado.
O Treinador P. em diversas situações incentivou que os atletas disputassem
entre si os melhores números que cada um era capaz de fazer e treinassem de
forma árdua para conquistarem os melhores resultados e serem promovidos para o
barco Varsity. Um dos fatores que não foi estimulado durante o processo de escolha
dos 16 atletas para integrarem seus respectivos barcos foi o trabalho em equipe
enquanto gerador e fomentador de novas soluções para os possíveis problemas que
pudessem aparecer durante os treinos e o campeonato.
Muitas vezes, portanto, o que distinguia os melhores barcos era a maneira
como os remadores se adaptavam bem às remadas imperfeitas dos outros
remadores. Se um remador cometesse um erro, era muito importante que os outros
remadores que sentiam o resultado daquele erro evitassem ajustar a técnica para
compensá-lo, porque essa reação poderia desencadear um movimento progressivo
de remadas dessincronizadas e instáveis. Em vez disso, a melhor atitude a tomar
era confiar que quem quer que tivesse feito o erro, corrigisse sua próxima remada,
permitindo que o barco recuperasse o equilíbrio e a velocidade máxima. Dessa
forma, como seria possível o barco Varsity progredir se seus membros não
conseguiam trabalhar de forma coletiva e não entendiam que seus resultados
negativos estavam condicionados aos seus desempenhos coletivos?
O VJ em contrapartida apesar de não possuir os melhores resultados
individuais, quando se somavam seus conhecimentos, habilidades e atitudes –
CHA, obtinham resultados melhores e assim ganhavam do barco Varsity e sempre
voltavam repetir esse resultado.
O estudo de caso finalmente nos mostra que a gestão de pessoas e
competências é de extrema importância e que passa a ser entendida como uma
somatória de aspectos individuais, que quando bem geridos se traduzem em um
comportamento que resulta em realizações que agregam não só ao indivíduo, como
ao coletivo.