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SOBRE A ATUALIDADE DE PROPOSICOES DE LUDWIG BOLTZMANN ROBERTO CINTRA MARTINS ‘RESUMO: Partindo da tese de que Boltemann seria um cientista incompreendido, uma vez que ele ‘se manteve ligado, até 0 final de sua vida, ao declinante paradigma newtoniano, procuramos mostrar que, mesmo asiim, importantes tpicas de seu pensamento cientifico permanecem atuais, sendo empregados, por exemplo, na teoria da informagdo. Ao mostrarmos a atualidade de algumas idéias de Boltzmann, estamos contribuindo para homenaged-loneste ano em que comemoramos o sesquicen- tendrio de seu nascimento. ABSTRACT: We believe that Boltemann can not be completely by well understood if one retains ‘attached to our contemporary point of view. Boltzmann never gave up his strong beliefon the Newtonian ‘Paradigm. In spite ofhis commitment to this paradigm we show that some ofhis mast significant scientific ideas are present in the science of our days. For example, we can mention information theory. Finally, the present work is to be understood as.a homage to the one of most important physicist of all times. Consideragdes Iniclals Com a iniciativa de um encontro voltado para a Historia da Fisica no século XIX, o NEHCT da UFRJ ‘busca apresentar (trazer e vivenciar no presente) um momento decisivo da Historia da Ciéncia. O ensejo de datas significativas como os 150 anos do nascimento de Ludwig Boltzmann leva-nos a revisitar, esquisar e discutir a obra de cientistas do passado, como estudantes que buscam uma oportunidade de ‘reencontro com seus mestres, para ao mesmo tempo, como é tipico dos estudantes, reverenciar, criticar aprender. Neste sentido, o NEHCT vem mais uma vez exercer seu papel de nuclear e difundir um ‘conhecimento histérico vivo e vivenciado, reafirmando assim seu compromisso com a pesquisa de fronteira e 0 vinculo com a tradigio historico-cientifica e filoséfica Este vinculo entre o novo ¢ 0 tradicional em ciéncia, indispensivel a propria formagSo da consciéncia ¢ da identidade da comunidade cientifice, tem na segunda metade do século XIX uma referéncia privilegiada, uma vez que é af que se dé a tltima grande ruptura de paradigmana Fisica, ao mesmo tempo fem que se encontram os diltimos elos que norteavam os cientistas da époce no sentido da “passage” a um novo paradigma, vinculada ao compromisso e a lembranga do paradigma anterior. Portanto, uma ruptura de paradigma refernciada a uma memoria e a um compromisso histrico! ‘Assim, por maiores que sejam as ressalvas da ciéncia contemporinea a visio de mundo dita mecenicista, ipica da chamada Revolugfo Cientifica dos séculos XVI e XVI, devemos ainda lembrar que a ruptura-simbolo de todas as transformagSes ocorridas na ciéncia na ultima virada de século dar-se-& na Fisica e ainda receberé o nome de Mec&nica. Costuma-se colocer a Termodinamica, o Eletromagnetismo ¢ a Otica como os “territérios” onde teriam se evidenciado as mais importantes “rachaduras” no edificio da Fisica na segunda 1 Cf. Os conceitos de “ciéricia normal”, “paradigma”, “anomalias” e “revolugies cientificas” em T. S. Kuhn: “The Structure of Scientific Revolutions”, University of Chicago, 2 edigS0, 1970, em especial os capitulos II aVIl. Revista da SBHC, n. 13, p. 81-94, 1995 81 metadedoséculoX1X,ensejadasporcontradigdesentreteoriacexperimento,insoliiveisnosmoldesdo Paradigmaent&ovigente. Oestudodoespectroderadiagodo corponegro, apartirdo qual M. Planck chega a primeira formulacio conhesida da Mecinica Quéntica, é emblemético como experi- mento-sintese desses trés territérios*, (Planck consegue inicialmente descrever o fenémeno mediante uma expresso analitica. Jé a explicagio tebrica, que é a primeira formulag&o con- hecida da Mectnicg Quantica, somente Ihe foi acessivel, em suas proprias palavras, por um seu “ato de desespero™ Hoje ¢ dificil e desafiante a tarefa que nos colocamos de buscar avaliar as contribuigdes desse periodo, Jevando em conta o contexto cultural, o “em tomo” a ciéncia da segunda metade do século XIX, pois estamos diante de homens que tiveram que optar entre 0 novo ¢ o tradicional, em uma perspectiva que nio thes permitiu, como nos é facultado hoje, conciliar as duas visbes. Planck, por exemplo, jé foi ccaracterizado como um “revolucionério contra a vontade™*, enquanto Einstein, como quem mais resolu- tamente optou pelo novo. Quando nos debruramos sobre a Historia da Fisica em tomo a virada do século, a par de reconhecer um momento de ruptura, é também parte de nosso dever reconsiderar @ contribuigo dos que mais Tesolutamente tenham abragado a tradigao ¢ dedicado o melhor de suas energias a salvé-la. Naquele ‘momento, abragar uma tradigfo até as tltimas consequéncias poderia equivaler a acompanhé-la em seu rocesso de superaglo, a ser superado juntamente com ela: nfo apenas uma questio de “preferénci Portanto, mas uma questo “vital”. Assim, sempre que busquemos avaliar este momento, como ora fazemos, estaremos trazendo para o presente os nome’ daqueles que procuraram “desesperadamente” salvar a Mecfinica. Ao lado de Planck, estaremos reverenciando a meméria daqueles que buscaram reduzir a Termodinimica a uma mecéinica, no caso, uma meedinica estatistica. Aqui, ao lado de Maxwell © Gibbs, estaremos falando, em especial, de Ludwig Boltzmann, Boltzmann coloca nossa tarefa diante de um desafio maior, mesmo porque viverios imersos em uma cultura cientifica condicionada pela busca de sucesso, entendido nio apenas como o alcangar de uma interpretago verdadeira sobre o real, mas sobretudo como o alcangar de um controle e dominio sobre a atureza ea sociedade. Esta imersdo em uma “cultura Icientifica” ¢ reguladora de nosso dia adia enquanto cientistas, na medida em que 0 sucesso nos é outorgado ou recusado por nossos “pares”, 0 que nos dé bem a medida do quanto estamos caminhando “par i passo” com o “novo”, com 0 “espirito da época’ ‘Mesmo com relago a muitos dos mais renomeados “espiritos rebeldes” da ciéncia, entre os quais onome de Galileu é emblematico, nossa “cultura cientifica” sabe reconhecer no incompreendido um génio, ‘quando nao em vida, ao menos postumamente. Esta “cultura cientifica”, que virtualmente confunde fazer ciéncia com fazer carreira, pode mesmo ser suficiente para dar conta de inimeros espiritos rebeldes e génios incompreendidos, 40 reconhec8-los, ‘mais cedo ou mais tarde, como “aqueles que tinham razo”. Entretanto, ao nos debrugarmos sobre a vida € a obra de Boltzmann, passamos a reconhecer um destino que néo se enquadra facilmente nos limites desta interpretagaio, e passamos a ter que admitir a existéncia de vidas que assumiram um compromisso indissoliivel com tradigdes em declinio ¢, ao tentar salvé-las, tiveram que acompanhé-las até as iltimas consequéncias. O fim da Mecénica Newtoniana ¢ o destino de Boltzmann sto, nesta perspectiva, indissocidveis. Nesse sentido, relembrar sua vida e obra ¢ para nés um desafio maior, pois apesar de imersos em uma “cultura cientifica do sucesso”, temos que admitir que, se a Mecfnica Newtoniana é uma visto parcial e 2 Para um detalhamento, ver R. C. Martins: “Planck e 0 Nascimento da Mecnica Quintica: Sugestbes para o Estudo de Condicionantes Historicos Recentes”, in : F. R. R. Evora (ed,): “Século XIX: O Nascimento da Ciéncia Contemporrinea”, Colegio CLE/UNICAMP, CAMPINAS, 1992, p.287-308. Para um relato do préprio Planck, cf. M. Planck: “Zur Geschichte der Aufingung des physikalischen Wi > in: “Die Naturwissenschaften”, n.14/15, p. 153-159, 1943.) 3 Cf. M, Planck, em entrevista a R. W. Wood, em 7 de outubro de 1931, in; A. Hermann: “The Genesis of MIT Press, 1971. ‘ CPE Sop *Dos Hinbs Sao Quarks”, UNB Brasilia, 1980, em especial cap. IV. Revista da SBHC, n. 13, p. 81-94, 1995 82 imcompleta se comparada a Mecénica Quintica, entio Boltzmann ndo tinha razio ao preferir a tradigo 20 novo. Neste sentido, nem mesmo hoje poderiamos enquadri-lo, tal como Galileu, entre 08 “génios incompreendidos”. Em sua époce, jé surgia um novo paradigma, que se afirmou como superior para nossa “cultura cientifica”. Boltzmann viveu em um contexto que the permitia ter acesso ¢ optar por esse ovo, mas apegou-se a.um corpo tedrico agonizante, até o fim. Como interpreté-lo e reverencié-lo hoje, se estamos condicionados a valorizar em ciéncia aquilo que ¢ reconhecido como “bem sucedido” por nossos “pares” e pela “comunidade”, e nfo aquilo que foi superado? Breves Consideragées Iniciais sobre trés Contribul;des de Boltzmann Iniciaremos nossa consideragtio a respeito da obra de Boltzmann destacando de forma sucinta suas ‘mais conhecidas contribuig6es a Teoria Cinética dos Gases ¢ a Mectnica Estatistica. De acordo com a conhecide lei de Stefan-Boltzmann, a poténcia por unidade de dea irradiada por um corpo negro é dada por R=oT" onde R é a poténcia por unidade de drea, T é a temperatura sbsoluta e ¢ a constante de Stefan. Aqui, um fato crucial que iré motivar Planck a se aprofundar no estudo do espectro de radiag8o do corpo negro & que R depende somente da temperatura, 0 que outorga a lei de Stefan-Boltzmann a caracteristicas, muito atraente para Planck, de “lei universal”. Considerando um sistema de particulas em um espago de coordenadas x, y, 2 ¢ momentos Px, Py, Pz sendo a energia E fungio destas seis coordenadas, a distribuigio de Maxwell-Boltzmann dé a prob- abilidade de uma particula se encontrar no volume dv=dx dy dz dpx dpy dpz: S.(%Ys2s Pes Py Pav = Ee ay onde T ¢ a temperatura absoluta, K ¢ a constante de Boltzmann ¢ C é uma constante dada pela condigto de normatizagio Jeeta =1 A distribuigto de Stefan-Boltzmann seré objeto do item 7 deste trabalho, onde apresentaremos analogies que inspiraram um procedimento recente em programago matemética. Finalmente, cabe destacar a contribuigdo de Boltzmann sobre a qual nos deteremos com maior énfase neste trabalho: sua conhecida formulacio probabilistica do conceito de entropia, Talvez nio haja em toda a Fisica conceito mais polémico ou mais rico em desdobramentos filosoficos queo de entropia. Na conceituago origindria de Clausius entropia pode ser entendida como uma medida da qualidade da energia, relacionando-se diretamente com a parte da energia dissipada nos processos de transmissio de calor (processos termodindmicos) ¢ nfl reaproveitével na forma de trabalho mecinico. Para produzir trabalho mecénico, o calor deve necessariamente transferir-se de um sistema para outro, estando o primeiro a uma temperatura mais elevada que o segundo. Sendo T a temperatura na qual este proceso se dé e DQ a quantidade de calor trocada no processo, Clausius define entropia como a quantidade Revista da SBHC, n. 13, p. 81-94, 1995 so s=—= T Em 1865, Clausius formula os dois principios da Termodinémica em palavras de alcance cosmol6gico: A energia do Universo & contante. ‘A entropia do Universo tende a um méximo. © segundo principio pode ser interpretado como um reconhecimento da tendéncia a equalizagio do ‘Universo em termos de temperatura, o que equivaleria a um processo de homogeneizagio ou de “esquecimento” (perda) de simetria original. A “morte entrépica” do Universo expressaria uma tendéncia inexorével em diregto a um estado onde nenhum trabalho mectnico seria possive, pois nfo haveria mais dois sistemas a temperaturas distintas, que pudessem servir como “fonte quente” e “fonte fria” na produgfo de trabalho mecfinico, Esta tendéncia a indisting0ibilidade em termos de temperatura leva a conceituagao da entropia como uma medida de estado de qualquer sistema macoscbpico, que cresce com ‘a perda de simetria do sistema. Tendo como referencia um sistema de particulas, o conceito de entropia ganha com Boltzmann uma nova conotagfo. A entropia passa a ser entendida como uma medida da distribuigdo das particulas em termos de posigo espacial ¢ quantidade de movimento. Aqui, méxima entropia passa a significar distribuigo homogénea ou méxima desordem, quando a probabilidade de uma certa perticula se encontrar em uma determinada posigao com uma certa quantidade de movimento ¢ idéntica 4 probabilidade de qualquer outra particula especifica se encontrar na mesma situag&o. Sendo Pi a probabilidade de ocorréncia de uma determinada configuragio macroscépica i de um sistema, entifo a entropia do sistema nessa configuragio é dada segundo Boltzmann por: 5, =—klog, P Supondo-se ainda que N configuragdes macroscépicas distintas sejam possiveis para o sistema, ent¥o sua entropia poderé assumir N valores $1, S2,... Sq ¢ a entropia média do sistema ¢ dada por : S= DPS, =-Kp, log, p, a ‘onde $ € méximo quando pi = I/N (i= 1, O conceito de Entropia em Boltzmann ¢ o Nascimento da Mecinica Quintica E conhecida a relutincia de M. Planck em aceitar a concepeio probabilistica de entropia de Boltzmann. Entretanto, esta concepeiio veio a se tomar componente indispensével da formulag8o quantica da energie, estabelecida por Planck de forma pioneira em 1900 e qye esténo ceme do nascimento da Mecfnica Quéntica. ‘Assim, é de textos originais de autoria de Planck® que se depreende que a expresso quéintica para a energia (¢) em fungo da frequéncia (f) 5 Cf.M.Planck, op. Cit. nanota2. Neste ftem, pode-se supor sem perda de generalidade que toldos os logaritmos slo tomados na base 2. Isto ¢ evidente na formu;agdo de entropia em Boltzmann. Embora nBo seja explicado por Planck, também pode ser assumido em suas expresses ¢ equagdes envolvendo entropia, a menos de constantes multiplicative. Revista da SBHC, n. 13, p. 81-94, 1995 enhf é derivada a partir da equaco diferencial parcial relacionando entropia (S), energia (U) e frequéncias (Ode radiagio: que, integrada, resulta 5=aG + lost +1) ey) onde h = aC ¢ aqui ainda apenas uma denominagiio escolhida por Planck, sem qualquer atribuig#o de significado fisico. "Neste ponto crucial, Planck recorre a concepedo probabilistica de entropia de Boltzmann, ao mesmo ‘tempo em que postula a hipStese decisiva da discretizacto da energia total de radiagBo Utoui como ccomposta de P “quanta” clementares de energie dstibuldos entre N osciladores. ‘S=K log p (entropia segundo Boltzmann) ‘Usotal = NU - Pe (postulado da discretizago da energia segundo Planck) onde ‘energia, supostamente Para a entropia total dos N osciladores, deoorre: (N+P-1)!_ 5, (P+N)! los hoe PIN = NS= Blogp = Hog Spr onde a segunda passagem faz uso da formulacgo de entropia de Boltzmann ¢ a terccira decorre do postulado de Planck e expressa o:nfimero de maneiras em que P “quanta” de podem se distribuir entre N osciladores. Pela aplicagdo da formula de Stirling: NS = k{(P + N)log(P + N)-logP - NlogN] Sak(YAy+ logy +1)- Plog’) Finalmente, da simples comparacSo entre as duas expressbes obtidas para S, e conlsiderando que NU = Pe, Planck conclui: K=C e=hf Revista da SBHC, n. 13, p. 81-94, 1995 inaugurando assim a Mecfinica Quintica ao determinar a expressto do “quantum” de energia de radiagio como proporcional a frequéncia. ‘© movimento assim iniciado na virada do século veio a superar a Fisica Cléssica, na mais radical ruptura ocorrida na Fisica desde o século XVII. Neste contexto, a Mectnica Estatistica pode ser vista ‘como uma sucessio de tentativas de preservago do antigo paradigma: “..probability was introduced into thermodynamics precisely for saving the mechanistic representation of nature. ... The history of statistical mechanics is simple: as soon as one ‘version was challenged or refuted, another on a still more complex level was offered instead. The sugcessive contributions of Boltzmann illustrate this point amply as well as instruc- tively”®, Como fundador da Mecéinica Estatistica, Boltzmann propos sucessivas “explicagdes” para o fendmeno do calor, baseadas em uma abordagem probabilistica mediante a qual ele tentou vincular os fendmenos microscépicos is varidveis de estado do sistema macroscépico, preservando a validade das leis da Fisica Cléssica a0 primeiro nivel. Boltzmann foi neste sentido um conservador pertinaz, assim como foi Planck. ‘io deixa de ser paredoxal esta sua contribuicdo involuntéria ao surgimento de um novo paradigma na Cincia, que estaria destinado a superar a visto de mundo da Fisica Cléssice, da qual ele foi um dos mais ‘contumazes e vigorosos defensores. © Conceito de Entropia em Boltzmann ¢ a Ciéncia da Informasio ‘Um dos desdobramentos mais ricos e polémicos do conceito probabilistico de entropia em Boltzmann foi sua extensio ao campo da Ciéncia da Informacso. Com base na formulag8o original de Clausius e na conceituagio de Boltzmann, a entropia tem sido tomada como uma medida: - do nivel de qualidade da energia, entendida como o grau de seu aproveitamento para realizagio de trabalho mecinico = do grau de desorganizagio de um sistema fisico, ou mais especificamente, do grau de nfo disting#o centre seus componentes = da perda de simetria (ou de distinguibilidade) nas caracteristicas de um sistema fisico (posigdo, quantidade de movimento, energia, temperatura) A partir dessas consideragées, C. Shannon e W. Weaver” propdem uma conceituagfo para a ‘quantidade de informago de uma mensagem, a ser medida pelo nimero de decisdes binérias necessérias para identificar um objeto, ou seja, pela quantidade de “desinformaclo” (desordem, entropia) que é Femovida ou superada pela mensagem. Para se identificar um entre dois objetos distintos equiprovaveis, ¢ necesséria uma decisdo binéria, Entre quatro objetos, duas decisbes bindrias. Entre oito, tres decisbes. Assim, a quantidade de informago ((sto é, decistes bindrias) contida na escotha de um entre N=2" objetos equiprovaveis ¢ dada por I =log, N =log, 2" =n log, P 6 CEN. Georgescu- Roegen: The Entropy Law and the Economic Process”, Harvard University Press, 1976, p. 148-149. 7 eCE.C. Shannon e W. Weaver: “The Mathematical Theory of Communication”, The University of Tltinois Press\, Ilinois, 1949. Revista da SBHC, n. 13, p. 81-94, 1995 onde p= I/N= 1/2" é a probabilidade de escolha de um objeto. Em geral, a quantidade de informaco associada a identificagiio de um objeto ou evento de prob- abilidade de ocorréncia p ¢ dada por 1=-log,p Notando-se que esta proposigiio ¢ coerente com a nogto intuitiva de que a ocorréncia de eventos pouco provaveis implica em maior informag8o do que a ocorréncia de eventos mais provaveis. Para o caso de N eventos niio equiprovaveis (distribui¢So ndo uniforme), a quantidade de informaglo ‘média por evento é dada por 1 =) pilog, p, ‘onde pi é a probabilidade de ocorréncia do i-ésimo evento (i= 1,2,...N) Aaui, I pode ser interpretada como a quantidade de entropia que ¢ subtraida de um sistema quando se dispBe de uma mensagem (informacdo) a seu respeito. ‘Assim, um sistema que inicialmente tenha entropia So passaré a ter uma entropia menor (menos desordem), devido a0 ganho de informago I = -p log2 p, associado a ocorréncia de um evento de probabilidade p. A nova entropia do sistema seré dada por: S=S,-1=S, +plog,p ow p+ (7) = p" log f(x,0) ‘No caso de distribuigdes discretas, o procedimento ¢ anélogo ¢ leva a maximizagdo da fungio 1og.L(0) = 5 log P(X = x,0) a 14 O autor agradece a percepefo desta analogia a Femando Yassuo Chiyoshi. Para um detalhamento do método nm de parttmetros, of. A. M. Mood e F. A. Graybill: “Introduction to ‘méxima verossimilhanga para estimagio the Theory of Statictics”, Me-Graw-Hill Book Company, Inc., New York, 1963, p. 178-185. Revista da SBHC, n. 13, p. 81-94, 1995 Em ambas as expressdes anteriores, é comum adotar logaritmos de base neperiana, mas pode-se supor base 2, pois a maximizagto da fungto de verossimilhanga equivale & maximizac8o de seu logaritmo em qualquer base maior que 1. Desta forma, Log L( pode ser interpretado como a informagao contida nos valores amostrais conhecidos x1,x2,...xn, Assim, ométodo de méxima verossimilhanga equivale a pesquisar o valor que maximize a informagBo contida nos valores amostrais conhecidos x1,x2,...xn ou, €m outros termos, que minimize a entropia da distribuigdo em face da ocorréncia desses valores. Trata-se portanto de um método que busca transformer amaior quantidade possivel de informacao potencial (entropia) contida na amostra em informagto efetiva ou adquirida (¢f. item 5). Aplicagio de Conceitos da Termodinimica em problemas de Otimizacio. Em programagiio matemética, foi proposto recentemente!> um novo método para pesquisa do ponto ‘timo de fungdes, inspirado em conceitos da Termodinémica, que vem apresentando vantagens com relagio aos métodos tradicionais. Por este método, a busca pode “escapar” de dtimos locais, 0 que & especialmente vantajoso no caso de fungbes objetivo com muitos étimos locais. A fungdo objetivo nlio precisa ser quadrética nem diferencial. Além de ser aplic&vel a fungdes que no podem ser maximizadas por outros métodos, ele ainda permite um reconhecimento mais detalhado da funcdo, tanto de seus méximos locais, reconhecidos como tal, como também de seus “vales” e “planicies”. Trata-se do método de “recozimento simulado” ou “simulated annealing”, assim chamado porque 0 procedimento adotado é andlogo ao de resfriamento de metais fundidos. Apés um resfriamento (“anneal- ing”), o metal chega a um estado de baixa energia, que é um estado desejével do ponto de vista da Engenharia Metalirgica. Eventuais flutuagdes aleatbrias de energia, inerentes 20 processo, permitem que o sistema “escape” de estados de energia minima local ¢ atinja minimo global. Se o metal fosse resfriado rapidamente (“quenching”), ele poderia nto cocapar de estados de energia minima local e, a0 terminar o processo de resfriamento, ele poderia conter mais energia que o metal resfriado lentamente. O resfriamento lento ¢ ceuidadoso leva o material para um estado cristalino altamente ordenado, de baixa energia e baixa entropia. Um resfriamento répido, ao contrério, leva a defeitos ¢ incrustagdes vitreas no material. O método de “recozimento simulado” em programago matemitica trata a fung&o objetivo tal como a energia é tratada em sistemas fisicos submetidos a “annealing”: tenta minimizé-la, admitindo tempo- rariamente eventuais incrementos, para encontrar finalmente o minimo global. Nos limites deste trabalho nfl cabe apresentar um detalhamento do méiodo, mas apenas suas profundas relagdes com o legado da Termodinamica, Assim, em grande parte dos métodos de minimizago tradicionais, procede-se a uma busca iterativa que somente aceita novos pontos com menor valor da fungo, o que ¢ andlogo a resfriar rapidamente (‘quenching”) um sistema fisico. © resultado mais provavel ¢ficar “cravado” em um local, sem possibilidades de avangar em diregfio a0 minimo global. Ao ccontrério, pelo método derecozimento simulado, s80 permitidos aumentos tempordrios na fungio objetivo (© que equivale a “aquecimentos”), sob controle de um parimetro andlogo @ temperatura absoluta. A altas temperaturas, apenas 0 comportamento “macroscépico” da fungio objetivo é relevante para a pesquisa do étimo. Conforme a temperatura diminui, adota-se um procedimento de busca mais “fino”, onde o “material” (a fungo) & pesquisado com mais detalhe, para se obter um ponto final étimo. 1 Paraum detalhamento, cf. W. L. Goffe, G. D. Ferrier ¢J. Rogers: “Global Optimization of Statistical Functions with Simulated Annealing”, Jounal of Econometrics 60 (1994), p. 65-99, North Holland e A. Corana, M. Marchesi, C. Martini e S. Ridella: “Mininizing Multimodal Functions of Continuous Variables with the Simulated Annealing" Algoritm", ACM Transactions on Mathematical Software, Vol. 113, n. 3, September 1987, p. 262-290. autor agradece 0 acesso a esta literatura a Ana Maria dos Santos Vianna, Femando Yassuo Chiyoshi e Jost Paulo de Araéjo Mascarenhas. Revista da SBHC, n. 13, p. 81-94, 1995 92 ‘Um aspecto interessante ¢ 0 papel do parimetro “temperatura” no controle do processo de otimizagao ‘ou “resfriamento”. A cada ponto alcancado X, procede-se 4 busca de um novo ponto X’, gerado aleatoriamente, através de distribuigo uniforme n-dimensional, no interior de um paralelepipedo em tomo do ponto anterior. Os valores da fungfo objetivo (as “energias”) nos dois pontos sfo entio comparados. Se f(x’) for menor que f(x), 0 ponto x’ € aceito como novo ponto de partida. Caso f(x") seja maior que f(x), estaria ocorrendo um “aquecimento”, que somente teré alta chance de ser aceito se for pequeno tendo em vista 0 pardmetro “temperatura”. O critério de aceitagfo utilizado, denominado “Metropolis”, consiste em calcular f(x") - f(x) (valor numérico do “aquecimento”) ¢ aceitar © novo ponto com probebilidade. P(aceitago de x!) =e /°-/E0" Note-se aqui que dois fatores contribuem para a aceitagdo de um eventual “aquecimento”: ~ que este “aquecimento” seja pequeno = que a temperatura seja alta Em resumo, quando ocorre um “aquecimento”, este seré admitido, com alta probabilidade, se f(x) - £(°)> kT ‘Aqui notamos mais uma vez um legado da Termodindmica. A partir das relagbes f(x’) - f(x) KT, pode-se notar que o critério de aceitagao de um eventual “aquecimento” em “simulated annealing” guarda relacdo com o critério de aceitagio da aproximacdo das distribuigbes de Fermi-Dirac e Bose-Ein- stein & de Maxwell-Boltzmann, No primeiro caso, a aceitago de um “aquecimento” ocorre preferencial- mente quando este ¢ pequeno se comparado com o parémetro “temperatura”. J4 no segundo, a aproximagio é admitida para sistemas de alta energia (E>>KT). Na literatura sobre “simulated annealing”, a fungHo objetivo ¢ associada a energia E. Tomando-a centretanto como andloga a E/k (energia normatizada pela constante de Boltzmann), 0 crtério de aceitago de um “aquecimento” toma-se S(x)- f(a) = E'/k- Esk <

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