Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
1. Surgimento do Direitos
De onde vem o Direito?
Imaginemos, numa época distante, seres primitivos, de nossa espécie, vivendo
em grupo. Por maior que fosse a harmonia ou o equilíbrio de força entre eles, é
inevitável o surgimento de divergência, desentendimentos, conflitos. Assim, tornou-
se necessária a criação, entre eles, de normas que lhes sirviriam de orientação da
conduta. Mas, num mundo como esse que estamos imaginando, que tipo de regra
de conduta se poderia estabelecer?
- A chamada lei do mais forte
Em um mundo sem regra, sem lei, o que vale é a lei do mais forte. E tudo
indica que, nos primórdios de nossa espécie, a ausência de domínio da linguagem e
a proximidade dos hominídeos em relação ao mundo natural teriam feito com que
a organização social se baseasse na força. Ao ser humano, entretanto, era reservado
um destino especial. Havendo evoluído, como todas as demais espécies da natureza,
coube ao homem superá-la, estabelecendo um mundo novo, diferente do mundo
natural e, em relação a ele, transcendente: o mundo humano, ou o mundo da cultura.
- A linguagem, mãe da cultura
Com base em recentes pesquisas, cientistas afirmam que os chipanzés possuem
cerca de 98% dos genes idênticos aos genes humanos. O que os diferencia de nós,
segundo os estudiosos do assunto, é a capacidade de comunicação complexa, ou
seja, a capacidade de dominar a linguagem.
Ao olharmos para um objeto, qualquer um, idéias diversas vêm à nossa mente.
Tais idéias se manifestam em nós sob a forma de um discurso interno, como uma
espécie de voz que nos fala sobre as coisas, o mundo, as pessoas, os valores, etc.
Conversamos com esta voz interna, que se manifesta como consciência.
A consciência, entretanto, não fica restrita ao nosso mundo interior, pois
sentimos a necessidade de exprimi-la, ou seja, precisamos nos expressar de alguma
forma, compartilhar ou por para fora o que se passa dentro de nós, seja uma alegria,
uma angústia, uma grande idéia, ou mesmo a nossa capacidade de trabalho ou de
expressão intelectual ou artística. É neste momento que o mundo humano individual
é a liberdade.
Liberdade implica responsabilidade. E só é responsável aquele que responde,
que pode responder sobre o porquê de seus atos. Só é verdadeiramente responsável
aquele que consegue justificar racionalmente o sentido de suas ações. Ser responsável
significa ser existencialmente maduro; significa, portanto, viver a vida como um ser
humano de qualidade, e não como um animal, movido pelo vaivém de seus instintos.
O homem, por ter a capacidade de raciocinar, não tem o direito de agir como
um bruto. E para sabermos sobre a validade de uma verdade para a nossa vida social
basta que a coloquemos à prova, da seguinte forma: “isto que estou fazendo com ele,
como eu me sentiria se alguém fizesse comigo a mesma coisa?” Esta é uma forma
bastante eficiente de se defrontar com os limites de sua própria liberdade.
- O ser humano e os outros animais
Ainda que se afirme ter o homem evoluído juntamente com os outros animais,
como, aliás, nos indica a amplamente aceita hipótese darwiniana, ele – o homem – já
não é, há muito tempo, um animal no sentido próprio da palavra. O homem desloca-
se da natureza pura ao simbolizá-la, produzindo cultura.
Realmente, o que é o bem e o mal no mundo da natureza? Se os animais não
carregam, como bem sabemos, esta espécie de espanto frente ao mal ou devoção pelo
bem, que nos caracteriza e nos impulsiona na busca moral, as sociedades humanas
em geral admitem que o bem deva ser observado como regra de conduta individual
e coletiva, sendo o mal afastado e mesmo punido exemplarmente. Em qualquer
sociedade é “bonito” fazer o bem e é “feio” fazer o mal, o que indica uma clara opção
dos seres humanos pelo que é Justo, Bom e Belo, na forma como se conduz a vida.
- O sentido do Direito
O Direito, no entanto, se faz necessário porque nem todos fazem o bem de
forma natural e espontânea. As leis têm por finalidade impor o que uma determinada
sociedade considera o Bem, estabelecendo uma penalidade para aquele que não
respeitar esse bem social. É por isso que a idéia de respeito tem a ver com o cuidado
de não fazer algo contra a vontade de alguém, levar alguém a sério, aceitar alguém
como é. A verdade é que o estabelecimento destas regras de conduta, que já podemos
chamar de leis, não pode ser feito por uma pessoa qualquer.
Lembre-se: responsável é aquele que pode responder racionalmente a respeito
do sentido de suas ações. Não poderíamos deixar a responsabilidade de fazer leis
nas mãos de uma pessoa que não estivesse dotada desta capacidade responsável e
racional. A esse respeito, vale frisar que os grandes criminosos podem até chamar as
suas ações de corretas, podem até dizer que agem de acordo com a sua idéia de Bem,
mas isso já seria uma contradição:
• Bem verdadeiro não pode ser uma opinião pessoal porque, como já vimos, o
homem não vive sozinho (o Bem é social);
• Bem de uma pessoa não pode ser aquilo que avança sobre os direitos básicos de
uma outra pessoa, pois isso seria facilmente compreendido como injustiça (o Bem
é justo);
• Bem de uma pessoa não pode ser algo que nos traz aversão, medo ou revolta, mas
sim aquilo que admiramos (o bem é Belo);
• Por trás do bem particular, individual, de um criminoso, fatalmente existe alguma
história de violência, pela qual aquele que foi desrespeitado agora cobra da sociedade
o direito de desrespeitar os demais, o que deixa clara a sua falta de liberdade e
responsabilidade, ou seja, a sua incapacidade de responder de maneira livre e racional
sobre o sentido de seus atos (no Bem há liberdade e responsabilidade)
É por isso que se desenvolveu, ao longo da história, um Estado de Direito, em
que pessoas são votadas e eleitas para, em nome do povo, governar e escolher as leis
que orientarão a vida individual e coletiva.
http://www.direitoshumanos.com.br/img/algemas.jpg