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Análise Psicológica (2005), 2 (XXIII): 129-135

Condutas agressivas na adolescência:


Factores de risco e de protecção (*)

MARIA JOSÉ D. MARTINS (**)

1. COMPORTAMENTOS DE RISCO das relações sociais com os pares; alterações no


ASSOCIADOS AO PERÍODO DA relacionamento com o sexo oposto; a construção
ADOLESCÊNCIA de projectos de carreira e de valores; e, finalmen-
te, a construção de uma identidade positiva.
A adolescência é o período da vida que se si- Erikson (1976) considera, que nesta fase do
tua entre a infância e a idade adulta, inicia-se com ciclo vital, o indivíduo experiencia uma crise ou
as transformações da puberdade (por volta dos conflito entre a identidade positiva e a confusão
12 anos) e termina com a entrada na vida adulta da identidade. A construção da identidade vai ser
(por volta dos 20 anos), não estando o seu final uma tarefa crucial na adolescência, na medida em
claramente definido. Consiste numa fase de tran- que o eu é chamado a operar uma recapitulação
sição, na qual ocorrem transformações de carácter do conjunto das identificações da infância, com
físico; social (mudanças na relação com os pais, vista a integrá-las numa identidade que permitirá
amigos, sexo oposto); e psíquico (mudanças ao enfrentar as tarefas da vida adulta. A identidade
nível cognitivo e no modo de se ver a si próprio). está ligada à representação que temos de nós pró-
São características desta etapa da vida: a matura- prios e ao sentimento de sermos um “eu” com ca-
ção dos órgãos reprodutores; alterações no cor- racterísticas próprias, diferentes dos outros “eus”.
po, que o aproximam da forma que terá na vida A construção de uma identidade positiva pressu-
adulta; a emergência do pensamento formal; uma põe que o indivíduo assume a continuidade tem-
maior autonomia face aos pais, comparativamen- poral do seu “eu”, apesar das mudanças que es-
te ao que acontecia na infância; o alargamento tão a ocorrer consigo; que se demarca das imagens
parentais interiorizadas; e que se compromete com
escolhas que garantem a coerência do eu, princi-
palmente através das opções escolares e profis-
sionais, da polarização sexual e de compromis-
(*) Este artigo constitui parte de um capítulo da fun-
sos ideológicos de carácter político, religioso ou
damentação teórica da tese de doutoramento que a au- social. Nos jovens que exibem condutas anti-so-
tora apresentou na Universidade da Extremadura (Es- ciais o processo de construção da identidade pa-
panha), sob orientação do Professor Vicente Castro e rece ter ficado comprometido, pois em vez de uma
co-orientação da Professora Maria José Diaz-Aguado.
identidade positiva, os jovens parecem ter cami-
(**) Departamento de Ciências da Educação, Escola
Superior de Educação de Portalegre, Praça da Repú- nhado no sentido de uma identidade negativa (ver
blica, 7300 Portalegre. Erikson, 1976; Claes, 1985).

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Alguns autores (e.g., Arnett, 1992; Jessor, 1992) seus próprios comportamentos de risco, isto é, atri-
tentaram fornecer explicações para o facto da ado- buíam menos probabilidades de consequências
lescência ser o período da vida em que os indiví- nefastas aos seus próprios comportamentos de
duos tendem a assumir mais e maiores compor- risco do que aos dos outros (ver Arnett, 1992, pp.
tamentos de risco, em termos das consequências 348-351).
que podem ter para a sua saúde física e mental, e
em termos das relações que estabelecem com o
sistema jurídico-legal. Arnett (1992) sugere que 2. O MODELO INTERACCIONISTA DE JESSOR
muitas das condutas temerárias – conduzir sob o SOBRE OS FACTORES DE RISCO E DE
efeito do álcool, usar abusivamente de drogas PROTECÇÃO
legais e ilegais, ter relações sexuais precocemen-
te sem qualquer protecção, exibir actos delinquen- Jessor (1992), por outro lado, adaptando al-
tes – que parecem ser mais comuns na adoles- guns conceitos importados dos estudos epidemio-
cência, do que em quaisquer outros períodos do lógicos, propõe que se encarem as condutas de
ciclo de vida, radicam numa necessidade exacer- risco dos adolescentes sob uma perspectiva in-
bada de procura de sensações fortes, associada teraccionista, de natureza mais sociopsicológica,
ao que Elkind (1972) designou por egocentrismo por comparação com a perspectiva, de carácter
adolescente. A necessidade de procurar emoções mais individualista, de Arnett (1992).
fortes parece obter algum apoio no facto de vá- Jessor (1992) propõe um modelo conceptual,
rias medidas biológicas com ela relacionadas, no- que incorpora aspectos relativos, quer ao indiví-
meadamente certos indicadores hormonais, atin- duo, quer ao contexto social em que este se in-
girem o pico no período da adolescência. Porém sere, e sugere que se considerem factores de ris-
este facto não explica porque a maioria dos ado- co e factores de protecção em ambos os aspectos
lescentes não se envolvem neste tipo de condu- (indivíduo e ambiente social). Conceptualiza o
tas. risco como um resultado do balanço entre os vá-
Elkind (1972) considera que o egocentrismo rios factores de risco e de protecção, inerentes ao
da infância não foi completamente ultrapassado indivíduo e ao contexto social em que este se in-
na adolescência, na medida em que os adolescen- sere.
tes parecem exibir dificuldades em diferenciar os Jessor (1992) chama a atenção para o facto do
seus pensamentos e sentimentos dos pensamen- conceito de “risco” ou “estar em risco” remeter
tos e sentimentos dos outros, tendendo a acre- para dois significados diferentes. Assim, para os
ditar que os outros estão preocupados com o seu adolescentes que já estão envolvidos em condu-
comportamento e aparência, construindo assim o tas de risco, usualmente os mais velhos, “estar em
que Elkind (1972) designou por uma audiência risco” significa aumento da probabilidade de ris-
imaginária. A crença na audiência imaginária con- cos para a sua saúde e vida, e também probabi-
duziria os adolescentes a acreditar que existe al- lidade de comprometer o seu desenvolvimento fu-
go de único e especial nas suas vidas, uma vez turo. As condutas de risco em que os adolescen-
que os outros parecem preocupar-se tanto com o tes já estão envolvidos, podem incluir: relações
seu comportamento. Isto, por sua vez, conduziria sexuais precoces sem protecção, gravidez pre-
a uma crença irracional que consistiria em pen- coce, insucesso escolar, absentismo escolar, aban-
sarem que o carácter excepcional das suas vidas dono escolar e vadiagem, envolvimento frequen-
os torna invulneráveis às consequências dos com- te em condutas de ”bullying” na escola, abuso do
portamentos de risco, aspecto que foi designado álcool e do tabaco, consumo de drogas ilegais, com-
por Elkind (1972) como a fábula pessoal – uma portamentos delinquentes e problemas com o sis-
história que o jovem conta a si próprio, sobre a tema jurídico-legal (furtos, roubos, vandalismo,
sua vida, que não é real. Alguns estudos empíri- ofensas corporais). Este significado do “estar em
cos parecem confirmar esta tendência, na medida risco” remete para um momento tardio no desen-
em que constataram que os jovens avaliavam a volvimento do risco, no qual os comportamentos
probabilidade das consequências nefastas resul- de risco são já praticados. Nestas situações o con-
tantes dos comportamentos de risco dos outros ceito de intervenção deverá ser mais adequado do
de forma diferente do modo como avaliavam os que o de prevenção, com vista a lidar com o pro-

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blema. No entanto, para os adolescentes que não escolar; serão factores de protecção: frequentar um
estão ainda envolvidos nos comportamentos de culto religioso, envolver-se em actividades aca-
risco, usualmente mais novos, “estar em risco” démicas e extracurriculares na escola (ver Jessor,
tem outro significado, remete para os anteceden- 1992, p. 383).
tes e determinantes psicossociais que poderão au- Como se pode constatar, pela descrição dos facto-
mentar a probabilidade do adolescente vir, no res de risco e de protecção, Jessor (1992) não con-
futuro, a exibir as condutas de risco atrás des- ceptualiza os factores de protecção como sendo
critas. Nesta situação, o conceito de prevenção pri- o reverso ou o oposto dos factores de risco, mas
mária deverá ser a forma mais adequada de lidar antes considera-os como distintos. Os factores de
com o problema. Os comportamentos de risco não protecção atenuariam e contrabalançariam o efei-
têm apenas custos, eles são percebidos pelos jo- to dos factores de risco, permitindo assim expli-
vens como tendo benefícios e permitem-lhes com- car muitas situações em que os jovens em situa-
pletar várias funções psicológicas (ver Jessor, 1992, ção de aparente alto risco não incorrem nas con-
pp. 381-382). dutas de risco, situações essas nas quais prova-
Relativamente a esses antecedentes e determi- velmente se verifica a presença de factores de pro-
nantes psicossociais que podem aumentar a pro- tecção (ver Jessor, 1992, pp. 385-386).
babilidade do jovem incorrer em condutas de ris- A revisão de vários estudos empíricos realiza-
co, Jessor (1992) conceptualiza cinco domínios, da por Jessor (1992) conduziu o autor à consta-
a saber: aspectos biológicos e genéticos, ambien- tação da co-ocorrência de muitas condutas de ris-
te social (geral), ambiente social percebido (pró- co na adolescência. Este facto levou-o a consi-
ximo), personalidade e comportamento. Assim, derar que este tipo de comportamentos na ado-
relativamente aos 5 domínios o autor considera a lescência segue um padrão organizado, o qual
presença, ou ausência, de factores de risco e de remete para a opção por um determinado estilo
factores de protecção. Por exemplo, no domínio de vida. Esta constatação tem implicações no ti-
genético/biológico, o autor considera que uma po de intervenção a implementar e sugere que uma
história de alcoolismo e toxicodependência por intervenção de carácter mais global e preventivo,
parte dos pais é um factor de risco; por outro la- procurando melhorar o estilo de vida, poderia ser
do, um nível elevado de inteligência é um factor mais eficaz do que as intervenções centradas em
de protecção. No domínio do ambiente social ge- condutas específicas (e.g., abuso de drogas, sexua-
ral, são factores de risco: a pobreza extrema e a de- lidade, delinquência).
sigualdade de oportunidades relacionadas com a
raça ou etnia; serão factores de protecção: a qua-
lidade das escolas, a coesão das famílias, a dis- 3. ESTUDOS QUE CONFIRMAM O PAPEL DE
ponibilidade dos recursos comunitários e a dis- ALGUNS DOS FACTORES DE RISCO E DE
ponibilidade de adultos interessados nos proble- PROTECÇÃO NAS CONDUTAS AGRESSIVAS
mas dos jovens. No que se refere ao domínio do
ambiente percebido, são factores de risco: a pre- A conceptualização da qualidade das escolas
sença de modelos para o comportamento desvi- enquanto factor de protecção sugere-nos alguma
ante (pais, amigos, colegas, vizinhos) e os confli- reflexão sobre as características das escolas que
tos entre pais e filhos; serão factores protectores promovem as aprendizagens num clima de boa
neste domínio: a presença de modelos para o com- convivência. Gladden (2002), num artigo de re-
portamento social ajustado e a presença de con- visão de literatura sobre a avaliação de programas
trolos elevados para o comportamento desviante. de intervenção educativa nos Estados Unidos da
Quanto ao domínio da personalidade, constituem
América, com vista a combater e prevenir a vio-
factores de risco: a percepção de fracas oportuni-
lência nas escolas, identifica quatro variáveis asso-
dades de vida, baixa auto-estima, propensão pa-
ciadas às escolas seguras:
ra assumir o risco; constituem factores de protec-
ção: a valorização do sucesso escolar e da saúde - São escolas em que existem fortes vínculos
e a intolerância face ao desvio. No que ao domí- e bom relacionamento entre professores e
nio do comportamento concerne, são factores de entre professores e alunos;
risco: o consumo de álcool e o fraco desempenho - São escolas em que existe um forte com-

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promisso por parte da escola em ensinar es- do inquérito internacional TIMSS (Thrird Inter-
tratégias de resolução de conflitos não vio- national Math and Science Study), efectuaram uma
lentas (promoção de competências socio- comparação entre os níveis de vitimação na es-
cognitivas e gestão do controlo da raiva); cola, tal como percebidos por alunos dos 7.º e 8.º
- São escolas onde existe um forte compro- anos de escolaridade e entre os níveis de segu-
misso com as aprendizagens académicas e rança nas escolas percebidos pelos professores,
que estabelecem níveis exigentes em ter- registados em cerca de 37 países. Embora os re-
mos das aprendizagens dos alunos; sultados do estudo se baseiem apenas em 4 res-
- São escolas com capacidade de resposta e postas do inquérito, colocam Portugal e a Espa-
respeito pela comunidade e cultura juvenis. nha perto dos últimos lugares, em particular no
que respeita à percepção que os professores têm
Relativamente às estratégias específicas utili- da segurança nas escolas e do modo como isso
zadas pelas escolas para combater e prevenir a afecta o trabalho escolar. Estes dados, só por si,
violência, o autor identificou as seguintes: acon- justificam a pertinência das investigações e dos
selhamento de grupo e aconselhamento de pares programas de intervenção realizados e a realizar
em espaços e tempos extracurriculares; estraté- nestes países.
gias de trabalho cooperativo desenvolvidas no âm- Akiba e colaboradores (2002) efectuaram tam-
bito do plano curricular; clubes ou actividades cul- bém uma comparação entre a taxa de criminali-
turais e desportivas extracurriculares. No que se dade nos vários países e os registos de violência
refere à avaliação da eficácia das diferentes es- escolar (tal como percebidos pelos alunos e pro-
tratégias, a primeira estratégia foi avaliada como fessores), mas não encontraram relações entre esses
sendo pouco eficaz, podendo mesmo conduzir ao dois tipos de problemas. Os autores também não
aumento das condutas agressivas. As estratégias
encontraram relações entre a variabilidade étnica
de trabalho cooperativo e actividades extracurri-
dos alunos e a violência escolar. Porém, foi cons-
culares parecem ter sido as mais eficazes na re-
tatada uma associação entre a segurança nas es-
dução da violência, afigurando-se a última parti-
colas, tal como percebida por alunos e professo-
cularmente eficaz na redução da violência em
res, e o rendimento escolar dos alunos nas disci-
meios pobres e carenciados (ver Gladden, 2002).
plinas de ciências e matemática, que eram as que
Gladden (2002) sugere ainda que a utilização
estavam a ser objecto de estudo. Os autores con-
da suspensão enquanto punição, para os alunos
que infringem as regras da escola, não parece ter cluíram que: a violência escolar é um fenómeno
qualquer efeito na modificação do comportamen- internacional, que parece estar predominantemen-
to dos alunos, pelo que deverá ser sempre evita- te associado a variáveis inerentes à própria esco-
da, sobretudo nas situações menos graves (que não la e ao tipo de relações que nela ocorrem; e que
atentem contra a integridade física da comunida- as escolas que estabelecem níveis elevados de exi-
de educativa). gência, relativamente ao trabalho escolar e apren-
Cowie (2000) efectuou uma investigação cu- dizagens dos alunos, são as que tendem a ser mais
jos resultados parecem sugerir que o aconselha- seguras.
mento, ou mediação de pares na escola, é eficaz, No que respeita às estratégias pedagógicas mo-
na medida em que as vítimas recorrem a esse sis- bilizadas pelos professores, muitos autores (e.g.,
tema de apoio e dispõem, assim, de alguém com Diaz-Aguado, Royo, Segura, Andrés & Marti-
quem falar. A estratégia revela-se também bené- nez, 1996; Smith, Cowie & Berdondini, 1994),
fica para os alunos conselheiros, na medida em sugerem que a estratégia pedagógica de trabalho
que estes recebem formação específica para exer- cooperativo, utilizada no âmbito dos currículos
cer o papel e sentem-se socialmente mais úteis e das diferentes disciplinas, parece ser uma estra-
competentes, através desta actividade pró-social. tégia eficaz na redução da violência escolar, em
Contudo, a autora deste estudo nada refere sobre geral, e na redução do “bullying”, em particular.
o efeito que este tipo de estratégia de intervenção Além disso, parece proporcionar melhorias no cli-
poderá ter sobre os agressores. ma social das turmas e das escolas onde é imple-
Akiba, LeTendre, Baker e Goesling (2002), nu- mentada. Esta tendência tem sido repetidamente
ma análise de uma secção específica dos dados confirmada por vários autores, em diferentes con-

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textos culturais (ver também O’Moore, 2000; Or- ao indivíduo (personalidade e comportamento) e
tega & Lera, 2000). ao seu ambiente próximo, diversos estudos per-
Diferentes tipos de estratégias pedagógicas que mitem-nos equacionar, no que respeita à família,
visam o ensino da resolução de conflitos inter- os seguintes factores de risco: história familiar
pessoais de forma não violenta, como é o caso da de maus tratos, abuso e negligência; e fracos vín-
discussão em grupo de dilemas hipotéticos e da culos afectivos entre os elementos da família (ver
vida real; da representação de papéis e dramati- Schwartz, Dodge, Petti & Bates, 1997).
zação; da promoção da assertividade e das com- No que respeita ao indivíduo podemos iden-
petências de comunicação (e.g., escuta, questio- tificar os seguintes factores de risco: autoconcei-
namento e negociação); e ainda o ensino da ex- to desfavorável; insucesso escolar; absentismo
pressão de emoções e o controlo da raiva, pare- escolar; apetência pelo comportamento desvian-
cem também ter revelado eficácia na redução da te; personalidade com traços de maquiavelismo e
violência escolar e do “bullying” (ver Diaz-Agua- manipulação (ver Andreou, 2000); dificuldades
do, 1992; Diaz-Aguado et al., 1996; Rubin, Bream de concentração e atenção; dificuldade na capa-
& Rose-Krasnor, 1991). cidade para raciocinar de acordo com princípios;
Alguns estudos (e.g., Boulton, 1997; Nicolai- baixa disposição para reagir com empatia ao so-
des, Toda & Smith, 2002) que pretendiam avaliar frimento e necessidade dos outros (ver Gibbs, 1991);
os conhecimentos e atitudes dos professores so- viés nas várias etapas do processamento da in-
bre o “bullying” – realizados sobretudo em Ingla- formação social (ver Crick & Dodge, 1994); dis-
terra – constataram que a maioria dos professo- torções cognitivas e crenças na eficácia da vio-
res se preocupa com o “bullying” e tem um ra- lência enquanto forma legítima de resolver pro-
zoável conhecimento sobre o tema (é preciso não blemas (ver Diaz-Aguado et al., 1996).
esquecer que a prevenção e o combate ao “bul- No que concerne aos factores de risco ineren-
lying” em Inglaterra faz parte das políticas edu- tes ao meio próximo, não familiar, podemos iden-
cativas nacionais). No entanto, a maioria dos pro- tificar os seguintes: convívio com amigos e cole-
fessores afirma ter dificuldades em lidar com o gas desviantes (ver Xie, Swift, Cairns & Cains,
problema, em particular em lidar com os agres- 2002) e, ainda, a rejeição dos pares (ver Pellegri-
sores; e admite que seria desejável e necessário ni, Bartini & Brooks, 1999).
formação específica sobre este tema. Vários au- Ainda no que respeita ao indivíduo, serão facto-
tores (e.g., Boulton, 1997; Nicolaides et al., 2002; res de protecção: a valorização do sucesso esco-
O’Moore, 2000; Roland, 2000) sugerem a neces- lar e da saúde; o envolvimento em actividades ex-
sidade da formação inicial e contínua de profes- tracurriculares na escola ou fora da escola (clu-
sores incluir esta temática, com vista a apetre- bes desportivos, culturais, recreativos ou cultos
char melhor os professores para lidar com este religiosos). No que respeita ao ambiente próxi-
problema, uma vez que eles são elementos chave mo serão factores de protecção: uma família coe-
na educação e formação dos alunos. Limper (2000) sa; um grupo de amigos e colegas que desvalori-
sublinha também a importância da cooperação zam o desvio; a aceitação por parte dos pares; e
com os pais, no sentido de maximizar a eficácia ter amigos que oferecem protecção e apoio.
dos programas de prevenção da violência, uma Em síntese, os factores de risco e de protecção
vez que estes são um dos elementos da comuni- a considerar nos contextos próximos remetem pa-
dade educativa que mais sente e se preocupa com ra: aspectos inerentes à família (natureza dos vín-
o problema da violência escolar. culos familiares e da educação parental); situa-
Em suma, a escola, através da sua organiza- ções relacionadas com a escola e a comunidade
ção; clima social; capacidade de implementação (organização escolar; métodos pedagógicos; cli-
de regras e regulamentos; qualificação dos seus ma social e actividades extracurriculares); e, ain-
docentes; e, sobretudo, através de métodos peda- da, aspectos referentes aos companheiros e ami-
gógicos adequados e eficazes, constitui um fac- gos (características dos mesmos e natureza dos
tor de protecção, em termos de ambiente próxi- vínculos estabelecidos com eles). Quanto aos facto-
mo, face à emergência da vitimação e das con- res de risco e de protecção inerentes ao indiví-
dutas agressivas em crianças e adolescentes. duo, destacam-se as características de persona-
Relativamente aos factores de risco inerentes lidade e as opções referentes ao estilo de vida.

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Em suma, o modelo de Jessor (1992) ao equa- Gladden, R. M. (2002). Reducing school violence: Streng-
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delo de Jessor, por equacionar factores de risco e pro- to explain the fact that adolescence is the period of life
tecção quer no indivíduo, quer no seu ambiente, des- where more risks are taken, concerning to health, life
crevendo-se com algum detalhe esses factores e rela- and problems with the legal system. We emphasize Jes-
cionando-os com as descobertas que várias investiga-
ções de diferentes autores têm revelado nos últimos anos. sor approach, because it delineate risk and protector
Conclui-se pela pertinência do referido modelo para a factors in the individual and in his environment, we
compreensão, previsão e prevenção da emergência de describe with some detail those factors and related them
condutas agressivas nos adolescentes. with the findings that several researches from different
Palavras-chave: Adolescência, factores de risco e pro-
authors had revealed in the last years. We conclude
tecção, agressão.
that Jessor approach is very pertinent to understand,
predict and prevent the emergence of aggressive con-
ABSTRACT duct in adolescents.
Key words: Adolescence, protector and risk factors,
This article presents several theoretical approaches aggression.

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